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ICTERÍCIA NEONATAL SANDRA FIORITO ICTERÍCIA Um dos problemas mais frequentes no período neonatal. Expressão clínica da hiperbilirrubinemia Hiperbilirrubinemia: concentração sérica de BI >1,5mg/dL ou de BD >1,5 mg/dL Hiperbilirrubinemia fisiológica Adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. 60% dos RN ≥ 35 semanas de IG apresentam icterícia 98% dos RN apresentam BT >1mg/dL durante a primeira semana de vida. Icterícia fisiológica População maior de eritrócitos Menor vida média da hemácia fetal Menor captação da bilirrubina pelo hepatócito pela atividade limitada das proteínas Y e Z Limitação da conjugação hepática da bilirrubina pela menor atividade da enzima glicuronil-transferase Aumento da circulação entero-hepática pela baixa ingesta alimentar, trânsito intestinal lento, maior ação da enzima betaglicuronidase desconjugando a bilirrubina direta a nível intestinal. Icterícia fisiológica RN de termo Pico: 60 – 72 horas de vida Duração: 5º - 10º dia de vida RN pré-termo Pico: 4º - 6º dia de vida Duração: 10º - 14º dia A icterícia fisiológica é menos intensa em crianças alimentadas entre 3 – 6 horas após o nascimento. Icterícia como manifestação de doença Icterícia que aparece nas primeiras 24 horas de vida (icterícia precoce) RN de termo BT>12mg/dL (Zona III de Kramer) RN pré-termo BT > 15mg/dL Icterícia persistente além da primeira semana de vida Icterícia com BD aumentada (> 2 mg/dL e/ou > 15% da BT) Acúmulo de BT maior que 5mg/dL por dia Etiologia Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito Doenças hemolíticas: Hereditárias Imunes: incompatibilidade Rh (antígeno D), ABO, antígenos irregulares (c, e, E, Kell, outros) Enzimáticas: deficiência de G-6-PD, piruvato-quinase, hexoquinase Membrana eritrocitária: esferocitose, eliptocitose Hemoglobinopatias: alfa-talassemia Adquiridas: Infecções bacterianas (sepse, infecção urinária) ou virais Coleções sanguíneas extravasculares: Hemorragia intracraniana, pulmonar, gastrintestinal Cefalohematoma, hematomas, equimoses Policitemia: RN pequeno para a idade gestacional RN de mãe diabética Transfusão feto-fetal ou materno-fetal Circulação êntero-hepática aumentada de bilirrubina: Anomalias gastrintestinais: obstrução, estenose hipertrófica do piloro Jejum oral ou baixa oferta enteral Icterícia por oferta inadequada de leite materno Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina Hipotiroidismo congênito Síndrome da icterícia pelo leite materno Síndrome de Gilbert Síndrome de Crigler Najjar tipos 1 e 2 9 Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito Doenças hemolíticas: Hereditárias Adquiridas Coleções sanguíneas extravasculares Policitemia Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina Hipotireoidismo congênito Síndrome da icterícia pelo leite materno Síndrome de Gilbert Síndrome de Crigler Najjar tipos 1 e 2 Circulação êntero-hepática aumentada de bilirrubina Doença hemolítica do RN por incompatibilidade Rh Gestação anterior, mãe Rh negativo, feto Rh positivo, hemácias D fetal passam para a circulação materna e produz Ac anti-D Outra gestação os Ac anti-D produzidos pela mãe passa para o feto, causando hemólise fetal se RN Rh+ Coombs direto positivo Icterícia precoce (primeiras 6 horas de vida) RN apresenta hepatoesplenomegalia, anemia e, às vezes, sufusões hemorrágicas Hidropsia fetal: anemia intensa e anasarca A gravidade depende do título de Ac Incompatibilidade sanguínea Rh As hemácias fetais portadoras do antígeno D ou Du são destruídas por anticorpos maternos IgG anti-D RN será Rh-positivo e mãe Rh-negativo com Du negativo A gestante terá sido sensibilizada em uma gestação prévia e a gravidade da doença fetal aumenta em gestações subsequentes Coombs indireto positivo no pré-natal indica sensibilização da gestante O RN terá anemia marcante, hepatoesplenomegalia Alguns indivíduos apresentam a chamada variante Du, que é na realidade uma expressão fenotípica fraca do antígeno D. Se a mãe é Rh negativo mas com Du positivo, a gestante possui o antígeno D e não desenvolverá anticorpo anti-D já que ela se comportará como Rh positivo. 