Buscar

IdadeMedia Redescoberta Direito RomanoUniversidades

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PAGE 
6
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS
ESCOLA DE DIREITO
HISTÓRIA DO DIREITO 
Dr. Elias Grossmann
1.IDADE MÉDIA - período histórico que se estendeu do século V até o século XV, ou seja,
→ Da queda do Império Romano do Ocidente em 476 
até
→ A tomada de Constantinopla em 1453.
2.
· Primeiro momento: Alta Idade Média inicia-se com a queda de Roma e as invasões bárbaras.
· Segundo momento: Baixa Idade Média, que vai de 893 a 1095, aproximadamente. (Século XIII a XV) – é um período de retomada cultural → nascimento das universidades no ocidente.
3.Durante a Alta IM, o estudo e o ensino do direito eram quase inexistentes na Europa Ocidental. 
A Influência do D. Romano tinha lentamente decrescido, para desaparecer quase inteiramente nos séculos X e XI.
4.
5. Cerca de 1100, dá-se na Itália um “renascimento” do D. romano, na sequência do seu ensino nas universidades nascentes. (Vide item 27 – esquema)
· Durante seis séculos, até ao fim do século XVIII, só o D. Romano é ensinado, ao lado do D. canônico.
· As primeiras cátedras de direito moderno aparecem no século XVII.
· Somente no começo do século XIX o D. romano passa para um “segundo plano”.
· Todo o ensino do direito é feito em latim.
6. 
· O D. romano não foi unicamente um “direito erudito”, objeto de importantes estudos doutrinais. Penetrou progressivamente na prática do direito, sobretudo na Itália, na Espanha e na Alemanha. 
· A romanização do direito faz-se progressivamente segundo ritmos diferentes em cada país. 
· Ao lado da doutrina romanista, existiu desde o século XII uma doutrina canonista.
7.
· A partir do século XII, com o surgimento das universidades, nasce um novo estudo do direito, baseado, sobretudo, no Corpus Iuris Civilis.
· Tratava-se de um direito teórico, erudito e que, em relação aos demais direitos europeus, apresentava como vantagens ser um direito escrito (segurança jurídica), ser comum a todos (ius commune) e ser mais completo e evoluído que os demais.
→ Em 1088 é fundada em Bolonha (Itália) a primeira universidade do Ocidente. 
→ Em 1158 - tinha cerca de 10 mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc). 
Métodos de estudo e de ensino do direito romano
8. 
I – A escola dos glosadores ou escola de Bolonha
(séculos XII e XIII)
Método aplicado: o Método da glosa.
Glosa (do grego = palavra, voz)
A glosa é, na origem, uma breve explicação de uma palavra difícil. 
· Foi em Bolonha que desenvolveu o ensino do D. Romano, com base sobretudo no Digesto.
· A maior parte dos trabalhos foi perdida. Somente algumas glosas são conhecidas.
· Os juristas de Bolonha alargaram este gênero de explicação a toda uma frase, às vezes até a todo um texto jurídico; essas explicações tornaram-se cada vez mais longas e complexas, mas permaneceram essencialmente interpretações textuais; eram limitadas à exegese dos textos.
· As glosas muito curtas eram escritas entre as linhas do manuscrito. A maior parte das vezes, porque demasiado longas, eram colocadas à margem dos textos. 
· Os glosadores também escreveram comentários → summa.(comentário de uma parte completa do Digesto).
· O exame aprofundado duma questão de direito era apresentado sob o nome de quaestio.
· Os juristas da escola de Bolonha foram os primeiros, na Idade Média, a estudar o direito como uma ciência. 
· Contribuíram assim para o desenvolvimento de uma ciência do direito, cujo ensino é assegurado em escolas exclusivamente reservadas aos estudos jurídicos. 
· Analisando o conjunto da codificação de Justiniano, estudaram o direito romano como um sistema jurídico coerente e completo, independentemente do direito do seu tempo. 
· Não havia preocupação em adequar o conhecimento produzido com as questões do seu tempo, o que não favorecia a aplicação forense daquele conhecimento.
· As características mais salientes e originárias do método bolonhês são a fidelidade ao texto justinianeu e o caráter analítico e, em geral, não sistemático. (HESPANHA, 2005:198).
