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FUNDAMENTOS DA METROLOGIA 3D - DIGITALIZAÇÃO W BA 07 33 _v 1. 2 2 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Juliano Schimiguel Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Ricchi Junior, Reinaldo Alberto R489f Fundamentos da metrologia 3D – digitalização / Reinaldo Alberto Ricchi Junior, Fabiane Krolow, Priscilla Labanca, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 130 p. ISBN 978-85-522-1487-8 1. Controle de Qualidade. 2. Metrologia 3D. I. Ricch Junior, Reinaldo Alberto. II. Krolow, Fabiane. III. Labanca, Priscilla. IV. Título. CDD 620 ____________________________________________________________________________________________ Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________________________04 Metrologia Dimensional no Processo de Manufatura _______________________06 Fundamentação matemática da medição 3D e estudo dos elementos de Geometria Plana e Espacial _________________________________________________25 Princípios da Fotogrametria ________________________________________________47 Escaneamento 3D e Calibração _____________________________________________65 Avaliação experimental da exatidão de máquinas de medir 3D _________ 83 Estratégias para preservar a confiabilidade nos resultados de medição 3D _105 Exemplos de MSA (Análise de Sistema de Medição) 3D de diferentes peças: usinadas, conformadas, fundidas e plásticas ________________________________123 FUNDAMENTOS DA METROLOGIA 3D - DIGITALIZAÇÃO 3 4 Apresentação da disciplina A eficiência nos processos de manufatura é consequência da precisão dimensional, o que é possível por meio dos processos de metrologia dimensional presentes nos processos de produção. A confiabilidade dessas medidas é papel da metrologia. Para a otimização dos processos de manufatura e lucratividade com eficiência, a inovação e desenvolvimento na metrologia dimensional tem papel fundamental para garantia dos controles e gestão dos processos. Vamos observar os processos de medição e tecnologias aplicáveis para evitar as incertezas de dados nos processos de manufatura. A metrologia pode ser também entendida como uma ciência da medição, responsável pelo controle de informações, envolvendo aspectos práticos e teóricos de medição em geral, para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico na indústria que apresenta novas metodologias para os processos de controle, a fim de favorecer nas estratégias tomadas, chegando a trazer intervenção nos processos produtivos, de forma que seja possível realizar análises críticas com suporte especial para a avaliação da conformidade com procedimentos normativos e de planejamento e controle de produção (FERREIRA; GUERRA, 2018). A metrologia dimensional tem grande importância social e econômica garantindo relações comerciais justas, promovendo a cidadania e assegurando o reconhecimento nacional e internacional da qualidade de um produto final ou processo. E é ainda mais importante, por sua função com relação à necessidade de fornecer suporte ao controle das características dos produtos, reforçando assim a importância que representa para os sistemas da qualidade das organizações (FERREIRA; GUERRA, 2018). Para a prática da metrologia é necessária uma fundamentação matemática, pois a “Medição por coordenadas é uma técnica para inspeção de dimensões de todas as partes especificadas de uma peça, a partir de três coordenadas x, y e z.” (LIRA, 2015, p. 16), o que se torna 5 possível através da geometria tanto plana quanto espacial, nos sistemas de coordenadas cartesianas. O scanner 3D possui a função de digitalizar superfícies de objetos físicos que posteriormente são traduzidos em um sistema de computador capaz de ler e interpretar o resultado desta digitalização. Os scanners 3D são utilizados para diversos fins, dentre eles fabricação de produtos (BENSOUSSAN, 2014). De maneira geral, é fundamental desenvolver a habilidade para associar os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes às técnicas de Metrologia que estão sendo utilizadas na Indústria, para criar uma cultura de inovação que colabore na formação dos alunos. Metrologia Dimensional no Processo de Manufatura Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Aprender sobre a metrologia dimensional no processo de manufatura. • Investigar sobre os processos aplicados à manufatura. • Conhecer o que é e quais os procedimentos sobre metrologia dimensional no processo de manufatura. 7 1. Introdução A eficiência nos processos de manufatura é consequência da precisão dimensional, o que é possível por meio dos processos de metrologia dimensional presente no processo de produção. A confiabilidade dessas medidas é papel da metrologia. Para a otimização dos processos de manufatura e lucratividade com eficiência, a inovação e desenvolvimento na metrologia dimensional tem papel fundamental para garantia dos controles e gestão dos processos. Vamos observar os processos de medição e tecnologias aplicáveis para evitar as incertezas de dados nos processos de manufatura. De acordo com Ferreira e Guerra (2018): No caso particular da indústria, a competitividade natural entre empresas tem acelerado os processos de inovação e desenvolvimento e exigido simultaneamente que os sistemas de produção e de controle da qualidade apresentem rapidez, flexibilidade e fiabilidade. Como tal, a introdução das tecnologias digitais e a intensificação dos processos de inovação tem proporcionado uma redução dos tempos de desenvolvimento, dos tempos de produção e dos prazos de introdução de novos produtos no mercado. (FERREIRA; GUERRA, 2018, p. 126) A metrologia pode ser também entendida como uma ciência da medição, responsável pelo controle de informações, envolvendo aspectos práticos e teóricos de medição em geral. Isso para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico na indústria que apresenta novas metodologias para os processos de controle, a fim de favorecer nas estratégias tomadas, chegando a trazer intervenção nos processos produtivos. Assim, é possível realizar análises críticas com suporte especial para a avaliação da conformidade, com procedimentos normativos e de planejamento e controle de produção. 8 Em meio aos processos de produção industriais que exigem alto controle de medição, nasce a necessidade de casos onde nem sempre é possível o uso de equipamentos tradicionais para medição, como o paquímetro, micrômetro, entre outros, sendo necessário buscar alternativas para visualização do contorno de peças muito pequenasou ainda com geometria espacial complexa, trazendo falhas no controle de manufatura. Mesmo com a disponibilidade de instrumentos com alta tecnologia da informação, oriundos da revolução digital, é a revolução da Indústria 4.0 que traz mudanças de forma a implementar inovações tecnológicas e técnicas de automação a serem utilizadas nos processos de manufatura industrial, segundo Silva e Leandro (2017, p. 2). A metrologia dimensional tem grande importância social e econômica, garantindo relações comerciais justas, promovendo a cidadania e assegurando o reconhecimento nacional e internacional da qualidade de um produto final, ou até mesmo processo. É ainda mais importante sua função com relação à necessidade de fornecer suporte ao controle das características dos produtos, reforçando, assim, a importância que representa para os sistemas da qualidade das organizações, de acordo com Ferreira e Guerra (2018, p. 126) ASSIMILE Para entender melhor, vamos observar um exemplo prático do uso de instrumentos de medição com a automação no processo de manufatura, entendendo como funcionam projetores de perfil. Nesse processo, a virtualização é imprescindível, pois simula um modelo do objeto envolvido no processo de manufatura com padrão de excelência, permitindo o controle de forma remota de todos os processos de produção do objeto até sua medição, disponibilizando dois tipos de projeção: a diascópica, responsável por virtualizar o contorno da peça; e a episcópica, responsável por virtualizar a superfície da peça. No caso dos projetores de perfil, é realizada 9 a medição por meio da projeção ampliada da peça em um anteparo, com um filtro que minimiza o brilho na imagem e preserva a integridade física de quem está operando o instrumento de medição, sendo essa uma vantagem, pois agiliza o processo de medição. Vale lembrar também que, ao realizar a medição com o uso da virtualização, por não ter contato com a peça, não sofre deformações, conforme Silva e Leandro (2017). A metrologia pode ser entendida como a ciência dos pesos e medidas dos sistemas padronizados, de unidades, estabelecidos por todos os povos desde os primórdios das civilizações, onde havia a necessidade de realizar medidas. 