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Parte II - A4 - Relações Contratuais


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POR QUE É IMPORTANTE LER UM CONTRATO ANTES DE ASSINAR?
SOARES, Daniel Combas[footnoteRef:1] [1: Licenciado em Letras: Português/Literaturas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e graduando em Direito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). E-mail: daniel.soares.combas@gmail.com. ] 
DIENE, Touty Mariam[footnoteRef:2] [2: Graduanda em Direito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). E-mail: toutymariam3@gmail.com.] 
RESUMO
Neste trabalho, apresentamos um estudo sobre a importância da leitura de um contrato antes da assinatura, analisando as consequências caso este ato não seja feito, a partir da análise do episódio “A Joan é péssima”, do seriado Black Mirror. O objetivo desse estudo consiste em entender de forma clara e concreta a necessidade primária da leitura do contrato, seus indicadores jurídicos e os indicadores comparativos entre a vida real e o seriado. 
Palavras-chave: Contrato. Cláusula. Relação contratual.
INTRODUÇÃO
As relações contratuais acontecem a todo momento na vida dos indivíduos modernos, sejam eles explícitos e implícitos. Dessa forma, Gagliano e Filho (2023, p. 19) definem tal conceito como “um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades”. 
Diante disso, este trabalho tem por objetivo elucidar a importância da leitura dos termos contraturais, abordando as consequências e prejuízos da não leitura, bem como, os elementos essenciais para elaboração de um contrato que segue os requisitos previstos em lei e seus princípios norteadores. Para tal, toma-se para o plano de exemplificação o episódio “A Joan é péssima”, do seriado Black Mirror, no qual narra diversas mudanças da vida da personagem em virtude de uma relação contratual estabelecida pela Joan e uma plataforma de Streaming. Bem como, metodologicamente, buscou-se, para fundamentação teórica, a literatura existente, tais como Gagliano e Filho (2023) e Tartuce (2022), assim como a legislação vigente.
Dessa forma, é de conhecimento geral que no contrato as cláusulas contratuais são as obrigações que as partes devem seguir. Ao assinar um contrato sem prévia leitura, a pessoa fica vulnerável a inúmeros prejuízos, como: concordar com cláusulas que não são favoráveis e assumir responsabilidades e/ou obrigações que você não tenha possibilidade, ou até mesmo vontade, de cumprir posteriormente.
Na série, a protagonista Joan, aceita os termos e condições de uso de plataforma de streaming, sem ler, e ao fazer isso concordou com que a plataforma tivesse acesso e poder de uso de todos os seus dados e seus direitos de imagem. Dessa forma, faz-se necessário a análise acerca da: interpretação do contrato, equilíbrio contratual e cláusulas abusivas. 
A primeira diz respeito à existência de mais de uma forma de interpretação de uma cláusula. Por isso, a leitura e negociação dos termos contratuais se tornam de suma importância ao firmar um négocio jurídico de qualquer natureza. Afinal, para Tartuce (2023, p. 192), a fase de negociação é onde “ocorrem debates prévios, entendimentos, tratativas ou conversações sobre o contrato preliminar ou definitivo”, sendo esta a primeira oportunidade das partes resguardarem suas vontades individuais, além de garantir que ao final da negociação, o acordado não será maléfico ou tão desvantajoso para alguém.
Ao finalizar determinado instrumento particular com as assinaturas e testemunhas, o contrato começará a ter efeito seja para entrega de algum bem, pagamento de algo, ou até mesmo algum serviço. Por isso, a negociação e leitura prévia de um contrato são partes essenciais ao estabelecer uma relação jurídica, a fim de evitar futuros problemas.
Ainda sob essa perspectiva, no equilíbrio contratual, no qual as prestações (encargos e obrigações) precisam ser proporcionais entre as partes. Por último, existe o cenário de existência de cláusulas abusivas ou que contrariem os princípios da função social do contrato e boa-fé objetiva. Lê-se no artigo 422 do CC (2002), “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.
De acordo com o CC (2022), no art. 104, para que os contratos sejam considerados válidos precisam ter certos requisitos: partes capazes, objeto lícito, possível e determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. Além disso, todo contrato deve seguir os pricípios norteadores, bem como a boa-fé para que ambas as partes possam ter segurança na assinatura do contrato, sabendo que em nenhuma das clásulas são produzidas com intuito de vantagem ou sejam abusivas perante as legislações vigentes. Para Campos (2019), “Quando a ação do agente refere-se a uma conduta tida como correta e proba, fala-se em boa-fé objetiva, agora quando o agente sabe que não está agindo de forma correta e justa, em que sua ação prejudica uma outra parte na relação jurídica, estamos diante da má-fé objetiva”. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, observa-se a necessidade e a importância de participação, análise, estudo, negociação, e, sobretudo, a leitura de todo e qualquer contrato que possámos celebrar durante as relações inter-pessoais que são fundamentais para vida em sociedade. Sob essa perpesctiva, também, afirma-se a importância da elaborações dos termos contratuais respaldados na legislação vigente e, especialmente, nos princípios norteadores das relações entre particulares. 
A vida em sociedade demanda atos contratuais decorrentes de todas as nossas ações e, por isso, a fim de evitar eventos e circunstancias provenientes de um contrato celebrado e não negociado, ou até mesmo, lido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 28 out. 2023.
CAMPOS, Carla. O ativismo judicial como meio para consagração do princípio da boa-fé objetiva em todas as áreas do Direito. In: FIUZA, C. A.; BORGES, M. C. A; ARRUDA, A. F. S. (Org.) Direito Civil Contemporâneo. Florianópolis: CONPEDI, 2019. Disponível em: http://site.conpedi.org.br/publicacoes/no85g2cd/4g82f1o8/195hB6xmb6htMmQU.pdf. Acesso em: 19 nov. 2023.
GAGLIANO, Pablo S.; FILHO, Rodolfo P. Novo curso de direito civil: Contratos. v.4. São Paulo: Editora Saraiva, 2023. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. Vol. 3. Rio de Janeiro: Forense, 2022.

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