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Eduardo Sanches Gonçales Solange Aparecida Lorena Godoy Josieli Tripodi Organizadores Bauru Universidade de São Paulo Faculdade de Odontologia de Bauru 2015 © 2015 Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Disponível em: <http://www.fob.usp.br> UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU Diretora Profa. Dra. Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado Vice-Diretor Prof. Dr. Carlos Ferreira dos Santos Comissão de Biossegurança – 2014/2015 Prof. Dr. Eduardo Sanches Gonçales - Presidente Enfermeira Solange Aparecida Lorena Godoy - Vicepresidente Sra. Dalva Ribeiro de Oliveira - Secretária Profa. Dra. Andréa Cintra Lopes Prof. Dr. Arnaldo Pinzan Sr. Eduardo Abrantes Valério Sra. Josieli Aparecida Tripodi Prof. Dr. Pedro Sérgio da Silva Santos Profa. Dra. Vanessa Soares Lara Prof. Dr. Renato Yassutaka Faria Yaedú Comissão de Biossegurança – 2013/2014 Prof. Dr. Eduardo Sanches Gonçales - Presidente Enfermeira Solange Aparecida Lorena Godoy - Vicepresidente Sra. Dalva Ribeiro de Oliveira - Secretária Profa. Dra. Andréa Cintra Lopes Prof. Dr. Arnaldo Pinzan Sr. Eduardo Abrantes Valério Profa. Dr. Flaviana Bombarda de Andrade Prof. Dr. Flávio Augusto Cardoso Faria Sra. Josieli Tripodi Prof. Dr. Luiz Eduardo Montenegro Chinellato Prof. Dr. Paulo Sérgio Da Silva Santos Prof. Dr. Pedro Sérgio da Silva Santos Profa. Dra. Simone Rocha de Vasconcelos Hage Profa. Dra. Thais Marchini de Oliveira Valarelli Profa. Dra. Vanessa Soares Lara Comissão de Biossegurança - 2000 Profa. Dra. Odila Pereira da Silva Rosa - Presidente Prof. Dr. José Eduardo de Oliveira Lima Prof. Dr. Luiz Eduardo Montenegro Chinellato Prof. Dr. Osny Ferreira Martins Prof. Dr. Renato de Freitas Prof. Dr. Roberto Brandão Garcia Prof. Dr. Sebastião Luís Aguiar Greghi Prof. Dr. Sérgio Aparecido Torres Enf. Solange Aparecida Lorena de Godoy Enf. Mariângela Pereira Silva de Godoy Revisão e normalização Cybelle de Assumpção Fontes José Roberto Plácido Amadei Projeto gráfico Camila Medina Fotografia Denise Guimarães DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO (Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo) Gonçales, Eduardo Sanches G586m Manual de Biossegurança / Eduardo Sanches Gonçales, Solange Aparecida Lorena Godoy, Josieli Tripodi (organizadores). – 2. ed. -– Bauru :Faculdade de Odontologia de Bauru — Universidade de São Paulo, 2014. 58 p. : il. ; 30 cm. I. Autor. II. Título. 1. Biossegurança. 2. Controle de Infecções. 3. Manuais. PARTE 1 – NORMAS GERAIS 1 O QUE É BIOSSEGURANÇA E O QUE FAZ UMA COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA 2 RISCOS OCUPACIONAIS E DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS (INFECÇÃO CRUZADA) 2.1 CONDUTA APÓS ACIDENTE COM INSTRUMENTAL PERFUROCORTANTE NA FOB-USP 2.1.1 O QUE FAZER APÓS ACIDENTE 2.1.2 NO PRONTO SOCORRO CENTRAL (PSC) DE BAURU 2.1.3 NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM MOLÉSTIAS INFECCIOSAS (CRMI) PARTE 2 – NORMAS APLICADAS À ODONTOLOGIA 3 PROTEÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE 3.1 IMUNIZAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE 3.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 3.2.1 MÁSCARAS 3.2.2 ÓCULOS DE PROTEÇÃO 3.2.3 AVENTAIS 3.2.4 GORROS 3.2.5 HIGIENE DAS MÃOS 3.2.6 LUVAS 4 AMBIENTE ODONTOLÓGICO 4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES 4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PARA SAÚDE 4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS 5 PROCESSAMENTO E FLUXO DE ARTIGOS OU PRODUTOS PARA SAÚDE 5.1 LIMPEZA E SECAGEM DO INSTRUMENTAL 5.2 ACONDICIONAMENTO E ENTREGA NA CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO 5.3 TÉCNICA PARA EMPACOTAMENTO DO MATERIAL E INSTRUMENTAL PARA ESTERILIZAÇÃO EM AUTOCLAVE 5.4 ESTERILIZAÇÃO POR PROCESSO FÍSICO 5.5 RETIRADA DE MATERIAL 5.6 SUGESTÕES DE CAIXAS PARA OS INSTRUMENTAIS 5.7 CUIDADOS ESPECIAIS COM ALTA E BAIXA ROTAÇÃO (MICROMOTOR), PEÇAS RETAS E CONTRA-ÂNGULOS 5.8 DESINFECÇÃO 5.8.1 DESINFEÇÃO DE SUPERFÍCIES 5.8.2 DESINFECÇÃO DE MOLDES E PRÓTESES 5.8.3 CUIDADOS NO LABORATÓRIO DE PRÓTESE SUMÁRIO 9 10 11 13 13 14 14 17 18 18 18 19 19 20 21 22 27 29 29 30 31 32 33 33 35 36 36 37 37 38 39 39 41 6 USO DE BARREIRAS NAS SUPERFÍCIES 7 CUIDADOS EM RADIOLOGIA 8 MANEJO DE BIÓPSIAS 9 DENTES EXTRAÍDOS 10 POLÍTICA DE RESÍDUOS 10.1 RESÍDUOS INFECTANTES (GRUPO A) 10.2 RESÍDUOS QUÍMICOS (GRUPO B) 10.3 RESÍDUOS RECICLÁVEIS (GRUPO D) 10.4 RESÍDUOS PERFUROCORTANTES (GRUPO E) 11 O SISTEMA DE DESINFECÇÃO INTERNA DAS PEÇAS DE MÃO E MANGUEIRAS 12 CUIDADOS COM O AR 13 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POP) 14 PROPOSTA DE NORMATIZAÇÃO DA LIMPEZA DAS CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS DA FOBUSP PARTE 3 – NORMAS APLICADAS À FONOAUDIOLOGIA 15 BIOSSEGURANÇA APLICADA À CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA 15.1 IMUNIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE 15.2 HIGIENE DAS MÃOS 15.3 MANEJO ADEQUADO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 15.4 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 15.4.1 AVENTAIS 15.4.2 LUVAS 15.4.2 OUTROS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 15.5 PROCESSAMENTO DE ARTIGOS E DE SUPERFÍCIES REFERÊNCIAS APÊNDICES APÊNDICE A – Formulário de comunicação de acidente APÊNDICE B – Endereços e telefones úteis 42 43 44 45 46 47 47 47 47 48 49 50 52 56 58 59 59 60 61 61 61 61 62 71 78 79 79 PREFÁCIO Da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP (FOB-USP) não se espera menos que excelência. A Odontologia é uma profissão de risco para infecção cruzada, ou seja, agentes infecciosos oriundos do ambiente, alunos, funcionários, professores e pacientes, na ausência de medidas preventivas, podem ser levados a qualquer dos envolvidos. Isso em todas as Disciplinas da grade curricular. As medidas preventivas quebram essa cadeia e evitam a infecção. Essas medidas são preconizadas, implantadas e fiscalizadas pela Comissão de Biossegurança (CB). Criada em 1995, na FOB-USP, como Comissão de Controle de Infecção e alterando a denominação, em 1998, para Comissão de Biossegurança, do seu trabalho decorre a limpeza das instalações das clínicas de Odontologia, a modernidade de seus equipos e o entendimento do risco de infecção por seus funcionários, além de Central de Esterilização equipada com aparelhos adequados em número e funcionamento, sob a tutela de Enfermeira e com controle rígido da esterilização e pessoal treinado para evitar a infecção cruzada. A Comissão de Biossegurança também é responsável por repensar as técnicas de limpeza, desinfecção e barreiras conforme métodos mais novos ou mais adequados surjam; reciclar/treinar o pessoal da saúde na medida da necessidade; estabelecer normas de conduta em caso de acidentes com instrumentos perfurocortantes e contribuir para a saúde ambiental, com o descarte correto dos resíduos. Em 2000, foi impresso o primeiro “Manual de Biossegurança” pela Comissão. Hoje temos a revisão/atualização daquele, mantendo intocada a essência do anterior, com uma apresentação enxuta, direta, e com a clareza necessária para que o leitor, seja professor, aluno ou funcionário reconheça, aprenda e assuma sua responsabilidade na cadeia asséptica; trabalhe nas clínicas com tranquilidade, garantindo a mesma tranquilidade ao paciente, para proporcionar sempre o mesmo trabalho de excelência. Profa. Dra. Odila Pereira da Silva Rosa Docente aposentada da Disciplina de Microbiologia da FOB-USP 6 APRESENTAÇÃO A vida sempre nos reserva surpresas. Recém-chegado dos Estados Unidos da América, fui nomeado Presidente da Comissãode Biossegurança da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) pelo então diretor, Prof. Dr. José Carlos Pereira, tendo esta sido acompanhada pela necessidade de atualização do Manual de Biossegurança (MB) da FOB-USP. Assim, com a colaboração de todos os membros das Comissões de Biossegurança 2013 e 2014 e de alguns convidados não membros, realizou-se a leitura, revisão e atualização do Manual de Biossegurança da FOB-USP. Agradeço, portanto, à Comissão de Biossegurança e às Profas. Dras. Cássia Maria Fischer Rubira e Karin Hermana Neppelenbroek pela leitura e revisão dos Cuidados em Radiologia e Cuidados no Laboratório de Prótese e Desinfecção de Moldes e Próteses, respectivamente. Em hipótese alguma este Manual de Biossegurança pode ser considerado encerrado, pois novas necessidades de atualização surgirão. Conclamamos toda a comunidade da FOB-USP, a participar desse processo, por meio de discussões e sugestões, auxiliando a Comissão de Biossegurança. Agradeço à Profa. Dra. Odila Pereira da Silva Rosa, pelo prefácio, pelo apoio e por ter sido a iniciadora de tudo isso. Prof. Dr. Eduardo Sanches Gonçales Presidente da Comissão de Biossegurança 7 PARTE 1 – NORMAS GERAIS Eduardo Sanches Gonçales Solange Aparecida Lorena Godoy Josieli Tripodi A Biossegurança, segundo a Anvisa, é a “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar e reduzir ou eliminar riscos inerentes às 1 atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o meio ambiente” . Desta forma, para Cavalcante, Monteiro e Barbieri, [...] normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos, (como o estresse). No ambiente hospitalar encontram-se exemplos de todos estes tipos de riscos ocupacionais para o trabalhador de saúde (p. ex., radiações, alguns medicamentos 2 etc.) . [ p. 2] A Odontologia, como as demais áreas da