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Gerenciamento de Riscos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Luiz Carlos Dias Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos • Introdução; • Processo de Certificação; • O Gerenciamento de Riscos. · Entender o Histórico do Gerenciamento de Riscos e seu Conceito. OBJETIVO DE APRENDIZADO Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Introdução Em todos os países do Mundo, as questões envolvidas com saúde e segurança dos trabalhadores representam um dos maiores desafios enfrentados pelos gover- nantes e pelas empresas, com custos da ordem de bilhões de dólares. Estes custos envolvem os acidentes de trabalho, afastamentos por doenças do trabalho, mortes por acidentes do trabalho e danos à propriedade, que são extremamente relevantes para a nação, onde toda a sociedade acaba pagando por estes custos. Sem falar no custo social, quando uma ou mais se acidentam e ficam afastados do trabalho recebendo o benefício pago pelo governo. É preciso considerar também o impacto que gera em uma família, quando um de seus membros sofre um acidente de trabalho e morre por ocasião de uma lesão fatal ou doenças do trabalho. A vida de um trabalhador não tem preço! Não tem valor que restitua a ausência de um membro da família que tenha morrido por ocasião de um acidente de trabalho. Quando se fala em acidentes ou mortes por ocasião do trabalho, tem que obrigatoriamente citar Frank Bird, que realizou um estudo com mais de 1.700.000 acidentes em aproximadamente 300 empresas em mais 20 segmentos industriais diferentes com mais de 3 bilhões de homens. O resultado deste estudo foi tabulado e através deste estudo Frank Bird conseguiu identificar uma relação entre os eventos, considerando sua severidade e frequência. Foi criada a pirâmide que relaciona os incidentes, acidentes com lesões graves ou morte conforme mostra a figura 01. 1 10 300 600 Lesão grave ou incapacitante Pequenas lesões incapacitantes Incidentes com danos à propriedade Acidente sem ferimento Figura 1 – Pirâmide de Frank Bird Interpretação da Pirâmide de Frank Bird Como podemos observar na Figura 1, nota-se uma relação direta entre todos os eventos e o limite para a classificação destes. Conclui-se que para cada 600 acidentes leves sem ferimentos, pode-se gerar 01 lesão grave (morte). Percebe-se que a base da pirâmide precisa ser trabalhada de forma que esta proporção seja modificada, pois para apenas 600 acidentes leves podem gerar 1 morte e 300 danos a propriedade. 8 9 O Brasil, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), é o quarto colocado no ranking de países com maiores índices de acidentes no mundo, perdendo apenas para Rússia, China e Estados Unidos da América. A melhor forma de se mudar estas estatísticas é agindo na base da pirâmide Frank Bird, instituindo uma cultura de segurança que envolva empregados e empregadores e o próprio Estado, em que a segurança deixe de ser considerada despesa e passe a ser vista e reconhecida como valor, onde exista um comprometimento maior de todos para com a Segurança e Saúde dos Trabalhadores e com os danos a propriedade. Processo de Certifi cação Processos semelhantes aconteceram há algumas décadas em dois quesitos ex- tremamente importantes nas Empresas: • Na qualidade de produtos e serviços; • Nas questões ambientais e produção de bens e serviços. A qualidade de produtos e serviços Em uma época em que os produtos e serviços estavam aumentado de uma forma muito intensa em função da grande expansão populacional e consequente aumento do consumo por bens e serviços, as corporações notaram que sua produção aumentava, mas que seus produtos e serviços apresentavam falhas e defeitos que acabavam elevando seus custos com retrabalho e perda gradativa de clientes. Desta forma, identificaram a necessidade de solucionar este problema que poderia ser fatal para as corporações, ou seja, empresas que não tivessem preços competitivos e com qualidade deixariam de existir dentro de poucos anos. Foi com a criação da Norma IS0-9001 que as empresas passaram a adequar seus processos, criar procedimentos de trabalho e o mais importante, criar uma cultura de qualidade em que todos deveriam estar envolvidos nos processos de qualidade, desde os trabalhadores até a alta direção, para que todos estejam engajados em realizar seus processos na produção de bens e serviços com qualidade, diminuindo o retrabalho, a quantidade de peças com defeito que precisassem retornar ao processo para correções. Um dos segmentos que muito se destacou nesta fase foi o automobilístico, onde as Montadoras de veículos precisaram ficar mais competitivas, se aperfeiçoar na fabricação de automóveis melhores, com preços mais competitivos e que seus veículos apresentassem menos defeitos. Foi durante este período que surge através da International Organization Standardization (ISO), a criação da Norma IS0-9000. Esta Norma foi quase que totalmente aderida pelas empresas que passaram pelo processo de certificação, exigindo que seus fornecedores também implementassem o mesmo processo determinado pela Norma ISO-9000, para que pudessem assegurar a qualidade de seus veículos. 