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NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • As doenças respiratórias são as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade no período neonatal, sendo a a causa mais comum de internação nessa faixa etária. • O desenvolvimento pulmonar inicia-se logo nas primeiras semanas de gestação • O crescimento do tecido pulmonar depende de fatores como espaço adequado na caixa torácica, presença de LA em quantidade adequada e presença de movimentos respiratórios → se iniciam em 11sem a FR de 40-70 irpm o Já o sistema de surfactante possui maturação relacionada a fatores hormonais, e não físicos. • A transição para respiração gasosa começa no útero, quando o epitélio pulmonar passa a reabsorver sódio próximo do termo → promove drive de líquido dos alvéolos ao interstício, onde será absorvido pelos vasos sanguíneos. o Hormônios catecolaminas, glicocorticoides, vasopressina e prolactina estimulam esta modificação no epitélio, que deixa de ser secretor para tornar-se uma superfície absortiva • As trocas gasosas que ocorrem intraútero são mediadas exclusivamente pela difusão placentária ❖ No parto vaginal, as compressões sobre a caixa torácica na passagem pelo canal de parto auxiliam a remoção de líquido de dentro do pulmão → a 1ª respiração se inicia logo que o RN se desprende do canal de parto o Estímulos externos, como a exposição a um ar mais frio e diferenças entre a pressão intrauterina e a pressão atmosférica, são condições importantes para o estabelecimento dos ciclos ventilatórios uniformes • Além disso, a diminuição da PaO2, acidificação do pH e aumento da PaCO2 pela interrupção do fluxo placentário também atuam nos centros respiratórios do tronco encefálico, estimulando a respiração • A pressão necessária para abertura dos alvéolos ainda preenchidos de líquido é de 25 cmH2O → a capacidade da musculatura respiratória pode alcançar até 40 cmH2O, garantindo a força necessária para expansão do pulmão o A saturação também sobe rapidamente, de 50% até 90% em poucos minutos ❖ O controle da respiração é menos regulado quanto menor a IG → por isso, prematuros tem padrão respiratório intercalado por pausas respiratórias (ritmo periódico) o Se prolongadas (> 20s), podem vir associadas à cianose e à bradicardia → apneia → ainda mais intensificada durante o sono REM • Além disso, a caixa torácica dos prematuros é muito complacente, sendo que praticamente toda a complacência do sistema respiratório é resultado da complacência pulmonar nesses bebes • Por isso as doenças que afetam o parênquima determinam para o RN uma necessidade de gerar uma pressão negativa maior para levar à abertura dos alvéolos o Como o arcabouço torácico é muito complacente (maleável), o trabalho gasto com a mecânica ventilatória é muito maior, facilitando a evolução para a fadiga muscular e insuficiência respiratória. ❖ O RN normalmente apresenta 50 milhões de alvéolos ao nascimento, tendo potencial para adicionar mais 250 milhões e aumentar sua área de 3 para 70 m2 • Existem 40 tipos diferentes de células nos pulmões, cada qual com diferentes funções → o nascimento representa um evento dramático desse processo, pois o desenvolvimento dos pulmões continua até por volta dos 8 anos o Pode se completar somente aos 25 anos de idade • Existe uma grande variedade de causas de insuficiência respiratória no período neonatal → grande maioria de origem pulmonar, mas deve-se sempre considerar a possibilidade de etiologias extrapulmonares o Cardiopatias congênitas, origem central, metabólicas e hematológicas. o Prematuridade – síndrome de desconforto respiratório o Febre materna, corioamnionite, deficiência de proteína B do complexo surfactante o Parto cesáreo em bebês prematuros limítrofes – taquipneia transitória do RN o Uso de anti-inflamatório não esteroide – hipertensão pulmonar o Sofrimento fetal agudo – síndrome de aspiração meconial (SAM). NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ALTERAÇÕES NO PADRÃO RESPIRATÓRIO ❖ Frequência Respiratória → FR normal de um neonato varia de 40 a 60 irpm o Taquipneia é o sinal mais precoce da maioria das doenças neonatais → definida pela FR > 60 irpm ❖ Apneia → pausa respiratória > 20s ou > 10-15s acompanhada de bradicardia, cianose ou queda da saturação de O o Deve ser diferenciada do ritmo respiratório periódico fisiológico do neonato → incursões respiratórias intercaladas por pausas de 5-10 segundos SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO ❖ Batimento de Asas Nasais → a respiração do neonato é praticamente nasal, sendo que a abertura das narinas reduz a resistência à passagem do ar pelas VAS e diminui o trabalho respiratório ❖ Gemido