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enfermagem saude mental

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Autoria: 
A professora Wanice Gois é Enfermeira pela Faculdade LS, Funcionária Pública da Secretaria de 
Saúde do GDF, Aposentada, com mais 30anos de Serviço Prestado à Saúde. Pos graduada em 
Docência do Ensino Superior FACETED (Faculdade Tecnologia Equipe DARWIN). Mestrando 
em Saúde Pública (Universidade Americana). No âmbito da Docência tem experiência como 
preceptora e orientadora de estágio nas seguintes áreas: Enfermagem cirúrgica (Centro 
Cirúrgico); Materno Infantil e CME, no Hospital Regional de Brazlândia, DF. Atuou na Clínica 
Recanto, por 5 anos com Pacientes Psicóticos e Dependentes Químicos. Atualmente é Docente 
Ativa na Área de Enfermagem Cirúrgica, Saúde Mental e Psicologia. Mantém o interesse de 
estudo voltado para o Comportamento Humano. 
 
 
 
 
Sumário 
1- CONCEITO ......................................................................................................................... 5 
1.1- Saúde Mental ..................................................................................................................... 5 
2 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA ................................................................. 5 
2.1- Psiquiatria no Brasil ............................................................................................................ 7 
2.2 - Assistência Psiquiátrica no Brasil .................................................................................... 12 
3- FUNÇÕES PSÍQUICAS - NOÇÕES GERAIS ...................................................................... 13 
4 - ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E O PACIENTE PSIQUIÁTRICO ........................... 13 
5 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA SAÚDE MENTAL ....................................................... 15 
5.1 - Fatores físicos ou biológicos ............................................................................................ 15 
5.2 - Fatores genéticos ou hereditários .................................................................................... 16 
5.3 - Fatores pré-natais ............................................................................................................ 17 
5.4 - Fatores perinatais ............................................................................................................ 17 
5.5 - Fatores neuroendocrinológicos ........................................................................................ 17 
5.6 - Fatores ligados a doenças orgânicas ............................................................................... 18 
5.7 - Fatores Ambientais .......................................................................................................... 18 
5.8 - Fatores emocionais ou psicológicos ................................................................................ 19 
6 - CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS ......................................................... 21 
7- DICA DO MESTRE .............................................................................................................. 23 
8 - TRANSTORNOS MENTAIS ............................................................................................... 24 
8.1 - Hormônios que envolvem transtornos mentais ................................................................ 25 
8.2- Quanto à forma de manifestação ...................................................................................... 25 
8.2.1- Neurose ......................................................................................................................... 26 
8.2.2- Depressão ..................................................................................................................... 27 
8.2.3- Transtorno Obsessivo-Compulsivo - TOC ...................................................................... 30 
8.2.4- Síndrome do pânico ....................................................................................................... 33 
8.2.5- Fobias transtornos fóbico-ansiosos ................................................................................ 34 
8.2.6- Transtornos de Ansiedade ............................................................................................. 36 
 
 
 
8.2.7- Transtorno Histriônico .................................................................................................... 36 
8.2.8- Psicose .......................................................................................................................... 36 
8.2.9- Esquizofrenia ................................................................................................................. 38 
8.2.10- Transtorno afetivo bipolar ............................................................................................ 41 
8.2.11 Distúrbios Alimentares .................................................................................................. 44 
9- UMA VISÃO GERAL NO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL .................. 48 
10- O RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO NO CUIDADO DE ENFERMAGEM .................... 49 
11- EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS .................................................................................... 50 
12- APARELHO COGNITIVO .................................................................................................. 57 
13- EXERCÍCIO FIXAÇÃO ...................................................................................................... 59 
14- ANEXOS ........................................................................................................................... 78 
15- RESPOSTAS ..................................................................................................................... 79 
16- Bibliografia ........................................................................................................................ 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1- CONCEITO 
1.1- Saúde Mental 
Qual o conceito Saúde Mental? Não tem! Todavia, segundo a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), Saúde Mental“é um estado de bem-estar no qual o indivíduo 
exprime as suas capacidades, enfrenta os fatores estressores normais da vida, 
trabalha produtivamente e de modo frutífero, e contribui na sua comunidade”.Massaúde 
mental, no entanto, não tem um conceito fechado, poisaceita atualizações científicas, 
visto se tratar não apenas de ausência de doença, mas de um bem estar geral da 
pessoa.Disponível em: Disponível em:http://www.scielo.mec. Acesso em06/11/2020. 
Quando esse bem-estar geral da pessoa é acometido por alguma ocorrência 
física, fica clara a alteração, mas quando essa ocorrência é na mente humana, faz-se 
necessário estudarpsiquiatria. 
2 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA 
A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer arte de curar a alma, sendo 
o ramo da Medicina que se dedica à prevenção, ao diagnóstico, tratamento, e 
reabilitação de doentes mentais. Desde a Antiguidade, a loucura era vista como 
sobrenatural e o adoecer psíquico era relacionado com o espiritual. (MOREIRA, 1986). 
De acordo com as publicações do Ministério da Saúde, MS, a história da 
Psiquiatria informa que a humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se 
tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou, e possivelmente habita o 
imaginário popular de diversas formas. De motivo de piadas e escárnio a possuído pelo 
demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais de uma 
sociedade, o louco é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem. 
Na época da Renascença, meados do século XIV e fim do XVI, a separação 
dos loucos se dava pelo seu banimento dos muros das cidades europeias e os 
condenados tinham que andar de cidade em cidade ou eram colocados em navios 
quevagavam sem destino, chegando, ocasionalmente, a algum porto. Por isso se 
chamava de confinamento errante, segundo a maioria dos autores que abordaram a 
história da Psiquiatria.
Já na Idade Média os considerados loucos foram confinados em grandes 
espaços como asilos e hospitais, e deixados com pessoas inválidas, comDoenças 
Sexualmente Transmissíveis, DSTs, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os 
http://www.scielo.mec/
 
 
 
mais violentos eram imobilizados, não como conhecemos hoje, mas acorrentados 
mesmo. 
Em 1793, Phillippe Pinel (1745-1826), nascido na França, considerado o pai da 
Psiquiatria, defendeu um tratamento mais humano, soltando os pacientes que eram 
algemados e dando alimentação mais nutritiva, ou seja, chegava para a época uma 
assistência mais precisa,mais parecida com a que conhecemos hoje. Nos manicômios 
defendidos por ele o foco era na reeducação dos alienados, no respeito às normas e 
no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para o pai da Psiquiatria, a função 
disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com 
gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a 
ser revestida, porém o desenvolvimento dessa ciência caminhou lentamente, 
acompanhando as guerras e as conjunturas. 
No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como 
duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. Aos poucos, com o 
avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a 
ser compreendido também como uma doença orgânica. No entanto, as técnicas de 
tratamento empregadas pelos organicistas eram as mesmas empregadas pelos 
adeptos do tratamento moral, o que significa que, mesmo com outra compreensão 
sobre a loucura, decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da 
neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX. 
A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente por 
Franco Basaglia (1924-1980), psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e 
transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse 
movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito 
particularmente no Brasil, no final da década de 70, devido ao momento político de 
redemocratização. Nesse sentido é que se inicia o movimento da Luta Antimanicomial, 
que nasce profundamente marcado pela ideia de defesa dos direitos humanos e de 
resgate da cidadania das pessoas com transtornos mentais. 
Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátricaque, mais do 
que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe a construção de 
uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente 
solidárias, inclusivas e libertárias. (AMARANTE. 1994). 
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/pinel.html
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/basaglia.html
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/reforma.html
 
 
 
2.1- Psiquiatria no Brasil 
A psiquiatria no Brasil surge com a chegada da Família Real ao nosso País. 
Com o objetivo de colocar ordem na urbanização e disciplinar a sociedade a partir de 
embasamento nos conceitos da psiquiatria europeia que destratava o ‘louco’ e intervia 
no tratamento do doente mental com seu isolamento, passando a tratá-lo em hospital 
psiquiátrico. 
Nessa época, os doentes mentais costumavam perambular pelas ruas das 
principais cidades e vilas brasileiras, servindo de deboche aos habitantes, ou então 
viviam segregados em solitárias ou quartos-fortes nos fundos dos quintais das famílias 
mais abastadas. Esse fato despertava críticas e reclamações de setores mais 
esclarecidos da população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hospício de Pedro II, BERTICHEM, PieterGodfred. O Brasil pitoresco. RJ: Imperial de Rensburg, 1856. 
 
