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Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG CONTEXTO ↳ Alteração de qualquer fase do metabolismo lipídico, repercutindo em algumas alterações nos níveis séricos das lipoproteínas. Aumento dos níveis LDL e/ou Aumento dos triglicerídeos e Diminuição do HDL LIPÍDIOS ↳ Os biologicamente mais relevantes são os fosfolípides, o colesterol, os triglicérides (TG) e os ácidos graxos. 1. Fosfolípideos: formam a estrutura básica das membranas celulares. 2. Colesterol: precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D. Além disso, como constituinte das membranas celulares, o colesterol atua na fluidez destas e na ativação de enzimas aí situadas. 3. Triglicerídeos: são três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. São uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo, sendo depositados nos tecidos adiposo e muscular. 4. Ácidos graxos: podem ser classificados como saturados (sem duplas ligações entre seus átomos de carbono), mono ou poli-insaturados, de acordo com o número de ligações duplas em sua cadeia. LIPROTEINAS ↳ A lipoproteína é um complexo molecular que faz o transporte de lipídeos através dos líquidos corporais (tecidos, linfas, plasma, líquido intersticial), já que eles não se misturam facilmente com o plasma sanguíneo - hidrofóbicas. ↳ São compostas por lípides e proteínas denominadas apolipoproteínas (apo). As apos têm diversas funções no metabolismo das lipoproteínas, como a formação intracelular das partículas lipoproteicas, caso das apos B100 e B48, e a atuação como ligantes a receptores de membrana, como as apos B100 e E, ou cofatores enzimáticos, como as apos CII, CIII e AI. ↳ São as alterações nas apos (apo A, apo B, apo C e E) que formam as lipoproteínas que geram as dislipidemias primarias. ↳ Há quatro grandes classes de lipoproteínas separadas em dois grupos: 1. Ricas em triglicerídeos, maiores e menos densas a) Quilomícrons: de origem intestinal, partícula principal que é quebrada em VLDL b) VLDL: de origem hepática, maior molécula de colesterol existente que é degradada até a menor partícula = LDL 2. Ricas em colesterol a) LDL b) HDL: responsável por capturar todo o LDL livre na circulação e carregar até o metabolismo hepático ↳ Quanto menor a proteína, mais heterogênea ela é. METABOLISMO DAS LIPOPROTEINAS VIA EXÓGENA OU INTESTINAL ↳ É o transporte dos triglicerídeos da dieta para o corpo, em geral, para o intestino, a fim de serem absorvidos e transportados para o fígado ou para células periféricas (via endógena). ↳ Depois da ingestão, as lipases pancreáticas quebram os TG em ácidos graxos livres, monoglicerídeos e diglicerídeos. Os sais biliares liberados no intestino quebram esses componentes em micelas, tornando eles mais solúveis. Essas micelas que são as partículas lipídicas menores, vão ser usadas para formar quilomícrons. ↳ Depois, esses Quilomícrons vão ser secretados pelas células do intestino para o sistema linfático e posteriormente a circulação sanguínea. Então agora temos diversos Quilomícrons no sangue. ↳ No sangue, existe uma enzima chamada Lipase Lipoproteica (LPL) que hidrolisa os quilomícrons e libera ácidos graxos. Em seguida, os ácidos graxos são capturados por células musculares e também adipócitos − estes últimos importantes reservatórios de TG elaborados a partir de ácidos graxos. Remanescentes de Quilomícrons e ácidos graxos também são capturados pelo fígado, onde são utilizados na formação de VLDL. ↳ Quando há defeito da lipase lipoproteica, há alteração nos níveis dos triglicerídeos. Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG VIA ENDÓGENA OU HEPÁTICA ↳ Transferência dos lipídeos sintetizados do fígado, que ocorre pelo VLDL, LDL e IDL. As VLDL são lipoproteínas ricas em TG e contêm a ApoB100 como sua Apo principal. As VLDL são montadas e secretadas pelo fígado, sendo liberadas na circulação periférica. ↳ A montagem das partículas de VLDL no fígado requer a ação de uma proteína intracelular, proteína de transferência de TG microssomal (MTP). ↳ Na circulação, os TG das VLDL são hidrolisados pela LPL, liberando ácidos graxos. Os ácidos graxos assim liberados são redistribuídos para os tecidos, nos quais podem ser armazenados (como no tecido adiposo), ou prontamente utilizados, como nos músculos esqueléticos ↳ Por ação da LPL, as VLDL, progressivamente depletadas de TG, transformam-se em remanescentes, também removidos pelo fígado por receptores específicos. Uma parte das VLDL dá origem às IDL, que são removidas rapidamente do plasma. O processo de catabolismo continua e inclui a ação da lipase hepática, resultando na formação das LDL. Durante a hidrólise das VLDL, estas lipoproteínas também estão sujeitas a trocas lipídicas com as HDL e as LDL. ↳ O LDL, que retorna em partes para o fígado, é endocitado pelos hepatócitos através do receptor de LDL (LDLR) e apo B100. ↳ Depois que o LDL entra no hepatócito com o LDLR, o receptor solta o LDL e sai de novo (turnover). A PCSK9 é uma protease secretada pelo fígado que inibe a internalização e retorno do receptor de LDL. Em outras palavras, ela não deixa o receptor se soltar do LDL, impedindo o retorno do receptor na superfície, diminuindo a disponibilidade desses e aumentando sua concentração no sangue. ↳ Qualquer alteração nessas enzimas/receptor de LDL, há um excesso de LDL no sangue porque ele acaba sendo internalizado no fígado VIA REVERSA ↳ É o transporte reverso, em que o colesterol dos tecidos sai dos músculos e periferia para voltar para o fígado. ↳ As HDL nascentes captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos pela ação da lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT), formando as HDL maduras; por meio da CETP, ocorre também a transferência de ésteres de colesterol da HDL para outras lipoproteínas, como as VLDL ↳ Ou seja, as HDLs “saem” captando todo o LDL. ↳ Se ocorre alteração na LCAT, há redução de HDL e consequente dislipidemia primária DISLIPIDEMAIS PRIMARIAS HIPERCOLESTEROLEMIA ISOLADA ↳ Aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dl). ↳ O acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol, como a LDL no compartimento plasmático, resulta em hipercolesterolemia. ↳ O LDL pode ser calculado através da fórmula de Friedewald: Colesterol total – HDL– TG 5 ↳ Quando o TG for maior que 400, essa formula se torna invalida, devendo tratar primeiro os TG e, posteriormente, reavaliar o LDL para tratamento. FÍGADO Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR (HF) ↳ Pode decorrer de defeitos no gene LDLR, que codifica o receptor de LDL (LDLR) e/ou ser secundário a defeitos no gene APOB. É Preciso de LDLR e a APOB-100 para que o LDL entre no fígado, se há defeito neles, não há endocitose e acontece a elevação do colesterol. ↳ Se o paciente com HF tem apenas um dos pais com HF, seu risco de possuir LDL alto é 2-3x maior do que de uma pessoa normal – de 250 a 490md/dl. Já se tem os dois com HF, a chance aumenta para 6x - maior que 500mg/dl. ↳ Suspeitar quando o LDL é maior que 250 em paciente jovem e avaliar em exame físico se há: arco corneano antes dos 45 anos (condição patológica); xantelasma e xantomas ↳ Os xantomas tendinosos são mais comumente observados no tendão de Aquiles e nos tendões extensores dos dedos. Eles devem ser pesquisados não só pela inspeção e palpação. São praticamentepatognomônicos de HF, mas ocorrem em menos de 50% dos casos. HIPERTRIGLICERIDEMIA ISOLADA ↳ Aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dl ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). ↳ O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento plasmático resulta em hipertrigliceridemia. Esse acúmulo decorre da diminuição da hidrólise dos TG destas lipoproteínas pela LPL ou do aumento da síntese de VLDL. DIMINUIÇÃO DO HDL ↳ Redução do HDL (homens < 40 mg/dl e mulheres < 50 mg/dl) isolada ou em associação ao aumento de LDL ou de TG DISLIPDEMIAS MISTAS ↳ Quando há mais de uma condição dislipidêmica: Hipertrigliceridemia e/ou Hipercolesterolemia e/ou Diminuição do HDL ↳ Aumento do LDL (LDC ≥ 160 mg/dl) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dl ou ≥ 175 mg/ dl, se a amostra for obtida sem jejum). Se TG ≥ 400 mg/dl, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se considerar a hiperdislipidemia mista quando o não HDL- c ≥ 190 mg/dl. PROPEDÊUTICA ↳ Não é necessário jejum para exame desde 2016 – mudança ocorreu porque isso não reflete o metabolismo basal. Só se o paciente tem hipertrigliceridemia. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO ↳ Serve para determinar o risco de o paciente ter um evento cardiovascular em 10 anos. ↳Desta forma, a identificação dos indivíduos assintomáticos predispostos é crucial para a prevenção efetiva, com a correta definição das metas terapêuticas individuais. ↳ A estimativa do risco de doença aterosclerótica resulta da somatória do risco associado a cada um dos fatores de risco + a potenciação causada por sinergismos entre alguns destes fatores. O algoritimo criado para identificação do risco utilizado pela SBC é o Escore de Risco Global (ERG). RISCO MUITO ALTO ↳ Indivíduos que apresentem doença aterosclerótica significativa (coronária, cerebrovascular, vascular periférica ALTO RISCO ↳ Para fins desta atualização, foram considerados de alto risco os indivíduos em prevenção primária: Portadores de aterosclerose subclínica documentada por metodologia diagnóstica Aneurisma de aorta abdominal. Doença renal crônica definida por Taxa de Filtração Glomerular (TFG) < 60 mL/min, e em fase não dialítica. Aqueles com concentrações de LDL-c ≥ 190 mg/dL. Presença de diabetes melito tipos 1 ou 2, e com LDL- c entre 70 e 189 mg/dL e presença de Estratificadores de Risco (ER) ou Doença Aterosclerótica Subclínica (DASC). ↳ Definem-se ER e DASC no diabetes como: ER: idade ≥ 48 anos no homem e ≥ 54 anos na mulher; tempo de diagnóstico do diabetes > 10 anos; história familiar de parente de primeiro grau com DCV prematura Ex. de DASC: Doença Arterial coronária, AVC, alguma obstrução periférica, Ateromatose Carotídea, DM1 ou DM2, Doença Renal Crônica, HF Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG (< 55 anos para homem e < 65 anos para mulher); tabagismo (pelo menos um cigarro no último mês); hipertensão arterial sistêmica; síndrome metabólica, de acordo com a International Diabetes Federation; presença de albuminúria > 30 mg/g de creatinina e/ou retinopatia; TFG < 60 mL/min. DASC: ultrassonografia de carótidas com presença de placa > 1,5 mm; ITB < 0,9; escore de CAC > 10; presença de placas ateroscleróticas na angio-CT de coronárias. • Pacientes com LDL-c entre 70 e 189 mg/dL, do sexo masculino com risco calculado pelo ERG > 20% e nas mulheres > 10%. RISCO INTERMEDIÁRIO ↳ Indivíduos com ERG entre 5 e 20% no sexo masculino e entre 5 e 10% no sexo feminino ou ainda os diabéticos sem os critérios de DASC ou ER listados anteriormente. BAIXO RISCO ↳ Pacientes do sexo masculino e feminino com risco em 10 anos < 5%, calculado pelo ERG (Grau de Recomendação: I; Nível de Evidência: A). ↳ Observação: esta atualização não utiliza os fatores agravantes para reclassificação do risco cardiovascular. ↳ Se houver histórico de doença familiar é médio risco mesmo que risco <5% DISLIPDEMIA SECUNDÁRIA ↳ A dislipidemia secundária é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos. Morbidades que podem alterar os níveis lipídicos: Hipotireoidismo, síndrome