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tema 5 historia da educação

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Educação no Brasil - da primeira república á década de 1960
DEFINIÇÃO
Este tema é um convite para voltarmos um pouco no tempo, ao final do Império e início da República, para entendermos como os desafios para instrução da sociedade brasileira começaram a ser resolvidos quando a Educação passou a ser entendida como um importante instrumento de superação do atraso econômico, político e social do Brasil.
PROPÓSITO
As diversas conjunturas históricas – 1889 até 1960 – influenciaram de modo decisivo as diversas reformas educacionais que foram implementadas. Ao final, será mais fácil entender os avanços e retrocessos em relação à Educação e sua influência hoje em dia.
OBJETIVOS
· MÓDULO 1
Identificar os fatos referentes à Educação que fizeram parte da transição do Brasil Império para o Brasil República
· MÓDULO 2
Relacionar a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente na Educação
· MÓDULO 3
Analisar as várias reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República até a década de 1960
INTRODUÇÃO
Somos tão acostumados com a ideia da Educação como um valor universal que parece estranho imaginar um tempo em que crianças, jovens e adultos não tinham o direito à Educação.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
 Rio de Janeiro (1889)
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927). Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A República no Brasil foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889, instaurando a forma republicana presidencialista de governo e inaugurando uma época com desafios de diferentes ordens. Contra a monarquia, forças muito diversas se uniram, mas seus interesses não eram semelhantes.
CONTEXTO SOCIAL
A população marginalizada, acumulada em grandes capitais como Rio de Janeiro e Salvador, morava em Cabeças de Porco, e, sem instrução, organizava levantes contra os governos municipais que pregavam uma higienização das cidades. Ou seja, era o início de um novo regime político marcado por antigas questões brasileiras
Diante do caos da criação da República, alguns fatores foram eleitos como primordiais para transformar o Brasil, e um dos principais era a Educação.
Não houve um compromisso de transformação dos problemas sociais brasileiros através da Educação. Mas, a ideia de modernização da sociedade – que era o objetivo – passava obrigatoriamente pela criação de um projeto de Educação que atendesse ao principal anseio do país: capacitar trabalhadores urbanos para que eles cumprissem seus papeis em sociedade.
 Este é o ideal positivista e sua movimentação em favor da Educação.
PRIMEIRAS DÉCADAS APÓS A PROCLAMAÇÃO
 Centros urbanos do Brasil (1900-1920)
As décadas seguintes à Proclamação da República foram marcadas pelo desenvolvimento da indústria:
Segundo Helena Bomeny:
“o Brasil do início da República era um país eminentemente rural (60% da população), recém-saído de um longo período de escravidão (mais de três séculos até a abolição da escravatura em 1888), com taxas de analfabetismo homogêneas, que superavam 80%, com índices muito próximos do Norte ao Sul do país, excetuando-se a Capital Federal, onde a taxa rondava os 45%”.
(BOMENY, 1993)
SAIBA MAIS
O lema da bandeira do Brasil é positivista. O novo regime exigia a criação de um novo símbolo que representasse os ideais sob os quais estavam assentados a República recém-proclamada. “Amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” – o famoso lema positivista foi impresso na bandeira brasileira sob a inscrição Ordem e Progresso.
Era cada vez mais urgente pensar formas de preparar essa população de imigrantes e recém-libertos para a nova realidade que surgia: um país que se urbanizava cada vez mais rápido e cujos postos de trabalho não encontravam mão de obra especializada. A instrução pública torna-se uma peça importante do desenvolvimento do país.
Quem deveria comandar essa Educação, pensada tanto pelo Império, como pela República, era o Estado. O governo garantiria o ordenamento necessário, a criação de uma sequência lógica, que permitisse o contínuo progresso do país.
O ideal do pensamento de Ordenar para atingir o Progresso foi marcante na Capital Federal, bem como em novas capitais criadas pela República: Belo Horizonte, retirando o peso da imperial Ouro Preto, e Aracaju, saindo da tradicional São Cristóvão, foram planejadas seguindo os novos modelos de cidade e receberam grandes educandários públicos, com estruturas modernas.
O povo precisava ser instruído a ser brasileiro, levado a perceber seu papel social e como poderia atuar para a melhora do grande projeto nacional.
SAIBA MAIS
No Rio de Janeiro, tentando apagar o passado Imperial, o tradicional colégio Pedro II perdeu seu nome, recuperado depois por iniciativa dos alunos. Escolas Profissionalizantes (Liceus de Ofício) se multiplicaram em todo país, assim como foi ampliado o número de Escolas Normais, para permitir a formação de professoras primárias.
INICIATIVAS EDUCACIONAIS
A maior parte da população era autodidata por necessidade ou simplesmente não tinha educação formal. Classes médias de profissionais liberais, filhos de funcionários públicos, ou filhos da elite financeira ocupavam os bancos formais de Educação e, entre eles, existiam posições diferentes.
Mas a pressão pelo avanço que seria proporcionado pela modernização cresceu e as iniciativas pela Educação acompanharam.
Repare, então, nas iniciativas:
1850
A partir desse ano, ainda no Império, ocorreu a uniformização do ensino em todo o país. Essa ação reformadora atingiu as Faculdades de Medicina e os cursos jurídicos que passaram a se denominar Faculdades de Direito.
O Regulamento de Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, entre outras importantes providências, criou a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, órgão ligado ao Ministério do Império e destinado a fiscalizar e orientar o ensino público e particular dos níveis primário e médio, estruturando em dois níveis (o elementar e o superior) a Instrução Primária gratuita.
1854
A administração geral do ensino primário e secundário na Corte passou a ser regida por um Inspetor Geral, com a colaboração do Conselho Diretor, composto de sete membros e de Delegados de Distrito.
