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Designer Sustentável e Responsabilidade Social

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Prévia do material em texto

Design Sustentável e 
Responsabilidade Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Elisa Jorge Quartim Barbosa
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Sustentabilidade e a Crise Ambiental 
• Introdução ao Design Sustentável;
• Histórico;
• Impactos Ambientais;
• Dimensões da Sustentabilidade ;
• Papel do Designer.
 · Contextualizar a crise ambiental provocada pelos processos de pro-
dução industrial e projetos sem preocupação com o seu impacto no 
meio ambiente.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Contextualização
Nesta Unidade veremos o contexto de onde surgiu o conceito de design sustentável 
e sua participação dentro do desenvolvimento humano e dos processos produtivos.
O que leva às indústrias a poluírem? Como será que o designer pode criar ciclos 
virtuosos de produção influenciando positivamente?
Será possível promover um design mais sustentável?
Nesta Unidade responderemos a algumas dessas perguntas, esclarecendo várias 
dúvidas a este respeito.
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9
Introdução ao Design Sustentável
A curta felicidade material proposta a sociedades ocidentais depois da Segunda 
Guerra Mundial teve consequências consideráveis no meio ambiente e na qualidade 
de vida dos seres vivos. Nos últimos anos, a sociedade tomou consciência de seus im-
pactos e do cenário de degradação do meio ambiente, alguns dos quais irreversíveis.
A sociedade atual tem a sua economia baseada na comercialização de bens de 
consumo, com rentabilidade imediata e exploração dos recursos naturais. Se o 
consumo permanecer no mesmo ritmo em que é atualmente, o planeta Terra não 
terá mais condições de manter as nossas necessidades materiais, de modo que a 
sobrevivência humana corre grande risco de se extinguir. Seremos, então, uma 
espécie em risco de extinção?
Rever o consumo humano faz parte de uma das alternativas; priorizar o uso 
em relação à matéria, criando novos bens e serviços mais integrados à realidade 
ambiental de hoje e visando um futuro próximo.
As propostas devem ser pensadas em escala humana e promovidas pelas 
empresas e seus projetistas, oferecendo alternativas e promovendo novos elos na 
cadeia produtiva.
A ambição desta Disciplina, portanto, é aprimorar os novos modos de vida e 
despertar o profissional a ser mais questionador, usando da própria criatividade 
para o bem comum.
Histórico
A relação entre as sociedades ocidentais e a natureza, como atualmente definida, 
baseia-se ainda em princípios modernistas enunciados no século XVII. A natureza é 
usada como base no progresso e aprendizado científico. Fonte de matéria-prima, e 
dentro desse pensamento, “imperfeita”. Ademais, o pensamento antropocentrista 
faz com que as pesquisas sejam levadas pelo ponto de vista do homem, ignorando 
outros tipos de interações menos perceptíveis aos nossos olhos.
No discurso do método de Descartes, a linguagem matemática é aperfeiçoada, 
tornando o seu racionalismo uma abordagem “mecanicista” dos fenômenos ou 
princípios naturais, visão baseada em uma observação cuja função é decompor e 
fragmentar o real para facilitar a sua manipulação e reproduzir esses fenômenos 
(DESCARTES, 2005).
Os antigos conhecimentos “especulativos” serão definitivamente superados pela 
Ciência. Com o projeto da modernidade, o produtor e detentor de conhecimento 
se afastará do objeto natural de seu saber, em uma tentativa de controle do mundo 
à sua volta. O futuro é definido em uma escala ascendente em relação ao presente 
e abre as portas ao progresso científico.
9
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
1851, Revolução Industrial:
A criação do método para novas invenções trouxe um grande progresso material 
e científico para a humanidade, gerando grande necessidade de mão de obra e 
esvaziando o mundo rural. O progresso se apoiou na exploração dos recursos 
naturais e na mão de obra barata, sem distinção de idade ou sexo, onde as leis 
trabalhistas ainda nem existiam.
Cidades foram criadas ao redor dos centros industriais; surgiu o homem 
urbanizado, disputando recursos fabricados pelo próximo e ignorando os recursos 
naturais presentes.
No design gráfico e de produtos, ironicamente, a exploração de imagens que 
remetiam à natureza mostra bem esse distanciamento do homem às suas origens, 
em uma tentativa de aproximação artificial. O progresso se tornou o principal 
objetivo, de modo que sacrifícios foram aceitos para se ter acesso às novas riquezas 
criadas pelo próprio homem.
