Prévia do material em texto
Carreira Técnica em Contabilidade Irani Maria da Silva Oliveira Carreira Técnica em Contabilidade Irani Maria da Silva Oliveira Carreira Técnica em Contabilidade Natal/RN 2014 Catalogação da Publicação na Fonte (CIP). Ficha Catalográfica elaborada por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB 710/15. O48c Oliveira, Irani Maria da Silva. Carreira técnica em contabilidade / Irani Maria da Silva Oliveira. – edição e revisão do Instituto Tecnológico Brasileiro (ITB). – Natal, RN : 2014. 43 p. : il. color. ISBN 978-85-68100-10-3 Inclui referências 1. Contabilidade. 2. Atuação profissional. 3. Carreira técnica. I. Instituto Tecnológico Brasileiro. II. Título. RN/ITB/HTLS CDU 377:657 presidente PROF. PAULO DE PAULA diretor geral PROF. EDUARDO BENEVIDES diretora acadêmica PROFA. LEIDEANA BACURAU diretora de produção de projeto PROFA. JUREMA DANTAS FICHA TÉCNICA gestão de produção de materiais didáticos PROFA. LEIDEANA BACURAU coordenação de design instrucional PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA projeto gráfico ADAUTO HARLEY SILVA diagramação MAURIFRAN GALVÃO revisão de língua portuguesa SÍLVIA BARBALHO BRITO revisão das normas da ABNT LUÍS CAVALCANTE FONSECA JÚNIOR ilustração RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA "Deve-se estudar uma teoria porque ela oferece alguma esperança para se compreender o mundo 'prático'." (José Francisco Ribeiro) Índice iconográfico Diálogos Importante Querendo mais Internet Curiosidade Vocabulário Você conhece? Mídias Atividade O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim- ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es- tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo. Observe-os na descrição a seguir: Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci- mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno. Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con- siderado muito relevante. Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência, antes do resumo. Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no decorrer do estudo. Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas ao objeto de estudo. Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre- sentado ao final ou ao longo do texto. Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem. Internet – Citação de conteúdo exibido na Internet: sites, blogs, redes sociais. Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais. Apresentação institucional 09 Palavra do professor autor 11 Apresentação das competências 13 Competência 01 Definir a profissão técnica em Contabilidade 17 História da Contabilidade 17 Internacionalização da Contabilidade Brasileira 21 Regulamentação da Profissão 24 Resumo 25 Autoavaliação 25 Competência 02 Identificar o perfil e as atribuições do técnico em Contabilidade 29 Atribuições privativas do contabilista técnico em Contabilidade 31 Atuação profissional 33 Código de Ética do Contabilista 35 Resumo 39 Autoavaliação 39 Referências 39 Conheça o autor 43 Sumário Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 9 Apresentação institucional O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen- volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância. Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen- volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro- dutivo da nação. O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida- mente concorrer aos crescentes postos de trabalho. No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza- gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais. O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con- tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio- namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para o seu desenvolvimento pessoal e do seu país. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 11 Olá, como vai? Terei o prazer de estar com você ao longo do nosso estudo sobre Carreira Técnica em Contabilidade. É preciso destacar que você escolheu uma importante e complexa trajetória profissional. Caso se dedique ao aprendizado necessário, ela irá lhe proporcionar um futuro brilhante! Você já imaginou iniciar o trabalho de auxiliar de Contabilidade, estreando com um ótimo rendimento e reconhecimento, e ainda com possibilidades de traçar um porvir pro- fissional em uma carreira em ascensão no mercado? Você é o único e exclusivo responsá- vel pelo seu destino, então vamos traçar um destino digno de um futuro contador: vamos estabelecer e alcançar metas! Saiba que, segundo pesquisas, os profissionais de Contabilidade estão entre os 10 mais difíceis de encontrar no mercado, em função da alta empregabilidade da categoria? Além disso, a necessidade de nossos serviços decorre da obrigatoriedade de um profis- sional legalmente regulamentado para assinar os documentos contábeis. Por exemplo, as Secretarias da Fazenda Estadual das Unidades Federativas, em muitos casos, só permitem o registro de empresas se houver um profissional de Contabilidade devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Ademais, é exigida das empresas a entrega de informações mensais muito complexas, o que garante um lugar ao profissional de Contabilidade propriamente atualizado com as normas tributárias. Então, está convencido de que acertamos na escolha da nossa profissão? Conte comigo! Agora é com você. Palavra do professor autor Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 12 Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 13 Este estudo pretende proporcionar a você uma visão ampla da profissão do técnico em Contabilidade, através da construção de duas competências básicas para o seu destaque no mercado de trabalho. Na primeira competência, vamos definir e contextualizar a importância da profissão téc- nico em Contabilidade, conhecendo a evolução histórica e as regulamentações legais que norteiam o exercício desse ofício. Identificar o perfil requerido pelo mercado e as atribuições que o técnico em Contabili- dade irá desempenhar é a nossa segunda competência,que tratará também sobre o nosso código de ética. Você concorda que é fundamental conhecer bem a profissão que está escolhendo? Que é preciso reforçar ainda mais o propósito de construir uma carreira profissional de sucesso e com boas realizações? Que isso irá repercutir na sua vida pessoal e contribuir para uma sociedade mais justa e organizada? Acredito que sim! Então vamos adiante, com dedicação e entusiasmo! Apresentação das competências Competência 01 Definir a profissão técnica em Contabilidade Figura 1 – Homens das cavernas Fonte: Oliveira (2014). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 17 As pinturas rupestres dão conta de que, no período Paleolítico Superior, o ser humano controlava o patrimônio através de desenhos e rabiscos, em que as ilustrações representa- vam o bem, ou a coisa em si, e os riscos à quantidade (SÁ, 2010). História da Contabilidade Digamos que um empreendedor deseje abrir um negócio, mas ele tem apenas a ideia sobre o negócio em si e sobre a atividade que irá desenvolver. O técnico em Contabilidade poderá ajudá-lo a identificar a melhor forma de constituição jurídica do negócio, o planeja- mento estratégico, a escolha do regime tributário etc. Como você percebeu, no exemplo acima, a profissão técnica em Contabilidade é estra- tégica para o êxito de qualquer empresa. Não só “é”, mas sempre “foi”! Ficou curioso em conhecer um pouco mais da profissão que está abraçando? Que bom! Vamos mergulhar na história da Contabilidade! Conhecer a história da Contabilidade é fundamental para estabelecer a sua importân- cia para a sociedade e para que você reconheça o valor da função que irá desempenhar. Falar sobre a história da Contabilidade é falar também sobre a história do homem. A partir do momento em que os homens das cavernas passaram a contar suas peles e mantimen- tos para sobrevivência, se pode pensar numa Contabilidade rudimentar que se preocupava com o controle do patrimônio ou dos pertences de uma pessoa ou de um grupo. Patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa ou de uma organização (empresa). Definir a profissão técnica em Contabilidade Figura 2 – Pinturas rupestres Fonte: Oliveira (2014). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 18 Partidas dobradas: sistema de registro de movimentação patrimonial, assi- nalando ao mesmo tempo a origem e a aplicação de um recurso, ou o débito e o crédito. Tem-se conhecimento que a Contabilidade mais próxima da maneira que a conhecemos hoje, com o sistema de partidas dobradas, surgiu em torno do ano 1.000 d.C., desenvol- vida pelos mercadores (MARTINS; LISBOA, 2005). Porém, tal fato histórico não é aceito por todos. O professor Lopes de Sá (1997) afirma que o historiador Federigo Melis admite que as partidas dobradas possam ter surgido há mais de 4.000 anos. Assevera ainda este pesquisador que estudos arqueológicos confirmam que, no período Paleolítico Superior, há mais de 20.000 anos, quando a civilização ainda era primitiva, surgiram observações de que o homem controlava suas provisões de alimentos e instrumentos, que eram sua riqueza patrimonial (SÁ, 2010). Em sítios arqueológicos do Oriente Próximo (termo utilizado por arqueólo- gos, geógrafos e historiadores para se referirem a uma região geográfica do Oriente Médio), foram encontrados materiais de civilizações pré-histó- ricas que caracterizaram um sistema contábil, utilizado em 8.000 a 3.000 a.C., constituído de pequenas fichas de barro. No entanto, pesquisadores concordam que Frei Luca Pacioli, em 1494, promoveu um grande impulso à Contabilidade Moderna ao publicar o livro Summa de Arithmetica, Ge- ometria, Proportioni et Propornalità (Coleção de conhecimento de Aritmética, Geometria, Proporção e Proporcionalidade), em que dedica um capítulo a explicar as partidas dobradas. Curiosidade Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 19 Você poderá encontrar informações sobre Contabilidade no site <http:// www.fbc.org.br> da Fundação Brasileira de Contabilidade. Encontrará tam- bém muitos artigos sobre o assunto no site da Fundação Instituto de Pes- quisas Contábeis, Atuariais e Financeiras: <http://www.fipecafi.org.br>. Apesar de não se saber ao certo a origem do fazer Contabilidade, esses dados nos levam a pensar que é próprio da natureza humana planejar e controlar. Nós precisamos sa- ber do quanto dispomos para identificarmos se existe, se é preciso buscar mais recursos, sejam alimentos, proteção, vestimentas ou itens para serem usados no futuro. Assim, podemos imaginar que desde que o homem começou a viver em bandos, houve uma necessidade de controlar seu patrimônio, surgindo uma Contabilidade rudimentar dos seus bens, como também seus direitos (caso tenha efetuado alguma troca com alguém do grupo), assim como suas obrigações (caso tenha pedido algo emprestado). As pesquisas arqueológicas dão conta de que isto é uma verdade e que a nossa profis- são tem origem e evolução intrínseca à origem e evolução da humanidade. Hendriksen e Van Breda (2007, p. 42) afirmam que existem vários registros contábeis em torno de 300 a.C.: “por exemplo, os agricultores egípcios nas margens do Nilo pagavam aos coletores de tributos com cereais e linhaça, pelo uso da água para irrigação. Recibos eram dados aos agricultores desenhando-se figuras de recipientes de cerais nas paredes de suas casas”. Um belo exemplo de transparência, não é mesmo? Imagine nos dias de hoje se tivéssemos um selo exposto na porta da nossa moradia garantindo que pagamos nossos tributos? A Contabilidade como conhecemos hoje é fruto do Renascimento, como afirmam Sch- midt e Santos (2008, p. 14): Embora os primeiros sistemas de partidas dobradas, com a utilização de fichas de barro, tenham aparecido na Pré-história, o uso generali- zado deste sistema de registro contábil começou a ser implementado somente com o advento da chamada Revolução Comercial, ocorrida após o século XII. Indícios apontam que o sistema contábil de partidas dobradas emergiu em várias loca- lidades ao mesmo tempo. Ainda segundo os pesquisadores Schmidt e Santos (2008), dois Tributos: são im- postos, taxas e con- tribuições pagos por todo cidadão para as melhorias e colaborações sociais. Internet Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 20 Sabemos que a Contabilidade influenciou e foi influenciada pela socieda- de. Realize