O ensino particular só poderia ser exercido com prévia autorização do Inspetor Geral e com relatórios trimestrais dos estabelecimentos aos respectivos delegados. Os diretores e professores dos estabelecimentos particulares ficariam igualmente obrigados a habilitar-se perante a Inspetoria da Instrução Pública, mediante a apresentação de provas de capacidade profissional e de moralidade.
A partir do regulamento de 1854 chamado de Regulamento da Instrução Primária e Secundária no Município da Corte (lei 1331A, de 17 de fevereiro de 1854), o ensino primário tornou-se obrigatório. É importante ressaltar que esse regulamento não incluía a população escrava no seu projeto de instrução pública. Ou seja, a ideia era escolarizar a população livre.
1882
Rui Barbosa apresentou dois pareceres ao Parlamento: um sobre a reforma do ensino secundário e superior e outro sobre o ensino primário. Assim, a escola popular foi elevada à condição de redentora da nação implantando o ensino primário obrigatório, dos sete aos quatorze anos, gratuito e laico.
Rui Barbosa atuou para que fosse substituída a escola de primeiras letras pela Escola Primária moderna, e um ensino enciclopédico que visasse o progresso do Brasil era um dos componentes. Além disso, a Escola Primária passou a ter oito anos de duração e dividida em três graus: o elementar e o médio, cada um com dois anos, e o superior com quatro. A jornada da escola foi fixada em seis horas, sendo 4h30 para atividades de classe, se aí fossem incluídos os exercícios ginásticos.
1891
A Constituição de 1891 determinava a descentralização do ensino, cabendo à União legislar sobre o ensino superior na Capital Federal, delegando aos estados a responsabilidade de organizar todo o seu sistema escolar.
1900
Na primeira década do século XX, o mundo avançava parauma crise e países que até então eram exclusivamente agrários passaram por movimentos de substituição de importações. Foram inauguradas fábricas de tecido, fábricas de transformação e as cidades cresceram. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém e Manaus passaram a ser atrativos de pessoas, com o consequente crescimento de seus problemas urbanos. O maior deles para essa elite era a qualidade da mão de obra. Portanto, era urgente educar o Brasil.
SAIBA MAIS
Veríssimo (1985, p. 15) apontou o tamanho do desafio da novíssima República:
“E tanto mais é de crer este resultado, não só desejável como, a bem da unidade moral da Pátria, indispensável, quando a reforma do Sr. Benjamin Constant criou no Pedagogium um órgão que devia ser o fator consciente dessa obra de unificação moral”.
CONTEÚDOS PREVISTOS
Seguindo sobre a questão da moral:
Foi organizada em duas categorias: de 1º grau, para crianças de 7 a 13 anos e de 2º grau para os de 13 a 15 anos. Para ingressar nas escolas primárias de 2º grau, o aluno deveria apresentar o certificado de estudos do grau precedente.
O ensino no primeiro grau compreendia:
Leitura e escrita, ensino prático da língua portuguesa
Contar e calcular: aritmética prática até regra de três
Sistema métrico procedido do estudo da geometria prática
Elemento de geografia e história, especialmente do Brasil
Lições de coisas e noções concretas de ciências físicas e história natural
Instrução moral e cívica
Desenho
Elementos de música
Ginástica e exercícios militares
Trabalhos manuais para os meninos e trabalho de agulha para as meninas
Noções práticas de agronomia
Dentre todas as disciplinas estudadas, a Instrução Moral e Cívica teve objetivos específicos na formação do alunado, conforme anunciava o parágrafo único do Regulamento da Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal, “a instrucção moral e cívica não terá curso distincto, mas ocupará constantemente e no mais alto gráo a atenção dos professores” (DECRETO Nº 981, 1890, p. 3476).
Com isso, a Escola Primária do 1º grau foi dividida em três cursos:
• Elementar, para os alunos de 7 a 9 anos;
• Médio, para os de 9 a 11;
• Superior, para os de 11 a 13 anos de idade.
Em cada curso, as matérias eram gradualmente estudadas, tendo o método intuitivo para todos eles. Vejamos a seguir como Moral e Cívica era abordada em cada curso:
CURSO ELEMENTAR
A disciplina Instrução Moral e Cívica trabalhava com “narrativa de anecdotas, fabulas, contos e provérbios que contenham tendência moral”, e tinha por objetivo “fazer sentir constantemente aos alumnos, por experiência directa, a grandeza das leis moraes [sic]”. (DECRETO 981, 1890, p. 3500).
Na classe 2ª, ainda no curso elementar, a disciplina seguia o seu curso de modo mais expressivo, buscando em sala de aula trabalhar com “conversações e leituras moraes. Exemplificação comparativa da generosidade e do egoísmo, da economia e da avareza, da actividade e da preguiça, da moderação e da ira, do amor e do ódio, da benevolência e da inveja, da sinceridade e da hypocrisia, dos prazeres e das dores (physicas e moraes), dos bens e males (falsos e verdadeiros) [sic]” (DECRETO 981, 1890, p. 3502).
CURSO MÉDIO
Na classe 1ª, havia a sequência lógica no conteúdo da disciplina Instrução Moral e Cívica para alunos um pouco mais velhos do que no curso anterior, com outras temáticas relacionadas, conforme mostrava o Decreto: “Instrucção Moral e Cívica – Conversação e leituras moraes. Exercícios tendentes a por em acção na própria classe: 1º pela observação individual dos caracteres; 2º, pela aplicação inteligente da disciplina escolar como meio educativo; 3º, pelo incessante appello para o sentimento e para o juízo do proprio alumno; 4º, pelo desvanecimento dos preconceitos e das superstições grosseiras; 5º, pelo ensinamento tirano dos factos observados pelo próprio alumno; 6º, pelas sãs emoções Moraes [sic]” (DECRETO 981, 1890, p. 3504). Na classe 2ª, existia a continuação do programa da classe anterior. A disciplina Instrução Moral e Cívica estava presente em todos os cursos da escola de 1º grau, mas não fazia parte da de 2º grau.
CURSO SUPERIOR
O superior também foi dividido em duas classes. Na classe 1ª objetivou-se trabalhar os “Deveres do homem para consigo mesmo. Hygiene physica e moral [sic]” (DECRETO 981, 1890, p. 3507). Na classe 2ª, a disciplina seguiu dando continuação da classe anterior.
Observação: nas demais escolas, a Primária do 2º grau e na Escola Normal a disciplina Instrução Moral e Cívica não era trabalhada em sala de aula.