saúde, também busca a prevenção da infecção 3,4 cruzada no atendimento ambulatorial . O art. 67 da Resolução SS-15, de 18/01/1999 determinou que “em estabelecimentos de assistência Odontológica com mais de seis profissionais exercendo atividades clínicas, deve ser 5 instituída uma comissão interna de biossegurança” . Assim, a FOB-USP instituiu sua Comissão de Biossegurança, que desempenha papel fundamental na criação e manutenção de programa de prevenção e controle de infecção, visando proteger pacientes e a equipe de saúde (professores, estudantes e pessoal auxiliar) do risco de transmissão de doenças infecciosas em suas clínicas. As metas específicas desse programa são: a) Descrever os cuidados relativos aos aspectos de Biossegurança; b) Estabelecer as rotinas de procedimentos no controle de doenças transmissíveis; c) Manter registro das ocorrências relativas a doença de notificação compulsória; d) Reduzir o número de microrganismos patogênicos encontrados no ambiente de tratamento� e) Reduzir o risco de contaminação e infecção cruzada no ambiente de tratamento; f) Proteger a saúde dos pacientes e da equipe de saúde; g) Conscientizar a equipe de saúde da importância de aplicar as técnicas adequadas de prevenção e controle da contaminação e infecção; h) Difundir entre todos os membros da equipe de saúde o conceito de precauções universais, que assume que qualquer contato com fluidos do corpo é infeccioso e requer que todo profissional sujeito ao contato direto com esses fluídos proteja-se; i) Estudar e atender às exigências dos regulamentos governamentais locais, estaduais e federais. Para atingir seus objetivos, a Comissão de Biossegurança inicial publicou, em 2000, a 6 primeira edição do Manual de Biossegurança da FOB-USP . Em 2014, este manual foi revisto, dada sua importância para a orientação e padronização das principais práticas de prevenção e controle da infecção cruzada, ampliando seu conteúdo para orientar os procedimentos realizados na Clínica de Fonoaudiologia, dentre outros itens. Considerando que "os profissionais das equipes de saúde bucal devem estar devidamente informados e atentos aos riscos ocupacionais inerentes às atividades 5 7,8 desenvolvidas" e da mesma forma, os (as) Fonoaudiólogos (as) em sua atuação , é responsabilidade de TODOS contribuir para o cumprimento das normas propostas, visando manutenção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. O QUE É BIOSSEGURANÇA E O QUE FAZ UMA COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA 1 10 A NR 32, de 2005, que regulamenta a segurança e a saúde no trabalho em serviços de saúde, definiu risco biológico como “a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. Consideram-se agentes biológicos “os microrganismos, geneticamente 9 modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons” . Considera-se que a prática diária do profissional de saúde o expõe a diversos riscos, que merecem ser minimizados e prevenidos, por meio de medidas padronizadas, independentemente de diagnóstico confirmado ou presumido de doença infecciosa 10 transmissível no indivíduo fonte . Segundo publicação da Anvisa, as seguintes medidas de precaução padrão devem ser 10 adotadas na assistência a todos os pacientes : a) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPIs; b) Lavar as mãos antes e após o contato com o paciente e entre procedimentos distintos realizados no mesmo paciente; c) Manipular cuidadosamente o material perfurocortante; d) Não reencapar, entortar, quebrar ou retirar as agulhas das seringas; e) Transferir os materiais e artigos, durante o trabalho a quatro mãos, com toda a atenção e, sempre que possível, utilizando-se uma bandeja; f) Manter as caixas de descarte dispostas em locais visíveis e de fácil acesso. Não preenchê-las acima do limite de 2/3 de sua capacidade total; g) Efetuar o transporte dos resíduos com cautela para evitar acidentes. h) Não afixar papéis em murais utilizando agulhas. i) Descontaminar as superfícies com desinfetantes preconizados pelo Controle de Infecção, caso haja presença de sangue ou secreções potencialmente infectantes. j) Submeter os artigos utilizados à limpeza, desinfecção e/ou esterilização, antes de serem utilizados em outro paciente. k) Não tocar os olhos, nariz, boca, máscara ou cabelo durante a realização dos procedimentos ou manipulação de materiais orgânicos, assim como não se alimentar, beber ou fumar no ambiente clínico. l) Manter os cuidados específicos na coleta e manipulação das amostras de sangue. m) Durante os procedimentos (com luvas), não atender telefones, abrir portas usando a maçaneta nem tocar com as mãos em locais passíveis de contaminação. Para os profissionais da saúde, um dos principais riscos em seus locais de trabalho são as “exposições ocupacionais a materiais potencialmente contaminados”, sendo mais 10 frequentes os acidentes envolvendo sangue e outros fluídos orgânicos . Destaca-se o risco de transmissão de doenças infecciosas como a gripe, rubéola, sarampo e tuberculose, dentre outras, por via aérea e doenças como a AIDS e hepatites, que podem ser transmitidas por sangue e outros fluidos orgânicos, por lesão percutânea 10 (perfurações e cortes), contatos de respingos nas mucosas do olho, nariz e boca . Na FOB-USP, no período entre maio e outubro de 2013, registraram-se 10 acidentes perfurocortantes com alunos de graduação e pós-graduação de Odontologia, sendo sua maioria com agulha durante ou após procedimento anestésico; também ocorreram acidentes com sondas exploradoras (principalmente durante a lavagem) e cortes com brocas, durante atendimento de pacientes.Além desses acidentes, o contato direto ou indireto, com os RISCOS OCUPACIONAIS E DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS (INFECÇÃO CRUZADA)2 11 pacientes durante o procedimento odontológico, expõe a aquipe odontológica à aquisição de 10 doenças como herpes simples, sarna, piolho, micoses e conjuntivite . A biossegurança aplica-se, portanto, aos profissionais envolvidos no atendimento de pacientes, bem como aos próprios pacientes, que podem adquirir as doenças supracitadas, oriundas de outros pacientes ou do pessoal envolvido no seu atendimento, caso ocorra negligência aos preceitos de biossegurança, caracterizando infecção cruzada. Nos Estados Unidos da América, em 2013, cerca de 7.000 pacientes atendidos por clínica odontológica, submeteram-se a exames, pois podem ter sido expostos ao HIV, hepatites B e C e outras doenças 11 infecciosas . Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência, pois a profilaxia da infecção pelo HIV, segundo o Ministério da Saúde, necessita ser iniciada logo após a ocorrência do acidente, o mais 12 rapidamente possível, preferencialmente em até duas horas após o acidente , porém, em casos 13 extremos, pode ser realizada até 24 a 36 horas depois . Nos acidentes de alto risco para 13 hepatite B, a quimioprofilaxia pode ser iniciada até uma a duas semanas depois . Estima-se em 0,3% o risco de transmissão ocupacional do HIV para o trabalhador de 14 15 saúde após exposição percutânea e após exposição mucocutânea, em 0,09% . Para a hepatite 13 B, o risco para o profissional depende da situação do paciente-fonte . Se a fonte for HBsAg e HBeAg positivos o risco varia de 22% a 31% para desenvolver doença clínica e de 37% a 62% para a conversão sorológica. Para pacientes-fonte com HBsAg-positivo, HBeAg-negativo o risco 16 de manifestação clínica da doença é de 1%–6%, e de conversão sorológica de 23%–37%) . 13 A conduta após acidente com material perfurocortante é a seguinte : a) “Lave exaustivamente com água e sabão o ferimento ou a pele exposta ao sangue ou fluido orgânico. Lave as mucosas com soro fisiológico ou água em abundância; não provoque maior sangramento do local ferido e não aumente a área lesada, a fim de minimizar a exposição ao material infectante. O uso de antissépticos tópicos do tipo PVPI pode ser adotado. Não é recomendada a utilização de agentes cáusticos ou injeção de antissépticos; b) Dirija-se imediatamente ao Centro de Referência no atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico de sua região. Nesse local, deverá ser comunicado o fato ao Técnico de Segurança do Trabalho, preenchido o inquérito de notificação e emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT. O ideal é que o acidentado e as condições do acidente sejam avaliados por uma equipe multiprofissional; c) Obtenha do paciente-fonte uma anamnese recente e detalhada sobre seus hábitos de vida, história de hemotransfusão, uso de drogas, vida sexual, uso de preservativos, passado em presídios ou manicômios, história de hepatite e DSTs e sorologias anteriores, para analisar a possibilidade de situá-lo numa possível janela imunológica; d) Leve sua carteira de vacinação ou informe sobre seu estado vacinal e dados recentes de sua saúde, sorologias anteriores etc.; e) Deverá ser solicitada pelo médico a coleta de amostras de sangue seu e do paciente- fonte. O paciente-fonte pode recusar-se a se submeter à realização da sorologia para HIV. Caso ocorra, deve-se considerar o paciente como sendo soropositivo e com alto título viral.” 