11 Alguns indivíduos apresentam a chamada variante DU, que é uma expressão fenotípica fraca do antígeno D. Se a mãe é Rh negativa mas DU positiva, a gestante possui o Antígeno D e não desenvolverá anticorpo anti-D já que se comporta como Rh positivo Profilaxia da Doença hemolítica do RN por incompatibilidade Rh Durante a gestação – 28 semanas de IG Pós-parto - mãe RH negativo, D fraco negativo, RN Rh positivo com Coombs direto negativo até 72 h do parto Após natimorto Após aborto Após procedimentos invasivos – amniocentese, cordocentese Doença hemolítica do RN por incompatibilidade ABO Mãe do grupo sanguíneo O e RN do grupo A ou B Anticorpos IgG anti-A ou anti-B entram na circulação fetal Reação com os Ag A ou B dos eritrócitos fetais Icterícia raramente está presente nas primeiras horas, aparecendo a partir do segundo dia A anemia geralmente não adquire grau importante Difícil diferenciação com a icterícia fisiológica Coombs direto quase sempre negativo ou fracamente positivo (20 a 30%) Incompatibilidade ABO É a forma mais comum de doença hemolítica do RN Mãe é O e o RN é A ou B A doença pode ocorrer já na primeira gestação O quadro clínico é bem mais brando e de evolução mais arrastada O esfregaço do sangue periférico pode revelar esferócitos idênticos aos encontrados na esferocitose hereditária Coombs direto pode ser negativo! Isso acontece porque as hemácias do RN possuem menos determinantes antigênicos tipo-específicos em suas superfícies em comparação ao observado em adultos. Pode ser feita a pesquisa de anticorpos anti-A ou anti-B no sangue do RN pelo teste do eluato. 15 Defeitos congênitos das hemácias Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) Transmissão ligada ao sexo Maior destruição de hemácias – anemia hemolítica Icterícia aparece no 2º dia de vida Hepatoesplenomegalia é incomum Grau de anemia não costuma ser grave Desencadeado por uso de drogas Todo RN com icterícia importante, sem causa imuno-hematológica ou outra doença, deve ser submetido a teste de triagem para deficiência de G6PD Lactente, 12 meses, é avaliado por apresentar quadro de icterícia e palidez, notados hoje. Há alguns dias, vinha com quadro febril e mãe administrou AAS por conta própria. Há poucos meses, apresentou o mesmo quadro notado hoje, após episódio infeccioso. Na história pregressa consta, ainda, internação neonatal por icterícia. Esfregaço do sangue periférico revela a presença de corpúsculos de Heinz. Qual a provável hipótese diagnóstica? Anemia falciforme Defiência de G6PD Síndrome de Gilbert Síndrome de Crigler-Najjar Esferocitose hereditária O RN com deficiencia de G6PD irá desenvolver hemólise e anemia com icterícia quando exposto a algum estresse oxidativo, acidose, hipoglicemia, infecção ou algumas drogas. O mais comum é que a icterícia se manifeste a partir do segundo e terceiro dia de vida. O diagnóstico é confirmado pela dosagem de G6PD e pode-se identificar na avaliação do sangue periférico os corpúsculos de Hein e as hemácias mordidas. Aproveitando aqui, alguém sabe o que quer dizer esferocitose hereditária? Marcado pela presença de esferócitos no sangue periférico. Faz diagnóstico diferencial com hemólise por incompatibilidade ABO quando o teste de coombs é negativo. E as síndromes de crigler-najjar e gilbert? São síndromes que cursam com desordens da conjugação da bilirrubina, diminuinado a captação hepática de bilirrubina indireta. 