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Filosofia Crítica da Educação

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3ºAula
Por uma filosofia crítica da 
educação
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
•	 conhecer os principais aspectos e conceitos da teoria de Michel Foucault;
•	 identificar aspectos básicos da sociologia educacional de Bourdieu;
•	 aprender semelhanças e diferenças de perspectivas entre Foucault e Bourdieu.
Disponível em: http://radio.ufpa.br/index.php/universidade-multicampi/filosofia-da-diferenca-e-
educacao/. Acesso em 15 de dezembro de 2022.
Prezados(as) alunos(as).
Nesta aula, vamos analisar questões fundamentais a respeito da filosofia 
crítica da educação. Trata-se de uma abordagem que visa desmistificar a 
perspectiva de que a educação concorre para o bem da sociedade. Nela, a 
educação é vista como um processo cheio de vícios estruturais que caminham 
para a conservação da sociedade e das relações desiguais de poder. Trata-se 
de uma perspectiva incômoda para boa parte dos profissionais da educação, 
porque desnaturaliza processos que são, muitas vezes, imperceptíveis. Espero 
que vocês gostem da aula. 
Bons estudos!
14Filosofia da Educação
1 - A perspectiva filosófica de Michel Foucault sobre a 
Educação
2 - Pensar na educação a partir de Pierre Bourdieu
3 - Semelhanças e distinções entre a filosofia de Foucault 
e a sociologia de Bourdieu
1 - A perspectiva filosófica de Michel 
Foucault sobre a Educação
Michel Foucault foi um filósofo, historiador e sociólogo 
francês, nascido em Poitiers, França, em 1926. Ele é conhecido 
por suas análises críticas da sociedade e do poder, bem como 
por sua contribuição para o desenvolvimento de novas 
abordagens teóricas na área da história e da sociologia. Foi, 
sem sombra de dúvidas, um dos mais influentes pensadores 
do século XX e sua obra teve um profundo impacto em várias 
disciplinas acadêmicas, incluindo a filosofia, a sociologia, a 
história, a psicologia e a literatura. Ele é conhecido por seus 
estudos sobre o poder, a verdade, a identidade e a subjetividade, 
bem como por suas análises críticas da instituição da prisão, 
sexualidade e da clínica psiquiátrica. Foucault também foi um 
defensor ativo dos direitos humanos e um crítico da opressão e 
da discriminação. Ele faleceu em 1984, mas sua obra continua 
a ser amplamente estudada e discutida até hoje.
 Para nos facilitar a compreensão a respeito da 
filosofia da educação de Foucault, vamos, inicialmente, 
conhecer alguns de seus principais conceitos filosóficos:
• Poder: Foucault argumentava que o poder é um 
fenômeno complexo e difuso que está presente em 
todas as relações sociais e que é exercido através de 
uma série de práticas e instituições. Ele argumentava 
que o poder é um fenômeno que é produzido e 
reproduzido continuamente nas relações sociais 
e que não está concentrado em uma única fonte, 
como o Estado ou a classe dominante.
• Verdade: Foucault também se interessou pelo 
modo como a verdade é produzida e difundida 
na sociedade, argumentando que ela é construída 
através de práticas discursivas e institucionais e 
não é um dado objetivo. Ele também argumentava 
que a verdade é um instrumento de poder e que os 
discursos dominantes são frequentemente utilizados 
para controlar e oprimir os indivíduos.
• Identidade: Foucault estudou o modo como a 
identidade é construída através da linguagem e das 
práticas sociais, argumentando que ela é um efeito do 
poder e não um dado natural. Ele também estudou 
o modo como os indivíduos são classificados e 
categorizados em diferentes grupos sociais e como 
essas classificações são utilizadas para exercer poder 
sobre eles.
• Subjetividade: Foucault também se interessou pelo 
modo como a subjetividade é produzida e moldada 
pelas práticas sociais e discursivas, argumentando 
Seções de estudo
que ela não é uma essência fixa e imutável, mas sim 
um produto da história e da cultura.