VOCÊ REPAROU QUE ATÉ A LINGUAGEM NOS DECRETOS É DIFERENTE? COMO AS PALAVRAS ERAM ESCRITAS?
Isso nos ajuda a entender um pouco mais sobre a mudança de paradigma, em que a Educação passou a ser vista, pensada, organizada, e a fazer parte de um projeto nacional de Brasil.
RECOMENDAÇÃO
E agora é com você: que tal fazer um parecer sobre a transformação da Educação na formação da República? Essas anotações serão importantes para que perceba seu desenvolvimento.
INTRODUÇÃO
CONCEITO DE POSITIVISMO
O positivismo foi uma corrente filosófica que surgiu na França no século XIX. Augusto Comte (1798-1857) é considerado o Pai da Sociologia por ter usado pela primeira vez o conceito de Sociologia em seu Curso de Filosofia Positiva. Elaborou de maneira muito organizada suas ideias, fundamentando sua teoria nos modelos das ciências naturais, tendo como principal objetivo encontrar as leis universais dos fenômenos sociais. Ele intitulou sua reflexão acerca da sociedade como uma Física Social.
Em função da crise que vivia a França de sua época, Comte queria encontrar soluções para resolvê-la, pois eram nítidos o atraso e o impedimento do progresso por causa do caos estabelecido. Foi nesse contexto de crises e instabilidades que ele buscou responder aos problemas sociais com sua teoria positivista.
De acordo com Gomide (1999), o positivismo apresenta algumas premissas fundamentais:
Toda proposição científica deve ser empiricamente significante e toda premissa universal deve ter origem indutiva.
A teoria tem origem em proposições certíssimas obtidas mediante indução.
As leis científicas não fornecem os porquês dos fenômenos. O empirismo, a observação e a objetividade são características fundamentais do pensamento positivista.
Compreendia-se que o positivismo era o canal para a reforma intelectual do Homem. Para que essa reorganização acontecesse, as ideias positivistas estavam assentadas na noção de que somente pela ordem e pelo progresso seria possível alcançar uma sociedade estruturada, que pudesse ecoar e aperfeiçoar todas as estruturas permanentes: religião, família, propriedade, linguagem, acordo entre poder espiritual e temporal etc.
CAMINHOS PARA O PROGRESSO SOCIAL
Augusto Comte apostava no conhecimento científico como o único saber verdadeiro. Na concepção dele, o positivismo seria a possibilidade de pensar os problemas sociais pelos critérios e parâmetros das ciências naturais.
Dessa forma, seria plenamente possível organizar a sociedade nas suas variadas dimensões, pois o positivismo respondia às questões sociais com um caráter de exatidão, oposto à visão de mundo da Teologia e da Metafísica. Por isso, a importância da Física Social, que explica os fatos pela lógica do conhecimento único e verdadeiro que vem da experiência, não do idealismo.
Para Comte, não se tratava de negar o estado Teológico e o Metafísico.
Ambos eram importantes e necessários, mas deveriam ser utilizados nas interpretações dos fatos com os quais tinham ligação direta; por exemplo, a relação do homem com a transcendência e com o universo cultural. O positivismo no Brasil constituiu a base de nosso modelo pedagógico nacional. Seu grau de utilitarismo e pragmatismo, sua presença em jornais, nos meios de comunicação, como o rádio, transformaram a percepção de Educação no Brasil.
POSITIVISMO NO BRASIL
Precisamos voltar no tempo para que seja compreensível. O Brasil da transição, que abordamos no primeiro módulo, tinha o positivismo como um modelo ideal. Nossas principaislinhas reformistas republicanas pensavam na criação de um modelo de educação que permitisse o desenvolvimento nacional. O que passamos a perceber ao longo das décadas seguintes foi a implementação desse modelo.
Agora que você já está mais familiarizado com as ideias positivistas, vamos entender um pouco sobre sua recepção no contexto brasileiro.
O positivismo floresceu no Brasil de modo muito acentuado durante a transição do fim do Império e o começo da República. Em um contexto marcado por muitas mudanças políticas e sociais, os republicanos assumiram o positivismo como o ideal para a República que nascia. Segundo essa lógica, tornava-se cada vez mais urgente modernizar o Brasil e acelerar o progresso. Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição da República, inspirada na Carta Constitucional dos Estados Unidos e sob forte inspiração positivista.
O divulgador do positivismo no Brasil foi o militar e político brasileiro, Benjamin Constant (1836-1891). Ele criou, junto com outros adeptos, em 1876, a Fundação da Sociedade Positivista do Brasil. Um deles foi Teixeira Mendes (1855-1927), que era o presidente da Associação Positivista chamada Apostolado Positivista do Brasil. Por que Apostolado? Porque o positivismo ganhou o status de uma “nova religião” e tinha seguidores.
SAIBA MAIS
Além de Benjamin Constant e Teixeira Mendes, também foram responsáveis pela idealização da Bandeira Nacional dois catedráticos: Miguel de Lemos (filósofo) e Manuel Pereira Reis (astrônomo).
A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Vimos como o positivismo esteve no horizonte dos republicanos na promulgação da nova Constituição e na criação de uma nova bandeira para o Brasil. As ideias positivistas precisavam estruturar a sociedade brasileira em todos os seus aspectos: culturais, sociais, econômicos e políticos. Multiplicaram-se pelo país as escolas privadas elementares e profissionais, a maior parte de ensino secundário. Também surgiram muitas instituições beneficentes oferecendo ensino primário e secundário.
Nos anos iniciais da Primeira República, tivemos a ocorrência de uma série de reformas de clara inspiração positivista.
REFORMA BENJAMIN CONSTANT (1890)
Adotou uma série de reformas junto ao Ministério dos Negócios da Instrução Pública, Correios e Telégrafos.
Exemplos:
· Defesa do ensino laico e gratuidade na escola primária;
· Inclusão de disciplinas científicas nos currículos escolares;
· Reorganização da Biblioteca Nacional;
· Escola secundária com duração de sete anos.
Segundo Cartolano (1994), Benjamin Constant acreditava que só pela educação um povo poderia construir sua cidadania.
CÓDIGO EPITÁCIO PESSOA (1901)
Ministro do Interior no governo Campos Sales, Epitácio Pessoa reduziu para seis anos o curso secundário, ao contrário da Reforma Benjamin Constant. Além disso, permitiu o acesso feminino aos cursos secundários e superiores.