12 Tendo em vista a filosofia de considerar todo paciente (independentemente da idade) como 10 portador de vírus patogênicos, com possibilidade de transmiti-los e a recomendação da profilaxia 12 antiviral idealmente dentro de duas horas após acidente com instrumentos perfurocortantes , a Comissão de Biossegurança da FOB-USP, com a anuência dos representantes da Administração da FOB- USP, Unidade Básica de Saúde do Campus de Bauru da USP, da Enfermagem do Pronto Socorro Municipal e da Seção de Moléstias Infecciosas da Prefeitura Municipal de Bauru, estabeleceu a seguinte conduta após acidente com instrumento perfurocortante de alunos, professores e funcionários nas clínicas odontológicas, com a finalidade de agilizar o atendimento. Para que essa conduta flua adequadamente, é preciso que TODOS tomem conhecimento dela, que a COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES esteja bem visível nas Clínicas e que os prontuários dos pacientes tenham o ENDEREÇO COMPLETO. A seriedade com que se encaram atualmente os acidentes em clínica nos leva a redobrar nossa atenção. Atente-se prioritariamente para a execução de uma anamnese adequadamente feita, a vacinação contra a hepatite, o manuseio cuidadoso dos perfurocortantes e a limpeza do instrumental com luva de borracha grossa. 2.1 CONDUTA APÓS ACIDENTE COM INSTRUMENTAL PERFUROCORTANTE NA FOB-USP 2.1.1 O que fazer após acidente a) Se o acidente ocorrer na pele, lavar abundantemente com água e sabão, ou com 2 12, antissépticos; se ocorrer na mucosa, lavar abundantemente com água ou soro fisiológico 17 . Evitar o uso de substâncias cáusticas como hipoclorito de sódio e não provocar maior sangramento do local ferido, por serem atitudes que aumentam a área lesada e, 2 12, 17 consequentemente, a exposição ao material infectante . b) Comunicar imediatamente ao professor responsável ou substituto, para que este preencha uma Comunicação de Acidente (Anexo 1) em duas vias, uma para ser obrigatoriamente arquivada e ficar disponível por no mínimo 5 anos e outra, para que o acidentado procure o Pronto Socorro Municipal (PS) identificando o tipo do ferimento e a região atingida. O acidentado deve ser encaminhado ao PS e sua ida é compulsória. Apesar disso, caso o mesmo se recuse a ir ao PS, a comunicação deverá ser preenchida. Nesse caso, assinará sua desistência, em "Observações", assumindo toda a responsabilidade por sua decisão, isentando a FOB-USP, bem como seus docentes, funcionários e discentes de quaisquer responsabilidades. Lembrar que o arquivamento da segunda via da Comunicação de Acidente é obrigatório; c) Solicitar o auxílio de funcionário da clínica previamente escalado para esse fim pela Assistência Técnica Administrativa (atendente da clínica onde ocorreu o acidente), para que esse solicite um veículo da Unidade ao encarregado do Setor de Veículos, no ramal 358281, para transporte do acidentado, paciente-fonte e dos acompanhantes. Conversar com o paciente, explicando o que acontecerá com o acidentado frente ao ocorrido, e solicitar sua colaboração no sentido de submeter-se à colheita de sangue, para os exames sorológicos necessários. FACULTA ao indivíduo envolvido (não ao acidentado) a submissão aos exames laboratoriais. ATENÇÃO: se o acidente ocorrer após a saída dos professores, o aluno comunicará ao funcionário da clínica, que informará o professor. 13 2.1.2 No Pronto Socorro Central (PSC) de Bauru PRONTO SOCORRO CENTRAL Rua Rubens Arruda, Quadra 07, s/n - Centro, Bauru, SP Telefones: (14) 3104-1160 e (14) 3104-1166 Horário: 24 horas/dia, 7 dias/semana. a) Com a Comunicação de Acidente na mão, o aluno deverá dirigir-se à Recepção, onde deverá preencher o Formulário de solicitação de medicamentos para AIDS. b) Entrar no prédio do Pronto Socorro Central, mas não entrar na fila. c) Procurar pelo enfermeiro de plantão e apresentar o encaminhamento. Imediatamente ele passará para o Médico de plantão, que preencherá formulário da Seção de Moléstias Infecciosas, o receituário e os formulários para solicitação da medicação e colheita de sangue. d) Seguir as orientaçõesda equipe de saúde do PSC. 2.1.3 No Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI) CENTRO DE REFERÊNCIA EM MOLÉSTIAS INFECCIOSAS (CRMI) Rua Silvério São João, Quadra 1, s/n – Centro Bauru, SP Telefones: (14) 3224-2380 e (14) 3235-1463 Horário: de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas Localizado dois quarteirões abaixo do Pronto Socorro Central No local, haverá orientação médica quanto aos riscos, à continuação da medicação e outras dúvidas que surgirem. 14 15 PARTE 2 – NORMAS APLICADAS À ODONTOLOGIA Eduardo Sanches Gonçales Solange Aparecida Lorena Godoy Josieli Tripodi A imunização deve ser realizada pelos profissionais da saúde devido à exposição e ao 10 alto risco de aquisição de doenças infecciosas . Apesar da imunização ser considerada uma ferramenta essencial para a proteção da equipe de saúde, o fato de estar vacinado não permite aos membros da equipe negligenciar os demais cuidados de proteção, uma vez que não existem vacinas para todos os tipos de moléstias infecciosas e, mesmo vacinados, em situações específicas, podem não ficar imunizados. As vacinas mais importantes para os profissionais da Odontologia são contra hepatite B, influenza, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e dupla tipo adulto (difteria e tétano). 10 Além destas, a vacina contra febre amarela, BCG (tuberculose) e pneumococos (pneumonia) . Os serviços públicos e redes credenciadas oferecem vacinas aos profissionais de equipe e estudantes da área da saúde, dadas as garantias existentes com o esquema vacinal, o lote e a 10 conservação adequada . Sugere-se acompanhar o calendário de vacinação de adultos e idosos, bem como as campanhas realizadas pelos órgãos de saúde, que podem ampliar a cobertura, com o oferecimento de novas vacinas ou desenvolver ações específicas, conforme a incidência de doenças. PROTEÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE 3 3.1 IMUNIZAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE O art. 36 da Resolução SS-15, de 18 de j a n e i r o d e 1 9 9 9 d e t e r m i n a q u e o s estabelecimentos de assistência odontológica possuam os seguintes equipamentos de proteção ind iv idua l (EP Is ) : luvas para atendimento clínico e cirúrgico, avental para proteção, máscaras de proteção, óculos de proteção e gorro⁵. O uso dos EPIs faz parte das medidas de precaução padrão nos ambientes de , saúde² ¹² ¹⁷. 3.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 18 3.2.1 Máscaras Durante o tratamento de qualquer paciente, deve ser usada máscara na face para 12 proteger as mucosas nasais e bucais da exposição ao sangue e saliva . A máscara dever ser 18 17 descartável e apresentar camada dupla ou tripla para filtração eficiente. Ÿ As máscaras devem ser colocadas após o gorro, antes dos óculos de proteção e adaptar-se confortavelmente à face, sem tocar lábios e narinas. Não devem ser 6 ajustadas ou tocadas durante os procedimentos . 18 Ÿ Devem ser trocadas entre os pacientes e sempre que se tornarem úmidas , quando dos procedimentos geradores de aerossóis ou respingos, o que diminui sua eficiência. Ÿ Não devem ser usadas fora da área de atendimento, nem ficar penduradas no 17 pescoço . Ÿ Devem ser descartadas após o uso, sempre no lixo contaminado. Ÿ Para sua remoção, as máscaras devem ser manuseadas o mínimo possível e somente pelos cordéis, tendo em vista a contaminação da sua porção anterior. Ÿ O uso de protetores faciais de plástico NÃO exclui a necessidade da utilização das 18 máscaras . Ÿ Máscaras e óculos de proteção não são necessários no contato social, tomada da história clínica, medição da pressão arterial ou procedimentos semelhantes. 3.2.2 Óculos de proteção 17,18 Óculos de proteção com vedação lateral ou protetores faciais de plástico devem ser usados durante o tratamento de qualquer paciente, para proteção ocular contra acidentes ocupacionais (partículas advindas de restaurações, placa dentária, polimento) e contaminação proveniente de aerossóis ou respingos de sangue e saliva. 18 Também devem ser usados no laboratório, na desinfecção de superfícies e manipulação de instrumentos na área de lavagem e não devem ser utilizados fora da área de atendimento clínico. Devem ser lavados e desinfetados após o atendimento de cada paciente (entre os pacientes) ou sempre que apresentarem sujidade. 17,19 Observação: é importante possuir óculos de proteção , ao menos desinfectados, para uso dos pacientes durante os procedimentos. 19 3.2.3 Aventais A equipe de atendimento odontológico deve utilizar vestes de proteção, como aventais reutilizáveis ou descartáveis, aventais para laboratório ou uniformes. • usado em procedimentos semicríticos e não críticos, de cor Avental não estéril: 18 17 19 clara (preferencialmente branco), gola alta do tipo "gola de padre" , com mangas 17,18,19 19 longas , punho elástico e comprimento até o joelho (3/4) , mantido sempre 18 abotoado . Tanto operador(es) quanto auxiliar(es) e circulantes, devem estar utilizando aventais nesse procedimento. • (“jaleco cirúrgico” ou “capote cirúrgico”): usado em procedimentos Avental estéril críticos, deve ser vestido após o profissional estar portando EPIs e ter realizado a 19 degermação cirúrgica das mãos . Deve ter fechamento pelas costas, mangas longas 19 com punho elástico, com comprimento cobrindo os joelhos , podendo ser de tecido 18 ou descartável (gramatura 40, no mínimo). As luvas devem ser calçadas após a 19 colocação do mesmo . O(s) operador(es) e auxiliar(es) devem utilizar jalecos cirúrgicos em todos os procedimentos críticos. Os aventais não estéreis devem ser trocados pelo menos diariamente, sempre que 17,19 21 contaminados por fluidos corpóreos ou apresentarem sujidades . Os aventais estéreis, usados primariamente em procedimentos cirúrgicos, devem ser trocados a cada procedimento. Os aventais utilizados devem ser retirados na própria clínica e, com cuidado, colocados 17 nos sacos de plástico adequados , para limpeza ou descarte. A circulação fora do ambiente de 9 trabalho vestindo jalecos e aventais é proibida, conforme art. 32.2.4.6.2 da NR 32 e Lei nº 20 14.466, de 2011, em vigor no Estado de São Paulo . Com essa atitude, evita-se a veiculação de microrganismos da clínica para outros ambientes, inclusive o doméstico. Figura 1 - Cirurgião-den�sta paramentado para atendimento clínico e para procedimento cirúrgico: a) jaleco de tecido não estéril e b) jaleco de TNT estéril. A B 20 3.2.4 Gorros Os cabelos devem ser protegidos da contaminação por meio de aerossóis e gotículas de 17 sangue e saliva , com a utilização de gorros ou toucas descartáveis, que devem ser trocados quando houver sujidade visível, ou ao final do período de atendimento. Em procedimentos críticos, devem ser substituídos ao final de cada procedimento. 