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0 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA RAQUELLE COELHO ALBORGHETTI O TDAH DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR CEARÁ 2020 RAQUELLE COELHO ALBORGHETTI O TDAH DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso Orientador(a) :DEBORA RODRIGUES BARBOSA CEARÁ 2020 Este trabalho de pesquisa é dedicado ao meu marido Rafaell de Queiroz Mendonça Desde que você passou a fazer parte da minha vida que vivencio uma espiral construtiva. Esta é uma das muitas conquistas ao seu lado. SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO .................................................................................... 06 2- METODOLOGIA ................................................................................. 07 3- REVISÃO BIBLIOGRAFICA ............................................................... 07 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 17 5- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 18 Resumo O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) trata-se de um assunto ainda pouco conhecido e discutido. Existindo inúmeros paradigmas que o rotulam no ambiente escolar como aluno mal-educado, impulsivo, indisciplinado e muitas vezes pouco inteligentes. Tal pesquisa, busca analisar a formação, o conhecimento e o trabalho do educador em sala de aula. A pesquisa nos mostrou a necessidade de preparação e capacitação dos educadores para o auxílio da inclusão, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo desses alunos. Palavras-Chaves: Hiperatividade, Transtorno e Inclusão. 6 1- Introdução A escolha do tema para a realização da pesquisa, deu-se pelo alto índice de crianças em idade escolar, portadoras do Transtorno do Deficit de Atenção (TDAH), no qual o diagnóstico errôneo compromete o aprendizado da criança ao longo da sua vida escolar. Com isso, destacamos o papel fundamental do professor, o qual está inserido neste contexto de ensino-aprendizagem do aluno. Com o aumento do número de casos de crianças em idade escolar já diagnosticadas com o TDAH, faz-se necessária a presença de profissionais preparados para trabalhar com esses alunos. Sendo de suma importância o papel da escola na busca de soluções quando se identifica o TDAH na criança. Pois é através da observação, paciência e a disponibilidade do educador em sala de aula, que o diagnóstico correto será fundamental para o encaminhamento correto do aluno com TDAH, sendo necessária a diferenciação da a hiperatividade de um comportamento indisciplinado. É de grande importância que o professor seja capaz de modificar a maneira de trabalhar, usar sua criatividade, adequar-se ao estilo de aprendizagem da criança, criando um ambiente propicio para o aluno. Uma vez que a desatenção é a principal característica de um indivíduo com TDAH, a escola deve se preocupar com o aprendizado deste aluno, sendo fator fundamental a utilização de uma metodologia que entenda que cada ser é único, com especificidades individuais, jamais comparando com um indivíduo ao outro. Sendo importante reconhecer a hiperatividade, a desatenção e a impulsividade como consequências de um transtorno O objetivo geral deste trabalho é identificar a capacidade do educador em lidar com alunos portadores do TDAH dentro da sala de aula. 7 2- Metodologia Esse trabalho científico contou com ampla revisão bibliográfica e os principais autores lidos foram Barkley (2002), Silva (2009) e Goldstein (2003), Andrade (2002) e Mattos (2005). 3- Revisão Bibliográfica De acordo com os dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção – ABDA (2008), a hiperatividade teve vários nomes no decorrer dos anos, a partir de 1980 que uma Associação Americana de Psiquiatra adotou oficialmente o termo Transtorno de Déficit de Atenção e, em 1994, foi atualizado para TDAH. Segundo Arnold e Jensen (1999, apud Silva, 2009), há cerca de 30 anos, o TDAH era conhecido por diversos nomes. Por anos foi estudada a associação de dano cerebral com dificuldades comportamentais e cognitivas, englobando a impulsividade, a hiperatividade e a atenção. Estudos na história sobre o conceito de TDAH concluíram o distúrbio de conduta como resultante de um dano cerebral. Segundo Barkeley (1998, apud Benczik, 2008), em 1947, surgiu o conceito de “Lesão Cerebral Mínima” (p. 22) de Strauss e Lehtinen aplicado a crianças com alterações de atenção, impulsividade e hiperatividade que não demonstravam evidências de patologias associadas a infecções, traumas cerebrais ou algum outro dano, apenas se manifestavam através do comportamento. Para tanto, nas décadas de 50 e 60, para aquelas crianças que não apresentavam patologias cerebrais associadas houve a substituição de dano para disfunção, modificando- se a terminologia para disfunção cerebral mínima. Segundo Chess (1960, apud Barkley, 2002) define a criança hiperativa como sendo aquela capaz de desenvolver atividades com uma maior velocidade do que as normais. 