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FICHAMENTO - MISKULIN, Sílvia Cezar A Revolução Cubana, conquistas e desafios na História das Américas


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MISKULIN, Sílvia Cezar. A Revolução Cubana: conquistas e desafios na História das Américas
INTRODUÇÃO
1. A rev foi um marco na história latino-americana: um país tão pequeno e tão perto dos EUA derrubou uma ditadura e, mais tarde, se torna socialista
A LUTA CONTRA A DITADURA
2. 1952 - golpe de Fulgêncio Batista com apoio dos EUA (de quem cuba era totalmente dependente economicamente)
3. As relações econômicas com os EUA favoreciam apenas a elite cubana
4. 26/jul/1953 – grupo de jovens (com Fidel como um dos líderes) tenta tomar o quartel militar de Moncada buscando combater a ditadura. Essa data foi escolhida por ser o centenário de nascimento de José Martí – ação completamente fracassada
5. Na prisão, se auto intitularam movimento 26 de julho, foram anistiados em 1955, se exilaram no México. Lá juntam um grupo de 82 membros (incluindo Chê) e em 1956 embarcaram para Cuba, onde foram surpreendidos por militares
6. Poucos conseguiram escapar e chegar à Sierra Maestra, onde se reorganizaram com apoio da população local e começaram a empreender táticas de guerrilha
7. Chegaram a fazer reforma agrária nas áreas em que se instalaram
8. Juntamente com os Diretórios Revolucionários, realizavam também a guerrilha urbana, que era mais fortemente reprimida
9. O Partido Socialista Popular (o PC Cubano) foi contra o movimento, por estar alinhado com a URSS na defesa de que a América latina não estava em época de revolução, e sim de aliança com a burguesia para realizar uma rev burguesa
10. Com o tempo, o movimento foi adquirindo apoio dos mais diversos setores da população
11. Reivindicava a volta da Constituição de 1940, defendia o nacionalismo e a legalidade constitucional 
12. Partindo para a ofensiva em 1958, o movimento se dividiu em duas frentes, uma agindo do leste (Chê Guevara e Camilo Cienfuegos) e a outra do oeste (Raúl Castro e Juan Almeida). A do leste foi vitoriosa e metade de Cuba foi tomada 
13. Em 31/12/1958, Fulgêncio, percebendo que não conseguiria derrotar a guerrilha, foge com seus ministros para a República Dominicana 
A VITÓRIA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO
14. As colunas de Chê e Cienfuegos chegaram em Havana em 3 de janeiro de 1959 e ocuparam o Campo Columbia e a fortaleza La Cabaña. A coluna de Fidel chegaria em 8 de janeiro
15. O movimento 26/jul e outros grupos opositores fundaram um novo governo com Manuel Urrútia como presidente e Fidel como comandante do exército. As principais propostas do movimento 26/jul foram realizadas
16. Lei de reforma agrária de 17/mai/59 – abolição do latifúndio, expropriação de terras de empresas estadunidenses, criação do Instituto Nacional De Reforma Agrária (INRA) – beneficiaram aproximadamente 250 mil trabalhadores sem terra
17. O presidente Urrútia discordou de como a reforma agrária foi aplicada. Fidel renuncia por causa dessa desavença, mas devido a manifestações populares em seu favor, ele volta ao cargo. Osvaldo Dioticós assume como presidente nesse momento (fica até 1976)
18. Eisenhower passa a orquestrar a derrubada do regime, financiando grupos anti-revolucionários de Cuba (inclusive treinando alguns em tática de guerrilha) 
19. Criaram o Instituto Cubano de Petróleo e a Lei de Minas – aumentar a participação do Estado na extração de recursos
20. Em fev/1960, é assinado um acordo comercial em que a URSS promete comprar açúcar cubano a preço de mercado por 5 anos – imprensa americana começa a apontar cuba como uma possível ameaça comunista na amlat
21. Cuba passa a comprar petróleo soviético e, em jun-jul/60, obriga as empresas americanas na ilha a refiná-lo (o que elas se recusavam a fazer) – em resposta, EUA reduz compras de açúcar cubano 
22. Em set/60, criação dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR) – forte vigilância em bairros e ruas em busca de ameaças contra-revolucionárias 
23. Ago-out/60 – nacionalização e expropriação de todas as empresas norte-americanas – acabaram com a dominação dos EUA na ilha e “destruíram o sistema capitalista”
24. Primeiro embargo parcial norte-americano a cuba em out/60, rompimento das relações diplomáticas com em jan/61