2. O processo de medição 2.1 Como medir? Na introdução, vimos a importância da metrologia dimensional no processo de produção na indústria 4.0, com a associação de técnicas de automação. No entanto, é imprescíndivel lembrar do que chamamos de Vocabulaire International des Termes Fondamentaux et Generaux de Metrologie (VIM), que, em português, seria Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais da Metrologia. A ciência da medição é o conjunto de conceitos científicos teóricos e práticos referente às medições de qualquer incerteza, em qualquer área da ciência. Onde medir é determinar experimentalmente o valor de uma grandeza mensurada, já a grandeza é o atributo corpo ou substância que pode ser qualitativamente distinguida e quantitativamente determinada, como, por exemplo, temperatura, massa, tempo, entre outros. Mensurar será o procedimento de medição, da metrologia, que 10 é realizado por meio de uma unidade, uma grandeza específica definida por convenção para expressar magnitudes em relação a cada tipo de grandeza, como kelvin, quilos, minutos, entre outros, e o resultado do processo de mensuração será conhecido como Valor Verdadeiro Convencional, que pode passar por alguma incerteza de medição, possibilidade e de dispersão dos valores mensurados, conforme Acosta e Melo Junior (2010). O processo de manufatura, em geral, obtém qualidade no produto final, por quanto também tem a possibilidade de rastreabilidade de seus processos, garantindo uma cadeia de comparações desde o sistema de unidade de medidas internacional, padrões nacionais, padrões institucionais de calibração (INMETRO), calibrados (aferidos) por meio de laboratórios de ensaios credenciados e, por fim, a disseminação final no chão de fábrica, com a aplicação de padrões laboratoriais de metrologia em todo o processo de produção. Figura 1 – Rastreabilidade e disseminação da metrologia Fonte: elaborada pelo autor. O sistema internacional de medidas, para cada tipo de grandeza, define algumas unidades de base, suplementares e derivadas, para a padronização nos processos de mensuração, definindo símbolos, segundo Alves (2003). 11 Tabela 1 – Unidades Fundamentais do SI Grandeza Unidade Nome Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo Segundo s Corrente elétrica Ampere A Temperatura kelvin K Quantidade de matéria mol mol Intensidade luminosa candela cd Fonte: elaborada pela autora. Tabela 2 – Unidades Suplementares do SI Grandeza Unidade Nome Símbolo Ângulo Plano radiano rad Ângulo Sólido Esterradiano ou esferorradiano sr Fonte: INMETRO (2014). Tabela 3 – Derivadas do SI Grandeza Unidade Derivada Em unidades Nome Símbolo SI de Base Força Newton N m.kg/s² Temperatura Celsius ºC K Frequência Hertz Hz 1/S¹ Pressão Pascal Pa m-¹.kg./s² Trabalho, energia, calor Joule J m².kg/s² Potência Watt W m².kg/s³ Potencial elétrico, tensão, força eletromotriz Volt V m².kg.s²/A¹ Resistência elétrica Ohm Ω m².kg/s³.A² Carga elétrica Henry C s.A Capacidade elétrica Farad F m².kg/s4.A² Fluxo luminos Lumen lm cd.sr Condutância elétrica Siemens S m²/kg.S³.A² Fonte: elaborada pela autora. 12 2.2 Processo de metrologia Os tipos de instrumentos utilizados para a metrologia devem ser selecionados de acordo com o foco de produção da indústria, tendo um processo de escolha dos instrumentos de acordo com os padrões necessários para a verificação da qualidade do produto, que devem receber cuidados especiais em seu uso e armazenamento, de forma que permaneçam calibrados. A incerteza na metrologia deve ser ponto de grande atenção, os instrumentos de medições devem estar sempre dentro dos padrões admissíveis de calibração para garantia da qualidade do processo. Para isso, as empresas devem manter um equipamento mestre com certificação de calibração laboratorial, conforme exemplo da Figura 2, para aferição dos instrumentos utilizados no chão de fábrica, segundo Alves (2003). Figura 2 – Certificado de calibração Fonte: elaborada pela autora. Ao realizar uma verificação, o resultado, conforme Alves (2003, p. 15), “permite afirmar se o instrumento de medição satisfaz ou não às prescrições (especificações) regulamentares previamente fixadas (limites de erro admissíveis) que autorizam a sua entrada ou continuação em serviço” . 13 O processo de calibração deve seguir um padrão e ser realizado com o instrumento de medição adequado ao processo, de acordo com procedimentos (prescrições), requisitos de projeto, normas ou requisitos do processo de produção. A calibração, será a comparação do objeto com medições, que serão comparadas aos requisitos. Esses resultados de medição devem ser mantidos em um documento de calibração, caso esteja conforme a prescrição. Caso a verificação indique uma não conformidade, de acordo com a confrontação, é necessária a realização dos reparos para prosseguir no ciclo de produção, segundo Alves (2003, p. 16). Figura 3 – Interligação entre os processos de metrologia Fonte: (ALVES, 2003). 14 Os instrumentos utilizados para a calibração, em um intervalo de tempo pré-determinado normativamente em categorias A e B, que devem ser observadas nas prescrições do processo, têm relação ao objeto específico. A Tabela 4 apresenta uma proposta de alguns instrumentos de medição com os respectivos prazos de calibração. Tabela 4 – Instrumentos de medição e calibração Instrumento de medição Período de Calibração (em meses) Categoria A Categoria B Amperímetros analógicos 12 12 Amperímetros digitais 3 à 12 6 Ohmímetros analógicos 12 12 Ohmímetros digitais 3 à 12 6 Pontes de Whetstone 12 12 Ponteciómetros 12 12 Transformadores de medição 36 36 Voltímetros analógicos 12 12 Voltímetros digitais 3 à 12 6 Wattímetros analógicos 12 12 Wattímetrosdigitais 3 à 12 6 Fonte: elaborada pela autora. 2.3 Guia para a expressão da incerteza de medição (GUM) Nos processos de medição devem ser avaliadas as incertezas, o que pode ser realizado por meio da técnica GUM (Guia para a expressão da incerteza de medição). Esse guia tem como objetivo promover a declaração de como se chegou na incerteza e fornecer base de comparação internacional de resultado de medições, sendo realizados dois tipos de procedimentos: A e B. O procedimento A é conhecido como o método tradicional, utilizado para avaliar a incerteza de medição em estudos de repetitividade e reprodutibilidade. De acordo com o Baldo (2003): Nesse procedimento, assume-se que o desvio padrão estimado corresponde a uma distribuição normal. Os problemas com os procedimentos de avaliação do tipo A são que eles exigem trabalho intensivo, não há garantia que todas as variações que uma contribuição causa tenham sido observadas e não há 15 meio de se ter certeza que as amostras são representativas da variação que a contribuição possa causar ao longo do tempo. (BALDO, 2003, p. 31). No tipo A, os componentes são classificados, então, de acordo com as variâncias (desvios-padrões) observadas na verificação, o que também deve ser especificado nos requisitos de prescrição. Já o procedimento tipo B, traz uma possibilidade de liberdade para usar todas as informações disponíveis pelo processo de medição, inclusive conhecidas no passado, especificações de fabricante, certificados de calibração, de forma que seja possível investigar incertezas que não foram vistas no procedimento tipo A, observando as correlações entre as variâncias do processo A, de acordo com Baldo (2003, p. 31). 3. Instrumentos de medição e integração da metrologia na indústria O objetivo da metrologia são as medidas com a maior precisão possível, independente do objeto que está sendo mensurado e, para isso, temos uma infinidade de tipos de instrumentos de medição. Entre os mais comuns, temos o paquímetro, utilizado para medições lineares internas, externas e de profundidade. Trata-se de uma régua com uma escala auxiliar, chamada de nônio ou vernier, que permite medições mais precisas de pequenos objetos. Além dos paquímetros, temos uma série de outros instrumentos, como os comparadores de diâmetros, medidores de espessuras, balanças, termômetros, amperímetros, luxímetros, entre outros. No entanto, pensando na inclusão da metrologia com as tecnologias disponíveis nos processos de produção com a automação, vamos conhecer os projetores, que fazem a virtualização da metrologia, como apresentado no início do texto. Em casos de peças muito pequenas ou com formas complexas, as medições se tornam mais complicadas e trabalhosas e, para isso, temos os projetos de perfis, que são meios óticos de medição, e trazem maior eficiência ao processo de produção, pois oferecem a possibilidade de medições durante a produção. 16 3.1 Integração da metrologia dimensional e a Indústria 4.0 No contexto industrial atual, temos o processo produtivo todo interligado por meio de tecnologias de automação e controle, sendo possível a qualquer momento verificar dados de qualquer etapa do processo produtivo. Além disso, temos a possibilidade de realizar intervenções nas máquinas em produção, sem ser necessária a intervenção humana direta. Para isso, a indústria precisa pensar em todo o processo, tanto de produção quanto de planejamento e controle de forma integrada, tendo interligados no processo desde os componentes técnicos, as máquinas com as respectivas programações de manufatura por meio da tecnologia Big Data, com o projeto de todo o processo produtivo e, por fim, a máquina de produção, conforme Figura 4, segundo Ferreira e Guerra (2018). Figura 4 – Processo de integração (processo produtivo e controle da qualidade) na Indústria 4.0 Fonte: Ferreira e Guerra (2018). 17 O objetivo da Indústria 4.0 é a associação de tecnologias e concepções de organização em sistemas tecnológicos, envolvendo os sistemas “Cyber- physical” “Internet of Things” “Big data”, “Smart factory”, para trazer à fábrica processos produtivos tradicionais de forma automatizada, alavancando uma nova realidade na indústria com a tecnologia de controle, onde é possível o controle por meio de plataformas digitais interligadas com o processo de produção, conforme Ferreira e Guerra (2008, p. 127). Para ter confiabilidade no produto final, precisamos garantir a conformidade dimensional e geométrica dos componentes técnicos, dos insumos, nos mais variados ramos da indústria, desde a indústria de automóvel, aeronáutica, naval, com recursos que proporcionam o bom desempenho da questão metrológica já no processo de molde, de forma simultânea. Os processos de medição apresentam questões que interferem na precisão metrológica, como as condições ambientais, exatidão ou calibração dos instrumentos de medição, entre outros que podem interferir na qualidade do produto final e para melhoria, nesses processos, têm sido introduzidas as máquinas de medições por coordenadas. 