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Teoria da pena (1)


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O Código Penal adotou o critério trifásico para a fixação da pena, ou seja, o juiz, ao apreciar o caso concreto, quando for decidir a pena a ser imposta ao réu, deverá passar por 03 (três) fases: a primeira, em que se incumbirá de fixar a pena-base; a segunda, em que fará a apuração das circunstâncias atenuantes e agravantes; e, por fim, a terceira e última fase, que se encarregará da aplicação das causas de aumento e diminuição da pena para que, ao final, chegue ao total de pena que deverá ser cumprida pelo réu.
A fixação do quantum da pena servirá para o juiz fixar o regime inicial de seu cumprimento obedecendo as regras do artigo 33 do CP (regimes fechado, semi-aberto e aberto) bem como para decidir sobre a concessão do sursis e sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa.
Circunstâncias judiciais ou inominadas - 1ª fase pena base ( 6 anos )
Como vimos, essa primeira fase se destinará a fixação da pena-base, onde o juiz, em face do caso concreto, analisará as características do crime e as aplicará, não podendo fugir do mínimo e do máximo de pena cominada pela lei àquele tipo penal.
As circunstâncias judiciais se refletem também na concessão do sursis e na suspensão condicional do processo, posto que a lei preceitua que tais benefícios somente serão concedidos se estas circunstâncias assim o permitirem, ou seja, quando estas forem favoráveis ao acusado.
São circunstâncias judiciais:
a) Culpabilidade: é o grau de reprovação da conduta em face das características pessoais do agente e do crime;
b) Antecedentes: são as boas e as más condutas da vida do agente; até 05 (cinco) anos após o término do cumprimento da pena ocorrerá a reincidência e, após esse lapso, as condenações por este havidas serão tidas como maus antecedentes; 
c) Conduta social: é a conduta do agente no meio em que vive (família, trabalho etc.);
d) Personalidade: são as características pessoais do agente, a sua índole e periculosidade. Nada mais é que o perfil psicológico e moral;
e) Motivos do crime: são os fatores que levaram o agente a praticar o delito, sendo certo que se o motivo constituir agravante ou atenuante, qualificadora, causa de aumento ou diminuição não será analisada nesta fase, sob pena de configuração do bis in idem;
f) Circunstâncias do crime: refere-se à maior ou menor gravidade do delito em razão do modus operandi (instrumentos do crime, tempo de sua duração, objeto material, local da infração etc.); 
g) Consequências do crime: é a intensidade da lesão produzida no bem jurídico protegido em decorrência da prática delituosa; 
h) Comportamento da vítima: é analisado se a vítima de alguma forma estimulou ou influenciou negativamente a conduta do agente, caso em que a pena será abrandada. 
Circunstâncias atenuantes e agravantes - 2ª fase pena intermediária 
Além das circunstâncias judiciais, são previstas pela lei vigente as circunstâncias atenuantes, que são aquelas que permitirão ao magistrado reduzir a pena-base já fixada na fase anterior, e as circunstâncias agravantes, as quais, ao contrário das atenuantes, permitirão ao juiz aumentar a pena-base, ressaltando que nessa fase o magistrado não poderá ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do crime ou os qualifiquem.
Circunstâncias atenuantes
a) ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença de 1° grau;
b) o desconhecimento da lei: não ocorre a isenção da pena, mas seu abrandamento;
c) ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral: valor moral é o que se refere aos sentimentos relevantes do próprio agente e valor social é o que interessa ao grupo social, à coletividade;
d) ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano: não se confunde com o instituto do arrependimento eficaz (artigo 15 do CP), nesse caso ocorre a consumação e, posteriormente, o agente evita ou diminui suas consequências;
e) ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vitima: observa-se as regras do artigo 22 do CP (coação irresistível e ordem hierárquica);
f) ter o agente confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime: se o agente confessa perante a Autoridade Policial porém se retrata em juízo tal atenuante não é aplicada;
g) ter o agente cometido o crime sob influência de multidão em tumulto, se não o provocou: é aplicada desde que o tumulto não tenha sido provocado por ele mesmo.