17 Deficiência de G6PD RN irá desenvolver hemólise e anemia com icterícia quando exposto a algum estresse oxidativo, acidose, hipoglicemia, infecção ou algumas drogas. O mais comum é que a icterícia ocorra 2º ou 3º dia de vida. O diagnóstico é confirmado pela dosagem de G6PD. Na avaliação do sangue periférico, presença de corpúsculos de heinz e as hemácias mordidas. Icterícia e leite materno Icterícia precoce associadaao aleitamento materno Redução da ingesta calórica e/ou frequência das mamadas O aleitamento materno não deve ser interrompido, a não ser que os níveis de bilirrubina atinja níveis tóxicos Icterícia tardia causada pelo leite materno 10º- 15º dia de vida, sem sinais de hemólise ou outra doença 1% dos RN em aleitamento materno No leite destas mães existe um inibidor de glicuroniltransferase Suspensão do aleitamento materno (BI > 18mg/dl) não deverá se prolongar por mais de 24-48 horas. Aquecer o L Materno. Icterícia associada ao leite materno Forma precoce (Icterícia do aleitamento materno) Estabelece-se na primeira semana de vida Diminuição das mamadas ou mamadas ineficazes podem ser a causa deste quadro Baixa ingesta leva a um quadro de estase intestinal que favorece a exacerbação do ciclo êntero-hepático O tratamento consiste no estímulo à amamentação e fornecimento de aporte calórico para a criança Forma tardia (Icterícia do leite materno) Início tardio Fatores do leite materno que interferem com o metabolismo da bilirrubina, estimulando a sua reabsorção intestinal Os níveis séricos de bilirrubina indireta seguem aumentando e podem permanecer elevados por até 12 semanas Quando o aleitamento é suspenso, os níveis caem rapidamente em 48h SÍNDROME DA ICTERÍCIA DO LEITE MATERNO HIPÓTESES: Presença de um metabólito da progesterona no leite materno, um potente inibidor da glicuronil-transferase. Concentrações elevadas de ác.gaxos não esterificados no leite materno responsáveis pela inibição da glicurinil-transferase. Atividade elevada da betaglicuronidase no leite, com aumento de bilirrubina na circulação êntero-hepática. Mutação no gene UGT1A1 em associação à adição do metabólito da progesterona. Fatores de Risco – AAP (2004) MAIORES BT na zona de alto risco (> percentil 95) antes da alta Icterícia precoce Doença hemolítica por incompatibilidade Rh Doença hemolítica por incompatibilidade ABO Deficiência de G6PD IG de 35-36 semanas D Dificuldade no aleitamento materno Perda de peso > 5% do PN Irmão anterior com icterícia tratado com fototerapia Cefalohematomas e equimoses Descendência asiática Fatores de Risco – AAP (2004) INTERMEDIÁRIOS MÍNIMOS BT na zona de risco intermediário (percentil 40 a 95) antes da alta hospitalar Idade gestacional de 37-38 semanas Icterícia antes da alta hospitalar Filho de mãe diabética Idade materna > 24 anos Sexo masculino D BT na zona de baixo risco (< percentil 40 ) antes da alta hospitalar Idade gestacional acima 39 semanas Alimentação exclusiva com fórmula láctea Alta hospitalar após 72 horas Diagnóstico História familiar e do comportamento de outros irmãos Evolução do RN (ingesta calórica, número de evacuações, vômitos) Exame físico Icterícia torna-se evidente a partir de 5mg/dl Zonas de Kramer Hepatoesplenomegalia, cefalematomas, petéquias ou equimoses, onfalite Triagem da Hiperbilirrubinemia Avaliação clínica – subjetiva, depende do observador iluminação natural Zonas dérmicas de Kramer Progressão craniocaudal da icterícia RN a termo Limites (Média) Zona 1 4,3-7,8 5,9 (±0,3) Zona 2 5,4-12,2 8,9 (±1,7) Zona 3 8,1-16,5 11,8 (±1,8) Zona 4 11,1-18,3 15,0 (±1,7) Zona 5 > 15 > 15 Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Exames laboratoriais Bilirrubina total e frações