8 Pesquisas em 1970 apontam o foco do transtorno como sendo a dificuldade de atenção e controle dos impulsos e não tanto a hiperatividade. Tal levantamento, justificou algumas das alterações da terminologia do transtorno para Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), publicado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM – III (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1980). Elas ganharam maiores proporções na década de 90 com o início de estudos clínicos em adultos considerando as taxas de comorbidades evidentes como depressão e transtorno de conduta, dentre outras. Novos critérios para seu diagnóstico foram definidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994) que contemplava três subtipos definidos com base na predominância da desatenção, da hiperatividade e da impulsividade. O importante é que o TDAH seja diagnosticado o mais cedo possível para que seja tratado de forma adequada. Essa iniciativa pode diminuir muito os conflitos vivenciados por estas pessoas tanto no ambiente familiar quanto no espaço escolar O pedagogo deverá ter um conhecimento prévio do distúrbio de hiperatividade, para que possa entender e desenvolver uma metodologia necessária ao aluno hiperativo. Desta forma, é possível lidar com a dificuldade de concentração por uns longos períodos e desenvolver atividades que o faça definir as informações pertinentes. (BENCZIK, 2008). Uma das opções de ajuda específica para os problemas de atenção são os programas individualizados de treinamento do autocontrole. Essencialmente, faz- se com que a criança regule sua conduta de modo eficiente diante de uma atividade, através de pensamentos que ajudam a se organizar. Primeiramente, o adulto lhes fornece as instruções apropriadas, em forma de verbalizações desses pensamentos. Mas esta ajuda externa diminuirá progressiva e ordenadamente, para dar lugar a um maior envolvimento e iniciativa por parte da criança. Os princípios básicos sobre os quais este programa está baseado são os princípios de aprendizagem da modificação de conduta (BENCZIK, 2008). 9 Segundo Barkley (2002), o TDAH é constituído de três problemas primários na capacidade de uma pessoa administrar seu comportamento: dificuldade em prestar atenção, controle ou inibição dos impulsos e daatividade excessiva. Ainda é descrito por outros profissionais, como dificuldades em seguir regras e instruções e variabilidade extrema em suas respostas a situações, principalmente atividades que se referem ao trabalho. O referido autor acredita que todos esses sintomas têm associação um déficit primário na inibição do comportamento, que é o símbolo do TDAH. Cientistas apontam o principal motivo desse distúrbio com a capacidade inibidora – seja ela ligada a problemas com a ativação ou estímulo da regulação cerebral, ou, ainda, a algum problema mais profundo com o funcionamento do cérebro. De qualquer forma, muitos estudiosos concordam que a inibição do comportamento é o problema central para a maioria dos portadores deste distúrbio. De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção – ABDA (2008), a partir dos anos 80 tiveram início estudos sobre o TDAH em adultos. O TDAH é um transtorno neurocomportamental bastante heterogêneo e que se caracteriza por uma combinação de sintomas que englobam: a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Segundo Pereira, Araújo e Mattos (2005, p. 392): [...] de acordo com manual de Diagnóstico e Estatística nas doenças mentais IV (Diagnostcand Statistical Manual of Mental Dissorders – DSMIV) o diagnóstico é obtido quando o paciente atende a pelo menos seis dos nove critérios de um ou de ambos os domínios da síndrome (hiperatividade/ impulsividade e desatenção) em pelo menos dois locais de avaliação distintos, como por exemplo, em casa e na escola [...]