No final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental 
e dos familiares de pacientes com transtornos mentais, surge o movimento 
denominadoReformaPsiquiátrica. Esse movimento se inscreve no contexto de 
redemocratização do país e na mobilização política e social do Brasil. 
A Reforma Psiquiátrica é um processo histórico de formulação crítica e prática 
que teve o objetivo de questionar e elaborar propostas de transformação do modelo 
clássico da psiquiatria. Nascida da reivindicação da cidadania do ‘louco’, o 
movimentoReforma Psiquiátrica no Brasil desdobrou-se em um amplo e diversificado 
modo de práticas e saberes. É um campo heterogêneo, que abarca a clínica, a política, 
o social, o cultural e as relações com o sistema jurídico. 
Na VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que deliberou sobre a 
necessidade de criar um Sistema Único de Saúde - SUS, a I Conferência Nacional de 
Saúde Mental, em 1987 e posteriormente o II Encontro Nacional dos Trabalhadores em 
 
 
 
saúde Mental, a Declaração de Caracas, em 1990, em que a OMS reuniu países, 
entidades, juristas e parlamentares para discutirem sobre a atenção em saúde mental. 
Tais acontecimentos suscitaram a luta para desconstruir no cotidiano das instituições e 
da sociedade as formas arraigadas de lidar com a loucura. Inicia-se, portanto, no 
Brasil, o movimento para a desinstitucionalização, com o lema:Por uma sociedade sem 
Manicômio. 
Em 1989 é apresentado o Projeto de Lei n.º 3.657/89, que tramitou entre a 
Câmara e o Senado por mais de 10 anos. Umas das propostas contidas era a 
contenção de expansão e diminuição dos leitos psiquiátricos existentes, assim como a 
substituição progressiva das internações pelo tratamento em centros especializados. 
Doze anos após a criação do projeto de lei, é aprovada a Lei da Reforma Psiquiátrica 
Brasileira, número 10.216, em 06 de Abril de 2001. O texto sofreu várias alterações em 
relação à sua proposta original; no entanto grandes foram os avanços com a 
aprovação dessa lei. 
Ela estabelece uma diretriz de não asilar para o funcionamento público e o 
ordenamento jurídico da assistência psiquiátrica no país e explicita que o tratamento 
vise como finalidade permanentea reinserção social do paciente em seu meio. Obriga, 
ainda, que o tratamento em regime de internação contemple atendimento integral, 
inclusive de não ser só com o médico, e com atividades de lazer e ocupacionais, e 
proíbe a internação em instituições com características asilares. Em seu artigo 5º. 
Impõe a elaboração de política específica de alta planejada e reabilitação social 
assistida. 
O essencial da Reforma Psiquiátricasão as práticas de cuidado destinadas aos 
tidos como loucos, visando àsua inserção na vida da sociedade e permitindo, nos 
constrangimentos impostos por sua condição psíquica, exercer-se como sujeitos. A 
Reforma Psiquiátrica aponta para a construção de uma sociedade mais inclusiva, em 
que o louco não pode ser mais excluído, marginalizado e punido por sua loucura. 
 
 
 
PARA QUEM QUER MAIS 
Pesquisar a história da 
Psiquiatria no mundo. 
 
 
 
 
Em 2001 a assistência às pessoas com transtornos mentais passa a ter 
proteção legal do Estado. Trata-se da Lei Nº 10.2016, de 6 de abril de 2001. Veja 
abaixo, na íntegra. 
 
LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. 
Dispõe sobre a proteção e os direitos 
das pessoas portadoras de transtornos 
mentais e redireciona o modelo assistencial 
em saúde mental. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1oOs direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, 
de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à 
raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, 
família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu 
transtorno, ou qualquer outra. 
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e 
seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos 
enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora
de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas 
necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de 
beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no 
trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a 
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de 
seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos 
possíveis; 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.216-2001?OpenDocument
 
 
 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. 
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde 
mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos 
mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em 
estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que 
ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. 
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada 
quando os recursos extra hospitalares se mostrarem insuficientes. 
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do 
paciente em seu meio. 
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a 
oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo 
serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros. 
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em 
instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos 
mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no 
parágrafo único do art. 2o. 
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize 
situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de 
ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e 
reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária 
competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada 
a continuidade do tratamento, quando necessário. 
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico 
circunstanciado que caracterize os seus motivos. 
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação 
psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e 
a pedido de terceiro; e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. 
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a 
consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por 
esse regime de tratamento. 
 
 
 
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação 
escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. 
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por 
médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado 
onde se localize o estabelecimento. 
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas 
horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do 
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser 
adotado quando da respectiva alta. 
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do 
familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável 
pelo tratamento. 
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação 
vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do 
estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e 
funcionários. 
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e 
falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos 
familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária 
responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. 
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não 
poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu 
representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais 
competentes e ao Conselho Nacional de Saúde. 
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará 
comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei. 
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 6 de abril de 2001; 180o da Independência e 113o da República. 
 
 
 
 
 
2.2 - AssistênciaPsiquiátrica no Brasil 
De acordo com as publicações mais importantes do MS sobre constantes 
questionamentos sobre a prática de assistência psiquiátrica hospitalar, inúmeras são 
as denúncias de hospitais que funcionam como meros depósitos, utilizando-se da 
fragilidade humana com um interesse puramente financeiro. 
Existem duas posições relacionadas ao hospital psiquiátrico: alguns o 
consideram ultrapassado, conceituando-o como agente repressor, enquanto outros o 
classificam como terapêutico. Nas últimas décadasno movimentoReforma Psiquiátrica 
foi proposto mudanças no modelo de assistência em saúde mental no Brasil. Diversas 
foram as denúncias de falta de cuidados e maus tratos aos pacientes, os quais 
motivaram em especial os profissionais da saúde e segmentos da sociedade a 
discutirem e repensarem a atenção em saúde mental no país. 
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deixou definitivamente a posição de proposta 
alternativa e se consolidou como política de assistência à saúde mental oficial, apesar 
de todas as dificuldades encontradas por estudiosos dedicados àsaúde mental e a tudo 
que envolve o enfrentamento do nosso frágil sistema público de saúde. Portanto, os 
CAPS, que serão detalhados mais à frente, foram construídospara atendimento em 
todo o país e estão modificando a estrutura da assistência à saúde mental. A rede 
disponível está substituindo progressivamente o modelo do hospital como centro e 
manicomial, de características excludentes, opressivas e reducionistas. Em seu lugar 
vem sendo construído um sistema de assistência orientado pelos princípios 
fundamentais do Sistema Único de Saúde (universalidade, equidade e integralidade), 
acrescido da proposta de desinstitucionalização. Disponível em: Leia mais em: 
https://super.abril.com.br/saude/glossario-da-psicologia. Acesso em 20/11/2020. 
 