3.2 Máquinas de medições por coordenadas São sistemas de medição que proporcionam a obtenção de coordenadas de vários pontos de um objeto ou componente técnico para uma construção posterior, permitindo uma avaliação geométrica mesmo antes da efetivação do produto. Linhas, planos, cilindros, cones, esferas, são construídos para que seja possível uma análise das zonas identificadas nos desenhos e, nesse momento então, já realizar uma avaliação de conformidade com a prescrição de projeto. Ferreira e Guerra (2018) observam que nos processos com máquinas de medições por coordenadas, devemos ter cuidados com as dimensões e geometrias em elementos geométricos de componentes técnicos. 18 Em elementos geométricos, como a linha, o plano, o cilindro, o cone e a esfera, é possivel realizar diferentes tipos de avaliação. Por um lado, é possível quantificar a dimensão de cada um dos elementos geométricos; por outro lado, é também possível avaliar a geometria e os diferentes erros de forma (rectitude, planeza, circularidade, cilindricidade, perfil de linha e perfil de superfície), de orientação (paralelismo, perpendicularidade e angularidade), de posição (localização, concentricidade, coaxialidade e simetria) e de batimento (batimento axial, batimento axial total, batimento radial e batimento radial total) que apresentam. (FERREIRA; GUERRA, 2018, p. 130). Figura 5 – Máquina de medir coordenadas (tridimensional) Fonte: adaptada de Matveev_Aleksandr/iStock.com. 19 A automação do processo industrial com o uso de máquinas de medições por coordenadas trouxe um impulso para a indústria no processo de metrologia dimensional e geométrica, sendo um recurso para garantir a qualidade do processo e produto final, trazendo vantagens para os ensaios dimensionais, suporte de protótipos e suporte aos processos de engenharia reversa. As máquinas de medição por coordenadas 3D apresentam-se como sistemas de medição sofisticados e flexíveis, com boa repetibilidade e reprodutibilidade nas medições, que permitem efetuar medições recorrendo a diferentes tipos de sensores de contato ou sistemas ópticos, e acompanham a efetividade dos mais recentes sistemas de produção de acordo com as exigências da indústria 4.0, o novo paradigma das empresas (FERREIRA E GUERRA, 2018, p. 130). Com o uso das máquinas de medição por coordenadas, de forma mais racionalizada, tem-se vantagens matemáticas na geometria das peças, flexibilidade na comunicação e conexão das etapas do processo, resistência em ambientes industriais e baixo custo final, devido às vantagens associadas à máquina. PARA SABER MAIS Vamos pensar no uso das máquinas de medir por coordenadas, na prática, que realizam a identificação de pontos que definem a forma de objetos nas três coordenadas ortogonais, sendo equipadas com mancais pneumáticos que permitem o movimento com o menor atrito e realizam a captaçãodas informações por meio de apalpadores, que são localizadores óticos capazes de captar por meio de um feixe de laser pelo método de triangulação. 20 3.3 Projetores de perfis Os meios óticos, utilizados pelas máquinas de medir por coordenadas, são também conhecidos como projetores de perfis, responsáveis pela metrologia de precisão que viabilizará a redução de falhas e melhorar o processo de controle industrial. Os projetores permitem projetar o objeto em uma tela de vidro, que possui duas linhas perpendiculares gravadas, utilizadas como referência para as medições. O projetor possui uma mesa de coordenadas com dois cabeçotes micrométricos e duas escalas lineares posicionadas a 90º. São meios óticos de medição adotados, atualmente, em conjunto com máquinas de operação, mostrando detalhes durante a usinagem no processo de produção. Os projetores de perfis são utilizados para a verificação e medições de peças pequenas com formas rebuscadas, pois permitem a ampliação da peça em uma tela que possui duas linhas perpendiculares utilizadas como referências, sendo as coordenadas equipadas com dois cabeçotes micrométricos. Na projeção da peça na tela, a imagem é ampliada e mostrada com iluminação por baixo, ampliando a imagem em até cem vezes por lentes intercambiáveis. A prancha de referência é movimentada em relação às linhas de referência tangencialmente para a identificação do objeto como um todo, pois o projetor de perfil permite a identificação de ângulos ao rotacionar a tela de 1º a 360º, tendo a leitura angular sendo realizada. Outra opção de uso dos projetores de perfis é a verificação por meio do uso do desenho da peça, realizado em acetato transparente e fixado na tela do projetor. Projeção diascópica (contorno) É chamada de projeção diascópica aquela realizada com uma iluminação que transpassa a peça, permitindo obter a silhueta escura com o 21 contorno da peça, sendo essa opção utilizada para a medição de peças com contornos especiais, como engrenagens, ferramentas etc. Projeção episcópica (superfície) Na projeção episcópica, a iluminação é concentrada na superfície da peça, fazendo, assim, com que os detalhes sejam projetados na tela, tornando-se ainda mais evidentes quando o relevo for nítido e pouco acentuado, sendo utilizado para a verificação de moedas, circuitos impressos, acabamentos de superfícies etc. Figura 6 – Projeções diascópica e episcópica Fonte: UDESC Joinville, 2018. TEORIA EM PRÁTICA Você trabalha em uma empresa que realiza a metrologia associada diretamente ao processo produtivo, que segue procedimentos de realização e medições de produção, e é responsável pelo controle dos equipamentos de medição. É sua função garantir que esses equipamentos estejam calibrados para redução de erros no processo de metrologia, de forma que a indústria tenha o processo de metrologia integrado com o menor risco de incertezas de medição. Qual é o processo que você deve seguir para garantir a calibração dos equipamentos? Qual o documento registrado dessa calibração e quais dados devem constar nesse registro? 22 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Os projetores de perfis têm como objetivo: a. Realizar a medição de peças pequenas e complexas. b. Realizar a medição de peças grandes e complexas. c. Realizar a verificação de peças pequenas e simples. d. Realizar a medição da rugosidade de objetos. e. Realizar a medição de som complexo. 2. Para garantia de que o processo de metrologia está sendo realizado em fábrica dentro dos padrões admissíveis de incerteza de medição, a indústria deve ter seus: a. Registros dos critérios de medição. b. Registros dos processos de produção. c. Cerificados de calibração dos instrumentos de medição. d. Cerificados de compra de materiais com fornecedores que aplicam a metrologia. e. Certificados de programas da Qualidade em conformidade com ISO 9001. 3. A metrologia realizada com o uso de projetores de perfis tem como objetivo facilitar o processo de medição e verificação de metrologia, com automação durante o processo de usinagem, o que é possível graças a: a. Representação diascópica. b. Representação episcópica. c. Virtualização. d. Calibração. e. Prescrição. 23 Referências Bibliográficas ACOSTA, S.; MELO JUNIOR, C. F. de. Fundamentos de metrologia. Curitiba: Utfpr, 2010. ALVES, M. F.. ABC da Metrologia Industrial. 2. ed. Porto: Instituto Superior de Engenharia do Porto, 2003. BALDO, C. R. A interação entre o controle de processos e a metrologia em indústrias de manufatura. Tese (Doutorado), Curso de Programa de Pós- graduação em Metrologia Científica e Industrial, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. FERREIRA, F. A. M.; GUERRA, H. A. G. Os desafios da metrologia por coordenadas nos processos de controle das especificações dimensionais e geométricas de componentes técnicos, no novo paradigma da indústria 4.0. Produção e desenvolvimento, Rio de Janeiro, n. 4, p.125-132, 2018. Semestral. Disponível em: http://revistas.cefet-rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento. Acesso em: 30 abr. 2020. LIRA, F. A de. Metrologia dimensional: técnicas de medição e instrumentos para controle e fabricação industrial. São Paulo: Érica, 2015. MITUTOYO. Máquina de Medir Coordenadas: CRYSTA APEX S 9166 – 191-294- 10. 2019. Disponível em: https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s- series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html. Acesso em: 19 mar. 2020. SILVA, H. T. da; LEANDRO, G. H. C. R. Indústria 4.0: otimização do controle dimensional de peças de geometrias complexas, com o auxílio do projetor de perfil. In: VII Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção, Ponta Grossa. Anais. Ponta Grossa: Aprepro, 2017. p. 1–11. VANLENTINA, L. D. Fundamentos de metrologia. Joinville: Udesc, 2008. BENSOUSSAN, H. The history of 3D printing: 3D printing technologies from the 80s to today. 2016. Disponível em: https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/ the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-the-80s-to-today/. Acesso em: 19 mar. 2020. http://revistas.cefet-rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s-series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s-series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-th https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-th 24 Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: Os projetores de perfis têm como principal objetivo realizar a medição de objetos pequenos e com peças complexas. Questão 2 – Resposta: C Resolução: É necessário que os equipamentos estejam calibrados dentro dos padrões de unidades de medidas, sendo isso comprovado através dos certificados de calibração dos instrumentos de medição. Questão 3 – Resposta: C Resolução: A forma de verificação de medidas com os Projetores de Perfis permite a automação no processo industrial, tendo como objetivo principal a virtualização dos objetos em produção para que seja possível o monitoramento constante. Fundamentação matemática da medição 3D e estudo dos elementos de Geometria Plana e Espacial Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Investigar sobre os conceitos matemáticos para a Metrologia 3D. • Conhecer os elementos da Geometria Plana para a Metrologia. • Conhecer os elementos da Geometria Espacial para a Metrologia. 