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Insider Trading: Caso Sadia-Perdigão

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INSIDER TRADING
 
Caso Sadia-Perdigão — Processo Administrativo CVM nº 07/2007, Rel. Dir. Marcos Barbosa Pinto, j. em 16/03/2009: “Suposta prática de insider trading. Eventual uso indevido de informação privilegiada em negócios com ações de emissão de Sadia S.A. e Perdigão, ocorridos na Bovespa, nos dias anteriores ao lançamento, pela Sadia, de uma oferta pública de aquisição do controle acionário da Perdigão. Condenação do acusado, por infração ao art. 155, § 4º, da LSA, ao pagamento de multa no valor de R$ 500.000,00.”
 
O trecho transcrito a seguir é de autoria de João Pedro Barroso do Nascimento (Direito Societário Avançado – FGV Direito Rio), Mestre em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo (USP). Você terá a oportunidade de observar a dinâmica da governança corporativa, enfrentado questão espinhosa referente à figura do INSIDER TRADING. Após detida leitura do texto em referência, o aluno deverá postar sua análise da situação problematizadora (Caso Sadia-Perdigão), que foi amplamente divulgada pela imprensa, abordando, em tese, os seguintes aspectos:
1. Definição de insider trading.
2. Dever de prestar informação aos acionistas.
3. Dever de comunicar fato relevante à Bolsa de Valores e à imprensa.
4. Dever de informar as modificações em suas posições acionárias na companhia. e
5. A responsabilidade solidária ou não do administrador.
	“No caso de sociedade de capital aberto, as informações não divulgadas, e que podem influir sobre a cotação das ações no mercado, devem ficar sob absoluto sigilo, exceto quando escapar do controle ou houver oscilação atípica das ações (conforme o artigo 6º da Instrução Normativa da CVM nº 358, de 2002). O uso de informação privilegiada, ainda não divulgada no mercado, enseja, a depender do caso, responsabilidades nas esferas civis, administrativas e até penais. Além dos deveres ressaltados, são expostas pela lei algumas expressas proibições. O parágrafo 2º do artigo 154 da LSA veda ao administrador:
(i) a prática de ato de liberalidade à custa da companhia;
(ii) sem autorização da assembleia geral ou do conselho de administração, tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito;
(iii) sem autorização estatutária ou da assembleia geral, receber de terceiro qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo.
A proibição do item (i) só pode ser afastada quando se tratar de liberalidade razoável, que tenha como beneficiários os empregados ou a comunidade de que participa a empresa, por deliberação do conselho ou da diretoria. Caberá ao administrar, ainda, o exercício do cargo objetivando o cumprimento das finalidades da companhia. Desta forma, o administrador deverá exercer suas atividades de forma a atender ao bem público e a função social da empresa, mas sempre observando as finalidades e os interesses da companhia. Tal dever se traduz em duas obrigações: (i) produção de lucros para a partilha entre seus acionistas; (ii) atender aos interesses da sociedade. Assim, se por um lado o administrador deve buscar o lucro na condução dos negócios, deverá também atender aos interesses dos stakeholders. Por fim, o dever de evitar situações de conflito consiste na obrigação do administrador em se abster de atos que possam vir a caracterizar hipóteses de conflito de interesses. “Configura-se o conflito de interesses quando a satisfação do interesse meramente individual somente poderá ocorrer mediante o sacrifício do interesse coletivo, e vice-versa”. Desta forma, quando houver um duplo interesse na decisão a ser tomada pelo administrador (interesse social e particular) recomenda-se a abstenção da prática de tal ato. O conflito pode ser formal ou substancial. O primeiro é aquele em que o administrador e a companhia são as partes contratantes, e, portanto, possuem interesses diversos. Já o conflito substancial é caracterizado quando a tomada de decisão do administrador é realizada com desvio de finalidade, objetivando interesses particulares em detrimento e/ou incompatíveis com os fins sociais.”
1. Definição de insider trading
· Insider trading é entendido no português como o uso de informações privilegiadas no ato de uma negociação, ou seja, é quando, para a obtenção de lucro, uma pessoa que faz parte do negócio, o chamado “insider”, utiliza as informações relevantes que ainda não foram divulgadas, para obter primazia sobre o mercado financeiro.
· Esta prática é considerada crime de acordo com a Lei nº6.385/76 e dispõe no art. 27-D o seguinte: “Utilizar informação relevante de que tenha conhecimento, ainda não divulgada ao mercado, que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
2. Dever de prestar informações aos acionistas
· Com a necessidade de transparência de informações dentro de uma sociedade empresária surge o dever de informar. Disposto no art. 157 da Lei nº 6.404/76 ele consiste no dever do administrador de informar aos investidores e acionistas informações que possam influenciar suas decisões como o número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão da companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular.
3. Dever de comunicar fato relevante à Bolsa de Valores e à imprensa
· Está presente na Lei nº 6.404/76, art. 157, §4º que diz: “Os administradores da empresa de sociedade aberta são obrigados a comunicar à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembleia-geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia.”
4. Dever de informar as modificações em suas posições acionárias na companhia
· Cabe aos administradores informarem as modificações em suas posições acionária na companhia nos termos da Lei nº 6.404/76, art. 157, §6º, que diz: Os administradores da companhia aberta deverão informar imediatamente, nos termos e na forma determinados pela Comissão de Valores Mobiliários, a esta e às bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, as modificações em suas posições acionárias na companhia.
5. Quanto à responsabilidade solidária ou não do administrador, dispõe sobre as Sociedades por Ações
· Nos termos do art. 158, da Lei nº 6.404/76, o administrador não será pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão. Porém, irá responder civilmente pelos prejuízos quando atuar dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo e/ou com violação da lei ou do estatuto.
Em alguns casos, a solidariedade na responsabilidade expressa que os outros indivíduos associados à empresa podem ser considerados responsáveis pelas ações informação privilegiada. No caso Sadia-Perdigão, portanto, a condenação do administrador foi feita por conta da infração do art. 155, § 4º, da LSA
BRASIL, LEI Nº 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1976. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em 19 de set. 2023.
PARENTE, Norma. Aspectos Jurídicos do "insider trading". CVM. Disponível em: http://189.112.78.11/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/serieshistoricas/estudos/anexos/Aspectos-Juridicos-do-insider-trading-NJP.pdf. Acesso em 19 de set. 2023.
VASCONCELOS, Vinícius Augusto Cavalcanti de. A utilização de informação privilegiada no mercado de capitais (Insider Trading): o tratamento dado pelo ordenamento jurídicobrasileiro. RUNA - Repositório Universitário da Ânima. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/7155. Acesso em 19 de set. 2023.
Comentários:
Aluno 1: João Victor Sarid Almeida de Lira
Resposta: João, toda essa questão de Insider trading é muito complicada. Os limites entre o que pode ser considerado informação privilegiada e o que não, apesar de ser bem definidos, ainda podem ser interpretativos. 
Aluno 2: DIEGO ALMEIDA
Resposta: Diego, acho muito interessante, também, nós observarmos como tão pouco é noticiado esse crime; a não ser que seja um escândalo envolvendo empresas que estão “na boca do povo”, raramente ficamos sabendo de casos de Insider trading.

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