• Instituições: Foucault estudou o modo como as 
instituições, como a prisão e a clínica psiquiátrica, são 
utilizadas para controlar e disciplinar os indivíduos, 
argumentando que elas são ferramentas do poder e 
que produzem determinados tipos de indivíduos.
Diante desses conceitos importantes, podemos 
considerar que, na argumentação de Foucault, o sistema 
escolar e a educação são mecanismos pelos quais o poder é 
exercido e transmitido na sociedade. Ele afirmou que o sistema 
escolar e a educação são usados para reproduzir as estruturas 
sociais existentes e para incutir nos indivíduos os valores e 
normas da sociedade. Portanto, correspondem a sistemas que 
não são neutros e que, além disso, beneficiam certos grupos 
em detrimento de outros, reforçando as desigualdades sociais 
e econômicas. 
Nesse aspecto, por exemplo, Foucault argumentou 
que o conhecimento transmitido pelo sistema escolar e pela 
educação é construído socialmente e é influenciado pelas 
relações de poder existentes na sociedade, afirmando que 
o conhecimento é usado como uma ferramenta de poder 
moldado de acordo com os interesses dos grupos dominantes. 
Nesse aspecto, o poder é um fenômeno complexo e 
multifacetado que é exercido de muitas maneiras diferentes 
na sociedade, produzido, reproduzido e resistido através das 
relações sociais, dentre elas, a educação.
Na perspectiva filosófica de Foucault, a educação é um 
mecanismo pelo qual o poder é exercido e transmitido na 
sociedade. Ele argumentou que ela é um instrumento para 
reproduzir as estruturas sociais existentes e para incutir nos 
indivíduos, de modo bastante sutil, os valores e normas 
da sociedade, ou melhor, os valores e normas instituídos 
pelas elites. Além disso, ele afirmou que o conhecimento 
transmitido pelo sistema escolar e pela educação é construído 
socialmente e é influenciado pelas relações de poder existentes 
na sociedade. Isso porque o poder é exercido através de 
diferentes instituições, como a família, a escola e a religião, 
bem como através de práticas discursivas, como a linguagem, 
a escrita e a mídia. Ele argumentou que o poder é exercido 
de forma negativa, impedindo ou reprimindo certas ações, 
e de forma positiva, incentivando ou promovendo outras. 
Foucault nos ensina que o poder é exercido de forma mais 
eficaz quando é discreto e insinuado, em vez de ser exercido 
de forma direta e autoritária. 
Ao mesmo tempo, devemos levar em conta outro 
conceito importante de Foucault. Trata-se da perspectiva 
da microfísica do poder. Ele argumentou que o poder não 
é algo que é exercido de cima para baixo, mas sim algo que 
é produzido e reproduzido através das relações sociais. Para 
Foucault, a microfísica do poder se refere aos processos pelos 
quais o poder é exercido de forma discreta e insinuada nas 
relações sociais. Ele afirmou que o poder é exercido através 
de práticas discursivas, como a linguagem, a escrita e a mídia, 
que produzem e reproduzem as verdades e as normas da 
sociedade. Ao mesmo tempo, trata-se de um fenômeno 
complexo e multifacetado, exercido de maneiras distintas, 
inclusive, impedindo ou reprimindo certas ações, incentivando 
15
ou promovendo outras.
Conforme já sinalizado, a microfísica do poder é exercida 
através de instituições como a família, a escola e a religião, 
bem como através de práticas discursivas como a linguagem, 
a escrita e a mídia. No contexto da educação, o conceito de 
microfísica do poder pode ser aplicado de várias maneiras. 
Por exemplo:
• O poder é exercido através da estrutura do sistema 
escolar: a forma como a educação é organizada e 
administrada pode refletir as desigualdades sociais e 
econômicas existentes.
• O poder é exercido através do conteúdo da educação: 
o que é ensinado e como é ensinado pode reforçar 
certos valores e normas e excluir outros.
• O poder é exercido através da avaliação da educação: 
os métodos de avaliação e as expectativas para 
o sucesso podem beneficiar certos grupos em 
detrimento de outros.
