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Fundamentos de Marketing 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Roberta Giannini Fundamentos de Marketing 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Copyright © UVA 2014 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. ISBN 978-85-65812-22-1 Autoria do Conteúdo Roberta Giannini Design Instrucional Eurico Sadao Kusaka Wagner Destro Projeto Gráfico UVA Diagramação Bruna Reis Muri Cristina Lima Revisão Janaina Vieira Tássia Braga G433f Título. Giannini, Roberta Fundamentos de marketing [livro eletrônico] / Roberta Giannini. – 4. ed. Rio de Janeiro : UVA, 2016. 502 KB ISBN: 978-85-65812-22-1 Disponível também impresso. 1. Marketing. I. Universidade Veiga de Almeida. II. CDD – 658.8 Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA. Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho. SUMÁRIO Apresentação.................................................................................................................7 Sobre a autora..............................................................................................................8 Capítulo 1 - Marketing essencial....................................9 Visão geral de marketing, seus fundamentos e principais conceitos......................................................................................................10 Análise do ambiente de marketing.................................................16 Estrutura mercadológica e suas variáveis.........................................22 Referências......................................................................................................30 Capítulo 2 - Marketing mix..............................................31 Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção.........................................................................................................32 Estudos de demanda................................................................................47 Criação da satisfação do consumidor por meio da qualidade, serviços, valor e CRM....................................................................................51 Referências......................................................................................................60 Capítulo 3 - Planejamento estratégico de marketing...61 A importância do planejamento estratégico orientado para o mercado............................................................................................................62 Endomarketing e gestão da sustentabilidade.............................69 Criação de vantagem competitiva......................................................81 Referências......................................................................................................89 Capítulo 4 - Precificação e lucratividade........................91 Desenvolvimento de novos produtos e estratégias para o ciclo de vida.....................................................................................................................92 Determinação do preço dos produtos: entendimento e captura de valor para o cliente.....................................................................................105 Determinação do preço dos produtos: estratégias........................108 Referências....................................................................................................115 Considerações finais....................................................116 7 APRESENTAÇÃO Este livro trata do assunto Fundamentos de Marketing: um conjunto de conhecimentos essenciais para profissionais de diversas áreas. Sua função é identificar as necessidades e os desejos do público-alvo das mais variadas organizações e promover bens, serviços, pessoas, lugares, eventos, ideias e informações. Aqui, vamos aprender qual é a filosofia do marketing e sua meta de satisfazer os clientes de maneira lucrativa, criando relacionamento de valor, de longo prazo; vamos entender seus conceitos e fundamentos e os elementos do mix de marketing. Veremos também os aspectos do planejamento estratégico, além de entender a importância da precifi- cação e da lucratividade. Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a leitura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conteúdos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enrique- cimento cultural e acadêmico. 8 SOBRE A AUTORA Roberta Giannini (M.A.) é mestre em Comunicação Social pela Pontifí- cia Universidade Católica - PUC-Rio, pós-graduada em Marketing (MBA) e em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas - FGV, gradua- da em Publicidade e Propaganda e especialista em Mídia-Educação pela PUC-Rio. Atua como consultora de Comunicação e Marketing, é avalia- dora dos projetos Expocom-Intercom e professora do MBA presencial em Administração de Marketing na Universidade Veiga de Almeida - UVA. Já atuou como gerente de Marketing na Fábrica de Sorvetes Itá- lia, como contato publicitário do jornal O Globo e como assistente de projetos na Fundação Roberto Marinho. ......................................................................................................... Visão geral de marketing, seus fundamentos e principais conceitos CAPÍTULO 1 MARKETING ESSENCIAL 9 Este capítulo trata do que se ocupa o marketing e serão abordados aqui aspectos relativos à definição de marke- ting e suas demandas contemporâneas. De acordo com uma frase atribuída a Benjamin Franklin, um dos líderes da Revolução Americana, investir em co- nhecimento rende sempre os melhores juros. .......................................................................................................... 10 Marketing essencial VISÃO GERAL DE MARKETING, SEUS FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CONCEITOS Segundo Boone e Kurtz (2006), o marketing abrange a aná- lise das necessidades dos clientes, a busca das informa- ções necessárias para projetar e produzir bens e serviços que atendam às expectativas dos clientes, a criação e a manutenção de relacionamentos com os fornecedores e consumidores. Assim, a questão crucial para as empresas é ser capaz de satisfazer as necessidades do cliente. Levitt (1990) define o marketing como o processo de atrair e manter clientes; Kotler (1998) diz que o profissional de marketing deve fa- zer um bom trabalho de identificação das necessidades do consumidor, desenvolver produtos de valor superior, definir bem seus preços e fazer uma boa distribuição e promoção. Hoje, há um conceito expandido de marketing que per- meia todas as funções organizacionais. Este conceito pres- supõe que os esforços de marketing devem seguir de acor- do com a ética e que pode servir aos interesses, tanto das sociedades quanto das empresas. O marketing trata de administrar os mercados para satis- fazer as necessidades e os desejos do consumidor, mas os processos de troca envolvem bastante trabalho. ......................................................................................................... Visão geral de marketing, seus fundamentos e principais conceitos Primeiramente, os vendedores devem buscar os compra- dores e identificar seus desejos e necessidades. Depois, as empresas, em seus departamentos de P&D, devem criar produtos e serviços adequados a essas necessidades e desejos. As companhias também devem determinar seus preços, promovê-los por meio das diversas mídias (TV, in- ternet, jornais e revistas), armazená-los e entregá-los. Essas atividades de desenvolvimento de produtos, de pes- quisa de mercado, de comunicação, distribuição, defini- ção de preços e serviços são centrais para o marketing. Os consumidores participam desse processo quando pesqui- sam os bens e serviços que desejam a preços que querem e possam pagar. Analisamos os segmentosde mercado identificando as suas diferenças comportamentais, demográficas e psico- lógicas. As empresas decidem, então, em quais segmentos estariam as maiores ou melhores oportunidades, definin- do assim o seu mercado-alvo. Para cada mercado-alvo es- colhido a empresa desenvolverá uma oferta. A visão de marketing vem acompanhando a evolução das ideias da administração. Mas quais filosofias devem orientar seus esforços? A administração de marketing, de acordo com Kotler (2005), é o esforço consciente para se obter os resultados de troca desejados com o mercado-alvo. 11 .......................................................................................................... 