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Psicologia Social Psicologia Social Centro Universitário Barão de Mauá Disciplina: Psicologia Social E-mail: euaugustonascimento@gmail.com Aula: 10 de fevereiro de 2020. A psicologia social tem origem norte americana, surge durante a 2ª Guerra Mundial, e tem raiz behaviorista. O objetivo era reconstruir nações e fazer com que as pessoas trabalhassem harmonicamente. No Brasil, começa com uma raiz norte americana, o Aroldo Rodrigues, um dos principais autores, é referência, em paralelo, também havia estudos da psicologia social na Europa, chamada psicologia social sociológica (materialismo histórico de Karl Max, que estuda grandes grupos). A realidade europeia era diferente da realidade brasileira. As desigualdades presentes no Brasil, são diferentes das existentes na Europa (étnica, religiosa, gênero, diversidade sexual). 1º Encontro de Psicologia Social: psicologia social latino- americana acrescenta temáticas vinculadas a nossa realidade. “Crise da Psicologia Social”. Breve Histórico da Psicologia Social e sua Concepção de Homem Toda psicologia é social? Para os teóricos na psicologia latino-americana, sim. Pois durante a anamnese, busca-se descobrir como foi a trajetória do sujeito mediante a sociedade. Assume dentro de sua especificidade a natureza histórico social do ser humano. Segundo Goddman, 1947: “Nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo isolado. O sujeito da ação é um grupo, um “Nós”... mesmo que a estrutura da sociedade tende a encobrir esse “Nós” e a transformá-lo numa soma de várias individualidades distintas e fechadas umas às outras” (GOLDMAN, 1947), explique o que o autor quis dizer com esta frase: O autor afirma que nós só somos o que somos, pois existe uma composição de tudo aquilo que já vivemos. Psicologia Social e Setores afins do Conhecimento: Psicologia Social e Sociologia Sociologia: Instituições Sociais (Família, Estado, Igreja, Partidos Políticos), Sociedade, Classes Sociais.... Psicologia Social: relações interpessoais, interdependência, tomada de decisões, processos sociais, liderança. AMBAS: Atitudes, status, delinquência, comportamento grupal. Dicas de livros: Coleção primeiros passo, O que é materialismo histórico, Psicologia social, Ideologia. Psicologia Social e Setores afins do Conhecimento: Psicologia Social e Antropologia Cultural Antropologia Cultural: estuda as produções humanas nas diferentes culturas, as características étnicas dos vários povos, suas formas de expressão.... Sem, contudo, considerar o indivíduo em si mesmo e seu comportamento típico frente aos estímulos sociais contemporâneos (situacionais) assim como faz a Psicologia Social. Psicologia Social e Setores afins do Conhecimento: Psicologia Social e Filosofia Social Psicologia Social: ciência empírica, parte de dados concretos - classe social, grupo, entre outros... Busca a experimentação ao contrário da Filosofia Social. 1. A pessoa é produto da sociedade ou a sociedade produto da pessoa? É uma troca constante. 2. Relação indivíduo sociedade é um problema ou uma expressão ideológica? Ambos. 3. Seres humanos são egoístas por natureza ou sociais? Ambos. 4. As pessoas são agentes livres ou estão determinadas social e culturalmente? Ambos. Três Correntes da Psicologia Social Psicologia Social Norte-Americana: visa alterar e/ou criar atitudes, interferir nas relações grupais para harmonizá-las e assim garantir a produtividade do grupo – minimizar conflitos. Psicologia Social Europeia: também procura conhecimentos que evitem novas catástrofes mundiais, no entanto com tradição filosófica, com raízes na fenomenologia e no materialismo histórico. Ocorre a Crise da Psicologia Europeia. Psicologia Social Latino América: inicialmente utilizou os conceitos da Norte América, depois passou a ter um referencial Europeu, na atualidade embora ainda utilize o referencial Europeu incorporou em seus estudos temas específicos da América Latina e do Brasil. mailto:euaugustonascimento@gmail.com Psicologia Social Psicologia Social na Contemporaneidade, Independente da Vertente: Efeitos da Globalização e Reestruturação Produtiva: Questões étnico-raciais (Identidade, Preconceito, Valores...) (ROBBINS, 2005); Múltiplas possibilidades de ser no mundo (Subjetividade, Valores). Histórico e Contexto do surgimento da Psicologia Social Contexto do surgimento da Psicologia Social • As duas Grandes Guerras Mundiais; • Ascensão do Nazifascismo; (como um grupo conseguiu dizimar o outro grupo); • A luta do Capitalismo contra o Socialismo. Cientista Social Francês Gustave Le Bon (1841-1931): Psicólogo Social, sociólogo e físico amador). • Psicologia das Multidões. (La Psychologie des Foules) Os indivíduos em grupo agem na posse de uma espécie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento (parâmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo publicado por Freud em 1921). • Teorias de Características Nacionais; • Superioridade Racial; • Psicologia de Massas. (qual efeito de estar na multidão gera nas pessoas?) • Cientista Social Inglês-Americano Willian MacDougall (1841-1931): Psicologia Social, 1908 • MacDougall: Defendia uma posição instintivista. • Edward A. Ross (também fez uma publicação com o mesmo título): salienta o papel da cultura e sociedade no comportamento humano). • Desenvolveu teorias sobre: Instinto e Psicologia Social; • Interessado em eugenia (“Racismo Científico”), tinha como fundamentação o neodarwinismo, (quer provar que uma raça é superior a outra); • Opositor do behaviorismo, considerava o comportamento humano, geralmente, bem orientado e proposital; • Defendeu a ideia de que os indivíduos são motivados por um número significativo de instintos herdados, cuja ação eles podem não perceber conscientemente, para que eles nem sempre conseguem entender suas próprias metas. Kurt Lewin Cientista Social Americano (Nacionalidade Alemã) (1890-1947): • Teoria de Campo “Pai da Psicoterapia de Grupo” • Havard (1940): Funda o Centro de Pesquisas em Dinâmica de Grupos; • A Dinâmica dos Grupos pode ser compreendida como uma engenharia social (início grupos de judeus passando em seguida a estudar os microgrupos); • Minorias Psicológicas: resumo no portal. • Não está relacionado a quantitativo e qualitativo, está relacionado com qualidade de direitos sociais, minorias psicológicas não tem muitos direitos sociais, mas é a maioria psicológica quem determina às leis. • Ex: embora o grupo de pobres no Brasil seja