De acordo com o artigo 66, do CP, "a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei", razão pela qual pode-se concluir que o rol das atenuantes do artigo 65 é exemplificativo. 
Circunstâncias agravantes
a) reincidência: dispõe o artigo 63, do CP, que "verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior";
b) ter o agente cometido o crime por motivo fútil ou torpe: motivo fútil é aquele c) ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: nessa circunstância tem que existir conexão entre os dois crimes;
c) ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: nessa circunstância tem que existir conexão entre os dois crimes;
d) ter o agente cometido o crime à traição, por emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido: essa circunstância será aplicada quando a vítima for pega de surpresa; a traição ocorre quando o agente usa de confiança nele depositada pela vitima para praticar o delito; a emboscada é a tocaia, ocorre quando o agente aguarda escondido para praticar o delito e, por fim, a dissimulação ocorre quando o agente utiliza-se de artifícios para aproximar-se da vítima;
e) ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum: essa circunstância se refere ao meio empregado para a prática delituosa; tortura ou meio cruel é aquele que causa imenso sofrimento físico e moral à vítima; meio insidioso é aquele que usa de fraude ou armadilha e, por fim, perigo comum é o que coloca em risco um número indeterminado de pessoas; 
f) ter o agente cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: abrange qualquer forma de parentesco, independente de ser legítimo, ilegítimo, consanguíneo ou civil;
g) ter o agente cometido o crime com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica: o abuso de autoridade refere-se a relações privadas; relações domésticas são as existentes entre os membros de uma família; e coabitação significa que tanto autor quanto vítima residem sob o mesmo teto;
h) ter o agente cometido o crime com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão: o abuso de poder se dá quando o crime é praticado por agente público, não se aplicando se o delito constituir em crime de abuso de autoridade; as demais hipóteses referem-se quando o agente utilizar-se de sua profissão para praticar o crime (atividade exercida por alguém como meio de vida);
i) ter o agente cometido o crime contra criança, contra maior de 60 (sessenta) anos, ou contra enfermo ou mulher grávida: são pessoas mais vulneráveis, por isso ganham maior proteção da lei; criança é o que possui idade inferior a 12 (doze) anos da idade;
j) ter o agente cometido o crime quandoo ofendido estava sob imediata proteção da autoridade: aumenta-se a pena pela audácia do agente em não respeitar à autoridade;
k) ter o agente cometido o crime em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: se dá pela insensibilidade do agente que se aproveita de uma situação de desgraça, pública ou particular, para praticar o delito;
l) ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada: ocorre quando o agente se embriaga para ter coragem para praticar o delito.
Circunstâncias agravantes no concurso de pessoas
Referindo-se ao concurso de pessoas, o artigo 62, do CP, dispõe que a pena será agravada em relação ao agente que:
a) promove, organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes: pune-se aquele que promove ou comanda a prática delituosa, incluindo o mentor intelectual do crime;
b) coage ou induz outrem à execução material do crime: existe o emprego de coação ou grave ameaça a fim de fazer com que uma outra pessoa pratique determinado delito;
c) instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal: instigar é reforçar uma idéia já existente, enquanto determinar é uma ordem; a autoridade referida nesta circunstância pode ser pública ou particular; as condições ou qualidades pessoais que tornam a pessoa não-punível pode ser a menoridade, a doença mental, etc.;
d) executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa: a paga é o pagamento anterior a execução do delito, enquanto a recompensa é o pagamento após a execução.
Concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes
Havendo o concurso entre as circunstâncias agravantes e as atenuantes o magistrado não deverá compensar uma pela outra e sim ponderar-se pelas circunstâncias preponderantes que, segundo o legislador, são aquelas que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Causas de aumento e diminuição - 3ª fase pena definitiva legalidade da fração abaixo de 6 anos
As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na Parte Geral do Código Penal (ex.: a tentativa, prevista no artigo 14, inciso II, que poderá diminuir a pena de um a dois terços) quanto na Parte Especial (ex.: no crime de aborto a pena será aplicada em dobro se ocorrer a morte da gestante - artigo 127). Elas são causas que permitem ao magistrado diminuir aquém do mínimo legal bem como aumentar além do máximo legal.
