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Apostila PMMG 2018 PORTUGUÊS

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GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
 
GUARDIÃO CONCURSOS 
Polícia Militar 
de Minas Gerais – PMMG 2018 
Soldado 
 
 
Língua Portuguesa 
1. Adequação conceitual ................................................................................................................................................................................... 1 
2. Pertinência, relevância e articulação dos argumentos .................................................................................................................................... 1 
3. Seleção vocabular .......................................................................................................................................................................................... 3 
4. Estudo e interpretação de textos de conteúdo literário ou informativo ......................................................................................................... 5 
5. Linguagem: como instrumento de ação e interação presente em todas as atividades humanas, considerações acerca do léxico em uso, com 
observância aos critérios de emprego das variedades de língua padrão e não padrão. .......................................................................... 7 
6. Funções da linguagem na comunicação. ..................................................................................................................................................... 12 
7. Ortografia e acentuação gráfica, conforme o novo acordo ortográfico ....................................................................................................... 15 
8. Notações léxicas: divisão silábica, emprego do til e do hífen ..................................................................................................................... 21 
9. Pontuação. .................................................................................................................................................................................................. 22 
10. Concordância verbal e nominal ............................................................................................................................................................... 24 
11. Emprego dos pronomes .......................................................................................................................................................... 27 
12. Uso das locuções prepositivas ................................................................................................................................................................. 32 
13. Crase. .................................................................................................................................................................................... 34 
14. Uso das conjunções................................................................................................................................................................. 37 
15. Emprego dos advérbios ........................................................................................................................................................... 38 
16. Figuras de linguagem ............................................................................................................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
1 
 
 
Adequação Vocabular 
 
Adequação Vocabular é obter das palavras os melhores efeitos. É 
conseguir usar as palavras adequadas ao contexto em que elas são produzidas: 
para quem são produzidas, quem produz, com que finalidade, em que 
ambiente e momento. É conseguir usar as palavras corretamente e, como 
recurso, conseguir substituí-las por outras sem prejuízo de sentido. 
Como adequar as palavras? Uma das formas de adequação vocabular, é a 
substituição de um termo por um hipônimo ou hiperônimo. Hiperônimo é 
uma palavra que apresenta um significado mais abrangente que o seu 
hipônimo, palavra com significado mais restrito. É o que acontece com as 
palavras doença (hiperônimo) e gripe (hipônimo). 
Também podemos adequar bem as palavras usando e aplicando os 
conceitos de homonímia, paronímia, sinonímia, antonímia, conotação e 
denotação, discutidos em aulas anteriores. A adequação vocabular depende 
de uma boa escolha lexical. 
 
Adequação linguística 
Fatores Contexto 
Interlocutores Com quem estamos falando? 
Situação É uma situação formal ou 
informal? 
Assunto Tratamos de assuntos diferentes 
com o mesmo tipo de linguagem? O 
nascimento um bebê é anunciado 
da mesma forma que um velório? 
Ambiente Estamos em uma festa ou no 
escritório? 
Agostinho Dias Carneiro em seu livro Redação em Construção* 
descreve seis critérios de adequação vocabular, listados a seguir: 
 
1. A adequação ao referente 
Esse critério baseia-se na utilização de vocábulos gerais frente a 
vocábulos específicos. O exemplo que o autor dá é a palavra ver, que tem 
emprego mais amplo que observar, contemplar, distinguir, espiar, fitar 
etc. 
Se eu disser, por exemplo, Pedro estava muito triste com a separação. Por 
isso, foi à praia, sentou-se na areia e viu o sol, certamente causará 
estranhamento no interlocutor. Ao passo que se eu disser Pedro estava muito 
triste com a separação. Por isso, foi à praia, sentou-se na areia e 
contemplou o sol, não haverá nenhum problema na comunicação, pois 
houve adequação quanto ao uso do vocábulo. 
 
2. Adequação ao ponto de vista 
Aqui serão levados em consideração os vocábulos positivos, neutros e 
negativos. 
Em Você me deu um café gelado, a palavra gelado assume valor negativo, 
entretanto, assume valor positivo em Depois do trabalho vamos tomar uma 
cerveja gelada? 
 
3. Adequação aos interlocutores 
Há, nesse critério, quatro tipos de seleção vocabular: quanto à atividade 
profissional com o uso dos jargões; quanto à imagem social de um dos 
interlocutores, ou seja, um chefe de Estado se 
expressa como o que se espera de alguém que ocupa tal cargo; quanto à idade 
com o uso de vocábulos modernos (luminária) ou antigos (abajur) ou quanto à 
origem dos interlocutores com emprego do vocábulo regional (piá – 
criança). 
 
4. Adequação à situação de comunicação 
Refere-se, esse critério, ao uso de vocábulos formais ou informais e 
ainda aos estrangeirismos. 
Lembrando que palavras estrangeiras devem ser grafadas entre aspas nas 
redações e só devem ser usadas quando necessárias, ou seja, quando 
forem importantes para o entendimento; em uma situação de estilo ou quando 
não houver palavra equivalente na Língua Portuguesa. 
 
5. Adequação ao código 
É relevante para esse critério a correção não só ortográfica, mas também 
semântica, respeitando os significados dicionarizados. 
Agostinho ressalta que os empregos “de moda” devem evitados, pois 
“em nada contribuem para o real enriquecimento de um idioma” e dá um 
exemplo: colocar em lugar de apresentar e assumir em lugar de 
responsabilizar-se: 
– Vou colocar aqui um problema… 
– Se der errado, eu assumo… 
 
Somam-se a esse caso, os parônimos e os homônimos (homógrafos e 
homófonos), já tratados em outra aula. ( tópico jà tratado aqui) 
 
6. Adequação ao contexto 
As situações textuais revelam-se nas relações desenvolvidas entre as 
palavras do texto. Por exemplo, se há relação de causa e efeito – tropeçar / cair; 
se há relação de finalidade – livro / estudar; se há relação de parte e todo – rei / 
xadrez; se há relação de sinonímia – aroma / perfume; se há relação de 
antonímia 
– entrar / sair; se há relação de unidade e coletivo – livro / biblioteca; se há 
relação de objeto e ação – cadeira / sentar e se há relação simbólica – pomba / 
paz. 
O uso do vocábulo fora de um desses critérios e até mesmo em critério 
inadequado à situação será erro. 
 