• O poder é exercido através da relação entre 
professores e alunos: as dinâmicas de poder entre os 
professores e os alunos podem afetar a forma comoo conhecimento é transmitido e recebido.
2 - Pensar na educação a partir de 
Pierre Bourdieu
Pierre Bourdieu foi um sociólogo, antropólogo e filósofo 
francês, nascido em 1930 e falecido em 2002. Ele é considerado 
um dos mais influentes teóricos sociais do século XX e um 
dos mais importantes representantes da escola francesa de 
sociologia. Bourdieu desenvolveu uma teoria sociológica que 
se baseia na ideia de que os indivíduos são influenciados pelas 
estruturas sociais que os cercam, e que essas estruturas são 
refletidas na maneira como eles se comportam e pensam. Ele 
argumentou que a sociedade é dividida em classes sociais e que 
cada uma dessas classes tem seu próprio conjunto de valores 
e interesses. Bourdieu também teve um papel importante 
na crítica da teoria da reprodução social, argumentando que 
os indivíduos não são apenas influenciados pelas estruturas 
sociais, mas também têm capacidade de agir de forma 
autônoma e de resistir às normas e valores impostos pela 
sociedade. Entre suas obras mais importantes a respeito disso 
estão A Distinção: Crítica Social do Juízo (BOURDIEU, 2006) 
O Poder Simbólico (BOURDIEU,1989 ) e A Dominação Masculina 
(BOURDIEU, 2002).
Pierre Bourdieu estudou uma ampla variedade de temas 
durante sua carreira, mas os principais assuntos que ele 
explorou incluem:
• Classismo: Nessa perspectiva, a sociedade é dividida 
em classes sociais e essas classes são influenciadas 
por diferenças de capital econômico, cultural e social.
• Reprodução social: Bourdieu criticou a teoria 
da reprodução social, que sugere que as estruturas 
sociais reproduzem-se de uma geração para a outra, 
e argumentou que os indivíduos têm a capacidade de 
resistir às normas e valores impostos pela sociedade.
• Poder simbólico: Nesse que é um dos conceitos-
chave da teoria bourdieusiana, entende-se que 
o poder não é apenas uma questão de coerção 
física, mas também pode ser exercido através de 
simbolismos e símbolos que são utilizados para 
estabelecer e manter relações de dominação.
• Gênero: Bourdieu estudou a forma como as 
diferenças de gênero são refletidas e perpetuadas 
nas estruturas sociais e como elas influenciam as 
relações de poder entre homens e mulheres.
• Educação: Bourdieu estudou a maneira como a 
educação reflete e reproduz as desigualdades sociais 
e como ela pode ser utilizada como um meio de 
resistência às normas e valores impostos pela 
sociedade.
Para Bourdieu, o sistema escolar é parte do sistema de 
produção de capital cultural, ou seja, ele produz e reproduz 
as desigualdades sociais através da educação. Ele argumentou 
que o sistema escolar reflete e reforça as desigualdades sociais 
existentes, pois os estudantes de origem mais privilegiada têm 
mais acesso a recursos educativos de qualidade e têm mais 
chances de serem bem-sucedidos. 
Isso ocorre porque esses estudantes já possuem um 
capital cultural prévio, ou seja, conhecimentos, habilidades e 
atitudes que são valorizados pelo sistema escolar e que lhes 
permitem ter mais facilidade para aprender e se adaptar às 
exigências do sistema. Bourdieu também argumentou que o 
sistema escolar é um mecanismo de seleção e classificação dos 
estudantes, pois os que têm mais sucesso são recompensados 
com melhores oportunidades de carreira e ascensão social. 
Isso reforça as desigualdades sociais, pois aqueles que não têm 
sucesso no sistema escolar são condenados a posições sociais 
inferiores.