uma maioria é submetido ao poder dos grupos dos ricos, tornando-se assim uma Minoria Psicológica; • Preconceito: reproduzido no interior dos próprios grupos; • Um dos primeiros Teóricos da Gestalt; • Grupos: nenhum acontecimento grupal pode ser compreendido fora de seu contexto; • Teoria da Comunicação. Leon Festinger Psicólogo Social Americano (1919-1989): Teoria da Dissonância Cognitiva e Teoria de Redes Sociais • Teoria da Dissonância Cognitiva: considera que a incoerência entre as crenças ou comportamentos de um indivíduo irá causar um incômodo - tensão psicológica. Isso levará as pessoas a mudarem suas convicções para ajustar seu comportamento real, e não o contrário; • Teoria de Redes Sociais: estudou a formação de laços sociais, como a escolha de amigos entre estudantes universitários calouros alojados em dormitórios, Festinger mostrou como a formação de laços é prevista por proximidade. Ou seja,a proximidade física entre as pessoas, e não apenas pelos gostos similares ou crenças é o que favorece a formação dos laços sociais. Serge Moscovici Cientista Social Francês (Nacionalidade Romena -1928): Teoria das Representações Sociais • Introduz o 3º elemento na relação sujeito-objeto: a relação intersubjetiva que liga o sujeito aos outros sujeitos e grupos humanos, colocando-os em comunidades, instituições, situações sociais. Constrói saberes sobre quem eles são, o que eles querem, onde querem ir, que tipo de objetos dispõe, ou ainda quem sabe, o que sabe, desde onde se sabe, quem se sabe. • É a questão por exemplo do enraizamento dos sujeitos, da forma como este enraizamento determina, constrói e constitui os saberes. • Aquilo que eu sei do outro é constitutivo daquilo que o outro é e vice-versa. Psicologia Social O que a gente sabe está relacionado com alguma coisa, algum objeto social o qual não existe independente do sujeito. O sujeito dá sentido/significado aos objetos que circulam na rede social. Objetos de estudo e objetivos da Psicologia Social Psicologia Social Norte-Americana: • Estuda, sobretudo as manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação – os “como” e “porquês” do comportamento social; • Visa alterar e/ou criar atitudes, interferir nas relações grupais para harmonizá- las e assim garantir a produtividade do grupo; • Visa minimizar conflitos. • Ver * Rodrigues pág. 23 • “...intervenção que minimizaria conflitos, tornado os homens “felizes” reconstrutores da humanidade que acaba de sair da destruição da II Guerra Mundial” Psicologia Social Européia: Psicologia Sócio- Histórica. • Emergiu das críticas realizadas à psicologia social até então. • Estuda o indivíduo na intersecção de sua história individual com a história de sua sociedade; • Focaliza as lutas de classes, ideologia como veículo reprodutor dos interesses da classe dominante; • Busca compreender o homem enquanto produto e produtor da História. • Mediação Ideológica: valores, explicações tidas como verdadeiras que reproduzem as relações sociais necessárias para a manutenção das relações de produção (produção de mercadoria). Principais Temas Estudados pela Psicologia Social Fatores Psicológicos da Vida Social: • Sistemas motivacionais (NA); • Estatuto (status) social; • Liderança; • Estereótipos (estigma e discriminação); • Alienação (E); • Identidade e valores éticos; • Representações sociais (E); • Produção de Sentido (E); • Dialética Exclusão /Inclusão Social (E). Fatores Sociais da Psicologia Humana • Motivação; • Processo de Socialização; • Atitudes (mudanças) (NA); • Opiniões / Ideologia, moral; • Preconceitos; • Papéis Sociais; • Estilo de Vida; • Vulnerabilidade Social; • Processo de Adoecimento; • Promoção de Saúde. Relações Interpessoais: • Influências; • Conflitos; • Autoridade, hierarquias, poder; • Família e constituição da subjetividade (E). • Violência. Críticas à Psicologia Social Norte-Americana • Não explicava adequadamente o “como” e os “porquês” dos comportamentos; • Pragmática, direcionamento das pesquisas; • Tradição biológica, onde os processos psicológicos são assumidos como causa, ou uma das causas que explicam o seu comportamento; • Desconsideração do ser humano como produto histórico (a histórica); • Etnocêntrica, os conceitos são utilizados para compreender culturas diferentes; • Micro teorização Críticas à Psicologia Social Europeia • Macroteorização; • Uma única forma de organização econômica determinante do indivíduo; • Utópica; • Filosófica; • Pouco prática. Concepção de Homem para a Psicologia Social Europeia • Homem como um ser biopsicossocial. • A Psicologia Social, na atualidade, não nega a constituição biológica e psíquica do ser humano. • E incorpora a esta visão a constituição social deste que é historicamente determinada. • O homem não sobrevive a não ser em relação com outros homens. Indivíduo X Grupo: Falsa dicotomia; Homem nasce inserido em um grupo social. Psicologia Social • Homem é um ser da linguagem. A linguagem preexiste ao indivíduo como código produzido historicamente pela sociedade (langue), mas que ele apreende na sua relação específica com os outros (parole). Palavra: sentido pessoal. • Atividade Humana: Ações encadeadas, junto com outros indivíduos, para a satisfação de uma necessidade comum. • Personalidade: O homem ao agir, transformando o seu meio se transforma, criando características próprias que se tornam esperadas pelo seu grupo no desenvolver de suas atividades e de suas relações com os outros indivíduos. ✓ Relações Grupais: São mediadas pelas instituições sociais que exercem uma mediação ideológica na atribuição de papéis sociais e representações decorrentes de atividades e relações sociais tidas como “adequadas, corretas...” A consciência da reprodução ideológica inerente aos papéis socialmente definidos permite aos indivíduos no grupo superarem sua individualidade e se conscientizarem das condições históricas comuns aos membros do grupo. ✓ Grupo e identidade social. Aula: 17 de fevereiro de 2020. Objetos de estudo e objetivos da Psicologia Social ✓ Psicologia Social Latino-Americana/Brasil Emergiu da necessidade de se recuperar a memória histórica e se adequar à realidade cultural e social onde se inscreve. ✓ Estuda a pluralidade em seus diversos níveis: povos, etnias, grupos sociais, manifestações culturais e religiosas. ✓ Identidade Cultural; ✓ Interesse pelo coletivo e pelas comunidades; ✓ Posicionamento a favor das minorias oprimidas/psicológicas; ✓ Práxis visando a transformação social; ✓ Participação