expiratório → resulta do fechamento parcial da glote na expiração (manobra de Valsalva incompleta) a fim de manter um volume residual de ar e evitar o colabamento alveolar ao final da expiração ❖ Head bobbing → movimentação da cabeça para cima e para baixo a cada ciclo respiratório, pela utilização dos músculos acessórios do pescoço ❖ Retrações torácicas → intercostais, subcostais, supraesternais e esternais → surgem em doenças que levam a “endurecimento” do parênquima pulmonar (DMH, SAM) ou obstrução de VAS • A pressão negativa criada no espaço pleural para cada inspiração necessita ser maior para a entrada de ar, surgindo as retrações intercostais e subcostais o Com progressão, RN aumenta a força contrátil do diafragma e mm. acessórios, levando à protrusão do abdome e retração do esterno e tórax ‒ respiração paradoxal. avaliação clínica do desconforto respiratório: o Boletim de Silverman-Andersen → notas > 4 expressam dificuldade respiratória de moderada a grave o Sinais cardíacos → bradicardia ou taquicardia associada ou não a hipotensão o Sinais gerais → hipoatividade, palidez, sudorese, fadiga, convulsão, irritabilidade, coma, pele impregnada de mecônio, abdome escavado, estridor, hipoglicemia, anemia, acidose. ALTERAÇÕES DE COR ❖ Cianose → acrocianose ou cianose periférica (palmas e plantas) é sinal muito comum e benigno no recém-nascido, decorrente da exposição ao frio, geralmente • Cianose central em nariz, língua, lábios, decorre de hipoxemia grave e concentração de Hb reduzida > 5 g/dl o Devem ser investigadas doenças pulmonares graves, cardiopatias congênitas, dentre outras Por existirem varias causas de desconforto respiratório, afirma-se que os sinais respiratórios são inespecíficos, mas geralmente são os mais precocemente manifestados em doenças de diversas localizações NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Laboratório o Gasometria, glicemia o Hemograma e proteína C reativa (PCR) o Contagem de plaquetas o Exames específicos de acordo com cada caso Avaliação radiológica o O diagnóstico mais provável está estratificado pela idade gestacional em que se encontra o RN • Parada da ventilação por > 20 segundos ou > 10-15 segundos + queda de saturação, bradicardia ou cianose. • Os episódios de apneia, quando ocorrem no RN prematuro, podem ser secundários a sua imaturidade (apneia da prematuridade) ou a alguma doença subjacente. o Apneia em bebês a termo possuem sempre conotação patológica, que requer investigação clínica. ETIOLOGIA ❖ Idiopática → apneia idiopática da prematuridade pode ter componente central (ausência de incursões ventilatórias) por imaturidade do centro respiratório e componente obstrutivo (movimentos torácicos na ausência de fluxo de ar) o Ou ambos na maioria das vezes (50-75%) • Os centros respiratórios do tronco encefálico no prematuro respondem de modo insuficiente ao aumento da PaCO2 → e exibem padrão paradoxal à hipóxia com apneia ao invés de hiperventilação o O componente obstrutivo nestes casos é representadopela instabilidade faríngea (incoordenação de língua e mm faríngeos na respiração), flexão do pescoço e obstrução nasal • Geralmente os fatores obstrutivos iniciam a apneia e os mecanismos centrais a perpetuam • Sono REM aumenta os episódios, pois há relaxamento das estruturas laríngeas, facilitando obstrução ao fluxo aéreo e exacerbação da respiração paradoxal (expansão abdominal e retração torácica na insp) com redução da PaO2 o Inicia-se após 48h de vida e pode afetar 2/3 dos neonatos com IG < 28 semanas NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ Secundária → várias são as condições implicadas → geralmente iniciam-se nas primeiras 72h de vida. o Sistema Nervoso Central → hemorragia intraventricular; convulsões; drogas; encefalopatia hipóxico- isquêmica; doença neuromuscular; síndrome de leigh; infarto de tronco o Respiratório → pneumonia; atelectasia; prematuridade extrema; DMH; pneumotórax. o Infecção → sepse; enterocolite necrosante; meningite; bronquiolite. o Gastrointestinal → alimentação oral; esofagite; perfuração intestinal o Metabólico → hipoglicemia; hipocalcemia; hiper/hiponatremia; hiperamonemia ▪ Aumento dos ácidos orgânicos; hiper/hipotermia o Cardiovascular → hipotensão; hipertensão; insuficiência cardíaca; anemia; hipovolemia Apneia idiopática da prematuridade é mais frequente quanto menor a IG → geralmente inicia entre o 2-7º • Toda apneia que se inicie após a 2ª semana de vida em prematuros, ou qualquer época em bebês a termo, necessita de investigação clínica TRATAMENTO • Todo RN que faz episódios apneicos deve receber monitorização cardiorrespiratória • Muitas vezes, apenas a estimulação tátil em dorso ou sola dos pés é suficiente