26 1. Introdução sobre a necessidade da fundamentação matemática e geometria A metrologia dimensional surge com “a necessidade de harmonizar pesos e medidas entre países e cresceu com a expansão da indústria e do comércio”, segundo Lira (2015, p. 13). Fato esse que permanece até a atualidade com a necessidade da aplicação de metrologia de forma tridimensional em processos de digitalização no mercado atual, pois as: Indústrias automobilísticas, aeroespaciais e eletrônicas, entre outras, são montadorasque dependem de peças e partes de fornecedores especializados, por exemplo, turbinas, telas de plasma, computadores de bordo, motores etc. Cada fornecedor precisa de uma acreditação e de um eficiente sistema de Gestão da Qualidade. (LIRA, 2015, p. 15). Os processos de gestão e certificação da qualidade requerem a padronização dos sistemas de gestão, que, em geral, se torna possível com a criação de padrão de documentos e para o chão de fábrica, sendo necessário o controle da produção e, para isso, o controle de medição, realizado pela metrologia por processos de digitalização para agilizar a manufatura de acordo com Stoco (2016). Para a prática da metrologia, é necessária uma fundamentação matemática, pois a “medição por coordenadas é uma técnica para inspeção de dimensões de todas as partes especificadas de uma peça a partir de três coordenadas x, y e z”, segundo Lira (2015, p. 16), o que se torna possível por meio da geometria, tanto plana quanto espacial, nos sistemas de coordenadas cartesianas. Na prática do controle de qualidade, existem, em geral, os cases de sistemas de verificação: Nenhum meio de fabricação ou processo de usinagem é capaz de obter rigorosamente a dimensão prefixada para a peça. Se o erro tolerável for 27 conhecido, os meios de fabricação e o controle das dimensões podem ser escolhidos com vistas à redução de custos e maior produtividade. (LIRA, 2015, p. 25) No processo de medição devem ser definidas e, inicialmente, verificadas, as condições ambientais do operador, definições de mensuração e processo e sistema de medição, o que sempre envolverá critérios matemáticos. Entre as especificações para a industrialização, existem as especificações geométricas, que dão as formas ao produto e influenciam em seu acabamento, estética, funcionalidade e segurança do produto final, onde percebemos a necessidade de maior atenção à engenharia dimensional dos produtos, pois “em um mundo perfeito, o ideal e o real são exatamente iguais”, de acordo com Souza (2003). Portanto, como mostra o fluxograma da Figura 1, o projeto mostra a geometria da peça, que deve ser seguida no processo de fabricação e conferida em um controle geométrico final. Figura 1 – Processo de construção geométrica Fonte: elaborada pela autora. Para isso, será necessário entender melhor a respeito da fundamentação matemática da medição por coordenadas, a partir do sistema cartesiano, utilizando as unidades de medidas padronizadas. 2. Histórico sobre a geometria para a metrologia Dentre os objetivos da metrologia estão o monitoramento por meio da observação passiva de grandezas; o controle, que também 28 pode ser realizado observando, com comparação, de acordo com padrões pré-estabelecidos; e a investigação, ou seja, o processo de pesquisa para novos padrões e especificações. Esse processo pode ser realizado por meio de equipamentos que fazem leituras matemáticas no espaço plano e/ou tridimensional para aplicações práticas em pesquisas, ensaios, desenvolvimento e tecnologia, design, prototipagem, produção, processos de fabricação e plano de produção, em todos os processos, desde o planejamento até sua conclusão e, inclusive, durante os usos. Para fazer uso dos equipamentos e realizar os processos de metrologia, é necessário o conhecimento básico matemático, de forma que seja possível, nos processos de medição, designar pontos, retas e planos, identificando formas diversas no plano e no espaço Existe, então, a necessidade do entendimento matemático das formas do objeto, tendo as possibilidades de estudo de suas dimensões e posições. Os gregos realizaram estudos para entender o que existe na natureza, identificando processos de medição. Assim: Pitágoras criou um método de calcular, desenvolvendo um meio de representar os números através de combinações de pontos ou seixos. Por esse método, certas séries aritméticas combinam linhas de seixos, cada uma contendo um a mais do que a anterior, começando por um, obtendo um número triangular. Por exemplo, o tetraktys consistia de quatro linhas e demonstrava que 1+2+3+4 = 10. Similarmente, a soma de números ímpares sucessivos dá origem a um número quadrado (1, 4, 9, 16), e a soma de números pares sucessivos, a um número oblongo (2, 6, 12, 20, ...). (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 11) 29 As combinações de pontos ou seixos, propostas pelos gregos, que deram origem ao tetraktys, números quadrados e números oblongos, estão ilustradas na Figura 2. Figura 2 – Combinações de pontos ou seixos Fonte: Santos e Ferreira (2009). Ao formatar esse processo de medição, com o agrupamento de seixos, são apresentadas formas espaciais, o que utilizou em relações matemáticas, chegando na proposta utilizada até hoje, o famoso teorema de Pitágoras. Na geometria espacial, Pitágoras preocupou-se com o tetraedro, o cubo, o dodecaedro e a esfera. A harmonia das esferas era, para a Escola Pitagórica, a origem de tudo. Em seu mais famoso teorema, atualmente denominado Teorema de Pitágoras, descobriu a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Ele e seus discípulos usaram certos axiomas ou postulados e, a partir desses, deduziram um conjunto de teoremas sobre as propriedades de pontos, linhas, ângulos e planos (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 11) O plano, com seus formatos variados, como triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências e outras formas, são os objetos da geometria plana, onde, geralmente, é necessário o cálculo e verificação de áreas e perímetros. 30 Os filósofos matemáticos gregos ocuparam-se, de modo especial, com a unificação da aritmética e da geometria, problema que René Descartes (1596 - 1650), por volta de 2000 anos depois, em 1637, resolveu com brilhantismo, ao forjar uma conexão entre a geometria e a álgebra, demonstrando como aplicar os métodos de uma disciplina na outra. Naquele ano, Descartes publicou três pequenos ensaios – La dioptrique, Les météores e La géométrie - precedidos dos Discours de la méthode pour bien conduire sa raison et chercher la vérité à travers le sciences*. No ensaio La géométrie, o pensador francês criou os fundamentos da geometria analítica, com a qual ele pôde representar as figuras geométricas através de expressões algébricas (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 16). No entanto, nossos produtos e objetos de uso no cotidiano não são apenas planos, mas estão entre os três eixos espaciais (x, y e z), espaço esse que vamos chamar de tridimensional para ser possível identificar vetores de posição. ASSIMILE Pudemos compreender melhor o espaço ao pensar como o utilizamos. Ao nos deslocarmos para frente ou para o lado, estamos percorrendo uma trajetória e a nossa trajetória percorrida será um vetor de deslocamento com a distância percorrida, em determinadas direções, onde é possível saber os pontos de partida e chegada nos eixos do plano cartesiano (x,y,z). Como exemplo, temos o ponto (0;0;0), origem do plano cartesiano, mostrado na Figura 3, com a representação por quadrados, e a ilustração da Figura 4, com a demonstração das coordenadas, que indica a posição da pessoa em relação aos três eixos, de acordo com Matchweb (2019). 31 Figura 3 – Eixos do sistema cartesiano Fonte: Matchweb (2019). Figura 4 – Pontos de localização do sistema cartesiano Fonte: Matchweb (2019). 