Bourdieu criticou ainda o fato de que o sistema escolar 
valoriza apenas certos tipos de conhecimento e habilidades, 
enquanto outros são desvalorizados ou ignorados. Ele 
argumentou que isso reforça as desigualdades sociais, pois 
aqueles que possuem capital cultural prévio diferente do 
valorizado pelo sistema escolar têm mais dificuldade de 
se adaptar e de ter sucesso. Ao mesmo tempo, Bourdieu 
argumentou que o poder no sistema escolar é exercido através 
da distribuição desigual de recursos educativos de qualidade, 
como professores qualificados, material didático de qualidade 
e acesso a bons equipamentos e instalações. Os estudantes de 
origem mais privilegiada têm mais acesso a esses recursos e, 
por isso, têm mais chances de serem bem-sucedidos.
Para compreender melhor a crítica de Bourdieu ao 
modelo educacional tradicional, nos compete considerar 
outros conceitos importantes. Exemplo disso é o conceito 
de capital cultural, que se constitui num conjunto de 
conhecimentos, habilidades e atitudes que são valorizados 
pelo sistema escolar e pelo mundo do trabalho. Ele inclui, 
por exemplo, o conhecimento de línguas estrangeiras, as 
habilidades matemáticas e científicas e as atitudes de disciplina 
e respeito à autoridade. Além disso, trata-se de um capital 
adquirido principalmente através da educação formal, mas, 
também, através de experiências de vida e de aprendizado 
não formal, como viagens, leituras, atividades culturais e 
esportivas, entre outras, que são típicos das elites financeiras e 
culturais. Nota-se se tratar de um conceito importante porque, 
16Filosofia da Educação
na prática, ele dá aos indivíduos mais chances de serem 
bem-sucedidos no sistema escolar e no mundo do trabalho. 
Aqueles que possuem um capital cultural prévio maior têm 
mais facilidade para aprender e se adaptar às exigências do 
sistema escolar e do mundo do trabalho, o que lhes permite 
ter mais oportunidades de carreira e ascensão social.
No entanto, o capital cultural também pode reforçar 
as desigualdades sociais, haja vista que aqueles que possuem 
um capital cultural prévio menor têm mais dificuldade de se 
adaptar e de ter sucesso no sistema escolar e no mundo do 
trabalho. Isso os condena a posições sociais inferiores e a uma 
vida com menos oportunidades.
Outro conceito importante é o de poder simbólico. 
Para Bourdieu, o poder simbólico é um tipo de poder que é 
exercido através da simbolização e da significação dos objetos, 
da linguagem e dos comportamentos. Ele é exercido através 
da capacidade de impor ou difundir certas representações, 
valores, normas e códigos de conduta e de fazer com que os 
outros os aceitem e os internalizem. Assim, no contexto da 
educação, o poder simbólico é exercido através da capacidade 
de definir o que é considerado conhecimento legítimo e 
relevante e de fazer com que os estudantes internalizem 
essas definições. Isso é feito através da valorização de certos 
tipos de conhecimento e habilidades e da desvalorização ou 
ignorância de outros. O poder simbólico também é exercido 
através da capacidade de determinar quais são os símbolos, 
títulos e certificados que são reconhecidos como legítimos e 
relevantes pelo sistema escolar e pelo mundo do trabalho. 
Por fim, temos o conceito de habitus. Para Bourdieu, 
o habitus é um conjunto de disposições duráveis que estão 
incorporadas no corpo e no espírito dos indivíduos e que 
orientam os seus comportamentos e escolhas de maneira 
automática e inconsciente. Essas disposições são adquiridas 
através da socialização e da experiência de vida e estão 
fortemente influenciadas pelo meio social em que os 
indivíduos vivem. 
O habitus inclui as expectativas, os valores, os gostos, 
os interesses e as habilidades dos indivíduos, bem como as 
suas atitudes e comportamentos em relação às diferentes 
situações e contextos sociais. Ele orienta os indivíduos de 
maneira automática e inconsciente para agir de acordo com 
as expectativas e os padrões do seu grupo social de origem 
e para evitar os comportamentos que seriam considerados 
inapropriados ou incômodos para esse grupo. 