Hemoglobina, hematócrito, morfologia de hemácias, reticulócitos e esferócitos Tipagem sanguínea da mãe e RN – sistemas ABO e Rh Coombs direto no sangue de cordão ou do RN Coombs indireto se mãe Rh negativo Pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares Dosagem quantitativa de glicose-6-fosfato desidrogenase, dosagem de hormônio tireoidiano e TSH (teste do pezinho) Determinação da bilirrubina Bilirrubina transcutânea – BT - Indolor, prática, imediata BiliCheck (Respironics) X JM 103 (Minolta/Dragger) JM 103 BiliCheck MBJ 20 BILIRRUBINÔMETROS Apresentam coeficiente elevado de correlação com a BT sérica até valores de 13-15mg/dl em RNs ≥ 35 semanas, independente da coloração da pele. Úteis para triagem. 1 Valores ≥ 13mg/dl devem ser confirmadas pela mensuração sérica de BTF. 2 Determinação da bilirrubina Determinação da bilirrubina Bilirrubina capilar – bilirrubina total doloroso, menor volume de sangue, resultado rápido 32 Determinação da bilirrubina PADRÃO OURO - Bilirrubina sérica total e frações procedimento doloroso, > volume de sangue demora do resultado Indicações: Único método disponível BTc > 13 mg/dl Indicação e controle de tratamento Obs.: A amostra de sangue coletado deve permanecer em frasco ou capilar envolto em papel alumínio para evitar o contato com a luz e a degradação da bilirrubina. 33 Classificação da hiperbilirrubinemia A hiperbilirrubinemia significante, presente na primeira semana de vida, é um problema comum em RN a termo e pré-termo tardio. Com frequência, está associada à oferta láctea inadequada, perda elevada de peso e desidratação. 34 Significante 1 a 8% dos nascidos vivos Grave 1/500 a 5.000 nascidos vivos Extrema 1/15.000 nascidos vivos BT sérica >15–17mg/dL BT >25mg/dL BT >30mg/dL Nomograma de Bhutani NOMOGRAMA DE BHUTANI RNs com: BT > P95 risco de 40% Hiperbilirrubinemia significante BT entre P75 e P95 risco 13% BT entre P40 e P75 2% BT abaixo P40 risco praticamente inexistente Avaliação do risco Zona de baixo risco – sem retorno Zona de risco intermediário baixo Retorno com 72 horas Zona de risco intermediário alto Retorno com 48 horas Zona de risco alto – investigar e tratar ** AVALIAR OS FATORES DE RISCO ** INDICAÇÃO DE FOTOTERAPIA (AAP) Conduta terapêutica Fototerapia Exsanguineo transfusão PREVENÇÃO DE KERNICTERUS! Tratamento da icterícia neonatal FOTOTERAPIA EXSANGUINEOTRANSFUSÃO IMUNOGLOBULINA STANDARD VENOSA Não há um consenso quanto aos níveis séricos de BT para indicar fototerapia ou exsanguineotransfusao em RN a termo ou pré-termo: leva-se em conta a avaliação periódica da BT, as idades gestacional e pós-natal, além dos fatores agravantes da lesão bilirrubínica neuronal. Impedir efeitos tóxicos deletérios da bilirrubina no SNC! Fototerapia A eficácia da fototerapia depende principalmente dos seguintes fatores: O comprimento de onda ideal para a absorção da bilirrubina-albumina compreende a faixa azul de 425 a 475nm. A intensidade da luz, verificada por meio da irradiância espectral (mW/cm2/nm), é medida com radiômetros (existem de fabricação nacional). No colchão em que se encontra o RN, considera-se um retângulo de 30 x 60cm e mede-se a irradiância nas 4 pontas e no centro, sendo então calculada a média dos 5 pontos. Considera-se a irradiância de 8–10mW/cm2/nm como convencional e a de 30mW/cm2/nm, disponível na maior superfície corporal possível, como fototerapia de alta intensidade. A irradiância é inversamente proporcional à distância entre as lâmpadas e o RN (quanto menor a distância entre a luz e o RN, maior é a irradiância e a eficácia da fototerapia). Quanto maior a superfície corpórea exposta à luz, maior é a eficácia da fototerapia. Portanto, RN que recebem a luz na parte anterior e posterior do tronco, membros e permanecem sem