para reverter o quadro. o Casos refratários podem necessitar ventilação com máscara e ambu e administração complementar de O2 • Apneia recorrente da prematuridade pode ser tratada com medicações estimulantes, como teofilina e cafeína → aumentam a resposta central à hipercarbia e melhoram a força contrátil do diafragma o A cafeína parece ter melhor eficácia e desencadear menos efeitos colaterais → e alguns estudos mostram que é um fator de proteção quanto ao desenvolvimento de doença broncodisplásica • O refluxo gastroesofágico coexiste com episódios de apneia em vários bebês prematuros → mas os estudos não mostraram melhora da apneia após a introdução de medicações antirrefluxo. • CPAP nasal (pressão positiva nas VA 2-5 cmH2O) e o oferecimento de oxigênio umidificado por cânula nasal (1-2.5 L/min) têm demonstrado eficácia no tratamento da apneia obstrutiva ou mista • Maioria dos casos de apneia idiopática da prematuridade se resolve quando o bebê alcança 36 semanas de idade o Ter apresentado apneia neonatal não é FR para desenvolvimento da síndrome da morte súbita do lactente. • Condição comum, benigna e autolimitada que ocorre em 1-2% dos nascimentos, acometendo RN pré-termos tardios e termos, que apresentam dificuldade respiratória logo após o nascimento o E tem excelente prognóstico, com recuperação completa dentro de três dias. • São FR para desenvolvimento → cesariana eletiva sem TP, asfixia perinatal, diabetes e asma maternos, policetemia • Três fatores estão associados → deficiência leve de surfactante, pequeno grau de imaturidade pulmonar e retardo na absorção de líquido pulmonar fetal. • Aeração pulmonar e remoção do líquido pulmonar que não foi expulso do parto ou absorvido na gestação, ocorrem de forma concomitante, completando quando o líquido for substituído por igual volume de ar (30 ml/kg) o A completa “secagem” do pulmão é concluída em aprox. 6h após o parto, momento em que o órgão atinge seu peso mínimo ❖ Bebês iniciam taquipneia logo após o nascimento, com FR de até 100-120 mpm o Gemência, batimentos de asas de nariz, tiragem intercostal e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax podem acontecer mas são mais raras • Alterações gasométricas são raras → pode haver hipoxemia em ar ambiente o Podemos encontrar também hipercapnia e acidose respiratória nas primeiras hs • O quadro radiológico característico mostra hiperinsuflação pulmonar, infiltrado difuso geralmente do hilo para a periferia (estrias peri-hilares proeminentes), leve a moderado aumento de área cardíaca o Presença de líquido nas fissuras interlobares (“cisurite”), marcas proeminentes da vasculatura pulmonar, inversão da cúpula diafragmática, herniação intercostal e derrame pleural NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ A TTRN deve ser diagnóstico de exclusão • DDX mais frequente é com DMH (piora progressiva, quadro muito mais grave, necessidades crescentes de oxigênio), edema pulmonar de origem cardíaca ou linfática (alterações cardíacas e dos vasos da base) o Pneumonia bacteriana e pneumonia de aspiração (mecônio ou líquido amniótico) • Tratamento inclui medidas de suporte geral e oxigenoterapia através de capacete ou CPAP nasal. • Em geral, as manifestações são resolvidas com oferta de oxigênio em baixas concentrações (FiO2 < 40%) o A necessidade de VM é rara nessa doença e, caso ocorra, devem-se descartar outros diagnósticos • O mecônio é um material estéril, espesso, verde-escuro e sem odor → resulta do acúmulo de debris do intestino fetal durante o terceiro trimestre. o Composto por 80% de água, células intestinais descamativas, muco, lanugem, bile, LA e vérnix caseoso • A aspiração meconial é mais comum em RN a termo e pós-termo → pode variar de formas leves até quadros de insuficiência respiratória grave, com hipertensão pulmonar persistente (HPP) o Geralmente durante trabalho de parto difícil e prolongado • Incidência de mecônio no líquido amniótico é presente em cerca de 14% de todas as gestações, podendo ocorrer em 30% das gestações > 42 semanas → apenas 5 a 10% desenvolvem SAM e entre 30 e 50% necessitam de VM. o Aprox. 