25. INVASÃO DA BAÍA DOS PORCOS em abr/61 por exilados cubanos treinados pela CIA – desembarcaram em uma região pantanosa (difícil locomoção), foram derrotados em 3 dias pelo exército e milícias treinadas por Chê – Fidel declara a primeira derrota do imperialismo ianque nas Américas
26. Um dia antes da invasão houve bombardeio dos mais importantes aeroportos de Cuba
27. 25/abr/1961 – embargo econômico total de Cuba pelos EUA; imposição dos EUA, por meio da OEA, que os demais países americanos rompessem relações com Cuba 
28. Conseqüente aproximação de Cuba com a URSS
29. Instalação de mísseis nucleares soviéticos em cuba em 1962 por um acordo militar entre os dois países – Kennedy descobre e as coisas ficam tensas – CRISE DOS MÍSSEIS CUBANOS
30. Kennedy e Kruschev resolvem o conflito na diplomacia – retirada dos mísseis. Isso abala as relações URSS-Cuba, pois ninguém da ilha participou das negociações 
31. Medidas ao longo da década de 60: EDUCAÇÃO: projeto de erradicação do analfabetismo, começada em 1961, foi extremamente eficiente e melhorou a imagem de Cuba internacionalmente; SAÚDE: desenvolvimento de um sistema de medicina preventiva que aumentou a expectativa de vida e diminuiu a mortalidade infantil
32. Em 1962 o movimento 26/jul, os diretórios revolucionários e o PSP se fundiram no ORI (organizações revolucionárias integradas) – que se tornou depois o Partido Unificado Da Revolução Socialista - que se tornou em jan/1965 o Partido Comunista Cubano, instaurando-se o sistema de partido único do país
33. Chê se torna ministro da industrialização em 1961: se empenha em acelerar as propostas ambiciosas de industrialização e edificar o ideal de “homem novo” da rev
34. O plano de Che foi interrompido e ele deixou Cuba em 1965 para expandir a revolução e participar de movimentos guerrilheiros no Congo e na Bolívia
35. A rev Cubana, o livro de Che (Guerra de Guerrilha) e o livro do filósofo francês Regis Debray (A Revolução na Revolução) influenciaram muitos movimentos revolucionários na amlat
36. Cuba oferece treino militar e armas a diversas instituições revolucionárias na América e áfrica 
37. Fundação do OLAS em 1967 com o objetivo de unificar as guerrilhas latino-americanas 
38. Che e suas tropas são resgatados no Congo após o fracasso do seu apoio ao Movimento de Libertação Nacional 
39. Che é assassinado em 1967 na Bolívia em sua tentativa de estabelecer ali um foco guerrilheiro continental – fim do sonho de exportação da rev
40. Em 1968, com o apoio de Fidel a uma ação repressiva da URSS em Praga, contra um movimento socialista democrático, fica claro para a intelectualidade de esquerda que o regime cubano se assemelhava ao soviético – autoritário e repressivo à liberdade de criação
41. Em 1970 surge a meta de produzir 10 milhões de toneladas de açúcar no país – medida ambiciosa e só foram produzidos 8,5 – decepção da população
42. Em 1976 – promulgação da NOVA CONSTITUIÇÃO, no modelo soviético – socialismo como forma de regime, participação popular em algumas instancias do governo, pouca liberdade de reunião e associação – Fidel Castro acumulando funções e se confundindo com o próprio regime 
OS DEBATES E DEFINIÇÕES DA POLÍTICA CULTURAL
43. As relações entre governo revolucionário e intelectuais teve muitas tensões
44. A partir de 1959 começa uma efervescência entre os artistas e intelectuais na ilha, animados com as novas possibilidades futuras
45. Na década de 60, o governo criou instituições culturais e passou a cobrar dos intelectuais e artistas compromisso com o projeto revolucionário
46. Icaic ( instituto cubano del arte e industria cinematográficas): fundado em 1959 para produzir noticiários, filmes, documentários que respaldassem e divulgassem os ideais revolucionparios
47. Casa de lãs Américas: fundada em 1959 com o intuito de promover laços com a amlat através de prêmios literários, editora e revista
48. A partir de jan/1959, a revista Revolución, pertencente aomovimento 26/jul saiu da clandestinidade e passou a ser uma instituição importante e uma publicação de largo alcance em Cuba. Destaque para o seguimento semanal Lunes, que falava de cultura
49. Marco inicial da política cultural oficial: discurso de Fidel em 1961 “palavras aos intelectuais”, em que ele anunciou os direitos e deveres dos intelectuais: “dentro da revolução, tudo; contra a revolução, nada”