3.2.5 Higiene das mãos 21 A pele humana caracteriza-se pela presença de microorganismos . Em 1938, Price propôs duas categorias para definir a microbiota da pele: microbiota transitória e microbiota 22 residente . Ÿ Microbiota transitória: encontrada na camada superficial da pele, sendo possível removê-la com a higienização simples da mão, com água e sabão, por fricção 23, 24, 25 mecânica . Pode ser adquirida pelo contato direto com pessoas, ambientes ou superfícies, estando, portanto, associadas às infeções relacionadas com a assistência à 21,23, 24,25 saúde . Ÿ Microbiota residente: encontra-se nas camadas mais profundas da pele, sendo 21,24,25 mais resistente à remoção, estando menos associada com infecções . 21 Figura 2 - Cirurgião-den�sta adequadamente protegido durante procedimento clínico 5 O art. 23 da Resolução SS-15de 18/01/1999 determinou, no âmbito do Estado de São Paulo, que todo o estabelecimento de assistência odontológica deve ter lavatório com água corrente, de uso exclusivo para lavagem de mãos dos membros da equipe de saúde bucal. Estipulou ainda que a lavagem de mãos é obrigatória para todos os componentes da equipe de saúde bucal, que o lavatório deve contar com: a) dispositivo que dispense o contato de mãos com o volante da torneira ou do registro quando do fechamento da água; b) toalhas de papel descartáveis; c) sabonete líquido em dispositivo que dispense o contato de mãos para sua obtenção e que a limpeza e/ou descontaminação de artigos não deve ser realizada no mesmo lavatório para lavagem de mãos. Este cuidado foi apresentado posteriormente, no âmbito nacional, na Resolução – RDC nº50, de 21 de fevereiro de 2002, que trata do planejamento, programação, elaboração e 26 avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde . A Parte III, item B.4, prevê a instação de três tipos básicos de equipamentos para lavagem das mãos: 1) lavatórios, exclusivos para lavagem das mãos; 2) pias, de uso preferencial para lavagem de utensílios, podendo também ser utilizada para lavagem das mãos e 3) lavabos cirúrgicos, para lavagem do antebraço e mãos no preparo cirúrgico. Estes equipamentos devem contar com “torneiras ou comandos do tipo que dispensem o contato das mãos quando do fechamento da água”, sendo 26 que nos lavabos cirúrgicos “a torneira não pode ser do tipo de pressão com temporizador” . Junto aos lavatórios, pias e lavabos cirúrgicos deve existir provisão de sabão líquido degermante e recursos para secagem das mãos. Além do sabão citado, deve-se prover antisséptico junto às torneiras de lavagem das mãos nos ambientes que executem “procedimentos invasivos, cuidados a pacientes críticos e/ou que a equipe de assistência tenha 26 contato direto com feridas e/ou dispositivos invasivos tais como cateteres e drenos” . A Resolução – RDC nº 50 determina que “sempre que houver paciente (acamado ou não), examinado, manipulado, tocado, medicado ou tratado, é obrigatória a provisão de recursos para a lavagem de mãos através de lavatórios ou pias para uso da equipe de assistência”, sendo também obrigatório nos “locais de manuseio de insumos, amostras, 26 medicamentos, alimentos” . 24 O termo “lavagem das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” , sendo também utilizado o termo “higiene das mãos”. Para a Anvisa, a “higiene das mãos” é um termo geral, que se refere a qualquer ação de higienizar as mãos para prevenir a transmissão de microrganismos e consequentemente evitar que pacientes e profissionais de saúde adquiram 27 infecções relacionadas à assistência à saúde” . Engloba a "higiene simples (“ato de higienizar as mãos com água e sabonete líquido comum”), a higiene antisséptica (“ato de higienizar as mãos com água e sabonete líquido associado a agente antisséptico”), a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica (“aplicação de preparação alcoólica nas mãos para reduzir a carga de microrganismos sem a necessidade de enxague em água ou secagem com papel toalha 27 ou outros equipamentos”) e a antissepsia cirúrgica das mãos” . Observação: A Anvisa define dois tipos de preparações alcoólicas para higiene das mãos, sendo um 27 em forma líquida e outro em gel : Ÿ Preparação alcoólica para higiene das mãos sob a forma líquida: preparação contendo álcool na concentração final entre 60% a 80%, destinadas à aplicação nas mãos para reduzir o número de micro-organismos; 22 Ÿ Preparação alcoólica para higiene das mãos sob as formas gel, espuma e outras: preparações contendo álcool 70 com atividade antibacteriana comprovada por testes de laboratório in vitro (teste de suspensão) ou in vivo, destinadas a reduzir o número de micro-organismos; Ÿ Em ambas preparações recomenda-se que contenham emolientes em sua 27 formulação para evitar o ressecamento da pele . Dada a importância da higienização das mãos, a Resolução - RDC nº 42, de 25 de outubro de 2010, tornou obrigatório, diponibilizar preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, em "pontos de assistência e tratamento de todos os serviços de saúde do país; nas salas de triagem, de pronto atendimento, unidades de urgência e emergência, ambulatórios, unidades de internação, unidades de terapia intensiva, clínicas e consultórios de serviços de saúde; nos serviços de atendimento móvel; e nos locais em que são realizados quaisquer procedimentos invasivos. A localização dos dispensadores deve ocorrer em lugar 28 visível e de fácil acesso" . A World Health Organization (WHO) propôs, em 2004, a melhoria na qualidade da 29 assistência e segurança do paciente em serviços de saúde . Neste âmbito, a higienização das mãos é o grande desafio na prevenção da infecção. Por sua importância, estas recomendações 27 foram incorporadas pela Anvisa, como parte do Programa Nacional de Segurança do Paciente . 29 27 Nos serviços de saúde, a WHO e a Anvisa recomendam “cinco momentos” para higienização das mãos devido ao risco de transmissão de micro-organismos. a) Antes de tocar o paciente. b) Antes de realizar procedimento limpo/asséptico. Antes de manusear dispositivo invasivo, independentemente do uso ou não de luvas. Ao se mover de um sítio anatômico contaminado para outro durante o atendimento do mesmo paciente. c) Após o risco de exposição a fluidos corporais ou excreções. Após contato com fluidos corporais ou excretas, membranas mucosas, pele não íntegra ou curativo. Ao se mover de um sítio anatômico contaminado para outro durante o atendimento do mesmo paciente. Após remover luvas esterilizadas ou não. d) Após tocar o paciente. Antes e depois do contato com o paciente. Após remover luvas esterilizadas ou não. e) Após tocar superfícies próximas ao paciente. Após contato com superfícies e objetos inanimados (incluindo equipamentos para a saúde) nas proximidades do paciente. Após remover luvas esterilizadas ou não. As técnicas para higiene das mãos com água e sabonete líquido e fricção antisséptica com preparações alcóolicas, estão representadas abaixo. Salienta-se que, antes de realizar a higiene das mãos, profissionais de serviços de saúde devem remover quaisquer tipos de adornos das mãos e punho, como anéis, alianças, 27,29 pulseiras, relógios, além de manter as unhas curtas e bem cuidadas . 23 24 Figura 3 - Protocolo para prática de higiene das mãos com água e sabonete, em serviços de saúde Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos: quando e como fazer. Brasília, DF: ANVISA, [c2009?]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizesuas maos/produtos/cartaz%20sabonete.pdf>. Acesso em: 22 maio 2015 25 Figura 4 - Protocolo para fricção anti-séptica das mãos em serviços de saúde Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos: quando e como fazer. Brasília, DF: ANVISA, [c2009?]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizesuas maos/produtos/cartaz%20alcool.pdf>. Acesso em: 22 maio 2015. 3.2.5.1 Antissepsia cirúrgica das mãos É o processo realizado antes de procedimentos cirúrgicos e de procedimentos de risco, utilizado para eliminar a microbiota transitória; controlar a microbiota residente das mãos e manter efeito residual por 2 a 6 horas, com o uso de antissépticos associados a detergentes. As soluções mais utilizadas são a solução de digluconato de clorexidina degermante a 2 ou 4% e a solução de PVPI 10%, com 1% de iodolivre, com detergente. A técnica para antissepsia cirúrgica das mãos está representada na sequência: Figura 5 - Técnica para an�ssepsia cirúrgica das mãos Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienize as mãos: salve vidas. Brasília, DF: ANVISA, [c2009?]