fraldas recebem maior irradiância espectral. Dessa forma, a fototerapia é mais eficaz quando a irradiância é adequada. Distancia do aparelho pra criança: 40 a 45 cm / Irradiância mínima = 4 uW/cm2/nm 42 Eficácia Faixa azul de 425 a 475nm. Superfíciecorpórea exposta à luz [ ] inicial de bilirrubina Irradiância espectral Comprimento de onda da luz Distância da fonte luminosa Convencional: 30cm 10 – 30 mW/cm2/nm Cuidados na fototerapia Manutenção da temperatura corporal Hidratação adequada Manutenção da oferta calórica Proteção ocular radiopaca Retirar fralda Mudança de decúbito após as mamadas Verificar a temperatura corporal a cada três horas para detectar hipotermia ou hipertermia, e o peso diariamente. Aumentar a oferta hídrica, pois a fototerapia com lâmpada fluorescente ou halógena pode provocar elevação da temperatura, com consequente aumento do consumo de oxigênio, da frequência respiratória e do fluxo sanguíneo na pele, culminando em maior perda insensível de água. (1ml/kg/h se > 1,500g e 0,5ml/kg/h se <1.500g) Proteger os olhos com cobertura radiopaca com camadas de veludo negro ou papel carbono negro envolto em gaze. 43 Aparelhos de fototerapia Convencional Bilispot Biliblanket Biliberço Aparelhos de Fototerapia Bilitron Bilitron Bed Bilitron Cuidados na fototerapia Medir irradiância Cobrir a solução parenteral e o equipo com papel alumínio ou usar extensores impermeáveis à luz Descontinuidade da fototerapia durante a amamentação Cobrir a solução parenteral e o equipo com papel alumínio ou usar extensores impermeáveis à luz, pois a exposição de soluções de aminoácidos ou multivitamínicas ao comprimento de luz azul reduz a quantidade de triptofano, metionina e histidina.Adicionalmente, a solução de lipídeos é altamente susceptível à oxidação quando exposta à luz, originando hidroperóxidos de triglicérides citotóxicos. Descontinuidade da fototerapia durante a alimentação, inclusive com a retirada da cobertura dos olhos, desde que a bilirrubinemia não esteja muito elevada. 47 USO DA FOTOTERAPIA IRRADIÂNCIA de 8-12µW/cm²/nm como standard ou padrão de 30 µW/cm²/nm de alta intensidade. Sempre considerando a média dos 5 pontos. CUIDADOS COM O USO DA FOTOTERAPIA Peso diário e temperatura corporal a cada 3h para detectar hipo/hipertemia Aumentar oferta hídrica. Lâmpada fluorescente : eleva temperatura, consumo de 02, F.respiratória e fluxo sanguíneo na pele maior perda insensível de água (PI). Lâmpada com LED não altera a (PI) de água, mas pode levar a hipotermia. Proteção ocular radiopaca. Cobertura solução parenteral e do equipo com papel alumínio ou uso de extensores impermeáveis á luz. CONDUTA TERAPÊUTICA Diminuir em 2mg/dl o nível de indicação de fototerapia, se doença hemolítica ( Rh, ABO, outros antígenos), deficiência de G-6-PD, asfixia, letargia, instabilidade na temperatura, sepse, acidose ou albuminemia < 3g/dl. Iniciar fototerapia de alta intensidade se: BT 17-19 mg/dl e colher BT após 4-6h. BT 20-25 mg/dl e colher BT em 3-4h. BT > 25 mg/dl e colher BT em 2-3h, enquanto o material de EST é preparado. USO DA FOTOTERAPIA A irradiância é inversamente proporcional à distância entre as lâmpadas e o colchão, quanto < a distância entre a luz e o RN, > é a irradiância e a eficácia da fototerapia. Distância entre a fonte de luz e o colchão de 35cm, a irradiância pode chegar até 12µW/cm²/nm, com 8 lâmpadas fluorescentes brancas 15µW/cm²/nm, com lâmpadas azuis ou 30µW/cm²/nm, com lâmpadas azuis especiais. Quanto > a superfície corpórea exposta à luz, > eficácia da fototerapia. Indicação de fototerapia RN < 34 semanas Para os RN prematuros, a indicação de fototerapia depende dos níveis de BT e do peso ao nascer. Em RN com peso ao nascer inferior a 1.000g, existem dois tipos de conduta: início entre 12–24 horas de vida, independentemente do valor de BT; e introdução da fototerapia com BT de 4 a 6mg/dL, sendo a exsanguineotransfusão indicada entre 13–15mg/dL 52 RN peso ao nascer <1.000g Fototerapia entre 12 e 24h, independentemente do valor de BT; Fototerapia com BT de 4 a 6mg/dL EST entre 13–15mg/dL RN < 34 semanas Indicação de exsanguineotransfusão Exsanguineotransfusão História obstétrica: formas graves da doença em gestações anteriores Concentrado de hemácias 25 a 40mL/kg 55 Imediata Anemia grave Precoce Hb ≤ 12mg/dL Tardia Velocidade de hemólise >0,5mg/h BI > 17 a 18 no RN com peso < 2.500g BI > 18 a 20 no RN com peso > 2.500g Clínica de kernicterus Hidropsia fetal BI > 4mg/dL Velocidade de hemólise >0,5mg/dl/h Correção da anemia Remoção de anticorpos Remoção de bilirrubina ExsanguineotransfusãoTipo de Sangue A escolha do tipo de sangue para a exsanguineotransfusão depende da etiologia da icterícia. Se a causa for doença hemolítica por incompatibilidade Rh, utiliza-se o tipo sanguíneo do RN, Rh (antígeno D e variante Du) negativo ou tipo O Rh negativo. No caso de hemólise por incompatibilidade ABO, as hemácias transfundidas podem ser as do tipo sanguíneo da mãe (O) e o plasma Rh compatível com o do RN ou hemácias tipo O com plasma AB Rh compatível. Quando a etiologia não for hemólise por anticorpos, pode ser utilizado o tipo sanguíneo do RN. Qualquer que seja o tipo de sangue escolhido é obrigatória a realização da prova cruzada entre o sangue do doador e o soro da mãe, antes do início da exsanguineotransfusão. 56 Isoimunização Rh Sangue Rh negativo, ABO compatível com RN Isoimunização ABO Hemácias O, plasma e Rh compatíveis com RN Etiologia não hemolítica por Ac TS do RN É obrigatória a realização da prova cruzada Exsanguineotransfusão Volume de troca Sangue total Remoção da bilirrubina Hb>12mg/dL 2 volemias/peso (160ml/kg) Sangue parcialmente concentrado Melhorar anemia, remover bilirrubinas e Ac Hb = entre 10 e 12mg/dL 1 volemia – 80 ml/kg Tratamento Farmacológico Aumento da BT apesar da fototerapia intensiva ou a BT se aproximar de 2 a 3mg/dL do nível de indicação de exsanguineotransfusão 0,5–1,0g/kg em 2 horas e repetir após 12 horas, se necessário. 59 Fenobarbital Doenças hemolíticas imunes Bloqueio dos receptores Fc do sist reticulo-endotelial Diminui a velocidade de hemólise Metalporfirina Inibe a hemoxigenase Reduz conversão de heme em bilirrubina Aumenta a atividade da glucuronil transferase Imunoglobulina endovenosa Cp 100mg durante 10 dias Encefalopatia Bilirrubínica (Kernicterus) Síndrome neurológica causada pelo depósito de BI nas células do SNC Necrose de neurônios Gânglios da base Córtex do hipocampo Núcleos subtalâmicos 60 Aumento sérico de bilirrubina Capacidade de ligação a proteínas plasmáticas excedida Maior fração livre lipossolúvel Impregnação das células nervosas Kernicterus Manifestações Clínicas Essas sequelas surgem tardiamente, aos 2-3 meses. Lembrar que os sintomas iniciais podem ser confundidod com outras condições sistêmicas: hipoglicemia, hemorragia intraventricular, sepse e asfixia Fase aguda da doenças primeiros dias e perdura por semanas, com letargia, hipotonia e sucção débil. Se a hiperbilirrubinemia não é tratada, aparece hipertonia com hipertermia e choro agudo de alta intensidade. A hipertonia manifesta-se com retroarqueamento do pescoço e do tronco, progredindo para apneia, coma, convulsões e morte. A encefalopatia bilirrubínica na fase aguda em RN a termo pode, ocasionalmente, ser reversível, desde que haja intervenção terapêutica imediata e agressiva. Fase 3 parente melhora, hipertonia diminui ou cede; se instala após a 1ª sem 61 Forma Aguda 2º ao 5º dia em RNT; até 7 dias em RNPT Hipotonia, letargia, sucção débil