· A atividade dos juristas devia consistir, portanto, numa interpretativo cuidadosa e humilde, destinada a esclarecer o sentido das palavras (verba tenere) e, para além disso, a captar o sentido que estas encerravam (sensum eligere) – interpretação anotativa. (HESPANHA, 2005:198).
· Cabe aos glosadores o mérito de terem recriado, na Europa Ocidental, uma linguagem técnica sobre o direito. (HESPANHA, 2005:200).
· Os dois juristas mais famosos desta escola são o seu fundador – Irnério – e Acúrsio, o compilador final de toda a produção doutrinal – na Magna Glosa ou Glosa de Acúrsio (c.1250). (HESPANHA, 2005:206).
9.
10.
11.
12.
II – A escola dos Comentaristas/comentadores ou Pós-Glosadores
(Fim do século XIII e séculos XIV e XV)
· O intérprete deixa de glosar e passa a comentar.
· Período da alta escolástica medieval, que retoma o pensamento grego utilizando-se da obra de Aristóteles. 
· A escolástica possibilitou, através da retomada do pensamento aristotélico, o incremento da argumentação jurídica e da lógica jurídica e da ciência do direito.
· Inspirada pela dialética escolástica (São Tomás de Aquino), a nova escola põe a tônica sobre a necessidade de examinar os textos de direito romano no seu conjunto e de retirar deles princípios gerais, a fim de os aplicar aos problemas concretos da vida corrente.
· Diferentemente dos glosadores, que se utilizavam do direito romano para o desenvolvimento da retórica, os pós-glosadores tinham declarado o intento de utilizar toda a experiência jurídica construída pelos romanos para a solução dos conflitos da sua época. 
· Mais práticos – não seguem necessariamente a ordem do próprio texto romano.
· O método dos que continuam a tradição dos comentadores, será denominado “mos italicus” (ao modo da Itália)
. 
13.
14.
15.
16.
III – A escola humanista ou histórica
· Surge na França – daí “mos gallius (iura docendi)” (maneira francesa de ensinar o direito).
· No fim do século XV e sobretudo no começo do século XVI, os métodos de estudo e de ensino do direito romano são objeto de vivas críticas.
· Sob a influência do humanismo, os romanistas esforçam-se por estudar o D. romano por ele mesmo, num fim puramente científico e abstraído de qualquer aplicação ao direito moderno.
· Valorização da pesquisa histórica e a recuperação do texto romano puro. 
· “...um segundo renascimento do direito romano.” (GILISSEN, 2003:347)
17. MÉTODO
· Estudar o D. romano com a ajuda apenas dos textos romanos e bizantinos sem os acréscimos (glosas) da ciência romanista medieval.
· Explicar os textos de direito romano com a ajuda de outros documentos romanos.
· Estabelecer o sentido original e o verdadeiro alcance das regras jurídicas romanas, no quadro da evolução do próprio direito romano.
· O método será denominado “mos gallicus” ... por ter se firmado na França, mesmo que, aí, não tenha tido o seu berço. 
18.
OS DIREITOS ROMANISTAS
19. A quase totalidade dos sistemas jurídicos da Europa faz parte da família dos direitos romanistas → Influência considerável do direito romano sobre o seu desenvolvimento a partir do século XIII.
O direito romano também influencia 
· common law 
· E os direitos dos países de tendência comunista
20. Influência do direito romano na ciência do direito elaborada nas universidades a partir do século XII.
Pela análise racional dos textos reproduzidos no Corpus iuris civilis (cod. Da época de Justiniano), os professores elaboraram uma ciência do direito, independente dos numerosos sistemas jurídicos em vigor nas diferentes regiões da Europa.
21. Elaborava-se um direito teórico, erudito, muito mais próximo do direito romano do que o dos direitos positivos locais da sua época.
Este direito erudito apresentava algumas vantagens em relação aos inúmeros direitos locais:
· Era um direito escrito.
· Era comum a todos os mestres (sendo reconhecido como ius commune da Europa continental.
· Era muito mais completo.
· Era mais evoluído.