12 Marketing essencial Essas filosofias devem estar sempre voltadas a um marke- ting efetivo, eficiente e socialmente responsável. Há al- guns tipos de orientação por intermédio das quais as or- ganizações desenvolvem suas ações: • • • • • Orientação de produção. Orientação de produto. Orientação de vendas. Orientação de marketing. Orientação de consumidor. Na orientação de produção, os consumidores darão prefe- rência aos produtos mais fáceis de serem encontrados e de baixo custo. Os gerentes responsáveis por esses produ- tos concentram-se em alcançar uma produção em massa e eficiente, custos baixos e distribuição também eficiente, pois o que seus consumidores buscam são disponibilida- de e preço. Essa é também uma estratégia para expansão de mercado. A mais famosa filosofia de produção foi a de Henry Ford, que dizia no iní- cio do século XX que “os consumidores podiam ter o automóvel de qualquer cor que quisessem, desde que fosse a preta”. Como exemplo atual, podemos citar a fábrica sul-coreana de automó- veis e utilitários Kia Motors, que possui 13 fábricas pelo mundo, com 44.000 colaboradores e faturamento anual de 20 bilhões de dólares, por meio de uma rede de autorizadas e distribuidores em 172 países. Na orientação de produto, as empresas apostam que os consumidores darão preferência aos produtos e serviços inovadores que venham a oferecer qualidade e desempe- nho superiores ou de aspecto inovador. Portanto, as orga- nizações deveriam estar preparadas para aprimorar cons- tantemente seus produtos. ......................................................................................................... Visão geral de marketing, seus fundamentos e principais conceitos Os gerentes dessas organizações buscam fabricar produ- tos e aperfeiçoá-los com o tempo. O problema aqui é que essas empresas o fazem com pouca ou nenhuma partici- pação dos consumidores, acreditando que seus produtos são “excepcionais”. Essa postura pode levar ao que cha- mamos “miopia de marketing”, termo cunhado por Levitt, que ilustra a crença das empresas na “maravilha” de seus produtos. As organizações míopes são aquelas que per- dem o foco do mercado, das necessidades do consumidor e focam tão somente nas funcionalidades de seus produ- tos. Em vez de oferecer soluções, tendem a aprimorar as características de seus produtos. Um caso notório e recente foi o da Kodak, produtora de máquinas fotográficas e rolos de filme. A Kodak deveria enxergar-se como uma “produtora de imagens”, de “lembranças”, mas se via tão sim- plesmente como fabricante de máquinas e filmes. Quando a tec- nologia evoluiu para a digitalização das imagens, a Kodak perdeu o bonde da história ao permanecer centrada em seu produto, em vez de olhar para o mercado como uma solução. Ano a ano per- deu fatias de mercado, até declarar falência depois de 13 anos. Já a orientação de vendas sustenta que os consumidores só compram muitos produtos de uma empresa quando ela investe um esforço grande em vendas e promoção. Essa orientação pressupõe que os clientes devem ser persua- didos a comprar e que as companhias devem investir em diversas ferramentas de vendas e promoção para estimu- lar as compras. Esta orientação de vendas é mais praticada com os chamados produtos “não procurados” ou de bai- xa procura, aqueles que os consumidores não pensam em comprar, como seguros e jazigos funerários. 13 .......................................................................................................... 14 Marketing essencial Essas organizações devem realizar um grande esforço de promoção e vendas para que os clientes em potencial sejam persuadidos a comprar. Tal orientação é praticada também por organizações sem fins lucrativos para capta- ção de recursos, tais como partidos políticos e contribui- ções sociais para orfanatos e organizações religiosas. Outra aplicação para a orientação de vendas acontece quan- do uma empresa possui “excesso” de produção. O objetivo aqui é vender a sua produção e não produzir o que o mer- cado deseja. Este tipo de ação envolve grandes riscos por- que se concentra em desenvolver transações de venda sem construir relacionamentos de longo prazo com os clientes. A orientação de marketing sustenta que, para que pos- samos atingir as metas organizacionais, precisamos de- terminar as necessidades e os desejos dos consumidores- -alvo e proporcionar a satisfação que buscam de maneira mais eficiente que a concorrência. Devemos ser mais efeti- vos na criação, na entrega e na comunicação de valor para nossos clientes-alvo. Segundo Theodore Levitt, “a venda está voltada para as necessidades do vendedor e o marketing, para as necessi- dades do comprador” (apud KOTLER, 2005, p. 14). O con- ceito de marketing pode ser definido a partir de frases como: • • • CEF: “Para você, para todos os brasileiros”; Casas Bahia: “Dedicação total a você”; Globo: “A gente se liga em você.” ......................................................................................................... Visão geral de marketing, seus fundamentos e principais conceitos De acordo com Kotler (1998), o conceito de venda é “de dentro para fora”, com a fábrica, seus produtos, vendas e promoção centrados na busca pelo cliente e voltados para o curto prazo. Ao contrário, ainda segundo Kotler, o conceito de marketing possui a perspectiva “de fora para dentro”, com um mercado-alvo bem definido, baseado nas necessidades do consumidor e na obtenção de lucro a par- tir da satisfação do mercado-alvo. De acordo com Madruga et al. (2004), uma premissa im- portante para o foco no marketing seria o uso integrado dos conceitos e técnicas mercadológicas. Isto porque, se- gundo o autor, de nada vale um produto que atenda às expectativas dos consumidores se ele for muito caro, ou se possui um preço competitivo, mas ninguém sabe de sua existência. E de nada valeria se esse produto tives- se um preço competitivo, fizesse propaganda na TV, mas não fosse encontrado. Com isso, o autor quer dizer que só existe orientação para o marketing quando entendida de forma integral pela empresa. Outra premissa importante é a ênfase no longo prazo que as empresas devem ter para perceber a importância da ética nas relações e sua responsabilidade social. Hoje de- vemos buscar o equilíbrio entre os objetivos do retorno do capital investido com as demandas e expectativas de toda a sociedade. 15 .......................................................................................................... 16 Marketing essencial ANÁLISE DO AMBIENTE DE MARKETING Peter Drucker, o grande pensador da Administração, disse: “A fórmula de sucesso da década passada de uma empre- sa provavelmente será um desastre na década seguinte” (apud KOTLER, 2008, p. 13). O marketing é hoje, talvez, a mais importante função gerencial das empresas moder- nas, mas não é uma “ciência pura”. Suas técnicas levam em consideração as diferentes questões de tempo, espaço e cultura onde são aplicadas. Pensemos nos desafios que o marketing enfrenta nos dias de hoje: • Os consumidores exigem cada vez mais qualida- de e serviço superiores. • • • As economias dos países sofrem estagnação e crises; A concorrência se dá no mercado global. Os países enfrentam diversos tipos de problemas políticos,sociais e culturais. • Os consumidores percebem cada vez menos as diferenças reais dos produtos e serviços e têm me- nos fidelidade às marcas. • Pode-se obter informações sobre os produtos e serviços por meio da internet e outras fontes, o que permite uma compra mais racional. • Os consumidores estão mais sensíveis ao fator custo x benefício, à relação preço e valor. ......................................................................................................... Análise do ambiente de marketing 17 • Há elevação dos custos de promoção e redução das margens de lucro. Por conta dessas mudanças, as empresas estão olhando para dentro de si e realizando os ajustes em diversos aspec- tos. Um conceito fundamental para o marketing, de acordo com Madruga et al. (2004), se refere à qualidade da gestão empresarial. Segundo Berry e Parasuraman (apud MADRU- GA, 2004), a gestão empresarial de qualidade resulta de uma cultura corporativa voltada para o cliente, de um sis- tema de planejamento, do uso competente da informação, da tecnologia e do gerenciamento dos recursos disponíveis. As empresas, hoje, devem estar preparadas para mudan- ças contínuas, fazendo ajustes de suas práticas e ideias. Dentre elas, podemos citar: • Reengenharia: reorganização dos processos-cha- ve, visando mais racionalidade, maiores lucros e menores riscos. A rede de lojas A Insinuante tinha um processo de análise de cré- dito lento, que gerava insatisfação nos clientes e perda de lucro. Após uma reengenharia no setor, foi implementado um sistema de dados on-line com ligação direta com a central de crédito. Hoje, essa análise não dura mais do que 10 minutos. • Terceirização: as empresas passam a se concen- trar naquilo que fazem melhor, no seu core-busi- ness, e passam a comprar serviços de terceiros, que muitas vezes oferecem um trabalho melhor e mais barato do que a empresa fazia anteriormente. A indústria automobilística, hoje, contrata a prestação de serviços de terceiros para a produção de componentes de seus automó- veis, reunindo peças fabricadas por outros para a montagem final de seus veículos. .......................................................................................................... 18 Marketing essencial • Downsizing: criação de uma estrutura hierárqui- ca com menos níveis, aproximando a base do topo da pirâmide organizacional. Em meados dos anos 1990, diversas empresas brasileiras, então estatais, iniciaram um processo para se tornar privadas. A maioria delas, como a Embratel, Vale e Embraer, ofereceu planos de de- missão voluntária com o objetivo de “desinchar” a organização, que contava com estruturas demasiadamente hierárquicas, que causavam lentidão nos processos de decisão. • Empowerment: valorização e busca do compro- metimento dos colaboradores por meio da delega- ção de poder. Na hoje falida rede de varejo Mesbla, deu-se um dos primeiros ca- sos de implementação brasileira dessa técnica. O ciclo de compra era o vendedor tirar a nota, o cliente ter que ir ao caixa, pagar e voltar ao vendedor para receber o produto. O processo foi revisto e o vendedor passou a receber o pagamento, dando empower- ment a ele. • Benchmarking: as companhias estudam o de- sempenho de outras empresas de padrão mundial para adotar as chamadas “melhores práticas”. A Companhia de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Cia- ma) serviu de exemplo para outras empresas que estão em proces- so de implantação das normas ambientais ISO. Os representantes de outras empresas têm a possibilidade de identificar as ideias ino- vadoras e eficazes e conhecer as melhores práticas dos processos implementados pela Ciama em suas atividades e serviços. • E-commerce: as empresas passam a disponibili- zar todos os seus produtos na internet. As Lojas Americanas passaram de cadeia de varejo físico, com pontos de vendas, vendedores, caixas