. Disponível em: <h�p://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connec t/54a40180474577e98553d53�c4c6735/carta z_sepsia.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 26 fev. 2014. 26 3.2.6 Luvas Sempre que houver possibilidade de contato com sangue, saliva, mucosa ou superfície 3 contaminada, o profissional deve utilizar luvas . Embora as luvas não protejam contra perfurações de agulhas, está comprovado que “podem diminuir a penetração de sangue em até 17 50% do seu volume” . As luvas não são necessárias no contato social, tomada do histórico do paciente, 29 medição da pressão sanguínea ou procedimentos similares . As luvas não estéreis podem ser usadas para exames e outros procedimentos não críticos; luvas estéreis devem ser usadas para os procedimentos críticos. As luvas devem ser calçadas após a colocação de gorro, máscara, óculos, e avental. O 29 uso de luvas não dispensa a higienização das mãos , portanto, as mãos devem ser lavadas antes 9,17, 23, 27 e depois do uso das mesmas . Antes do atendimento de cada paciente, o profissional deve higienizar as mãos e calçar 3 luvas novas . Após o atendimento, as luvas devem ser descartadas e as mãos lavadas novamente. Tanto as luvas para procedimento como as luvas cirúrgicas são descartáveis, portanto, NÃO devem ser lavadas antes do uso, NEM lavadas, desinfetadas ou esterilizadas para 19,29 reutilização . Devem ser descartadas no lixo contaminado, independentemente do tipo de procedimento em que foram utilizadas. As luvas de látex para exame não foram formuladas para resistir à exposição prolongada às secreções, podendo ficar comprometidas durante procedimentos de longa 3, 17 duração, devendo ser substituídas por novas durante esses procedimentos . Estão disponíveis no comércio, as luvas cirúrgicas estéreis de látex, luvas de látex não estéreis para procedimentos semicríticos, sobre luvas (luvas esterilizadas de plástico vinil) e 19 luvas de látex grossas para limpeza (luvas comerciais) . Existem ainda luvas descartáveis de nitrilo, que é uma opção para profissionais que não se adaptam ao uso de luvas de látex . 17 A parte externa das luvas NÃO deve ser tocada na sua remoção ; devem ser checadas quanto à presença de rasgos ou furos antes e depois de colocadas, devendo ser trocadas, caso isso ocorra. Caso as luvas se esgarcem ou rasguem durante o tratamento de um paciente, devem ser substituídas imediatamente, lavando novamente as mãos antes de reenluvá-las. Se ocorrerem acidentes com instrumentos perfurocortantes, as luvas devem ser removidas e 17 eliminadas, as mãos devem ser lavadas e o acidente comunicado . Superfícies ou objetos fora do campo operatório NÃO podem ser tocados por luvas 17 usadas no tratamento do paciente . Recomenda-se a utilização de sobreluvas ou pinças esterilizadas ou a remoção da luva e lavagem das mãos. ATENÇÃO: luvas usadas não devem ser 19,29 lavadas ou reu�lizadas . 27 Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície lisa, abrindo-o sem contaminá-lo. A Expor as luvas de modo que os punhos fiquem voltados para si. B Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita, pela dobra do punho. C Levantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os dedos da luva para baixo. D Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a dobra do punho. E Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada sob a dobra do punho da luva direita (D). F Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a dobra até cobrir o punho da manga do avental. G Colocar os dedos da mão D enluvada na dobra do punho da luva E, repetindo o procedimento acima descrito. H Ajustar os dedos de ambas as mãos. I Posição do profissional para aguardar início do procedimento Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo lado externo do punho, e a segunda pelo lado interno. J K Figura 6 - Técnica de colocação de luvas estéreis (imagens de A até I), posição do profissional para aguardar início do procedimento (imagem J) e sua retirada 3.2.6.1 Técnica para colocação de luvas esterilizadas 28 Na área da saúde, a Odontologia apresenta quadro heterogêneo de detalhes com vistas à prevenção e controle de infecção, o que pode dificultar a tomada de decisões em relação aos cuidados quanto à esterilização ou desinfecção de superfícies ou instrumentos. As dificuldades poderão ser eliminadas ou extremamente reduzidas se o profissional, 30 independentemente de sua especialidade, distinguir o ambiente de atuação e o risco potencial de transmissão dos instrumentos e materiais utilizados. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES Segundo a Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, considera-se ambiente “o espaço fisicamente determinado e especializado para o desenvolvimento de determinada(s) a�vidade(s), caracterizado por dimensões e instalações diferenciadas, podendo ser uma sala ou uma área”. A mesma Resolução, em seu Glossário, define “área” como um “ambiente aberto, sem 26 paredes em uma ou mais de uma das faces” . Considerando-se o risco potencial de transmissão de infecção, as áreas podem ser 26,30 classificadas em : Ÿ locais onde se realizam procedimentos invasivos, ou manipulam-se Áreas crí�cas: produtos e materiais com alto risco de contaminação. Ÿ locais onde se realizam procedimentos de baixo risco de infecção Áreas semicrí�cas: ou de contaminação. Ÿ locais onde não se realizam procedimentos de risco de infecção ou Áreas não crí�cas: de contaminação. A clínica de atendimento a pacientes é um exemplo de área crí�ca, enquanto que alguns �pos de laboratório podem ser considerados semicrí�cos e o setor administra�vo, onde não se 30 atendem pacientes, não crí�cos . As áreas não crí�cas exigem limpeza constante, enquanto que as áreas crí�cas e semicrí�cas exigem limpeza e desinfecção constantes. Os equipamentos e mobiliários pertencentes às áreas crí�cas requerem cuidados frequentes de limpeza e desinfecção, porque são os que mais se contaminam e que mais facilmente podem transmi�r doenças. Os pisos, tampos, peitorís e demais super�cies localizados nessas áreas, também merecem limpeza frequente e cuidadosa, porque acumulam resíduos contaminados resultantes da a�vidade humana, especialmente a a�vidade odontológica, em função do uso de alta e baixa rotação. AMBIENTE ODONTOLÓGICO4 29 4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PARA SAÚDE 31 Classicamente a Odontologia serviu-se da Classificação de Spaulding para os materiais e produtos utilizados em sua prática, considerando-se o grau de risco de infecção 19 envolvido no uso destes itens . A Anvisa, definiu em seu Glossário, os materiais, instrumentais 1 e equipamentos utilizados em Odontologia em: Ÿ “materiais utilizados em procedimentos de alto risco para Artigos críticos: desenvolvimento de infecções ou que penetram em tecido conjuntivo ou ósseo (áreas corporais desprovidas de flora própria). Requerem esterilização para uso (ex.: agulhas, seringas, materiais para os implantes, pinças, instrumentos de corte ou pontiagudos, cinzel, raspador, cureta e osteótomo, alavancas, broca cirúrgica, instrumentos endodônticos e outros)”. Ÿ “materiais que entram em contato com as membranas Artigos semicríticos: mucosas íntegras e pele não íntegra. Requerem a desinfecção de alto ou médio nível ou a esterilização para uso (p.ex.: espelhos clínicos, moldeiras, condensadores, instrumentais para amálgama e outros)”. Ÿ “materiais utilizados em procedimentos com baixíssimo risco Artigos não críticos: de desenvolvimento de infecção associada ou que entram em contato apenas com pele íntegra. Requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do risco de transmissão secundária de micro-organismos de importância epidemiológica (p. ex.: superfícies do equipo odontológico)”. A Resolução - RDC nº 15, de 15 de março de 2012, classificou os produtos para saúde, 32 de acordo com suas necessidades de processamento . Define processamento como o “conjunto de ações relacionadas à pré-limpeza, recepção, limpeza, secagem, avaliação da integridade e da funcionalidade, preparo, desinfecção ou esterilização, armazenamento e 32 distribuição para as unidades consumidoras” . Os produtos podem ser, segundo a Resolução – RDC nº 15: Ÿ “são produtos para a saúde utilizados em Produtos para saúde críticos: procedimentos invasivos com penetração de pele e mucosas adjacentes, tecidos subepteliais e sistema vascular, incluindo também todos os produtos para saúde que estejam diretamente conectados com esses sistemas”; devem ser submetidos ao processo de esterilização, após a limpeza e demais etapas do processo. Ÿ “produtos que entram em contato com pele não Produtos para saúde semicríticos: íntegra ou mucosas íntegras colonizadas”; devem ser submetidos, no mínimo, a desinfecção de alto nível, após limpeza. Ÿ “produtos que entram em contato com pele Produtos para saúde não críticos: íntegra ou não entram em contato com o paciente”; devem ser submetidos, no 32 mínimo, ao processo de limpeza . Apesar das classificações apresentadas acima serem, de certa maneira, flexíveis em relação ao método de processamento, acredita-se que, para produtos ou artigos críticos e semicríticos, a esterilização deveria ser o único método aceito. Ressalta-se o fato de que, para os semicríticos, quando esses não puderem ser esterilizados por autoclave (pois isso danificaria o produto, por exemplo) ou óxido de e�leno, aceita-se a desinfeção de alto nível. 