William Morris (1834-1896), contra a Revolução Industrial e o capitalismo que, do seu ponto 
de vista, priorizavam mais a produtividade que a qualidade e estética, criou, em seu ateliê, o 
movimento Arts & Crafts, cuja ambição era embelezar o meio ambiente cotidiano pela arte 
da decoração. Considerava que a indústria distanciava o criador de suas obras, desfigurando 
os objetos cotidianos. Assim, promovendo o projeto a métodos mais artesanais, propôs que 
esses objetos representassem uma flora exuberante, retornando às origens humanas. Tal 
movimento é considerado a origem do design.
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1929, “quebra” da Bolsa Estadunidense de Valores 
e a descoberta do consumidor:
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a produção teve o seu auge como nunca 
antes visto. Novos produtos foram criados, tais como o automóvel e os primeiros 
eletrodomésticos. Junto aos quais surgiu o crédito ao consumo, com o objetivo 
de estimular a aquisição desses novos bens, porém, o endividamento crescente da 
população e a incerteza das bolsas de valores repercutiram na “quebra” da Bolsa 
Estadunidense de Valores, em outubro de 1929, revelando o contraste entre a 
especulação e realidade da economia.
Tal crise levou a uma queda na produção industrial, permanecendo até a 
Segunda Guerra Mundial. O pós-Guerra e a necessidade da retomada da economia 
transformaram o marketing e design em ferramentas-chave dessa retomada 
econômica, agregando valor intangível aos produtos e serviços. 
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1945, o progresso perde a inocência:
O inacreditável poder de destruição da Segunda Guerra Mundial, marcado 
pelos efeitos das bombas atômicas lançadassobre Hiroshima e Nagasaki, cidades 
japonesas, iniciou o questionamento das benfeitorias do progresso, colocando o 
mundo diante da problemática da ética. Pela primeira vez na história da humani-
dade, o homem dominava a natureza a ponto de se tornar responsável pelo seu 
próprio destino.
Os soldados que retornavam aos seus lares traziam consigo um sonho, baseado 
no “american way of life”, estilo de vida generoso cuja felicidade era baseada no 
apego material.
As lojas de autosserviço, como os supermercados, ofereciam uma infinidade 
de ofertas de produtos embalados, facilitando o consumo de bens. Seus carrinhos 
levavam à compra além do planejado, gerando a aquisição por impulso. Seguia-se 
a lógica que se apoiava na exacerbação do desejo baseado no bem de consumo, 
rapidamente saciado. Dito de outra forma, o consumidor era levado a esquecer os 
benefícios do presente, sendo encaminhado a um futuro próximo, constituído de 
novos desejos irrisórios – ficava cada vez mais difícil resistir às propagandas bem 
elaboradas e que se espelhavam no estilo de vida vendido no cinema.
No final da década de 1960, o pensamento ecológico fora iniciado como alavanca 
política que se perdeu dentro de discursos apocalípticos. A ecologia surgiu como 
uma arma contra uma sociedade intolerante, materialista e centrada no homem 
branco ocidental. As primeiras reivindicações das populações sensibilizadas pelos 
perigos industriais fracassaram diante das cicatrizes dos anos de crise econômica, em 
meio a uma população que tinha como objetivo essencial o seu próprio consumo.
Ademais, o principal mérito dos movimentos ecológicos foi plantar a dúvida na 
consciência dos governantes e da população.
Victor Papanek (1927-1999) foi designer e educador, além de um grande defensor do 
design de produtos, ferramentas e infraestruturas comunitárias social e ecologicamente 
responsáveis. Foi o primeiro designer a questionar a relação do design com o meio ambiente, 
centralizando no homem, na ecologia e ética. No seu livro, Design for the real world (2005), 
originalmente publicado em 1971, destaca a responsabilidade moral do designer, que 
convida à sabedoria diante da sua produção. Propõe também a se inspirar na experiência de 
outros países e comunidades em desenvolvimento para melhor entender as necessidades 
básicas dos seres humanos e sua relação com o design.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
1969, redescobrimento da Terra:
O ano de 1969 marcou a conclusão de 
uma época, o triunfo do conhecimento 
científico e de suas capacidades tecnológicas; 
a percepção era a de que o homem mudou 
o próprio status para o de um semideus. 