Social; ✓ Pobreza (entendida como exclusão, opressão e impotência). Vídeos: crianças selvagens Processo de hominização: eu me torno, não nasço, através da convivência social. Paulo Freire (1921-1997) - Recife, educador e filósofo “Pedagogia do Oprimido” ✓ Ler e Escrever: ferramenta para o desenvolvimento da consciência social; ✓ Aglomerados sociais devem se constituir enquanto comunidade autônomas, organizadas e atuantes; ✓ Educação Popular; (o ensino público no Brasil, não é um direito para todos, precisa-se de um vestibular e não tem vaga para todos). ✓ OUTROS AUTORES IMPORTANTES: Mary Jane Spink, Silvia Lane e Pedrinho A. Guareschi. Psicologia Social Latino- Americana ✓ Teologia da Libertação; ✓ Psicologia Comunitária; ✓ Importância do Saber Popular; ✓ Condições Sociais como responsáveis pelos problemas vividos; ✓ Ciência: NÃO É NEUTRA E UNIVERSAL; ✓ Psicologia Crítica. (LANE, 2009.) Identidade do Povo Brasileiro “É na memória que o homem carrega seu significado... Memória que registra sentido.” ✓ Civilização X Barbárie; ✓ Trabalho imposto como fator de aculturação; ✓ Conceito abstrato de civilização que elimina a pluralidade dos sujeitos reais e encobre o exercício de poder. (MASSIMI, 2009.) Atuação do Psicólogo Social ✓ Construção... ✓ Buscar o significado dos comportamentos, de saúde, doença e cuidado para a população assistida; ✓ Tratar as questões psicológicas com enfoque mais social, coletivo e comunitário; ✓ Considerar as questões sociais e culturais no comportamento humano e no processo-saúde-doença-cuidado; ✓ Comprometer-se com os direitos sociais e com a cidadania; (SPINK, 2003; CAMARGO-BORGES & CARDOSO, 2005). Perspectiva para a Atuação ✓ Construindo... ✓ Focalizar a prevenção da doença e a promoção da saúde; ✓ Focalizar e favorecer a autonomia do indivíduo/grupo, assim como a cidadania – Compromisso Social. ✓ Postura criativa do psicólogo à medida que as intervenções têm que ser construídas a partirdas práticas sociais, dos processos interativos e da cultura. Fazer análise da demanda. (SPINK, 2003; CAMARGO-BORGES & CARDOSO, 2005). Psicologia Social ➢ Ajudar a terem um “insight” → Criar possibilidades para a ação. ➢ Definir o “problema” → Explorar recursos. (McNamee, 2009) Aula: 19 de fevereiro de 2020 Seminário: Formação de Atitudes Duração: 35 minutos Vídeo de no máximo 30 minutos Data: 04/03/2020 (trazer pronto os slides e o vídeo); Data de apresentação: 16/03/2020 Páginas: Psicologia Social, Aroldo Rodrigues - 411-418 Aula: 02 de março de 2020. Monte uma linha do tempo, com análise da Psicologia Social no Brasil: 1930 - Primeiras publicações brasileiras com foco na análise de questões psicossociais numa perspectiva NA. 1962 - Institucionalização da Psicologia Social (obrigatoriedade da disciplina de Psicologia Social nos cursos de Psicologia). A psicologia social tem origem norte americana, surge durante a 2ª Guerra Mundial, e tem raiz behaviorista. O objetivo era reconstruir nações e fazer com que as pessoas trabalhassem harmonicamente. No Brasil, começa com uma raiz norte americana, o Aroldo Rodrigues, um dos principais autores, é referência, em paralelo, também havia estudos da psicologia social na Europa, chamada psicologia social sociológica (materialismo histórico de Karl Max, que estuda grandes grupos). A realidade europeia era diferente da realidade brasileira. As desigualdades presentes no Brasil, são diferentes das existentes na Europa (étnica, religiosa, gênero, diversidade sexual). 1º Encontro de Psicologia Social: psicologia social latino- americana acrescenta temáticas vinculadas a nossa realidade. “Crise da Psicologia Social”. 1970 – Período de dominância da Psicologia Social Norte Americana e participação dos psicólogos ativamente no movimento de ruptura com a Psicologia Social tradicional. • Psicologia Social Latino Americana e Brasileira: preocupada com os problemas sociais contemporâneos da realidade brasileira, seus desafios e como resolvê-los; • Propõe a constituição de um movimento articulado de ação social; pesquisa engajada, propostas concretas e trabalhos comunitários; • Considera a sociedade e os indivíduos como produto histórico-dialético (ambos se transformam mutuamente); • Proposta de uma intervenção efetiva na rede de relações sociais; • Promover a consciência do indivíduo e compreender as consequências desenvolvidas pelo grupo social. 1972 – Publicação do Livro “Psicologia Social, Aroldo Rodrigues”. NA 1980 – Criação da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), estabelecida com o propósito de redefinir o campo da Psicologia Social e contribuir para a construção de um referencial teórico orientado pela concepção de que o ser humano se constitui em um produto histórico-social, de que indivíduo e sociedade se implicam mutuamente. Surgimento de cursos de pós-graduação relacionado a Psicologia Social. 1984 – Publicação do livro “Psicologia Social, O Homem em Movimento, Silvia Lane. (Europeia) Posterior a essa movimentação intelectual e epistemológica a Psicologia Social Brasileira tem em sua crescente produção científica e de pesquisas a presença das três linhas: Psicologia Social Psicológica (EUA), Psicologia Social Sociológica (Europa) e a Psicologia Social Crítica (Latina Americana e Brasileira). Contudo, se destaca a Psicologia social crítica. Aula: 03 de março de 2020. Dependência e Interdependência ❖ O primeiro passo para o estudo desse tema é termos da influência das ações dos indivíduos (ou grupos de indivíduos) no comportamento de outros. ❖ Zajonc em 1966 definiu a psicologia como “o estudo da dependência e interdependência comportamental entre indivíduos”. ❖ Tudo que fazemos pode influenciar no comportamento dos outros, assim como o meu comportamento pode influenciar o dos outros. ❖ Dependência: situação onde o indivíduo A sofre influência do indivíduo B, mas sem exercer influência sobre este. Exemplo: liderar uma equipe. ❖ Interdependência: Situação onde há troca de influências; onde A exerce influência sobre B e vice-versa, há reciprocidade. Exemplo: Interação didática Dependência Social ❖ São raros os casos onde ocorre pura e simples dependência social; ❖ O fenômeno da interdependência ocorre em 99% dos estudos que envolvem a psicologia social; ❖ Em geral, mesmo que seja mínima, há alguma influência no comportamento; ❖ Por este motivo, casos de dependência muitas vezes são considerados impossíveis ou hipotéticos. Facilitação Social ❖ Allport (1924): a atividade em conjunto facilita o