Fonte:s http://slideplayer.com.br/slide/1270845/ 
http://conversadeportugues.com.br/2015/11/adequacao-e-inadequacao-linguistica/ 
 
 
Argumentação 
 
Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, 
opiniões, problemas e possíveis soluções a fim de embasar determinado 
pensamento ou ideia. 
Um texto argumentativo sempre é feito visando um destinatário. O 
objetivo desse tipo de texto é convencer, persuadir, levar o leitor a seguir 
uma linha de raciocínio e a concordar com ela. 
Para que a argumentação seja convincente é necessário levar o leitor a 
um “beco sem saída”, onde ele seja obrigado a concordar com os argumentos 
expostos. 
No caso da redação, por ser um texto pequeno, há uma obrigatoriedade 
em ser conciso e preciso, para que o leitor possa ser levado direto ao ponto chave. 
Para isso é necessário que se exponha a questão ou proposta a ser discutida 
logo no início do texto, e a partir dela se tome uma posição, sempre de forma 
impessoal. O envolvimento de opiniões pessoais, além de ser 
terminantemente proibido em textos que serão analisados em concursos, pode 
comprometer a veracidade dos fatos e o poder de convencimento dos 
argumentos utilizados. Por exemplo, é muito mais aceitável uma afirmação 
de um autor renomado ou de um livro conhecido do que o simples 
posicionamento do redator a respeito de determinado assunto. 
 
 
 
 
 
1. Adequação conceitual. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/1270845/
http://conversadeportugues.com.br/2015/11/adequacao-e-
GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
2 
Uma boa argumentação só é feita a partir de pequenas regras as quais 
facilmente são encontradas em textos do dia-a-dia, já que durante a nossa vida 
levamos um longo tempo tentando convencer as outras pessoas de que 
estamos certos. 
 
Os argumentos devem ter um embasamento, nunca deve- se afirmar algo 
que não venha de estudos ou informações previamente adquiridas. 
Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade, ou 
seja, podem até ser fictícios, mas não podem ser inverossímeis. 
Caso haja citações de pessoas ou trechos de textos os mesmos devem 
ser razoavelmente confiáveis, não se pode citar qualquer pessoa. 
Experiências que comprovem os argumentos devem ser também 
coerentes com a realidade. 
Há de se imaginar sempre os questionamentos, dúvidas e pensamentos 
contrários dos leitores quanto à sua argumentação, para que a partir deles se possa 
construir melhores argumentos, fundamentados em mais estudo e pesquisa. 
Sobre a estrutura do texto: 
Deve conter uma lógica de pensamentos. Os raciocínios devem ter uma 
relação entre si, e um deve continuar o que o outro afirmava. 
No início do texto deve-se apresentar o assunto e a problemática que 
o envolve, sempre tomando cuidado para não se contradizer. 
Ao decorrer do texto vão sendo apresentados os argumentos propriamente 
ditos, junto com exemplificações e citações (se existirem). 
No final do texto as idéias devem ser arrematadas com uma tese (a 
conclusão). Essa conclusão deve vir sendo prevista pelo leitor durante todo o 
texto, a medida que ele vai lendo e se direcionando para concordar com 
ela. 
A argumentação não trabalha com fatos claros e evidentes, mas sim 
investiga fatos que geram opiniões diversas, sempre em busca de encontrar 
fundamentos para localizar a opinião mais coerente. 
Não se pode, em uma argumentação, afirmar a verdade ou negar a verdade 
afirmada por outra pessoa. O objetivo é fazer com que o leitor concorde e não 
com que ele feche os olhos para possíveis contra-argumentos. 
Caso seja necessário se pode também fazer uma comparação entre vários 
ângulos de visão a respeito do assunto, isso poderá ajudar no processo de 
convencimento do leitor, pois não dará margens para contra-argumentos. 
Porém deve-se tomar muito cuidado para não se contradizer e para ser claro. 
Para isso é necessário um bom domínio do assunto. 
 
Organização Textual 
O ser humano se comunica por meio de textos. Desde uma simples e 
passageira interjeição como Olá até uma mensagem muitíssimo extensa. Em 
princípio, essestextos eram apenas orais. Hoje, são também escritos. Nesse 
processo, os textos ganharam formas de organização distintas, com propósitos 
nitidamente distintos também. As principais formas de organização textual 
registradas na humanidade são, assim: 
Narrativa: aquela que compreende textos que contam uma história, 
relatam um acontecimento. 
Argumentativa: a que visa ao convencimento do interlocutor. 
Descritiva: cuja finalidade é apresentar concreta ou 
metaforicamente uma dada descrição. 
Cada uma dessas formas de organização textual desdobra- se em inúmeros 
gêneros textuais distintos, que nada mais são 
do que cada concretizável possível a cada um dos objetivos textuais. 
Assim, por exemplo, a diferentes formas e formatos para se narrar: fábula, 
conto de fadas, romance, conto, notícia, fofoca, etc. 
 
Texto Argumentativo 
Esse tipo de texto, que é aplicado nas redações do Enem, inclui 
diferentes gêneros, tais quais, dissertação, artigo de opinião, carta 
argumentativa, editorial, resenha argumentativa, dentre outros. 
Todo e qualquer texto argumentativo, como já dito, visa ao 
convencimento de seu ouvinte/leitor. Por isso, ele sempre se baseia em uma 
tese, ou seja, o ponto de vista central que se pretende veicular e a respeito do 
qual se pretende convencer esse interlocutor. Nos gêneros argumentativos 
escritos, sobretudo, convém que essa tese seja apresentada, de maneira clara, 
logo de início e que, depois, através duma argumentação objetiva e de 
diversidade lexical seja sustentada/defendida, com vistas ao mencionado 
convencimento. 
A estrutura geral de um texto argumentativo consiste de introdução, 
desenvolvimento e conclusão, nesta ordem. Cada uma dessas partes, por sua 
vez tem função distinta dentro da composição do texto: 
 
Introdução: é a parte do texto argumentativo em que apresentamos 
o assunto de que trataremos e a tese a ser desenvolvida a respeito desse 
assunto. 
Desenvolvimento: é a argumentação propriamente dita, correspondendo 
aos desdobramentos da tese apresentada. Esse é o coração do texto, por isso, 
comumente se desdobra em mais de um parágrafo. De modo geral, cada 
argumentação em defesa da tese geral do texto corresponde a um parágrafo. 
Conclusão: a parte final do texto em que retomamos a tese central, agora já 
respaldada pelos argumentos desenvolvidos ao longo do texto. 
 