O parágrafo único do artigo 68, do CP, dispõe que se ocorrer o concurso de causas de diminuição e de aumento previstas na parte especial, deverá o juiz limitar-se a uma só diminuição e a um só aumento, prevalecendo a que mais aumente ou diminua, porém se ocorrer uma causa de aumento na parte especial e outra na parte geral, poderá o magistrado aplicar ambas, posto que a lei se refere somente ao concurso das causas previstas na parte especial do CP.
Com relação as qualificadoras é possível que o juiz reconheça duas ou mais em um mesmo crime e, segundo a doutrina, a primeira deverá servir como qualificadora e as demais como agravantes genéricas, senão vejamos: um indivíduo pratica homicídio qualificado mediante promessa de recompensa com o emprego de veneno - o juiz irá considerar a promessa de recompensa como qualificadora (artigo 121, § 2°, I do CP) e o emprego de veneno como agravante genérica (artigo 61, II, "d" do CP) ou vice-versa.
Entretanto pode acontecer que em determinados casos a outra qualificadora não seja considerada como circunstância agravante, devendo então o magistrado aplicá-la como circunstância do crime (artigo 59, do CP - circunstâncias judiciais), como no caso de um furto qualificado praticado mediante escalada e rompimento de obstáculo, o juiz poderá qualificar o crime pela escalada (artigo 155, § 4°, II do CP) e, como o rompimento de obstáculo não é considerado como agravante, deverá considerá-lo na 1ª fase, como circunstância do crime.
Cálculo da pena
A pena será calculada obedecendo o critério trifásico, onde primeiramente caberá ao magistrado efetuar a fixação da pena base, de acordo com os critérios do artigo 59, do CP (circunstâncias judiciais), em seguida aplicar as circunstâncias atenuantes e agravantes e, finalmente, as causas de diminuição e de aumento.
primeira fase, o juiz deverá avaliar as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) para estipulação da pena base concreta que deverá ficar entre o mínimo e o máximo de pena abstratamente previsto na Lei. Na segunda fase, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias agravantes (art. 61 e 62, do CP) e atenuantes da pena (art. 65 e 66, do CP) para agravar ou atenuar a pena base (fixada na primeira fase), devendo respeitar os limites das penas abstratamente previstos. Por fim, na terceira fase, serão levadas em conta as causas de aumento e de diminuição de pena possuindo como principal característica um valor determinado para aumentar ou diminuir a pena, sendo possível ultrapassar o máximo ou estipular a pena abaixo do mínimo abstratamente previsto no tipo penal.
Princípio da humanidade defende a inconstitucionalidade da criação de tipos penais ou cominação de penas que possam violar a incolumidade física ou moral de alguém. É expressão da dignidade da pessoa humana, consagrada como fundamento da República Federativa do Brasil no art. 1º, III da CRFB. 
Princípio da legalidade vem insculpido no inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, que diz: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal - redação que pouco difere daquela contida no art. 1 º do Código Penal.
 Princípio da personalidade XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; ( importante)
Reclusão: admite o regime inicial fechado.
Detenção: não admite o regime inicial fechado.
Prisão simples: não admite o regime fechado em hipótese alguma.
A pena de reclusão é aplicada a condenações mais severas, o regime de cumprimento pode ser fechado, semi-aberto ou aberto, e normalmente é cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou media.
A detenção é aplicada para condenações mais leves e não admite que o inicio do cumprimento seja no regime fechado. Em regra a detenção é cumprida no regime semi-aberto, em estabelecimentos menos rigorosos como colônias agrícolas, industriais ou similares, ou no regime aberto, nas casas de albergado ou estabelecimento adequados.