uma pesquisa na Internet sobre a Teoria da Contabilidade com foco para a sua evolução histórica. Em seguida, compartilhe sua opinião em nosso fórum. Atividade 01 motivos impulsionaram esse desenvolvimento: o desenvolvimento econômico e o ambiente de negócios entre as cidades de Veneza, Gênova e Florença; e a impressão de livros na Alemanha e a sua rápida disseminação para os grandes centros comerciais da Europa, principalmente para o norte da Itália. Nossa profissão foi criada oficialmente no Brasil através do Decreto-lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946. Veremos seus detalhes em nossa segunda competência, pois ela tam- bém trata das atribuições dos profissionais de Contabilidade. Espero que estas pinceladas sobre a origem da Contabilidade tenham convencido você sobre a importância dela como ciência social aplicada. Para pensarmos sobre isso, é inte- ressante conhecermos um pouco o pensamento do mestre Antônio Lopes de Sá (2010). Muitas vezes, somos perguntados se a Contabilidade é realmente uma ciência ou ape- nas uma técnica. Para defender que a Contabilidade é muito mais que uma técnica de registro e uma ciência social, Sá assegura: “o conhecimento científico exige universalidade, ou seja, o saber explicar sob que condições e como as coisas acontecem em qualquer lu- gar, a qualquer hora, sempre da mesma forma [...].” (2010, p. 38). Explicando: se dizemos que a água congela a zero grau centígrado e sob a pressão de 74 graus barométricos em qualquerlugar do mundo, esta é uma afirmação universal cien- tífica e comprovada. Continua o mestre: se afirmamos que na medida em que a riqueza é mais agilizada, menos ela depende de recursos próprios da empresa, estaremos enuncian- do uma verdade científica. Por exemplo: se você comprar um par de sapatos para pagar em 90 dias, ou seja, só desembolsará pagamento no final desse período, e revendê-los por um preço maior que o custo de compra e para receber em 60 dias, não precisará gastar seu próprio dinheiro para efetuar esta transação, em virtude do recebimento da venda ser anterior ao pagamento da compra inicial. Entendeu? Figura 3 – Contabilidade e compra de sapatos Fonte: Oliveira (2014). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 21 Internacionalização da Contabilidade Brasileira O Brasil vem passando por um processo de harmonização das Normas Brasileiras de Contabilidade com as Normas Internacionais de Contabilidade. As Normas Internacionais de Contabilidade são denominadas IFRS (International Accounting Standards Board. Em português: Normas Internacionais de Relatório Financeiro) e IAS (International Accounting Standard. Em português: Normas Internacionais de Contabilidade). No âmbito internacio- nal, essas normas são emitidas pelo IASB (International Accounting Board. Em português: Conselho de Normas Contábeis Internacionais). Aqui em nosso país foi criado um órgão especialmente para traduzir, estudar, interpre- tar, disponibilizar consulta pública e, por fim, publicar em português as normas perfeita- mente harmonizadas com as normas internacionais, com o propósito de aproximar os re- gistros contábeis realizados no Brasil da mesma forma que é registrado no resto do mundo. Este órgão é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), concebido pelo Conselho Federal de Contabilidade conforme a Resolução nº. 1055/2005, com o seguinte objetivo: O estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedi- mentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para per- mitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centrali- zação e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade brasileira aos padrões internacionais. Fonte: <http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC>. Acesso em: 3 jul. 2014. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 22 Este comitê é formado pelas seguintes entidades: • Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA); • Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC NACIONAL); • Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA); • Conselho Federal de Contabilidade (CFC); • Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI); e • Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Como convidadas, ele conta ainda as seguintes entidades: • Banco Central do Brasil; • Comissão de Valores Mobiliários (CVM); • Secretaria da Receita Federal; • Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Vale ressaltar que o CPC tem total autonomia em relação às entidades que participam de sua formação. O propósito dessa harmonização é comparar o resultado das entidades brasileiras com outras em qualquer lugar do mundo, pois as operações serão contabilizadas da mesma forma, tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos, por exemplo. Na economia de um país, existem três agentes econômicos que promovem o desenvol- vimento ao buscar seu bem-estar: 1. As empresas; Faça uma pesquisa sobre o CPC e compartilhe no fórum os aspectos que mais chamaram a sua atenção. Atividade 02 Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 23 2. As famílias (pessoas); 3. O governo. Cada um destes busca extrair o máximo dos recursos disponíveis. A empresa deseja maximizar seu lucro, as famílias desejam maximizar seu consumo e o governo pretende maximizar o bem-estar social. Em algumas circunstâncias, esses desejos podem ser conflitantes. O embate de interes- ses dá origem ao conflito distributivo. Podemos entender que, por vezes, uma empresa, para maximizar seu lucro, não pensa necessariamente no bem-estar das pessoas nem nos interesses do governo. O governo, ao legislar, não reflete sobre a carga tributária, mas tão somente nas necessidades do próprio governo. As famílias ou pessoas, por sua vez, querem ter seu capital e trabalho remunera- dos da melhor forma possível para poderem consumir mais. Dessa forma, na criação e distribuição de riquezas, surge o conflito distributivo. Cabe a nós, contabilistas, sermos o “fiel da balança” e garantirmos orientação e mediania, re- alizando os registros das operações corretamente para que expressem a verdade. Afinal, a atuação social da Contabilidade exerce seu papel ao ser uma ciência independente que gere informações para todos os agentes econômicos. Assim, meu caro futuro contabilista, a você caberá um papel importante. É preciso en- tender o que se espera de você como técnico em Contabilidade e qual é o seu papel para a impulsão de uma sociedade mais justa e a sua contribuição para a promoção do desen- volvimento econômico sustentável. A Contabilidade não está a serviço de nenhum desses agentes. Ela está a serviço da verdade do lícito, do certo e do bom. Importante Conflito distributivo: é um processo de confronto em que as pessoas têm a tendência individu- al de se apropriar de bens e serviços em detrimento de outra pessoa. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 24 Agora, vamos conhecer a regulamentação legal que rege a nossa profissão. O Decreto-lei nº. 9.295/46 criou o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), como tam- bém, os Conselhos Regionais de Contabilidade. Estes últimos estabelecidos em cada esta- do brasileiro e o CFC estabelecido no Distrito Federal. O decreto delegou também a estes conselhos o poder de regulamentação e fiscalização da profissão. Desta forma, fazemos parte de uma elite profissional: especialistas cuja profissão é legalmente regulamentada. Para você ter uma ideia, qualquer pessoa – basta querer – pode ser um comerciante (dono de comércio) ou um comerciário (trabalhador do comércio), pode ser um trabalhador da indústria, pode ser um sapateiro ou um cabelereiro, pois estas profissões, como muitas outras, não possuem regulamentação. No entanto, para ser um médico, um enfermeiro, um fisioterapeuta, um administrador ou um contador é necessário atender a alguns requi- sitos (exigências) que estão na Lei. Está previsto em Lei quem pode ser Contabilista, bem como as suas atribuições, e quem irá coordenar, regulamentar e fiscalizar o exercício da profissão, que são os Conse- lhos de Contabilidade, seja o Federal ou o Regional. Regulamentação da Profissão Legalmente regulamentada: significa que seu funcionamento e regulamento são previstos em Lei. Acesse: <http://www.cpc.org.br>. Lá, você encontrará os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Trata-se das Normas Brasileiras de Contabilidade harmonizadas com as Normas Internacionais de Contabilidade. No site do Conselho Federal de Contabilidade você encontrará toda a re- gulamentação da nossa profissão, além de livros para se atualizar. Acesse: <http://www.cfc.org.br>. Sugiro a leitura de livros sobre Teoria de Contabi- lidade, em que você terá acesso a mais informações sobre o tema. Leia a matéria “Veja os 10 profissionais que mais estão em falta no mun- do”, do site InfoMoney. Você constatará o quanto um contabilista é requi- sitado no mercado. Acesse: <http://www.infomoney.com.br/carreira/em- prego/noticia/3374745/veja-profissionais-que-mais-estao-falta-mundo>. Mídias Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 25 Você está capacitado para definir bem profissão técnica em Contabilidade. Você estu- dou sobre a origem dessa ciência, observando que, desde o períodoPaleolítico Superior, o ser humano realiza o controle patrimonial (pinturas rupestres em cavernas mostram estas atividades). Aprendemos que o Frei Luca Pacioli teve um papel importante na divulgação da Contabilidade como a conhecemos hoje, pois descreveu as partidas dobradas em seu livro. Por esse motivo, alguns autores entendem que a Contabilidade é um produto do Re- nascimento. Você assimilou também que partidas dobradas é o nome dado ao registro de transa- ções patrimoniais, em que se registra a origem e aplicação de recursos. Entendeu ain- da porque a Contabilidade é considerada uma ciência (seus postulados são aplicáveis em qualquer lugar do mundo). Além disso, você teve a oportunidade de saber como está ocorrendo a internacionalização da Contabilidade brasileira e de conhecer o CPC, que é o órgão brasileiro responsável pela emissão de pronunciamentos que servirão de base para a emissão das Normas Brasileiras de Contabilidade, devidamente harmonizadas com a Contabilidade internacional. Identificamos o conflito distributivo e o importante papel do Contabilista, que deve fazer os registros das transações de forma correta, demostrando imparcialidade obedecendo às normas e princípios determinados pelo Conselho Federal de Contabilidade. Por fim, reconhecemos que a nossa profissão é legalmente regulamentada e que temos a categoria de Contador (são os bacharéis em Contabilidade) e o Contabilista (técnico em Contabilidade), com as distintas atribuições. 1. Você estudou sobre a evolução da Contabilidade e como ela acompanha a evolução e as necessidades da sociedade. Qual das alternativas é um vestígio da história dessa ciência, de antes da utilização da escrita: a) Pinturas rupestres, em que desenhos e rabiscos representavam as coisas e os riscos às quantidades; b) A contagem de mantimentos pelos homens das cavernas; c) As cantigas que passam de geração em geração, relatando os feitos dos ancestrais; d) Nenhuma das alternativas. Resumo Autoavalição Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 26 2. Leia o texto e marque a seguir o comentário correto: A Contabilidade vem acompanhando a evolução do homem desde os tempos mais re- motos. Hoje, a ela baseia seus registros na técnica de partidas dobradas, a qual não se sabe ao certo quem foi seu inventor, mas o Frei Luca Pacioli codificou e escreveu um capí- tulo sobre ela em seu livro que trata de Aritmética. a) A afirmativa está completamente correta; b) A afirmativa está completamente errada; c) A afirmativa está errada em partes, pois Frei Luca Pacioli não escreveu nenhum capí- tulo sobre Aritmética; d) A afirmativa está certa em partes, pois se sabe perfeitamente quem é o seu inventor. 3. Desde 2005, o Brasil vem se preparando para harmonização de suas normas de Contabilidade com as normas internacionais de Contabilidade. A criação do Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC) possibilitou ampla divulgação das Normas Internacionais e, posteriormente, emitiu suas próprias normas. Elas foram referendadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, sendo adotadas por todas as organizações brasileiras afetadas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade. O CPC é formado por 6 organizações, são elas: a) CFC, ABRASCA, BANCO DO BRASIL, APIMEC NACIONAL, SUSEP e BOVESPA; b) FIPECAFI, IBRACON, CFC, APIMEC NACIONAL, ABRASCA e BOVESPA; c) CFC, SUSEP, BANCO CENTRAL, APIMEC NACIONAL, ABRASCA e BOVESPA; d) Nenhuma das alternativas. 