Relação entre tese e argumento 
De modo geral, a relação entre tese e argumento pode ser compreendida 
de duas maneiras principais: 
Argumento, portanto, Tese (A→ pt→T) ou Tese porque Argumento 
(T→ pq→A): 
 
(A→ pt→T) “O governo 
gasta, todosos anos, bilhões dereais no tratamento 
das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos 
nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas doenças. Além disso 
(Ainda, e, também, relação de adição 
→ quando se enumeram argumentos a favor de sua tese), as empresas têm 
grandes prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores devido aos males 
causados pelo fumo. Portanto (logo, por conseguinte, por isso, então → 
observem a relação semântica de conclusão, típica de um silogismo), é mister 
que sejam proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de 
comunicação.” 
 
(T→ pq→A) 
O governo deve imediatamente proibir toda e qualquer forma de 
propaganda de cigarro, porque (uma vez que, já que, dado que, pois → relação 
de causalidade) ele gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das 
mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; e, muito embora (ainda 
que, não obstante, mesmo que → relação de oposição: usam-se as 
concessivas para refutar o argumento oposto) os ganhos com os impostos 
sejam vultosos, nem de longe eles compensam o dinheiro gasto com essas 
doenças. 
 
Há diferentes tipos de argumentos e a escolha certa consolida o texto. 
 
Argumentação por citação 
Sempre que queremos defender uma ideia, procuramos pessoas 
‘consagradas’, que pensam como nós acerca do tema em evidência.Apresentamos no corpo de nosso texto a menção de uma informação 
extraída de outra fonte. 
GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
3 
A citação pode ser apresentada assim: 
Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de 
regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o 
indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é o 
respeito às regras. A capacidade intelectual de compreender que a regra 
expressa uma racionalidade em si mesma equilibrada. 
O trecho citado deve estar de acordo com as ideias do texto, assim, tal 
estratégia poderá funcionar bem. 
 
Argumentação por comprovação 
A sustentação da argumentação se dará a partir das informações 
apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que a acompanham. 
Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um ponto de vista 
equivocado. 
 
Veja: 
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da 
Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do 
Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças 
de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada estado. 
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população 
nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não 
frequentam as salas de aula. 
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, 
estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de 
crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São 
Paulo, com 3,2% (168,7 mil). 
(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003) 
 
Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstrem sua 
tese. 
 
Argumentação por raciocínio lógico 
A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para 
demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto 
de uma interpretação pessoal que pode ser contestada. 
Veja: 
“O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como 
não admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam 
propaganda para os nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do 
cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, 
cadeia.” 
VARELLA, Drauzio. In: Folha de S. Paulo, 20 de maio de 
2000. 
 
Para a construção de um bom texto argumentativo faz- se necessário 
o conhecimento sobre a questão proposta, fundamentação para que seja 
realizado com sucesso. 
 
 
Questão 
 
01. Identifique o sentido argumentativo dos seguintes 
textos, e separe, por meio de barras, a tese e o(s) argumento(s). 
a) “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o que preciso. É 
econômico, nunca dá defeito e tem espaço suficiente para transportar toda a 
minha família.” 
b) “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais; além disso, todo ano 
batemos recordes de produção agrícola. Sem contar que nosso parque 
industrial é um dos mais modernos do mundo. definitivamente, somos o país 
do futuro.” 
c) “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar 
errado: nossa diferença de idade é grande e nossos gostos são quase que 
opostos. Além disso, a família dela é terrível.” 
d) “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política social por aqui 
implementada é vista como demagogia, paternalismo.” 
Resposta 
 
a) O sentido aí presente é (T→ pq→A), uma vez que, após uma 
constatação, se seguem as motivações que a fundamentam. Meu carro não é 
grande coisa, mas é o bastante para o que preciso (TESE)./ É econômico 
(argumento 1), /nunca dá defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para 
transportar toda a 
minha família (argumento 3). 
b) Nesse exemplo, já encontramos a orientação (A→ pt→T), uma vez que 
se parte de exemplificações para, a partir delas, enunciar uma proposição. 
Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além disso, 
todo ano batemos recordes de produção agrícola (argumento 2)./ Sem contar que 
nosso parque industrial é um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ 
Definitivamente, somos o país do futuro. (TESE). 
c) Aqui, o sentido é (T→ pq→A), em que de uma afirmação inicial se 
desdobram exemplos que a justificam. 
Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar errado 
(TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento 1) e nossos gostos 
são quase que opostos (argumento 2). Além disso, a família dela é terrível 
(argumento 3). 
d) Nesse exemplo, o movimento é (A→ pt→T), já que se parte de uma causa 
que funciona como justificativa a uma enunciação que, por sua vez, é a 
consequência constatada. 
Como o Brasil é um país muito injusto (argumento),/ toda política social 
por aqui implementada é vista como demagogia, paternalismo (TESE). 
ARTIGOS RELACIONADOS 
Redação Enem 2014: apostas para o tema 
Faça uma boa redação no Enem: dicas para prova de 2014 
 
Fontes: http://www.infoescola.com/redacao/argumentacao/ 
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/texto- 
argumentativo/argumentacao.html 
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/a-argumentacao.htm 
 
 
Coesão 
 
Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto, como 
descreve Marina Cabral. Percebemos tal definição quando lemos um texto e 
verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um 
dando continuidade ao outro. 
Os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as frases e 
os parágrafos. 
 
Observe a coesão presente no texto a seguir: 
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária 
do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém 
o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, 
uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem- 
terra.” 
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, p. 566 
 
As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do texto, podemos 
dizer que elas são responsáveis pela coesão do texto. 
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os principais são: 
 
- Palavras de transição: são palavras responsáveis pela coesão 
do texto, estabelecem a interrelação entre os enunciados (orações, frases, 
parágrafos), são preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções 
adverbiais. 
 