50. Esse discurso foi preferido numa reunião que ratificou a proibição do documentário P.M., de Orlando Jiménez-Leal e Sabá Cabrera Infante, considerado contra-revolucionário por mostrar a vida boêmia de Havana – primeiro grande embate entre os membros dirigentes do Icaic
51. Criação da Unión de Escritores y Artistas de Cuba no Primeiro Congresso Nacional de Escritores e Artistas (ago/61) – confirmação dos idéias proferidos no discurso de Fidel
52. Fechamento de Lunes de Revolución em nov/61 – editavam textos de diferentes vertentes da esquerda e incentivavam o cosmopolitanismo e a experimentação literária – fora dos parâmetros da política cultural
53. Depois de 1951 – surgimento de diversas editoras e o incentivo às publicações. Destaca-se a editora El Puente, por publicar obras inovadoras de jovens escritores, dentre eles, mulheres, negros e homossexuais
54. El Puente publica em 1962 a antologia Novíssima Poesía Cubana, em cujo prefácio estão os principais ideais do projeto. Foi organizada por Ana Maria Simo e Reinaldo Felipe
55. A El Puente foi se tornando “semi-estatal” e acabou sendo fechado em 1965 – Fidel fez sérias críticas ao grupo por incentivar o “poder negro” e pelas práticas sexuais de seus participantes 
56. Allen Ginsberg esteve em cuba em 1965 por um evento da Casa das Américas, mas acabou deportado para Praga por manifestar seu desejo por Che, propagar boatos de que Raúl Castro era homossexual e questionar a proibição de maconha
57. Integrantes da El Puente chegaram a ser presos ou até internados em hospitais psiquiátricos, sofrendo todo tipo de perseguições, até se exilarem (Ana María Simo e José Mario saíram de Cuba em 1968)
58. O governo pretendia controlar as práticas sexuais dos cubanos ao ponto de criar em 1964 uma política massiva de internação nas Umaps (Unidades Militares de Ayuda a La Produción) – campos de trabalho para desviantes sexuais e ideológicos. Foram presos lá também dissidentes de todas as variedades
59. A pressão internacional foi tão grande, que as Umaps foram fechadas ainda nos anos 1960
60. Em mai/66, para preencher o vazio deixado pela Lunes e pela El Puente surgiu o suplemento literário El Caimán Barbudo do jornal Juventud Rebelde – defendiam uma poesia criativa e nova ao mesmo tempo em que manifestavam seu apoio à rev
61. El Caimán Barbudo se envolveu em polêmicas pelas críticas literárias que fazia e acabou tendo seu grupo editorial substituído em jan/68
62. Padilla, um dos escritores da El Caimám Barbudo, foi preso por 28 dias em 1971, sendo obrigado a fazer um autocrítica num salão da Uneac, que foi televisionada – o caso ganhou repercussão internacional (recebendo críticas de grandes nomes da literatura de esquerda) e marcou o fim da lua de mel entre o regime cubano e a intelectualidade de esquerda internacional 
63. Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura, abr/71 – intensifica-se a repressão aos homossexuais e aponta-se o papel dos intelectuais, agora subordinados aos interesses da educação e, como já eram antes, “uma arma da Revolução”
64. Esse endurecimento no campo cultural fez com que os anos 1970 ficassem conhecidos como a “década gris da cultura cubana” 
65. “Campanha de saneamento” do Conselho Nacional de Cultura – muitos intelectuais foram expulsos de seus cargos por terem “conduta imprópria”
66. O “realismo socialista” cubano se aproxima muito do modelo soviético, incentivado pelos intelectuais que aderiram ao PCC
67. No ano de 1980, houve o evento em que 10 mil pessoas se refugiaram na embaixada do Peru, abrindo as portas para que cerca de 120 mil deixaram o país para os EUA entre abril e setembro daquele ano saindo pelo porto de Mariel
68. Com o Segundo Congresso do Partido Comunista Cubano em 1980, muitos intelectuais anteriormente perseguidos ganharam espaço novamente e passou a haver uma retomada nas experimentações da década de 1960
69. A partir de 1991, com a queda da URSS, cuba passou a viver um período denominado “período especial em tempos de paz”, marcado por grandes crises e dificuldades econômicas para o regime e para a população
CONCLUSÃO
70. Apesar das mudanças no campo cultural que vêm se desenvolvido desde meados dos anos 1980, elas não têm sido acompanhadas por amplas reformas políticas, o que impede que a liberdade de criação e expressão em Cuba sejam plenas