9 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Este processo passava por várias etapas como: 1. Formação da equipe de qualidade, em que alguns funcionários da empresa foram escolhidos para formarem esta equipe com o objetivo de participa- rem de cursos e treinamentos sobre a Norma ISO-9000 e serem multipli- cadores destes conhecimentos; 2. Realizarem entrevistas com os trabalhadores para escreverem os pro- cedimentos de trabalho que iriam padronizar a forma e a metodologia de trabalho; 3. Criar uma cultura de Qualidade onde todos estejam imbuídos com o mesmo objetivo; 4. Conseguir o apoio da alta direção para disponibilizar recursos financeiros para concretização do processo; 5. Calibração de todos os instrumentos necessários para desenvolvimento dos processos; 6. Formação de auditores internos, para realizar auditorias em todoo pro- cesso de forma a eliminar possíveis não conformidades; 7. Contratação de uma Empresa de Auditoria reconhecida e certificada pelo INMETRO para realizar o processo de auditoria externa; 8. Contratação de auditoria realizada por Auditor externo, que poderá medir o grau de aderência da Empresa à Norma ISO-9000; 9. Após a realização da Auditoria externa e avaliação do grau de aderência e não identificação de não conformidades que comprometam o processo, a Empresa recebe um Certificado no qual identifica que ela atende aos requisitos mínimos e esta devidamente certificada pela Norma; 10. As Empresas passaram por auditorias periódicas para manutenção desta certificação e caso deixassem de atender os requisitos mínimos poderiam perder sua certificação. O Meio Ambiente Com o crescimento de bens de consumo de forma desenfreada, sem a mínima preocupação com seus rejeitos, as empresas acabavam despejando os seus poluentes no ar, solo e água. A cidade de Cubatão na década de 1980 foi considerada a cidade mais poluída do mundo, pois todas as Empresas que ali estavam instaladas jogavam seus poluentes no meio ambiente. Este tipo de atitude trouxe várias consequências e provocaram sérios impactos ambientais. Na mesma cidade, uma ave se tornou indicador ambiental, os flamingos. Eles se alimentam de um molusco que se desenvolve nos mangues quando não estão polu- ídos, é este molusco que dá a cor escarlate às penas dos flamingos. Como o meio ambiente estava extremamente poluído e inclusive o berçário de várias espécies 10 11 que é o mangue, este molusco não conseguia se reproduzir mais e consequente- mente não existia mais esta fonte de alimento para as aves. Os flamingos começaram a perder sua cor escarlate e suas penas começaram a ficar esbranquiçadas. Nesse período, as chuvas ácidas que assolavam a mata atlântica na serra do mar destruíam a flora, além disso, grandes quantidades de partículas eram lançadas no ar pelas Empresas da região, causando à população doenças respiratórias. Esta questão da poluição ambiental não foi “privilégio” somente do Brasil, todos os países industrializados no mundo também passavam pelo mesmo processo. No ano de 1992, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a ECO-92, em que a Organização das Nações unidas reuniu os principais lideres das Nações mais importantes do Mundo para discutirem os temas relacionados com a poluição do meio ambiente, pois o planeta já reagia mostrando os efeitos provocados pelas ações do Homem, um deles era o efeito estufa, porque com a elevação da temperatura média do planeta já se falava em derretimento das calotas polares e elevação dos níveis dos oceanos, chuvas torrenciais começaram a aparecer com maior frequência e a incidência de furacões também se tornou mais evidente. Alguns vazamentos de óleo e petróleo no mar destruíram os corais e contami- navam as praias, foi nesse cenário caótico que a própria natureza dava sinais de exaustão, que começaram a surgir as primeiras legislações preocupadas com o meio ambiente. No ano de 