. O TDA – Transtorno de Déficit de Atenção – como o próprio nome já diz, tem como principal sintoma a dificuldade em manter atenção, sendo os acometidos por tal transtorno, as pessoas são retratadas como distraídas e que “vivem no mundo da lua” (p.15). Conforme Mattos (2005) descreve, os portadores de TDAH não prestam a atenção em nada. Seja durante uma conversa, durante um filme ou durante atividades mais simples que se pareçam. 10 Outros sintomas do TDAH são a impulsividade, a falta de persistência em tarefas e a dificuldade em se organizar. Assim, segundo Phelan (2007), tem-se a oportunidade de observar uma descrição clara de uma pessoa com TDA, que normalmente, atinge com mais frequência os meninos. Vale a pena ressaltar, mais uma vez, que não se trata de uma regra, ou seja, podemos ter também meninas com TDAH e meninos com TDA, como Phelan (2005, p. 7 e 60) cita abaixo. Sra.Collins, a Sara está indo tão bem quanto no ano passado. Ela não causa nenhum problema, sabe, e é tão meiga. É como se ela não estivesse nem ai boa parte do tempo. A senhora sabe, e é como se ela vivesse no mundo da lua. Algumas vezes estamos fazendo um projeto de classe e ela não está conosco. Fica olhando pela janela ou mexendo com algo em sua mesa... (PHELAN, 2005, p.7). Eduardo sempre foi bonito como um anjinho, mas era um bebê difícil. Dormia e comia aos trancos e barrancos. Nunca parecia contente ou feliz. Ele ainda é bonito como um anjo. Quero dizer, quem vê se engana, porque ele é uma criança terrível. Ele nunca para de se mexer. Nunca para de fazer barulho (PHELAN, 2005, p.60). O TDAH se manifesta logo nos primeiros anos de vida, porém, o diagnóstico só poderá ser dado com precisão a partir dos sete anos. Na adolescência, os indivíduos com TDAH acabam sofrendo por não conseguir manter um relacionamento social estável, mudam com frequência sua opinião e planos. Essas alterações apresentam sentimentos de incapacidade, impulsividade e baixa autoestima, muitas das vezes se tornam dependente de drogas ilícitas ou legais, na tentativa de um alívio para os sintomas do TDAH, assim como, estão propícios a desenvolver depressão. Os critérios do DSM-IV- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994), para avaliação do TDAH são, geralmente, os seguintes: desatenção; dificuldade para manter a atenção sustentada nas tarefas; frequentemente, o indivíduo parece não escutar quando se fala diretamente com ele; não consegue seguir instruções e falha ao tentar executar simples tarefas; tem facilidade para perder coisas necessárias para realização das tarefas que o professor prepara, é comum 11 distrair-se por estímulos externos e se esquece das atividades diárias com frequência. Outro fator observável é fato de se mexer constantemente e não permanecer sentado na cadeira. Levanta-se a todo o momento, percorrendo a sala de aula. Também não se mantém sentado em outros lugares dos quais são esperados como, por exemplo: consultório médico, sala da diretoria e outros. Corre e sobe excessivamente nas coisas e nos lugares, tendo muita dificuldade de brincar com colegas calmamente, geralmente falando sem parar. A impulsividade também faz parte do quadro de uma criança com TDAH, quando ela explode em resposta antes das questões serem completadas, tendo assim, dificuldade em esperar sua vez, interrompendo seus colegas e também seu professor na hora que vai falar. O TDAH é considerado um distúrbio infantil, trazendo grandes prejuízos de aprendizagem se não for acompanhado adequadamente. É de grande importância que o professor seja capaz de modificar a maneira de trabalhar, usar sua criatividade, adequar ao estilo de aprendizagem da criança. Uma vez que a desatenção é a principal característica de um indivíduo com TDAH, a escola deve se preocupar com o aprendizado deste aluno, proporcionando a ele (a) um ambiente tranquilo, sem muito barulho e com poucos estímulos externos que possam afetar ainda mais a capacidade de concentração. Outro fator fundamental é que a escola use de uma metodologia que considere cada ser humano como único, com características próprias e necessidades individuais, avaliando o mesmo sob seus próprios progressos e não o comparando com os outros. De acordo com Palma (2013), uma escola bem preparada para receber alunos com TDAH deve ser uma escola onde haja professores dispostos, bem treinados, bem informados, abertos a novos desafios e que tenham a consciência de que cada pessoa é única e que todos precisam de estímulos. Com recursos como artes, músicas, filmes, desenhos e exercícios físicos a criança irá extrapolar um pouco da energia trazida pela hiperatividade além de desenvolver seu potencial e descobrir suas aptidões. 