A prisão simples é prevista na lei de contravenções penais como pena para condutas descritas como contravenções, que são infrações penais de menor lesividade. O cumprimento ocorre sem rigor penitenciário em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semi-aberto. Somente são admitidos os regimes aberto e semi-aberto, para a prisão simples.
Regime aberto
Primeiramente, temos o regime aberto, que, como sugere o nome, é uma modalidade de cumprimento de pena em que ela pode ser cumprida em casa de albergado ou outro estabelecimento considerado adequado.
Então, essa modalidade de pena está prevista no artigo 33, § 1º, c, do Código Penal. Para ela, é necessário que a condenação não seja superior a 4 anos e que o condenado não seja reincidente.
Dessa forma, é possível estudar e trabalhar durante o dia, se recolhendo à noite em residência ou casa de albergado. Aliás, casa de albergado é um estabelecimento especial em que são cumpridas essas maneiras de penalidades.
Regime semiaberto
Avançando um pouco, temos também o regime semiaberto, que, naturalmente, se aplica a sanções um pouco maiores. Portanto, neste caso a condenação deve ser entre 4 e 8 anos. Além disso, também é necessário que o condenado não seja reincidente.
Aqui há uma similaridade e uma diferença muito comumente confundidas com o regime aberto. A similaridade é que é possível a realizaçãode cursos ou trabalhos durante o período do dia.
No entanto, a diferença ocorre com relação à noite, a onde deve ser a acolhida deste indivíduo condenado a regime semiaberto. Em vez de ser em casa de albergado, deverá ser na prisão.
Regime fechado
Por fim, o último dos regimes sobre os quais vamos falar é o regime fechado. Seguindo a lógica dos anteriores, ele se aplica quando a pena for maior do que 8 anos ou quando o indivíduo é reincidente, mesmo que seja com uma penalidade inferior.
Este é, então, o caso que mais as pessoas têm no imaginário popular: da penitenciária como normalmente se conhece. Assim, o condenado a regime fechado passa os seus dias dentro da unidade prisional.
De fato, há horas definidas para trabalho e sol, as quais são comunicadas com antecedência. Nestes casos, existem diferenças entre penitenciárias, como o grau de segurança (médio ou máxima), gênero (feminino e masculino), entre outros.
O que é reclusão
Agora que você já sabe de forma resumida quais são os tipos de regimes existentes, vamos enfim começar a falar especificamente sobre o que é reclusão e detenção, e quais são as diferenças entre eles. Afinal, qual o tipo de regime para cada um? Como se caracteriza?
Primeiramente, com relação à reclusão, saiba que ela é aplicada para condenações consideradas mais graves. Dessa maneira, o tipo de regime de cumprimento pode ser fechado desde o início. Ainda assim, também pode ser aberto ou semiaberto.
Logicamente, tudo depende de cada caso individualmente. Sendo assim, é necessário que o advogado da parte analise com cuidado os detalhes do caso, a fim de definir qual é a melhor estratégia a ser seguida.
Outro elemento importante é considerar a dicotomia entre crime doloso e crime culposo. Nos casos em que o crime é doloso, podem haver agravantes. Por exemplo, se o crime for contra um filho, o poder familiar é perdido. Ademais, a pena tende a ser maior.
O que é detenção
Se dissemos que reclusão serve para crimes mais graves, a detenção é diferente. Ela é relacionada a condenações de caráter mais leve. Por isso, o início do cumprimento não pode ser em regime fechado.
De forma geral, é mais comum que a detenção seja realizada no regime semiaberto em locais como as colônias agrícolas, industriais ou parecidas. Alternativamente, também podem ser no regime aberto, como as casas de albergado e outros estabelecimentos adequados.
Há de se considerar, porém, que embora seja mais comumente observado o cumprimento em regimes aberto e semiaberto, nada impede que o segmento da pena seja em regime fechado. Novamente, tudo depende de cada caso.