Porém, a Terra vista sob outro ponto, 
contemplada do espaço, tornou-se o ícone 
da vida resgatando a sua origem, mudando 
a maneira de ver a si.
Nesse mesmo período, catástrofes abala-
ram a dinâmica industrial e o homem per-
cebeu a influência de demandas industriais 
cada vez maiores e suas consequências no 
meio ambiente. Esse período foi marcado 
pela primeira crise do petróleo, em 1973. 
Depois da Guerra dos Seis Dias – ou do Yom Kippur –, a cotação do petróleo 
multiplicou-se por quatro em três meses, de modo que as economias dependentes 
dessa matéria-prima foram duramente atingidas.
Esse pico da crise do petróleo já havia sido previsto pelos pesquisadores do 
Massachusetts Institute of Technology (MIT), junto ao Clube de Roma, no 
livro chamado Limites do crescimento (2007), obra que tenta determinar as 
consequências do modo de vida dos países do Norte e da explosão demográfica 
das nações do Sul nas décadas seguintes. Conclui que se todo o Planeta consumisse 
como os norte-americanos, haveria multiplicação por sete do, então, consumo 
mundial, levando a crises de recursos básicos, tais como as faltas de alimento, água 
e energia, delegando à humanidade um trágico destino.
Essas previsões, embora equivocadas em alguns pontos, conseguiram chamar 
a atenção de políticos e cientistas. Um ano depois, em Estocolmo, Suécia, 
representantes de vários países se reuniram pela primeira vez para discutir sobre 
o tema meio ambiente. Nessa conferência nasceu o Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente (Pnuma).
Estabelecido em 1972, o Pnuma possui, entre os seus principais objetivos, manter o estado 
do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações acerca de 
problemas e ameaças ao meio ambiente; recomendar medidas para melhorar a qualidade 
de vida da população, sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações 
futuras. Conheça outros aspectos desse programa em: https://goo.gl/Tzgg7j.
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Figura 1 – Buzz Aldrin pisa na Lua 
no dia 20 de julho de 1969
Fonte: Wikimedia Commons
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Foi durante a década de 1970 que o consumo humano de recursos naturais 
começou a ultrapassar as capacidades biológicas da Terra, provocando o declínio 
da abundância das espécies que vivem no Planeta. Aos poucos, o desenvolvimento 
industrial se globalizou e feriu duramente os princípios que regem a biosfera, de 
modo que as condições de sobrevivência no mundo se tornaram precárias.
1980, desastres e iniciativas:
De consequências locais e pontuais, os impactos no meio ambiente se tornaram 
globais, acometidos por vários desastres ecológicos, porém, com poucas mudanças 
nos sistemas produtivos e econômicos humanos. A superabundância de resíduos, 
o declínio da biodiversidade, o aquecimento do Planeta pelo aumento do efeito 
estufa, o aumento do buraco da camada de ozônio causado pela emissão de 
Clorofluorocarbonetos (CFC) e a rápida degradação das florestas nativas são 
sintomas desse processo.
Com a ampliação do interesse da imprensa, desastres como o ocorrido em 
Chernobil, então na República Socialista Soviética da Ucrânia, em 1986, evidenciam 
a fragilidade de nosso planeta conter as suas possíveis falhas.
O desastre de Chernobil foi um acidente nuclear catastrófi co que ocorreu em 26 de abril de 
1986, na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobil, que estava sob a jurisdição direta 
das autoridades centrais da União Soviética. Uma explosão e um incêndio lançaram grandes 
quantidades de partículas radioativas na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União 
Soviética e da Europa Ocidental. O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos 
de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos elencados como eventos 
de nível 7 – classifi cação máxima – na escala internacional de acidentes nucleares – sendo 
o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, ocorrido em 2011. Durante o acidente 
em si, 31 pessoas morreram, além de longos efeitos em inúmeros indivíduos a longo prazo, 
tais como câncer e deformidades diversas, casos estes que ainda estão em contabilização.
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Em 1987, o Protocolo de Montreal estabeleceu a redução e suspensão de CFC e 
outros gases destruidores da camada de ozônio, marcando o primeiro acordo para 
uma questão ambiental de extrema importância. No mesmo ano foi formalizado o 
relatório intitulado Nosso futuro comum, trazendo o conceito de desenvolvimento 
sustentável para o discurso público.