Hipertonia da musculatura extensora (opistótono), febre, irritável Apneia, coma, convulsões e morte 75% com sinais neurológicos = óbito 80% sobreviventes: sequelas – Coreoatetose, surdez, espamo musc. involuntário, retardo mental Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY Manifestações Clínicas Formacrônica As crianças sobreviventes apresentam a forma crônica da doença, com a tétrade paralisia cerebral atetoide grave, neuropatia auditiva, paresia vertical do olhar e displasia dentária, e, ocasionalmente, deficiência mental. Nesses RN, a ressonância magnética cerebral evidencia sinais bilaterais e simétricos de alta intensidade no globo pálido. A identificação da perda auditiva deve ser realizada precoce e seriadamente com o potencial evocado auditivo de tronco cerebral (BERA). 66 Paralisia cerebral atetoide grave Neuropatia auditiva Paresia vertical do olhar Displasia dentária Icterícia fisiológica x patológica Deve-se pensar em icterícia patológica nas seguintes situações, exceto: Quando começa nas primeiras 24 horas de vida Quando encontro níveis elevados de bilirrubina Quando a velocidade de aumento da bilirrubina é de 4 mg/dl em 24h Quando a icterícia é persistente Quando há sinais de colestase A icterícia neonatal é um evento bastante comum na primeira semana de vida e é identificada em 60% dos nascidos a termo e em até 80% dos prematuros. A maior parte das crianças terá tão somente um quadro de icterícia fisiológica. O nível sérico de bilirrubina em um adulto normal é inferior a 1 mg/dl; no período neonatal encontramos valores de bilirrubina acima de 1 mg/dl em cerca de 98% das crianças nos primeiros dias de vida. Num percentual dessas crianças,, esta hiperbilirrubinemia sequer será percebida, pois só conseguimos observar icterícia no RN quando os níveis séricos ultrapassam 5-7 mg/dl. A presença do seguintes fatores nos fazem pensar na possibilidade de um quadro não fisiológico: nível de bilirrubina maior do que 12 mg/dl em RN a termo ou 10-14 mg/dl em prematuros; nível de bilirrubina subindo a uma taxa superior a 5 mg/dl na 24h; icterícia persistente (mais de 8 dias nos RN a termo e mais de 14 dias nos prematuros); aumento da bilirrubina direta ou sinais de colestase como acolia e colúria; associação com alterações clínicas diversas (hepatoesplenomegalia, palidez). 67 Icterícia fisiológica x patológica Um neonato a termo, sadio, com 3 dias de vida, apresenta-se com icterícia. Exame físico normal, hemoglobina de 16,8, reticulócitos de 1%, bilirrubina não conjugada 8,5 mg/dl, bilirrubina conjugada 0,8 mg/dl. Mãe A+ e RN O +. O diagnóstico provável é: Incompatibilidade ABO Atresia de vias biliares Icterícia do aleitamento materno Deficiência de G6PD Icterícia fisiológica 68 Icterícia nas primeiras 24 horas de vida Quais exames são obrigatórios para a investigação de icterícia precoce? BILIRRUBINA TOTAL E FRAÇÕES TIPAGEM SANGUÍNEA COOMBS DIRETO HEMATÓCRITO OU HEMOGLOBINA HEMATOSCOPIA CONTAGEM DE RETICULÓCITOS O principal diagnóstico diferencial que se deve estabelecer para os quadros de icterícia que surge nas primeiras 24h ou 36h de vida é entre os quadros de doença hemolítica, seja hereditária ou adquirida. Como vai estar o teste de coombs direto no caso de anemia hemolítica? E a contagem de reticulócitos? 