A Lei Nº 7.209/84 referenda estas diferenças entre reclusão e detenção em seu artigo 33:
Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção em regime semi-aberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
A pena de prisão simples
Além da reclusão e detenção, existem outros termos que costumam causar alguma confusão. Um deles é o de prisão simples, a qual também é prevista em lei para certas contravenções penais.
A prisão simples é aplicada para infrações penais de baixa lesividade. Portanto, não tem o mesmo rigor de penalidade que os anteriores, como no caso da reclusão em que o regime é fechado.
Por isso, para a prisão simples, não há chance de haver mudança para regime fechado, nem mesmo se o indivíduo começar em regime aberto e semiaberto. Portanto, há uma diferença também para a detenção, em que sempre se começa fora do fechado, mas é possível que mude para ele.
Quando se aplica a internação
Seguindo as discussões sobre reclusão e detenção, com conceitos relacionados, outro importante é o de internação. A principal distinção dele para o que falamos até aqui é o fato de ser aplicado em indivíduos de 12 a 18 anos.
Ou seja, não é aplicado a maiores de idade. Quem define isso é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sob a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Assim, essas medidas têm uma função mais socioeducativa do que qualquer outra coisa.
Em geral, essa restrição de liberdade tem um tempo limite máximo, que é o de três anos. Além disso, a cada seis meses a pena é reavaliada e, quando o indivíduo completar 21 anos, ele é obrigatoriamente liberado da sua pena.
Outros tipos de internação são chamados de medidas de segurança, previstos nos artigos 96 a 99 do Código Penal, e que são relacionados a pessoas com problemas de saúde mental. Neste caso, há duas opções: a internação em hospital psiquiátrico ou estabelecimento equivalente ou o tratamento ambulatorial.
Via de regra, o tratamento ambulatorial é considerado quando as penas são mais leves, como as de detenção. Ainda assim, a decisão fica sempre sob determinação do juiz do caso, que irá definir com base na sua consideração.
A prisão preventiva é uma medida cautelar que o juiz pode solicitar em qualquer fase de um processo, desde que siga os requisitos exigidos. No entanto, ela difere da prisão que ocorre após a sentença;
Sem dúvidas, você já deve ter escutado algo sobre este conceito, mas você sabe como ela funciona e quando pode ser aplicada? Entenda, neste conteúdo, as principais dúvidas sobre a prisão preventiva.
O que é prisão preventiva?
A prisão preventiva é um instrumento processual, usada pelo juiz em um inquérito policial ou na ação penal, como uma espécie de prisão cautelar, recolhendo de maneira preventiva o acusado em uma instituição prisional.
Nesses casos, embora o acusado não tenha uma sentença transitada em julgado, já existem provas do delito e indícios de autoria. Assim, o juiz resolve por decretar a prisão como forma de proteger a sociedade ou ainda evitar que ele prejudique a persecução penal, ameaçando testemunhas ou destruindo provas, por exemplo.
Sendo assim, o juiz pode decretá-la antes da condenação do réu em ação penal ou criminal. Em ambos os casos, existem requisitos legais que precisam ser respeitados conforme o artigo 312 do Código de Processo Penal.
Prisão temporária e prisão preventiva: diferenças
Muitas pessoas confundem esses dois tipos de prisão, a preventiva e a temporária. Isso acontece porque ambos os conceitos possuem algumas semelhanças. Contudo, não se tratam da mesma medida. Entenda melhor essa diferença com os tópicos a seguir:
Prisão temporária
A Lei 9.960/89 regulamenta este tipo de prisão. Essa medida tem prazo de duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. A política ou o Ministério Público pode utilizá-la durante a fase de investigação do inquérito policial.
Em geral, após coletar provas, a prisão preventiva acontece. Normalmente, a prisão temporária ocorre para assegurar o sucesso de uma determinada diligência. Veja alguns casos em que ela é cabível:
● Quando o indicado não tem residência fixa ou não fornecer elementos necessários para esclarecer sua identidade;
● Quando há razões fundadas, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indivíduo em crimes de homicídio, roubo, estupro, sequestro, tráfico de drogas, entre outros.