3. Seleção vocabular. 
http://www.infoescola.com/redacao/argumentacao/
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/texto-
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/a-argumentacao.htm
GUARDIÃO CONCURSOS PMMG 2018 
 
 
4 
Veja algumas palavras e expressões de transição e seus 
respectivos sentidos: 
- inicialmente (começo, introdução) 
- primeiramente (começo, introdução) 
- primeiramente (começo, introdução) 
- antes de tudo (começo, introdução) 
- desde já (começo, introdução) 
- além disso (continuação) 
- do mesmo modo (continuação) 
- acresce que (continuação) 
- ainda por cima (continuação) 
- bem como (continuação) 
- outrossim (continuação) 
- enfim (conclusão) 
- dessa forma (conclusão) 
- em suma (conclusão) 
- nesse sentido (conclusão) 
- portanto (conclusão) 
- afinal (conclusão) 
- logo após (tempo) 
- ocasionalmente (tempo) 
- posteriormente (tempo) 
- atualmente (tempo) 
- enquanto isso (tempo) 
- imediatamente (tempo) 
- não raro (tempo) 
- concomitantemente (tempo) 
- igualmente (semelhança, conformidade) 
- segundo (semelhança, conformidade) 
- conforme (semelhança, conformidade) 
- quer dizer (exemplificação, esclarecimento) 
- rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento). 
Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso cotidiano. 
Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor qualidade de vida. 
 
- Coesão por referência: existem palavras que têm a função de fazer 
referência, são elas: 
- pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... 
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... 
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... 
- pronomes indefinidos: algum, nenhum,todo... 
- pronomes relativos: que, o qual, onde... 
- advérbios de lugar: aqui, aí, lá... 
 
Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal resultado 
demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar o objetivo que tanto 
almejava. 
 
- Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, objeto, 
lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma palavra ou expressão 
que tenha sentido próximo, evitando a repetição no corpo do texto. 
Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; Castro Alves 
pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; João Paulo II: Sua 
Santidade; 
Vênus: A Deusa da Beleza. 
 
Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. Não é por acaso 
que o “Poeta dos Escravos” é considerado o mais importante da geração a qual 
representou. 
Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados agrupados em 
conjuntos. 
 
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm 
 
Questões 
01. 
Texto 1 – Bem tratada, faz bem Sérgio 
Magalhães, O Globo 
O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O carro é o cigarro 
do futuro.” Quem poderia imaginar a reversão cultural que se deu no consumo 
do tabaco? 
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este jornal, em uma 
série de reportagens, nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao 
uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo. Surpreendentemente, houve 
entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso 
típico de cidade rodoviária e dispersa. 
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o 
futuro da humanidade e contra o aquecimento global – para o qual a emissão de 
CO2 do rodoviarismo é agente básico. (A USP acaba de divulgar estudo 
advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.) 
O transporte também esteve no centro dos protestos de junho de 2013. 
Lembremos: ele está interrelacionado com a moradia, o emprego, o lazer. 
Como se vê, não faltam razões para o debate do tema. 
 
“Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.” 
 
Substituindo o termo destacado por uma oração desenvolvida, a 
forma correta e adequada seria: 
(A) para que se debatesse o tema; 
(B) para se debater o tema; 
(C) para que se debata o tema; 
(D) para debater-se o tema; 
(E) para que o tema fosse debatido. 
 
02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em 
São Paulo mata o dobro do que o trânsito”. 
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e 
adequadamente o gerúndio “advertindo” é: 
(A) com a advertência de; 
(B) quando adverte; 
(C) em que adverte; 
(D) no qual advertia; 
(E) para advertir. 
 
03. Texto III - Corrida contra o ebola 
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental 
despertou a atenção da comunidade internacional, mas nada sugere que as 
medidas até agora adotadas para refrear o avanço da doença tenham sido 
eficazes. 
Aocontrário, quase metade dascercade 4.000 contaminações registradas 
neste ano ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes 
atestam a força da enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de 
Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a 
epidemia está fora de controle. 
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as 
condições sanitárias e econômicas dos países afetados são as piores 
possíveis. De outro, a Organização Mundial da Saúde foi incapaz de 
mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para 
atuar nessas localidades afetadas. 
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas 
financeiros. Só 20% dos recursos da entidade vêm de contribuições 
compulsórias dos países-membros – o restante é formado por doações 
voluntárias. 
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a organização 
perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 
bilhões. Para comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013, 
com cerca de US$ 6 bilhões. 
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar 
mais ênfase à luta contra enfermidades globais crônicas, como doenças 
coronárias e diabetes. O departamento de respostas a epidemias e pandemias foi 
dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram 
seus cargos. 
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a 
gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados. 
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível 
enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Tornou-se crucial 
estabelecer um comando central na África Ocidental, com representantes 
dos países afetados. 
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm
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5 
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, 
sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que possuem antigos laços 
com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente. 
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é 
ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o 
ebola, todo tempo perdido conta a favor da doença. 
 
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ 
opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: 
Acesso em: 08/09/2014) 
 
Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o referente do 
termo em destaque. 
(A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) – organização 
(B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS 
(C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS 
(D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade da situação 
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade 
internacional 
 
4. Leia o texto para responder a questão. 
As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são, sim, 
competentes. Merecem, sim, frequentar uma universidade pública e de 
qualidade. No vestibular, que é o princípio de tudo, os cotistas estão só um 
pouco atrás. Segundo dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte 
para os candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 
787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos. A diferença entre 
eles, portanto, ficou próxima de 3%. IstoÉ entrevistou educadores e todos 
disseram que essa distância é mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. 
Se em uma disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de 
apenas 3% separa os privilegiados, que estudaram em colégios privados, dos 
negros e pobres, que frequentaram escolas públicas, então é justo supor que a 
diferença mínima pode, perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer 
dos cursos. Depende só da disposição do aluno. Na Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas do País, os resultados do 
último vestibular surpreenderam. “A maior diferença entre as notas de 
ingresso de cotistas e não cotistas foi observada no curso de economia”, diz 
Ângela Rocha, pró-reitora da UFRJ. “Mesmo assim, essa distância foi de 11%, o 
que, estatisticamente, não é significativo”. 
(www.istoe.com.br) 
 
Para responder a questão, considere a passagem – A 
diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%. 
O pronome eles tem como referente: 
(A) candidatos convencionais e cotistas. 
(B) beneficiados. 
(C) dados do Sistema de Seleção Unificada. 
(D) dados do Sistema de Seleção Unificada e pontos. 
(E) pontos. 
 