e estoque, para ser a maior empresa de varejo on-line brasileiro. ......................................................................................................... Análise do ambiente de marketing Outros aspectos importantes são a formação de alianças com redes de empresas parceiras, aproximação do relacio- namento com as empresas fornecedoras e maior foco em segmentos de mercado. Os governos dos países também têm utilizado bastante essas estratégias, especialmente as de marketing social, para estimular aspectos como a preocupação com o meio ambiente, campanhas para desestimular o consumo de be- bidas, cigarro e o uso de drogas. O Brasil investe em campanhas desse tipo, como a de vacinação contra gripe, que utilizou diversos meios como outdoor, busdoor, anúncios de TV, e-mail marketing e mobiliário urbano para pro- mover a importância desse cuidado com a saúde pública, além de campanhas contra a tuberculose, o combate à dengue, ao uso do crack, entre outras. A concorrência representa apenas uma das forças no ambiente no qual as companhias atuam. O ambiente de marketing é constituído pelo microambiente, que Kotler (2005) chama de ambiente de tarefa, composto pelos par- ticipantes imediatos envolvidos na produção, na distribui- ção e na promoção das ofertas. São eles: 19 • • • • A empresa. Os fornecedores. Os distribuidores e revendedores. Os consumidores-alvo. Podemos incluir no grupo de fornecedores aqueles que ofertam às empresas materiais e serviços de pesquisa, propaganda, sites de internet, bancos, seguradoras, trans- portadoras e telecomunicações. Dentre os distribuidores .......................................................................................................... 20 Marketing essencial e revendedores estão os agentes, os corretores, os repre- sentantes de fabricantes e outros que venham a facilitar a busca dos clientes e suas vendas. As companhias e seus concorrentes promovem e vendem seus produtos e serviços por intermédio de mensagens e ações ao mercado, e todos são influenciados pelo chama- do ambiente macroambiental ou ambiente geral (demográ- fico, natural, tecnológico, econômico, político, geográfico, social, cultural, legal), cujas ações impactam diretamente os negócios e o público-alvo. Podemos relembrar do caso do terremoto seguido de tsunami no Japão, que parou a produção de indústrias, desde automóveis até as de tecnologia de ponta. O sucesso de uma empresa depende não somente de suas ações, mas também da forma como toda a cadeia de valor (logística, operações, marketing, vendas e serviços) servirá às necessidades do consumidor final. A Peugeot só pode vender carros de qualidade aos compradores se seus revendedores fizerem um bom serviço de venda e de pós-venda. A economia mundial vem atravessando mudanças radicais nas últimas décadas, com as distâncias geográficas e cul- turais “encurtadas” por meio da tecnologia de jatos, fax, e-mails, TVs via satélite e outras técnicas. As companhias se aproveitaram desse contexto e expandiram massiva- mente suas áreas de atuação, de compra de matéria-prima e de fabricação de produtos. ......................................................................................................... Análise do ambiente de marketing Algumas empresas enfrentam demandas em declínio, mas O Walmart é um 21 outras estão criando soluções para os novos problemas. Mui- tas estão encontrando maneiras de entregar mais por menos. Outra oportunidade de oferecer valor é a abertura de pontos de venda próprios dos fabricantes, transferindo a qualidade de seus produtos a lojas-conceito, onde os consumidores to- cam e experimentam livremente iPads, Vaios, smartphones Samsung, entre outros. Mas se por um lado há distribuição global de recursos, por outro há escassez e pobreza. As crises sucessivas têm deixa- do todos os países do mundo em dificuldades financeiras, empobrecendo e piorando a qualidade de vida de suas po- pulações. As necessidades das pessoas por bens e serviços são cada vez maiores, porém o poder aquisitivo vem caindo, inclusiveem países tradicionalmente ricos, como a França, os EUA e a Inglaterra. Muita gente vem perdendo seus empregos por causa de falta de qualificação e de cortes para redução de custos nas indústrias. Tais condições criam tanto problemas quanto oportunidades para os profissionais de marketing. dos maiores players do varejo mundial, oferecendo a premissa de vender mais barato do que a concorrência. .......................................................................................................... 22 Marketing essencial ESTRUTURA MERCADOLÓGICA E SUAS VARIÁVEIS O ambiente de marketing é constituído por diferentes ato- res e forças externas, que podem vir a afetar a capacidade de desenvolvermos e mantermos bons relacionamentos com nossos consumidores. A evolução de estratégias está fortemente ligada à importância de as empresas avaliarem não somente suas questões internas, mas também os as- pectos externos que as influenciam. Como exemplo, podemos citar a disputa pela liderança mundial em fabricação de automóveis entre a General Motors e a Toyota. Em 2007, a Toyota superou sua concorrente e se tornou a maior montadora do mundo com o lema“Um cliente é para sempre”. A empresa japonesa tornou-se líder porque, dentre diversos fa- tores, gastava menos horas de trabalho para fabricar um veículo, possuía fornecedores de peças com maior qualidade e menores preços e tinha valores corporativos sólidos. Enquanto isso, a GM tinha sintomas de acomodação, distancia- mento dos clientes e ausência de criatividade. Porém, apesar da “doença crônica”, o problema da GM tinha cura, que passava por uma revisão de seus processos para voltar a ser competitiva no mercado, então dominado pela concorrente japonesa. Mas, como o mundo é dinâmico e os problemas podem atingir a qualquer um e a qualquer hora, eis que a então líder Toyota é assolada por questões ambientais importantes que atingem dire- tamente os seus negócios. O primeiro baque se dá entre 2009 e 2010, quando a obsessão por corte de custos vem a solapar a qualidade de seus carros. A empresa sofre com os defeitos de fabricação nos pedais do ace- ......................................................................................................... Estrutura mercadológica e suas variáveis lerador que causam diversos acidentes, inclusive fatais, expondo uma face até então desconhecida da empresa: a ânsia de produzir automóveis tecnologicamente avançados, porém com falhas no controle de qualidade. Logo depois, em 2011, veio o terremoto que devastou o Japão e que causou problemas com fornecedores e peças de reposição. Houve uma queda de 23% na produção da Toyota no primeiro semestre daquele ano e a consequente perda da liderança para a GM, que, por sua vez, teve um aumento de 8,9% entre janeiro e junho de 2011, chegando a 4,53 milhões de veículos comercia- lizados. O Cruze foi o modelo mais vendido e o Silverado ficou em segundo lugar entre as picapes. A reestruturação financiada por recursos públicos dos EUA também permitiu à empresa redu- zir custos e obter o crescimento das vendas em todas as regiões onde atua. As relações que se estabelecem entre as companhias e os con- sumidores também não são isoladas. Como afirma Madruga et al. (2004), o contexto no qual ambos se inserem cria outros estímulos que podem vir a influenciar seu comportamento e suas percepções. Assim, para que nossa atuação seja mais duradoura e eficaz, devemos desenvolver uma visão sistêmi- ca do ambiente no qual as práticas de marketing ocorrem. Segundo Basta et al, “as atividades de marketing ocorrem no limiar da fronteira da organização com seus clientes, forne- cedores, intermediários, concorrentes, entidades públicas e privadas” (2006, p. 21). Ainda segundo esses autores, tais atividades se desenvolvem num ambiente de mudanças constantes, que podem ser internas (no âmbito organizacio- nal) e externas (nos âmbitos nacional e internacional). Os clientes são o foco central. As organizações bem-sucedidas têm o seu consumidor como o elemento central de sua estratégia de mercado. Os clientes podem ser pessoas físicas, organizações privadas ou estatais, ONGs e outros que estejam dispostos a com- prar bens e serviços. 23 .......................................................................................................... 