PARA QUEM QUER MAIS 
Resuma da Lei nº 10.216/2001 para 
debate. 
https://super.abril.com.br/saude/glossario-da-psicologia
 
 
 
3- FUNÇÕES PSÍQUICAS - NOÇÕES GERAIS 
As funções psíquicas estão presentes no ser humano, sendo responsáveis por 
suas manifestações comportamentais. Elas podem modificar suas manifestações 
quando relacionadas ao ser biológico e ao ser histórico-cultural. Alterações ou 
comprometimentos dessas funções podem ocorrer em algum momento da vida, 
ocasionando quadros psíquicos significativos na saúde mental. O estudo das 
anormalidades dessas funções é chamado de psicopatologia e,segundo NUNES 
at(1996), as principais funções psíquicas são: 
 Orientação - capacidade de situar-se quanto a si mesmo, ao ambiente e 
a outros aspectos. A avaliação da orientação é um instrumento valioso para a 
verificação das alterações do nível de consciência; 
 Consciência
- competência do ponto de vista neurológico de captar o 
ambiente e de se orientar adequadamente; 
 Atenção - capacidade de se concentrar em determinado objeto ou 
acontecimento; 
 Pensamento - organização das ideias de forma, curso e conteúdo 
sintonizados entre si; 
 Memória - capacidade de registrar, manter e evocar fatos já ocorridos, ela 
deve apresentar fixação, conservação, evocação e localização; 
 Inteligência - capacidade de utilizarmos um conjunto de instrumentos de 
modo a nos adaptarmos a qualquer problema da vida; 
 Afeto - capacidade de vivenciarmos as nossas emoções, relacionadas a 
tudo que envolve a nossa vida; 
 Vontade - capacidade de associar a liberdade das ações, atitudes e 
escolhas e o determinismo próprio da condição humana. Para alguns, a vontade está 
relacionada ao desejo; 
 Sensopercepção - percepções são responsáveis por refletirem 
objetivamente a realidade psíquica. 
 
4 - ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E O PACIENTE PSIQUIÁTRICO 
A assistência aos pacientes psiquiátricos é permeada por recentes descobertas 
sobre o comportamento humano e funcionamento cerebral. As crenças particulares, 
 
 
 
dificuldades para atender as necessidades desses pacientes, carência indispensável 
do apoio familiar e de profissionais de saúde,dificultam o trabalho cujas mentes 
encontram-se incertas. 
Sobre as condutas e qualidade da assistência de enfermagem, ainda há de se 
seguir o preconizado por cada equipe multidisciplinar, com base no direcionamento do 
nosso Ministério da Saúde. A associação entre doença mental e agressividade ainda é 
uma crença presente na população em geral, ou seja, a crença de que doença mental 
é associada à violência é historicamente constante e culturalmente universal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualmente, as práticas dirigidas à assistência em saúde mental estão referidas 
a várias tendências, concepções coexistentes e de terminantes do entendimento 
acerca do processo entre saúde e doença e, coerentemente a este, à organização das 
instituições que, por sua vez, determinam a natureza da assistência aos seus usuários. 
A enfermagem, evidentemente, não está imune a esse processo e tem suas práticas 
referidas a ele. 
E como está inserida a prática da enfermagem junto aos outros agentes do 
trabalho em saúde mental? Pode-se afirmar que as práticas assistenciais à saúde 
mental têm passado por diferentes orientações ao longo do tempo.Assim, este é o 
momento de rever o objeto de trabalho (constituir o sujeito enquanto cidadão), a prática 
(utilizar-se de novos instrumentos e com isso ampliar sua possibilidade de 
intervenção), e ampliar a finalidade da assistência, para além da remissão dos 
sintomas manifestos. 
 
 
 
 
Com este entendimento, a enfermagem em saúde mental compartilha o objeto 
da assistência com a equipe multidisciplinar, cujo projeto é coletivo e determinado pela 
articulação das diferentes práticas. 
Assim, a enfermagem, ao compor parcela do trabalho coletivo de saúde e sua 
integrante parcela do trabalhador coletivo de saúde, não tem um processo próprio de 
trabalho, tampouco um objeto que lhe é específico. Como as outras práticas sociais, 
ela tem responsabilidade de desenvolver sua especificidade nos processos de trabalho 
de assistência, gerenciamento, investigação e ensino; dos processos de produção e de 
trabalho, estes aos quais as demais práticas sociais também se conectam com suas 
especificidades. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v16n3/v16n3a0. 
Acesso em 06/11/2020. 
A prática da enfermagem, neste contexto, deve ser criativa, flexível, com 
finalidade de possibilitar aumento de habilidades, de autonomia do usuário do serviço 
de atenção à saúde mental, não mais voltada exclusivamente à remissão de sintomas. 
Os técnicos de enfermagem, enquanto profissionais de saúde, devem munir-se 
de instrumentos que possibilitem melhor entendimento sobre a saúde mental, o que 
permitirá adequar os cuidados básicos, para planejar e implementar ações 
direcionadas aos portadores de transtorno mental, visandomelhoria da qualidade da 
assistência em nível comunitário, contribuindo para discussões desta temática, em 
nível nacional. 
5 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA SAÚDE MENTAL 
5.1 - Fatores físicos ou biológicos 
O nosso corpo funciona de forma integrada, isto é, os aparelhos e sistemas se 
comunicam uns com os outros e o equilíbrio de um depende do bom funcionamento 
dos outros.Muitas vezes podemos achar difícil de entender como sintomas tão 
“emocionais” como sentir-se culpado ou ter pensamentos repetidos de morte ou ouvir 
vozes possam ter também uma base orgânica, mas ela existe. O envelhecimento, o 
abuso de álcool ou outras substâncias são exemplos comuns. Em muitos casos essa 
base já pode ser identificada e descrita pelos especialistas, em outros casos ainda não. 
O que se sabe é que sempre que se tem alguma emoção, seja ela agradável 
ou desagradável, ocorre uma série de trocas elétricas e química no nosso cérebro, o 
que já constitui, por si só, um fator orgânico. 
 
 
 
Podemos definir os fatores físicos ou biológicos como sendo as alterações 
ocorridas no corpo como um todo, em determinado órgão ou no sistema nervoso 
central que possam levar a um transtorno mental. Dentre os fatores físicos ou 
biológicos que podem ser a base ou deflagrar um transtorno mental, existem alguns 
mais evidentes, que avaliaremos a seguir. 
 
5.2 - Fatores genéticos ou hereditários 
Quantas vezes já ouvimos dizer que fulano puxou o gênio do pai? Ou que tem 
problema de cabeça que nem a tia? Ou que é nervoso que nem a mãe? Quando 
usamos essas expressões, estamos nos referindo às possíveis heranças genéticas que 
possamos trazer em nosso comportamento e forma de ser. Genético vem da palavra 
genes, que são grandes moléculas que existem dentro de nossas células contendo 
informações sobre como nosso corpo deve se organizar. As informações contidas nos 
genes são muitas e não são todas que utilizamos; algumas ficam guardadas. 
Em Psiquiatria, os fatores genéticos ou hereditários têm sido muito falados 
ultimamente, muitas vezes em programas de televisão, sempre caracterizados como 
grandes descobertas. Isso porque embora popularmente sempre se diga que a pessoa 
com transtorno mental o herdou de alguém da família, há muito tempo os cientistas 
tentam identificar se essa “herança” através do corpo ou do ambiente em que a pessoa 
foi criada. Atualmente, os avanços da Medicina permitem identificar alguns genes que 
podem ter influência no desenvolvimento de transtornos mentais. 
É importante deixar claro que quando se fala de fatores genéticos em 
Psiquiatria, estamos falando de tendências, predisposições que o indivíduo possui de 
desenvolver determinados desequilíbrios químicos no organismo que possam levá-lo a 
apresentar determinados transtornos mentais. Ainda assim, é uma grande armadilha 
acreditarmos que aí está toda a causa da doença mental, pois passamos a acreditar 
que a solução do problema só estará neste ponto e deixamos de prestar atenção em 
todos os outros aspectos da pessoa que atendemos em sofrimento mental. 
A constituição genética precisa ser vista como uma facilidade orgânica para 
desenvolver um determinado transtorno mental, mas não há garantias de que, ao longo 
da vida do sujeito, tal fato ocorrerá, visto que dependerá de outros fatores para que tal 
tendência de fato se manifeste. Em alguns filmes de ficção do futuro, vemos pessoas 
tendo cartões magnéticos contendo informações sobre seu genoma (o “mapa” de seus 
 
 
 
genes), utilizados como carteira de identidade. Os cientistas afirmam que isto não está 
tão longe de acontecer. Imaginamos até que seja possível, mas esperamos que até lá 
a sociedade tenha evoluído o suficiente para não usar de forma preconceituosa tais 
informações. Ou talvez venhamos a descobrir que todos nós temos uma ou outra 
alteração genética que possa
nos predispor ao transtorno mental. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br. Acesso em 07/11/2020. 
 