69 A circunstância em que está indicada a profilaxia através da administração da imunoglobulina anti-Rh é: Puérpera Rh negativo sensibilizada e RN Rh positivo Puérpera Rh negativo Du negativo não sensibilizada e RN Rh positivo Puérpera Rh positivo sensibilizada e RN Rh negativo Puérpera Rh negativo Du positivo não sensibilizada e RN Rh positivo Puérpera Rh negativo não sensibilizada e RN Rh negativo Assinale a alternativa correta em relação à hipótese diagnóstica: um RN a termo, com peso ao nascer 3150g, inicia icterícia com 18 horas de vida, sem apresentar outras alterações no exame físico. A tipagem sanguínea materna é O negativo e a do RN é A positivo. Coombs direto: negativo. Doença hemolítica pelo sistema Rh Deficiência de G6PD Doença hemolítica pelos sistemas Rh e ABO Doença hemolítica pelo sistema ABO Icterícia fisiológica RN, 5º dia de vida, é reinternado para realizar fototerapia. Anamnese revela criança nascida a termo, sem intercorrências durante a gestação, alta hospitalar com 24h de vida, em aleitamento exclusivo. Mãe e recém-nascido: B+. Peso ao nascer: 3000 g; peso hoje, 2600 g. ao exame, sinais de desidratação, sem outras alterações. A avaliação complementar revela aumento de bilirrubina indireta, sem outras alterações. Qual o provável diagnóstico? Icterícia do leite materno Icterícia do aleitamento materno Icterícia fisiológica Incompatibilidade materno-fetal Síndrome de Gilbert Uma adolescente, primípara, apresenta tipo sanguíneo A Rh +, dá a luz a um RN com tipo sanguíneo O Rh – que apresenta icterícia com 20 horas de vida. Os exames: hematócrito 33%, Hb 11 g/dl, bilirrubinas totais de 11,5 mg/dl, bilirrubina indireta 11 mg/dl, bilirrubina direta 0,5 mg/dl, reticulócitos 20%, teste de coombs direto +, esfregaço de sangue periférico com a presença de eritroblastos. Qual o diagnóstico? Esferocitose hereditária Doença hemolítica ABO Síndrome de Crigler-Najjar Doença hemolítica por antígenos eritrocitários irregulares Suspeita-se dessa condição quando não há incompatibilidade Rh ou ABO e o RN apresenta um coombs direto positivo. Antígenos eritrocitários irregulares do sistema Rh e outros pertencentes a outros sistemas (Kell e Duffy) podem sensibilizar uma mulher, que passará anticorpos para o RN. Eles correspondem a menos de 5% dos casos de doença hemolítica no RN. 73 Suspeita-se dessa condição quando: Não há IMF-ABO ou IMF-Rh e o RN apresenta um Coombs direto positivo. Antígenos eritrocitários irregulares do sistema Rh e outros pertencentes a outros sistemas ( Kell e Duffy), podem sensibilizar uma mulher, que passará anticorpos para o RN. Correspondem a menos de 5% dos casos de doença hemolítica do RN. CASO CLÍNICO: RN de 22 dias apresenta icterícia progressiva há 01 semana e alteração de coloração da urina e fezes. Está em AME. Antecedentes gestacionais: pré- natal sem intercorrências, PN, termo, e AIG. Não necessitou de fototerapia. EF: ictérico 3+/4+, descorado 1+, acianótico, afebril fígado palpável a 2cm do RCD e baço palpável a 2cm do RCE, ambos de consistência endurecida. A hipótese diagnóstica e a conduta são: A) Icterícia fisiológica e banho de sol; B) Icterícia pelo leite materno e suspender aleitamento; C)Colestase neonatal e encaminhar para serviço especializado; D)Hepatite transinfecciosa e antibioticoterapia parenteral. Diagnóstico diferencial: biópsia hepática. A partir daí, cabe ao hepatologista o desafio diagnóstico frente às diversas causas de colestase intra e extra-hepáticas; num esforço conjunto com o ultra-sonografista e com o patologista, tem o compromisso de discriminar as afeccções cirúrgicas das não-cirúrgicas em tempo hábil; dentre as causas clínicas, é indispensável definir o diagnóstico das doenças que requerem um tratamento específico, como a galactosemia, intolerância hereditária à frutose, tirosinemia, sepse etc. 75 Icterícia por aumento de bilirrubina direta É sempre patológica; Início insidioso; Valores de BD iguais ou superiores a 1,5 – 2,0 mg/dl ou maiores que 20% da BT; Tratamento NÃO é fototerapia; Se prolongada: prurido, xantomas, deficiência de vitaminas lipossolúveis. OBRIGADA Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC OBRIGADA!
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