Prisão preventiva
A primeira diferença se refere ao prazo. Na prisão preventiva, não há prazo pré-definido, podendo ocorrer em qualquer fase da investigação policial ou da ação penal, desde que preenchidos os requisitos legais, ou seja, a qualquer momento processual se houver risco de violação à ordem pública ou econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Ou ainda se houver o descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.
Prisão em flagrante
Há, ainda, a prisão em flagrante que acontece sem uma ordem judicial, considerada uma medida pré-cautelar que é aplicada se houver uma situação de flagrante delito. Isto é, quando alguém te flagra ao cometer um crime ou logo após sua execução.
Por ser uma medida de autodefesa da sociedade, o juiz não precisa autorizá-la e, assim, qualquerpessoa pode dar voz de prisão a uma pessoa que se encontra em situação de flagrante delito.
Quando é cabível a prisão preventiva?
A prisão preventiva é cabível durante um inquérito policial, pelo Ministério Público ou pela representação de autoridade policial. Segundo o artigo 313 do Código de Processo Penal, essa medida pode ser decretada em:
● Crimes inafiançáveis: em casos que não há possibilidade de pagamento de fiança ou liberdade provisória. Ou seja, a pessoa deverá ficar presa até o julgamento. Neste contexto, são considerados crimes infincáveis no Brasil: racismo, prática de tortura, terrorismo, tráfico de drogas, ações de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado de Direito e crimes hediondos como homicídio, latrocínio, estupro, entre outros;
● Crimes afiançáveis: quando há provas suficientes contra o indivíduo para tal ou quando há dúvidas sobre sua identidade ou faltam elementos para esclarecê-la;
● Crimes dolosos: acontece quando o réu já foi condenado pelo crime da mesma natureza, em sentença transitada em julgado, isto é, não cabem mais recursos;
● Crimes que envolvem violência doméstica contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, garantindo a execução das medidas protetivas de urgência.
O que é preciso para decretar a prisão preventiva?
Da mesma forma que é requerida, pode ser também revogado quando o juiz entender que ela não é mais necessária ou ainda pode ser decretada mais que uma vez, se há razões para tal. Sendo assim, entenda quais condições precisam ter para decretar esta medida:
● Garantia de ordem pública e ordem econômica: para impedir que o réu continue a praticar crimes contra essas ordem, causando prejuízos irreversíveis à sociedade;
● Conveniência da instrução penal: para evitar que a pessoa atrapalhe o processo ou a investigação, ameaçando testemunhas ou destruindo provas, por exemplo;
● Assegurar a aplicação da lei penal: neste caso, a prisão preventiva ocorre para evitar que o réu fuja ou ainda a impossibilidade de aplicar a sentença determinada pela Justiça.
Prisão Preventiva: Principais mudanças em 2023
As maiores mudanças na prisão preventiva são decorrentes do Pacote Anticrime, nome dado à Lei 13.964/19. Ele surgiu para combater a criminalidade no país, principalmente em casos de crimes graves como o tráfico de drogas, homicídios, crime organizado e outros delitos de repulsa social.
Nesse sentido, algumas mudanças em 2023 passarão a valer na prisão preventiva. Nos tópicos a seguir, você conhecerá as principais, veja:
Ofício pelo juiz
Uma das mudanças se refere a decretação da prisão, que agora não admite a decretação preventiva de ofício pelo juiz. Isso quer dizer que o Juiz não pode decretá-la sem que haja uma provocação para tal.
Contudo, o Pacote Anticrime não abrangeu todas as legislações especiais, apresentando muitas lacunas como a Lei Maria da Penha, por exemplo, que permite a possibilidade da prisão preventiva de ofício.
Apesar disso, mesmo em casos de crimes de violência contra a mulher, a prisão preventiva de ofício não ocorrerá mais, já que há uma regra majoritariamente aceita pela doutrina e jurisprudência que revoga expressa ou tacitamente a lei anterior.