5.3 - Fatores pré-natais 
As condições de gestação, dentre eles os fatores emocionais, socioeconômico, 
o consumo de álcool, drogas, cigarro e de alguns tipos de medicamentos podem 
prejudicar a formação do bebê, gerando problemas futuros que poderão comprometer 
sua capacidade adaptativa no crescimento e desenvolvimento, podendo facilitar o 
surgimento da doença mental. 
5.4 - Fatores perinatais 
Perinatal é tudo aquilo que acontece durante o nascimento do bebê. Em 
algumas situações o bebê pode sofrer danos neurológicos devido a traumatismos ou 
falta de oxigenação do tecido cerebral. Nesses casos, dependendo da gravidade 
desses danos, a criança poderá desenvolver problemas neurológicos como, a 
epilepsia, diversos graus de atraso de desenvolvimento, que podem formarbase para 
futuros transtornos psiquiátrica. 
5.5 - Fatores neuroendocrinológicos 
O sistema endócrino, que é responsável pela regulação do equilíbrio de nosso 
organismo, faz isso através da produção de hormônios pelas glândulas endócrinas: 
pituitária e tireoide. Acontece que esse sistema tem estreita ligação com o sistema 
nervoso central, havendo uma influência recíproca entre eles, isto é, o que acontece 
em um causa reações no outro e vice-versa.Muitos estudos recentes têm mostrado a 
ligação entre mecanismos neuroendocrinológicos e reações cerebrais. As mudanças 
hormonais podem influenciar nosso estado de humor e deflagrar até mesmo estados 
psicóticos como é o caso da psicose puerperal ou da tensão pré-menstrual (TPM). 
 
 
 
5.6 - Fatores ligados a doenças orgânicas 
O transtorno mental pode também aparecer como consequência de 
determinada doença orgânica, tal como infecções, traumatismos, vasculopatias, 
intoxicações, abuso de álcool ou quaisquer substâncias químicas ou agentes nocivos 
que afetem o sistema nervoso central. 
5.7 - Fatores Ambientais 
Você acorda pela manhã e percebe que o tempo mudou. O sol que havia 
ontem não apareceu hoje, faz frio e cai forte chuva. Ao se preparar para sair, com 
certeza você buscará roupas mais quentes e procurará se protegerda chuva. Estamos, 
assim, procurando nos ajustar aos fatores ambientais, nesse caso, climáticos. Na 
verdade estamos o tempo todo procurando formas de nos adaptarmos o melhor 
possível, ao que acontece à nossa volta. Tantos são os estímulos que sofremos que 
acabamos desenvolvendo maneiras características de reagir, muitas vezes 
supervalorizando as informações que nos chegam, outras vezes, tornando-nos 
apáticos a elas. 
Que sensação você experimenta quando entra em contato com as constantes 
e massacrantes notícias de violência via rádio e televisão? As pessoas costumam ter 
diferentes reações: algumas se tornam apáticas a elas, outras fazem uso do humor 
para digeri-las, outras se tornam excessivamente medrosas, e assim por diante. Como 
exemplo, uma paciente passou a pensar na possibilidade de fazer algum mal à sua 
pequena filha a partir de noticiários de rádio que relatavam maus tratos e até 
homicídios materno-infantis. 
Os fatores ambientais exercem forte e constante influência sobre nossas 
atitudes e nossas escolhas diárias, tanto externa quanto internamente, isto é, como nos 
sentimos e enxergamos a nós mesmos. As reações a cada estímulo ambiental se 
darão de acordo com a estrutura psíquica de cada pessoa, e essa estrutura psíquica 
estará intimamente ligada às experiências que a pessoa teve durante a vida. Assim se 
estabelece uma relação circular entre todos os fatores geradores de transtorno mental 
onde um ocasiona o outro. 
Para melhor compreensão, podemos dizer que os fatores ambientais podem 
ser sociais, culturais e econômicos. Como sociais podemos compreender todas as 
interações que temos com o outro, nossas relações pessoais, profissionais e com 
outros grupos. Estudos falam da importância das pessoas significativas em nossa 
 
 
 
infância e de como ficam marcadas em nós as suas formas de pensar e agir, assim 
como as reações que passamos a ter influenciam o nosso comportamento diante de 
outras pessoas. Se, com as pessoas importantes de nossa infância, aprendemos que 
existem pessoas que não são confiáveis e que devemos estar sempre atentos para 
não sermos enganados, possivelmente teremos dificuldades em confiar em alguém 
mesmo em nossa vida adulta. 
Entre os fatores ambientais culturais podemos nos lembrar de todo o sistema 
de regras no qual estamos envolvidos. Esse sistema varia de país para país, de estado 
para estado, de grupo para grupo, e também de acordo com a época. Ou seja, noção 
de certo e errado, de bem e mal variam muito dependendo do local e época em que 
estamos. Os mitos, as crenças, os rituais que nos cercam nos dão as noções de bem e 
mal que são aceitas pelos grupos aos quais pertencemos, seja ele o nosso país, grupo 
religioso, a nossa escola ou mesmo a nossa família. 
Outro grupo de fatores ambientais que podemos perceber como exercendo 
influência sobre nós são os econômicos. Nesse tópico tanto podemos nos referir à 
nossa possibilidade mais direta de aquisição de bens, quer dizer, ter dinheiro mesmo, 
quanto às atuais condições sociais onde a miséria, aliada à baixa escolaridade, pode 
levar ao aumento da criminalidade e esta ao aumento de tensão em nosso dia a dia. 
5.8 -Fatores emocionais ou psicológicos 
Continuamos tentando compreender o que, afinal de contas, torna as pessoas 
diferentes umas das outras. O que faz com que se comportem de uma maneira e não 
de outra. Já abordamos os aspectos físicos e os ambientais e, não por acaso, 
deixamos para abordar os aspectos emocionais depois de bem compreendidos os 
anteriores. Isso porque, como já foi visto antes, os fatores influenciam-se entre si, mas 
no caso dos aspectos emocionais estamos falando de formação de identidade, que se 
inicia justamente com a conjugação dos aspectos físicos e ambientais. 
Cada pessoa vem a este mundo como ser único, diferente de todos os outros. 
Cada um de nós apresenta, mesmo ao nascer, uma forma de interagir com o mundo 
que influencia o comportamento de quem está à nossa volta e é influenciado por ele. 
Não é incomum as mulheres que possuem mais de um filho afirmarem que foram 
bebês totalmente diferentes: um dormia mais, outro chorava o tempo todo, ou estava 
sempre doente. 
 