30% desenvolvem HPP e 15-33% apresentam escape de ar, principalmente pneumotórax o Mortalidade fica em torno de 5% ❖ Sofrimento fetal agudo ou crônico e infecção intraútero associam-se a diminuição do fluxo placentário e consequente hipoxemia → determina aumento do peristaltismo intestinal, com relaxamento esfincteriano e liberação de mecônio. o Qualquer fator intrauterino, perinatal ou neonatal que predispõe o RN à asfixia pode levar a SAM. • A aspiração pode ocorrer intraútero ou, na maioria, durante os primeiros movimentos respiratórios → o material impacta nas pequenas vias aéreas e prejudica a oxigenação e eliminação de gás carbônico o As vias aéreas com obstrução completa evoluem com áreas de atelectasia, alterando a relação ventilação- perfusão (V/Q) (shunt) e provocando hipóxia, com posterior hipercapnia e acidose ▪ Pode haver deslocamento e inativação do surfactante com instabilidade e colapso alveolar o Nos locais com obstrução parcial, observa-se mecanismo valvular → o ar entra, mas tem dificuldade para sair, ocasionando áreas hiperinsufladas, facilitando o escape de ar (pode ter pneumotórax) • A asfixia tambem aumenta os movimentos respiratórios do feto, aumentando o risco de aspiração para as VA • 1/3 dos bebês com SAM apresentarão algum grau de HAP, pois o mecônio induz ao vasoespasmo e hipertrofia da musculatura lisa arteriolar o Aumenta o shunt direita-esquerda extrapulmonar através do forame oval e ducto arterial, diminuindo o fluxo pelo leito pulmonar e levando a um grave distúrbio de ventilação-perfusão. Apenas presença de mecônio no pulmão não é suficiente p explicar todas as alterações histopatológicas da SAM o Posteriormente às alterações observadas pela lesão química nas vias aéreas, pode ocorrer infecção secundária, agravando mais o quadro respiratório. ❖ RN com SAM geralmente é pós-maturo, com impregnação meconial em cordão, pele seca, enrugada, sem vérnix.o O RN apresenta sinais de insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida • A ausculta respiratória pode revelar estertores em ambos os campos pulmonares, além de expiração prolongada, que evidencia comprometimento de pequenas vias aéreas • Exame radiológico mostra opacidades irregulares, áreas de atelectasia, áreas hiperinsufladas, retificação do diafragma e aumento do diâmetro anteroposterior. o Pode haver pneumotórax, pneumomediastino e cardiomegalia • As vezes as crianças apresentam labilidade importante com hipóxia de difícil tto, pela HPP • O mecônio reduz a função do surfactante, provocando + atelectasias e redução da complacência NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Gasometria mostra grau variável de hipoxemia e acidose respiratória ou mista • Ecocardiograma pode revelar disfunção miocárdica e sinais de hipertensão pulmonar Classificação o Quadros leves → quando necessita de FiO2 < 40% por < 48h o Moderados → necessita de FiO2 > 40% por > 48h o Graves → necessitam de ventilação mecânica ou desenvolvem HAP Diagnóstico feito pelo relato de LA meconial, presença de mecônio aspirado da traqueia de RN deprimido • Insuficiência respiratória precoce estabelecida após o nascimento e radiografia com achados compatíveis com SAM. NA SALA DE PARTO • Avaliar a vitalidade do RN • Se o neonato nasce vigoroso → com bom tono, chorando/respirando e com FC > 100 bpm, ele poderá ser levado ao colo materno para realização dos primeiros cuidados ❖ Se o neonato nasce deprimido → sem chorar/ apneia e/ou sem bom tono, deverá ser levado à mesa de reanimação o Colocado sob fonte de calor radiante, cabeça/pescoço posicionados em leve extensão, aspiração do excesso de secreções em boca/narinas, secagem e remoção de campos úmidos, reavaliação da respiração e FC ▪ Se ele mantiver apneia/respiração irregular e/ou FC < 100 bpm → INICIA VENTILAÇÃO COM MÁSCARA FACIAL E PRESSÃO POSITIVA • A intubação orotraqueal e aspiração de traqueia serão realizadas caso a caso, na dependência da necessidade se o médico julgar que a via aérea esteja obstruída por material particulado TRATAMENTO PÓS-NATAL ❖ Cuidados Gerais → manutenção da temperatura na zona termoneutra, manutenção da glicemia e calcemia, restrição de líquidos, e manutenção de hematócrito > 40% em pctes na ventilação mecânica com parâmetros elevados ❖ Oxigenação → manter oxigenação adequada, pois insultos repetidos de hipóxia levam à vasoconstricção pulmonar e desenvolvimento de HAP ❖ Ventilação → suporte ventilatório pode ser feito através de CPAP nasal, cuja indicação é a necessidade de FiO2 > 40% ou ventilação mecânica invasiva o Recomendada quando doença pulmonar grave, PaCO2 > 60 mmHg ou PO2 < 50 mmHg ▪ Costuma-se usar pressão inspiratória maior que na DMH, em torno de 30-35 cmH2O ▪ A pressão inspiratória final (PEEP) fica 3-6 cm H2O, tempo inspiratório de 0.4 e 0.5s e frequência de 20-25 ciclos/minuto ❖ Antibioticoterapia → indicada na SAM pois o aspecto radiológico e o curso clínico não permitem distinção confiável com um quadro de pneumonia bacteriana associada o Ampicilina + gentamicina, com duração de tratamento dependendo das culturas de sangue. ❖ Surfactante → administração exógena não indicada como rotina em todos os RN com SAM o Apenas nos casos de evolução progressivamente pior, o uso do surfactante pode demonstrar melhora. ▪ Administração feita