24 Marketing essencial Quando inseridos no ambiente de marketing, os clientes representam uma oportunidade. Então, os profissionais de marketing serão os responsáveis por identificar o ta- manho e o potencial desse mercado: onde eles estão, quais suas necessidades e desejos atuais e futuros, quais seus hábitos de consumo e o grau de importância que dão aos diversos produtos e serviços ofertados. O ambiente organizacional é o espaço onde se dão as ati- vidades de marketing. Se a missão fundamental das em- presas é conhecer as necessidades dos clientes e satisfa- zê-las por meio de ofertas, devemos formular estratégias e ações táticas que levem a este resultado. O composto mercadológico ou mix de marketing define as decisões que abrangem estratégias de produtos e ser- viços, preços, promoção (comunicação) e praça (distribui- ção). Para serem implementadas, as ações táticas devem possuir uma forte interface com as outras áreas funcio- nais das organizações, tais como recursos humanos, fi- nanças, produção, tecnologia da informação, logística etc. O microambiente é formado por forças próximas à em- presa que afetam sua capacidade de servir seus clientes: a empresa, os fornecedores, os canais de marketing, os mercados dos clientes, os concorrentes e os públicos. Es- tes elementos fazem parte de um ambiente que é passível de intervenção e que as empresas podem influenciar dire- tamente, em maior ou menor grau. As eventuais ações no microambiente permitem às empre- sas operacionalizar seus diferenciais competitivos. ......................................................................................................... Estrutura mercadológica e suas variáveis Imagine que você é o dono de um posto de gasolina que busca atrair o segmento feminino. Quais são os aspectos de seu negó- cio que devem ser revistos para atrair essa clientela? A limpeza do local seria um dos aspectos relevantes. O atendimento con- fiável também, além da boa apresentação dos funcionários. Ofe- recer mimos como água e cafezinho seria outro ponto positivo. Os fornecedores são um grupo fundamental para o suces- so das estratégias de marketing das empresas. Isso por- que, para que as companhias possam atender ao mercado, devem possuir fornecedores confiáveis, que tenham pro- dutos e serviços de boa qualidade. Os fornecedores devem ser capazes de oferecer soluções diferenciadas que agre- guem valor ao produto ou serviço final das empresas. Os profissionais de marketing devem ficar atentos quanto a eventuais faltas de suprimentos que podem vir a preju- dicar as vendas no curto prazo e a satisfação do cliente a longo prazo. Devem também atentar aos eventuais au- mentos dos custos dos suprimentos, que podem forçar um aumento de preço e prejudicar o volume de vendas das companhias. Os canais de marketing seriam os atacadistas, os distri- buidores e varejistas, cuja função é fazer chegar às mãos dos consumidores os produtos e serviços produzidos pe- los fabricantes. As empresas devem ter um bom relacio- namento com seus canais para que possam otimizar seu sistema de distribuição até o cliente final. Os clientes são os consumidores reais e potenciais de determinado produto ou serviço. Devemos conhecer as características, as preferências, o comportamento, os va- lores e expectativas desse grupo para que possamos me- lhor atendê-los. Cada tipo de segmento de cliente possui 25 .......................................................................................................... 26 Marketing essencial aspectos especiais e únicos que exigem um cuidadoso es- tudo de nossa parte. Os concorrentes exercem forte influência na participaçãode mercado, na lucratividade e na viabilidade de qualquer negócio. Devemos realizar uma análise da concorrência para que possamos formular as estratégias competitivas, prevendo a evolução de cada principal concorrente ao lon- go dos anos, além de considerar a eventualidade de novos entrantes ou produtos substitutos. Os diferentes públicos são qualquer grupo que tenha in- teresse na companhia ou que possa causar algum impacto na capacidade das empresas de alcançar seus objetivos. Aqui se enquadram os bancos, mídias, organizações de consumidores, grupos ambientalistas, acionistas, gover- no, organizações comunitárias, público interno (os cola- boradores), entre outros. Já o macroambiente consiste de forças sociais que afetam o microambiente – as forças demográficas, econômicas, socioculturais, político-legais, naturais e tecnológicas. Es- sas forças se apresentam como oportunidades, mas tam- bém como ameaças para as companhias, pois são fatores externos às empresas sobre os quais elas não têm qual- quer controle. Tudo o que as companhias podem fazer é tentar compreender essas mudanças externas a fim de que possam gerenciar as estratégias atuais e futuras. Assim, fazemos análises regulares das tendências e dos impactos em termos de oportunidades e riscos, das principais variá- veis macroambientais. Essas análises podem vir a resultar em novas alianças estratégicas, desenvolvimento de novos ......................................................................................................... Estrutura mercadológica e suas variáveis produtos e serviços, atendimento de novos segmentos e desenvolvimento de novas tecnologias. Podemos exemplificar essas forças da seguinte maneira: 27 • Demográficas: reúnem o estudo da população em termos de escolaridade, idade, sexo, raça, renda, ocupação, tamanho, entre outros. Segundo uma pesquisa publicada pela consultoria Data Popular, [Íconeos consumidoresExemplo:das classes C, D e E estariam mais propensos a comprar eletrônicos do que os de alta renda. A mesma pesquisa apontou que a classe C compraria mais eletrodomésticos e mó- veis se sua renda dobrasse. Esta é uma informação estratégica para, por exemplo, os fabricantes de eletroeletrônicos como Con- sul e Sony e igualmente para os revendedores desses bens, como Casas Bahia e Fast Shop. • Econômicas: são os fatores que afetam o poder de compra e os padrões de consumo dos consumidores. Os índices de inflação e os juros são determinantes. Quando os índices estão baixos e estáveis, há mais crédito na praça e as pes- soas financiam seus bens de necessidade ou desejo. As empresas podem, então, ampliar suas linhas de produto e aumentar seus preços, seus esforços de comunicação e distribuição, além de ofe- recer serviços agregados. • Sociocultural: envolve os aspectos ligados à cul- tura que afetam os valores básicos, percepções, comportamento e preferências das sociedades. Duas manifestações tipicamente brasileiras e que têm influência sobre a demanda por certos produtos ou serviços são o futebol e o carnaval. Durante a Copa do Mundo, por exemplo, a demanda por camisas oficiais das seleções tem um aumento considerável, assim como no carnaval há aumento da demanda por quartos de hotéis nas principais cidades festivas do país. .......................................................................................................... 28 Marketing essencial • Político-legal: reúne as leis, agências governa- mentais e grupos de pressão que influenciam as organizações e os indivíduos nas sociedades. As empresas devem seguir os preceitos legislativos em todas as esferas. A privatização de empresas brasileiras, como a Embratel e a Vale, provocou a formação de parcerias e a busca por investimentos de diferentes grupos que passaram a ter o controle desses negócios. A privatização trouxe consigo a modernização desses serviços e a possibilidade de escolha por parte do consumidor em termos de preço e qualidade, aumentando consequentemente a competi- ção nesses mercados. • Naturais: são os recursos naturais utilizados como insumos e que são afetados pelas atividades de marketing. Aspectos como a escassez de matéria-prima, aumento do custo de energia e aumento da poluição impactam diretamente nos negócios das empresas. Hoje, as preocupações ambientais são um assunto mundial de grande importância e interesse, tanto para as companhias quanto para o público em geral. • Tecnológicas: aspectos relacionados às tecnolo- gias dos produtos e da produção que afetam a eco- nomia do setor. As empresas devem decidir quanto a investimentos em pesquisa e desenvolvimento e sobre adotar ou não novas tecnologias, devido a mudanças de hábitos e padrões de consumo. Companhias aéreas como a TAM e a Gol passaram a disponibilizar internet wi-fi em seus voos, além da possibilidade de fazer liga- ções por meio de telefones integrados às aeronaves. Todas as empresas operam dentro do ambiente de marke- ting, que consiste em fatores e forças que podem afetar a ......................................................................................................... Estrutura mercadológica e suas variáveis capacidade das empresas de interagir de maneira efetiva com o seu mercado-alvo. As mudanças nesses ambientes significam que pode haver novas necessidades e desejos do consumidor a serem atendidos, e aos quais nós deve- mos ficar atentos. Neste capítulo, tratamos da definição de marketing e suas demandas contemporâneas. Marketing não trata apenas de técnicas de vendas e propa- ganda; estas são apenas duas de suas muitas funções. As empresas devem ser capazes de identificar e analisar de- terminados segmentos de mercado que serão satisfeitos a partir de ações de marketing. O fator mudança é um componente comum no mundo dos negócios contemporâneos e a velocidade com a qual os avanços acontecem cria constantemente novos comporta- mentos e novos desafios. O ambiente de marketing nos oferece oportunidades e ameaças, e as companhias mais bem-sucedidas são aque- las que observam e adaptam-se às mudanças constantes do ambiente. 29 .......................................................................................................... 30 Marketing essencial REFERÊNCIAS BASTA, Darci et al. Fundamentos de marketing. Rio de Janeiro: FGV, 2006. BOONE, Louis; KURTZ, David L. Marketing contemporâ- neo. São Paulo: Cengange Learning, 2006. KOTLER, Philip. Marketing Essencial. São Paulo: Prentice Hall, 2005. Administração de marketing: análise, planejamen- to, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1993. ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. Rio de Ja- neiro: Prentice Hall do Brasil, 2008. LIMA, Miguel et al. Gestão de marketing. Rio de Janeiro: FGV, 2007. MADRUGA, Roberto P. et al. Administração de marketing no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: FGV, 2004. PORTER, Michael. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2009. ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção CAPÍTULO 2 MARKETING MIX 31 Este capítulo trata do composto de marketing ou marketing mix, os chamados 4Ps: produto, preço, praça e promoção. Veremos questões acerca dos tipos de produto, serviços e marcas, estratégias de fixação de preço, os diferentes tipos de praça e os elementos que compõem a promoção. Estuda- remos também aspectos relacionados à demanda de bens e serviços, além de entender como se dá a satisfação do consumidor. .......................................................................................................... 