 
 
Também devemos lembrar que, quando nascemos, já trazemos conosco uma 
história de vida. Se fomos desejados ou não, se somos o primeiro filho ou o décimo, se 
nossa estada na barriga foi tranquila ou cheia de altos e baixos, se a mamãe fez uso 
de algum medicamento ou droga que tenha nos deixado mais agitados ou mais 
apagados, se tivemos ou não dificuldades maiores no parto, se fomos bem atendidos e 
fomos logo para perto da mamãe, ou se tivemos que ficar mais tempo longe, indo para 
uma UTI neonatal, por exemplo, se a mamãe ficou bem após nosso nascimento, 
disponível para gente ou se teve, por exemplo, uma depressão puerperal. 
Bom, esses são só alguns exemplos que mostram que nós já colocamos o pé 
na vida com algumas características que nos são individuais e que as interações que 
vamos estabelecer com o mundo, a partir da nossa concepção, serão formadoras de 
um modo de ser caracteristicamente nosso, mais ou menos ajustado, ao qual 
chamamos personalidade. 
Ao nascer, o bebê não tem ainda consciência de si mesmo e do mundo à sua 
volta. Não consegue diferenciar suas sensações internas do mundo externo. Apenas 
consegue perceber sensações boas, prazerosas, e más desprazerosas. A fralda 
molhada dá desprazer e ele chora. O colo da mamãe dá prazer, possivelmente lembra 
o conhecido aconchego do útero e dá segurança e ele dorme. 
Nessa sequência, entre chorar e ser confortado se dá um dos alicerces 
fundamentais para o restante da vida do bebê, e dificilmente a mãe se dá conta do 
papel fundamental desses momentos, pois,
aos poucos, a criança vai construindo a 
noção de confiança, que é o ponto de partida para sentimentos como segurança, 
otimismo e fé na vida adulta. Além disso, a formação do vínculo afetivo com a mãe ou 
pessoa substituta faz com que o bebê ganhe condições para amadurecer e voltar-se 
para conhecer e experimentar o mundo. 
Imagine-se chegando sozinho a um país estranho, onde você não conhece a 
língua, os costumes, nada. Que sufoco, não? Agora imagine que nesse lugar esteja te 
esperando alguém que fala a sua língua, que alívio!e que pode te ensinar tudo quanto 
você precisa para se adaptar melhor. A mãe e o pai, ou pessoas substitutas, atuam 
mais ou menos como guias turísticos do mundo para o bebê que chega. A grande 
diferença é que o bebê é um tipo de turista até mesmo em seu próprio corpo, 
precisando de alguém para ajudá-lo a se conhecer. 
Acontece que quando o bebê não tem suas necessidades atendidas, ele não 
tem ainda a capacidade de suportar a sensação ruim para aguardar a boa. O bebê não 
 
 
 
diz para si mesmo: - Ah! Agora estou com fome, mas mamãe não pode me dar de 
mamar porque está tomando banho. Tudo bem! Quando ela sair do banheiro, eu choro 
de novo. Não! Para o bebê recém-nascido, a fome é um desprazer tão intenso que, se 
não atendida, adquire tons de ameaça de destruição, mais ou menos como nos 
sentiríamos diante do fim do mundo. Nesses momentos o bebê experimenta profunda 
sensação de desamparo. 
A repetição constante de tais exposições à frustração, por períodos mais 
prolongados, pode levar o indivíduo, no futuro, a desenvolver uma série de transtornos 
mentais. Alguns autores identificam aí as raízes emocionais das psicoses e da famosa 
síndrome do pânico.Àmedida que vai estabelecendo trocas positivas com as pessoas 
que cuidam dele, o bebê vai criando uma diferenciação entre ele e o restante do 
mundo que, nesse momento, ainda são as pessoas mais próximas, e vai adquirindo 
certa tolerância à frustração e maior capacidade de espera, pois já consegue antecipar, 
fazendo uso da memória, a satisfação de suas necessidades. 
Com a continuidade de seu crescimento e desenvolvimento, a criança vai 
adquirindo noções de julgamento de si e dos outros, isto é, vai internalizando as regras 
e proibições de seu ambiente e passando a captar a impressão que ela própria provoca 
no ambiente. 
Sendo assim, entramos em contato com o ambiente social mais amplo pelas 
portas que abrimos nas relações com nossa família nuclear ou com outras figuras de 
sobrevivência de nossas vidas. 
 
6 - CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS 
De acordo com Ministério da Saúde (MS), os Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS) possibilitaram a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico 
no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que 
oferecem atendimento diário.Atuam através de oficinas onde se realizam trabalhos 
manuais e artísticos que proporcionam ao usuário via de acesso à expressão de seus 
sentimentos, emoções, criatividade. Mas quando necessário pode ser feito o 
atendimento individual. 
O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população, realizar o 
acompanhamento clínico e a reinserção social dos pacientes pelo acesso ao trabalho, 
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. 
 
 
 
De acordo com a realidade local, o CAPS assume táticas diferentes para enfrentar os 
problemas decorrentes das diversas formas de viver. Assim você jamais encontrará um 
CAPS igual ao outro. Porém, eles trazem como ponto comum a luta pela 
desconstitucionalização, a realização das oficinas terapêuticas e a atuação de uma 
equipe multiprofissional. Pode atuar em associação com uma emergência psiquiátrica, 
e o paciente que sai deste setor será avaliado imediatamente para ser inserido em 
atividades do CAPS, sem que haja necessidade de internação. 
O CAPS, entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, tem valor 
estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, 
possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. 
Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem 
atendimento diário. Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e 
Infanto-juvenil (CAPSi).É função dos CAPS: 
 prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as 
internações em hospitais psiquiátricos; 
 colher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e 
persistentes, procurandopreservar e fortalecer oslaçossociaisdo usuário em seu 
território; 
 promover a inserção social das pessoascom transtornos mentais por meio 
de ações intersetoriais; 
 regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na 
sua área de atuação; 
 dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica; 
 organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos 
municípios; 
 articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num 
determinado território; 
 promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, 
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. 
Esses serviços devem ser substitutivos e não complementares ao hospital 
psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, 
que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do 
seu tratamento.Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria 
 
 
 
estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, 
preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida 
cotidiana.O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais critérios 
para o planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades, e para a 
implantação de centros de Atenção Psicossocial. O critério populacional, no entanto, 
deve ser compreendido apenas como um orientador para o planejamento das ações de 
saúde. De fato, é o gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, 
que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor 
respondem às demandas de saúde mental de seu município. 
 
7- DICA DO MESTRE 
Em todos os níveis de atuação, a conduta do técnico de enfermagem é sempre 
ponto muito importante da ação em saúde. A maneira como o paciente é recebido, a 
expressão das pessoas que lhe atendem ou mesmo o tom de voz com que falam, são 
capazes de gerar sentimentos que tanto podem determinar o tratamento como afastar 
o indivíduo. Não é raro o paciente sair de um setor de atendimento jurando que não 
volta mais porque foi maltratado pelo profissional que o atendeu ou porque não foi com 
a cara daquele profissional. Não cabe discutirmos aqui se ele volta ou não ao setor, 
mas sim no tempo em que ele adiará o tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://bvsms.saude.gov. Acesso em 20/11/20. 
8 -TRANSTORNOS MENTAIS 
Transtorno mental é qualquer alteração do funcionamento da mente que 
prejudica o bem-estar da pessoa, seu desempenho em todos os aspectos de sua vida, 
como a família, vida social, o meio profissional, os estudos, a compreensão de si e dos 
 
 
 
outros, na possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade 
de ter prazer na vida em geral. Ou seja, tudo que afete a ideia de Saúde Mental. 
8.1 -Hormônios que envolvem transtornos mentais 
O cérebro humano é uma estrutura altamente complexa, cujo funcionamento 
depende de centenas de mediadores químicos. Sabemos hoje que boa parte das 
doenças psiquiátricas está relacionadaa pelo menos cinco destes neurotransmissores: 
noradrenalina, serotonina, dopamina ácido gama aminobutírico (GABA) e acetilcolina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A psicose, para a medicina,
se traduz como uma síndrome neurológica, em 
que algumas partes do cérebro não estão funcionando normalmente, geralmente 
associada à ação de um neurotransmissor nessas áreas, chamado dopamina. A 
dopamina tem inúmeras funções no cérebro, sendo importante para a comunicação 
dos neurônios e atuando em diversos sistemas do organismo. Entretanto, o excesso de 
dopamina em algumas áreas do cérebro, ou o dano direto dessas áreas pode levar as 
pessoas a vivenciarem alucinações, delírios, alterações de personalidade ou 
pensamentos e comportamentos desorganizados. 
8.2- Quanto à forma de manifestação 
Há três classificações básicas de transtornos mentais, feitas pela a Psicanálise, 
a neurose,psicose e perversão. Temos uma história queilustra bem esses três 
conceitos freudiano: o neurótico pensa que mora num castelo, o psicótico tem certeza 
e o perverso quer destruir o castelo.Esses conceitos já têm novas abordagens e o 
nosso foco está centrado nos cuidados a pessoas que estão diagnosticadas e, 
comumente vamos lidar com neurose e psicose no exercício da enfermagem. 
Neuroseé toda a psicopatologia leve, onde a pessoa tem a noção, mesmo que 
vaga, de seu problema.O indivíduo além de saber que é um neurótico, ele tem plena 
consciência dos seus atos, mas não consegue controlá-los.Ele tem contato com a 
 