No contexto da educação, o habitus é importante porque 
orienta os estudantes de maneira automática e inconsciente 
para agir de acordo com as expectativas e os padrões do 
sistema escolar e para evitar os comportamentos que seriam 
considerados inapropriados ou incômodos para esse sistema. 
Isso pode facilitar ou dificultar o acesso e o sucesso dos 
estudantes no sistema escolar, dependendo da compatibilidade 
ou não do seu habitus com o habitus valorizadopelo sistema 
escolar.
3 - Semelhanças e distinções entre a 
filosofia de Foucault e a sociologia de 
Bourdieu
Como vimos ao longo da nossa aula, Michel Foucault 
e Pierre Bourdieu são dois filósofos e sociólogos franceses 
que desenvolveram teorias importantes sobre poder, saber e 
cultura. Embora tenham abordagens diferentes, há algumas 
semelhanças notáveis entre o pensamento de Foucault e 
Bourdieu.
Uma das principais semelhanças é que ambos os filósofos 
enfatizam a importância da estrutura social e cultural, dentre 
elas a educação, na formação das identidades individuais e nas 
relações de poder. Foucault, em particular, argumenta que as 
relações de poder são interligadas e complexas, e que o poder 
é exercido de maneiras sutis e implícitas em todas as esferas 
da vida social. Bourdieu, por sua vez, desenvolveu a teoria do 
habitus, que sugere que as pessoas aprendem e incorporam 
normas, valores e expectativas sociais através da experiência 
cotidiana, e que essas normas e valores influenciam as escolhas 
e ações das pessoas.
Outra semelhança é que ambos os filósofos enfatizam 
a importância da linguagem e do discurso na construção da 
realidade e na manutenção do poder. Foucault, por exemplo, 
argumenta que o discurso é um meio pelo qual o poder é 
exercido e transmitido, e que a linguagem é um meio pelo 
qual as pessoas podem resistir ao poder. Bourdieu, por sua 
vez, enfatiza essa importância na construção da identidade 
e no acesso a recursos sociais e econômicos.
Eles enfatizam a importância da análise crítica e da 
reflexão sobre as estruturas sociais e culturais existentes, 
e têm um interesse em explicar como essas estruturas são 
mantidas e reproduzidas. No entanto, é importante notar que 
Foucault e Bourdieu têm abordagens diferentes para o estudo 
dessas questões, e que seus trabalhos podem ser bastante 
complexos e exigir uma leitura atenta e cuidadosa para serem 
compreendidos de maneira adequada.
Uma das principais diferenças é que Foucault destaca a 
importância do poder nas relações sociais, enquanto Bourdieu 
enfatiza a importância das desigualdades sociais e econômicas. 
Foucault argumenta que o poder é exercido de maneiras sutis 
e implícitas em todas as esferas da vida social, e que ele é 
interligado e complexo. Bourdieu, por sua vez, desenvolveu a 
teoria do capital, que sugere que as pessoas possuem diferentes 
tipos de capital (econômico, social e cultural) que influenciam 
suas oportunidades e acesso a recursos.
Outra diferença é que Foucault ressalta a importância 
da linguagem e do discurso na construção da realidade e 
na manutenção do poder, enquanto Bourdieu salienta a 
importância da linguagem e do discurso no acesso a recursos 
sociais e econômicos. Foucault argumenta que o discurso é 
um meio pelo qual o poder é exercido e transmitido, enquanto 
Bourdieu argumenta que as diferenças linguísticas podem ser 
usadas como um meio de opressão e exclusão.
Além disso, Foucault tem uma abordagem mais histórica 
e contextual em seu trabalho, enquanto Bourdieu tem uma 
abordagem mais estrutural e sistêmica. Foucault também tem 
um interesse maior na resistência e na subversão do poder, 
enquanto Bourdieu tem um interesse maior na reprodução 
das estruturas sociais e na manutenção das desigualdades.
No que compete à educação, Foucault evidencia a 
importância do poder na educação, enquanto Bourdieu 
realça a importância das desigualdades sociais e econômicas. 