rendimento do indivíduo. ❖ Zajonc (1965-1966): a presença de outras pessoas facilita o desempenho de respostas previamente aprendidos, porém dificulta o aprendizado de novos comportamentos, pois há a excitação na pessoa. Psicologia Social ❖ Zajonc sugere que o estudante aprenda a sós e após aprendido demonstre o seu aprendizado na presença do outro. Imitação ❖ Desde a teoria de Gabriel Tarde, em 1895, psicólogos consideravam a imitação como um instinto do indivíduo. ❖ Dollard e Miller, em 1941, levantaram dúvidas em relação a essa afirmação. ❖ A imitação pode ser provocada ou evitada através de condicionamento. ❖ Em 1961, Campbell assinalou 2 tipos de imitação. ❖ Imitação de um modelo pela atração pelos resultados obtidos por este: neste tipo de imitação o indivíduo se atrai pela recompensa que outro indivíduo recebeu ao ter determinado comportamento. Exemplo: uma criança que ganha um pirulito por ter determinado comportamento, irá inspirar outra a repetir o mesmo comportamento para que também ganhe. ❖ Imitação de um modelo tendo por recompensa a própria imitação: neste tipo de imitação o indivíduo sente o desejo de ser parecido com o modelo e sua recompensa é que se pareça com a pessoa imitada. Exemplo: uma moça que admira os cabelos ruivos de uma amiga será inspirada a pintar os seus para que fique com os cabelos da mesma forma. ❖ A distinção dos dois fenômenos: o termo imitação fica designado para um fenômeno social onde o indivíduo considera as recompensas do comportamento a ser imitado. Já a Identificação passa a ser o termo usado para designar um fenômeno mais complexo, onde a pessoa se identifica com o seu modelo de imitação e não considera as recompensas de determinado comportamento para que o realize. A gratificação é ser como a outra pessoa. (Graciliano, 1971). As 6 bases principais de poder de influência: 1. Poder de Informação: Reorganizar através da própria informação. (ex: vendedor); 2. Poder de Coerção: Reconhecer a possibilidade de ser punido. (exemplo: desobedecer a seu chefe); 3. Poder de Recompensa: Reconhecer a possibilidade de receber uma recompensa. (ex: pai recompensar o seu filho); 4. Poder Legitimo: Ser influenciado pelo meio que está para ser reconhecido. (ex: se comportar de forma semelhante ao seu grupo de amigos); 5. Poder de Referência: Se aproximar ou se afastar de algum sujeito. (ex: o sujeito se aproximar de alguém que compartilha de características semelhantes); 6. Poder de Conhecimento: Reconhecer sugestões de indivíduos devidamente capacitados de conhecimento. (ex: medicamentos prescritos por um médico para seu paciente). Sendo essas bases divididas em dois grupos de influência: Independência e Dependência Influência de Independência: se resume ao Poder de Informação, em que a influência depende da informação, e não das características de quem a passou. ❖ Influência de Dependência Pública: está dentro dos Poderes de Coerção e Recompensa, Depende do estímulo apresentado pelo influenciador, o que altera o comportamento do sujeito alvo. (sendo que na ausência do influenciador seu comportamento volta ao padrão anterior); ❖ A magnitude do estímulo tambéminfluencia em como a influência agirá no afetado. ❖ Influência de Dependência Privada: se encontra nos Poderes Legítimos, Referência e Conhecimento, aos quais dependem essencialmente das características possuídas pelo influenciador, sendo reconhecido pelo afetado em questão. (mesmo na ausência do agente influenciador, o comportamento tende a continuar acontecendo). Cai em prova: ❖ Diferenciação entre dependência de interdependência; ❖ Toda relação é uma relação de poder; ❖ Qual tipo de poder acontece? É dependente ou independente? Público ou Privado? ❖ Pública: professor pede para não mexer no celular, na presença dele eu não mexo, na ausência dele eu mexo, o indivíduo só obedece quando o agente punidor se encontra no contexto. ❖ Privada: indicação de livro de um certo palestrante (o indivíduo compra e lê). Agressão, violência e altruísmo ✓ O que é agressão? Comportamento que tem por objetivo causar danos a outra pessoa. Causalidade pessoal: Causalidade impessoal: guerras, pena de morte ✓ A agressão é inata? (não há um consenso na literatura) • Freud acreditava ser inato; • Está presente na humanidade desde os primórdios, porém, não evidências suficientes que sustentem essa informação. • A agressividade pode ser aprendida; • Na atualidade, ambas as afirmações são corretas. Podemos destinar a agressividade para algo que façamos em nossa vida, como por exemplo querer ser algo com muita agressividade (canalização); • “Estamos mais em função do desejo do outro do que do meu desejo.” • Agressividade é necessária para sobrevivência humana, por exemplo quando sofremos um assalto, talvez, a maioria dos indivíduos use a agressividade para se defender; • Ser agressivo na nossa sociedade ainda é visto como algo negativo e não positivo; Psicologia Social ✓ Fatores que desencadeiam o comportamento agressivo: • O meio onde o indivíduo vive; • Fatores situacionais. ✓ Por que devemos nos preocupar com a agressão? Todos os dias, novos casos de violência doméstica e contra crianças. ✓ Qual o lado positivo da agressão? Era a forma como os primatas se defendiam para sobreviver, partindo do princípio inato. Importante: não há um consenso entre os teóricos de Psicologia Social a respeito de agressão, mesmo quando não intencional. Aula: 16 de março de 2020. Roda de Conversa: Psicologia Social, Aroldo Rodrigues, Capítulo 13, páginas 411 a 418. O que é atitude? Conforme o dicionário é a maneira de se comportar, agir ou reagir, motivada por uma disposição interna ou por uma circunstância determinada. De acordo com Aroldo Rodrigues (1973), é uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto. Existem diversas definições clássicas de atitude, Thurstone (1928) definiu atitude como sendo “a intensidade de afeto pró ou contra um objeto psicológico.” Para Allport (1935) atitude é “um estado mental e neurológico de prontidão, organizado através da experiência, e capaz de exercer uma influência diretiva ou dinâmica sobre a resposta do indivíduo a todos os objetos e situações a que ele está relacionado.” Exemplo: qual a sua opinião sobre assuntos tabus. Opinião: é o modo de pensar ou aquilo que se pensa em relação a um assunto ou pessoa, é um parecer ou ponto de vista. Personalidade: é o conjunto das características marcantes de uma pessoa, é a força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa baseada