REFORMA RIVADÁVIA (1911)
De forte orientação positivista, o Marechal Hermes da Fonseca promulgou o Decreto 8.659, chamado de Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental, elaborado por Rivadávia da Cunha Corrêa. O ensino passava a ter frequência não obrigatória, os diplomas foram abolidos e foram criados exames de admissões nas faculdades.
MUDANÇA NOS DEBATES
 1920-1930
Chegaram ao Brasil novas ideias pedagógicas e se formou um novo corpo de sujeitos: especialistas em Educação, que passaram a questionar os modelos que estavam sendo estabelecidos, escolas que eles chamavam de tradicionais, centradas na atuação do professor e na repetição. Os especialistas tinham a ideia de que o Brasil, uma vez mais, estava atrasado e essa crítica não ficava só no campo da Educação. O novo movimento foi chamado Pedagogia Liberal.
O ideal liberal econômico apontava também para outros segmentos.
Façamos uma breve viagem para acompanharmos essas mudanças:
Washington Luiz brigava para que o Brasil ampliasse suas estradas e transformasse o carro em um meio mais presente em nossas cidades e, principalmente, para que o Brasil pudesse ser produtor desses novos bens que representavam o futuro e as novas dinâmicas sociais.
1. O ícone máximo dessa noção de progresso econômico é o desenvolvimento dos aviões. Grupos de aeronautas iniciavam formas de integrar o Brasil, inclusive com a criação de um correio aéreo.
2. Novas fronteiras sociais e educacionais foram abertas a partir dos esforços liderados pelo marechal Cândido Rondon e o Brasil se redescobriu como espaço e país.
3. Roquette-Pinto transmitia sons vindo da Amazônia e as informações chegavam em todas as casas pelas ondas do rádio.
4. O exercício físico passou a ser exaltado como uma forma de saúde e educação.
5. O ritmo do Brasil mudava e as cidades viviam um novo momento.
6. Um dos ícones de crítica ao Brasil tradicional foi a Semana de Arte Moderna (1922), em São Paulo. Na coleção de poemas Pauliceia Desvairada, Mário de Andrade cobrava o redescobrimento do Brasil. A Educação estava a reboque dessa crítica, afinal, estudava-se latim, cultura europeia, mas o Brasil não conhecia o Brasil. Nossa poesia tinha linhas parnasianas, mas não tinha nossas curvas de entendimento social.
Em um país com novas exigências, os momentos de mudança são marcantes.
Um novo golpe terminou com a Primeira República: na tentativa de Washington Luiz em eleger o também paulista Júlio Prestes, as potências Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba se uniram para tentar vencê-lo. Foram derrotados, mas o assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba, ainda que por motivos familiares, foi o argumento para a articulação que terminou com a impressionante imagem de Getúlio Vargas chegando com sua tropa de cavalos e apeando no obelisco da avenida Rio Branco, no centro da capital brasileira. Esse momento foi chamado (por uma historiografia pró-Vargas) como Revolução. E, dessa forma, o governo de Vargas foi iniciado.
SAIBA MAIS
As mudanças vividas impactaram o Brasil e o documento educacional mais famoso dessa época é um manifesto de educadores brasileiros defendendo uma intensa reforma de nossa educação. Ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros. Já leu? Falaremos mais dele no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
INTRODUÇÃO
SÉCULO DA PEDAGOGIA
O século XIX ficou conhecido como o Século da Pedagogia. Naquele momento, buscava-se cada vez mais um modelo educacional que respondesse de forma crítica às demandas da luta de classes, burguesia versus proletariado, que envolveu a sociedade desse tempo. Houve uma radicalização das ideias pedagógicas, colocando-as como centro do processo de controle social.
De acordo com Cambi (1999):
“(...) bastante rico em modelos formativos, em teorizações pedagógicas, em compromisso educativo e reformismo escolar, em vista justamente de um crescimento social a realizar-se da maneira menos conflituosa possível e da forma mais geral.”
(CAMBI, 1999)
Após a intensa transição entre os séculos XIX e XX, com a necessidade de uma Educação técnico-fabril por um lado e a Educação do cidadão iluminista por outro, sob uma economia com fundamentos cada vez mais liberais, surgiu o teor do novo processo educacional. De modo que, já no século XX, a didática, até então considerada tradicional, passou a se preocupar com o método mais adequado para a aprendizagem de um conteúdo específico ou de determinada habilidade.
IDEIAS QUE VIAJAM
A renovação das práticas pedagógicas
Você pode estar se perguntando de onde vieram e quais foram as pessoas que difundiram essas ideias no Brasil. Veja, a seguir, as teorias de cada um desses pensadores que contribuíram de alguma forma para essa renovação das práticas pedagógicas.
HEINRICH PESTALOZZI (1746-1827)
Pioneiro da reforma educacional influenciado por Rousseau, após ler a obra “Emílio”, também se baseou no movimento naturalista.
Ele foi um dos pioneiros da Pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as correntes educacionais. Fundou escolas e cativava a todos para a causa de uma Educação capaz de atingir o povo, em um tempo em que o ensino era privilégio exclusivo de algumasclasses sociais.
FRIEDRICH FRÖEBEL (1782-1852)
Pedagogo alemão fundamentado nas teorias de Pestalozzi, foi o fundador do primeiro jardim de infância. A expressão Jardim da Infância teve origem em seu pensamento de que as crianças são como plantas de um jardim em que o professor é o jardineiro.
Para Fröebel, a criança se expressa através das atividades de percepção sensorial, da linguagem e das brincadeiras. A linguagem oral se associaria à natureza e à vida. Para ele, o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes etapas: infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade. 
CÉLESTIN FREINET (1896-1966)
Pedagogista francês, grande referência da área, deixou como herança propostas que continuam a ter ressonância na Educação dos dias atuais. Com um tipógrafo, imprimiu textos livres e jornais da classe para seus alunos. As próprias crianças compunham seus trabalhos, discutiam e os editavam em pequenos grupos, antes de apresentar o resultado à classe. Os jornais eram trocados com os de outras escolas e os textos substituíram os livros didáticos convencionais.