3. Geometria plana Para ter as possibilidades de medições “o matemático alemão Möbius (1790-1868) foi quem adotou a convenção de sinais, as distâncias, ângulos, áreas e volumes”, segundo Venturi (2015, p. 25). Temos, então, o início do estudo da geometria como a locação e manipulação de dados que propõem as formas básicas, linhas, ângulos e planos. Os planos são formados por linhas, as quais apresentam uma forma fechada através de curvaturas ou angulações, o que é possível entre linhas e ângulos. Em geral, medimos o comprimento de linhas: “a unidade de comprimento é o metro. Com ela e seusmúltiplos e submúltiplos, pode-se conhecer qualquer dimensão linear, área e volume” (LIRA, 2015, p. 24).Para medir ângulos e partes de circunferências são utilizadas medidas de escala métrica. Sua unidade de medida no Sistema Internacional (SI) é o radiano, nome atribuído por comodidade, uma vez que o ângulo plano é adimensional, ou seja, tem dimensão 1.Com a unidade de medida mais comum sendo o grau, representado pelo símbolo “º”, a divisão da circunferência tem 360 32 partes, dividindo em ângulos. No entanto, esta não faz parte do Sistema Internacional, onde cada parte é dividida duas vezes em 60 partes, os minutos e segundos, respectivamente. Ao medir intensidades de força, utilizamos a aplicação da teoria da Lei de Newton, que apresenta que a força é o produto entre a massa e a aceleração da gravidade. Conforme mostrado na Figura 5, é “uma grandeza vetorial, portanto possui um módulo, uma direção e um sentido”, segundo Lira (2015, p. 25). Geralmente, é medida em newtons, no SI, e usada para a medição de valores de aferição de deformação de materiais, em ensaios de tração e compressão, dureza, torque e peso e pressão. Figura 5 – O vetor força Fonte: Santos e Ferreira (2009). A Figura 6 apresenta o sistema de coordenadas cartesianas aplicadas à reta, segundo definição de Santos e Ferreira (2009, p.30), como segue: Uma reta orientada é uma reta qualquer na qual tomamos um sentido positivo de percurso, denotado por uma flecha. Um sistema de coordenadas na reta pode ser obtido da seguinte maneira: sobre uma reta orientada tomamos um ponto arbitrário O, denominado origem do sistema de coordenadas, ao qual associamos o número real zero. No sentido positivo de orientação da reta, tomamos outro ponto arbitrário U, ao qual associamos o número real 1, de modo que o comprimento do 33 segmento seja a unidade de comprimento do sistema de coordenadas (SANTOS; FERREIRA, 2009, p.30) Figura 6 – Sistema de coordenadas cartesianas na reta Fonte: elaborada pela autora. Para entender as características da reta, o que será objeto da metrologia: O sistema de coordenadas na reta estabelece uma bijeção (correspondência biunívoca) entre os pontos da reta e os números reais: a cada ponto P da reta associamos um único número real x e, reciprocamente, a cada número real x associamos um único ponto P da reta. Tal bijeção, denotada P(x), é denominada sistema de coordenadas cartesianas na reta, e o número real x denominado coordenada do ponto P nesse sistema de coordenadas. Uma reta orientada sobre a qual estabelecemos um sistema de coordenadas cartesianas é denominada eixo cartesiano ou eixo real”. (SANTOS; FERREIRA 2009, p. 31). 3.1 Sistema de coordenadas cartesianas A representação do espaço em um plano, com dois eixos que o dividem em quatro quadrantes para a locação de pontos e produção de linhas e planos, é chamado de sistema de coordenadas cartesianas no plano e, segundo Santos e Ferreira (2009, p. 32), “estabelece uma bijeção entre os 34 pontos de um plano e os pares ordenados de números reais, isto é, uma bijeção entre os pontos de um plano”. O filósofo, matemático e físico francês René Descartes (1596 a 1650) é considerado o criador do pensamento cartesiano, também conhecido como racionalismo, sistema que deu origem à filosofia moderna. Além disso, também foi reconhecido por sua obra matemática com a criação da álgebra e geometria, o que veio a se tornar a geometria analítica, além da criação do sistema cartesiano matemático. Para entender o plano cartesiano, Santos e Ferreira (2009, p. 32) descrevem como: Tomamos dois eixos reais perpendiculares entre si, cujas origens coincidem em um ponto O denominado origem do sistema de coordenadas cartesianas no plano e ao qual associamos o par ordenado (0, 0). Um eixo será denominado eixo das abscissas, e o outro, eixo das ordenadas. (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 32). Figura 7 – Sistema de coordenadas no plano Fonte: Venturi (2015). 35 Na Figura 7, o ponto O é a origem do sistema cartesiano e o ponto P é um ponto no plano, pois: A qualquer par ordenado de números reais (x, y) podemos associar um único ponto P do plano, determinado da seguinte maneira: assinalamos no eixo das abscissas o ponto associado ao número real x e por esse ponto traçamos a reta paralela ao eixo das ordenadas. De modo análogo, assinalamos no eixo das ordenadas o ponto associado ao número real y e por esse ponto traçamos a reta paralela ao eixo das abscissas. O ponto de interseção das duas retas, assim traçadas, é o ponto P associado ao par ordenado (x, y) (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 32) A um ponto P podemos associar um par ordenado de números reais e, então, é possível traçarmos uma reta ao eixo das ordenadas (números reais em cada eixo x e y). A bijeção entre os pontos P do plano e os pares ordenados (x, y) é indicada pela notação P(x, y). Dizemos que o número real x é a abscissa do ponto P, e que o número real y é a ordenada do ponto P. Dizemos também que x e y são as coordenadas de P. Além disso, é comum nos referirmos ao eixo das abscissas como eixo x, e ao eixo das ordenadas como eixo y. Um sistema de coordenadas cartesianas no plano é usualmente denominado plano cartesiano ou plano real (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 33) A partir da caracterização do plano, “é útil observar que os dois eixos dividem o plano em quatro regiões, denominadas quadrantes (Figura 8). A ordenação dos quadrantes, bem como os sinais das coordenadas dos pontos em cada quadrante”, segundo Santos e Ferreira (2009, p. 32). Os eixos ortogonais x e y decompõem o plano em quatro quadrantes. 36 Figura 8 – Os quadrantes no sistema cartesiano Fonte: Frensel e Delgado (2011). A Figura 9 mostra particularidades principais do sistema cartesiano no plano, sendo o ponto O (0;0) a origem do sistema; Px (x;0), uma projeção sobre o eixo das abscissas; e Py (0;y), uma projeção sobre o eixo das ordenadas. Figura 9 – Particularidades Fonte: Venturi (2015, p. 35). No plano é possível se obter as formas geométricas (Figura 10), onde as principais noções primitivas na geometria plana são: • O ponto é o elemento do espaço que indica posição, identificadas com letras maiúsculas (Ex.: A, B, C, ...). • A reta é o conjunto de infinitos pontos colineares identificados com letras minúsculas (a, b, c, ...). 37 • O plano é o conjunto de infinitas retas paralelas, identificadas com letras gregas. Figura 10 – Formas básicas no sistema cartesiano Fonte: elaborada pela autora 3.2 Vetores O vetor, apresentado na Figura 11, é uma representação matemática realizada por uma seta sobre o símbolo da grandeza e “geometricamente, um vetor é representado por um segmento orientado de reta”, de acordo com Santos e Ferreira (2009, p. 133) Figura 11 – Vetor Fonte: elaborada pela autora. Segundo Santo e Ferreira (2009, p. 133), “uma grandeza é dita vetorial quando necessitamos especificar sua magnitude, sua direção e sentido de atuação e uma unidade para sua determinação”. São exemplos de vetores: a força, a velocidade, a aceleração e o torque. Os vetores são representados no plano cartesiano (Figura 12) como linhas unidas por pontos, representados por pares ordenados. 38 Figura 12 – O vetor no sistema cartesiano Fonte: elaborada pela autora. 4. Geometria espacial Na geometria plana, temos apenas duas variáveis, utlizadas, em geral, para representação projetual na indústria. No entanto, na metrologia, não é possível apenas o estudo de coordenadas no plano, pois qualquer produto possui uma forma tridimensional. Portanto, precisamos do estudo do sistema cartesiano nas suas três dimensões: os dois eixos do plano x e y, e também o eixo z. Para estudar o sistema tridimensional, temos que o “conjunto de pontos no espaço tridimensional será indicado por E³”, de acordo com Venturi (2015, p. 51). Consideramos, no sistema tridimensional x, y e z, como retas ordenadas mutuamente perpendiculares entre si e concorrentesno ponto O, que forma o triedro (Ox, Oy, Oz), tendo seus principais elementos, segundo Venturini (2015, p. 51): o ponto O, que é a origem do sistema cartesiano; as retas ordenadas, que são os eixos cartesianos e planos xy, xz e yz; 39 planos cartesianos para locação dos pontos e sequência das formas tridimensionais, conforme apresentado na Figura 13. Figura 13 – Plano cartesiano em três dimensões Fonte: Venturi (2015). No sistema cartesiano (Figura 13), “pelo ponto P traçam-se três planos paralelos aos planos coordenados e juntamente com estes individualiza-se um paralelepípedo retângulo, cujas faces interceptam os eixos x em Px, y em Py e z em Pz”, segundo Venturi (2015, p.51), para então associar a cada ponto do espaço uma tripla de números reais. Portanto, serão sempre necessárias as informações das coordenadas ortogonais nos três eixos, por exemplo P (x, y, z), onde o eixo x é a abscissa, y ordenada e z cota. O sistema cartesiano em estudo estabelece uma correspondência bijetora entre cada ponto do espaço e a terna de números reais. Os planos coordenados dividem o espaço em oito regiões, denominadas oitantes ou octantes. (VENTURI, 2015, p. 52) 40 A metrologia, na indústria, faz o acompanhamento para garantia de qualidade e, para tanto, é necessária a identificação das medidas dos objetos, o que pode ser visto como um lugar geométrico que: É um conjunto de pontos que satisfaz uma ou mais propriedades geométricas. Conceitualmente, a geometria analítica lida com o estudo de lugares geométricos (pontos, retas, circunferências, parábolas, regiões, etc.) por meio de suas representações algébricas (pares ordenados, equações, sistemas de equações, etc.) (SANTOS; FERREIRA p. 53). Para essa determinação, do lugar geométrico dos objetos no sistema cartesiano tridimensional, devemos considerar algumas particularidades, como o ponto O sendo a origem do sistema cartesiano, com as coordenadas (0;0;0), P1 (x; y; 0), P2 (x; 0; z), que representam os planos ordenados xy, xz, e yz. Quando não temos os eixos mutuamente perpendiculares, temos um sistema de coordenadas oblíquas, de acordo com Venturi (2015, p. 52). Ainda no sistema cartesiano tridimensional, observaremos como ocorre para peças cilíndricas. Considere em um plano α um sistema polar, cujo polo é O e cujo eixo polar é p; além disso, considere um eixo z de origem O e ortogonal ao plano α. Dado um ponto qualquer P do espaço E³, faz-se a seguinte construção, ilustrada na figura 14: P é projetado ortogonalmente sobre o plano α e sobre o eixo z; P’ e Pz são as respectivas projeções. (VENTURI, 2015, p. 57). De acordo com a Figura 14, considerando OP’ uma reta, sua altura é identificada no eixo z, e, no plano, o ângulo para encontrar o ponto P sem as coordenadas. 