em seu padrão de individualidade pessoal e social, referente ao pensar, sentir e agir. Enfoques Funcionais Smith, Bruner e White: ✓ Qual a utilidade das opiniões para uma pessoa? Um conjunto de opiniões pode servir, para uma pessoa, de base para sua serenidade em face de um mundo em transformação, e para uma outra, de estímulo a uma atividade revolucionária. As opiniões constituem na tentativa do homem de enfrentar e dominar o mundo, e são parte integrante da personalidade. Funções que desempenham atitudes: Avaliação do objeto o ser humano possui em si uma atitude definida, como algo padrão, que ao estar diante de um objeto ou situação se repetirá, pois existe um conglomerado de fatores com denominador comum. Tem como definição em relação a um objeto, onde a reação não muda, mesmo se um acontecimento tenha relação com outro contexto. É avaliado de acordo com sua definição. Ajustamento Social possui a função de término, facilitação, manutenção harmoniosa ou menos harmoniosa com as pessoas, é o ajustador de opiniões que divergem entre si para manter a aceitação. Mediador para a adaptação com o meio em que se vive, sendo de forma de facilitar a convivência. Mesmo nas adversidades o ajustamento social tem o papel em romper ou manter as relações do indivíduo nas suas opiniões. Nos grupos, chamados de grupo de referência tendem que o indivíduo possa concordar com seu grupo ou por afinidade, podendo desempenhar um papel negativo no funcionamento. Externalização é quando vem à tona a opinião do indivíduo como mecanismo de defesa quando algo não está bem interiormente. Um mecanismo de defesa interna, para se inibir sentimentos que possam provocar desconforto. Buscando diminuir os excessos internos e fazendo com que o ambiente externo do indivíduo possa ter uma visão de acordo com o que ele sentiu e julga ser verdade. _____________________________________________________ A teoria funcional das atitudes de Daniel Katz e Ezra Stotland De acordo com os teóricos Katz e Stotland as atitudes humanas formam-se para atender a determinadas necessidades. Essa, por sua vez, para serem compreendidas exigem a compreensão do processo de mudança de atitude. Com isso, para esses pensadores, a formação e mudança de atitudes estão diretamente ligadas à base motivacional, ou seja, função que uma atitude desempenha para uma pessoa. A base motivacional se resume, para Katz e Stotland, à quatro funções: Função instrumental, de ajustamento ou utilitária: caracteriza-se pela maximização de recompensas e minimização de custos. Entendem que dessa forma as atitudes podem ser mudadas se esses conceitos forem atingidos, o que gera atitudes sem bases profundas. Função ego-defensiva: tem por definição atitudes que têm como função a proteção e defesa frente ao reconhecimento de verdades indesejáveis, o que gera resistência à mudanças. Psicologia Social Função expressiva de um valor: as atitudes baseadas nessa função traduzem emoções e sentimentos de valores básicos do indivíduo que tendem a ser expressos publicamente. Função de conhecimento: motivadas por essa função, as atitudes estabelecem ordem no ambiente, reorganizam elementos ou até os modificam, com consistência, ordem e coerência cognitiva. Contribuição de Kelman: apesar de muito importante, a contribuição de Kelman se refere mais à mudança do que a formação de atitude. Porém, de qualquer forma, o entendimento para a mudança de determinada atitude, necessita de observação para saber como foi formada a mesma. Fredman, Carlsmith e Sears: de acordo com Fredman, Carlsmith e Sears, a discussão sobre a formação de atitudes e as teorias sobre as mudanças de atitudes, foram para introduzir o foco principal dos psicólogos sociais; que é o processo de mudança de atitudes e não de formação de atitudes. Sendo assim, é importante entender que a diferença entre formação e mudança de atitude, é muito indiferente e insignificante, já que quando uma atitude começa a ser formada, ela já está mudando ou está totalmente disposta à mudança. Sendo assim, Kelman considera três processos de influência social que certamente levariam à mudança social, possibilitando maior esclarecimento sobre formaçãode atitude. De acordo com Kelman, a influência social pode ser exercida através de: Aceitação, que tem como definição episódios nos quais um indivíduo aceita a influência de outro e/ou de um grupo, para que, assim, seja aceito pelos mesmos. Desse modo, esse meio de influência social é público e dependente, uma vez que não causa mudanças fundamentais no indivíduo e, quando não há presença do agente influenciador, não há emissão de comportamento relacionado com o mesmo. A partir disso, conclui-se que a aceitação pode ser formadora de atitudes. Além da aceitação, considera-se também o processo de identificação, quando uma pessoa adere o comportamento de outra pessoa ou de determinado grupo porque esse comportamento, é expresso pela relação e observação de determinada pessoa ou de determinado grupo, se tornando grata aos pontos de referência. Assim, as atitudes formadas se tornam dependentes e privadas pois dependem de pontos de referência, mas não precisam de fiscalização desses pontos para serem exibidas. E por último, o processo de internalização, quando uma pessoa aceita determinada influência, pois esta está de acordo com seu sistema de valores. Sendo uma influência independente e privada, já que a mudança de atitude independe do agente influenciador, que se serviu como ponto de referência para ocorrer a influência. Mas não existe mais a necessidade da presença dele. Kelman afirma que esses processos de mudança de atitude não necessariamente devem ser exclusivos, pois na maioria das vezes, as atitudes se formam ou se modificam justamente com a combinação desses tipos de influência. O quadro a seguir mostra um sumário da distinção entre os três meios de modificação e formação de atitudes que acabamos de descrever, salientando seus antecedentes e seus consequentes. Três tipos de influência social segundo Kelman Referências: ✓ RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social. Petrópolis: Vozes, 1998. ✓ ANTONIO, Joana. Processos de Cognição Social, Atitudes. 