Sua metodologia criava desconforto e desconfiança por não estar de acordo com a política oficial de Educação francesa, o que causou sua exoneração em 1935. A partir daí, fundou com a esposa sua própria escola pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.
Na década de 1930, a escola de Freinet foi oficialmente aberta, e, com Romain Rolland, lançou o projeto Frente da Infância. No final da década de 1940, Freinet criou a Cooperativa do Ensino Leigo (ICEM), em Vence, que reunia mais de vinte mil pessoas.
Em 1956, lançou uma campanha nacional para quantificar os alunos nas salas de aula. Sua meta era de vinte e cinco alunos em cada classe no máximo. Em 1957, a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (FIMEM) foi fundada pelos seus seguidores, que reúne educadores de todo o mundo.
ANTONIO GRAMSCI (1891-1937)
Filósofo, jornalista, crítico literário e político italiano. Membro-fundador e secretário-geral do Partido Comunista da Itália, Gramsci é reconhecido pela teoria da necessidade de educar os trabalhadores e de formar intelectuais provenientes da classe trabalhadora, que ele denomina intelectuais orgânicos.
De acordo com Gramsci, todo homem é um intelectual, pois todos nascem com faculdades intelectuais e racionais, mas nem todos têm a função social de intelectuais. Os conceitos relacionados à Pedagogia crítica e à instrução popular foram utilizados mais tarde por Paulo Freire no Brasil.
Gramsci acreditava que a tomada do poder seria precedida por uma mudança de mentalidade. Os principais agentes das mudanças, de acordo com Gramsci eram os intelectuais e o principal modo de conquista da cidadania seria a escola.
RUDOLF STEINER (1861-1925)
Filósofo, educador, artista e esoterista. Fundador da antroposofia, da agricultura biodinâmica e da medicina antroposófica. Também se tornou profundo conhecedor da obra de Goethe, escrevendo muitas obras sobre ele e dedicando-se à explicação de seu pensamento.
ANTON MAKARENKO (1888-1939)
Pedagogista ucraniano que se especializou no trabalho com menores abandonados, especialmente os que viviam nas ruas e estavam associados ao crime. Demonstrou grande habilidade junto às questões educacionais, colocou em prática uma maneira revolucionária e eficaz de educar.
De acordo com sua Pedagogia, o jovem deveria ser educado em uma escola baseada na vida em grupo, no autocontrole, no trabalho, e na disciplina. Concebeu um modelo de escola baseado na vida em grupo, na autogestão, no trabalho e na disciplina que contribuiu para a recuperação de jovens infratores.
MARIA MONTESSORI (1870-1952)
Educadora, médica e pedagoga italiana. Seu trabalho destaca a importância da liberdade, da atividade e do estímulo para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Para ela, liberdade e disciplina se equilibravam, não sendo possível conquistar uma sem a outra. Adaptou o princípio da autoeducação, que consiste na interferência mínima dos professores, já que a aprendizagem tem como base o espaço escolar e o material didático.
Seu método é caracterizado pela ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança. A criança é o centro do método montessoriano e o professor tem o papel de acompanhador do processo de aprendizado. Ele guia, aconselha, mas não dita, nem impõe o que vai ser aprendido pela criança.
O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo, partindo do concreto (o material didático) para o pensamento abstrato.
LEV VYGOTSKY (1896-1934)
Psicólogo, Vygotsky foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Um de seus conceitos mais importantes é o da Zona de Desenvolvimento Proximal, que corresponde à diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha (Zona de Desenvolvimento Real) e aquilo que é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente (Zona de Desenvolvimento Potencial), como um adulto, uma criança mais velha ou com maior facilidade de aprendizado. Em outras palavras, a Zona de Desenvolvimento Proximal é tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido.
CARL ROGERS (1902-1987)
Psicólogo americano, que desenvolveu a abordagem centrada na pessoa. A proposta defendida pela Psicologia Humanista de Rogers não considera o ensino um processo de transmissão de conteúdos prontos, nem mesmo um processo de direção da aprendizagem. Essa teoria compreende o ensino como facilitação da aprendizagem, cabendo ao professor a função de estimular o aprendizado.
SKINNER (1904-1990)
Psicólogo norte-americano que conduziu trabalhos pioneiros em Psicologia experimental e foi o propositor do behaviorismo radical. Skinner é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950.
Skinner adotava práticas experimentais derivadas da Física e de outras ciências. Outros importantes estudos do autor referem-se ao comportamento verbal humano e à aprendizagem. Nenhum pensador ou cientista do século XX levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como Skinner.
DESENVOLVIMENTO
Você percebeu que até aqui, nós já elencamos uma série de propostas e novas ideias pedagógicas que tiveram influência no modo como a Educação passou a ser estruturada no século XX. O exercício daqui por diante é conhecer as reformas, decretos e leis que tivemos durante o período republicano e pensar como que essas novas práticas pedagógicas influenciaram a Educação brasileira.
 A DÉCADA DAS REFORMAS EDUCACIONAIS (1920)
A década de 1920 ficou conhecida, no campo educacional, como a década das reformas educacionais. Naquele momento, ocorreram intensos debates envolvendo diferentes propostas para pensar a Educação e a organização do sistema escolar. Uma dessas propostas trazia consigo os ideais da chamada Escola Nova.
Em uma conjuntura marcada por importantes transformações econômicas, políticas e sociais, os defensores do escolanovismo defendiam a urgência na renovação das práticas de ensino. Para eles, a Educação tradicional não estimulava os alunos a pensarem por conta própria.
No decorrer dos anos 1920, alguns estados brasileiros realizaram algumas reformas educacionais do ensino primário, através dos seguintes pressupostos:
Extensão do ensino
Articulação entre os diferentes níveis da escolarização
Adaptação ao meio social
Adaptação às ideias modernas de Educação
SAIBA MAIS