4. Na economia de um país existem três agentes econômicos que promovem o desen- volvimento ao buscar o seu bem-estar: a empresa, as famílias (pessoas) e o governo. Como se chama o conflito entre eles, que envolve as atividades dos contabilistas? a) Conflito moral; b) Conflito social; c) Conflito mundial; d) Conflito distributivo. Competência 02 Identificar o perfil e as atribuições do técnico em Contabilidade Ao ser contratado como prestador de serviços ou como funcionário de uma organi- zação, você deve ter a certeza que possui autonomia e autorização legal para exercer a atividade para a qual foi contratado. Por este motivo é muito importante que conheça as atribuições do técnico em Contabilidade. Existem duas categorias de profissionais de Contabilidade: o bacharel em Contabilida- de, formado em nível superior, pertence à categoria dos Contadores; e os que concluíram o curso Técnico em Contabilidade, de nível médio, que são os técnicos em Contabilidade. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 29 Como visto na competência anterior, você já sabe que a Contabilidade possui um viés científico que busca compreender como se dão as mudanças do patrimônio, além de olhar criticamente o porquê de determinados fenômenos ocorrerem e, assim, procurar transfor- mar a realidade. Através do estudo, a Ciência Contábil pode ajudar a transformar a realidade de uma sociedade, pela compreensão dos fatos ocorridos nas organizações e suas consequências, sugerindo ações corretivas e preventivas. Para análise destas ocorrências faz-se necessá- rio ter em mãos os registros desses fatos. Cabe a você, como técnico em Contabilidade, realizar corretamente estes registros. Vimos anteriormente que a nossa profissão foi criada oficialmente no Brasil por meio do Decreto-lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946, que define nossas atribuições profissionais da seguinte forma: Outro termo empregado para identificar a categoria é “profissional da contabilidade”. Já o termo “contabilista” foi incorporado na legislação brasileira na CLT, em 1943, e no Decreto-lei nº. 9295/46, em 1946, para referir-se aos profissionais em Contabilidade (com formação de ensino mé- dio técnico) e aos contadores (com ensino universitário). Importante Identificar o perfil e as atribuições do técnico em Contabilidade Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 30 [...] Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de Contabilidade: a) Organização e execução de serviços de Contabilidade em geral; b) Escrituração dos livros de Contabilidade obrigatórios, bem como, de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações; c) Perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições, de natureza téc- nica, conferidas por lei aos profissionais de Contabilidade. Art. 26. Salvo direitos adquiridos do disposto no art. 2º do Decreto nº. 21.033, de 8 de fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados. [...] (CONSELHO Federal de Contabilidade, 1946, s. p.). Assim, temos assegurados exclusivamente aos profissionais de Contabilidade os traba- lhos técnicos acima descritos. Como técnico em Contabilidade, você poderá realizar qual- quer trabalho relativo à organização e execução de serviços contábeis, bem como escritu- ração dos livros fiscais, balancetes, balanços patrimoniais e demonstrações. É necessário destacar dois fatos importantes: 1. Os trabalhos relativos à perícia e auditoria são exclusivos do contador (aquele com curso superior de Bacharelado em Ciências Contábeis); 2. Os técnicos em Contabilidade (são aqueles com conclusão de nível técnico), de acor- do com a nova legislação, só poderão requerer registros no Conselho Regional de Contabili- dade até 1º de junho de 2015, conforme art. 12 do referido decreto e suas atualizações. Isso implica dizer que, após a data citada, estes profissionais poderão exercer seu trabalho como auxiliar de Contabilidade (diferente de contador), não podendo, portanto, ser res- ponsável técnico de trabalhos contábeis (CONSELHO Federal de Contabilidade, 1946, s. p.). As atribuições do técnicoem contabilidade e do contador estão devidamente regula- mentadas na Resolução nº. 560, de 28 de outubro de 1983, do Conselho Federal de Con- tabilidade. Em atendimento ao Decreto-lei nº. 9.295/46, esta resolução descreve as atri- buições do contabilista, classificando em suas atribuições privativas e as compartilhadas com outros profissionais de outras formações. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 31 Como vimos, as atribuições do técnico em Contabilidade e dos contadores estão devi- damente regulamentadas na Resolução nº. 560, de 28 de outubro de 1983, do Conselho Federal de Contabilidade. Esta resolução, em atendimento ao Decreto-lei nº. 9.295/46, descreve as atribuições do contador, classificando em atribuições privativas do contador e atribuições compartilha- das entre os contabilistas e profissionais com outras formações. Então, de acordo com a regulamentação da nossa profissão, existem atribuições que são exclusivas do contador (bacharel em Ciências Contábeis), atribuições exclusivas do contador e do técnico em Contabilidade, e também em que o contador e técnico em Con- tabilidade compartilham com outros profissionais legalmente regulamentados, como o ad- ministrador, advogado, economista, entre outros. É importante que você conheça as atividades que também poderão ser desenvolvidas por outros profissionais de Contabilidade. Estas atividades compartilhadas estão previstas no Art. 5 do Decreto-lei nº. 9.296/46, que criou a nossa profissão, lembra-se? Dessas ati- vidades, podemos destacar: Atribuições privativas do contabilista técnico em Contabilidade O sistema de regulação da nossa profissão é formado pelo Conselho Fe- deral de Contabilidade e pelos Conselhos Regionais de Contabilidade (um para cada unidade da Federação e um para o Distrito Federal). Importante