32 Mix de marketing O conceito foi formulado em 1960 por Jerome McCarthy em seu livro Basic Marketing. Marketing mix DESENVOLVIMENTO DO MARKETING MIX: PRODUTO, PREÇO, PRAÇA E PROMOÇÃO O composto de marketing, também conhecido como mix de marketing oumarketing mix, é uma combinação de ingredientes que os profissionais de marketing utilizam para atingir seus objetivos de mercado. O mix de marketing é formado por um conjunto de variá- veis controláveis, podem influenciar a forma como os con- sumidores respondem às ações de mercado e é composto pelos chamados 4Ps: • • • • Produto ou Serviço. Preço. Praça ou Distribuição. Promoção ou Comunicação. Uma vez compreendido o ambiente de marketing, seus fatores micro e macroambientais que impactam o nosso negócio, segmentado o mercado onde atuaremos e defi- nido o nosso posicionamento a partir das oportunidades apresentadas, devemos elaborar o composto de marke- ting. Esse composto dependerá dos objetivos de mercado de cada empresa, do orçamento disponível e da análise do ambiente. ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção Produto Veremos agora do que se trata o produto. De acordo com Kotler (2007), os produtos incluem bens tangíveis, servi- ços, experiências, eventos, pessoas, lugares, ideias, infor- mações, organizações e propriedades. O cliente fará suas escolhas a partir de três aspectos básicos: 33 • • • Características e qualidade do produto. Qualidade dos serviços. Preço apropriado. Produtos são mais do que conjuntos de aspectos tangíveis; são pacotes de benefícios que satisfazem o consumidor. Daí a importância de identificar as necessidades e os dese- jos dos clientes para que possamos desenvolver produtos adequados ao nosso mercado-alvo. Assim, projetamos um produto real e descobrimos manei- ras de ampliá-lo para que possamos criar um pacote de benefícios que atraia o consumidor e nos traga vantagem competitiva, nos diferenciando da concorrência. Para que possamos elaborar nossas ofertas ao mercado, devemos pensar em três níveis de valor, cada um agregan- do algo para o cliente. O primeiro nível é o produto básico, que diz respeito a o quê o consumidor está realmente com- prando, à finalidade do produto. Alguém que compra uma furadeira está na verdade querendo buracos. E uma mulher que compra um batom quer uma cor para os lábios. Esses são os benefícios básicos desses produtos. Depois devemos criar um produto real a partir daquele produto básico, que apresentará uma certa qualidade, .......................................................................................................... 34 Marketing mix uma embalagem, um design e uma marca que atenderá às necessidades e aos desejos dos clientes. Como exemplo, um smartphone é um produto real, com nome, peças, es- tilo e outros atributos. Por fim, devemos criar um produto ampliado partindo do produto básico e real, e oferecendo serviços e benefícios adicionais, tais como: garantias, internet grátis, assistên- cia técnica, entre outros. Como podemos perceber, produtos são muito mais do que simples conjuntos de aspectos tangíveis, pois são comple- xos pacotes de benefícios que satisfazem o consumidor. Para que possamos desenvolver produtos adequados ao nosso mercado-alvo, devemos, primeiramente, identificar quais são as necessidades básicas do cliente. Então, pode- remos projetar um produto real e depois descobrir meios de ampliá-lo a fim de criar um pacote de benefícios que atraia o consumidor e nos diferencie da concorrência. Figura 2: Níveis de produto. Adaptado de: KOTLER, 1998. ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção Classificação dos produtos Devemos, enquanto profissionais de marketing, saber classificar com base em duas características: produtos de consumo e produtos industriais. Os produtos de consumo são aqueles de consumo pes- soal e incluem: 35 • Produtos de conveniência: comprados com fre- quência, imediatamente e com mínimo esforço. Ex.: jornais, balas e pilhas. • Produtos de comparação: comprados com me- nos frequência e cuidadosamente comparados em termos de qualidade, adequação, preço e modelo. Ex.: móveis, roupas e eletrodomésticos. • Produtos de especialidade: possuem caracterís- ticas singulares ou identificação de marca. Ex.: auto- móveis, máquinas fotográficas e telefones celulares. • Produtos não procurados: os consumidores não conhecem ou, normalmente, não pensam em com- prá-los. Ex.: seguro de vida, detectores de fumaça e ratoeiras. Os produtos industriais são aqueles para serem processa- dos ou usados nos negócios. Incluem: • Materiais e peças: são parte do produto de um fabricante por meio do processamento ou como componente. Ex.: matérias-primas (trigo, petróleo), materiais manufaturados (cimento, cabos) e peças (pneus, pequenos motores). • Itens de capital: fazem parte da produção ou das operações do comprador. Ex.: instalações (fábricas, .......................................................................................................... 36 Marketing mix escritórios), equipamentos fixos (computadores, elevadores) e equipamentos acessórios (ferramen- tas, caminhões). • Suprimentos e serviços: bens e serviços de curta duração que facilitam o desenvolvimento e a admi- nistração dos produtos acabados. Ex.: papel de com- putador, caneta, reparo e manutenção e consultoria empresarial. Decisões de produto Dentre as principais decisões relativas à gerência de pro- dutos, estão: marca, design, embalagens e rótulos. • Marca: termo, nome, símbolo ou qualquer ou- tra característica que identifique um produto ou serviço de um determinado vendedor e sirva para diferenciá-lo de seus concorrentes. Representa o conjunto de fatos, sentimentos, atitudes e valores que ajudam na tomada de decisão do consumidor. É uma espécie de promessa e apresenta uma garantia de qualidade. Possui atributos (durável, alto preço, velocidade), benefícios (Natura – “bem-estar”), valo- res (ética, respeito) e personalidade real ou deseja- da (bem com a vida, bem-sucedido). • Design: valoriza o produto e pode ser um dife- rencial competitivo importante. Um bom design pode atrair a atenção, aumentar o desempenho do produto e baixar os custos de produção. • Embalagem: é o invólucro do produto ou o reci- piente, e inclui o rótulo. As decisões sobre embalagem devem levar em consideração os custos e a produção. Sua função primordial é conter e proteger o produto. É uma importante ferramenta de marketing. Atrai a atenção, descreve o produto e pode realizar a venda. ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção Enquanto profissionais de marketing, devemos tomar deci- sões também quanto às linhas de produto, ou seja, grupos de produtos semelhantes, vendidos para um mesmo grupo de consumidores e que são vendidos nos mesmos pontos de venda ou estão dentro de uma mesma faixa de preço. A Adidas produz diversas linhas diferentes de tênis e a Samsung produz vários tipos diferentes de linhas de celulares. Pensando nas linhas de produto, devemos fazer a análise quanto a eventuais extensões de linha de produtos. As empresas gerenciam suas linhas ampliando-as ou preen- chendo-as. A BMW está posicionada na faixa de preço alto do mercado. A ampliação da linha ocorre quando a empresa expande sua linha de produto além de sua faixa corrente. Pode ampliar para baixo (para cobrir um espaço no mercado, por exemplo, como a Toyota fará com o lançamento do Etios) ou para cima (para obter maiores lucros, por exemplo, como na compra da Land Rover pela indiana Tata Motors). Podemos, também, ampliar a linha de produtos para os dois sentidos, se estiverem na faixa média do mercado. A rede de hotéis Accor, que possui a marca de baixo custo Ibis, de médio custo Mercure e de custo médio-alto Novotel. Finalmente podemos ampliar a linha de produtos acres- centando itensao alcance atual, preenchendo a linha. O lançamento de uma câmera fotográfica à prova d’água pela Sony, para obter lucros extras. 37 .......................................................................................................... 38 Marketing mix Marcas Hoje, num ambiente altamente competitivo e de difícil dis- tinção entre a qualidade dos produtos e serviços, a marca tornou-se um elemento de grande valor. As pessoas ten- dem a desenvolver laços de união e fidelidade junto às marcas, que diferenciam os produtos e serviços e criam vantagens competitivas. As marcas comunicam promes- sas que devem resultar na satisfação do cliente. A marca de tênis Mizuno comunica desempenho e conforto na corrida, já a marca Olympikus comunica apoio ao esporte e ves- tuário casual. A marca pode ser um nome, um termo, um design, um símbolo ou qualquer outra característica que venha a identificar um produto ou serviço. Para o consumidor, é o resumo da experiência de valor que será vivida por ele ao comprar e usar determinada marca. Possuir marca pressupõe grandes investimentos no seu gerenciamento (o termo branding, em inglês). A gestão de marcas, ou branding, é orientada pelo posicionamen- to desejado para o produto ou serviço e implementado por meio das ações relativas ao composto de marketing (os 4Ps). Podemos explorar os aspectos funcionais de uma marca (por exemplo, enfatizando a qualidade dos bas- tões de algodão Cotonete), os aspectos econômicos (por exemplo, enfatizando o preço mais baixo do sabão em pó Surf), os aspectos de imagem (por exemplo, enfatizando na comunicação dos refrigerantes Sprite “sede é tudo”) ou os aspectos de experiência proporcionada (por exemplo, enfatizando os voos pontuais da companhia aérea TAM). ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção Podemos ter marcas do fabricante (ex.: Toddy, Pinho Bril e Brahma), marcas próprias dos revendedores (ex.: Taeq, Carrefour e Aro) ou marcas genéricas que recebem o nome de sua classe (arroz, óleo, paracetamol). Enquanto gestores de marketing, devemos desenvolver significados duradouros e profundos para as marcas. De- vemos desenvolver estratégias que mantenham ou fortale- çam a consciência da marca e sua percepção de qualidade ou utilidade. Para isso, é necessário um investimento con- tínuo, uma comunicação coerente e um bom atendimento aos parceiros varejistas e ao consumidor final. Preço Todas as organizações que visam ao lucro e outras sem fins lucrativos devem determinar preços para suas ofertas de bens e serviços. De acordo com Kotler (2007), nós estabelecemos os preços quando: desenvolvemos novos produtos, lançamos nossos produtos habituais em novos canais de distribuição ou em novos territórios, e para participar de licitações. De acordo com Basta et al. (2006), para tomar suas deci- sões de preço as organizações utilizam: 39 • Mark-ups: análise dos custos inerentes à produ- ção, comercialização, distribuição e divulgação dos produtos e serviços, além da margem de lucro pre- tendida. • Preço-teto: o quanto o mercado está disposto a comprar pelo produto e ajuste dos custos e lucros. .......................................................................................................... 40 Marketing mix • Percepção de valor: o custo x benefício perce- bido pelos clientes, considerando os descontos, as garantias, a assistência técnica, os brindes etc. A fixação de preços é um processo dinâmico, quando de- vemos pensar em valores que cubram todos os custos en- volvendo o produto ou serviço e ainda trazer lucro para as empresas, para que possam continuar desenvolvendo seus ciclos mercadológicos. É uma estrutura que muda ao longo do tempo, e que deve ser ajustada de acordo com os diferentes mercados e si- tuações. O apreçamento de produtos e serviços assemelha-se a uma espiral que percorre perpassando por metodologias, pesquisa e inteligência competitiva para o mapeamento dos custos, da demanda, da concorrência, além do consu- midor. Devemos analisar estes aspectos, testá-los, defini- -los e redefini-los. Praça/Distribuição Enquanto profissionais de marketing, devemos tomar decisões sobre como tornar os bens disponíveis para os clientes, da maneira e quando eles quiserem. Segundo Lima et al., os canais de marketing ou de distri- buição são “o conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar um produto, mercadoria ou serviço disponível para uso ou consumo” (2007, p. 72). Podemos nos referir à distribuição em um destes aspectos ou a ambos: ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção 41 • Canais de marketing: processos que permitem a circulação dos produtos, serviços, recursos e infor- mações entre as empresas e os clientes. Podem ser canais de venda, telemarketing, mala-direta, inter- net, entre outros. Ex.: promotoras da Natura. • Distribuição: é a movimentação efetiva dos pro- dutos, em termos de custo, quantidade e prazo até o local desejado pelo comprador ou usuário. Pode ser distribuição física ou de serviços. Ex.: o varejista Carrefour, o atacadista Makro e o ponto de venda do serviço de depilação Pello Menos. Para que possamos atingir nosso mercado-alvo, de acordo com Madruga et al. (2004), podemos nos utilizar dos se- guintes canais de marketing: • Canais de comunicação: onde transmitimos e re- cebemos as mensagens e a comunicação vindas das empresas por meio do rádio, da TV, dos jornais e revistas, do telefone e da internet. • Canais de venda: onde realizamos as transações com nossos clientes em potencial; são os revende- dores, as distribuidoras, os bancos e as companhias de seguro, entre outros. • Canais de relacionamento: são as vias de mão dupla, como os call-centers e a internet, onde o con- sumidor recebe informações sobre a oferta e pode fazer o pedido para receber o produto. De acordo com Ferrell (apud MADRUGA et al., 2004), há três estratégias básicas de distribuição em relação ao mer- cado e à exclusividade definida entre fornecedores e com- pradores: .......................................................................................................... 42 Marketing mix • Distribuição exclusiva: quando um só estabele- cimento vende o produto ou serviço em determina- da região. Em alguns casos há a necessidade de se manter o prestígio do produto ou serviço e o respei- to às políticas comerciais do fabricante. Ex.: auto- móveis Audi e joias H.Stern. • Distribuição seletiva: quando vários estabele- cimentos vendem o produto ou serviço numa de- terminada região. Algumas vezes os produtos e serviços têm alguma diferenciação em relação à concorrência, e é importante fazer uma boa esco- lha quanto ao intermediário, que deve possuir uma imagem compatível com o produto ou serviço. Ex.: franquias de produtos de beleza O Boticário. • Distribuição intensiva: quando a venda do produ- to ou serviço se dá no maior número possível de es- tabelecimentos, em determinada região, com maior exposição e oportunidade de vendas. Geralmente, são produtos de conveniência e/ou de baixo valor unitário. Ex.: chicletes Adams e cigarros Marlboro. Como coloca Kotler (1998), do ponto de vista do produtor, quanto maior o número de canais intermediários, menor o o controle e maior a complexidade da distribuição. As companhias podem vender seus produtos e serviços diretamente aos consumidores finais usando canais dire- tos. A venda é realizada ao consumidor pela empresa fa- bricante e por intermédio de uma força de vendas, como a Natura. Podem também utilizar intermediários, que permitem às empresas economias de escala (vendas feitas em grandes quantidades), além de ter o produto ou serviço presente .........................................................................................................Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção em locais distantes das fábricas ou matrizes. O uso de in- termediários pode permitir também a redução dos custos logísticos com estoque, armazenagem e transporte. Nos mercados de consumo, quem faz o papel do intermediá- rio é o varejista. A Sony produz câmeras fotográficas digitais e as vende para as Ca- sas Bahia que, por sua vez, as revendem aos consumidores finais. Os atacadistas podem ser um segundo intermediário nes- sa distribuição. Um fabricante como a Unilever produz sabão em pó e vende para um atacadista como Roldão ou Assaí, que por sua vez revende o sabão em pó para pequenos comerciantes, até chegar ao consu- midor final. Por intermédio de uma distribuição bem estruturada, po- demos ter o potencial para diminuir os custos e aumentar a satisfação do cliente. Promoção/Comunicação Como coloca Kotler (1998), o marketing moderno exige mais do que tão somente desenvolver bons produtos e serviços, colocá-los à disposição do mercado-alvo e definir preços atrativos. As empresas modernas precisam tam- bém saber comunicar-se com seus diferentes públicos, passando por seus intermediários, clientes e a sociedade em geral. O composto de promoção/comunicação, também chama- do de mix de promoção, ou mix de comunicação de marke- ting, consiste das seguintes ferramentas: 43 .......................................................................................................... 44 Marketing mix • • • • • Propaganda. Promoção de Vendas. Relações Públicas. Vendas Pessoais. Marketing Direto. AIDA Atrair a Atenção, manter o Interesse, despertar o Desejo e obter a Ação. Segundo Kotler (1998), para que possamos desenvolver um programa de comunicação que atinja de maneira efi- caz o mercado, devemos seguir os seguintes passos: 1. Identificar o público-alvo: avaliar a imagem atual da empresa, de seus produtos e serviços e da con- corrência. Devemos avaliar a eventual familiaridade do público com o produto ou serviço, e como se sen- te em relação a eles. 2. Determinar a resposta desejada: devemos deter- minar se desejamos reações cognitivas (despertar a atenção para o lançamento de um novo modelo de automóvel), afetivas (despertar o desejo ou a simpa- tia por um produto) ou comportamental (uma ação de compra). 3. Desenvolver a mensagem: a mensagem deve ser eficaz e desenvolvida por meio da estrutura AIDA. Devemos resolver três questões aqui: o quê dizer (conteúdo – ex.: a IBM comunica qualidade e me- lhoria de processos na aquisição de seus sistemas), como dizer (estrutura) e como dizer simbolicamen- te (formato – ex.: combinar teasers virais na internet com comerciais de TV). 4. Selecionar a mídia: seleção dos canais de comu- nicação, que podem ser pessoais (ex.: equipe de ven- ......................................................................................................... Desenvolvimento do marketing mix: produto, preço, praça e promoção das) e impessoais (ex.: mídia impressa, rádio, TV, outdoor, eventos, sites da web etc.). 5. Selecionar a fonte da mensagem: devemos es- colher uma fonte que tenha credibilidade junto ao público-alvo (ex.: a revista Quatro-Rodas, o intervalo comercial do Jornal Nacional, a atriz Angelina Jolie para divulgar um produto de beleza etc.). 6. Coletar o feedback: após enviarmos a mensagem, devemos pesquisar se houve efeito junto ao público- -alvo, perguntando se eles lembram da mensagem, quantas vezes a viram, suas opiniões etc. Devemos medir também se compraram o produto ou serviço anunciado, se falaram com outros sobre ele ou se vi- sitaram a loja. Como as empresas determinam seu orçamento nos investimentos em comunicação? Segundo Lima et al. (2007), os gestores de marketing de- vem determinar seu budget dentre os seguintes métodos: 45 • Método do percentual de vendas: baseado numa porcentagem determinada das vendas efetivas ou estimadas. • Método do valor fixo por unidade: aloca um valor fixo para as comunicações baseado em cada unida- de de produto ou serviço vendido ou produzido. • Método baseado na concorrência: determina quanto a concorrência está gastando e orçamos nosso gasto na mesma quantia ou certa parcela. • Método da disponibilidade de recursos: baseado no que julgamos que podemos gastar, a partir da receita total e da dedução dos custos. .......................................................................................................... 