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Fraturas e Traumas em Crianças

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1 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 
FRATURA INFANTIL 
 
Mecanismo de trauma: 
As quedas permanecem sendo a causa mais comum de fratura. 
Nas quedas de altura em 34 % ocorrem traumas ortopédicos. 
 
Casa: 
• 83 % dos traumas e 37 % das fraturas. 
 
Escola: 
• Ocorre de 5 a 10 % dos traumas, sendo 53 % relacionado a atividade atlética. 
 
Automobilístico: 
• 10 % dos traumas infantis e somente 17 % destes eram ocupantes do veículo. 
• Atropelamento é uma das causas mais frequentes. 
• Crianças apresentam mais trauma pélvico e espinhal com trauma automobilístico do que com 
outros traumas. 
 
Nomenclatura dos segmentos ósseos: 
• Diáfise 
• Metáfise 
• Zona fisária (fise) 
• Epífise 
 
 
Tipos de crescimento ósseo: 
• Endocondral: crescimento a partir de um modelo cartilaginoso (fise). Ocorre em ossos longos. 
• Intramembranoso: crescimento a partir de uma membrana (periósteo). Ocorre nos ossos 
chatos (escápula, ilíaco). 
• Misto: os dois acima (clavícula). 
 
Fraturas em crianças: 
As fraturas diafisárias e metafisárias em crianças permitem que permaneça alguma deformidade 
residual que será compensada com o crescimento da criança. O esqueleto imaturo consegue corrigir 
deformidades pequenas e médias durante o crescimento, fazendo com que as fraturas infantis sejam 
menos cirúrgicas do que as de adulto. 
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Temos necessidade de radiografia de boa qualidade em duas incidências abrangendo as articulações 
adjacentes. 
A única deformidade que não é compensada é a rotacional (como, por exemplo, o pé rotado para 
dentro ou para fora). 
 
1) Fraturas diáfisárias em crianças: 
São fraturas comuns em criança e que apresentam excelente prognóstico. 
O tratamento geralmente é conservador com gesso e redução. 
Em crianças mais velhas, algumas vezes é necessário fixação, assim como em politraumatizados. 
 
 
Fraturas em galho verde: 
• Fratura extremamente comum, em que ocorre a fratura, mas em um dos lados o periósteo 
permanece íntegro. Ocorre na diáfise ou na metáfise. 
• Indicação de redução incruenta, para correção da deformidade, e gesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 
2) Fraturas metafisárias em crianças: 
Comportamento semelhante às diafisárias, mas aceita-se deformidades residuais grandes (30 graus) 
em antebraço distal e úmero proximal pelo potencial de crescimento. 
Já em úmero distal e rádio proximal aceita-se deformidades mínimas. 
Sempre há indicação de redução se a fratura apresenta desvio. 
• Na região do joelho, aceitamos maiores deformidades. 
• Na região do tornozelo, quadril, colo e trocânter do fêmur aceitam menos (crescem menos e 
corrigem menos deformidades residuais) 
 
 
3) Fraturas de Salter-Harris: 
São lesões na placa de crescimento. 
As lesões fisárias são classificadas em 6 tipos. 
As mais frequentes são as do tipo I e II e são as que apresentam menos risco de sequelas. 
Na lesão do tipo VI, normalmente ocorre uma lesão por compressão (o paciente cai de alguma altura, 
sofrendo esmagamento da placa de crescimento, o que dificilmente pode ser corrigido). 
 
 
 
a) Traumas fisários EXTRA-articulares: 
• São as lesões tipo I e II de Salter-Harris. 
• Apresentam bom prognóstico, pois a lesão ocorre na placa de 
pré-calcificação, em que as células proliferativas são preservadas. 
• Necessita de redução incruenta anatômica. Se instável, fixar com 
fios. 
• Pode ocorrer, como complicação, bloqueio do crescimento ósseo. 
 