Foucault argumenta que a educação é um meio pelo qual o 
17
poder é exercido e transmitido, e que a instituição escolar é 
um lugar onde as normas e valores dominantes são ensinados 
e internalizados pelos indivíduos. Bourdieu, por sua vez, foca 
na importância da educação no acesso a recursos sociais 
e econômicos, e argumenta que a educação contribui para 
a reprodução das desigualdades sociais através do que ele 
chama de “capital cultural”.
No entanto, é importante notar que essas são diferenças 
gerais e que os trabalhos de Foucault e Bourdieu são bastante 
complexos e multifacetados, e exigem uma leitura atenta e 
cuidadosa para serem compreendidos de maneira adequada.
 
1 - A perspectiva filosófica de Michel Foucault sobre 
a Educação
Nessa parte da nossa aula, entendemos que a crítica 
de Foucault ao sistema escolar e a educação é que eles são 
mecanismos pelos quais o poder é exercido e transmitido 
na sociedade, reproduzindo as estruturas sociais existentes e 
incutindo nos indivíduos os valores e normas da sociedade, 
reforçando as desigualdades sociais e econômicas. Além 
disso, ele argumentou que o conhecimento transmitido pelo 
sistema escolar e pela educação é construído socialmente e é 
influenciado pelas relações de poder existentes na sociedade. 
Em resumo, para Foucault, a educação é um mecanismo 
pelo qual o poder é exercido e transmitido na sociedade, 
reproduzindo as estruturas sociais existentes e incutindo nos 
indivíduos os valores e normas da sociedade. 
2 - Pensar a educação a partir de Pierre Bourdieu
Na segunda parte, vimos que a crítica de Bourdieu ao 
sistema escolar e a educação é que ela reforça as desigualdades 
sociais existentes e é um mecanismo de seleção e classificação 
dos estudantes, valorizando apenas certos tipos de 
conhecimento e habilidades. A educação é, portanto, uma 
forma de produção e reprodução de poder e desigualdades 
sociais. Ele argumentou que o sistema escolar é parte do 
sistema de produção de capital cultural, ou seja, ele produz e 
reproduz as desigualdades sociais através da educação.
Em resumo, para Bourdieu, o poder no sistema escolar é 
exercido através da distribuição desigual de recursos educativos 
de qualidade, da classificação e seleção dos estudantes e da 
valorização de certos tipos de conhecimento e habilidades. 
Isso reforça as desigualdades sociais e impede que aqueles que 
não possuem capital cultural prévio valorizado pelo sistema 
escolar tenham acesso a oportunidades iguais.
3 - Semelhanças e distinções entre a filosofia de 
Foucault e a sociologia de Bourdieu
Na última parte da nossa aula, vimos que Michel Foucault 
e Pierre Bourdieu são dois filósofos e sociólogos franceses 
que desenvolveram teorias importantes sobre poder, saber e 
cultura. Embora tenham abordagens diferentes, há algumas 
semelhanças e diferenças notáveis entre o pensamento 
de Foucault e Bourdieu. Ambos enfatizam a importância 
da análise crítica e da reflexão sobre as estruturas sociais e 
culturais existentes, e têm um interesse em explicar como 
essas estruturas são mantidas e reproduzidas. 
BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. 
Porto Alegre: Zouk, 2006. 
BOURDIEU, P. A dominação masculina. 2.ed. Rio de 
janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 1989. 
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 
39.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
Vale a pena ler
Vale a pena
Chegamos ao final da nossa aula. Nela, analisamos 
questões fundamentais a respeito da filosofia 
crítica da educação, numa abordagem que visa 
desmistificar a perspectiva de que a educação concorre para o bem 
da sociedade. Nela, a educação foi vista como um processo cheio de 
vícios estruturais, lutas de poder, que caminham para a conservação 
da sociedade e das relações desiguais de poder. Trata-se de uma 
perspectiva incômoda para boa parte dos profissionais da educação 
porque desnaturaliza processos que são, muitas vezes, vistos como 
naturais e desinteressados.
Retomando a aula
Minhas anotações

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