Buscar

A educação em Luckesi e Delors_atividade I

Prévia do material em texto

Acadêmico (a): Kátia Rocha Salomão
	Curso: Pós em Psicopedagogia Clínico e Institucional
	Disciplina: Fundamentos da Educação
Para Luckesi (1994) a educação teria na sociedade um certo tipo de papel transformador e emancipador que remete ao idearia da modernidade e ao iluminismo. Assim, como Kant no seu curto artigo/opúsculo intitulado ‘Resposta a pergunta o que é Alfklärung?’ de 1783, bem como em Voltaire em 1734 com suas ‘Cartas Filosóficas’ e sem deixar de mencionar na sua construção antropológica do humano como um ser esclarecimento e autônomo, o pensador contemporâneo Luckesi toma para si de empréstimo as teorias modernas a fim de pensar o papel da educação e o modo operantis de como através dela seria possível promover mudanças e revoluções sociais. 
Inclusive, pode-se apostas que Luckesi vai além dos modernos: os modernos projetaram ideias a serem espelho para o mundo futuro e cumpriram com suas metas e propostas, mas Luckesi enquanto pensador contemporâneo planejou uma estratégia que mais se aproxima de um plano de ação para esta tomada de controle e transformação social associada com o fazer educativo. Para nortear esta estratégia Luckesi pensa qual o papel da educação como um todo que vem de dentro da sociedade (?). E para denotar resposta para este crucial questionamento, o referido autor contemporâneo pensa por meio de uma tríade conceitual: a educação como reprodução, na medida em que ela espelha e direciona a vida social; a educação como redenção porque direciona, isto é, conduz a vida social para o futuro; e a educação como transformação, ou seja, como mediadora do modo como se vive em sociedade, a fim de construir um sentido para a ação humana ao longo do seu processo de desenvolvimento. 
Por isso, quando mencionamos o processo educativo como redenção social a educação trata-se de uma concepção para a formação da personalidade e do desenvolvimento das capacidades e habilidades de cada ser social, no sentido da construção de valores éticos e humanos para o mundo integrado, pensando a educação no seu papel redentor, ou seja, de encaminhar o indivíduo para valores humanos para a vida social. 
Logo, Luckesi segue inclusive as premissas de Demerval Saviani, pensador contemporâneo a ele, que em sua obra Escola e Democracia (1987), menciona que o pela da educação é reforçar os laços sociais, ampliar a possibilidade da coercitividade a fim de ampliar a integração do corpo social o mantendo ordenado. Parece-se uma ideia de disciplina social, através do papel reafirmador da redenção através dos valores humanos, mas para aprofundar a demanda discursiva pode-se inclusive questionar quais valores pertencem a este papel redentor (?). A resposta manifestada por Luckesi para este questionamento é professa em tom eclesial:
Pela desobediência, o ser humano (através do casal originário Adão e Eva) introduziu o desequilíbrio, o pecado! Deus mandou Cristo para trazer a salvação para os seres humanos e oferecer-lhes a oportunidade de retornar ao equilíbrio e à harmonia. Porém, os homens continuaram no seu delírio de quedas, distorções e desvios. A educação cabe a recuperação dessa harmonia perdida. E preciso, pela educação, "amar a sociedade". (COMÉNICO, Didática Magna: tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, apud LUCKESI, 1994, p. 39).
Assim, tanto Luckesi quanto os enciclopedistas e ainda os iluministas apontam aspectos que estão associados a uma certa tendência redentora da educação. Contudo, a força redentora da educação não se desliga da capacidade reprodutora e educação como transformadora da vida social. E para Luckesi em concordância com o seu mestre Saviani esta questão reprodutora é o que permanece como domínio na sociedade atual. 
A reprodução vem imantada por uma abordagem ‘Crítico Reprodutivista’ sobre o processo educativo, no qual o indivíduo reproduz o tecido social por ser o mesmo um produto deste meio: impera um certo tipo de coerção através dos padrões de vida existentes a saber a cultura, a família, o estado, a escola, isto é, os aparelhos ideológicos se sobrepõem a vontade dos indivíduos. 
A interpretação da educação como reprodutora da sociedade implica entendê-la como um elemento da própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e políticos — portanto, a serviço dessa mesma sociedade e de seus condicionantes. LUCKESI, 1994, p. 41).
A outra esfera da educação é a transformadora que acaba cumprindo a meta que Luckesi aponta como fim para sua abordagem: a emancipação e transformação da sociedade. Nesta tendência, o professor torna-se em seu oficio o mediador da possibilidade da transformação social, em que a educação é colocada a serviço da mudança e da conservação da vida em sociedade. 
Delors (1996) e os 4 pilares da educação, em especial, o aprender a ser, parece estar em harmonia com a ideia de transformação em Luckesi. Os quatro pilares da educação são fruto dos estudos da UNESCO em função da educação e o resultado foi publicado por Jaques Dellos no formato de um livro com o título ‘Educação um tesouro a descobrir”: os quatro pilares são: i) aprender a conhecer é a aquisição e conhecimento ao longo da vida para beneficiar-se destes conhecimentos; ii) aprender a fazer volta-se para o meio do trabalho e vincula-se com a possibilidade principalmente do ensino técnico onde vigora a ideia de labor; iii) aprender a conviver atrela-se com a necessidade de perceber a interdependências sociais e a vida compartilhada na vida social através de valores sociais e humanos para a cultura da paz; por fim iv) aprender a ser é o mais profundo porque está diretamente vinculado com a papel emancipatório que cada ser precisa adquirir ao longo de sua existência e por isso o vínculo com o pela transformador da educação em Luckesi. 
O aprender a ser abarca todos os pilares da educação e associa-se com a formação do humano em sua condição pluralista e social, devendo levar o indivíduo a ser melhor, sendo ele capaz de conviver com as diferenças e com as multiplicidades culturais. O aprender a ser é desenvolver ao máximo as potencialidades que despertam no sujeito do conhecimento como talentos naturais. O aprender a ser abarca pôr fim a possibilidade transformadora da educação. 
Referências:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor).
Os quatro Pilares da educação: UNESCO e Jaques Delors. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=v1HvBJKNn3Y&ab_channel=ProfessorDavi> Acesso e 13 de ago. 2022. 
DELORS, Jaques (et all.). Educação Um Tesouro A Descobrir. Brasília: Cortez e Unesco, 1996. (Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI).
image1.png

Mais conteúdos dessa disciplina