46 Marketing mix • Método do objetivo-tarefa: especifica os objeti- vos de comunicação, determina as tarefas necessá- rias para atingir esse objetivo e estima o custo da execução dessas tarefas. Depois de definido o orçamento total, devemos dividi-lo entre as ferramentas promocionais (propaganda, promo- ção de vendas, RP e venda pessoal). Cada empresa projeta à sua maneira seus investimentos em cada ferramenta. A Natura gasta grande parte de seu orçamento em venda pessoal e por catálogo, enquanto a M.A.C. gasta mais em propaganda para os consumidores finais e em seus pontos de venda (PDV). Hoje as empresas adotam mais mídias e mixes de pro- moção, porém, mais fragmentados em termos de público- -alvo. Para isso, é importante utilizarmos os conceitos de Comunicações Integradas de Marketing, a partir dos quais podemos integrar todas as fontes de comunicação das companhias e emitir uma mensagem clara e consistente aos nossos mercados-alvo. ......................................................................................................... Estudos de demanda ESTUDOS DE DEMANDA As necessidades do ser humano são o ponto principal de estudo para as eventuais ações de marketing. Isso porque todas as pessoas possuem necessidades, que vão desde as mais básicas, como beber e comer, até a realização de de- sejos, como fazer viagens de luxo ou possuir bens caros. Kotler (1993) diz que a demanda seria o desejo de produ- tos específicos, apoiado na habilidade e vontade de com- prá-los. As empresas, então, devem medir não apenas o número de pessoas que querem o produto, mas também, e principalmente, medir o número daqueles que, de fato, podem adquiri-lo. O mercado é um grupo (ou segmento) de pessoas com necessidades e desejos semelhantes e que visam a um de- terminado produto ou serviço. Identificado este mercado ou segmento, devemos estabelecer relacionamentos sau- dáveis com os consumidores e construir redes entre nos- sos stakeholders. Um aspecto relevante quando falamos de estudos de de- manda é a tarefa de identificar mudanças macroambien- tais significativas, especialmente as eventuais oportu- nidades e ameaças geradas por variáveis incontroláveis. Vejamos algumas delas: 47 Stakeholders Em português, parte interessada ou interveniente. É um termo usado em diversas áreas referindo-se às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa. • Ambiente demográfico: crescimento da popula- ção, mudanças na faixa etária, níveis de instrução, migrações, entre outros. .......................................................................................................... 48 Marketing mix • Ambiente econômico: distribuição de renda, poupança, nível de endividamento, disponibilidade de crédito. • Ambiente natural: escassez de matérias-primas, custo da energia, níveis de poluição etc. • Ambiente tecnológico: mudanças e quebras de paradigmas tecnológicos, oportunidades de inova- ção e regulamentação. • Ambiente político-legal: leis que regulamentam as práticas empresariais, influência de grupos de in- teresse, produtos e serviços como ícones de valores e cultura. De acordo com Kotler (1993), troca é o conceito que defi- ne o marketing. Ainda segundo o autor, para que a troca aconteça há cinco condições: • • Haver pelo menos duas pessoas. Cada pessoa deve ter alguma coisa que seja de valor para outra. • • Cada pessoa seja capazde comunicar e trocar. Cada pessoa tenha a liberdade de aceitar ou re- jeitar a oferta. • Cada pessoa acredite que é apropriado e desejá- vel negociar com a outra. As organizações orientadas para o marketing estão cons- tantemente voltadas ao mercado, suas tendências e fa- tores influenciadores. Essas empresas se preocupam em segmentar o mercado, satisfazer as necessidades e os de- sejos dos consumidores, integrar as ações de marketing em todos os departamentos e gerar rentabilidade para o negócio por intermédio de seu plano estratégico. ......................................................................................................... Estudos de demanda Kotler (1993) aponta os diferentes estados da demanda: 1. Demanda negativa: o mercado não gosta do pro- duto e até pagaria um preço para evitá-lo. Ex.: tra- tamentos dentários e seguros de vida. O marketing deve analisar o motivo da rejeição e redesenhar o produto ou serviço, baixar seu preço ou realizar pro- moções para mudar essa crença. 2. Demanda inexistente: os consumidores estão in- diferentes ao produto ou serviço. Ex.: os universitá- rios estão desinteressados em novas tecnologias de aprendizado. O marketing deve, então, encontrar be- nefícios que venham ao encontro de seus interesses e necessidades. 3. Demanda latente: forte necessidade do mercado por determinado produto ou serviço que não pode ser satisfeita. Ex.: carros com motor potente, porém econômicos. O papel do marketing é medir o poten- cial de cada mercado e desenvolver produtos e servi- ços que os atendam. 4. Demanda declinante: queda na procura por um determinado produto ou serviço. Ex.: a indústria do refrigerante e a “geração-saúde”, o aluguel de filmes em locadoras e o advento da TV a cabo. O profissio- nal de marketing deve entender os motivos de de- clínio e verificar se a demanda pode ser revigorada por intermédio de novos mercados-alvo, mudança na oferta, ou melhor, na comunicação. 5. Demanda irregular: sazonalidade da procura pelo produto ou serviço. Ex.: os museus ficam vazios duran- te a semana e lotados nos fins de semana. O marketing deverá aplicar o chamado marketing de sincronização a fim de encontrar alternativas para horários, dias da semana ou estações do ano a partir de preços mais fle- xíveis, promoções e outros incentivos. 49 .......................................................................................................... 50 Marketing mix 6. Demanda plena: as organizações estão satisfeitas com o volume movimentado em seu negócio. Ex.: fa- bricantes de TV. O marketing deverá manter o nível atual mesmo diante de mudanças de preferência do cliente ou da ação da concorrência. 7. Demanda excessiva: excesso na procura. Ex.: nos finais de semana, as vias expressas para o litoral têm volume de pessoas circulando maior que a sua capacidade. O papel do marketing é praticar o de- marketing, ou seja, reduzir a demanda a partir de segmentos e desencorajar clientes menos rentáveis a consumir. 8. Demanda indesejada: procura por produtos que fazem mal à sociedade. Ex.: filmes censurados e ci- garro. O marketing deverá buscar estratégias que evitem esse consumo, utilizando mensagens atemo- rizantes, preços altos e pouca disponibilidade do produto ou serviço. Como vimos, o marketing tem como tarefa influenciar o nível, o tempo e a composição da demanda de maneira que a organização alcance seus objetivos mercadológicos. Eventualmente, o nível de demanda pode ser menor ou maior do que o nível desejado, e pode também não haver nenhuma demanda, uma demanda fraca, ou excessiva, e é o profissional de marketing quem deve saber enfrentar essas diferentes situações. ......................................................................................................... Criação da satisfação do consumidor por meio de qualidade, serviços, valor e CRM CRIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR POR MEIO DE QUALIDADE, SERVIÇOS, VALOR E CRM O processo de marketing pressupõe entender as necessida- des e os desejos dos clientes a fim de que possamos elaborar estratégias orientadas para o consumidor, desenvolvendo re- lacionamento com ele e capturando “valor” para a empresa. As companhias mais bem-sucedidas dos dias de hoje são aquelas que são voltadas para o cliente e comprometidas com os princípios do marketing. Essas empresas foram capazes de compreender as deman- das reais dos seus consumidores e são capazes também de motivar seus colaboradores a ajudar a desenvolver re- lacionamentos duradouros com seus clientes. Elas forne- cem ao seu público-alvo satisfação e valor superior. Para marketing, valor pode ser considerado custo x benefício, ou seja, aquilo que o consumidor pode ou quer pagar ver- sus aquilo que ele quer ou terá em troca em termos de necessidade e desejo. Se a identificação do “valor adequado” para cada segmen- to de consumidores é a chave para o sucesso, como po- demos identificar as maneiras de criar mais valor para os clientes? Para responder a esta pergunta, o professor de Harvard e consultor de estratégia Michael Porter propõe a análise da cadeia de valor. 51 .......................................................................................................... 