2017. (01m45s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=K-nJPYOcEF4>. Acesso em: 01 de março de 2020. https://www.youtube.com/watch?v=K-nJPYOcEF4 https://www.youtube.com/watch?v=K-nJPYOcEF4 https://www.youtube.com/watch?v=K-nJPYOcEF4 Psicologia Social Aula: 23 de março de 2020. Princípios Gerais da Psicologia Social Europeia (sociológica) • É a raiz da psicologia social latino-americana; Funcionamento da Sociedade: Ideologia Materialismo histórico: análise do funcionamento da sociedade; Ideologia para o materialismo histórico: são as ideias e convicções passadas para um determinado grupo. O grupo que detém o poder, quem determina o modo de produção. A ideologia determinada o que é certo e errado, o que é bonito e feio, e é passada/transmitida pela linguagem, família, leis, modo de educação. Por que existe o dinheiro? Agimos no mundo de acordo com as determinações ideológicas; Alienação: é o não saber dessas questões ideológicas que determinam o funcionamento da sociedade; Consciência: é o indivíduo que tem noção da ideologia que está por trás. Vale ressaltar que não existe uma consciência plena. • Somos o que somos, ou somos uma reprodução daquilo que querem que eu seja? • Somos o que somos, ou meras cópias ideológicas? Ideologia, eu quero uma pra viver. (Cazuza); A ideologia é igual para todos, é determinado pelo modo de produção. Algumas pessoas sabem mais a respeito e outras menos. A ideologia é determinada pelo Modo de produção: que é a Supra-estrutura ideológica. Além disso, define quem tem Poder. • Quem tem o poder? o Grupo minoritário que comanda o modo de produção, muitas pessoas são determinadas por outras. Minoria psicológica (todos somos): Como a ideologia é transmitida? ✓ Trabalho ✓ Identidade social (como o outro me vê) ✓ Linguagem (o masculino impera, por quê? Porque ideologicamente é determinado, e nós reproduzimos) ✓ Quem determina o preconceito é a ideologia! Aula: 25 de março de 2020. (LANE, S.T.M. Consciência e Alienação: a ideologia no nível individual. In: LANE, S.T.M.; CODO, W. (orgs). O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 40) Consciência/Alienação: a ideologia no nível individual ❖ Indivíduo – sujeito da história: passivo (a história altera e compõe a vida) e ativo (também contribuímos para este processo) – determinado e determinante. ❖ Por exemplo: a pandemia. ❖ Ser mais ou menos atuante como sujeito da história depende do grau de autonomia e iniciativa que o indivíduo alcança. O que é Ideologia? “...Ideias ou convicções compartilhadas que servem para justificar os interesses dos grupos dominantes... O conceito de ideologia está intimamente ligado ao de poder, uma vez que os sistemas ideológicos servem para legitimar o poder diferencial exercido pelos grupos.” O grupo que determina o modo de produção determinará a ideologia, pensando que a minoria determina a ideologia. O grupo que determina o modo de produção determinará a ideologia Considerações Importantes: Superestrutura ideológica (canal de transmissão da ideologia): política, direito, escola, estado, religião (estão a serviço do poder ideológico) – derivados do modo de produção. Supra-estrutura ideológica: condições de produção e relações econômicas. (determinam a ideologia), utilizando o canal de transmissão da superestrutura ideológica. A Ideologia, presente em atividades superestruturais da sociedade, se reproduz no nível individual. (todos nós reproduzimos a ideologia, cada um ao seu modo). Relacionando-se de forma orgânica e reprodutora das condições de vida, e também como, no plano da ideologia, o indivíduo se torna consciente dos conflitos existentes no plano da produção de sua vida material. Linguagem (o principal veículo de transmissão), enquanto produto histórico, traz representações, significados e valores existentes em um grupo social, e como tal é veículo da ideologia do grupo, enquanto para o indivíduo é também condição necessária para o desenvolvimento de seu pensamento. ❖ O pensamento é construído enquanto linguagem. O pensamento reproduz a ideologia. _____________________________________________________ Hegel: são as ideias humanas que movem e constroem o mundo. Marx: as ideias surgem a partir das condições materiais reais vividas pelo homem. Psicologia Social Nós não temos ideias, elas já são dadas pelo mundo, é apenas uma continuidade de padrões ideológicos. Ideologia Marxista: conjunto de ideias construídas a partir de condições materiais concretas (relações de classe) que servem para perpetuar e manter determinada relação de poder e ordem das coisas. Ex: exploração do trabalhador. A ideologia não é um processo subjetivo consciente, mas um fenômeno objetivo e subjetivo involuntário produzido pelas condições objetivas da existência social dos indivíduos. Ora, a partir do momento em que a relação do indivíduo com a sua classe é a da submissão a condições de vida e de trabalho pré- fixadas, essa submissão faz com que cada indivíduo não possa reconhecer-se como fazedor de sua própria classe. Ou seja, os indivíduos não podem perceber que a realidade da classe decorre da atividade de seus membros. Pelo contrário, a classe aparece como uma coisa em si e por si e da qual o indivíduo se converte numa parte, quer queira, quer não. E uma fatalidade do destino. A classe começa, então, a ser representada pelos indivíduos como algo natural (e não histórico), como um fato bruto que os domina, como uma “coisa” onde vivem. A ideologia burguesa, através de uma ciência chamada Sociologia, transforma em ideia científica ou em objeto científico essa “coisa” denominada “classe social”, estudando-acomo um fato e não como resultado da ação dos homens. (CHAUÍ, 2004, p.31) Materialismo Histórico – Marx: Cada coisa é um processo, isto é, uma marcha, um tornar-se [...] As coisas, as relações, as ideias se transformam em virtude das leis internas de seu autodinamismo [...] os processos se dão de forma espiral[...] O que vem é uma promessa, poderá ou não acontecer, mas nunca será uma mera repetição[...] Cada coisa traz em si sua contradição, sendo levada a se transformar em seu contrário[...] uma coisa é ao mesmo tempo ela própria e seu contrário. Qualquer coisa que se concretiza é apenas um momento, uma síntese de sua afirmação e de sua negação[...] (MINAYO, 2003, 95-96) Uma árvore é uma semente? Não. Mas é só é uma árvore porque um dia foi uma semente, mas quando era uma semente ela era uma árvore? Não. Era uma possibilidade. Nós não somos, nós estamos sendo possibilidades. Análise Ideológica ❖ Deve considerar tanto o discurso onde são articuladas as representações, como as atividades desenvolvidas pelos indivíduos; (o que cada grupo entende sobre um determinado assunto, quais comportamentos). ❖ Fundamental para o conhecimento psicossocial pelo fato dela determinar