30 4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS 31 Aplicando-se os mesmo princípios de Spaulding quanto ao risco de infecção, adota- 6 se, na FOB, a seguinte classificação aos procedimentos clínicos e cirúrgicos odontológicos : Ÿ todo procedimento em que haja presença de sangue, pus ou Procedimento crítico: matéria contaminada pela perda de continuidade do tecido. Ÿ todo procedimento em que exista a presença de secreção Procedimento semicrítico: orgânica (saliva), sem perda de continuidade do tecido. Ÿ todo procedimento em que não haja a presença de Procedimento não crítico: sangue, pus ou outras secreções orgânicas, inclusive saliva. 19 A classificação do procedimentos clínicos abaixo evidencia que não existem procedimentos não críticos em Odontologia: a) são aqueles em que há penetração no sistema vascular. Ex.: Procedimentos críticos: Cirurgias em tecidos moles e duros, Cirurgias Periodontais, Exodontias, Raspagens Subgengival ou Curetagens Periodontais, etc. Nestes procedimentos os cuidados com a esterilização do instrumental, a desinfecção do consultório, preparo do paciente e da equipe odontológica devem ser máximos. b) são aqueles que entram em contato com secreções Procedimentos semicríticos: orgânicas (saliva) sem invadir o sistema vascular. Ex.: entulhamento de material restaurador, terapia endodôntica conservadora, colocação de aparelho ortodôntico, etc. O instrumental deve estar previamente esterilizado ou desin fectado, o consultório limpo e desinfectado, o paciente preparado com bochecho prévio com solução antisséptica e a equipe preparada, para evitar infecções cruzadas pela presença das secreções orgânicas sobre o equipamento, bancada, instrumental. c) são aqueles quando não há penetração no sistema Procedimentos não críticos: vascular e não entram em contato com as secreções orgânicas. Em Odontologia não existe procedimento que possa ser classificado dentro desta categoria. 31 PROCESSAMENTO E FLUXO DE ARTIGOS OU PRODUTOS PARA SAÚDE 5 Durante o processamento, deve-se evitar o cruzamento de artigos não processados (sujos), com artigos desinfetados ou esterilizados (limpos), recomendando-se o seguinte 33 fluxo : artigo sujo limpeza secagem inspeção visual (já do outro lado da barreira física) preparo e embalagem esterilização ou desinfecção armazenamento 32 5.1 LIMPEZA E SECAGEM DO INSTRUMENTAL Considera-se limpeza “a remoção mecânica de sujidades, com o objetivo de reduzir a carga microbiana, a matéria orgânica e os contaminantes de natureza inorgânica, de modo a 33 garantir o processo de desinfecção e esterilização e a manutenção da vida útil do artigo” . Deve ser realizada em todo artigo exposto ao campo operatório, imediatamente após seu uso e portando EPIs próprios (luvas de borracha resistente e de cano longo, gorro, máscara, óculos de 33 proteção, avental impermeável e calçados fechados) . A limpeza pode ser manual (escovação com detergente neutro ou enzimático, em pia profunda específica para a limpeza e água 33 corrente) ou, mecânica (lavadoras ultrassônicas de baixa frequência) . Na FOB-USP, os alunos envolvidos em atividades clínicas, cirúrgicas ou não, para limpar efetivamente o instrumental, deverão proceder da seguinte maneira: a) Usar EPIs próprios para a limpeza. b) Colocar o detergente enzimático, disponível nas clínicas para os alunos, (1ml/litro de água) nas caixas plásticas, também disponíveis nas clínicas, exclusivas para esse fim. c) Encher a caixa plástica, até o limite demarcado, com água. Para as cubas de procedimentos cirúrgicos serão 3 litros (profundidade de 4,2 cm) e para as outras, 1 litro (profundidade de 4,0 cm). d) Ao término da atividade clínica e após a colocação do detergente enzimático e água na caixa plástica, os intrumentos devem ser mergulhados na solução por 5 minutos, mantendo-se a caixa fechada e depois, bem enxaguados sob água corrente. Se persistir alguma sujidade em ranhuras, por exemplo, retirá-la com escova macia e detergente. Atenção: tanto a diluição quanto o tempo podem variar de acordo com o fabricante do detergente enzimático. e) Secar cuidadosamente com papel absorvente descartável, inclusive as articulações, para evitar corrosão e enrijecimento. f) Eliminar a solução ao final da limpeza do instrumental. Lavar a caixa com água e detergente, enxaguar, enxugar com papel absorvente descartável e deixar sobre a pia. 5.2 ACONDICIONAMENTO E ENTREGA NA CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO O acondicionamento dos artigos (por exemplo: instrumentais) deverá ser realizado de acordo com o processo de esterilização a ser utilizado. A FOB-USP utiliza somente a esterilização por vapor saturado sob pressão, realizada em autoclaves e, portanto, todos os artigos devem ser acondicionados para esse processo, da seguinte maneira: a) Os artigos devem ser embalados em envelopes de papel grau cirúrgico (para peças de mão e poucas unidades de instrumentos), caixas de alumínio, inox ou acrílico, totalmente perfuradas, fabricadas para esse fim (caixas para autoclave); 33 b) As caixas devem estar com forração interna de campo de algodão simples ou papel crepado e embaladas externamente em campo de algodão duplo ou folha de tecido não tecido (TNT). Para caixas grandes e/ou com cantos “vivos”, recomenda- se a associação de papel crepado e TNT externamente. O algodão cru é recomendado na textura de aproximadamente 40 fios e em campos duplos. Quando novo, deve ser lavado antes do uso para eliminar o amido e evitar o superaquecimento,que resultará em desidratação das fibras. Na reutilização dos tecidos, os mesmos devem ser lavados para a retirada de poeira e recomposição das fibras. O papel crepado e o TNT não devem ser reutilizados. c) Os instrumentais do tipo “abre e fecha” (como tesouras) e/ou com trava de fechamento (tipo pinças hemostáticas e porta agulhas) deverão estar entreabertos. d) O instrumental deve ser acondicionado na caixa para autoclave, seguindo as orientações do item (a); a caixa não pode ficar completamente cheia, pois é necessário espaço entre os instrumentos para circulação do vapor. e) O material deve ser entregue na Central de Esterilização de acordo com o dia e horários preestabelecidos, podendo não ser aceito caso esteja em condições inadequadas para validação do processo de esterilização. O material pode ser entregue na Central de Esterilização das 7 às 13 horas para a utilização no período da manhã do dia seguinte, ou das 7 às 17 horas se for usar no período da tarde do dia seguinte. Eventualmente, aceitam-se materiais no período das 7 às 9 horas para uso às 14 horas do mesmo dia. Observações: o campo de tecido deve ser lavado quando novo e após cada autoclavação, pois sua trama precisa ser recomposta para permitir a penetração do vapor. O tecido de algodão deve ser estocado em condições ideais e não é recomendado para autoclaves gravitacionais. Deve ser lavado a cada processamento e não deve conter remendos ou cerzidos. O papel grau cirúrgico não pode ser reutilizado, uma vez que são descartáveis. 34 5.3 TÉCNICA PARA EMPACOTAMENTO DO MATERIAL E INSTRUMENTAL PARA ESTERILIZAÇÃO EM AUTOCLAVE O empacotamento de material e/ou instrumental a ser esterilizado em autoclave deve obedecer a uma sequência na execução das dobras, conforme a ilustrações abaixo. Esta sequência tem por finalidade manter a assepsia da área de trabalho, evitando contaminação por manipulação inadequada do material estéril, especialmente no momento da abertura dos pacotes. Figura 7 – Sequência para empacotamento de material e instrumental para esterilização em autoclave 35 5.4 ESTERILIZAÇÃO POR PROCESSO FÍSICO A esterilização é “o processo que visa destruir ou eliminar todas as formas de vida 33 microbiana presentes, por meio de processos físicos ou químicos” , sendo fundamental, para garanti-la, “que os passos do processamento de artigos, citados anteriormente, sejam seguidos 33 corretamente” . Os processos de esterilização indicados para a Odontologia são “o físico (vapor saturado sob pressão, em autoclave) e o químico (utilizando-se solução de ácido peracético a 33 0,2%, por exemplo)” . A esterilização por vapor saturado sob pressão é o processo que oferece maior segurança e economia, segundo a Resolução SS-37434. Pode ser realizado em autoclave gravitacional (as mais comuns em Odontologia), pré-vácuo (alto vácuo ou pulsos de 33 pressurização) e ciclo rápido (apenas para uso imediato do artigo) . Verifica-se que os “padrões de tempo, temperatura e pressão para esterilização pelo vapor variam de acordo com o aparelho e encontram-se dentro de: 121 °C a 127 °C (1 atm pressão) por 15 a 30 minutos e 132 °C 33 a 134 °C (2 atm pressão) por quatro a sete minutos de esterilização” . A Central de Esterilização da FOB-USP utiliza autoclave de alto vácuo (com ciclos de 134 °C, 12 min e 2,5 atm) para esterilização de instrumentais e gravitacional (com ciclos de 121 °C, 20 min e 1,5 atm) para esterilização dos demais produtos ou artigos. Ressalta-se que o tempo informado é para o ciclo de esterilização, porém o tempo todo do processo de esterilização em autoclave é em torno de 1 hora, em função do aquecimento da autoclave e secagem dos artigos. O prazo de validade para os artigos esterilizados em autoclave na FOB-USP é de 7 (sete) dias, desde que sua embalagem não tenha sido violada, tenha sido armazenado adequadamente e a embalagem plástica protetora (colocada pela equipe da Central de Esterilização após a esterilização) não tenha sido retirada. Mesmo que o pacote do artigo não tenha sido violado (aberto), após 7 (sete) dias, deverá ser reprocessado antes do uso. Caso o pacote esterilizado seja aberto e não utilizado, deve-se considerá-lo contaminado, necessitando ser submetido a novo processamento. Observação: deve-se destacar que “os equipamentos utilizados para a esterilização em estufas (calor seco) na Odontologia não são automatizados, não permitem registros confiáveis dos parâmetros físicos do processo, permitem a interrupção do processo e o monitoramento 33 biológico é complexo” , podendo resultar em falhas na esterilização e consequente transmissão de doenças. Por isso, a Comissão de Biossegurança da FOB-USP considera inviável e inaceitável o uso de estufas para esterilização, recomendando que essas não sejam mais utilizadas para esse fim, nos dias atuais. 