05. Leia os quadrinhos para responder a questão. 
 
 
Um enunciado possível em substituição à fala do terceiro quadrinho, em 
conformidade com a norma- padrão da língua portuguesa, é: 
(A) Se você ir pelos caminhos da verdade, leve um capacete. 
(B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se de levar um 
capacete. 
(C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um capacete. 
(D) Caso você se mantém nos caminhos da verdade, lembre de levar um 
capacete. 
(E) Ainda que você se mantêmnos caminhos da verdade, leva um 
capacete. 
 
Respostas 
01. (C)/02. (C)/03. (D)/04. (A)/05. (C) 
 
 
Interpretação de Texto 
 
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao conhecimento, 
portanto, precisamos aprender a ler e não apenas “passar os olhos sobre 
algum texto”. Ler, na verdade, é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar 
a riqueza de qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, 
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, para uma boa 
leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar ideias, de investigar as 
palavras… Para isso, devemos entender, primeiro, algumas definições 
importantes: 
 
Texto 
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e 
transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, 
uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, 
uma novela de televisão também são formas textuais. 
 
Interlocutor 
É a pessoa a quem o texto se dirige. 
 
Texto-modelo 
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, uma pessoa 
amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. Se sua amiga disser que não, 
está mentindo ou se enganando. Quem agüenta ver o namorado conversando 
todo animado com outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? 
(…) 
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado, das suas amigas, 
dos seus pais. Eles são a parte mais importante da sua vida.” 
(Revista Capricho) 
Modelo de Perguntas 
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem 
é o seu interlocutor preferencial? 
Um leitor jovem. 
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem a você 
identificar o interlocutor preferencial do texto? 
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor preferencial 
do texto: uma jovem adolescente, que pode ser acometida pelo ciúme. 
Observa-se ainda , que a revista Capricho tem como público-alvo preferencial: 
meninas adolescentes. 
A linguagem informal típica dos adolescentes. 
 
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do 
assunto; 
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a 
leitura; 
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo 
menos duas vezes; 
04) Inferir; 
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do 
autor; 
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor 
compreensão; 
 
informativo. 
http://www1.folha.uol.com.br/
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6 
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; 
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las; 
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a- 
interpretacao-de-textos-em-provas/ 
 
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar inúmeros 
problemas, afetando não só o desenvolvimento profissional, mas também o 
desenvolvimento pessoal. O mundo moderno cobra de nós inúmeras 
competências, uma delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas 
a uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de entender aquilo 
que está sendo lido. O analfabetismo funcional está relacionado com a 
dificuldade de decifrar as entrelinhas do código, pois a leitura mecânica é 
bem diferente da leitura interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer 
analogias e criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de 
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas dúvidas. 
Uma interpretação de texto competente depende de inúmeros 
fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar alguns que se fazem 
essenciais para esse exercício. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos das 
minúcias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz 
suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre 
releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes 
que não foram observados anteriormente. Para auxiliar na busca de sentidos 
do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais presentes em cada 
parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. 
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um 
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se 
fazem necessários, estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento 
defendido, retomando ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos. 
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas 
pelo autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para 
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos 
ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na 
superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do autor, 
suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado 
certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto funcional e ler 
com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como 
uma técnica, que fará de nós leitores proficientes e sagazes. Agora que você já 
conhece nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos! 
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa- 
interpretacao-texto.html 
 
Questões 
 
O uso da bicicleta no Brasil 
 
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil ainda conta 
com poucos adeptos, em comparação com países como Holanda e Inglaterra, 
por exemplo, nos quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. 
Apesar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, 
numa comparação entre todos os meios de transporte, um dos que oferecem 
mais vantagens. 
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas e a outros 
veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na calçada. Bicicletas, 
triciclos e outras variações são todos considerados veículos, com direito de 
circulação pelas ruas e prioridade sobre os automotores. 
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta no dia a dia são: a 
valorização da sustentabilidade, pois as bikes não emitem gases nocivos ao 
ambiente, não consomem petróleo e produzem muito menos sucata de metais, 
plásticos e borracha; a diminuição dos congestionamentos por excesso de 
veículos motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o 
favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a 
economia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos impostos. 
No Brasil, está sendo implantado o sistema de compartilhamento de 
bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, 
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em parceria com o 
sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um ano de operação. Depois de 
Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo 
país aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto 
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é semelhante em 
todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo 
site. O valor do passe mensal é R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se 
utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em 
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em 
pontos estratégicos. 
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não está 
consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem que a bicicleta já é 
considerada um meio de transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a 
bike. Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande, carros, 
motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes, 
discussões e acidentes que poderiam ser evitados. 
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A verdade é que, 
quando expostos nas vias públicas, eles estão totalmente vulneráveis em 
cima de suas bicicletas. Por isso étão importante usar capacete e outros itens 
de segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e 
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos ciclistas. Mas 
muitos ciclistas também ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve 
integrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de locomoção precisa 
compreender que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para 
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas 
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, sinalização noturna 
dianteira, traseira, lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado 
esquerdo. 
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) 
 
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de locomoção 
nas metrópoles brasileiras 
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra devido à falta 
de regulamentação. 
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido 
incentivado em várias cidades. 
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela maioria dos 
moradores. 
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os demais meios 
de transporte. 
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade arriscada e 
pouco salutar. 
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos objetivos 
centrais do texto é 
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do ciclista. 
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é mais seguro 
do que dirigir um carro. 
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta no Brasil. 
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de locomoção se 
consolidou no Brasil. 
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve dar prioridade 
ao pedestre. 
 
03. Considere o cartum de Evandro Alves. 
Afogado no Trânsito 
 
 
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) 
http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
http://www.eusoufamecos.net/
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7 
Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto concluir que um 
dos temas diretamente explorados no cartum é 
(A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas. 
(B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas. 
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas. 
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas. 
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público. 
 