através do tubo orotraqueal o Não se recomenda lavagem broncoalveolar com surfactante ❖ Tratamento da Hipertensão Arterial Pulmonar Persistente → mantendo PaO2 > 100 mmHg o Na ausência de HPP, devemos manter os níveis de PaO2 entre 60 e 90 mmHg • Condição patológica de permanência da circulação pulmonar fetal após o nascimento → manutenção do shunt da circulação da direita para esquerda pelo forame oval e ducto arterioso devido à alta RV no leito pulmonar o Levando a hipoxemia e hipercapnia • A transição da circulação fetal para neonatal acontece no nascimento na primeira incursão respiratória → expansão mecânica + aumento da PO2 dilata o leito vascular pulmonar, reduzindo a resistência ao fluxo sanguíneo o Processo que se completa em torno de uma semana • A retirada do lago placentário aumenta a resistência sistêmica → todo fluxo de VD praticamente vai p pulmão NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 o Com o aumento do volume de sangue proveniente do pulmão dentro do átrio esquerdo, começa o fechamento do forame oval, o qual se completa aos três meses de vida • Com a saída da placenta, o ducto venoso praticamente se oblitera → aumento da PaO2 e queda das prostaglandinas (pE2) também é estímulo para a obliteração do ducto arterioso, e sua transformação em ligamento arterioso • Alguns fatores como asfixia, SAM, sepse, pneumonia, DMH, hipoglicemia, policitemia, uso de AINEs, hipoplasia pulmonar... contribuem para o aumento da resistência no leito vascular pulmonar, predispondo a HAPP o Tambem acontece de forma idiopática, sem nenhum fator desencadeante conhecido • Existe a forma funcional, em que o aumento da RVP decorre somente da vasoconstrição arteriolar pulmonar o E a orgânica, em que a vasoconstrição é causada por alterações estruturais no leito vascular pulmonar • A forma funcional idiopática é considerada expressão de fatores constitucionais e genéticos que aumentam a sensibilidade das arteríolas pulmonares aos estímulos vasoconstritores o Ou dificultam a ação vasodilatadora do ON endógeno • Na forma funcional secundária, a maioria está associada à asfixia (80-90%) e sepse, pela ação vasoconstritora direta da hipóxia e acidose, ou pela liberação de substâncias vasoativas (leucotrienos, endotelina, tromboxano) ❖ A queda fisiológica da resistência pulmonar após o nascimento não ocorre na HAPP, principais processos pelos quais a doença pode se instalar, são: o Vasoespasmo pulmonar → há adaptação inadequada, como nos RN asfíxicos, com vasoconstrição pulmonar fucional, reversível e potencialmente tratável. o Remodelamento vascular → ocorre muscularização arteriolar excessiva, com hipertrofia anormal da camada média, decorrente, por ex, do fechamento precoce do canal arterial IU (AINEs), ou fetos com hipóxia crônica o Hipoplasia pulmonar → ocorre hipodesenvolvimento dos alvéolos e vasos pulmonares, em condições como hérnia diafragmática, oligodrâmnia e agenesia renal (síndrome de Potter) o Disfunção miocárdica e hipertensão pulmonar → insuficiência de VD provocada pelo fechamento prematuro do canal arterial intraútero provoca uma sobrecarga sobre esta cavidade ▪ Após o nascimento, predomina o shunt direita-esquerda, através dos átrios ▪ Na falência de ventrículo esquerdo, ocorre hipertensão venosa pulmonar retrógrada e subsequente hipertensão arterial pulmonar o Aumento da viscosidade → policitemia aumenta a viscosidade sanguínea, prejudicando o fluxo nos leitos pulmonares mais estreitos. CLÍNICA • RN inicia quadro de desconforto respiratório logo ao nascimento ou nas primeiras horas de vida, com taquipneia, retrações intercostais e subcostais, gemidos, batimentos de asas de nariz e cianose o Nos bebês asfíxicos, o envolvimento de múltiplos sistemas pode complicar ainda mais, especialmente quando há isquemia cardíaca e disfunção valvar com taquicardia e choque cardiogênico • Geralmente, o que se observa na prática é a queda da saturação ao simples manuseio → labilidade • A radiografia de tórax exibe poucos achados que justifiquem tanta hipóxia o Sempre que houver hipoxemia desproporcional à gravidade da doença primária, deve-se considerar HPPRN • Geralmente RN AIG, próximos do termo ou pós-termo, com algum dos fatores predisponentes presentes, que desenvolvem desconforto respiratório e cianose progressiva, especialmente após manipulação• Pode-se auscultar hiperfonese de B2, além de sopro de regurgitação tricúspide. • Ecocardiograma é fundamental, pois permite estimativa da pressão pulmonar e exclusão de cardiopatias • Observa-se gradiente de PaO2 entre leito pré (artéria radial direita) e pós-ductal (ex.: extremidades inferiores) o Uma vez que os vasos pré-ductais recebem sangue oxigenado do VE, e