41 Figura 14 – Sistema cartesiano no espaço Fonte: Venturi (2015). 5. Sistema Geométrico de Dimensionamento e Tolerâncias (GD&T) Na metrologia tridimensional, para ser aplicado o processo de produção, é necessário o menor desvio-padrão possível. Para isso, observaremos melhor as caracterizações da confiabilidade da metrologia e compararemos com a alternativa do sistema conhecido como Geometric dimensioning and Tolerancing (GD&T), que, em português, significa Sistema Geométrico de dimensionamento e toleranciamento, uma alternativa para o método tradicional do sistema cartesiano. Stoco (2016) define GD&T como: Uma linguagem matemática precisa que pode ser utilizada para descrever vários aspectos, tais como forma, tamanho, orientação e localização de peças e conjuntos. É também utilizado como uma metodologia de projeto. Os engenheiros de produto e projetistas conseguem prover uma igualdade nas especificações de projeto e interpretações das mesmas, pois com a utilização do GD&T é possível descrever as intenções dos 42 projetistas com fácil entendimento. Assim, produção, projeto e inspeção, seguem a mesma linguagem. (STOCO, 2016, p. 3-4) No sistema tradicional cartesiano, por exemplo: Uma determinada peça, dimensionada utilizando-se do método GD&T, observa-se a utilização de tolerâncias atreladas às dimensões cartesianas, visando o posicionamento e dimensionamento do furo de diâmetro 9.0 mm. (ZILIO; VIERO; WALBER, 2014). PARA SABER MAIS O GD&T é uma ferramenta de processo de produção que define símbolos, regras, convenções e definições para precisão nas medições e aplicação correta da tolerância geométrica (FANHA, 2011). É uma norma aplicada, principalmente, para projetos mecânicos, conforme apresentado nas Figuras 15 e 16. Figura 15 – Zona de tolerância cartesiana Fonte: Fanha (2011). Figura 16 – Zona de tolerância cilíndrica GD&T Fonte: Fanha (2011). 43 O GD&T tem como objetivos: • Promover a uniformidade na especificação e interpretação do desenho. • Eliminar conjecturas e suposições errôneas. • Permitir que o desenho seja uma ferramenta contratual efetiva do projeto do produto. • Assegura que os profissionais do projeto, da produção e da qualidade estejam todos trabalhando na mesma língua. Tem como vantagens: • Redução de custos pela melhoria da comunicação. • Permite uma interpretação precisa e proporciona o máximo de manufaturabilidade do produto. • Aumenta a zona permissível de tolerância de fabricação. • Em alguns casos, fornece bonus de tolerância. • Garante a intercambialidade entre as peças na montagem. • Garante zero defeito por meio de uma característica exclusiva, que são os calibres funcionais. • É uma linguagem matemática precisa. Minimiza controvérsias e falsas suposições nas intenções do projeto. TEORIA EM PRÁTICA Considere que você foi contratado para realizar um estudo de aplicação do sistema GD&T para uma empresa de produção automobilística. Com o uso das máquinas de 44 medir por coordenadas, as medições devem ser realizadas em condições ambientais adequadas ao produto, em um processo de fabricação de peças que deve ter reduzidos os custos de retrabalho devido à aceitação das dimensões das peças. Portanto, você é responsável por identificar os aspectos que devem ser observados no processo de metrologia a partir da manufatura e projeto, apresentando os procedimentos que deverão ser utilizados na metrologia. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. São formas básicas no plano cartesiano: a. Ponto, reta e cone. b. Ponto, reta e plano. c. Ponto, reta e esfera. d. Ponto, plano e cone. e. Ponto, plano e esfera. 2. Os planos coordenados dividem o espaço da geometria espacial do sistema cartesiano em oito regiões denominadas: a. Bijetoras. b. Quadrantes. c. Oitantes. d. Abscissas. e. Ordenadas. 45 3. É vantagem do sistema dimensional de tolerâncias GD&T: a. Gera controvérsias nos critérios de tolerância de metrologia. b. Inviabiliza bônus de tolerância. c. Aumento de custo de produção. d. Permite a interpretação de dados na manufatura do produto. e. Inviabiliza a interpretação de dados na manufatura do produto. Referências Bibliográficas ALGO SOBRE. Geometria espacial, noção de espaço. Projeto Matweb (Org.), 2019. Disponível em: https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial- nocao-de-espaco.html. Acesso em: 20 mar. 2020 ANJOS, T. A. dos. Vetores: vetores são grandezas matemáticas que indicam módulo, direção e sentido. 2018. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ fisica/vetores.htm. Acesso em: 20 mar 2020. FANHA, M. C. A. Estudo de estratégias de medição para o controle do dimensionamento geométrico e toleranciamento (GD&T) em peças estampadas. Curso de Engenharia Mecânica, Engenharia Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em: http://repositorio. roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf. Acesso em: 20 mar 2020. FRENSEL, K.; DELGADO, J. Geometria Analítica. São Luiz: Nead–Núcleo de Educação A Distância, 2011. LIRA, F. A. de. Metrologia dimensional: Técnicas de Medição e Instrumentos para Controle e Fabricação Industrial. São Paulo:Érica, 2015. SANTOS, Fabiano José dos; FERREIRA, Silvimar Fábio. Geometria analítica. Porto Alegre: Bookman, 2009. STOCO, W. H. et al. Qualidade dimensional: estudo e aplicações do sistema GD&T no processo de desenvolvimento de um produto. In: XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Producão, ENEGEP. João Pessoa: 2016. v. 1, p. 1–21. Disponível em: https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial-nocao-de-espaco.html https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial-nocao-de-espaco.html https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/vetores.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/vetores.htm http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf 46 http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_230_345_28845.pdf. Acesso em: 20 mar 2020. VENTURI, J. Álgebra vetorial e geometria analítica. 10. ed. Curitiba: Ufpr, 2015. ZILIO, T. M.; VIERO, C. F.; WALBER, M. GD&T – Aspectos relacionados ao desenvolvimento de produtos. Ciatec - Upf: Revista de ciências exatas, aplicadas e tecnológicas de Passo Fundo, Passo Fundo, v. 6, n. 1, p.1-12, 2014. Gabarito Questão 1 – Resposta: B Resolução: Ponto, reta e plano, são as formas básicas primitivas no plano cartesiano para o início de qualquer forma no plano. Questão 2 – Resposta: C Resolução: As regiões nas quais a geometria espacial divide os planos ordenados são denominadas de oitantes ou octantes. Questão 3 – Resposta: D Resolução: É vantagem, do sistema dimensional de tolerâncias GD&T, o fato de que o sistema permite a interpretação de dados na manufatura do produto. http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_230_345_28845.pdf Princípios da Fotogrametria Autoria: Priscilla Labanca Objetivos Após esta aula, você será capaz de: • Conhecer a origem, a definição e as características da fotogrametria. • Aprender quais são os procedimentos de um sistema fotogramétrico. • Identificar as propriedades de uma fotografia aérea. • Reconhecer os tipos de câmera fotogramétricas e seus acessórios. • Aprender sobre os conceitos básicos que regem a fotointerpretação. 48 1. Introdução Inventada no século XIX, com o objetivo de reproduzir fielmente a realidade e registrar fatos históricos, a fotografia passou a ser utilizada para diversos fins, dentre eles: identificar e documentar indivíduos (criminosos ou não); registrar fatos ocorridos em ambientes, tanto internos quanto externos; catalogar determinada espécie de anfíbio etc. Caracteriza-se por ser um processo técnico em que se obtém o registro de uma imagem mediante a ação de luz sobre uma superfície. No transcorrer da evolução da fotografia, os estudiosos perceberam que seria interessante classificá-la de acordo com seu tipo de serventia, isto é, para cada necessidade/ campo de estudo foi dado um nome, que classificaria e a identificaria das demais. Uma dessas classificações foi denominada fotogrametria. Mais do que registrar fatos e ocorrências, era preciso valer-se de alguma técnica para realizar a interpretação e esta técnica é denominada fotointerpretação, que será apresentada nas sessões a seguir. 