22. O grau de romanização varia de país parapaís (não foi uniforme).
A romanização foi maior na Itália, nos países ibéricos, na Alemanha e nas regiões belgo-holandesas.
23. Alguns elementos comuns aos direitos romanistas aparecem nos direitos europeus sem aí terem sido introduzidos diretamente em consequência do renascimento do direito romano; assim:
· passa-se do “irracional” ao “racional” desde os séculos XII-XIII, ao mesmo tempo que se desenvolve a ideia de um direito justo e razoável aplicável a todos;
· Preponderância da lei impõe-se sobretudo pela extensão do poder dos reis; a noção de soberania, que se desenvolve nos séculos XIII e XIV, reconhece-lhes o poder de impor regras de direito aos seus súditos. (GILISSEN)
24. As transformações dos sistemas jurídicos nos séculos XII e XII:
do “irracional” ao “racional” (GILISSEN)
(a) Evolução da prova: em lugar de provas “irracionais” como, e.g., a intervenção de Deus, ou de elementos sobrenaturais, procura-se estabelecer a verdade por meios “racionais” de prova (inquérito, testemunho, atos escritos etc.)
(b) O reforço do poder de certos reis e senhores faz desaparecer a anarquia do regime feudal. 
Tendência → manter a ordem e a paz pelo desenvolvimento da polícia e da justiça. (Embriões dos Estados modernos).
(c) A economia fechada do sistema feudal é substituída por uma economia de troca que, a partir do século XII, se estende a toda a Europa Ocidental e Central. 
As cidades dão origem ao direito urbano, caracterizado pela igualdade jurídica dos “burgueses” e pela formação de regras próprias das instituições novas nascidas do comércio e da indústria (D. comercial, industrial, social).
(d) A partir do século XIII, a lei tende a suplantar o costume. 
A história dos direitos europeus dos séculos XII ao XVIII é um lento declínio do costume em benefício da lei como fonte de direito.
Tendência para a preponderância da lei
O poder de fazer leis passa progressivamente dos senhores e das cidades para os soberanos e depois para a nação. (a partir dos séculos XV e XVI)
O poder legislativo torna-se um atributo dos soberanos,
Com a “intervenção” dos governados, i.e., dos corpos representativos das ordens políticas e sociais: nobreza, clero, burguesia.
Nos séculos XIX e XX, a lei tornou-se a expressão da vontade nacional. 
Para um melhor conhecimento das leis: CODIFICAÇÃO →Prússia (1794) →Rússia (1832)
X – x – x – x – x – x - X
25. “A recepção do direito romano nos séculos XII e XIII promove significativas transformações do sistema jurídico, mas também político, econômico e social. A racionalidade do sistema que se estabelece exige provas não mais irracionais, sobrenaturais, mas racionais, testemunhais, ou seja, mais justas. A centralização do poder pelo rei ou senhor, a fim de garantir a ordem, a paz e a justiça em seu território, algo necessário para o desenvolvimento e embrião dos Estados modernos. O restabelecimento do comércio e a progressiva abertura econômica, com a realização de feiras de comércio, o surgimento de cidades, uma comunidade urbana de artesãos e burgueses, novas instituições, como as corporações de ofício e o desenvolvimento econômico. Por fim, a substituição dos costumes como fonte do direito pela lei, processo legislativo de poder soberano real.” (Vicente Bagnoli, Susana Mesquita Barbosa e Cristina Godoy Bernardo de Oliveira)
26.“A romanização foi maior na Itália, nos países ibéricos, na Alemanha e nas regiões belgo-holandesas que noutros lados, porque pelo menos desde o século XVI, o direito erudito foi aí mais ou menos oficialmente reconhecido como direito supletivo. Não foi assim oficialmente na maior parte da França, onde o direito erudito só foi admitido como ratio scripta (razão escrita). Os países escandinavos e eslavos nos quais as universidades apareceram mais tarde, não conheceram senão uma romanização muito limitada. A Inglaterra escapou-lhe, graças ao desenvolvimento do seu common law. Mas apesar da diversidade dos graus de romanização, alguns elementos comuns aparecem desde o fim da Idade Média e mantêm-se até aos nossos dias.” (GILISSEN, 2003)
27. Universidades
Referências:
BRANDÃO, Cláudio. Introdução às ideias jurídicas da modernidade. In: BRANDÃO, Cláudio; SALDANHA, Nelson; FREITAS, Nelson. História do direito e do pensamento jurídico em perspectiva. São Paulo: Atlas, 2012.
GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
HESPANHA, António Manuel. Cultura jurídica europeia: síntese de um milênio. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. São Paulo: Atlas, 2008.
SILVA, Nuno J. Espinosa gomes da. História do direito português: fontes do direito. Lisboa: FCG, 2000.
Vimos que, derrubada, politicamente, em 476, a “pars occidentis” do Império, a única grande realidade institucional dos tempos antigos que sobrevive, e faz a ligação entre o romano e o barbárico, é a Igreja. Tempos haverá em que “catholicus” é sinônimo de “romanus”. Ora, do mesmo modo que foi a Igreja a manter a ideia do Império e, depois, a promover a “translatio Imperii”, assim, também é ela que, em contato permanente com o mundo bárbaro, vai insinuando, nas coisas temporais, a aplicação do direito romano que é a sua “lex approbata”, a sua “lex saeculli”. 
Nos negócios terrenos, a Igreja vive o direito romano: este é, como também se disse, a sua “lex terrena”. Há, pois – e este aspecto é importantíssimo –, uma primeira tutela do direito romano por parte da Igreja. Mas, uma vez operada a restauração do Império, o direito romano tende a deixar de ser apenas a “lex terrena” da Igreja, para passar a constituir, em toda a sua potencialidade, a lex, o direito do novo Império. Além disso, as relações entre o Império e o Papado não vão ser sempre idílicas; a tensão mais grave surgirá no século XI e é, precisamente, no fim deste século que em Bolonha se situa o movimento cultural denominado de renascimento do direito romano. Compreende-se o porquê deste renascimento. A luta entre o Império e o Papado é forte incentivo a que, cada vez mais, o direito romano seja considerado a lex do Império medieval; o contraste com a Igreja leva à necessidade de um fortalecimento das estruturas do Império e, consequentemente, a um maior debruçar-se sobre o seu ordenamento jurídico. 
Depois do que se apontou, fácil é de entender que, quando se fala de renascimento do direito romano, não deve esta expressão ser tida como querendo inculcar a ideia de que, anteriormente, se perdera, por completo, o conhecimento do direito romano. O comentário que se fez acerca da ação da Igreja é já suficiente para afastar essa ideia. Assim, o verdadeiro sentido da expressão renascimento está em significar o reencontro do direito romano através do estudo, independente, dos genuínos textos justinianeus e não, como até esse momento, englobado nas “artes liberais”, sem autonomia, e deturpado ou transfigurado em virtude de adaptações literárias mais ou menos incorretas.
Esse renascimento do direito romano vai encontrar em Bolonha o centro cultural de onde irradiará por toda a Europa. (...). (SILVA, 2000:198-9. Grifos do autor).
O que é, então, a glosa? Por glosa, entendia-se a simples explicação gramatical, de carácter exegético, de palavras ou frases que suscitassem escolhos na sua interpretação; frente a textos que se achavam escritos num latim que não é a língua dos tempos medievais, a primeira dificuldade está no compreender o sentido literal desses textos.
A glosa, a princípio, geralmente interlinear (nota entre linhas), vai, dado o seu grande desenvolvimento, tornar-se marginal (à margem do texto. Às vezes, ainda, em superior grau de teorização, toma o nome de apparatus. (SILVA, 2000:200).
O expoente e sistematizador da escolar vem a ser Acúrsio, autor da Magna Glosa, ou Glosa, por antonomásia, escrita entre 1222 e um tempo posterior a 1234, extraordinária obra de compilação em que foram examinadas cerca de noventa e seis mil glosas; a obra de Acúrsio, que exerceu enorme influência em todaa Europa, veio, inclusive, a ser considerada direito subsidiário, em Portugal, (...). (SILVA, 2000:201).