Nesse período, muitos intelectuais tentaram colocar em prática os ideais escolanovistas, por meio de uma série de reformas do ensino primário que foram feitas no âmbito estadual. Em um intervalo de oito anos (1920 – 1928), destacaram-se alguns educadores em vários estados da federação: clicando aqui.
 ERA VARGAS (1930-1945)
O ano de 1930 é considerado o marcofinal da República Velha e o início da chamada Era Vargas.
Alguns fatores ocasionaram o colapso da Primeira República como a insatisfação de muitos setores sociais que contestavam cada vez mais o Estado oligárquico, além da crise da economia cafeeira com o fim dos investimentos estrangeiros. A crise dos anos vinte conduziu o país à denominada Revolução de 1930 e levou Getúlio Vargas ao comando da nação.
Em termos educacionais, apesar das tentativas de reforma nos anos 1920, ao final da Primeira República pouca coisa havia realmente mudado. Nosso país continuava sem um sistema de ensino coerente e eficiente. Além disso, o analfabetismo entre jovens e adultos, um problema de âmbito nacional, não foi resolvido com as reformas. As camadas mais pobres da população permaneciam fora das salas de aula e apartadas do acesso ao conhecimento.
Mesmo com um cenário político conturbado, alguns nomes de projeção na Educação (desde os anos 1920) ocuparam posições de destaque no campo educacional. Vários reformadores dessa década foram convidados a ocupar cargos de relevância no interior do novo governo. Assim, pela primeira vez em nossa história da Educação, teve início um movimento em direção à criação de um sistema organizado de ensino.
De modo geral, a Revolução de 1930 no campo educacional foi produtiva: ainda naquele ano, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, coordenado por Francisco Campos.
A atuação de Francisco Campos se deu no sentido de estabelecer um sistema nacional de Educação. O novo ministro visava estruturar o ensino secundário e o ensino superior. Esses decretos ficaram conhecidos como Reforma Francisco Campos.
Nem todas essas reformas educacionais foram plenamente aceitas por todos os setores da sociedade. A situação política conturbada e a noção de que o governo não estava totalmente comprometido com a renovação do sistema educacional pressionava os defensores da Pedagogia da Escola Nova.
Em 1932, um grupo de 26 educadores apresentou ao governo um documento que ficou conhecido posteriormente como o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por Fernando de Azevedo. O documento apresentava várias propostas e defendia algumas posições que, a partir de então, foram colocadas em prática ou foram combatidas por grupos que não aceitavam as mudanças advindas pela Educação.
Enquanto os defensores do escolanovismo acreditavam que a Educação funcionava como um instrumento de emancipação dos indivíduos, a arena pública via crescer com força e intensidade a defesa do ensino religioso, sob forte influência da ideologia católica.
NESSE CONFLITO DE IDEIAS, CADA GRUPO APRESENTAVA CONCEITOS E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
Nesse contexto de disputa de narrativas e projetos distintos, foi promulgada uma nova Constituição para o país: a Constituição de 1934.
QUAL O PAPEL DA CONSTITUIÇÃO DE 1934 NESSE CONTEXTO DE DISCUSSÃO E ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO?
A Constituição de 1934 foi a primeira Carta Magna brasileira a incluir em seu texto um capítulo inteiro sobre a Educação. Pela primeira vez, foram apontadas questões importantes em relação ao ensino no Brasil, como o acesso ao ensino primário. Clique aqui e leia os artigos 148 e 149.
Como é possível perceber, os anseios dos pioneiros foram atendidos, ainda que não em sua totalidade. Mesmo assim, a nova Carta Constitucional trouxe muitos avanços na Educação brasileira.
 ESTADO NOVO (1937-1945)
Apenas quatro anos depois da Constituição de 1934, instaurou-se o período que ficou conhecido como Estado Novo. Com a promulgação de uma nova Constituiçãode caráter claramente autoritário, em 1937, Getúlio iniciava a fase ditatorial da Era Vargas. Os oito anos que duraram o Estado Novo foram de intensa repressão política a todos aqueles que faziam oposição ao governo.
No campo educacional, permaneceram intactos a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário. Por outro lado, tornou obrigatória a disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas.
Acompanhando as mudanças na sociedade e o aprofundamento do processo de industrialização, ficava cada vez mais evidente a carência de mão de obra profissional. Assim, outra mudança trazida na Constituição de 1937 foi a introdução do ensino profissionalizante.
Nos primeiros anos do Estado Novo, em um contexto de ascensão de forças conservadoras, os ideais dos intelectuais da Escola Nova caíram em certo descrédito. A instituição do ensino profissional, voltado sobretudo para as classes menos favorecidas, marcou claramente essa mentalidade.
No começo da década de 1940, ocorreram algumas iniciativas de reforma da Educação, mais voltadas para o ensino primário e secundário, mas ainda articuladas ao projeto político autoritário de Vargas.
No ano de 1942, Gustavo Capanema, Ministro da Saúde e Educação, empreendeu algumas mudanças sob o nome de Leis Orgânicas do Ensino. Popularmente conhecidas como Reforma Capanema, essas reformas tinham um viés claramente nacionalista e moralizante.
 NOVA REPÚBLICA (1946-1963)
Com o final do Estado Novo, mais uma vez tivemos a promulgação de uma nova Constituição, dessa vez com um viés liberal e democrática.
Observe o fato de que em 12 anos (1934-1946), o Brasil teve três constituições diferentes (a de 1934, a de 1937 e a de 1946). Em 1945, quando Getúlio Vargas foi derrubado do poder, o Brasil voltou, finalmente, a respirar ares democráticos. Por isso, a expressão Nova República.
Diante de tanta informação e tantas reformas diferentes, você pode estar se perguntando sobre o que acontece agora. Avanços ou retrocessos?
Felizmente, o período conhecido como Nova República ficou conhecido por importantes transformações no âmbito educacional. Não é possível esquecer que o rápido crescimento demográfico e o acelerado processo de industrialização impulsionaram as demandas por Educação. Na Constituição de 1946, a Educação aparece novamente como “um direito de todos”, inspirada nos princípios defendidos pelos escolanovistas.
SAIBA MAIS