nos vasos pós-ductais deságua o fluxo de sangue misturado a partir do VE com o sangue desoxigenado do VD ▪ 2 amostras sanguíneas exibindo diferença entre a PaO2 > 20 mmHg ou uma diferença de saturação > 5-10% entre os vasos pré e pós-ductais, sugerem o diagnóstico de shunt direita-esquerda NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Direcionado para a doença de base e para melhora da oxigenação • Geralmente, hipóxia é irresponsiva à administração de oxigênio através do capacete de oxigênio, mesmo quando a FiO2 é 100% → intubação orotraqueal é a opção de escolha para a maioria o Atualmente, preconiza-se a ventilação convencional, sob analgesia com fentanil • Bloqueadores neuromusculares reservados a casos mais graves → administração relacionada ao desenvolvimento de atelectasias, e se usado por tempo prolongado, pode causar surdez neurossensorial e miopatia aguda • Agentes inotrópicos (dopamina, dobutamina, epinefrina e milrinona) são empregados nos casos que evoluem com choque e hipotensão o Hidrocortisona faz “up-regulation” dos receptores adrenérgicos nas membranas plasmáticas dos órgãos- alvo, servindo como hormônio substituto quando se suspeita de insuficiência adrenal associada ❖ Óxido Nítrico (NO) é potente ação vasodilatador, produzido endogenamente pelas células endoteliais • Pode ser usado no tratamento sob a forma de gás, através de manguito acoplado ao circuito da ventilação mecânica. o Dose inicial de 20 ppm → tempo total de duração da inalação é de 5 dias ▪ Recomenda-se redução progressiva da dose a partir das primeiras 24h, se a FiO2 for < 0,6 até o mínimo de 1 ppm, a partir do qual poderá ser suspenso • A alguns que não respondem ao NO, pode ser feito infusão venosa de prostaciclina, para promover vasodilatação • Nos casos de policitemia, quando hematócrito > 65%, está indicada a exsanguineotransfusão parcial com o objetivo de reduzir os índices para 50-55%. • Inflamação do parênquima pulmonar por algum agente infeccioso (bactéria, vírus, fungos) → muitas vezes é a primeira manifestação de uma infecção sistêmica, podendo associar-se à sepse e à meningite • Podem ser classificadas de acordo com o momento de início em: Precoces (iniciadas até 48 horas de vida) ▪ Adquiridas antes do nascimento (“pneumonias congênitas”) → causadas por CMV, toxoplasmose, rubéola, sífilis, listeriose, tuberculose, AIDS ou por Corioamnionite ▪ Adquiridas durante o nascimento → causadas por micro-organismos que colonizam o canal de parto, como S. agalactiae (estreptococo b-hemolítico do grupo B), E. coli e Listeria monocytogenes Tardias (iniciadas após 48 horas de vida, geralmente por flora hospitalar) ▪ Bactérias Gram-negativas, Staphylococcus aureus, estafilococos coagulase negativa, fungos ❖ Fatores de risco para desenvolvimento de pneumonia/sepse neonatal o Corioamnionite clínica → febre materna (> 38ºC), FC materna > 100 bpm, leucometria materna > 20.000/mm³, FC fetal > 160 bpm, útero doloroso o Rotura de membranas amnióticas > 18 horas o Trabalho de parto prematuro e sem causa aparente o Colonização materna pelo Streptococcus agalactie (estreptococo b-hemolítico do grupo B) • O estreptococo do grupo B pode colonizar o trato urogenital, gastrointestinal e vias respiratórias altas → nas mulheres, pode provocar bacteriúria assintomática, infecção urinária, corioamnionite, endometrite e bacteremia. • Evidências afirmam ser a colonização vaginal forte FR para o parto prematuro e sepse neonatal precoce o São fatores de risco para sepse neonatal precoce causada pelo S. agalactiae → febre materna intraparto (> 37,5ºC), rotura prolongada de membranas (>18h), prematuridade (< 37), e BPN (< 2.500 g) • Nos recém-nascidos, podem desenvolver-se quadros de sepse, pneumonia, meningite ou osteomielite o Cerca de 50% dos bebês nascidos de mães colonizadas com o S. agalactiae também se tornam colonizados e 1 a 2% desenvolve doença bacteriana invasiva. ▪ Uso de penicilina ou ampicilina intraparto reduz consideravelmente a colonização dos RN e a incidência de sepse neonatal precoce NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Sinais respiratórios de pneumonia neonatal → taquipneia, apneia, retrações intercostais, subcostais ou esternais, batimentos de asas de nariz, gemência e cianose • Deve-se suspeitar em qualquer RN com desconforto respiratório + hemocultura positiva ou 2+ critérios: o Fatores de risco para sepse neonatal o Sinais clínicos de sepse → intolerância alimentar, letargia, hipotonia, hipo/hipertermia, distensão abdominal o Alterações radiológicas persistentes > 48h → infiltrado nodular (grosseiro) ou granular (fino), consolidação, broncogramas aéreos, edema pulmonar o Triagem laboratorial positiva para sepse ▪ Escore hematológico de Rodwell ≥ 3 → é atribuído o valor de 1 a cada um dos critérios o Leucometria total anormal, contagem absoluta de neutrófilos anormal o Contagem absoluta de neutrófilos imaturos anormal o Percentual de formas imaturas elevado em relação à contagem global o Relação entre contagem de PMN maduros/ PMN imaturos > = 0,3 o Contagem de plaquetas < = 150.000/mm3 o Pronunciadas alterações degenerativas PMNs. ▪ Proteína C reativa positiva • Iniciar antibioticoterapia com ampicilina + aminoglicosídio nos casos de início precoce (primeiras 72h) o Esquema adequado à microbiota prevalente específica de cada unidade neonatal se início tardio ▪ Geralmente associação de oxacilina + amicacina. • Tto para estreptococcia invasiva feito com penicilina cristalina ou ampicilina, com duração total de 10 dias para sepse, 14-21 dias para meningite e 28 dias para osteomielite • Correlacionar os resultados das culturas e demais exames laboratoriais com a evolução clínica para avaliar o sucesso do esquema escolhido • Suporte hídrico e nutricional; suporte ventilatório • Drenagens de efusões, se necessário. PROFILAXIA • Culturas de triagem vaginorretal para o S. agalactie (GBS) devem ser realizadas para todas as mulheres grávidas a partir de 35-37 semanas de gestação • Antibiótico intraparto com Penicilina Cristalina EV (quimioprofilaxia da sepse neonatal precoce) está indicado em o Qualquer mulher com uma cultura de ratreio positivo pré-natal o Bacteriúria por GBS durante a gravidez o História de criança anterior com doença invasiva por GBS o Mulheres sem cultura vaginorretal/incompleta/resultados são desconhecidos → que entram em TPP < 37 semanas) ou tem ruptura prolongada das membranas (≥ 18h) ou febre intraparto (≥ 38,0ºC). • A quimioprofilaxia intraparto de rotina não é recomendada para mulheres com colonização que tem cesariana planejada e que não entram em trabalho de parto ou tenham rompido as membranas amnióticas • Doença respiratória que acomete cerca de 50% dos RN prematuros com peso de nascimento < 1.5kg, e 80% dos prematuros < 25 semanas → principal causa de óbito neonatal • Resulta da imaturidade pulmonar pela deficiência e inatividade do surfactante, desenvolvimento pulmonar incompleto e complacência exagerada da caixa torácica ❖ Principais FATORES DE RISCO associados são → prematuridade, asfixia perinatal, mãe diabética o Sexo masculino e raça branca, hemorragia materna, parto cesáreo e gestações múltiplas • Algumas condições clínicas reduzem a probabilidade do aparecimento da DMH → pctes PIG por CIUR o Rotura prolongada de membranas, RN nascidos de PV e presença de desnutriçãointrauterina o RN de mães que utilizaram glicocorticoide (com indicação específica) no período pré-parto • A medida mais importante para prevenir é a prevenção do parto prematuro NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Indicação do uso de corticoide materno para acelerar a maturidade pulmonar → TP entre 24-34 sem, mesmo em uso de medicamentos tocolíticos → resultados terão seu efeito máximo 24h após o uso o Se o RN tem 30 a 32 semanas, mesmo com amniorrexe prolongada, o glicocorticoide deve ser utilizado, pois diminui o risco de hemorragia intraventricular. • Entre a 20-24ª sem, há a formação dos sacos alveolares e o início da diferenciação das células em pneumócitos tipo I (células de revestimento) e pneumócitos tipo II (que produzem o surfactante) o Esta substância é detectada entre 25-30ª semana, mas só confere estabilidade alveolar por volta da 33ª • O surfactante pulmonar é formado por fosfolipídeos e proteínas, e sua função é diminuir a tensão superficial da interface ar/líquido no alvéolo, evitando seu colapso ao final da expiração. • Normalmente, o cortisol endógeno é fundamental na síntese do surfactante → o glicocorticoide estimula os fibroblastos pulmonares a produzir o Fator Fibroblasto do Pneumócito (FFP) o Que faz com que o pneumócito tipo II aumente seu ritmo e taxa de produção de surfactante ❖ Quando o surfactante está ausente ou inativo, ocorrerá um aumento da tensão da interface ar/ líquido alveolar, acarretando colabamento alveolar progressivo → há atelectasia pulmonar difusa, congestão e edema • A maior parte do pulmão é perfundida e não ventilada, gerando alteração da relação V/Q, com hipoxemia o A mecânica ventilatória sofre sobrecarga de trabalho pelas alterações do metabolismo e troca gasosa. o A complacência pulmonar diminuída é fundamental para a insuficiência respiratória precoce • Complacência reduzida, volumes correntes pequenos, aumento do espaço morto fisiológico e aumento do trabalho para respirar resultam em hipercapnia o A redução do surfactante, atelectasias, alteração da V/Q, vasoconstrição