 
 
realidade, porém há manifestações psicossomáticas, que são notadas por este, e que 
servem de aviso para a pessoa procurar um tratamento psicológico, ou psiquiátrico. É 
um fator comum a ansiedade exacerbada. 
Já a Psicose se caracteriza por uma intensa fuga da realidade. É a loucura 
propriamente dita. Vamos começar com a neurose, para depois nos atermos à psicose. 
8.2.1- Neurose 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existeminúmeras classificações menores; para citar algumas temos: 
1 Depressão, também chamada de distimia, ou depressão maior. 
Caracteriza-se por intensoretraimento e medo do mundo exterior. Causa baixa 
autoestima e pode levar ao suicídio; 
2 TOC - Transtorno obsessivo compulsivo que é a repetição de algum ato 
diversas vezes aodia, não controlável e causador de grande ansiedade; 
3 Síndrome do pânico, quecausa grande aflição, e medo perante alguma 
situação; 
4 Fobias - queé o medo exagerado de alguma situação. Pode ser medo de 
ambientes fechados(claustrofobia), medo de água (hidrofobia), medo de pessoas 
(sociofobia), entre outras; 
5 Transtornos de ansiedade, no qual o indivíduo tem ataques de 
ansiedades antes ou depois derealizar algo, ou muitas vezes nem realizá-lo. É comum 
em pequena escala na maioria das pessoas, porém seu excesso é denominado como 
patológico; 
6 TPH - Transtorno de Personalidade Histriônica, que é caracterizado por 
um padrão generalizado de excessiva emocionalidade e busca de atenção. 
 
 
 
O diagnóstico de todos os transtornos mentais é por critérios clínicos e cabe a 
todos os profissionais de saúde se ater aos cuidados e não prejulgar. Os tratamentos 
costumam envolver psicoterapia e psicodinâmica. 
Freud, considerado o pai da Psicanálise, citou, em uma de suas obras, que 
todas as pessoas têm um pouco de neurose em si. É normal no ser humano ser um 
pouco neurótico, sendo apenas o excesso chamado de patológico. 
Feita essas seis colocações acima, vamos conhecer um pouco melhor cada 
uma, pois apesar do foco ser na saúde mental, é preciso saber também como se 
manifestam as que normalmente encontramos no nosso ambiente de trabalho. 
 
8.2.2- Depressão 
A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais 
acentuada ou prolongada, perda de interesse por atividades habitualmente sentidas 
como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil. Ter sentimentos depressivos é 
comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afetam de forma negativa. 
No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas 
consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda. A depressão pode afetar 
pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada 
pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. 
A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição 
substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia 
a dia. A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, cerca de 20 
por cento dos casos torna-se uma doença crônica. Esses casos devem-se, 
fundamentalmente, à falta de tratamento adequado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores de risco 
Pessoas com episódios de depressão no passado; 
 Pessoas com história familiar de depressão; 
 Pessoas do gênero feminino – a depressão é mais frequente nas 
mulheres, ao longo de toda a vida, mas em especial durante a adolescência, no 
primeiro ano após o parto, menopausa e pós-menopausa; 
 Pessoas que sofrem qualquer tipo de perda significativa, mais 
habitualmente a perda de alguém próximo; 
 Pessoas com doenças crónicas - sofrendo do coração, com hipertensão, 
com asma, com diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças 
reumáticas, SIDA, fibromialgia, entre outras doenças; 
 Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e 
crónica, por exemplo, pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer; 
 Pessoas com tendência para ansiedade e pânico; 
 Pessoas com profissões geradoras de estresse ou em circunstâncias de 
vida que causem estresse; 
 Pessoas com dependência de substâncias químicas, como ansiolíticos, 
anticolinérgicos, drogas como cocaína, maconha e álcool; 
 Pessoas idosas. 
 
Causas da depressão 
As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar 
que há fatores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios 
depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente 
querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em 
ultrapassar obstáculos, etc.Partindo desse contexto a depressão pode ser dividida em 
Endógena, Psicogênica, Somatogênica. 
A depressão endógena é de origem interna, indefinida. Embora o primeiro 
episódio possa se dar após alguma perda ou dificuldade, os outros geralmente não 
apresentam causas observáveis. Comumente é uma forma grave de depressão, 
apresentando grande risco de suicídio (10 a 15% dos casos). Antigamente era 
chamada de depressão psicótica. Responde melhor a tratamento medicamentoso. 
 
 
 
A depressãopsicogênicatem suas causas mais facilmente localizadas na 
história de vida do indivíduo, que apresenta fatos que o levaram aos sintomas. Tanto 
que já foi chamada de depressão reativa ou situacional. Os sintomas são menos 
graves que na depressão endógena, e o risco de suicídio, embora existente, é menor. 
Responde melhor à psicoterapia do que ao tratamento medicamentoso. 
A depressão somatogênica é aquela causada por algum fator de alteração 
principalmente orgânico, como o uso de alguns medicamentos como anti-hipertensivos, 
anti-inflamatórios e contraceptivos ou ainda a interrupção do uso de psicoestimulantes. 
Já os episódios de mania caracterizam-se como o oposto da depressão. O 
indivíduo apresenta um ritmo acelerado, fala muito e geralmente alto, trocando 
constantemente de assunto, fuga de ideias, movimenta-se amplamente, tem energia de 
sobra, tanto que, muitas vezes não consegue dormir, hiperatividade. Mostra-se 
eufórico, com autoestima exagerada, achando que pode tudo, a sexualidade também 
pode estar exacerbada, gosta de atrair atenções. Não acha que tem problema algum, o 
que muitas vezes prejudica a aceitação do tratamento. 
 
Sintomas da depressão 
A depressão se diferencia dasmudanças comum de humor pela gravidade e 
permanência dos sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade ou pânico.Os 
sintomas mais comuns são: 
 modificação do apetite (falta ou excesso de apetite); 
 perturbaçõesdo sono (sonolência ou insónia); 
 fadiga, cansaço e perda
de energia; 
 sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de autoestima, de 
culpa e de incapacidade; 
 falta ou alterações da concentração; 
 preocupação com o sentido da vida e com a morte; 
 desinteresse, apatia e tristeza; 
 alterações do desejo sexual; 
 irritabilidade; 
 manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, 
enjoo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito pela avaliação clínica do doente, designadamente pela 
identificação, enumeração e curso dos sintomas, bem como pela presença de doenças 
de que padeça e de medicação que possa estar a tomar. Não existem meios 
complementares de diagnóstico específicos para a depressão, e a bem da verdade, tão 
pouco são necessários: o diagnóstico clínico é fácil e bastante preciso para omédico 
psiquiatra, que faz a orientação terapêutica, como ouso de medicamento a usar, a 
dose, duração, resposta esperada em relação ao tipo de pessoa, a indicação de 
psicoterapia mais adequada, a necessidade de outros tipos de intervenção, entre 
outros. 
 