04. Considere o cartum de Douglas Vieira. 
Televisão 
 
 
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br. 
Adaptado) 
 
É correto concluir que, de acordo com o cartum, 
(A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou pela TV são 
equivalentes. 
(B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação mais ativa. 
(C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém que não sabe 
se distrair. 
(D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir a um programa 
de televisão. 
(E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo idêntico, 
embora ler seja mais prazeroso. 
 
Leia o texto para responder às questões: 
 
Propensão à ira de trânsito 
 
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente perigoso. Mesmo 
que o indivíduo seja o motorista mais seguro do mundo, existem muitas 
variáveis de risco no trânsito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas 
ruas. 
E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas não são apenas 
maus motoristas, sem condições de dirigir, mas também se engajam num 
comportamento de risco – algumas até agem especificamente para irritar o outro 
motorista ou impedir que este chegue onde precisa. 
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter antes de 
passar para a ira de trânsito de fato, levando um motorista a tomar decisões 
irracionais. 
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante. Para muitos 
de nós, os carros são a extensão de nossa personalidade e podem ser o bem 
mais valioso que possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para 
alguns, mas também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de 
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no momento. 
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que entra no 
trânsito, você se junta a uma comunidade de outros motoristas, todos com 
seus objetivos, medos e habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e 
Diane Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos 
concentrarmos em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de 
dirigir. 
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr. James 
acredita que a causa principal da ira de trânsito não são os congestionamentos 
ou mais motoristas nas ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção 
agressiva. As crianças aprendem que as regras normais em relação ao 
comportamento e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas 
podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa 
ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, 
sempre com pressa para chegar ao destino. 
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos sugeriam que o 
melhor meio para aliviar a raiva era descarregar a frustração. Estudos mostram, 
no entanto, que a descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma 
situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um 
incidente em uma violenta briga. 
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas aconteçam 
algumas vezes. A maioria das pessoas está predisposta a apresentar um 
comportamento irracional quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a 
maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que 
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado emocional e fazer 
as escolhas corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a emoção. 
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/ furia-no-transito1 
.htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) 
 
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é correto 
afirmar que 
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à 
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. 
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas pela constante 
preocupação dos motoristas com o aspecto comunitário do ato de dirigir. 
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o principal 
motivo que provoca, nos motoristas, uma direção agressiva. 
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de experiências e 
atividades não só individuais como também sociais. 
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das 
emoções positivas por parte dos motoristas. 
 
Respostas 
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) 
 
 
Variação Linguística 
 
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se 
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; 
se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador 
errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)” 
 
Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as 
estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer variações devido à 
influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e 
outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou 
variações linguísticas. 
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em 
todos os lugares e em qualquer situação. Sabe- se que, numa mesma língua, há 
formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo 
contexto. Suponham- se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: 
 
Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo. 
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. 
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enunciados 
pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, 
de ação e interação presente 
em uso, com observância 
não padrão. 
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http://carros.hsw.uol.com.br/
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8 
mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é de 
uma pessoa mais “estudada”. 
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar grandes 
explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas maneiras de falar a 
mesma língua. É o que os teóricos chamam de variações linguísticas. 
As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam 
em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintático e 
lexical. 
 
Variações Fônicas 
 
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da 
palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e, ao lado do 
vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais nitidez a 
diferença entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: 
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem 
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. 
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o 
pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, hoje frequentes na fala 
caipira. 
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo 
(amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral 
coloquial. 
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), 
fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de pessoas de 
baixa condição social. 
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do 
Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) 
ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; 
pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. 
- deslocamento do “r” no interiorda sílaba: largato, preguntar, estrupo, 
cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social. 
 
Variações Morfológicas 
 
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse 
domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas quanto 
as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como exemplos, 
podemos citar: 
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o 
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem jovem 
urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova 
hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de 
possantíssimo). 
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele 
interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) o recado, 
quando ele repor (repuser). 
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: 
vareia (varia), negoceia (negocia). 
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- versa: 
duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o champanha), tive 
muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). 
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos 
(típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro indicado, 
as noite fria, os caso mais comum. 
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil 
reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava 
(estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que ele esforçou (tenha se 
esforçado) mais que eu. 
 
Variações Sintáticas 
 
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No domínio da 
sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma variante 
e outra. Como exemplo, podemos citar: 
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: 
encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em 
vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele. 
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez 
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. 
- a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em 
função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: de que) eu gosto 
muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa 
que (em vez de em que) eu mais confio. 
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início 
da frase mais a combinação da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É 
um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez de cuja família eu já 
conhecia). 
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de 
verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com você (em vez de 
contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita. 
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou 
tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela semana 
muitos alunos; Comentou-se os episódios. 
 
Variações Léxicas 
 
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do 
léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracterizam 
com nitidez uma variante em confronto com outra. Eis alguns, entre 
múltiplos exemplos possíveis de citar: 
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar 
o grau superlativo dos adjetivos, características da linguagem jovem de alguns 
centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é um carinha maior 
esforçado. 
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão 
surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em 
Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil chamamos de calcinha; o que 
chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da 
manhã em Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal 
traduz o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta. 
 
Designações das Variantes Lexicais: 
 
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, 
denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É o caso de reclame, 
em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o rapaz chamava a namorada de 
broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era 
um pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um 
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se 
gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. 
 
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-
criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A moderna 
linguagem da computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, 
printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer 
a combinação de sons), robotizar, robotização. 
 
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras 
emprestadas de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, 
preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, 
sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, 
“tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso 
facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, 
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, 
“impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com sua 
permissão”). 
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (compreensão 
repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sensibilidade”, capacidade 
de percepção), briefing (conjunto de informações básicas), jingle 
(mensagem publicitária em forma de música). 
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não se 
aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de concurso”, 
sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particular entre duas 
pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu 
(cardápio), à la carte (cardápio 
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9 
“à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à 
caracterização de um personagem). 
 