12 É indispensável lembrar que os indivíduos com TDAH, em sua maioria, são pessoas inteligentes e criativas e que sendo trabalhados adequadamente se tornam pessoas felizes e bem realizadas. Assim, ainda de acordo com Palma (2013) o professor deve reconhecer que os alunos com TDAH necessitam de aulas diversificadas, modificando o programa para que o aluno se sinta confortável na sala de aula. Esse professor terá que buscar cada vez mais conhecimento sobre esse transtorno, a fim de obter maiores sucessos com esses alunos. Trabalhando com métodos variados e utilizando os diferentes sentidos (como a visão, o tato, a audição), o que acarretará em novas experiências envolvendo sensações diversas (sons múltiplos, movimentos, emoções). Provavelmente, o aluno com TDAH irá precisar de um tempo extra para completar a tarefa. Será necessária uma boa estrutura, organização e constância nas tarefas desenvolvidas com alunos que possuem esse transtorno, como por exemplo, manter a mesma arrumação das carteiras, fazer programas diários, ter algumas regras claramente definidas pelo professor. Durante as aulas, essa criança deve ficar próxima aos colegas que não a provoquem, ficando, u comportamento, monitorando seus movimentos, como uma ida até a secretaria, levantar da cadeira para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, dentre outras atividades rotineiras. Segundo Palma (2013), o professor deve delegar a esses alunos tarefas fáceisde serem cumpridas, a fim de que se sintam necessários e valorizados. O professor deverá envolver-se mais com o aluno para despertar nele a motivação, o interesse e a responsabilidade. As tarefas devem ser iniciadas com as mais simples e gradualmente mudando para as mais complexas. O ambiente deve ser acolhedor, demonstrando calor e contato físico de maneira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude. Os grupos de trabalho devem ser pequenos. Cabe ao professor aproximar esse aluno do meio social, valorizando seu comportamento, monitorando seus movimentos, como uma ida até a secretaria, levantar da cadeira para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, dentre outras atividades rotineiras. 13 Cabe ao professor, estar sempre atento às necessidades desse aluno, trabalhando com exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. É muito importante o contato aluno/professor, onde o aluno possa executar tarefas e sendo recompensado com seu comportamento adequado. Impondo limites objetivos, mantendo o equilíbrio disciplinar. As instruções devem ser de forma clara, concreta e dadas uma de cada vez, para que o aluno possa assimilar uma a uma. Um aluno com TDAH tem que ter uma rotina diária, percebendo as regras pré-definidas de forma a serem cumpridas. Essa rotina pode ser trabalhada através de uma agenda de comunicação entre família e escola, aumentando o contato entre esses dois agentes tão importantes na vida do aluno. Portanto, o professor deve controlar suas expectativas quanto à criança com TDAH, levando sempre em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do transtorno. Exemplo: quando o aluno possui um espaço curto de concentração, o ideal é esperar que ele volte toda a sua atenção e se concentre em apenas uma única tarefa durante todo o período da aula. As expectativas devem estar adequadas ao nível de habilidades dessa criança e deve estar preparado para as mudanças. Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode fazer para ajudar crianças com TDAH a se ajustarem melhor em sala de aula, compreendendo que elas não seguem o tempo estipulado pelo professor, pelo contrário, é o professor, a família e os demais profissionais envolvidos que tem que se ajustar ao tempo de cada criança, principalmente as com TDAH. De acordo Pereira, Araújo e Mattos (2005) o TDAH se caracteriza por uma combinação de sintomas que englobam: a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Outra característica importante é a dificuldade em manter atenção, sendo os acometidos por tal transtorno, normalmente descritos como pessoas que “vivem no mundo da lua” (p. 01), isto é, estão sempre pensando em outra coisa seja quando se conversa com eles, seja quando estão estudando. 