nefrotica, gravidez, anabolizantes, diuréticos – aumentam o LDL Diabetes, obesidade, uso de álcool, doenças endócrinas como acromegalia, anticoncepcionais – aumentam os triglicerídeos TRATAMENTO ↳ Para pacientes classificados como MUITO ALTO RISCO OU ALTO RISCO indica-se medicação desde o momento do diagnóstico, não pode optar apenas pela Mudança do Estilo de Vida (MEV). (MEV + medicamento) ↳Para pacientes classificados como RISCO INTERMEDIÁRIO OU BAIXO RISCO indica-se MEV e reavaliar de 3 a 6 meses. Caso não se atinjam as metas, iniciar tratamento medicamentoso. NÃO MEDICAMENTOSO Reduzir consumo de carboidratos simples Consumo de <10% do valor calórico total de ácidos graxos saturados para indivíduos saudáveis Consumo de <7% do valor calórico total para indivíduos que tem risco cardiovascular aumentado Perder peso Aumentar ou iniciar atividade física Consumo diário de 25g de fibras MEDICAMENTOSO ↳ Os medicamentos para dislipidemia devem agir no colesterol total e LDL. ↳ Não existe indicação específica para o tratamento do HDL baixo e que eleve o HDL. Se o paciente tiver só HDL baixo, não há uso de medicamento. ESTATINA – AGE NA COLESTEROLEMIA ↳ O medicamento mais indicado é a estatina, que inibem HMG COA redutase gerando aumento do turnover dos receptores LDLR, tirando mais o LDL da circulação. Usa- se estatina em associação ou não aos fibratos ↳. As estatinas são classificadas em: Baixa potência - reduz o colesterol em 30% Moderada potência – reduz em 30-50% Alta potência – reduz mais que 50% ↳ A escolha da estatina e dose funcionam de acordo com o risco do paciente. ↳ O principal efeito colateral da estatina é a mialgia, que ocorre em pacientes dose-dependentes. Além disso, pode ocorrer aumento das transaminases, disfunção hepática e Diabetes Melito. ↳ Para usar estatina, deve-se dosar TGO e TGP. O médico pode escolher dosar CPK (se o paciente estiver usando Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG outro medicamento para miopatia ou se for maratonista) mas não é obrigatório como as transaminases. FIBRATOS – ATUA NOS TRIGLICERÍDEOS ↳ Os fibratos estimulam os receptores nucleares (PPAR- alfa), aumentando assim a produção da LPL - lipase lipoproteica (proteína que fica na circulação quebrando os quilomícrons) e, consequentemente, a quebra dos triglicerídeos. Além disso, faz a redução da ApoC-III, que inibe a LPL. ↳ IMPORTANTE: Não agem no LDL. ↳ O uso de fibrato é obrigatório apenas quando TG>500 mg/dl, por causa do seu risco de causar pancreatite. Se TG for alto, mas não > 500 mg/dl, não é obrigatório usar fibrato. ↳ Primeiro receita-se o fibrato e trata os triglicerídeos, depois trata o LDL se houver o aumento desses também. Em pacientes diabéticos com TG>200 e HDL baixo, pode-se iniciar fibrato, em especial o fenofibrato – parece diminuir a retinopatia diabético), associado ao uso de estatina. NOVAS DROGAS PARA HIPERCOLESTEROLEMIA Usadas para reduzir o LDL em paciente que já estão com o uso de estatina. 1. Lomitapide: inibição da MTP (microssomal TG transfer protein) – secreção da Apo B. 2. Mipomersen: oligonucleotídeo antisense que tem como alvo o ácido ribonucleico da Apo B. 3. Ac monoclonal queinibe a PCSK9: protease secretada no ficado que faz a externalização do receptor de LDL (LDLR) – reduzem o LDL de 50- 60%. Ela aumenta a “reciclagem do receptor”. Como para o LDL-c e o não HDL-c, os valores referenciais variam de acordo com o risco cardiovascular estimado, nesta atualização são sugeridos valores de alvo terapêutico para estas variáveis, de acordo com a categoria de risco. Os parâmetros CT, HDL-c, LDL-c e não HDL-c não sofrem influência do estado alimentar. Para os TG sem jejum o valor desejável é considerado < 175 mg/dL. Aline Custódio Silva – MEDICINA - UNIVAG
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