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional como a 
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos 
uso tópico (para remédios que não devemser ingeridos), apneia 
(interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral 
(derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou 
caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra lide é 
o nome que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta 
sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito 
prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. 
Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jornalistas é comum 
o uso do verbo repercutir como transitivo direto: Vá lá repercutir a 
notícia de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática 
normativa). 
 
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não deseja ser 
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio da 
linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de 
segmentos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades 
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no 
sentido de afetado por algum prejuízo ou má-sorte), ir pro brejo (ser 
malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente), cara ou cabra 
(indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino), levar um lero 
(conversar). 
 
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico 
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); 
procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez 
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com 
pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu 
modo de utilização da língua. 
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está 
bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem 
na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a 
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a 
expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa 
situação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo). 
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições 
sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas 
variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de 
variações sócio-culturais. 
 
- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente 
notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o conjunto das qualidades 
fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas 
marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características 
da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque 
mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, 
além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em 
certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras 
podem assumir em diferentes regiões do país. 
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que 
Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo 
do centro-norte de Minas: 
 
“ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado 
Mangolô!]. 
de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não 
vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); 
chufa (em vez de caçoada, troça). 
 
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um léxico 
vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem diz, por exemplo, de saco 
cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, 
arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de 
muco, secreção do nariz). 
 
Tipos de Variação 
 
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as variantes 
linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao mesmo 
tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que caracterizam os múltiplos 
modos de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é 
que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem 
isoladamente. 
As variações mais importantes, para o interesse do concurso 
público, são os seguintes: 
 
- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa 
facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase: 
 
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 
1) 
 
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, 
por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de 
construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão? 
E quem usaria a frase abaixo? 
 
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” 
(frase 2) 
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais 
economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram 
nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não 
adequadas. 
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram 
possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, 
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, 
isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras 
d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fazer 
bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é 
sossego...” 
 
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se 
alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as 
palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de 
variações históricas. 
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o 
escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o 
tempo. No texto I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das 
palavras de hoje. 
 
Texto I 
 
Antigamente 
 
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram 
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam 
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo 
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastandoaasa, mas ficavam 
longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio 
era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os 
mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a 
fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais 
jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, 
chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; 
os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até 
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. 
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos 
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão 
em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. 
A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe 
faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. 
Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; 
chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: 
verdadeiros cromos, umas teteias. 
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os 
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam 
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10 
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas 
retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. 
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. 
Texto II 
Entre Palavras 
 
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – 
circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta 
anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se 
tornar conhecimento de novas palavras e combinações. 
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma 
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. 
Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; 
talvez ele nãoentenda o que você diz. 
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a 
chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a 
dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? 
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a 
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o 
enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, 
o som pop, as estruturas e a infraestrutura. 
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, 
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o 
mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. 
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o 
servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, 
a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a 
Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. 
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o 
conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, 
a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra 
elétrica. 
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, 
vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de 
bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, 
poluição. 
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos 
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. 
Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. 
Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! 
Pow! Click! 
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou 
mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a aparecer 
sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. 
A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. 
Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, 
vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que 
significado? 
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de 
Janeiro, Nova Aguiar, 1988) 
 
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das 
circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar 
compatível com determinada situação é incompatível com outra: 
 
Ô mano, ta difícil de te entendê. 
 
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação informal, não 
tem cabimento se o interlocutor é o professor em situação de aula. 
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em todas as 
circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem culta, que servem 
invariavelmente de uma linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados 
excessivamente formais ou afetados. 
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um indivíduo, 
tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio ninguém fala da 
morte ou de suas crenças religiosas como falaria de um jogo de futebol ou de 
uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo 
(num templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o grau de 
intimidade entre os falantes (com um superior, a linguagem 
é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o grau de 
comprometimento que a fala implica para o falante (num depoimento 
para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num relato de uma conquista 
amorosa para um colega fala-se com menos preocupação). 
As variações de acordo com a situação costumam ser chamadas de 
níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são classificadas em duas 
grandes divisões: 
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o que se diz, 
bem como o estado de atenção e vigilância. É na linguagem escrita, em geral, 
que o grau de formalidade é mais tenso. 
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com 
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre o que se 
diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que esse estilo melhor 
se manifesta. 
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno trecho da 
gravação de uma conversa telefônica entre duas universitárias paulistanas 
de classe média, transcrito do livro Tempos Linguísticos, de Fernando 
Tarallo. As reticências indicam as pausas. 
 
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem 
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica 
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um 
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo 
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de 
economia, das nove da noite. 
 
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia nem com a 
continuidade das ideias, nem com a escolha das palavras. Para 
exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação de uma aula de 
português de uma professora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do 
livro de Dinah Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As 
pausas são marcadas com reticências. 
 
o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmentação 
do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com uma 
série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe vincular 
a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido também para 
a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de conceitos 
teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas que... na 
hora de serem empregados... deixam muito a desejar... 
 
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de formalidade e 
planejamento típico do texto escrito, mas trata- se de um estilo bem mais formal e 
vigiado que o da menina ao telefone. 
 