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b) Traumas fisários INTRA-articulares: 
• Tipo III e IV de Salter-Harris. 
• Apresenta indicação de redução anatômica, geralmente cruenta. 
• Apresenta alto índice de complicações. 
 
 
Tipos de fixação de fraturas em crianças: 
 
1) Fixação intramedular: 
• Método preferido em fraturas diafisárias em crianças. 
• Útil em fraturas que não necessitam de cirurgia ou que não podem ser 
tratadas com gesso. 
• Mantém o alinhamento, e é pouco agressiva. 
• Em crianças não há problema de consolidação. 
 
 
2) Pinagem (fixação com fio ou parafuso): 
• Método preferencial para ser utilizado para fraturas epifisárias e 
metafisárias. 
• Pouco agressiva: risco pequeno de lesão da placa de crescimento. 
• Utiliza-se imobilização no pós-operatório. 
 
 
3) Fixador externo: 
• Utilizado em politraumatizados para controle de 
danos e para facilitar o manejo da equipe. 
• Maior taxa de re-fratura quando retira o fixador 
nos ossos longos. 
 
 
4) Placas e parafusos: 
• Utilizados em adolescentes, com pouco potencial de crescimento ósseo, 
em que não se possa aceitar deformidades residuais 
(que na criança mais nova seria compensada com crescimento ósseo). 
• Ou em casos em que se necessite estabilidade absoluta da fratura (as 
placas e parafusos são consideradas uma segunda opção relação às 
hastes intramedulares). 
 
Fraturas do cotovelo na criança: 
A criança com menos de 2 anos de idade pode apresentar núcleos de crescimento cartilaginoso sem 
calcificação, ou seja, rádio-transparentes. Deve-se sempre realizar radiografia contra-lateral. 
Diagnóstico diferencial: pronação dolorosa. 
 
 
 
 
 
 
 5 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 
Obs: Pronação dolorosa 
• Imaturidade do ligamento anular da cabeça do rádio. Por um puxão no antebraço, a cabeça do 
rádio acaba subluxando e o cotovelo sai do lugar. Com a pronação, a cabeça reduz e volta ao 
normal. 
• Temos uma história de luxação, com ausência de sinais de edema, e uma pronação que faz o 
cotovelo dar um “click” audível. Depois, pode ser reduzido de volta ao lugar. 
• Comum na criança até 3 anos de idade, parando de ocorrer após os 4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fraturas supracondilianas do úmero: 
Alto risco de complicações circulatórias e deformidade residual. 
Apresenta indicação de redução anatômica, sempre, na urgência, para evitar uma síndrome 
compartimental chamada de isquemia de Volkman (a artéria braquial pode sofrer compressão pelo 
edema da fratura, alterando a circulação do cotovelo até o punho). 
O tratamento é cirúrgico. 
 
 
 
 
 
 
 
Fraturas diafisárias do fêmur: 
O tratamento da fratura isolada do fêmur varia de acordo com a idade do paciente: 
• De 0 a 4 anos: gesso pélvicopodálico imediato. 
• 4 a 6 anos : tração e gesso posterior. 
• 6 a 10 anos: varia conforme biótipo do paciente - tração e gesso ou hastes intramedulares ou 
placas. 
• Pós 10 anos: hastes intramedulares (TENS). Quanto mais velho maior a indicação de hastes 
mais rígidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 
Fratura por maus tratos: 
Segundo sinal mais frequente de maus tratos (o 1º é lesão de pele). 
Criança com múltiplas fraturas em fases diferentes de consolidação ou fratura em crianças com 
menos de 1 ano. 
Pode apresentar, ainda, sinais de queimaduras e cortes. 
25% de chance de recorrência e 5% de morte. 
Fraturas geralmente em metáfises. 
Diagnóstico diferencial: osteogênese imperfeita (uma alteração no colágeno, levando a fragilidades e 
fraturas múltiplas. A osteogênese imperfeita tem uma fácies típica: esclera azulada, dentição alterada 
e menor estatura em relação à média).

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