 
 
Tratamento 
Normalmente o tratamento é feito através do uso de medicamentos, de 
intervenções psicoterapêuticas, ou da conjugação de ambas. As intervenções 
psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reativas às 
adversidades da vida, bem como em associação com medicamentos nas situações 
moderadas e graves. Os medicamentos usados no tratamento das depressões são 
designados por antidepressivos. 
8.2.3- Transtorno Obsessivo-Compulsivo - TOC 
O transtorno obsessivo-compulsivo - TOC - é um distúrbio psiquiátrico de 
ansiedade, que se caracteriza pela presença de crises recorrentes de obsessões e 
compulsões. Entende-se por obsessão pensamentos, ideias e imagens que invadem a 
 
 
 
pessoa insistentemente, sem que ela queira. Como um disco riscado que se põe a 
repetir sempre o mesmo ponto da gravação, eles ficam patinando dentro da cabeça e o 
único jeito para livrar-se deles por algum tempo é realizar o ritual próprio da compulsão, 
seguindo regras e etapas rígidas e pré-estabelecidas que ajudam a aliviar a ansiedade. 
Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível 
pode acontecer-lhes. No entanto, a ocorrência dos pensamentos obsessivos tende a 
agravar-se à medida que são realizados os rituais e pode transformar-se num 
obstáculo não só para a rotina diária da pessoa como para a vida da família inteira. 
 
Classificação 
Existem dois tipos de TOC: 
 Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e rituais se 
repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa; 
 Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito, no qual as 
obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade. 
 
Causas 
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um 
problema multifatorial. Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação 
entre determinadas zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e 
histórico familiar também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de 
ansiedade. 
 
Sintomas 
Em algumas situações, todas as pessoas podem manifestar rituais 
compulsivos que não caracterizam o TOC. O principal sintoma da doença é a presença 
de pensamentos obsessivos que levam à realização de um ritual compulsivo para 
aplacar a ansiedade que toma conta da pessoa. Preocupação excessiva com limpeza e 
higiene pessoal, dificuldade para pronunciar certas palavras, indecisão diante de 
situações corriqueiras por medo que uma escolha errada possa desencadear alguma 
desgraça, pensamentos agressivos relacionados com morte, acidentes ou doenças são 
exemplos de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo. 
 
 
 
Frequência 
Em geral, só nove anos depois que manifestou os primeiros sintomas, o 
portador do distúrbio recebe o diagnóstico de certeza e inicia do tratamento. Por isso, a 
maior parte dos casos é diagnosticada em adultos, embora o transtorno obsessivo-
compulsivo possa acometer crianças a partir dos três, quatro anos de idade. Na 
infância, o distúrbio é mais frequente nos meninos. No final da adolescência, porém, 
pode-se dizer que o número de casos é igual nos dois sexos. 
 
Tratamento 
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. O 
medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os 
únicos que funcionam. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem não 
medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu princípio básico é 
expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos sintomas mais 
brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de 
abordagem terapêutica. 
 
Recomendações 
 Não há quem não tenha experimentado alguma vez um comportamento 
compulsivo, mas se ele se repete a ponto de prejudicar a execução de tarefas 
rotineiras, a pessoa pode ser portadora de transtorno obsessivo-compulsivo e precisa 
de tratamento. 
 Crianças podem obedecer a certos rituais, o que é absolutamente normal. 
No entanto, deve chamar a atenção dos pais a intensidade e a frequência desses 
episódios. O limite entre normalidade e TOC é muito tênue. 
 Os pais não devem colaborar com a perpetuação das manias e rituais dos 
filhos. Devem ajudá-los a enfrentar os pensamentos obsessivos e a lidar com a 
compulsão que alivia a ansiedade. 
 O respeito a rituais do portador de TOC pode interferir na dinâmica da 
família inteira. Por isso, é importante estabelecer o diagnóstico de certeza e 
encaminhar a pessoa para tratamento. 
 Esconder os sintomas por vergonha ou insegurança é um péssimo 
caminho. Quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença. 
 
 
 
 
8.2.4-Síndrome do pânico 
A síndrome do pânico, na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do 
pânico, é uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas 
de medo e desespero. A pessoa tem a impressão de que vai morrer naquele momento 
de um ataque cardíaco porque o coração dispara, sente falta de ar e tem sudorese 
abundante. Quem padece de síndrome do pânico sofre durante as crises e ainda mais 
nos intervalos entre uma e outra, pois não faz a menor idéia de quando elas ocorrerão 
novamente, se dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco meses. Isso traz tamanha 
insegurança que a qualidade de vida do paciente fica seriamente comprometida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sintomas físicos de uma crise de pânico 
Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem 
nenhuma causa aparente (apesar de existir, mas fica difícil de se perceber). Os 
sintomas são como uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível". A reação 
natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de 
aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir - em 
detrimento de outras partes do corpo, incluindo os órgãos sexuais. Eles podem incluir: 
 contração, tensão muscular; 
 palpitações (o coração dispara); 
 tontura, atordoamento, náusea; 
 dificuldade de respirar; 
 boca seca; 
 calafrios ou ondas de calor; 
 sudorese; 
 
 
 
 sensação de ‘estar sonhando’ ou distorções de percepção da realidade; 
 terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a 
acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento; 
 confusão, pensamento acelerado; 
 medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso; 
 medo de morrer; 
 vertigens ou sensação de debilidade; entre outros. 
Uma crise de pânico pode durar vários minutos e é uma das situações mais 
angustiantes que pode ocorrer a alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise 
terá outras, se não tratar. Quando alguém tem crises repetidas ou se sente muito 
ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico. 
 
Tratamento 
Existe uma variedade
de tratamentos para o T.P. O mais importante neste 
aspecto é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico 
cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser feito através de medicamentos seguros e 
que não produzam risco de dependência física dos pacientes. Numa segunda etapa 
prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades 
vitais de uma maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer 
junto com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma 
harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser 
realizada com esse objetivo. 
 
O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao engajamento do paciente 
com o mesmo. É importante que a pessoa que sofre de T.P. entenda todas as 
peculiaridades que envolvem este mal e que queira fazer uma boa "aliança terapêutica" 
com seu médico no sentido de juntos superarem todas as adversidades que poderão 
surgir na busca do seu equilíbrio pessoal. 
8.2.5- Fobias transtornos fóbico-ansiosos 
O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para 
proteger o indivíduo do perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas 
quais o perigo é iminente. A fobia pode ser definida como um medo irracional, diante 
de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo para a pessoa. Com 
 
 
 
isto, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação fóbica leva 
muito freqüentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa. As fobias 
são acompanhadas de ansiedade importante e também freqüentemente de depressão. 
Os transtornos fóbico-ansiosos constituem um grupo de doenças mentais onde a 
ansiedade é; ligada predominantemente a uma situação ou objeto. Há três tipos 
principais de fobia, a saber, a fobia social, específicas e agorafobia, 
Fobia social: neste caso a pessoa tem medo de se expor a outras pessoas 
que se encontramem grupos pequenos. Isto pode acontecer em reuniões, festas, 
restaurantes e outros locais. Muitas vezes elas são restritas a uma situação, como por 
exemplo, comer ou falar em publico, assinar um cheque na presença de outras 
pessoas ou encontrar-se com alguém do sexo oposto. Muitas pessoas apresentam 
também baixa auto-estima e medo de criticas. Usualmente a pessoa nessas situações 
apresenta rubor na face, tremores, náuseas. Em casos extremos pode isolar-se 
completamente do convívio social. 
Fobias específicas (ou isoladas): como o próprio nome diz, são fobias 
restritas a umasituação ou objeto altamente específicos, tais como, animais inofensivos 
(zoofobia), altura (acrofobia), trovões e relâmpagos (astrofobia), voar, espaços 
fechados (claustrofobia), doenças (nosofobia), dentista, sangue, entre outros. A 
incapacitação da pessoa no dia a dia depende do tipo de fobia e de quão fácil é evitar a 
situação fóbica. 
Agorafobia: inclui medo de espaços abertos, da presença de multidões, da 
dificuldade deescapar rapidamente para um local seguro (em geral a própria casa). A 
pessoa pode ter medo de sair de casa, de entrar em uma loja ou shopping, de lugares 
onde há; multidões, de viajarsozinho. Muitas pessoas referem um medo aterrorizante 
de se sentirem mal e serem abandonadas sem socorro em público. Muitas pessoas 
com agorafobia apresentam também o transtorno de pânico. 
 