1.1 Histórico A evolução da fotogrametria e de suas técnicas depende diretamente da evolução de metodologias científicas e da própria tecnologia. Essa evolução pode ser dividida em basicamente quatro fases, onde sua gênese foi com a invenção da fotografia, por Louis Jacques Mandé Daguerre e Joseph Nicéphore Niépce, em 1839, segundo Schenk (2005). A primeira geração (1850 a 1900) caracterizou-se pela realização de experiências em fotografar sob dois ângulos: terrestre e aéreo (balão). Essa geração foi denominada fotogrametria pioneira. Entre os anos de 1850 e 1851, o coronel engenheiro Aimé Lausedat realizou o primeiro trabalho fotogramétrico que se tem notícia; conceituou na 49 ciência o estudo da fotogrametria terrestre (também conhecida como estereofotogrametria). Em 1900, foram acopladas as primeiras câmeras aerofotogramétricas panorâmicas em zepelim, de acordo com Schenk (2005) e Hamilton (1993). A segunda geração (1901 a 1945) foi marcada pela invenção da estereofotogrametria por Carl Pulfrich; e a construção do primeiro estereoplotador por Orel, em 1908. Essa geração é denominada fotogrametria analógica. Nessa época, os aviões e as câmeras começaram a se tornar operacionais, alavancando as pesquisas sobre técnicas de pesquisa aérea. Os instrumentos analógicos de retificação e estereoplotagem, baseados em tecnologia mecânica e ótica, tornaram-se amplamente disponíveis, fazendo com que a fotogrametria se estabelecesse como um eficiente método de levantamento e mapeamento de áreas. Em 1913, com a invenção do avião, foram coletadas as primeiras fotografias aéreas para realização de mapeamento de terrenos. Entre 1914 e 1945, houve adaptação e evolução das câmeras e aerofotos que foram utilizadas na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, segundo Schenk (2005) e Hamilton (1993). O advento da computação (1946 a 1969) marcou a chamada terceira geração, em ainda havia a fotogrametria analógica, agora com a possibilidade de realizar cálculos mais eficientes, valendo-se da rapidez do processamento de cálculos de álgebra matricial realizado por computadores. Nessa época, Helmut Schmid desenvolveu a base da fotogrametria analítica (anos de 1950), usando a álgebra matricial. Pela primeira vez foi feita uma tentativa séria de empregar a teoria de ajuste para medições fotogramétricas. Conrady-Brown desenvolveu o primeiro programa de computador que tratava de ajuste de blocos baseado em pacotes, no final dos anos de 1960, pouco antes de F. Ackermann reportar um programa de computador com modelos independentes, como o conceito subjacente. Como resultado, o desempenho de precisão da triangulação aérea melhorou em um fator de dez. Adicionalmente a esta época, Uno Vilho Helava (1957) inventou o plotter 50 analítico, consolidando a terceira geração da fotogrametria, segundo Schenk (2005) e Hamilton (1993). A quarta geração (a partir de 1970) foi chamada de fotogrametria digital, que se caracteriza por utilizar imagens digitais em vez de fotografias aéreas. São utilizados dispositivos de armazenamento que permitem acesso rápido a imagens digitais e chips, de acordo com Schenk (2005) e Hamilton (1993). 1.2 Definições e características A fotometria que advém de três palavras gregas: photon (luz), gramma (letra ou algo desenhado) e metron (medida), que, segundo Schenk (2005, p. 3), é definida como “a ciência de obter informações confiáveis sobre as propriedades de superfícies e objetos sem contato físico com os objetos e de medir e interpretar essas informações”. Existem outras definições sobre o tema em tela, a saber: “É ciência ou a arte de se obter medidas dignas de confiança, através de fotografias aéreas (aerofotos)”, segundo Santos (2007, p. 38). “É a arte, ciência e tecnologia que a partir do registro, medição e interpretação de imagens fotográficas, obtém informação geométrica e semântica confiável sobre os objetos físicos fotografados”, segundo Gonçalves (2005, p. 1). Desta última definição, os objetos são identificados e descritos de maneira qualitativa, ou seja, a imagem fotográfica é analisada em sua forma, padrão, tom e textura. Pode-se citar, como exemplo de observações qualitativas obtidas a partir da fotografia, o delineamento de formas geológicas e inventários do uso de terrenos. Já as características quantitativas, são observadas sob o ponto de vista de tamanho, orientação e posição. As posições das imagens são medidas 51 no plano da imagem da câmera, tirando a fotografia. As alturas das árvores, os mapas topográficos e as coordenadas horizontais e verticais dos pontos desconhecidos, são exemplos de medidas quantitativas obtidas a partir da fotografia. A fotogrametria fundamenta-se nas disciplinas de álgebra linear, geometria analítica, probabilidade,estatística e análise numérica. |Por meio dessas disciplinas, é possível solucionar os problemas e descrever as relações geométricas existentes entre os pontos do espaço, as imagens e as margens de erros de um dado sistema fotogramétrico. Segundo Gonçalves (2005), o material básico utilizado na fotogrametria analítica: São as fotografias (ou ainda negativos ou diapositivos). A fotografia é considerada aqui como uma projeção (perspectiva) central do objeto fotografado, sendo o centro de perspectiva do sistema de lentes da câmera o centro de projeção. (GONÇALVES, p. 1) Os elementos que compõem um sistema fotogramétrico são: • O objeto a ser fotografado (terreno ou outra área). • O sensor da câmera fotográfica. • O comparador ou assemelhado. • O computador (para processar as informações obtidas das fotografias aéreas). A Figura 1 é uma adaptação de Gonçalves (2005) e representa o fluxo de um sistema fotogramétrico, mostrando que esse sistema é formado por processos a serem realizados. Para cada processo, há um conjunto de dados/ atividades a serem inseridos/ desempenhados. Os detalhamentos sobre cada um dos processos são apresentados na Quadro 1. 52 Figura 1 – Fluxo de procedimentos em um sistema fotogramétrico Fonte: adaptada de Gonçalves (2005). Quadro 1 – Detalhamento do fluxo de procedimentos de um sistema fotogramétrico Procedimento Detalhamento Eleger o objeto a ser fotografado O objeto pode ser um terreno, uma área rural específica, um cemitério, uma igreja, uma malha ferroviária, etc. Eleger os equipamentos para realizar a fotografia aérea São considerados equipamentos: o tipo de câmera, os acessórios da câmera, o filme, os instrumentos de medição e o tipo de avião. Realizar a sessão de fotografia aérea É o método eleito para a realização das fotografias aéreas (coordenadas, ângulos das fotografias, escalas, posição e orientação da fotografia etc.). Coletar dados a partir das fotografias aéreas Por meio de anotações de acordo com as observações e os aparelhos de medição eleitos no processo de realização da fotografia aérea. 53 Inserir os dados coletados num sistema de computador A partir das anotações de acordo com as observações, os dados coletados serão digitados num sistema de computador capaz de realizar as análises e os cálculos apropriados. Processar dados e realizar análises (computador) O computador efetuará os cálculos e as análises necessárias de acordo com os dados inseridos. Estas informações podem ser apresentadas em 2D ou 3D e plotadas. As saídas As saídas do processamento dos dados realizados por computador poderão ser apresentadas de maneira gráfica, numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos estes elementos. Tudo dependerá do método eleito para a realização das fotografias aéreas. Fonte: elaborado pelo autor. Dependendo do método a ser utilizado para adquirir dados e do objeto a ser fotografado, os sistemas fotogramétricos podem gerar os seguintes resultados: ortofotos, mosaicos de fotografias e ortofotos, bases de dados geográficos, modelos digitais de terreno, coordenadas tridimensionais de pontos etc. A aquisição de dados em um sistema fotogramétrico está relacionada à obtenção de informações confiáveis sobre as propriedades de superfícies e objetos. Segundo Schenk (2005), esses dados podem ser agrupados em quatro categorias: • Informação geométrica: envolve a posição espacial e a forma dos objetos. É a fonte de informação mais importante em fotogrametria. • Informação física: refere-se às propriedades da radiação eletromagnética, por exemplo, energia radiante, comprimento de onda e polarização. • Informação semântica: está relacionada com o significado de uma imagem. Geralmente é obtida através de interpretação dos dados gravados. 54 • Informação temporal: está relacionada à mudança de um objeto no tempo, geralmente obtida pela comparação de várias imagens gravadas em momentos diferentes. Dependendo dos objetivos e dos métodos estabelecidos para a elaboração e realização de um sistema fotogramétrico, ainda é preciso verificar, no momento da definição do método a ser adotado, outros detalhes, como, por exemplo, o tipo (classificação das fotos aéreas). No próximo capítulo serão abordados aspectos sobre a classificação dessas fotografias aéreas. 2. Propriedades e classificação A fotografia aérea é a fonte básica de dados para elaborar mapas por meios fotogramétricos. É é o resultado final do processo de aquisição de dados. O resultado líquido de qualquer missão fotográfica são os negativos fotográficos. As reproduções positivas dos negativos servem para medir e interpretar mapas, terrenos, entre outros, chamados de diapositivos. Os principais fatores que determinam a qualidade da fotografia aérea são: • O design e a qualidade do sistema de lentes da câmera utilizada. • A fabricação da câmera. • A qualidade do material fotográfico. • O processo de desenvolvimento (metodologia para tirar a fotografia). • As condições meteorológicas e o ângulo do sol durante o voo no momento da aquisição da imagem. 55 Além desses fatores, a fotografia aérea (fotogrametria) possui alguns critérios a serem observados. Dentre eles, é possível citar: • A orientação do eixo da câmera (vertical e oblíqua). É quando a fotografia é tirada na posição mais próxima da posição vertical, e Santos (2007) chama de fotografia normal. Diferente da posição vertical, as demais são chamadas de oblíquas, pois dependem do grau de inclinação eleito. • O sistema ótico (simples/ múltiplo): pode ser simples ou múltiplo. O primeiro é o composto por apenas uma câmera. Já o segundo é composto por duas ou mais câmeras “isoladas, montadas no sentido de serem obtidas imagens simultâneas em decorrência de ângulos entre os respectivos eixos óticos”, segundo Santos (2007). • Tipo de fotografia: • Preto e branca (pb). Segundo Corrêa (2013), são características das fotografias em preto e branco: • Contraste e forma: a base das fotografias em preto e branco são os variados tons de cinza; por exemplo, nas áreas mais escuras são definidas as áreas. • Tons: a composição dos tons em fotografias em preto e branco são de diferentes tons de cinza. • Texturas e detalhes: em fotografias preto e branco as texturas costumam gerar profundidade. • Composição: fotografias em preto e branco são compostas por linhas diagonais ou paralelas. 