52 Marketing mix No conceito da cadeia de valor de Porter, devemos identi- ficar o desempenho dessas várias atividades necessárias para executar nossos negócios (chamadas de “atividades de valor”), buscando um constante aperfeiçoamento. Devemos avaliar também os custos de cada atividade, além do desempenho e dos custos de nossos concorren- tes. Quando pudermos realizar algumas atividades melhor do que o nosso concorrente, poderemos obter vantagens competitivas. Todas as empresas possuem um conjunto de atividades que são especialmente desenvolvidas para projetar, pro- duzir, distribuir e promover seus produtos e serviços. Es- sas atividades são divididas entre primárias e de apoio. Veja como essas atividades são divididas: O valor gerado pela empresa é mensurado a partir do preço que os consumidores estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço. Segundo Porter (2009), o negócio só será rentável se o valor que criamos é superior ao custo ......................................................................................................... Criação da satisfação do consumidor por meio de qualidade, serviços, valor e CRM do desempenho das atividades de valor. E para que ob- tenhamos vantagem competitiva em relação aos nossos concorrentes, precisamos desempenhar essas atividades a um custo inferior ou executá-las de maneira a promover uma diferenciação que possa justificar preços mais altos (mais valor). De acordo com Kotler e Armstrong (2008), a função do marketing é administrar relacionamentos lucrativos com o cliente, proporcionando-lhes satisfação, e atrair também novos clientes, prometendo-lhes valor superior. É certo que hoje os clientes se deparam com uma grande variedade de produtos, serviços, marcas e preços. Então, como o consumidor faz as suas escolhas? Eles certamente escolhem aquela oferta que lhes proporciona mais valor. Se os consumidores criarem certas expectativas de valor, qual é a probabilidade deles ficarem satisfeitos e efetuarem novas compras daquele produto ou serviço? Bem, dependerá de a oferta de valor atender ou não às suas expectativas. A companhia aérea inglesa Virgin Atlantic possui como objetivo mercadológico “prover a todos os tipos de viajantes o maior nível de qualidade com o menor custo relativo”. Os clientes da Virgin sempre esperam o melhor serviço da companhia, que inclui qua- lidade da comida, conforto, inovações tecnológicas e treinamen- to dos funcionários. A companhia tem estratégias que sustentam sua reputação de qualidade, tal como a manutenção de seu re- lacionamento com os clientes das classes executivas e 1ª classe, considerados formadores de opinião e os maiores geradores de 53 ..........................................................................................................54 Marketing mix lucratividade. Os “mimos” para esses clientes incluem oferecerem as melhores salas VIP dentre as dos concorrentes, maior espaço entre as poltronas e entretenimento de primeira linha a bordo. A Virgin Atlantic também implementou políticas voltadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, introduzindo programas de reciclagem a bordo de seus aviões e em seus escritórios pelo mundo. Tais medidas, segundo a empresa, são voltadas à cons- ciência ambiental, além de reduzir os custos e também permitir que a Virgin possa realizar assistência a diversas instituições de caridade. Tudo isso é valor para o perfil de consumidor desta companhia aérea. Como já vimos, um dos conceitos básicos de marketing é o entendimento das necessidades e dos desejos dos indivíduos. De acordo com Kotler e Armstrong (2008), as necessidades humanas têm origem na privação percebida e incluem as necessidades físicas básicas como alimen- to, vestuário, abrigo e segurança, pertencimento a grupos de afeto e necessidades de conhecimento e expressão de ideias e sentimentos. Estes são os elementos básicos da condição humana. Já os desejos, ainda segundo os autores, são as formas que as necessidades humanas assumem quando “molda- das” pela cultura e pela personalidade de cada indivíduo. Todos precisamos comer, mas qual seria a preferência por comi- da para um brasileiro e um norte-americano? Um brasileiro vai desejar comer um bife com feijão e arroz, já o norte-americano desejará um hambúrguer com fritas e refrigerante. Os desejos, quando apoiados pelo poder de compra, tor- nam-se demandas. Quando as pessoas demandam produ- tos e serviços, consideram aqueles que lhes darão mais valor e satisfação, de acordo com o recurso (dinheiro) que têm para gastar. ......................................................................................................... Criação da satisfação do consumidor por meio de qualidade, serviços, valor e CRM As empresas realizam, por intermédio de seus produtos, serviços, informações e experiências, ofertas ao mercado: roupas, seguros de vida, assinaturas de revistas, sessões de cinema... Um conceito clássico de marketing diz respei- to à chamada “miopia de marketing”. A indústria cinematográfica de Hollywood por pouco não foi ar- rasada pela televisão. Os estúdios ficaram em dificuldades não por causa da invasão da TV, mas devido à sua própria miopia. Hollywood não soube definir corretamente seu ramo de negó- cio: julgava estar no setor cinematográfico, quando na realida- de estava no setor de entretenimento. Em termos de miopia de marketing, o produto “cinema” implicava um produto específico e limitado. Os produtores de filmes encararam a televisão como uma ameaça. Hollywood desdenhou a televisão e rejeitou-a, quando deveria tê-la visto como uma nova oportunidade de expandir o setor do entretenimento. Hoje a televisão representa um negócio maior do que foi a indústria cinematográfica, “miopemente” definida. A indústria de Hollywood deveria ter se preocupado com o cliente (fornecendo entretenimento) e não com um produto (fazendo filmes). Enquanto gestores de marketing, devemos ser capazes de enxergar além dos atributos e características dos nossos pro- dutos e serviços. No caso da superação das expectativas dos nossos clien- tes, um alto nível de satisfação pode criar uma espécie de “encantamento” e criar um vínculo emocional com a marca ou a empresa. Pesquisas mostram que “clientes muito satisfeitos” são, em média, seis vezes mais propensos a comprar nova- mente produtos de determinada marca do que os clientes “apenas satisfeitos”. 55 Miopia de Marketing Este termo foi cunhado nos anos 1960 pelo economista norte-americano Theodore Levitt, e diz respeito a uma “estreiteza de visão” das empresas frente aos seus mercados. A miopia de marketing acontece quando as companhias se fixam tanto nas “qualidades” de seus produtos e serviços que ignoram os reais desejos do consumidor, perdendo oportunidades de oferecer soluções adequadas ao seu público-alvo. .......................................................................................................... 56 Marketing mix E como os consumidores criam suas expectativas? Bem, elas são criadas a partir de compras anteriores, de dicas de amigos e pelas informações comunicadas pelas ações de marketing. Por ora, devemos compreender que os clientes satisfeitos comprarão novamente e contarão aos outros as suas boas experiências. Já os clientes insatisfeitos mudarão para a concorrência e depreciarão o produto ou serviço junto a pessoas. Enquanto gestores de marketing, devemos definir com cuidado as expectativas. Se elas forem baixas demais, podem até satisfazer seus compradores, mas poderão dei- xar de atrair outros clientes em potencial. Se forem ele- vadas demais, os compradores poderão ficar insatisfeitos. CRM – Customer Relationship Management O uso da tecnologia da informação para analisar os dados dos consumidores e suas transações criou uma ferramen- ta eficaz para nos relacionarmos com o público-alvo e com os clientes atuais. O CRM é uma combinação de estraté- gias e tecnologia, usada nos programas de relacionamen- to das empresas, orientando as organizações para o foco principal de satisfazer os consumidores. O uso do CRM permite gerenciar as relações com o consu- midor e também integrar todos os stakeholders ao proces- so de desenvolvimento de produtos e serviços, fabricação, marketing, vendas e serviço de atendimento ao consumi- dor (SAC). ......................................................................................................... Criação da satisfação do consumidor por meio de qualidade, serviços, valor e CRM O CRM é constituído por um conjunto de procedimentos e processos integrados em um modelo de gestão de negó- cios. Um benefício do uso do CRM está ligado ao fato de que esse programa é capaz de simplificar os complexos processos dos negócios, mantendo ainda assim os interes- ses do cliente em primeiro lugar. Porém, como colocam Boone e Kurtz (2006), o software é apenas uma parte dos componentes de sucesso de um CRM. De acordo com os autores, as empresas de sucesso atendem aos seus clientes utilizando estratégias de marke- ting de relacionamento, em que pessoas, processos e tec- nologia estão todos voltados para entregar valor superior ao consumidor. Segundo Boone e Kurtz (2006), os sistemas de CRM deveriam possuir as seguintes qualidades: 57 • Eesultados direcionados: as empresas devem pri- meiro especificar as metas e os benefícios esperados antes de implementarem uma estratégia de CRM. • Implementação do tipo top-down (de cima para baixo): os altos executivos devem estar comprome- tidos com o foco no cliente. • Investimento em treinamento: toda a companhia deve ser treinada para saber utilizar a ferramenta. • Comunicação entre os departamentos: estraté- gias efetivas de satisfação do consumidor depen- dem de grupos interdisciplinares que saibam, jun- tos, resolver os problemas. • Envolvimento dos usuários no desenvolvimen- to do CRM: os colaboradores, fornecedores, distri- buidores e outros parceiros que usarão o programa devem fazer parte de seu desenvolvimento. .......................................................................................................... 58 Marketing mix • Buscar melhorias constantemente: são necessá- rios o rastreio e a mensuração dos resultados para que as empresas possam melhorar continuamente sua relação com os consumidores. As empresas que utilizam estratégias de CRM estão mais preparadas para responder a questões importantes para os seus negócios. O resultado são clientes mais lucrativos, relações vitalícias, eficiência dos programas de marketing e rapidez nas respostas aos clientes. Na nova economia baseada na internet, as empresas bem-su- cedidas são aquelas que usam os meios tecnológicos para personalizar sua interação com o mercado consumidor. Neste capítulo, vimos a definição de marketing mix