Ainda em 1946, o ensino primário passou por uma reestruturação através da chamada Lei Orgânica do Ensino Primário, instituída a partir desses decretos-leis.
Naquele contexto, tivemos ainda outro debate muito importante envolvendo o setor educacional: o Ministro da Educação, Clemente Mariani, criou uma comissão de educadores com o objetivo de pensar uma reforma geral para a Educação. Assim, em 1948, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional começou a ser discutida e pensada.
“Durante 13 anos, travou-se intenso debate, no âmbito do Estado e da sociedade civil, entre os que defendiam a prioridade da escola pública e os partidários da liberdade de ensino. Para os primeiros, os recursos do Estado deveriam ser empregados na manutenção e na expansão das escolas oficiais, que deveriam ministrar um ensino obrigatório, gratuito e laico. Para os outros, esses recursos deveriam ser transferidos às instituições particulares, que ministrariam o ensino conforme as orientações ideológicas das famílias, cabendo ao Estado apenas ocupar o espaço não preenchido pela iniciativa privada”.
(LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961)
Após intensos debates envolvendo entidades estudantis, sindicatos e organizações religiosas, o projeto da LDB finalmente virou a Lei no 4.024, no ano de 1961, já no governo de João Goulart. A seguir alguns pontos contemplados na LDB:
1 - Obrigatoriedade de matrícula nos quatros anos do ensino primário.
2 - Ensino religioso facultativo.
3 - Ano letivo de 180 dias.
4 - Concede mais autonomia aos órgãos estaduais, através da diminuição da centralização do poder no MEC.
5 - Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior.
 A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA LIBERTADORA (1960)
No início da década de 1960, não foram apenas os debates envolvendo o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional que marcaram o cenário brasileiro.
O professor Paulo Freire (foto) passou a ser conhecido por ter conseguido alfabetizar, na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, 300 cortadores de cana em apenas45 dias.
O chamado método Paulo Freire ficou conhecido porque rejeitava as formas tradicionais de alfabetização que usavam cartilha. Para Freire, essas cartilhas levavam o aluno a aprender pelo método da repetição. Ao contrário disso, Freire acreditava que o aprendizado deveria vir como parte integrante da realidade e experiência das pessoas.
Ou seja, ele partia do universo familiar dos indivíduos para formar palavras e articular sílabas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este tema fez um passeio sobre as principais linhas educacionais que formaram o Brasil entre o fim do Império até as vésperas do Golpe Civil-militar de 1964. Podemos perceber que este período é marcado por duas grandes tendências pedagógicas: as linhas oriundas do positivismo e as caraterísticas marcantes do tecnicismo. Enquanto até 1930 (período denominado República Velha) a tradição positivista ajudou a organizar as bases da educação brasileira, a partir da chamada Era Vargas (1930-1945) e até 1964, temos a consolidação de um sistema educacional organizado através de Manifestos, Leis e, inclusive, a LDB (Diretrizes de Base da Educação, de 1961) que marcaram profundamente a tradição escolar brasileira e que, de algum modo, permanecem ainda hoje em nosso ideário educacional. 
 CONQUISTAS ADQUIRIDAS
· Identificou fatos referentes à Educação que fizeram parte da transição do Brasil Império para o Brasil República.
·  Relacionou a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente na Educação.
· Analisou reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República.
CONTEUDISTA
Pâmela de Almeida Resende - http://lattes.cnpq.br/5929017300764311
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2002.
BITTENCOURT, Raul. A Educação brasileira no Império e na República. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, MES/INEP.1953.
BOMENY, H. Novos talentos, vícios antigos: os renovadores e a política. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.6, n.11, p. 24-39. 1993.
CAMBI. Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
CARTOLANO, Maria Teresa Penteado. Benjamin Constant e a Instrução Pública no Início da República. Campinas: UNICAMP,1994.
COMTE, Augusto. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
CONFERÊNCIAS POPULARES. N. 1, janeiro de 1876. Rio de Janeiro: Tipografia de J. Villeneuve, 1876.
CURY, C. R. J. Ideologia e Educação Brasileira: Católicos x Liberais. São Paulo, Cortez Editora & Autores Associados, 1986
FELIZARDO, Joaquim J. História Nova da República Velha. Do Manifesto de 1870 à Revolução de 1930. Petrópolis: Editora Vozes, 1980
GADOTTI, Moacir. Histórias das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.
GOMIDE, F. M. Uma reflexão histórica: crítica sobre a hipótese ficção do Positivismo. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/CNPq, 1999.
INEP. Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Revista brasileira de estudos pedagógicos. v. 1, n. 1 (jul. 1944). Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, 1944. Publicação oficial do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
LACOMBE, A. J. À sombra de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1984.
MARÇAL RIBEIRO, P. R. Educação Escolar no Brasil: Problemas, Reflexões e Propostas. Coleção Textos, Vol. 4. Araraquara: UNESP, 1990.
MENEZES, J. G.; BARROS, R. S. M. e outros. Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. São Paulo. Pioneira. 1998.
PAIVA, V. P. Educação Popular e Educação de Adultos: Contribuição à História da Educação Brasileira. São Paulo, Edições Loyola, 1973.
PAIVA, Vanilda. Um Século de Educação Republicana. Campinas: Revista Pro-Posições. Cortez Editora/Unicamp. Nº2/julho/1990.
RIBEIRO, M. L. S. História da Educação Brasileira: A Organização Escolar. 3a. Edição. São Paulo, Editora Morais, 1981. Campinas: Autores Associados, 2003.
ROMANELLI, O. História da Educação no Brasil 1930-73. Petrópolis, Vozes, 1978.
UNESP. Caderno de formação: Formação de Professores Educação, Cultura e Desenvolvimento. Volume 1. São Paulo: UNESP, 2010
EXPLORE+
Quer ver um pouco mais, leia agora a visão de Rui Barbosa? http://www.serie-estudos.ucdb.br/ index.php/ serie-estudos/ article/view/97
Educação no Brasil 
-
 