A “glosa” – explicação breve de um passo do Corpus Iuris obscuro ou que suscitasse dificuldades – era, portanto, o modelo básico do trabalho desta escola. No entanto, ela cultivou uma gama muito variada de tipos literários: desde a simples glosa interpretativa ou remissiva até ao curto tratado sintetizando um título ou um instituto (summa), passando pela formulação de regras doutrinais (brocarda, regulae), pela discussão de questões jurídicas controversas (dissenssiones doctorum, quaestiones vexatae ou disputae), pela listagem dos argumentos utilizáveis nas discussões jurídicas (argumenta), pela análise de casos práticos (casus). Em alguns destes tiplos literários as preocupaões de síntese e de sistematização são já sensíveis. (HESPANHA, 2005:199).
O novo método reside sobretudo na discussão e no raciocínio lógico, construído sobre as regras jurídicas romanas consideradas como princípios não discutíveis.
Procede-se por divisão e subdivisão da matéria;
Estabelecem-se premissas donde se deduzem inferências; as conclusões são submetidas e a uma crítica severa pelo exame de casos particulares, muitas vezes insolúveis.
Levantam-se objeções que se combatem com novos argumentos. (GILISSEN)
(…) os chefes da escola serão Bártolo (1313-1357) e Baldo (1327-1400). A influência do primeiro foi de tal modo importante (os comentadores virão a ser chamados bartolistas) que, à semelhança do que se passou com Acúrsio, igualmente constituiu a sua opinião direito subsidiário em Portugal. (SILVA, 2000:205).
O fundador da escola foi Cino de Pistóia (1270-1336) (em Pistóia, em cujo Duomo jaz) – contemporâneo e conterrâneo do grande poeta italiano do pré-renascimento Dante alighieri – jurista, pré-humanista e poeta do dolce stil nuovo. Mas o jurista mais influente nela inserido foi, sem dúvida, o seu discípulo Bártolo de Sassoferrato (1314-1357), de Perugia, jurista ímpar (lumina et lucerna iuris, luz e lanterna do direito, lhe chamaram os contemporâneos) na história do direito ocidental que, numa vida de pouco mais de trinta anos, prduziu uma obra monumental. A sua influencia na tradição jurídica europeia durou até o século XVIII, a ponto de se ter criado o dito “nemo jurista nisi bastolista” (ninguém é jurista se não for bartolista). (...).(HESPANHA, 2005:210).
“(...). É a razão humana que possibilitará o uso do direito romano, o qual deverá ser utilizado como um instrumento na busca da justiça do caso concreto e da boa decisão, atividade racional, dirigida pelas faculdades do homem. Porque a compilação de Justiniano estava submetida ao crivo da razão, na época do humanismo o jurista recorreu a outras fontes clássicas, não necessariamente jurídicas, que também possibilitaram a argumentação lógica e racional em torno dos problemas do direito. Desse modo, defendiam que o conhecimento do direito não se adquire apenas através da lógica e da dialética, mas também através de meios filológicos, históricos, literários, em resumo: através das humanidades.” (BRANDÃO, 2012:157).
A universidade não é um conjunto físico de instalações e não tem uma sede quando se inicia: trata-se de uma corporação de alunos ou professores e funcional onde houver lugar. As aulas são dadas onde o professor conseguir alugar um espaço, ou na sua casa, ou em algum recinto cedido pela comuna, ou pela Igreja, ou por um convento etc. Mais tarde surgem os colégios: trata-se de verdadeiros albergues onde se instalam os estudantes estrangeiros (daí os colégios por nações) ou aqueles que não podem pagar hospedagem regular ou ter suas próprias casas. Como os colégios são ocupados por estudantes, à tarde muitas vezes ali vão repetidores de lições dadas pela manhã e pouco a pouco transformam-se em locais de ensino. É desta experiência que a Inglaterra transformou suas universidades em conjuntos de colleges: o ensino passou a seu cargo. Na Europa continental, os colégios continuaram por muito tempo sendo sobretudo albergues. (LOPES, 2008).
� A escolar dos comentadores, fundada por Cino de Pistoia (1270-1336). Curiosamente, teve origem na França, em Orleans, mas foi na Itália que o seu método de estudo se disseminou, de tal forma que foi denominado de mos italicus, maneira italiana de se estudar o direito romano, para aplicação prática. (BITTAR, 2017:97).

Mais conteúdos dessa disciplina