56 • Preto e branca (pb): Segundo Vanucchi (2013), são fotografias que valorizam os detalhes, devido à grande variação de tons entre o preto e o branco. • Colorida: a fotografia colorida não é muito utilizada, pois pode trazer ambiguidades no momento da interpretação devido a uma série de fatores, dentre eles o comprometimento da nitidez dos elementos fotografados (solo, vegetação, etc.). • Infravermelha: “infravermelho é um comprimento de onda da luz que não é captado pelos nossos olhos e nem pelo filme e sensores fotográficos comuns” (LORENTI, 2018). Nem todas as câmeras conseguem captar espectro de luz. • A radar: é uma combinação do processo fotográfico e de técnicas de radar. Impulsos elétricos são enviados a direções predeterminadas e os raios refletidos ou devolvidos são utilizados para a apresentação de imagens em tubos de raios catódicos. Em seguida, a fotografia é obtida da informação exposta dos tubos, segundo Santos (2007). É possível afirmar que a qualidade das fotografias aéreas esteja diretamente relacionada como os tipos de câmeras e seus respectivos filmes. Nos capítulos a seguir, serão elencados alguns tipos de câmeras e será realizado um estudo mais detalhado sobre os filmes aéreos. 3. Câmeras e acessórios 3.1 Câmeras Similar a uma câmera fotográfica comum, as câmeras fotogramétricas diferem apenas no tamanho e nos acessórios utilizados, a fim de atender aos diversos objetivos e métodos de estudos. 57 Segundo Santos (2007), a dimensão de uma aerofoto, normalmente, é de 23 por 23 centímetros, independentementese negativo ou diapositivo. Para que as câmeras fotogramétricas pudessem produzir resultado de alta precisão foram adicionados outros periféricos, como, por exemplo: obturadores, diafragmas etc. • Cone porta objetiva. Pode ou não ser acoplado à câmera. Este acoplamento é feito diretamente no dispositivo de suspensão da câmera. Esta suspensão é acoplada na base do avião. • Obturador. Possui a finalidade de penetrar luz na câmera escura por um determinado tempo. A abertura e fechamento são realizados através de frações de segundo e sua velocidade pode variar de 1/50 de segundo a 1/3000 de segundo. O ajuste é realizado de acordo com a altura e a velocidade do avião. Usam-se pequenas velocidades para grandes alturas: 6000 a 9000 metros, e grandes velocidades para pequenas alturas: 600 a 1200 metros. Quando o avião está sob grande velocidade, o filme utilizado deve ser de alta sensibilidade; já quando o avião está sob baixa velocidade, o filme deverá ser de grande poder de resolução. • Diafragma. Conhecido como íris ou pupila, possui a função de regular a quantidade de luz que sensibilizará o filme. O controle do diâmetro de abertura de luminosidade depende da luminosidade solar, da velocidade de abertura, do fechamento do obturador e do tipo de filme eleito para realizar a fotografia. É possível controlar o diâmetro de abertura de luminosidade do diafragma, que varia desde uma fração de 1 milimetro até um diâmetro de luminosidade integral do mesmo (dependendo do tipo de filme utilizado e da velocidade de disparo do obturador da câmera). As câmeras fotogramétricas possuem também uma classificação, que varia de acordo com o modelo, que podem ser os seguintes: • Câmera normal. 58 • Câmera grande angular. • Câmera super grande angular. Quanto ao ângulo de abertura: também conhecido como campo angular da lente, é possível classificar em: • Normal: quando o ângulo de abertura é inferior a 75º. • Grande angular: quando o ângulo de abertura está entre 75º e 100º. • Super grande angular: quando o ângulo de abertura está entre 100º e 120º. Quanto às distâncias focais: compreende-se por distância focal o afastamento, que vai do ponto do cone porta objetiva da câmera ao plano do negativo (filme). São classificadas em: • Normal: quando a câmera possui uma distância focal de 300 milímetros. • Grande angular: quando a câmera possui uma distância focal de 150 milímetros. • Super grande angular: quando a câmera possui uma distância focal de 100 milímetros. ASSIMILE Quanto maior for a área de campo aerofotografada, menor será a distância focal da câmera e vice-versa, ou quanto menor for a área de campo aerofotografada, maior será a distância focal da câmera. 59 Quanto à distância focal e à altura de voo para mesma área de campo • A altura de voo com câmera normal, altura de voo com câmera grande angular e Altura de voo com câmera super grande angular são basicamente as mesmas, segundo Santos (2007): • Escala: • E = 1:60.000 • Altura: • D = 13.800m PARA SABER MAIS Os resultados dos cálculos para as medidas de distância e altura do voo são muito importantes para realizar um bom trabalho de fotointerpretação. As obras de Schenk (2005), Gonçalves (2005), Temba (2000) e Hamilton (1993) trazem melhores detalhes sobre como realizar os cálculos dessas escalas e alturas. 3.2 Acessórios Os tipos de acessórios disponíveis para as câmeras fotogramétricas são: • Dispositivo de suspensão da câmera: este dispositivo tem por finalidade amortizar as vibrações do avião. Neste nível, existem várias circunferências concêntricas, que indicam os 60 graus de inclinação sofridos entre o eixo ótico, a câmera e a vertical do lugar. • Regulador de recobrimento: de maneira automática, possui a função de tirar sucessivas fotografias. Para isso, a pessoa que utilizará esse acessório poderá contar com um visor onde é possível apresentar a área coberta. É controlado para que o obturador da câmera dispare automaticamente em cada fração de segundo a que a máquina está graduada. • Altímetro: possui a função de registrar pequenas variações de altura de voo do avião, controlando, dessa maneira, o valor da escala a que a aerofoto foi programada, segundo Santos (2007). 4. Fotointerpretação Segundo Schenk (2005) e Santos (2007), a fotogrametria é a arte de examinar as imagens dos objetos nas fotografias e de deduzir a sua significação. Segundo Temba (2000), fotointerpretação: É a arte, ciência e tecnologia de obter informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso de processos de registro, medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética registrados. (TEMBA, p. 2) Para auxiliar na interpretação das fotografias aéreas, são utilizados guias que constituem de descrições e ilustrações de objetos, catalogados e definidos por categorias. A leitura é realizada observando escalas, orientações geográficas, estação do ano, formas topográficas etc. Por exemplo, “os objetos que tiverem projetados suas sombras na fotografia 61 são elevações e os que não tiverem sombras são depressões”, segundo Santos (2007, p. 71). Alguns exemplos de interpretação de fotografias aéreas, segundo Santos (2007), Gonçalves (2005) e Hamilton (1993): • Rios ou cursos de água: verifica-se a sinuosidade, tom uniforme e características topográficas. • Cemitérios: aparência das árvores e caminhos. • Igrejas: estrutura, tamanho, formato, torre, cruz. TEORIA EM PRÁTICA Desde os primeiros dias da fotogrametria, a primeira e mais importante aplicação da ciência tem sido no campo do mapeamento da superfície da Terra. Avanços foram realizados no desenvolvimento de instrumentação e técnicas e agora é prática muito comum em toda a profissão compilar mapas da Terra em escalas de 1/480, 1/240 e ainda maiores, com intervalos de contorno de um pé (30 centímetros) ou menos. Assim, o estado da arte é tal que precisões horizontais e verticais na ordem de polegadas ou centímetros são comuns, utilizando fotografias expostas de aeronaves que voam a altitudes de 300 metros ou mais. Imagine que você tem a missão de fotografar uma área onde está localizada uma estrada de ferro. Como você faria isso? Elabore um sistema fotogramétrico com o maior nível de detalhes possível. Baseie-se na Figura 1. 62 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Quais os elementos que compõem um sistema fotogramétrico? a. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica, o comparador e o computador. b. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica e o comparador. c. O objeto a ser fotografado, o comparador e o computador. d. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica e o computador. e. O objeto a ser fotografado e a câmera fotográfica. 2. Num sistema fotogramétrico, o que significa o procedimento de coletar dados a partir das fotografias aéreas? a. Método eleito para a realização das fotografias áereas. b. A partir das anotações de acordo com as observações, os dados coletados serão digitados num sistema de computador capaz de realizar as análises e os cálculos apropriados. c. Por meio de anotações, de acordo com as observações e o aparelho de medição eleito. d. O processamento dos dados realizados por computador poderão ser apresentados de maneira gráfica, de maneira numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos estes elementos. Tudo dependerá do método eleito para a realização das fotografias áereas. 63 e. Realização de cálculos e as análises necessárias de acordo com os dados inseridos. Essas informações podem ser apresentadas em 2D ou 3D e plotadas. 3. A melhor fotointerpretação sobre rios, riachos e cursos de água é: a. Observação das estruturas, tamanhos, arbustos e árvores. b. Observação das aparências das árvores, arbustos e caminhos. c. Observação da topologia, sinuosidade, declividade e as cores escuras. d. Observação da sinuosidade, tom uniforme e características