da primeira república á década de 1960
 
DEFINIÇÃO
 
 
Este tema é um convite para voltarmos um pouco no tempo, ao final do Império e início da 
República, para entendermos como os desafios para instrução da sociedade brasileira 
começaram a ser resolvidos quando a Educação passou a ser entendida como um 
importante instrumento de superação do atraso econômico, político e social do Brasil.
 
 
PROPÓSITO
 
 
As diversas conjunturas históricas 
–
 
1889 até 1960 
–
 
influenciaram de modo decisiv
o as 
diversas reformas educacionais que foram implementadas. Ao final, será mais fácil 
entender os avanços e retrocessos em relação à Educação e sua influência hoje em dia.
 
 
OBJETIVOS
 
 
·
 
MÓDULO 1
 
Identificar os fatos referentes à Educação que fizeram parte d
a transição do Brasil 
Império para o Brasil República
 
·
 
MÓDULO 2
 
Relacionar a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente 
na Educação
 
·
 
MÓDULO 3
 
Analisar as várias reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República 
até a dé
cada de 1960
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
Somos tão acostumados com a ideia da Educação como um valor universal que parece 
estranho imaginar um tempo em que crianças, jovens e adultos não tinham o direito à 
Educação.
 
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
 
 
Rio de Janeiro (1889)
 
 
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853
-
1927). 
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
 
Educação no Brasil - da primeira república á década de 1960 
DEFINIÇÃO 
 
Este tema é um convite para voltarmos um pouco no tempo, ao final do Império e início da 
República, para entendermos como os desafios para instrução da sociedade brasileira 
começaram a ser resolvidos quando a Educação passou a ser entendida como um 
importante instrumento de superação do atraso econômico, político e social do Brasil. 
 
PROPÓSITO 
 
As diversas conjunturas históricas – 1889 até 1960 – influenciaram de modo decisivo as 
diversas reformas educacionais que foram implementadas. Ao final, será mais fácil 
entender os avanços e retrocessos em relação à Educação e sua influência hoje em dia. 
 
OBJETIVOS 
 
 MÓDULO 1 
Identificar os fatos referentes à Educação que fizeram parte da transição do Brasil 
Império para o Brasil República 
 MÓDULO 2 
Relacionar a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente 
na Educação 
 MÓDULO 3 
Analisar as várias reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República 
até a década de 1960 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Somos tão acostumados com a ideia da Educação como um valor universal que parece 
estranho imaginar um tempo em que crianças, jovens e adultos não tinham o direito à 
Educação. 
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA 
 Rio de Janeiro (1889) 
 
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927). 
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

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