e ser determinada pelos comportamentos sociais do indivíduo e pelas redes de relações sociais que, por sua vez, constituem o próprio indivíduo. ❖ Dominação: via alienação superestrutural (estado, leis, religião...) – determinam as relações sociais de cada indivíduo. ❖ Alienação: atribuição de naturalidade aos fatos sociais, processo de reificação da consciência, pessoas... Reificação: é o ato (ou resultado do ato) de transformação das propriedades, relações e ações humanas em propriedades, relações e ações de coisas produzidas pelo homem, que se tornaram independentes (e que são imaginadas como originalmente independentes) do homem e governam sua vida. Significa igual igualmente a transformação dos seres humanos em seres semelhantes a coisas, que não se comportam de forma humana, mas de acordo com as leis do mundo das coisas. A reificação é um caso especial de alienação, sua forma mais radical e generalizada, característica da sociedade capitalista” ❖ Grau máximo de reificação. A economia determina meu comportamento, a religião determina meu comportamento, virar uma marionete. GUIMARÃES, A.M. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 314 Níveis de Consciência Consciência de Classe (categoria sociológica): processo essencialmente grupal e acontece quando indivíduos conscientes de si se percebem sujeitos das mesmas determinações históricas que os tornam membros de um mesmo grupo inseridos nas relações de produção que caracterizam a sociedade em um dado momento; ❖ Como está a vida dos professores. ❖ Determinações do meu grupo, determinadas pelo meu grupo. Consciência Social: ao pertencer a um grupo pode ser que o indivíduo desencadeie um processo de consciência de si e social – consciência de-só-social categoria psicológica; ❖ Determinações individuais; O que ocorre com um indivíduo consciente em um grupo alienado? “... As contradições sociais são claras, mas ele é impedido, a nível grupal, de qualquer ação transformadora – seria essa uma situação geradora de doença mental, como fuga de uma realidade insustentável? (É a hipótese levantada por A. Abid Andery)” (LANE, 1984, p. 42) Implicações Metodológicas Pensamento e Ação: pensar uma ação pode simplesmente reproduzir uma ideologia, não basta pensar, precisar encontrar as determinações dos grupos sociais, por exemplo, os grupos feministas (antes, em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, atualmente é diferente, porque agressão é crime), não basta pensar, precisamos agir. Ciência: conhecimento relativizado como produção histórica – pesquisador e pesquisado fazem parte do mesmo contexto histórico. Ver penúltimo parágrafo pág 45. Psicologia Social Para se detectar o ideológico e/ou o nível de consciência, partimos do discurso individual produzido na interação com pesquisador e deverá ser analisado a partir de Categorias que emerjam do próprio discurso. Problema: ponto de partida e não de chegada podendo ser reformulado ao longo do estudo. Relação dialética pensamento-discurso-ação. Pesquisador-pesquisado: fazem parte do mesmo contexto histórico cultural, portanto deve-se considerar a parcialidade do pesquisador. Pesquisa Participante: modelo importante de pesquisa para o Psicólogo Social, possibilita ao pesquisador vivenciar o problema pesquisado. Aula: 30 de março de 2020. Identidade CIAMPA, A.C.; Identidade. In: LANE, S.T.M.; CODO, W. (orgs). O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p.58-75. “Quem é você?” “Quem sou eu? • Nós não somos, estamos sendo. Identidade ou identidades? “É o que nos caracteriza como pessoas é o que respondemos ao narrarmos quando alguém pergunta quem sou eu” “A nossa identidade se mostra como a descrição de um personagem... Cuja biografia aparece em uma narrativa... Ou seja, como personagem que surge num discurso... Qualquer discurso costuma ter um autor... Você é o personagem do seu discurso, ou o autor que cria essa personagem, ao fazer o discurso?” (somos ambíguos, autor e personagem da nossa própria história). “Somos autores e Personagens ao mesmo tempo” • Construímos nossa identidade a partir dos papéis que nos colocam e que nos colocamos ao longo da vida; • Nossa identidade é social se constrói na relação com os outros; • Identidade imutável??? Não. “... a identidade do outro reflete na minha e a minha na dele...” Pais e filhos, marido e esposa, professor-aluno. “... nos escondemos naquilo que falamos; o autor se oculta por trás da personagem... É muito comum nos revelarmos através daquilo que ocultamos” Somos ocultação e revelação • As pessoas se modificam: ficamos mais velhas, existem mudanças previsíveis... há mudanças e mudanças: heterossexual- homossexual, solteirona-esposa exemplar. • “Nós nos tornamos algo q não éramos ou nos tornamos algo q já éramos e estava “embutido” dentro de nós?” • Não desejável: “embutido” nos outros; • Desejável (positivamente valorizado): “embutido” em nós. “Podemos imaginar as mais diversas combinações para configurar uma identidade como totalidade. Uma totalidade contraditória, múltipla e mutável, no entanto única. Por mais contraditório, por mais mutável que seja, sei que sou eu que sou assim, ou seja, sou uma unidade de contrários, sou uno na multiplicidade e na mudança” (CIAMPA, 1984, p. 59) Quando a unidade, ou seja, Identidade é percebida como ameaçada: • Medo da loucura, doença mental; • Sensação de desagregação; (não se reconhecer mais, tornar-se diferente daquilo que era). • Medo de sermos outro. “... Num certo sentido pode-se considerar a chamada “doença mental” como um problema de identidade: o “louco” é nosso “outro”, tanto quanto o curado” é o outro do “louco”... As pessoas se descrevem e descrevem as outras e sempre supomos que são o que dizem ser, são? Muito prazer sou Joana. Sou Joana? • Nós nos identificamos com o nosso nome, somos o nome? • O nome nos identifica num conjunto de outros seres, q indica nossa singularidade; • Mas, antes que eu me chamasse Fulano – eu era chamado de Fulano, quem escolhe o nome????? • Nome carrega consigo aspirações dos outros Nome: Joana me diferencia. Prenome: Monteiro me iguala. Diferenciação e Igualdade • Constituída pelos diversos grupos que faço parte; • Existência objetiva do grupo: através dasrelações que seus membros estabelecem entre si e com o meio onde vivem, isto é, pela sua prática, pelo seu agir – pelo seu trabalho – agir, trabalhar, fazer, pensar, sentir... • É pelo agir, pelo fazer que alguém se torna algo. • Somos nossas ações, nós nos fazemos