14 De acordo com Sena e Diniz Neto (2007), o TDAH é marcado por uma constante agitação mental e motora e seria aquela criança com grande dificuldade em parar quieta, estando normalmente a “1.000 por hora”. As crianças com TDAH são totalmente desorganizadas com os objetos, falam excessivamente, são desassossegadas, só conseguem permanecer quietas quanto estão dormindo, podem demonstrar excesso de movimentos sem motivos para realização de uma tarefa, ou ficar mexendo os pés e as pernas, perdidas nos seus próprios pensamentos. No início, é difícil tanto para a família quanto para os professores perceberem a razão de a criança ser agitada, já que parece normal ser travesso. A criança logo se apossa de adjetivos que o chamam de capeta, diabinho, pestinha e diversos outros (NAPARSTEK, 2004). Apenas quando acontece um fato de grande relevância é que a família ou a escola toma as providências cabíveis, enviando para o psicólogo, neurologista, clínico geral e outros especialistas pediátricos. Em seguida, conclui-se o diagnóstico que a pessoa tem Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, que, segundo Cypel (2000, p. 33) é: Uma instabilidade neuroquímica cerebral provocada por uma disfunção de neurotransmissores, neurônios em determinadas regiões do cérebro (provavelmente regiões do lobo pré-frontal) e que afeta três áreas do comportamento das pessoas: atenção, impulsividade e a atividade psicomotora. É um problema bastante comum e se caracteriza por dificuldade em manter a atenção e inquietude acentuada. Sabe-se que uma grande parte dos indivíduos hiperativos passa uma vida inteira sendo acusada de ser mal educado, preguiçoso, desequilibrado e temperamental, quando, na verdade, eles possuem uma síndrome que os fazem agir de maneira impulsiva, desatenta e, às vezes, até mesmo confusa. Como na maioria das vezes, as crianças são muito ativas e enérgicas, é necessária cautela para que não haja um diagnostico errôneo de TDAH, comportamentos apropriados à idade em crianças ativas. A falta de interesse pelos estudos pode ser proveniente de um QI (Quociente de Inteligência) elevado 15 em comparação com a turma – isso faz com que as aulas sejam desinteressantes; ou, ao contrário, por um QI menor que impede que o aluno siga o ritmo da classe. Em outros momentos, pessoas que se opõem nas salas de aula podem ser confundidas com as pessoas com TDAH, pois muitas vezes não fazem as atividades escolares que exigem deles atenção e quietude por um período prolongado (SILVA, 2009). Também é fácil se confundir o TDAH com transtornos depressão, euforia, ansiedade ou autismo, intoxicação por drogas ilícitas e transtorno psicótico, que também têm como características o comportamento inquieto e desatento. Daí a importância de um diagnóstico correto, já que o tratamento é diferente para cada caso. O TDAH se caracteriza por comportamentos crônicos, com duração por volta de seis meses, que se acomodam categoricamente antes dos sete anos (GOLDSTEIN e GOLDSTEIN, 2003). O DSM V- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) apresenta os sintomas que caracterizam os tipos de TDAH, e a frequência com que eles devem surgir para que seja possível definir se existe ou não o transtorno. Estes sintomas precisam ser constantes, durando cerca de seis meses e não podem se limitar a somente uma situação. A tarefa da escola, desde sua institucionalização, tem como objetivo, ensinar aos alunos conteúdos considerados importantes dentro de uma determinada cultura, em que se privilegia a formação de competências (saber), habilidades (saber fazer) e valores (saber ser). As experiências de sala de aula são, portanto, um processo de ensino e aprendizagem, ou seja, uma troca, através de um currículo orientador de toda a proposta pedagógica. Dessa forma, a inteligência e o desenvolvimento mental são vistos como a capacidade dos indivíduos em se adaptar a novas situações e aprender. Segundo Palma (2013, p.32), este conceito não expressa a realidade com a qual nos defrontamos nas escolas, pois muitos alunos não apresentam um 16 desenvolvimento cognitivo satisfatório nem adaptabilidade requerida ao ambiente escolar. Dentro desse quadro de déficit de aprendizagem, as crianças com TDAH enfrentam problemas de comportamento e dificuldade de adaptação à escola. Estas