5.5 RETIRADA DE MATERIAL Todo material entregue na Central de Esterilização deve ser retirado pelo aluno antes de sua utilização. A Central de Esterilização da FOB-USP não distribui o material para as clínicas de atendimento. O material esterilizado não deve ficar armazenado na Central de Esterilização por muito tempo e deverá ser retirado pelo aluno, mesmo que o atendimento tenha sido cancelado. Após retirado, o aluno leva-o à clínica de atendimento para utilização, preferencialmente em caixa plástica fechada com tampa, destinada exclusivamente para 36 transporte de artigos esterilizados. Caso a aluno não utilize o material esterilizado, este deve ser acondicionado em armário próprio. A Central de Esterilização fica disponível para retirada do material das 7 às 17 horas, de segunda a sexta-feiras, exceto feriados. 5.6 SUGESTÕES DE CAIXAS PARA OS INSTRUMENTAIS Caixa de inox totalmente perfurada (Periodontia, Dentística, Odontopediatria, Prótese): 26 cm x 13 cm x 6 cm. Ÿ Campo de tecido de algodão: 60 cm x 60 cm – duplo (externo); 50 cm x 50 cm – simples (interno). Ÿ Caixa perfurada para autoclave (Endodontia): 21 cm x 11 cm x 6,5 cm. Ÿ Campos de tecido de algodão (cru): 50 cm x 50 cm duplo (externo); 40 cm x 40 cm simples (interno). 5.7 CUIDADOS ESPECIAIS COM ALTA E BAIXA ROTAÇÃO (MICROMOTOR), PEÇAS RETAS E CONTRA-ÂNGULOS A partir da fabricação das peças de mão autoclaváveis, não mais se justifica apenas a desinfecção externa desses dispositivos, sendo inadmissível seu uso, independentemente do procedimento ser semicrítico ou crítico, sem a esterilização. Apesar de aceitar-se, segundo a 32 Resolução - RDC nº 15, no mínimo desinfecção de alto nível, para artigos semicríticos , a Comissão de Biossegurança da FOB-USP considera a esterilização dessas peças a única forma segura para evitar a contaminação cruzada, pois a saliva possui microrganismos contaminantes e transmissores de doenças que não são totalmente eliminados pela desinfecção (mesmo de alto nível). Assim, para cada indivíduo atendido na FOB-USP, deve-se utilizar peças de mão (alta e baixa rotação, peças retas e contra-ângulos) esterilizadas. O tratamento pelo calor, porém, exige que sejam seguidas as instruções do fabricante quanto à limpeza e lubrificação dos mesmos, para prolongar sua vida útil. Na FOB-USP, recomenda-se o seguimento das instruções dos fabricantes das peças de mão (alta e baixa rotação, peças retas e contra-ângulos), bem como a utilização do óleo sugerido pelo mesmo. De uma forma geral, deve-se realizar a limpeza com água e detergente (não recomenda-se submergir as peças na água) e a secagem com papel descartável. A lubrificação desses elementos é feita antes da esterilização e depois do uso, imediatamente após a higiene e secagem. Parece-nos incorretolubrificar as peças após a esterilização e antes do uso, pois o óleo usado não é estéril, contaminando, portanto, a peça antes do seu uso e tornando ineficaz a esterilização. 37 5.8 DESINFECÇÃO A desinfecção é definida como um “processo físico ou químico que elimina a maioria dos microrganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com exceção de esporos 33 bacterianos” . Classifica-se em de alto (“processo físico ou químico que destrói a maioria dos microrganismos de artigos semicríticos, inclusive micobactérias e fungos, exceto um número elevado de esporos bacterianos”), intermediário (“processo físico ou químico que destrói microrganismos patogênicos na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e dos fungos, de objetos inanimados e superfícies”), conforme a Resolução - RDC nº 1532 e alto nível ("processo físico ou químico que destrói todos os microorganismos de objetos inanimados e superfícies, exceto um número elevado de esporos bacterianos”), médio nível ("processo físico ou químico que elimina todas as bactérias vegetativas, micobactérias da tuberculose e a maioria dos vírus e fungos de objetos inanimados e superfícies”) e baixo nível (“processo físico ou químico que elimina a maioria das bactérias vegetativas e alguns vírus e fungos de objetos 1 inanimados e superfícies”), segundo a Anvisa . Na FOB-USP a desinfeção destina-se, principalmente, a superfícies e artigos que não podem ser esterilizados (como bancadas e moldagens) e tem sido realizada por meio de agentes químicos. O agente químico deve ser escolhido conforme a finalidade de uso, o 34 atendimento aos critérios do agente ideal e o certificado do Ministério da Saúde . O agente químico ideal deve exibir amplo espectro de ação, agir rapidamente sobre todos os microrganismos, ser indiferente a agentes químicos e físicos, ser atóxico e inodoro, apresentar 35 compatibilidade com as superfícies, ter efeito residual, ser fácil de usar e econômico . Para que se consiga o melhor desempenho de um agente químico, é necessário 34 respeitar concentração de uso, o tempo de ação e validade do produto . São aplicados na descontaminação e desinfecção de artigos, superfícies, moldes, próteses, reservatórios, dutos e tubulações. Em função da toxicidade dos agentes químicos, que é tanto maior quanto mais eficiente e/ou concentrado ele for, sua manipulação deve ser feita utilizando o EPI (equipamento de proteção individual) adequado e seu armazenamento deve ser feito em local 34 arejado, fresco e ao abrigo da luz . Os desinfetantes de nível intermediário utilizados na FOB- USP são o hipoclorito de sódio a 1% e o álcool 70. Suas vantagens são a rápida ação antimicrobiana, amplo espectro de ação, econômico 36 e efetivo em soluções diluídas . Como desvantagens citam-se os fatos de ser esporicida apenas em altas concentrações, não poder ser reutilizado, necessidade de ser preparado diariamente devido a sua instabilidade e atividade diminuída pela presença de matéria orgânica. O odor desagradável persistente, associado aos fatos de ser irritante para a pele e olhos, corroer metais, danif icar tecidos; plásticos e borrachas também são considerados como 36 desvantagens . Diluição do hipoclorito de sódio e suas aplicações 33,37 12 Ÿ 1% – Aplicações: superfícies artigos , moldes e próteses . Ÿ Água que se destina à refrigeração dos instrumentos rotatórios: 0,3ml de 1 hipoclorito de sódio a 1% em 500ml de água . 1 Ÿ Água do sistema “flush”: 25ml de hipoclorito de sódio a 1% em 475ml de água . 36 Ÿ A solução deve ser preparada diariamente . 38 O uso do álcool 70 (álcool a 77% v/v ou 70% p/v) se dá por fricção, em três etapas intercaladas pelo tempo de secagem natural, totalizando 10 minutos. A desinfecção realizada pelo álcool 70 é considerada de nível médio, sendo tuberculicida, bactericida, fungicida e 33 viruscida, porém não é esporicida . De fácil aplicação, tem ação rápida, podendo ser utilizado em artigos metálicos, superfícies e tubetes de anestésicos. O fato de ser volátil, inativado por matéria orgânica, opacificar acrílico, ressecar plásticos, poder danificar o cimento das lentes dos equipamentos ópticos e ser altamente inflamável são pontos que podem ser considerados desvantagens de 33 seu uso. Sailenta-se que deve ser armazenado em áreas ventiladas . Na FOB-USP, o preparo do álcool 70 é realizado na Disciplina de Microbiologia, em dia específico e por funcionário designado para este fim. Os atendentes de clínica devem levar o álcool comercial e retirar o álcool 70. É fundamental observar a concentração do álcool, pois a água favorece a penetração do álcool nos microrganismos e contribui para sua menor evaporação. O ácido peracético 0,001 a 0,2% tem sido utilizado por meio da imersão de artigos durante 10 minutos. Considerado como desinfectante de alto nível, tem ação bactericida, fungicida, viruscida e esporicida. Não forma resíduos tóxicos, é efetivo na presença de matéria orgânica e tem rápida ação em baixa temperatura. Apesar disso, apresenta-se instável quando diluído, é corrosivo para alguns tipos de metais e sua ação pode ser reduzida pela modificação 33 do Ph . 5.8.1 Desinfeção de superfícies Para a desinfecção de superfícies, a Resolução – RDC 15 recomenda emprego de 32 desinfetantes de nível intermediário , pois o trabalho odontológico envolve a produção de aerossóis capazes de atingir distâncias de 0,5 a 2 metros, variando conforme o procedimento 38,39 odontológico realizado. Previamente à desinfecção, as superfícies devem ser limpas com água e sabão 40 6 neutro e a desinfecção com álcool 70 ou hipoclorito de sódio a 1% . “Para minimizar a contaminação nas superfícies e em áreas vulneráveis, como os botões de acionamento dos diferentes equipamentos, sujeitos a danos elétricos”, sugere-se “o recobrimento destas superfícies com campos de algodão esterilizados, para procedimentos cirúrgicos e a aplicação 40 de barreiras impermeáveis durante a realização de procedimentos clínicos” . Observação: ao empregar os agentes desinfetantes, utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), conforme Resolução SS-37434. 