Acréscimo de pressuposto
Outro fator de mudança se refere ao acréscimo de um quinto pressuposto para decretação da prisão preventiva, conforme o artigo 312 do Código Penal: o perigo da liberdade do agente.
Isto é, quando há prova de que a liberdade do indivíduo causa perigo a sociedade, somado ao indício de autoria, poderá ocorrer a decretação da prisão preventiva.
Parágrafo Segundo no artigo 312 do CPP
Este parágrafo diz que o Juiz só poderá decretar a prisão preventiva quando existirem motivos e fundamentos relacionados a fatos novos e contemporâneos, sem haver juízo de valor com relação a fatos passados.
Isso porque, em alguns casos, o Juiz trazia fatos passados da vida da pessoa para o julgamento. O Pacote Anticrime instituiu essa alteração para acabar de vez com esta ação.
Parágrafo Segundo no artigo 313 do CPP
Não se admite a prisão preventiva como antecipação de cumprimento da pena, isso porque a investigação criminal, a apresentação ou o recebimento da denúncia ainda está decorrente.
Afinal, somente o fato de ter ocorrido um crime ou ainda estiver acontecendo a investigação policial não é mais suficiente para decretar essa medida. Portanto, será necessário apresentar um dos pressupostos do artigo 312 do CPP.
Parágrafo segundo do artigo 315 da CPP
Neste caso, o artigo afirma que não se pode considerar como fundamentação de qualquer decisão judicial, qualquer ato que não explique sua relação com a causa. Isso quer dizer que, para decretar a prisão preventiva, precisará apresentar motivos claros e relacionados com a causa.
Nesse sentido, será considerado infundado a decisão que cita apenas enunciados e súmulas sem demonstrar nenhuma relação com o caso. Em síntese, o pedido precisa
Revogação da prisão preventiva
Segundo o artigo 316 do Código de Processo Penal, o magistrado poderá revogar a prisão de ofício quando existir pedido das partes ou ainda se, no decorrer do processo, identificar que faltam motivos para que a medida continue.
Deste modo, basta que o pressuposto não esteja mais presente. Por exemplo, após a decretação da prisão preventiva, o advogado juntou provas comprovando moradia fixa do acusado, então se este for o único pressuposto presente, o Juiz deverá revogar.
Vale destacar que, conforme as mudanças do Pacote Anticrime, a prisão preventiva não pode ocorrer por ofício do Juiz. No entanto, a revogação do ofício ainda é possível e o magistrado poderá também decretar novamente a medida, caso tenha motivos. Contudo, não pode ser feita de ofício.
Qual o prazo para prisão preventiva?
Embora não exista prazo para prisão preventiva, ou seja, pode durar meses ou até anos, existem decisões jurisprudenciais para proceder com a soltura do indivíduo, já que se passaram anos sem andamento do processo.
Além disso, o mesmo juízo que decretou a medida precisa analisar sua manutenção, para verificar se há a necessidade ou não de continuar com ela, conforme parágrafo único do artigo 316, do CPP.
Ainda segundo o mesmo artigo, o mesmo órgão jurisdicional que decretou a prisão precisa realizar a medida a cada 90 dias, revisando as necessidades de mantê-la. Caso contrário, a medida passa a ser ilegal, cabendo a impetração de habeas corpus.
Regime de comprimento
O regime deverá ser adotado para as penas com tempo superior a 8 (oito) anos, aplicados na sentença.
Para a pena de prisão há três modos de cumprimento ou, segundo a linguagem adotada no Direito Penal, há três regimes prisionais. São eles: fechado, semiaberto e aberto. Quem define o regime é o juiz na sentença condenatória, após calcular tempo que o condenado deverá ficar preso.
 Art 59 do Código Penal, o regime inicial de cumprimento de pena, na seguinte escala: a) regime inicial fechado: obrigatório para condenado a pena superior a 8 anos; b) regime inicial semiaberto: condenado não reincidente a pena superior a 4 anos e não excedente a 8 anos; e c) regime inicial aberto: condenado não ...

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