Sustentabilidade é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades 
(Gro Harlen Brundtland, Nosso futuro comum, 1987).
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
As amplas recomendações feitas pela Comissão levaram à realização da Confe-
rência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que colo-
cou o assunto diretamente na agenda pública de uma maneira nunca antes vista. 
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a Cúpula da Terra, como ficou conhecida, 
adotou a Agenda 21, um diagrama para a proteção do nosso planeta e de seu de-
senvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se iniciou 
em Estocolmo, em 1972. A definição de desenvolvimento sustentável não fixa um 
objetivo preciso a ser atingido, masdetermina equilíbrios a serem alcançados.
Concluídas as décadas de 1980 e 1990, surgiram produtos para suprir a 
demanda concernente ao meio ambiente, porém, levados apenas pelo marketing e 
desenvolvidos por profissionais ainda despreparados do ponto de vista de projeto. 
Apresentando uma qualidade duvidosa, com nomes e cores que remetiam a uma 
apreensão ambiental, tais produtos se apoiavam na preocupação global e de que 
algo deveria ser feito para mudar.
Impactos Ambientais
O aumento no consumo de recursos naturais vem causando sérios impactos 
ambientais. Segundo o Living planet report 2012, da World Wide Fund for 
Nature (WWF), a demanda cada vez maior de recursos por uma população 
crescente está causando uma enorme pressão sobre a biodiversidade do Planeta, a 
ponto de ameaçar o nosso futuro em termos de segurança, saúde e bem-estar. Por 
exemplo, se continuarmos em tal ritmo, em 2050 seriam necessários 2,9 planetas 
para suportar o crescimento da “pegada ecológica” da humanidade.
Ademais, os impactos ambientais podem ser divididos em três categorias 
principais: danos ecológicos, danos à saúde humana e esgotamento de 
recursos; sendo relevantes para as indústrias nas economias desenvolvidas e em 
desenvolvimento.
Quanto menos recursos naturais gastos para fazer um produto, mais barato se 
torna para as empresas e melhor figura ao meio ambiente, uma vez que gastou 
menos matéria-prima e energia. Mesmo na escala de uma única organização, as 
atividades industriais têm consequências ao meio ambiente, afinal, na maioria dos 
casos, seus impactos são imputáveis aos resíduos que perturbam os equilíbrios 
naturais (KAZAZIAN, 2005).
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Dimensões da Sustentabilidade 
A busca de parte da sociedade para clarear o conceito de sustentabilidade, de 
se propor um significado de preferência tangível e prático, tem suscitado reflexões 
desde as mais filosóficas, como o questionamento de ordem ética e moral; até as 
mais palpáveis, como a escolha do material no desenvolvimento de um produto. 
Há a necessidade de se traduzir em palavras o que representa o desenvolvimento 
sustentável, assim como os seus produtos resultantes, sendo um passo fundamental 
para que mudanças sejam efetivadas, transformando e desenvolvendo o sistema 
vigente para que se torne mais efetivo e de fácil assimilação.
Cientistas sociais e políticos, filósofos, antropólogos, economistas e pensa-
dores das mais diversas disciplinas passaram a propor pilares que embasariam 
o novo conceito de sustentabilidade. O mais difundido foi o famoso tripé da 
sustentabilidade, social-econômico-ambiental, proposto pelo inglês John Elking-
ton (2001), onde argumenta que o desenvolvimento sustentável é resultado de 
processos produtivos que consideram as três dimensões – ambiental, social e 
econômica – de maneira integrada. 
Esse conceito representou uma ruptura fundamental na forma que até então era 
feita, que sempre considerou o crescimento econômico como o único objetivo de 
um empreendimento. 
Social
JustoPossível
Sustentável
ViávelViável Econômico
Figura 2 – Tripé da sustentabilidade e esquema representativo
dos vários componentes do desenvolvimento sustentável.