pela prática. O conjunto de características cristalizadas que usamos para nos descrever são representações de identidade e não nossa identidade em si porque ela não existe enquanto entidade concreta. Psicologia Social Resposta dada a pergunta “Quem sou eu”: capta o aspecto representacional da noção de identidade (enquanto produto), mas deixa de lado seus aspectos constitutivos, de produção, bem como as implicações recíprocas destes dois aspectos; Representação: pode ser considerada um processo de produção de tal forma que a identidade pode ser entendida como o próprio processo de identificação. Por exemplo: Joana, antes de nascer já era filha de Maria, ao nascer se identificou com essa representação hoje Joana diz: “Sou filha de Maria” Se a Identidade não está em seu aspecto Representacional, onde ela está? Joana filha de Maria → relação mãe e filha. Estou sendo filha. Maria não participa da criação de Joana, coloca-a em um orfanato Joana é filha de Maria? Está sendo filha? • Na atividade e no fazer em ação é que se constroem, assumem e negam os papéis; • Na negação daquilo que eu disse que sou; • Na possibilidade de mudança; • Sou algo, ou estou sendo algo? ❖ Não podemos isolar de um lado todo um conjunto de elementos que podem caracterizar um indivíduo – biológico, psicológico, social, etc, identificando-o, e de outro a representação desse indivíduo como uma duplicidade mental ou simbólica, que expressaria a sua identidade; ❖ Há uma interpenetração destes dois aspectos - biológico, psicológico, social, etc/ representação. ❖ Exemplo: relação pai filho – a identidade de um filho se por um lado é consequência das relações que se dão, por outro lado é condição dessas relações – antes de nascer já era filho de fulano. ❖ A identidade é normatizada visando a manutenção das estruturas sociais através de identidades pré-estabelecidas, paralisando o processo de re-identificação; ❖ Temos rituais sociais para reatualizar uma identidade pressuposta, que assim é resposta como algo já dado, retirando o caráter de Historicidade. Aproximando-a mais da noção de um mito que prescreve as condutas corretas, reproduzindo o social; ❖ Exemplos: batizados, casamentos, aniversário de quinze anos, baile de formatura. Aula: 01 de abril de 2020. A mesmice de mim é pressuposta como dada permanentemente e não como reposição de uma identidade que uma vez foi posta. Ex: ao ser pai deixa de ser filho?? Sendo filho há ameaça à condição de pai, pois não há a diferenciação da condição de seu filho. Há a negação do sujeito –pai- como filho. Página 67. • Cada posição me determina, fazendo com que minha existência concreta seja a unidade da multiplicidade, que se realiza pelo desenvolvimento dessas determinações; • A construção da identidade está restrita à condição social e de classe, a estrutura social conservando-a ou a transformando. • Assumimos vários papéis ao mesmo tempo: mãe, professora, filha (...) A História é a progressiva e continua hominização do Homem, a partir do momento que este, diferencia-se do animal, produz suas condições de existência, produzindo-se a si mesmo consequentemente; • Nós não nascemos homem, nós nos tornamos. • A identidade que surge como representação de meu estar-sendo se converte num pressuposto de meu ser (como totalidade), o q, formalmente, transforma minha identidade concreta (entendida como um dar-se numa sucessão temporal) em identidade abstrata, num dado atemporal – sempre presente (entendida como identidade pressuposta reposta) • Qual é a diferença entre identidade e personalidade? A árvore ela tem raiz, caule e a copa. Independente da espécie precisa de luminosidade, temperatura, etc. Se passa um caminhão que bate na árvore, pode entortar, mas a raiz permanece. A influência do ambiente externo é muito maior no caule e na copa do que na raiz. A raiz seria a nossa personalidade (não muda), e a copa e o caule a nossa identidade. Ao me objetivar (e ser objetivado por outrem) pelo caráter atemporal atribuído a minha identidade, o que estou sendo como parte surge como encarnação da totalidade de mim. Cada comparecimento meu frente a outrem envolve representação num tríplice sentido: 1º: eu represento enquanto estou sendo o representante de mim (como uma identidade pressuposta e dada fantasmagoricamente como sempre idêntica); 2º: eu represento, em consequência, enquanto desempenho papéis (decorrentes de minhas posições) ocultando outras partes de mim não contidas na minha identidade pressuposta e reposta; 3º: eu represento, enquanto reponho no presente o q tinha sido, enquanto reitero a apresentação de mim – reapresentando como estou sendo - dado o caráter formalmente atemporal atribuído à minha identidade pressuposta que está sendo reposta, encobrindo o verdadeiro caráter substancialmente temporal de minha identidade (como uma sucessão do que estou sendo, como devir) Essa expressão do outro “outro” que também sou eu consiste na “alterização” da minha identidade. Ver 2º parágrafo pág 70; Outro minúsculo (igual a mim, semelhante): Outro Maiúsculo (cultura e sociedade): Psicologia Social Alteridade: é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo). Alteridade: eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato. “A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.” (LAPLANTTINE, 2000, p. 21) Nem anjo, nem besta: Apenas Homem Ver pág 70-71 • Semente – Dialética • Dialética do fenômeno humano; • O Homem não é uma afirmação tautológica (repetição inútil da mesma ideia de forma diferente), mas uma afirmação da materialidade da contínua e progressiva hominização do homem. • Amanhã não seremos o mesmo, mas preservaremos algumas coisas; • A identidade só deixa de estar se constituindo quando morremos; • Não está limitado no vir-a-ser preestabelecido. Identidade e Sociedade • Não é possível dissociar o estudo da identidade do indivíduo do da sociedade; • As possibilidades de diferentes configurações da identidade estão relacionadas com as diferentes configurações da ordem social; • Sociedade capitalista: homem se torna coisificado, ou seja, reificado passa a ser também mercadoria. Cada indivíduo não reconhece o outro como ser humano, e consequentemente não reconhece a si próprio como humano. • Homem: relação dialética entre subjetividadee objetividade. “Identidade é movimento, é desenvolvimento do concreto. Identidade é metamorfose. É sermos Um e um Outro, para que cheguemos a ser Um, numa infindável transformação” (CIAMPA, 1984, p. 76) Psicologia Social