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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE Centro Acadêmico do Agreste - CAA Cálculo Diferencial e Integral III Integrais de Superfícies de Campos Vetoriais Suponha 𝑆 uma superfície orientada com vetor normal unitário �⃗� através da qual passa um fluido de densidade 𝜌(𝑥, 𝑦, 𝑧) com campo velocidade dado por 𝑣 . O produto 𝜌𝑣 fornece a vazão (massa por unidade de tempo) do fluido por unidade de área. Já sabemos que ao dividirmos 𝑆 em pequenos retalhos 𝑆𝑖𝑗 , cada um deles pode ser aproximado por uma região plana. Note que se denotarmos por 𝐹 o produto 𝜌𝑣 , a componente deste campo na direção do vetor normal �⃗� é 𝜌𝑣 ∙ �⃗� . Como 𝜌 = 𝑚 𝐴 ⇔ 𝑚 = 𝜌𝐴, onde 𝑚 é a massa e 𝐴 é a área da região, podemos intuir que uma aproximação para a massa do fluido que passa por 𝑆𝑖𝑗 na direção do vetor normal por unidade de tempo é (𝜌𝑣 ∙ �⃗� )𝐴(𝑆𝑖𝑗). Tomando o somatório deste produto e em seguida o limite, obtemos ∬𝜌𝑣 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆 = ∬𝜌(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑣 (𝑥, 𝑦, 𝑧) ∙ �⃗� (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆 𝑆 . Ela representa a vazão do fluido através de 𝑆. Observe que podemos ainda escrever a integral acima como ∬𝐹 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆. Este tipo de integral aparece em diversas situações. Outra que podemos citar é no estudo de fluxo de calor. Dado que a temperatura em um ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧) de um corpo é 𝑢(𝑥, 𝑦, 𝑧), definimos o campo vetorial fluxo de calor como 𝐹 = −𝐾∇𝑢, onde 𝐾 é uma constante chamada condutividade do material. Se tivermos interessados na taxa de transmissão de calor através de uma superfície 𝑆 devemos calcular ∬𝐹 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆 = −∬𝐾∇𝑢 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆 = −𝐾 ∬∇𝑢 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆. Figura 1 Definição: Se 𝐹 for um campo vetorial contínuo definido sobre uma superfície orientada 𝑆 com vetor normal unitário �⃗� , então a integral de superfície de 𝐹 em 𝑆 é ∬𝐹 ∙ 𝑑𝑆 = 𝑆 ∬𝐹 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆. Essa integral é também chamada fluxo de 𝐹 através de 𝑆. Considere que 𝑟 (𝑢, 𝑣) é a função vetorial da superfície orientada 𝑆. Então, um vetor normal a 𝑆 é 𝑛1⃗⃗⃗⃗ = 𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣 . Podemos considerar como vetor normal unitário, o vetor �⃗� = 𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣 ‖𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣‖ . Dessa forma, se 𝐷 é o domínio dos parâmetros, encontramos que ∬𝐹 ∙ 𝑑𝑆 = 𝑆 ∬𝐹 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆 = ∬𝐹 ∙ 𝑆 𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣 ‖𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣‖ 𝑑𝑆 = ∬[𝐹 ∙ 𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣 ‖𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣‖ ] ‖𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣‖ 𝐷 𝑑𝐴. De maneira resumida, ∬𝐹 ∙ 𝑑𝑆 = 𝑆 ∬𝐹 ∙ (𝑟 𝑢 × 𝑟 𝑣) 𝐷 𝑑𝐴. Exemplo 1: Seja 𝑢 a temperatura em uma bola metálica 𝐵. Consideraremos que o centro da bola está na origem do sistema tridimensional e que seu raio é 𝑟. Suponha que a temperatura em um ponto 𝑃 da bola é proporcional ao quadrado da distância ao centro. Matematicamente, 𝑢(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝛼 (√𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2) 2 = 𝛼(𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2). Para determinarmos a taxa de transmissão de calor através de uma esfera concêntrica à 𝐵 e de raio 𝑎 < 𝑟, devemos utilizar a integral de superfície do campo vetorial 𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = −𝐾∇𝑢(𝑥, 𝑦, 𝑧) = −𝐾〈2𝛼𝑥, 2𝛼𝑦, 2𝛼𝑧〉 = −2𝛼𝐾〈𝑥, 𝑦, 𝑧〉. Se 𝑆 é tal esfera, um vetor normal a ela e que aponta para fora é um múltiplo do vetor posição �⃗� = 1 𝑎 〈𝑥, 𝑦, 𝑧〉. Segue que 𝐹 ∙ �⃗� = −2𝛼𝐾〈𝑥, 𝑦, 𝑧〉 ∙ 1 𝑎 〈𝑥, 𝑦, 𝑧〉 = − 2𝛼𝐾 𝑎 (𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2). Uma vez que sobre 𝑆 ocorre 𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2 = 𝑎2, temos ∬𝐹 ∙ 𝑑𝑆 = 𝑆 ∬𝐹 ∙ �⃗� 𝑆 𝑑𝑆 = ∬[− 2𝛼𝐾 𝑎 (𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2)] 𝑆 𝑑𝑆 = ∬[− 2𝛼𝐾 𝑎 𝑎2] 𝑆 𝑑𝑆 = −2𝛼𝐾𝑎∬𝑑𝑆 𝑆 = −2𝛼𝐾𝑎𝐴(𝑆) = −2𝛼𝐾𝑎(4𝜋𝑎2) = −8𝜋𝑎3𝛼𝐾. ∎ Se a superfície 𝑆 representa o gráfico de uma função 𝑧 = 𝑔(𝑥, 𝑦) então uma função vetorial para ela é 𝑟 (𝑢, 𝑣) = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑔(𝑥, 𝑦)�⃗� . Como já vimos no estudo das superfícies orientadas, um de seus vetores normais para cima é 𝑟 𝑥 × 𝑟 𝑦 = −𝑔𝑥(𝑥, 𝑦)𝑖 − 𝑔𝑦(𝑥, 𝑦)𝑗 + 𝑘.⃗⃗⃗ Disto, sendo 𝐹 o campo vetorial 𝑃𝑖 + 𝑄𝑗 + 𝑅�⃗� , 𝐹 ∙ �⃗� = (𝑃𝑖 + 𝑄𝑗 + 𝑅�⃗� ) ∙ (−𝑔𝑥(𝑥, 𝑦)𝑖 − 𝑔𝑦(𝑥, 𝑦)𝑗 + �⃗� ) = −𝑃 𝜕𝑔 𝜕𝑥 − 𝑄 𝜕𝑔 𝜕𝑦 + 𝑅 e ∬𝐹 ∙ 𝑑𝑆 = 𝑆 ∬(−𝑃 𝜕𝑔 𝜕𝑥 − 𝑄 𝜕𝑔 𝜕𝑦 + 𝑅) 𝑑𝐴. 𝐷 Para termos a superfície com vetores normais com sentido para baixo basta multiplicarmos a integral acima por −1. Exemplo 2: Vamos calcular a integral de superfície ∬〈𝑥𝑦, 𝑦𝑧, 𝑧𝑥〉𝑑𝑆 , 𝑆 onde 𝑆 é a parte do paraboloide 𝑧 = 4 − 𝑥2 − 𝑦2 acima do quadrado 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 0 ≤ 𝑦 ≤ 1, com orientação para cima. Usando o que vimos anteriormente com 𝑔(𝑥, 𝑦) = 4 − 𝑥2 − 𝑦2, 𝑃 = 𝑥𝑦, 𝑄 = 𝑦𝑧 e 𝑅 = 𝑧𝑥, ∬〈𝑥𝑦, 𝑦𝑧, 𝑧𝑥〉𝑑𝑆 = 𝑆 ∫∫(−𝑥𝑦(−2𝑥) − 𝑦𝑧(−2𝑦) + 𝑧𝑥)𝑑𝐴 1 0 1 0 = ∫∫[2𝑥2𝑦 + (2𝑦2 + 𝑥)𝑧]𝑑𝑥𝑑𝑦 1 0 1 0 = ∫∫[2𝑥2𝑦 + (2𝑦2 + 𝑥)(4 − 𝑥2 − 𝑦2)]𝑑𝑥𝑑𝑦 1 0 1 0 = ∫∫(2𝑥2𝑦 + 8𝑦2 − 2𝑥2𝑦2 − 2𝑦4 + 4𝑥 − 𝑥3 − 𝑥𝑦2)𝑑𝑥𝑑𝑦 1 0 1 0 = ∫ ( 2 3 𝑥3𝑦 + 8𝑥𝑦2 − 2 3 𝑥3𝑦2 − 2𝑥𝑦4 + 2𝑥2 − 1 4 𝑥4 − 1 2 𝑥2𝑦2) 0 1 1 0 𝑑𝑦 = ∫( 2 3 𝑦 + 41 6 𝑦2 − 2𝑦4 + 7 4 )𝑑𝑦 1 0 = ( 1 3 𝑦2 + 41 18 𝑦3 − 2 5 𝑦5 + 7 4 𝑦) 0 1 = 713 180 ∎ Texto baseado em STEWART, J., Cálculo, V.2. Ed. Thomson Pioneira, 2010. Figura 1 retirada do livro acima.
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