Quanto às atribuições exclusivas do contador, ou seja, do bacharel em Contabilidade, são apenas duas: auditoria contábil e perícia contábil. Importante Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 32 1. Elaboração de planos técnicos de financiamento e amortização de empréstimos, in- cluídos no campo da matemática financeira; 2. Elaboração de projetos e estudos sobre operações financeiras de qualquer natureza, inclusive de debêntures, leasing e lease-back. Debênture é um título de valor representati- vo de empréstimo adquirido por uma companhia em união com terceiros. Ele certifica aos titulares exatos direitos de crédito contra a organização, nas circunstâncias definidas na escritura de emissão. Já o Leasing é o contrato estabelecido entre a arrendadora (a em- presa) que adquire um bem determinado por seu arrendatário (o cliente) para, em seguida, alugá-lo para ele por tempo definido. E o leasing-back, ou leasing de retorno, é o contrário: o arrendatário, sendo possuidor de um bem, vende-o ou aluga-o à arrendadora. 3. Execução de tarefas no setor financeiro, tanto na área pública quanto privada; 4. Elaboração e implantação de planos de organização ou reorganização; 5. Organização de escritórios e almoxarifados; 6. Organização de quadros administrativos; 7. Estudos sobre a natureza e os meios de compra e venda de mercadorias e produtos, bem como o exercício das atividades compreendidas sob os títulos de “mercadologia” e “técnicas comerciais” ou “merceologia”; 8. Concepção, redação e encaminhamento, ao Registro Público, de contratos, altera- ções contratuais, atas, estatutos e outros atos das sociedades civis e comerciais; 9. Assessoria fiscal; 10. Planejamento tributário; 11. Elaboração de cálculos, análises e interpretação de amostragens aleatórias ou pro- babilísticas; 12. Elaboração e análise de projetos, inclusive quanto à viabilidade econômica; 13. Análise de circulação de órgãos de imprensa e aferição das pesquisas de opinião pública; 14. Pesquisas operacionais; 15. Processamento de dados; 16. Análise de sistemas de seguros e de fundos de benefícios; 17. Assistência aos órgãos administrativos das entidades; 18. Exercício de quaisquer funções administrativas; Merceologia: pode ser compreendido como um estudo que analisa as características téc- nicas e comerciais de uma mercadoria em específico. Figura 4 – Mercado de trabalho Fonte: Oliveira (2014). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 33 19. Elaboração de orçamentos macroeconômicos (CONSELHO Federal de Contabilida- de, 1946, s. p.). Agora é com você: realize uma pesquisa na Internet e procure a Resolução nº. 560/83 do Conselho Federal de Contabilidade. Relacione os pontos que mais chamaram a sua atenção e compartilhe em nosso fórum, no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Atividade 01 Então, meu caro estudante, de que forma nós, profissionais da Contabilidade (técnicos em Contabilidade ou Contadores), podemos exercer nossas atribuições, sejam privativas ou compartilhadas? Vamos conhecer as oportunidades no mercado de trabalho? Podemos exercer nossas atividades como profissional liberal (também chamado de autônomo), aquele que trabalha por conta própria. Para ser um profissional desse tipo, é necessário ter um perfil mais independente. Você terá a vantagem de ser seu “che- fe”, determinar horários, datas e prazos, como também precisará realizar seu próprio controle financeiro, para saber o quanto irá ganhar ao final do mês. Afinal, a sua renda dependerá do quanto você tenha trabalhado e dos preços praticados no mercado. Pode então surgir a seguinte dúvida: quanto devo cobrar? Atuação profissional Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 34 O preço dos serviços é um ponto muito importante para quem é profissional liberal, pois, na economia de livre concorrência que nós vivemos, quem determina o preço é o cliente. Assim, não adianta estabelecer que queremos ganhar mais, por exemplo, para abrir uma empresa, se na prática alguns profissionais cobram menos, fazendo com que as pessoas desejem pagar menos. Para os profissionais liberais e os empresários da Contabilidade, há tabelas referenciais para cobrança de honorários homologados em convenções coletivas pelos sindicatos patro- nais: o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (SESCON) e o Sindicato dos Contabilistas (SINDCONT), um para cada estado brasileiro. Há também a oportunidade de trabalhar como empregado. Neste caso, você terá garantias como a organização da própria empresa e a certeza quanto terá ao certo no final do mês, sem preocupar-se com os riscos do negócio. Logo, você trabalhará sob o regimento da Consolidação das Leis Trabalhistas, com direitos como a carteira assina- da, férias e 13º salário. Nesse mesmo perfil, também pode ser interessante o ofício de servidor público. Para tal, você deve se preparar para ser aprovado em um concurso público. Como também pode ser militar, que exerce funções nas áreas relacionadas com Contabilidade. As oportunidades são muitas! Você pode ainda realizar suas atividades como sócio de qualquer empresa, pode ser diretor ou conselheiro. Dentre as atribuições que você pode desenvolver nessa circunstância, podemos destacar: analista, assessor, assistente, consultor, escriturário contábil ou fiscal, organizador, planejador etc. Além disso, poderá ainda atuar como chefe, subchefe, supervisor, gerente, técnico em Contabilidade, auxiliar de Contabilida- de, assistente fiscal, assistente em departamento de pessoal etc. Como você pôde constatar, as possibilidades de atuação profissional são bastante amplas para o técnico em Contabilidade. Sua atuação profissional depende do quanto você estará empenhado em aprender para exercer com zelo a sua profissão. Conheça o exemplo da tabela praticada no estado do Rio Grande do Norte acessando: <http://sindcontrn.org/tabela-de-honorarios/>. Internet Figura 5 – Ética Fonte: Oliveira (2014). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C onta bi lid ad e 35 É importante destacar que a ética estará sempre presente no desenvolvimento das nossas atividades. Este ponto tão importante não poderia deixar de ser abordado neste estudo sobre a Carreira Técnica em Contabilidade. Vamos lá? Faça uma pesquisa em sites de empregos e relacione às oportunidades em sua região. São muitas? Os salários são bons? Compartilhe no fórum! Atividade 02 O Código de Ética do Contabilista é um importante direcionador e regulador da nossa profissão. Nele encontramos orientações sobre o comportamento esperado dos profissio- nais da nossa classe. Corroborando com esse documento, a revista Abracicon Saber (publicação trimestral da Academia Brasileira de Ciências Contábeis) em seu primeiro volume (publicado em ou- tubro de 2012) elaborou uma capa inspiradora: ela declara a Contabilidade como a ciência da sinceridade e transparência e como elemento fundamental para o desenvolvimento sustentável. Então, como ser sincero e transparente sem ética? Impossível, não é? A ética vem da palavra grega ethos, que significa “modo de ser”. Ela reflete sobre os valores morais praticados e questiona esses valores. A ética garante a renovação da moral e está relacionada à justiça social. Código de Ética do Contabilista Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 36 Por isso, é fundamental conhecer o Código de Ética do Contabilista, relacionando-o a situações problemas, para que você, estudante, possa inteirar-se das circunstâncias que poderá se envolver ao longo da sua carreira. Um exemplo muito conhecido, relatado pelo professor Gustavo Bernardo (2011), é o da costureira negra Rosa Parks. Em 1955, na cidade de Montgomery (no estado do Alabama, nos Estados Unidos), Rosa, já idosa e cansada de humilhações, não cedeu seu assento no ônibus para uma pessoa branca. Naquela época, infelizmente, existia uma norma determi- nando que a maioria dos lugares reservados nos ônibus era para brancos. Com a recusa de Rosa, o motorista chamou a polícia, que a prendeu e a multou em dez dólares. O acon- tecimento chocou, provocando um movimento nacional de boicotagem aos transportes públicos, que motivou as ações do jovem Martin Luther King. Martin Luther King Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 – Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos ci- vis dos negros no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo, para liderar a luta pela igualdade dos direitos civis. Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_King_Jr.>. Acesso em: 29 maio 2014. Você conhece? Figura 6 – Martin Luther King Jr. Fonte: <http://wallpaperscraft.com/image/8411/1920x1080.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2014. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 37 Se nós consideramos os costumes daquela época, Rosa foi imoral. Sim, isso é um ab- surdo. Mas, na verdade, a regra moral vigente era quem estava errada. A moral era equivo- cada. Graças a sua reflexão verdadeiramente ética a respeito, Rosa pôde deliberadamente desobedecer àquela regra moral errônea (BERNARDO, 2011). Explicando: a ética não é exatamente o que está escrito na Lei, nem o determinado pelos costumes. A ética está relacionada à convicção de praticar uma ação moralmente correta, boa, que promove justiça. Por isso, reflita sempre! Como foi dito anteriormente, o contabilista está no meio de um conflito distributivo em que as pessoas buscam o melhor resultado para si. Cabe a você fazer o que é correto. Para isso, você conta com um importante instrumento para nortear o desenvolvimento de suas atividades, que é o Código de Ética Profissional do Contabilista. O Código de Ética indica a forma como devemos nos conduzir no que tange ao exercício profissional e aos assuntos relacionados à profissão e à classe contábil. Nele, estão des- critos nossos deveres e proibições. Dentre os deveres, podemos destacar o inciso I, que determina que o Contabilista deve... Além disso, lembre-se de guardar sigilo sobre dados e informações adquiridas a partir do exercício profissional, salvo em casos previstos em Lei, ou quando for solicitado pelas autoridades competentes. Dentre as proibições, podemos destacar dois incisos do Art. 3°. do referido código: O Código de Ética da nossa profissão foi instituído pela Resolução n°. 860/96. Ele passou por diversas revisões ao longo do tempo, sempre sen- do atualizado. É imprescindível que você o conheça muito bem! Importante “[...] exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardar os interesses de seus clien- tes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais” (CONSELHO..., 2010, s. p.). Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 38 “I – Anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, conteúdo que resulte na diminuição do colega, da organização contábil ou da classe, em detri- mento aos demais, sendo sempre admitida a indicação de títulos, especializações, serviços oferecidos, trabalhos realizados e relação de clientes; II – Assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe” (CONSELHO..., 2010, s. p.). “I – A conduta do profissional da Contabilidade com relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em con- sonância com os postulados de harmonia da classe. Parágrafo único. O espírito de solidariedade, mesmo na condição de empregado, não induz nem justifica a participação ou conivência com o erro ou com os atos infringentes de normas éticas ou legais que regem o exercício da profissão” (CON- SELHO..., 2010, s. p.). Ou seja, para fazer publicidade, o Contabilista pode tão somente descrever os tipos de serviços que oferecem e os títulos acadêmicos que possui, como também, certificados de qualificação que sua organização possua. O Código de Ética norteia ainda sobre as variáveis que deverão ser levadas em conta no estabelecimento do preço do serviço, tais como: relevância, complexidade, vulto, dificulda- de do serviço executado, tempo para a realização do mesmo, local onde será prestado o serviço, entre outros itens. Outro destaque no Código de Ética está em relação aos deveres dos Contabilistas para com seus colegas de classe, determinando em seu Art. 9º: E, em relação à classe contábil, deve-se pautar de acordo com o Art. 11 que preconiza, entre outros, o seguinte: “prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circuns- tâncias especiais que justifiquem a sua recusa; zelar pelo prestígio da classe, pela digni- dade profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições” (CONSELHO..., 2010, s. p.). Aqui vai um conselho de uma profissional com mais de 30 anos no mercado: não se dei- xe levar por conversas do tipo “todo mundo faz”, “só quem saberá será eu e você”. Lembre- -se de que fraude é fraude, dolo é dolo. Não vale a pena colocar em risco o seu bom nome. Todo profissional que se preza respeita as leis, os bons costumes e a ética. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 39 Bem, chegamos ao final do nosso estudo. Você desenvolveu a competência que o torna- rá capaz de identificar as atribuições do técnico em Contabilidade. Vimos que a Resolução nº. 560, de 28 de outubro de 1983, do Conselho Federal de Contabilidade, descreve as atri- buições do Contabilista. Você reconheceu também que a profissão escolhida por você tem várias opções de atuação, da iniciativa privada, passando pela prestação de serviços (como profissional liberal), até o serviço público. Conheceu também o Código de Ética, que foi insti- tuído pela Resolução n°. 860/96. Assim, sei que você terásucesso como contabilista e que a sua atuação será pautada na ética e na extrema competência técnica! Resumo 1. A Contabilidade pode ajudar a transformar a realidade de uma sociedade, buscando com- preender os fatos ocorridos nas organizações. Ao compreender estas ocorrências, de que forma a Contabilidade pode atuar? Escolha uma alternativa: a) Apontar o responsável pelo que deu errado e sugerir algum tipo de punição; b) Sugerir ações corretivas e/ou ações preventivas; c) Mandar alterar os registros contábeis que indicam os erros; d) Nenhuma das alternativas. 2. Os contabilistas são componentes da profissão contábil que foi criada pelo Decreto-lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946. Esta profissão é legalmente regulamentada por quê? Assinale a alternativa correta. a) Foi criada e é regulamentada por Lei; b) É importante para a sociedade; c) Qualquer um pode exercê-la; d) Nenhuma das alternativas. 3. A Resolução nº. 560/1983, emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade, estabelece as atribuições do contabilista, seja técnico em Contabilidade ou bacharel em Ciências Contábeis. Indique abaixo as atividades que não podem ser realizadas pelo técnico em Contabilidade. Autoavaliação Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 40 a) Registrar os fatos contábeis e manter livros contábeis; b) Realizar cálculos trabalhistas e elaborar folha de pagamento; c) Realizar auditoria contábil e perícia contábil; d) Nenhuma das alternativas. 4. No desenvolvimento de suas funções e atividades, o profissional de Contabilidade se vê diante de diversos entraves. É necessária perseverança e honra para não cometer ações que denigram a sua profissão. Para auxiliá-lo, o profissional de Contabilidade possui um importante norteador, que é o Código de Ética do Contabilista, que foi instituído pelo: a) Conselho Regional de Contabilidade; b) Conselho Federal e Regional de Contabilidade; c) Conselho Federal de Contabilidade; d) Nenhuma das alternativas. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 41 BERNARDO, Gustavo. Qual a diferença entre moral e ética? Revista Eletrônica do Vestibular, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, ano 4, n. 12, 2011. Disponível em: <http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=68>. Acesso em: 5 mar. 2014. BRASIL. Decreto-lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. Presidência da República, Brasília-DF, 27 maio 1946. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em: 5 mar. 2014. CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº. 560, de 28 de outubro de 1983. Dispõe sobre as prerrogativas profissionais de que trata o artigo 25 do Decreto-lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946. Disponível em: <http://www. contabeis.ufba.br/RESOLU%C3%87%C3%83O%20CFC%20N%C2%BA%20560.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2014. _____. Resolução CFC nº. 1.307, de 9 de dezembro de 2010. Altera dispositivos da Resolução CFC nº. 803/96, que aprova o Código de Ética Profissional do Contabilista. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1307_2010.htm>. Acesso em: 5 mar. 2014. HENDRIKSEN, Eldon S. Van; BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 6. reimp. São Paulo: Atlas, 2007. MARTINS, Eliseu; LISBOA, Lázaro Plácido. Ensaio sobre cultura e diversidade contábil. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília-DF: CFC, v. 34, n. 152, mar./abr. 2005. OLIVEIRA, Rafael Eufrásio de. Banco de imagens e ilustrações itb. Natal: ITB, 2014. Somente il. RIBEIRO FILHO, José Francisco; LOPES, Jorge. PERDENEIRAS, Marcleide, organizadores. Estudando teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. SÁ, Antônio Lopes de. Mais de dois mil anos de teoria da Contabilidade. 19 out. 1997. Disponível em: <http://www.lopesdesa.com.br/artigos/historia/> Acesso em: 3 mar. 2014. Referências Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 42 ______. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SCHMIDT, Paulo. SANTOS, José Luiz dos. Teoria da Contabilidade: foco na evolução do pensamento contábil. São Paulo: Atlas, 2008. Ca rr ei ra T éc ni ca e m C on ta bi lid ad e 43 Conheça o autor Irani Maria da Silva Oliveira Possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Humanas Esu- da (2002), especialização em Educação pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2006), Mestrado Profissional em Economia, Comércio Exterior e Relações Internacionais (UFPE/PIMES, 2007) e Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis (UFPE/PPGCC, 2009). Atualmente, é sócia administradora na Irani Oliveira & Associados Ltda. Atuou como tutora no curso de Bacharelado em Administração Pública da UFRPE. É professora universitária nos cursos de Gastronomia, Administração e Ciências Contábeis (aulas presenciais e a distân- cia), ministra aulas de pós-graduação em diversas instituições de ensino superior, e é consul- tora credenciada do SEBRAE NACIONAL. Atua principalmente nos seguintes temas: gestão fi- nanceira, gestão e contabilidade de micros e pequenas empresas e planejamento tributário.