Tratamento 
O tratamento das fobias se faz com a associação de medicamentos com 
psicoterapia. Os medicamentos mais utilizados pertencem ao grupo dos 
antidepressivos; os ansiolíticos também são freqüentemente indicados. A psicoterapia 
auxilia na compreensão de fatores que podem agravar ou perpetuar os sintomas 
fóbicos. 
 
 
 
8.2.6-Transtornos de Ansiedade 
Ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que 
algo ruim aconteça acompanhado por várias reações físicas e mentais desconfortáveis. 
É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de 
mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e destes com outros 
problemas como depressão. No geral, os transtornos de ansiedade respondem muito 
bem ao tratamento psicológico especializado. 
 
8.2.7-Transtorno Histriônico 
Pacientes com transtorno de personalidade histriônica usam sua aparência 
física, agindo de forma inadequadamente sedutora ou provocadora, para chamar a 
atenção dos outros. Eles não têm um senso de auto direção e são altamente 
sugestionáveis, muitas vezes agindo de forma submissa para reter a atenção dos 
outros. 
A prevalência estimada é < 2% da população geral. É diagnosticado com 
mais frequência em mulheres, mas isso pode refletir apenas a maior prevalência 
entre as mulheres nos locais de atendimento, onde os dados foram obtidos. Em 
alguns estudos, a prevalência entre as mulheres e os homens foi semelhante. 
8.2.8- Psicose 
se caracteriza por uma intensa fuga da realidade. É, como a filosofia e as 
arteschamam, a loucura, propriamente dita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode ser classificada de três formas: 
1. pelamanifestação 
2. peloaspecto neurofisiológico, 
3. pelaintensidade 
 
Manifestação: se divide em dois tipos principais: 
a) Esquizofrenia: tem como aspectos principais a fuga da realidade, as manias 
deperseguição, as alucinações, entre outros. Têm ainda subdivisões, que são a 
esquizofrenia paranóide, a esquizofrenia desorganizada (ou hebefrênica), a 
esquizofrenia simples, a catatonia ou a esquizofrenia indiferenciada; 
b) Transtorno de afeto bipolar: tem por característica picos muito grandes de humor, 
empouco espaço de tempo, para o lado da depressão (ou distimia ou disforia), e pro 
lado da mania (euforia ou eutimia). Por estes dois aspectos também conhecemos este 
transtorno como psicose maníaco-depressiva. O doente sofre de mudanças de humor 
constantes, sendo perigoso e gastador em fases maníacas, e retraído, podendo se 
suícidar, no estado depressivo. 
Aspecto neurofisiológico: 
Funcional: age apenas no funcionamento do aparelho psiquico, em suas 
ligações. 
Orgânica: tem como característica mudanças ocorridas na química do cérebro, 
ou em mudanças fisiológicas e estruturais. 
 
Intensidade:Como intensidade entendemos a agressividade e impulsividade do doente 
em: 
A - Aguda: também chamada de fase de surto; é quando o doente se torna 
violento, impulsivo e fora da realidade. É necessária observação psiquíatrica constante, 
pois o doente oferece risco para si, para outros e para o patrimônio. 
 
B - Crônica: é a fase de relaxamento do doente, onde ele está fora da 
realidade, mas não põe em risco os outros e sua vida. Este estágio é permanente, e 
resulta de algum caso onde não há cura. 
 
 
 
 
8.2.9- Esquizofrenia 
 
A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na 
adolescência ou início da idade adulta. Sua frequência na população em geral é da 
ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 
100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de 
esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela 
primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se 
mais cedo no homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 
25-30 anos. 
 
 
 
 
 
 
Sintomas 
A esquizofrenia apresenta várias 
manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico. Os principais 
sintomas são: 
 
Delírios: são ideias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. Por 
exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que 
os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal. 
Alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações 
mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve 
vozes que falam sobre ele, ou que acompanham suas atividades com comentários. 
Muitas vezes
essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstancia. 
Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também 
na esquizofrenia. 
Alterações do pensamento: as ideias podem se tornar confusas, 
desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de 
compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus pensamentos 
 
 
 
podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados de sua mente 
ou inseridos nela. 
Alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da capacidade de 
reagir emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e sem expressão afetiva. 
Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, 
inadequadas em relação ao contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se 
comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca. 
Diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado e 
apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não 
conversa, fica isolado e retraído socialmente. 
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade, 
desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo 
da maneira como os sintomas se agrupam, é possível caracterizar os diferentes 
subtipos da doença. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos onde 
aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, 
intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos. 
 
 
Causa da esquizofrenia 
Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma 
importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico tem 
chance maior de desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, 
não se sabe o modo de transmissão genética da esquizofrenia. Fatores ambientais (p. 
ex., complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros) que possam alterar o 
desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação parecem ter importância 
na doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia 
computadorizada e ressonância magnética mostram que alguns pacientes têm 
pequenas alterações cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas 
do cérebro. Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente 
da dopamina, parecem estar implicados na doença. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das 
manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de 
 
 
 
sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o 
diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas estes servem 
apenas para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes 
à esquizofrenia. 
 
Tratamento 
O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e a reintegração 
do paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e 
psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados 
antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na fase aguda da doença para 
aliviar os sintomas psicóticos, e também nos períodos entre as crises, para prevenir 
novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente 
para não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas 
periódicas; o médico procura manter a medicação na menor dose possível para evitar 
recaídas e evitar eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são 
necessárias para promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. 
Devido ao fato de que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, 
isolamento social e outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um 
planejamento individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em 
geral de psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo 
a lidar com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia. 
Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do 
paciente. É importante que estejam orientados quanto à doença esquizofrenia para que 
possam compreender os sintomas e as atitudes do paciente, evitando interpretações 
errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem muitas vezes colaborar para a 
piora clínica do mesmo. O impacto inicial da noticia de que alguém da família tem 
esquizofrenia é bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco 
conhecida e sujeita a muita desinformação as pessoas se sentem perplexas e 
confusas. Frequentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares 
reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um circulo vicioso difícil de 
ser rompido. Atitudes hostis, criticas e superproteção prejudicam o paciente, apoio e 
compreensão são necessários para que ele possa ter uma vida independente e 
conviva satisfatoriamente com a doença. 
 
 
 
 
8.2.10- Transtorno afetivo bipolar 
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose 
maníaco-depressiva. Com a mudança de nome, esse transtorno deixou de ser 
considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva. 
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas 
vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que 
tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois 
apresente um episódio maníaco tem na verdade otranstorno bipolar, mas até que a 
mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é 
popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania 
em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais 
detalhadamente adiante. 
A depressão do transtorno bipolar é igual à depressão recorrente que só se 
apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não 
recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Características 
O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando 
gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com 
sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos 
quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos 
simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o 
diagnóstico da fase em atividade. 
 
Tipos 
 
 
 
Se aceita a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo 
II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania 
alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser 
seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. O tipo II 
caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com 
depressão. 
 
Fase maníaca 
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado 
pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma 
alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se 
alguns outros sintomas como elevação da autoestima, sentimentos de grandiosidade 
podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa 
especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. 
Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e, apesar disso, com 
uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para 
falar ininterruptamente, as ideias correm rapidamente a ponto de não concluir o que 
começou e ficar sempre emendando uma ideia não concluída em outra 
sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-ideias. Aumento

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