15
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Tão forte foi a influência do tripé da sustentabilidade que, cinco anos depois, 
foi incorporado no documento da Cúpula de Johanesburgo, convocada com a 
ambição de transformar a Declaração do Rio em uma espécie de projeto executivo. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) se baseou nos seguintes princípios: da 
igualdade; do controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de 
negócios; da precaução na gestão do meio ambiente; da prevenção das mudanças 
globais negativas; da proteção da diversidade biológica – e cultural –; da gestão 
do patrimônio global; do sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica 
internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da Ciência e tecnologia.
Independentemente das linhas e propostas sustentadas por estudiosos e militantes 
de diversos campos que interagem nesse debate, o mais importante é notar que se 
trata de um conceito em constante construção. 
Hoje:
Os avanços foram pontuais e pouco significativos, deixando perguntas abertas 
a serem respondidas pelas novas gerações de profissionais, por exemplo: quais 
meios devem ser usados para satisfazer as necessidades humanas? Como fazer 
a gestão de recursos naturais existentes? Como será o progresso tecnológico e 
humano com recursos tão limitados?
As preocupações com o meio ambiente contribuíram para a formação de uma 
nova consciência do papel do designer no mundo, possibilitando aumento das 
discussões na área sobre ecologia humana, estratégias tecnológicas alternativas e 
responsabilidade social desse profissional. 
No contexto ambiental e social, a atuação do designer Victor Papanek (1985), 
com o seu livro Design for a real world, colocou em discussão as preocupações 
das indústrias e designers interessados na ecologia, incentivando a enfrentar os 
problemas sociais ao seu redor ao invés de agir apenas por interesses comerciais. 
Esse autor acreditava que os designers poderiam proporcionar soluções para 
sistemas e produtos com a finalidade de uso coletivo, ou em comunidades, utilizando 
tecnologias apropriadas. Papanek defendeu um design centrado no homem, na 
ecologia e ética, destacando a responsabilidade moral do design, que convida à 
sabedoria diante de sua produção e propõe a inspiração na experiência de outros 
países – notadamente aqueles em desenvolvimento – para melhor atender às 
necessidades básicas dos seres humanos e sua relação com o design.
A inserção das questões ambientais na atividade do design como uma necessidade 
surge ao longo do debate sobre desenvolvimento sustentável. A partir de tal 
momento, definições como design de produtos sustentáveis foram adotadas pela 
necessidade de os designers reconhecerem não apenas os impactos ambientais de 
sua atividade, mas também as consequências éticas e sociais, não se limitando aos 
três pilares propostos por Elkington (2001).
16
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Pensando mais na dimensão ambiental, Manzini (1993) diz que as tendências 
ambientais levam ao lema “menos matéria, menos energia e mais informação”, 
mostrando a necessidade de elaborar uma cultura ecológica capaz de resolver não 
apenas os problemas mais evidentes da quantidade, como também os dilemas mais 
sutis da qualidade, afinal, torna-se necessário orientar a evolução dos materiais em 
direção a equilíbrios aceitáveis entre o ambiente artificial e as leis da natureza a que 
estamos vinculados. 
A sustentabilidade ambiental se refere, conforme Manzini e Vezzoli (2002, p. 
28), “[...] às condições sistêmicas segundo as quais [...] as atividades humanas não 
devem intervir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do Planeta 
permite [...], não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às 
gerações futuras”.
Já o engenheiro William McDonough e o designer e arquiteto Michael Braungart, 
no livro Cradle to cradle (2008), destacam a tendência de empresas e designers 
projetarem produtos com mais controle. No entanto, “menos mau” não é o mesmo 
que ser bom, figurando como uma meta limitada. 
Uma vez que os seres humanos são considerados como “maus”, o zero é uma 
meta boa. Mas sermos “menos maus” significa aceitarmos as coisas como são, 
acreditando que os sistemas deficientemente planejados, indignos e destrutivos são 
o melhor que os seres humanos conseguem fazer. Esta é a falha derradeira da abor-
dagem de “ser menos mau”: uma falha da imaginação (MCDONOUGH; BRAUN-
GART, 2008, p. 67).
McDonough e Braungart (2008) 
também exploram a necessidade 
da elaboração de produtos dentro 
do conceito de ciclo fechado, ou 
do “berço ao berço”, onde não há 
a geração de resíduos. O ciclo de 
vida do produto não deve terminar 
quando seus materiais são simples-
mente despejados nos sistemas 
naturais, fornecendo abordagens 
alternativas, como transformá-losem “nutrientes técnicos”, criando 
um metabolismo semelhante ao 
biológico da Terra.