1996 ocorreu a publicação da Norma do Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001, que a partir daquele ano passou a ser exigida como premissa básica para as Empresas. Este processo também passou por várias etapas até se chegar na implantação da cultura ambiental. Tanto as corporações e o Estado precisaram se adequar às novas exigências ambientais. Não obstante, se fez necessário na área de saúde e segurança do trabalho o estabelecimento de Normas e exigências Legais, para se controlar Riscos das exposições dos trabalhadores e das Corporações. A Norma OHSAS-18001 veio ao encontro do principal foco no estabelecimento de requisitos legais para pro- teção da Vida e da Saúde dos Trabalhadores. A Norma OHSAS-18001 está sendo gradativamente substituída pela Norma IS0-45001, Norma de Saúde e Segurança Ocupacional. Para a Segurança do Trabalhador, cabe aos profissionais da área agirem na antecipação, no reconhecimento, na avaliação e no controle dos riscos existentes, para que se possa evitar que situações catastróficas ocorram. Na cidade de Mariana em Minas Gerais, a barragem de contenção de dejetos na mineradora Samarco se rompeu e atingiu várias cidades ao longo do Rio Doce até chegar ao oceano do Espírito Santo. Em consequência disso, uma grande quantidade de metais pesados foi levada pela lama de dejetos a caminho do mar e praticamente exterminou a vida ao longo do Rio Doce, que acabou com a única fonte de sobrevivência de pescadores que viviam da pesca na região. 11 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Outros eventos de menores ou maiores magnitudes também assolaram o cenário mundial, como o vazamento de petróleo em uma plataforma de petróleo no Golfo do México no ano de 2010, incêndio em tanque inflamável na Ultra Cargo na cidade de Santos 2015, sem nenhuma vítima fatal, porém com sérios danos ao meio ambiente e ao patrimônio. O Gerenciamento de Riscos A Antecipação dos riscos pode ser entendida como o estabelecimento de medidas para controlar os riscos existentes no ambiente de trabalho. Alguns riscos ainda podem nem se quer estar instalados, porém podemos identificar e iniciar o processo de gerenciamento de riscos, com o estabelecimento de medidas que visem a proteção da vida e da saúde dos trabalhadores, do meio ambiente e do patrimônio das Empresas. O Gerenciamento de Riscos está previsto na Legislação Brasileira através das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, conforme: • NR-5- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; • NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; • NR-10- Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade; • NR-18- Condições do Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção; • NR-22- Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração, onde estabelece o Programa de Gerenciamento de Riscos. Recomendação da ILO International Labour Organization (OIT) para Sistema de Gestão ILO OSH 2001. O Desenvolvimento Histórico do Risco Muito possivelmente, o surgimento das aplicações do risco se iniciaram por volta do ano de 3.200 a.C. no vale dos rios Tigre-Eufrates, onde um grupo conhecido como Asipu atuou como consultor e traduzia os sinais dos Deuses da época para pessoas que trabalhavam com riscos, incertezas ou dificuldades de decisões. As reuniões para discussão dos riscos na época eram principalmente a respeito da probabilidade da existência ou não de Deus e se existiria vida após a morte. Já no século passado, na década de 40, iniciaram-se os processos e gerenciamento de riscos em sistemas de gestão de segurança. A industria armamentista foi a pioneira, uma vez que falhas e defeitos poderiam gerar sérios danos financeiros, lesões e perdas de vidas humanas. A NASA iniciou o Programa Espacial Americano e o conceito de segurança foi incorporado aos procedimentos no ano de 1.969. 12 13 As industrias Petrolíferas, Aeronáutica e Nucleares tem se empenhado em de- senvolver e aplicar sistemas de gerenciamento de riscos cada vez mais eficien- tes, em função do elevado risco envolvido em suas atividades, principalmente nos aspectos de segurança e confiabilidade, pois a evolução tecnológica associada a interação de novos sistemas cada vez mais sofisticados contribuem para maior ri- gor destes processos, avaliando situações de eventos indesejáveis, que possam ter efeitos catastróficos caso venham a ocorrer, podemos citar como exemplos o Césio 137 em Goiânia, onde tivemos a contaminação de pessoas do público por uma fonte de radiação gama que provocou a morte