crianças representam um enorme desafio aos pais e professores, haja visto que esse transtorno afeta o desempenho e integração da criança em casa, na escola e em seu meio social em geral. O TDAH constitui uma complexa desordem comportamental que leva a criança a graus variáveis de comprometimento na vida social, emocional, escolar e familiar. O TDAH é com frequência apresentado, erroneamente, como um tipo especifico de problema de aprendizagem. Ao contrário, é um distúrbio de realização. Sabe-se que as crianças com TDAHsão capazes de aprender, no entanto, necessitam um tempo maior que as demais crianças para que ocorra essa aprendizagem. Aproximadamente 30% das crianças portadoras do TDAH apresentam um problema de aprendizagem, acarretando na identificação correta e adequada do tratamento. Durante o período escolar, as crianças com portadoras do DAH apresentam uma maior probabilidade de reprovação, abandono escolar, desenvolvimento acadêmico abaixo do esperado, dentre outros problemas já citados Todos os sintomas do TDAH direcionam a vida acadêmica da criança ao fracasso, tornando-a suscetível a desenvolver problemas de aprendizagem, assim como um relacionamento hostil com os colegas. Portanto, torna-se fundamental que todos os envolvidos na arte de educar tenham conhecimento e informações adequadas para entender as dificuldades por que passam as pessoas com TDAH e, em particular, a escola deve se empenhar em preparar seus profissionais para conduzirem os processos pedagógicos a favor das crianças com baixo desempenho escolar, entre elas crianças hiperativas. A escola, os pais e os professores de uma criança com TDAH terão uma importância extrema na vida da mesma. No caso do professor, ele ocupará um 17 papel onde precisará de conhecimento, habilidades variadas e um autocontrole muito grande, pois essa criança irá testá-lo a todo o momento. 4- Considerações Finais Tal pesquisa, contribuiu para o aprofundamento do estudo da inclusão dos alunos especiais no ensino regular, em especial, as crianças portadoras do TDAH, bem como cooperar com os profissionais da educação e parte da sociedade que está engajada na luta pela inclusão social, evitando uma futura evasão escolar decorrente de fracassos em sala de aula. Cabendo aos educadores a reflexão sobre a verdadeira inclusão no âmbito escolar, entendendo o que realmente significa essa prática, pois de nada adianta o supervisor impor ao professor as diretrizes que permeiam a inclusão, e por obrigatoriedade terem que "aceitar" as crianças especiais. Menos ainda importa a capacitação de profissionais, onde tratam de "treinar" os educadores para lidarem com algumas situações ao depararem-se com alunos com deficiência/ transtorno. A partir do momento em que houver uma conscientização que leve o educador a uma autorreflexão sobre o seu papel formado enquanto educador, positivamente, as mudanças começarão a surgir e efetivamente acontecerá a verdadeira inclusão. Sendo assim, quando adquirirem essa capacidade reflexiva sobre os seus atos, é que estarão aptos a lidar com tantas diferenças, e que os fará ir à busca de respostas para suas dúvidas, possibilitando-lhes encontrar uma forma de realmente estar incluindo seus alunos "especiais" no ensino regular. Dentro deste contexto, o pedagogo pode desempenhar um papel fundamental no processo de aprendizagem dos alunos “especiais”, como por exemplo, fornecendo reforços positivos quanto este for bem sucedido, ajudando a elevar a autoestima. É muito importante que o pedagogo marque seu ambiente de trabalho com sua atuação efetiva, cabe a ele orientar os alunos, pois quanto maior a eficácia de sua atuação dentro da escola, mais integrada ela se apresenta. 18 5- Referências Bibliográficas ABDA. Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – Guia para início de tratamento. Kit Inicial de Tratamento. Novartis Biociências: 2008. ANDRADE, E. R. de. Quadro clínico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. In: Princípios e práticas em TDA/H. Porto Alegre: Artmed, 2002. APA. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION DSM-III – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1980. APA. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1994. APA. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION DSM-V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. 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