5.8.2 Desinfecção de moldes e próteses Embora a desinfecção dos moldes seja necessária, existe uma preocupação quanto à sua influência sobre a reprodução dos detalhes, a estabilidade dimensional e o grau de 41 umidade dos materiais de moldagem . É importante, portanto, a seleção de desinfetante compatível com o material, lembrando que a compatibilidade pode variar com o fabricante. O hipoclorito de sódio 1% pode ser usado na desinfecção do alginato, poliéter, hidrocolóide 17,19 42 6 reversível, silicona, polissulfeto e godiva . 39 No caso do alginato e do poliéter, recomenda-se a técnica na qual, ao invés de mergulhar o molde, borrifa-se o mesmo com o hipoclorito de sódio a 1%, envolvendo-o com papel toalha umedecido com o desinfetante, deixando-o, a seguir, fechado em saco de plástico com fecho, por 10 minutos. É importante que o papel toalha permaneça úmido. A seguir, lava-se em água corrente, seca-se e vaza-se o modelo. Observação: 43 a solução desinfetante só pode ser usada uma vez . As próteses devem sofrer desinfecção quando são recebidas ou enviadas ao laboratório19, durante as várias etapas da confecção. Deve-se observar que produtos semelhantes de diferentes fabricantes podem exibir compatibilidade diferente a um desinfetante. As próteses fixas, totais e removíveis, após limpas, são desinfetadas em hipoclorito de sódio 1%. Observação: algumas próteses podem requerer limpeza antes da desinfecção. Esta deve ser feita no consultório, com o uso de instrumentos manuais e/ou limpadorultrasônico. Para este último, colocar a peça num saco de plástico com fecho, com desinfetante e acionar o aparelho por 3 a 10 minutos. Em alguns casos o desinfetante pode ter que ser substituido por um tipo especial de solução para limpeza ultrasônica. As técnicas abaixo referem-se à desinfeção de próteses em geral: Técnica 1: lavar em água corrente. Remover o excesso de água e secar totalmente com a seringa tríplice; colocar em cuba de vidro ou de plástico com tampa, ou saco de plástico com fecho, contendo o desinfetante; deixar imerso durante 10 minutos; lavar em água corrente abundantemente; secar. Técnica 2: lavar em água corrente. Remover o excesso de água e secar totalmente com a seringa tríplice; borrifar o desinfetante por toda a superfície do molde, colocar em cuba de vidro ou de plástico com tampa, ou saco de plástico com fecho e deixar “descansar” por 10 minutos; lavar em água corrente abundantemente; secar. 40 5.8.3 Cuidados no Laboratório de Prótese Todos os trabalhos laboratoriais em moldes, aparelhos e próteses só deve ser realizado 3 sobre material desinfetado . O envio de dispositivos não desinfetados para o laboratório cria condições para a infecção cruzada. Todas as brocas e pedras usadas no laboratório devem ser esterilizadas antes do uso e empregadas em um único paciente, antes de serem esterilizadas 43 novamente . O torno odontológico tanto pode causar difusão da infecção, como lesões, pois “a ação 43 rotatória dos discos, pedras e tiras gera aerossóis, respingos e projéteis” . Por isso, sempre que o torno for usado, recomenda-se altamente o uso de óculos protetores, máscara, abaixar o 43 protetor, acionar o sistema de ventiação e abaixar o protetor . Recomenda-se o uso de gorro ou touca. Quanto aos acessórios, como pedras, discos de pano e tiras, TODOS devem ser esterilizados entre usos ou descartados; o torno deve ser desinfetado duas vezes ao dia, com 43 álcool 70 . Para cada paciente devem ser usados pedra-pomes e forradores de bandeja novos. Considera-se que o baixo custo da pedra-pomes e a comprovada contaminação bacteriana 43 presente na pedra-pomes reutilizadas PROÍBE usos múltiplos destes materiais . Se o material a ser polido foi preparado assepticamente, são mínimos os riscos de infecção. Contudo, para evitar a difusão potencial de microrganismos, todos os agentes para 43 polimento devem ser retirados em pequenas quantidades dos reservatórios grandes . O material não usado deve ser eliminado e não deve retornar ao estoque central. A maioria dos acessórios para polimento é de uso único, descartável. Os ítens reutilizáveis devem ser 43 esterilizados entre usos . Tanto as próteses parciais como as totais passam por um estágio intermediário de experimentação em cera. As coroas, pontes esplintadas e armação de próteses parciais frequentemente são testadas antes da cimentação ou soldagem. Elas devem ser desinfetadas antes de serem devolvidas ao laboratório. Na maioria dos casos, os procedimentos são os 43 mesmos descritos para o trabalho terminado . 41 USO DE BARREIRAS NAS SUPERFÍCIES 6 Uma alternativa para a desinfecção das superfícies é o uso de barreiras. A barreira elimina a necessidade de desinfecção entre pacientes, uma vez que evita qualquer 3,43,44 contaminação. Todavia, deve ser trocada após cada paciente . Idealmente, barreiras deveriam ser esterilizadas, mesmo para procedimentos semicríticos. Em procedimentos críticos, torna-se compulsório o uso de barreiras esterilizadas. As barreiras devem ser de baixo custo, impermeáveis, de tamanho suficiente para 6 cobrir completamente a área a ser protegida e, idealmente, permitir ser esterilizada . Podem ser de tecido (duplo), plástico ou TNT (tecido não tecido) e devem ser utilizadas em áreas que necessitam ser tocadas pelo profissional durante o atendimento (com luvas, portanto), que não permitem esterilização e que são difíceis de limpar/desinfetar, como interruptor, alça do 3,17,43 refletor, botoneiras, comandos da cadeira, mangueiras, cabeça, alça e disparador do raio X . 42 CUIDADOS EM RADIOLOGIA7 6 Os cuidados nos procedimentos radiológicos são : Ÿ Usar sempre luvas durante as tomadas radiográficas. Ÿ Proteger com barreiras (sacos plásticos ou filmes de PVC ou plástico), as partes do aparelho de raios X que serão tocadas durante as tomadas radiográficas. Ÿ O cabeçote do aparelho poderá ser desinfetado com álcool 70. Ÿ O botão disparador do aparelho deverá ser coberto com saco plástico. Ÿ Proteger as bancadas com toalhas de papel descartáveis e nelas colocar os acessórios durante as tomadas radiográficas. Poderá ser feita a desinfecção das bancadas com álcool 70, se ocorrer contaminação com a saliva do paciente. Ÿ Envolver filmes e posicionadores com barreiras plásticas. Para embalar o posicionador e o filme, usar saco plástico com dimensão de 10 x 15 cm. Quando for só o filme, as dimensões podem ser de 8 x 11 cm, 7 x 11 cm ou 6 x 24 cm. O selamento do envoltório poderá ser feito com fita adesiva. Ÿ Depois da tomada radiográfica, descartar o saco plástico e, com pinça clínica, ou por meio do auxiliar, remover o filme do posicionador e colocá-lo em uma toalha de papel ou copo descartável. NUNCA tocar no filme com luvas contaminadas pela saliva do paciente. Se isso ocorrer, fazer a desinfecção do filme com gaze embebida em álcool 70 friccionando as faces do filme por 30 segundos. Ÿ Quando não for possível usar o posicionador e o filme embalados com plástico, o operador deverá solicitar a ajuda de um auxiliar para posicionar o cilindro localizador. Nos casos em que o operador estiver sozinho, deverá cobrir o cabeçote do aparelho e o botão disparador com plástico. Os posicionadores (mesmo usados com plástico) após o uso deverão ser lavados com água e detergente. Ÿ Os filmes somente poderão ser levados para o processamento na câmara escura ou nas caixas de revelação, se estiverem livres de contaminação. Antes do processamento das radiografias, o operador deve remover as luvas e levar os filmes para a câmara escura em copo descartável ou toalha de papel. Filmes e posicionadores devem ser armazenados em local limpo e desinfetado e as bancadas das câmaras escuras ou as caixas de revelação deverão ser desinfetadas ao final do dia com álcool 70 ou hipoclorito de sódio 1%. 43 MANEJO DE BIÓPSIAS 8 As biópsias devem ser colocadas em frasco coletor resistente com tampa rosqueável 3 segura e que não permita o vazamento do líquido , do tipo frasco coletor universal, contendo formol a 10%. Devem ser etiquetados com os dados do paciente e o frasco deve ser transportado em saco plástico fechado (tipo “zip-loc”) ao laboratório, também com a identificação do paciente. Tomar cuidado durante a coleta, para evitar a contaminação externa do frasco. Se 3 ocorrer contaminação externa do frasco, fazer a limpeza e desinfecção com álcool 70 ou hipoclorito. Por não serem estéreis, os frascos coletores NUNCA podem ser colocados sobre campos cirúrgicos estéreis, mesmo durante o procedimento ou ao seu final, pois contaminariam o campo, ou seriam contaminados pelo mesmo (por exemplo, por sangue ou saliva que estejam sobre o campo, ao final do procedimento). Recomenda-se o uso de gorro ou touca, máscara, óculos de proteção e luvas ao manipular as peças no laboratório, especialmente durante a macroscopia. O instrumental usado para isso deve estar limpo e desinfectado com álcool 70; a superfície de trabalho também deve ser limpa e desinfectada após a macroscopia. O formol deve ser descartado de acordo com 45 as normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos . 44 DENTES EXTRAÍDOS9 Dentes extraídos devem ser