de pessoas, lesões por exposição à radiação e ainda um grande passivo ambiental com a geração de resíduos radioati- vos que ainda precisam ser monitorados por quase 300 anos. Pode-se citar também a Plataforma marítima da Petrobras P-36 que estava em operação na Bacia de Campos e que na noite de 15 de março de 2001 passou por duas explosões. No momento haviam 175 trabalhadores em suas dependências e 11 deles morreram.A explosão ocorrida provocou uma inclinação de 16 graus na plataforma em função do alagamento de partes de seus flutuadores, com isso, no dia 20 de março do mesmo ano esta afundou em um local com profundidade de 1.200 metros e nela havia aproximadamente 1.500 metros cúbicos de petróleo em seus compartimentos. A Investigação de Acidentes chegou a conclusão que o acidente foi provocado por não conformidades em procedimentos operacionais e de manutenção, levando a efeitos de grande relevância, com perdas de vidas humanas e perdas de patrimô- nio, cujo o valor estimado foi US$ 350 milhões. A origem dos estudos dos riscos Somente com o surgimento do capitalismo, apareceram algumas origens da palavra risco, uma delas é derivada do termo “náutico espanhol que significa correr o perigo ou ir contra a rocha”. Outra seria da palavra risicu ou riscu de origem do latim, que tem o significado de ousar. A Australian and New Zealand Standard (AZ/NZS-2015) classifica Risco como a chance de algo causar impacto nos objetivos, que pode ser mensurado em consequências e probabilidade. Segundo De Cicco & Fantazzini (1.994, apud Oliveira, 2012), o termo risco pode ter dois significados: • Probabilidade de possíveis danos dentro de um período de tempo; • Uma ou mais condições de uma variável com potencial de causar dano. Segundo Oliveira (2015), o Risco sempre estará associado a uma possibilidade de ocorrência de eventos adversos e indesejados. O Risco pode expressar a incerteza, a possibilidade que algo aconteça de forma indesejada e que cause dano, com 13 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos perdas para as corporações e com a ocorrência de prejuízos de ordem física e ou materiais, também chamado de perigo. Segundo a Norma OHSAS 18001-2007, Perigo pode ser definido como fonte, situação ou ato com potencial para provocar danos humanos, em termos de lesão ou doença, ou uma combinação destas. Segundo (LAPA & GOES, 2011), Perigo refere-se à exposição a algo ou alguma situação que possa causar dano ou lesão, ou seja é uma condição perigosa ou uma condição com potencial de gerar danos. Probabilidade A probabilidade é a possibilidade de algo acontecer, normalmente a probabilidade está diretamente relacionada com a frequência e a severidade. Frequência Pode ser definida como o número de vezes que um evento pode acontecer ao longo da vida de um equipamento ou da Corporação. Severidade Pode ser definida como as consequências provocadas por um evento não dese- jado e que pode ter determinado grau de gravidade. Desta forma, a exposição ao risco pode ser controlada, quanto maiores os controles estabelecidos, menor a exposição ao risco, sendo que o risco pode tender a zero, mas nunca será zero, pois a possibilidade que alguma coisa indesejada aconteça sempre existirá (que poderemos chamar de sinistro), então, caso ocorra um sinistro dentro da corporação, seus efeitos podem ser mais ou menos severos e dependem diretamente da intensidade, da frequência que estes eventos ocorrem e seus efeitos podem ser de leves a catastróficos. Efeitos catastróficos costumam envolver grandes danos ao patrimônio e podem ter vítimas fatais, pois seu efeito é extremamente indesejado. Faz-se necessário a identificação de perigos e riscos em todas as etapas do processo e ao longo do envelhecimento de plantas industriais, para se estabelecer controles cada vez mais rigorosos no sentido se evitar a ocorrência das catástrofes. A presença dos Riscos Ao longo de um processo industrial ou da vida útil de uma planta industrial, sinais podem ser observados com relação aos riscos. Quanto mais sinais são observados maiores são a probabilidade que um evento indesejado aconteça, assim nos mostra que os controles estabelecidos até o momento já não são suficientes para controlar os riscos existentes, necessitando de ajustes e intensificação no levantamento dos riscos, para se estabelecer medidas de controle mais eficientes e para evitar que um sinistro aconteça e possa causa sérios danos. Para que estes sinais sejam percebidos 14 15 e entendidos, precisamos ter uma equipe que esteja treinada e