Norma Culta e Língua-Padrão 
 
De acordo com M. T. Piacentini, mesmo que não se mencione terminologia 
específica, é evidente que se lida no dia-a-dia com níveis diferentes de fala e 
escrita. É também verdade que as pessoas querem “falar e escrever melhor”, 
querem dominar a língua dita culta, a correta, a ideal, não importa o nome que se 
lhe dê. 
O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é aquele 
convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de uso da linguagem, 
como livros, revistas, documentos, jornais, textos científicos e publicações 
oficiais; em suma, é a que circula nos meios de comunicação, no âmbito oficial, 
nas esferas de pesquisa e trabalhos acadêmicos. 
Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua circulante que 
é correta mas diferente da língua ideal e imaginária, fixada nas fórmulas e 
sistematizações da gramática. Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o 
ideal: a língua concreta com todas suas variedades de um lado, e de outro um 
padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e “correto”, o que conformaria, no 
seu entender, uma língua artificial, situada num nível hipotético. 
Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há dois estratos 
diferenciados: um praticamente intangível, representado nas normas 
preconizadas pela gramática 
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11 
tradicional, que comporta as irregularidades e excrescências da língua, e outro 
concreto, o utilizado pelos falantes cultos, qual seja, a “linguagem 
concretamente empregada pelos cidadãos que pertencem aos segmentos 
mais favorecidos da nossa população”, segundo Marcos Bagno. 
Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística somente a 
pessoa que tiver formação universitária completa será caracterizada como 
falante culto(urbano). 
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos que produzem 
os jornais, a documentação oficial, os trabalhos científicos, só pode ser culta a 
sua linguagem, mesmo que a língua que tais pessoas falam e os textos que 
produzem nem sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela 
gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias (de repressão 
linguística) como o vestibular. 
Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer a distinção entre 
as duas modalidades e os dois termos que as descrevem? 
Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas e convençõesagregadas num corpo chamado de gramática tradicional e que tem a 
veleidade de servir de modelo de correção para toda e qualquer forma de 
expressão linguística. 
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de acordo com 
padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não pode haver homogeneidade 
quando o mundo real apresenta uma heterogeneidade de comportamentos 
linguísticos, todos igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente 
a culto). 
Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar diferenças de 
uso que refletem a dinâmica social, exclui a possibilidade de imposição 
ou adoção como única de uma língua-modelo baseada na gramática 
tradicional, a qual, por sua vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, 
sobretudo os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer de 
escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais na escrita do que 
na fala. 
“ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou também, ao 
longo da história, um processo fortemente unificador (que vai alcançar 
basicamente as atividades verbais escritas), que visou e visa uma relativa 
estabilização linguística, buscando neutralizar a variação e controlar a mudança. 
Ao resultado desse processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome 
de norma-padrão ou língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto). 
Aryon Rodrigues entra na discussão: “Frequentemente o padrão ideal é 
uma regra de comportamento para a qual tendem os membros da sociedade, mas 
que nem todos cumprem, ou não cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se 
referir à escola, ele professa que nem mesmo os professores de Língua 
Portuguesa escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo 
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la em sua própria 
fala nem mesmo na comunicação dentro de seu grupo profissional ”. 
Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há brasileiro – nem 
mesmo professores de português – que não fale assim: 
– Me conta como foi o fim de semana… 
– Te enganaram, com certeza! 
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi mandado 
embora? 
 
Ou mesmo assim: 
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem machucados. 
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. 
– Acho que já lhe conheço, rapaz. 
 
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso às regras 
padronizadas, incutidas no processo de escolarização, se exprimem desse modo, 
essa é a norma culta. Já as formas propugnadas pela gramática tradicional e que 
provavelmente só se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / 
explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos 
/ acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua- 
padrão. 
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma polarização 
entre a norma-padrão (também denominada “norma canônica” por 
alguns linguistas) e o conjunto das variedades existentes no Brasil, aí 
incluída a norma culta, no senso comum não se faz distinção entre padrão e 
culta. Para os leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, que 
se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a norma culta. 
 
Norma culta, norma padrão e norma popular 
 
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao dialeto social 
praticado pela classe de prestígio, representando a atitude que o falante assume 
em face da norma objetiva. A normatização não existe por razões apenas 
linguísticas, mas também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma 
na língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes, poder, acesso 
a educação escrita, e não da qualidade da forma da língua. Há um conceito 
amplo e um conceito estreito de Norma. No primeiro caso, ela é entendida 
como um fator de coesão social. No segundo, corresponde concretamente 
aos usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido amplo, a 
norma corresponde à necessidade que um grupo social experimenta de 
defender seu veículo de comunicação das alterações que poderiam advir no 
momento do seu aprendizado. Num sentido restrito, a Norma corresponde aos 
usos e atitudes de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele 
que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões políticas, 
econômicas e culturais. Segundo Lucchesi considera- se que a realidade 
linguística brasileira deve ser entendida como um contínuo de normas, dentro do 
quadro de bipolarização do Português do Brasil. 
A existência da civilização dá-se com o surgimento da escrita. Suas 
regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo esta importante nos 
documentos formais que exigem a correta expressão do Português para que não 
haja mal entendido algum. Ela nada mais é do que a modalidade linguística 
escolhida pela elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e 
verbal. 
A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas brasileiros para 
designar o conjunto de variantes linguísticas efetivamente faladas, na vida 
cotidiana pelos falantes cultos, sendo assim classificando os cidadãos 
nascidos e criados em zonas urbanas e com grau de instrução superior 
completo. “Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos 
grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe o seu ideal de 
perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático e consagrou”. 
(ROCHA LIMA). 
Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta podemos citar 
que é: a variante de maior prestígio social na comunidade, sendo realizada 
com certa uniformidade pelos membros do grupo social de padrão cultural 
mais elevado; cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada 
pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há maior 
formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da gramática tradicional; a 
mais empregada na literatura e também pelas pessoas cultas em diferentes 
situações de formalidade; indicada precisamente nas marcas de gênero, número 
e pessoa; usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª do 
plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos sermões; 
empregada em todos os modos verbais em relação verbal de tempos e 
modos; possuindo uma enorme riqueza de construção sintática, além de 
uma maior utilização da voz passiva; grande o emprego de preposições nas 
regências aproveitando a organização gramatical cuidada da frase. 
De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa formal, 
buscará seguir as regras da norma explícita de sua língua e ainda procurará 
seguir, no que diz respeito ao léxico, um repertório que, se não for erudito, 
também não será vulgar. Isso configura o que se entende por norma culta. A 
Norma Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições 
representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em 
certo momento da história e em uma determinada sociedade. Como a língua está 
em constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são 
consideradas pela Norma Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar. 
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12 
Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua idealizada 
prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo uma receita que nenhum 
usuário da língua emprega na fala e raramente utiliza na escrita. Sendo 
também uma referência para os falantes da Norma Culta, mas não passam de 
um ideal a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido de 
língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma Padrão, não 
refletindo o uso que se faz realmente do Português no Brasil. 
 
Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação: onde a Norma 
Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma Culta mais prestigiada, e a 
Norma Padrão se eleva sobre as duas anteriores servindo como um ideal 
imaginário e inatingível. 
 
A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. A Padrão 
Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente as regras 
gramaticais. 
 
Essa linguagem

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