Manufatura
Reciclagem
Recursos
Desperdício
Consumo e Uso
Economia
Circular
Figura 3
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
A sustentabilidade social, segundo Crul e Diehl (2006), em seu trabalho 
desenvolvido para a United Nations Environment Programme (Unep) junto à Delft 
University of Technology, está associada também a questões como as seguintes: 
respeito à identidade e diversidade cultural; inclusão das minorias, marginalizados e 
deficientes; bem-estar social; trabalho em condições adequadas e sem a necessidade 
de grandes deslocamentos; geração e equilíbrio na distribuição de renda; acesso à 
alimentação, água potável e serviços de saúde; escolarização e abolição do trabalho 
infantil, entre outros temas.
A sustentabilidade econômica apresenta uma ligação bastante forte com a social 
pela geração de trabalho e renda (CRUL; DIEHL, 2006). Além da lucratividade, 
é fundamental para as empresas a geração de valor tanto para cada organização, 
quanto para os stakeholders e consumidores; trata-se do valor que permite às 
empresas posicionarem-se de forma competitiva no mercado. Ao longo das últimas 
décadas, as organizações têm se preocupado mais com a própria responsabilidade 
nos impactos do ambiente e têm demonstrado que as iniciativas ambientais e 
melhorias podem trazer benefícios econômicos. É um objetivo a ser atingido, e 
não, como atualmente muitas vezes é entendido, uma direção a ser seguida. Em 
outras palavras, nem tudo que mostrar algumas melhorias em temas ambientais 
pode ser considerado realmente sustentável (MANZINI, 2005, p. 28).
Papel do Designer
Existem vários empecilhos no sistema econômico atual, porém, a melhor 
alternativa é promover ações em escala humana, e microeconômica, permitindo-
nos intervir de forma mais eficiente. Segundo Kazazian (2009), o papel do designer 
se distingue de outras profissões, podendo ser transversal, integrador e dinâmico 
entre ecologia e concepção de produtos, inovações econômicas e tecnológicas, 
necessidades e novos hábitos.
Segundo Papanek (1995), a função do designer é apresentar opções reais e 
significativas às pessoas, permitindo que as mesmas participem mais plenamente 
nas decisões que lhes dizem respeito. Ainda conforme esse autor, a ética é a base 
filosófica para fazer escolhas morais e seus valores. As decisões morais processam-
se reconhecendo a existência de um dilema e sopesando conscienciosamente as 
alternativas, conferindo sentido ao se tomar decisões a respeito das alternativas 
existentes. 
O design ético deve também ser salutar e benéfico em termos ambientais e 
ecológicos – na escala humana e com responsabilidade social. Todos os objetos, 
grafismos e embalagens devem funcionar no sentido de suprir as necessidades do 
consumidor em um nível mais básico do que a mera aparência de “sustentável” 
(PAPANEK, 1995).
18
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Dougherty (2011) faz uma analogia do papel do design, usando três formas 
de pensar: como manipulador de materiais, criador de mensagens e agente de 
mudanças, onde cada forma é incorporada às outras. 
Os designers podem ajudar empresas preocupadas com valores ambientais a 
construir marcas fortes e ter sucesso no mercado. Pode amparar as organizações a 
se posicionarem como líderes em questões ambientais, influenciando as operações 
de negócios nos anos seguintes (DOUGHERTY, 2011).
Mesmo que a comunidade de design não seja a que resolverá os problemas 
de desigualdade social ou prevenirá o marketing de alimentos não saudáveis, é 
capaz de influenciar na escolha dos consumidores. Nesse sentido, designers devem 
considerar formas de utilizar as suas habilidades para o benefício da sociedade.
Finalmente, as empresas representam a escala mais eficiente para as mudanças 
na forma de consumo, reforçando as suas estratégias de marketing e design em 
benefício do desenvolvimento sustentável.
19
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Design for sustainability: a step-by-step approach
CRUL, M. R. M.; DIEHL, J. C. Design for sustainability: a step-by-step approach. 
United Nations Environment Programme (UNEP) e Delft University of Technology, 2010
https://goo.gl/ZTE5Lc
Ecological design: inventing the future
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 Livros
Discurso do Método
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 Vídeos
The Story of Stuff
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