preparada para identificar e saber interpretar estes sinais, e tomar decisões no sentido de evitar que o sinistro aconteça. Uma outra questão relevante é a percepção de Riscos, muitas vezes os riscos maiores e mais evidentes são facilmente identificados. São tomadas medidas de controle para gerenciar os riscos, entretanto, podem existir riscos de pequena mag- nitude que podem se associar e transformar em evento de grandes proporções. Desta forma, todos os riscos devem ser considerados, mesmo que sejam de menor intensidade, assim podemos dizer que a percepção de riscos é uma etapa extrema- mente importante para o gerenciamento dos riscos, pois resulta em tomadas de decisão mais eficazes. Recentemente estive em uma grande industria da área de mineração no Brasil, lá existe uma sólida estrutura gerencial e física de controle de riscos e estabelecimento de cultura de segurança do trabalho, com certeza este é um segmento onde muitos riscos estão envolvidos nas atividades diárias que seus trabalhadores desenvolvem, posso citar: Ricos Físicos • Ruído de máquinas e equipamentos, dos processos de britagem das rochas; • Ruído provocado pelas detonações executadas no maciço da mina; • Calor nas atividades desenvolvidas a céu aberto; • Vibração de corpo inteiro dos veículos transportadores de britas, retroescava- deiras, pás-carregadeiras, das perfuratrizes que perfuram as rochas; • Radiações UVA e UVB dos trabalhos a céu aberto. Riscos Químicos • A grande quantidade de aerodispersoides sólidos presentes no ar, com a pos- sível exposição de partículas de sílica; • Contato com óleo e graxa no setor de manutenção. Riscos de Acidentes • Queda do mesmo nível; • Queda de nível diferente; • Atropelamento; • Corte; • Esmagamento; • Choque elétrico; • Animais peçonhentos. 15 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Ergonômicos • Postura inadequada; • Levantamento de peso; • Repetitividade. Apesar de todos os riscos elencados e o estabelecimento de medidas rigorosas de controle, com proteções coletivas, administrativas e individuais, com desenvolvi- mento de programas de segurança, treinamentos específicos para os ricos identifi- cados, houve uma falha em todo o processo, pois em uma tarefa de conserto de um pneu de um caminhão, em que um funcionário interno realizaria o reparo, este não realizou o completo esvaziamento do pneu antes de iniciar o processo de reparo, desta forma, o Aro da roda escapou, pois estava pressurizado e atingiu o crânio do trabalhador, que de imediato teve exposição e perda de massa encefálica, e apesar do socorro imediato e transporte para o Hospital, o funcionário veio a óbito. Desta forma, quero ressaltar a preocupação no levantamento de todos riscos, não somente os de grande magnitude, mas também os riscos de pequena signifi- cância, assim, caso se materializem e se transformem em um acidente, seus efeitos podem ser catastróficos. No exemplo real citado anteriormente, os riscos que existiam no ambiente de trabalho tinham tamanha importância que eram tratados com o máximo rigor, porém um risco de acidente, que a probabilidade de acontecimento era extremamente remota, foi fatal e levou a morte de um trabalhador. Ressalto a importância da relação existente entre risco, severidade e probabili- dade, pois pequenos riscos podem passar despercebidos por profissionais que não estejam habituados a gerenciar riscos, e estes pequenos riscos podem se transfor- mar em erro fatais. Tomada de decisão A tomada de decisão é uma etapa importantíssima para o gerenciamento de risco. É com a ação que se inicia o processo propriamente dito. Existe alguns modelos para esta ação, porém utilizaremos a modelo de Van der Molen e Botticher, que em 1988 publicaram a decisão estratégica, tática e operacional. • Decisão estratégica: éaquela relacionada diretamente com o planejamento das ações, pode ser de responsabilidade da gerencia/engenharia; • Decisão tática: é aquela relacionada ao conjunto de diretrizes do responsável pela tomada de decisão, que pode ser a gerencia/diretores; • Decisão operacional: é aquela relacionada diretamente ao comportamento das pessoas. Este modelo de decisão implica diretamente na percepção das pessoas envol- vidas no processo, portanto, passíveis de erro. Se a percepção das pessoas sobre 16 17 um sinal de risco falhar, coloca-se em risco todo o sistema de tomada de decisão elaborado. Com isso, não se pode deixar nas mãos de pessoas que não tenham percepção dos sinais de riscos. A percepção neste modelo é fator predominante para a tomada de decisão, se a percepção falhar, o grau de risco aumenta significativamente. Com isso, o risco é função da probabilidade, da severidade e da percepção. Portanto, se a percepção das pessoas não for aguçada, nada adiantará à gestão dos riscos. Tipos de estudo de riscos Um estudo de riscos é o processo pelo qual se estuda os possíveis riscos, as dimensões, caso ocorram, por um determinado tempo. Os estudos de riscos podem ser ambientais, econômicos, financeiros, produção, saúde pública, segurança etc. Gerenciamento de riscos O gerenciamento de riscos visa proteção, redução ou eliminação dos riscos de- tectáveis. Os riscos podem ser com a saúde física e psíquica dos trabalhadores, de bens de consumo, mercado financeiro, sistema de saúde, entre outros. Para se ge- renciar os riscos é necessário que haja uma integração de ações para que se obtenha sucesso. Estas ações devem ser estabelecidas através de um processo de identifica- ção dos perigos eminentes, a médio e longo prazos. Durante o gerenciamento de risco, é necessário um plano de ação que possa ser avaliado a cada etapa, podendo sofrer correções durante todo o processo. A avalia- ção deve ser contínua, avalia-se e verifica-se os pontos fracos para propor medidas de correções necessárias. As avaliações das etapas de gerenciamento de riscos estão previstas na NBR ISO 31.000, que estudaremos posteriormente nesta disciplina. Avaliação de riscos Nesta fase do processo, é necessário considerar os critérios de avaliação que podem ser de tolerância e da classificação dos riscos. A tolerabilidade é um critério que deve ser definido pela equipe do processo. Esta equipe deve definir os níveis de riscos aceitáveis e estes níveis de tolerância devem ser especificados e definidos como referenciais para todo o processo e, quando os dados estiverem a baixo ou acima do grau de tolerância, deve fazer uma avaliação e as devidas correções. Desta forma pode-se evitar o acidente ou pelo menos minimizá-lo. Análise quantitativa e qualitativa de riscos Pode-se considerar que o risco é igual a relação de probabilidade, severidade e percepção. Segundo a ABNT (2009), a análise do risco envolve a apreciação das causas, as fontes de risco e as consequências que possam vir a ter. Ela é uma análise mensurável em que se pode obter resultados numéricos dos possíveis riscos. Existe também um modelo de análise semiquantitativo que é uma classificação dos riscos. Nesta classificação se utiliza a severidade e a probabilidade de ocorrer um 17 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos sinistro. Nesse caso, os resultados não são numéricos e sim conceituais, tais como riscos de pequeno, médio ou grande porte. Pode ser usado também a classificação de probabilidade remota, possível e provável. A primeira significa chance quase nula de ocorrer, a segunda já ocorreu antes e pode se repetir e a terceira pode ocorrer ou se repetir. Já a análise qualitativa revela as possíveis condições perigosas e de problemas não previstos no processo. Nesse tipo de análise não se obtém valores numéricos e sim uma identificação do possível risco. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros MGD 1010: Risk Management Handbook for Minning Industry NSW- NEW SOUTH WALWS GOVERNMENT – Department of Minerals Resources. MGD 1010: Risk Management Handbook for Minning Industry. Sydney NSW, 1997. Ferramentas de Análise de Riscos PROTEÇÃO. Ferramentas de Análise de Riscos. Revista Proteção. Edição 231. São Paulo, 2013. Gerenciamento de Riscos RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de Riscos. Universidade Federal de Santa Catarina / Colégio Técnico Industrial de Santa Maria. 120 p. Santa Maria: Rede Etec Brasil 2013. Desastres Naturais: Conhecer para Prevenir TOMINAGA, L. K; SANTORO, J; AMARAL, R. Desastres Naturais: Conhecer para Prevenir, São Paulo: Instituto Geológico, 2009. 19 UNIDADE Histórico e Conceituação do Gerenciamento de Riscos Referências ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR. 31000: Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes. Rio de Janeiro, 2009. ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR. 31010. Gestão de Risco – Técnicas para Avaliação de Riscos. Rio de Janeiro, 2012. DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Introdução à Engenharia de Segurança de Sistemas. 4. Ed. São Paulo: Fundacentro, 1994. DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Tecnologias Consagradas de Gestão de Riscos; Riscos e Probabilidade. São Paulo: Séries Risk Management, 2003. 20