pulmonar, hipoperfusão tissular e metabolismo celular prejudicado formam um círculo vicioso que perpetua a hipóxia e a IR aguda • Em muitos pacientes, a evolução pode ser mais branda e autolimitada → nestes, após 1-2 dias de vida, a resposta ao estímulo dos glicocorticoides, reduz a deficiência inicial do fosfolipídeo. • O diagnóstico será definido pela evolução clínica, radiológica e pelos exames laboratoriais • O colabamento alveolar progressivo se caracteriza inicialmente pela taquipneia (FR > 60), esforço respiratório moderado a grave, retração subcostal, batimento de asa de nariz, palidez cutânea e gemência. • O RN apresenta dificuldade respiratória desde o momento do nascimento, piorando progressivamente nas 72h o Ao auscultar o tórax, encontra-se baixa entrada de ar, com diminuição do murmúrio vesicular o Nos prematuros de muito baixo peso, a expressão clínica do desconforto respiratório pode ser pouco evidente, sendo frequente o aparecimento precoce de crises de apneia e cianose ❖ RX de tórax mostra infiltrado retículo-granular difuso distribuído uniformemente (vidro fosco), broncograma aéreo periférico e aumento de líquido pulmonar o Os prematuros de extremo baixo peso podem apresentar, no início, poucas alterações radiológicas, decorrente da imaturidade de seus pulmões, com número reduzido de alvéolos • A gasometria arterial revela hipoxemia importante em ar ambiente o Com a evolução do quadro há retenção de CO2, que pode estar inicialmente normal ou diminuído pela taquipneia compensatória o A acidose, inicialmente respiratória, costuma progredir para acidose mista • O diagnóstico diferencial deve ser feito com as pneumonias congênitas, em especial pelo estreptococo do grupo B, taquipneia transitória, cardiopatias congênitas e malformações pulmonares → trata como DMH e faz cultura + atb • O tratamento da SDR é multifatorial e inicia-se na prevenção com uso de corticosteroide antenatal, em gestante em trabalho de parto prematuro • A utilização de ventilação assistida, reposição de surfactante exógeno, medidas gerais de controle térmico, metabólico, hídrico, além de suporte nutricional agressivo e precoce são fundamentais para o sucesso do tratamento o Líquidos e calorias oferecidos em via IV → cuidar pois liquido em excesso pois pode descompensar com persistência do canal arterial, broncodisplasia pulmonar NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • A meta primordial é manter boa oxigenação → sendo necessário um rápido e efetivo recrutamento de áreas colapsadas decorrente da falta de surfactante o A intenção é diminuir a necessidade de suporte ventilatório, reduzir as necessidades de oxigênio e evitar maior agressão pulmonar REANIMAÇÃO ADEQUADA EVITANDO MINIMIZAR A LESÃO PULMONAR • 62% de bebês nascidos entre 23 e 34 semanas necessitam de uso de máscara ou cânula traqueal para iniciar a respiração → importância de minimizar a agressão pulmonar no auxílio à inicialização da respiração de • Em sala de parto se enfatiza a utilização de ventilador mecânico manual em T → possibilita uso de pressão positiva final, facilitando a manutenção de unidades alveolares abertas e o recrutamento adequado de áreas colapsadas. o Ele tambem permite a utilização de pressão positiva contínua de vias aéreas (CPAP) desde o nascimento até a transferência para a UTI neonatal • Dados mostraram que o uso de CPAP necessitou de menor ventilação e menor necessidade de surfactante exógeno ❖ Admissão na UTI neonatal e aquecimento, mantendo o bebê na zona térmica neutra • O intervalo de temperatura entre 36,5 e 37,5°C é considerado como normotermia → valores diferentes incorporam riscos aos RN, pois a temperatura adequada de admissão no berçário é forte preditor de morbidade e mortalidade • Recomendação atual o Pré-aquecer a sala de parto e mantê-la entre 23 e 26°C o Levar o bebê envolto em pano aquecido à mesa de reanimação já previamente aquecida o Não secar o bebê e envolvê-lo em saco plástico transparente (exceto a cabeça) ▪ O saco só será retirado após a estabilização na unidade neonatal o Utilizar touca dupla para reduzir a perda de calor na região da fontanela → cobrir o couro cabeludo com plástico e colocar por cima touca de lã ou algodão SUPORTE RESPIRATÓRIO CPAP NASAL (CONTINUOUS POSITIVE AIRWAY PRESSURE) • Atualmente a ventilação não invasiva (VNI) e CPAP vêm sendo primeira escolha para a assistência respiratória. • Tem-se recomendado sua utilização precoce, muitas vezes na sala de parto, para prevenir colapso dos alvéolos ainda abertos e reduzir a necessidade de suporte ventilatório invasivo • O uso do CPAP nasal vem sendo muito estimulado para minimizar a lesão pulmonar → faz aumento da capacidade residual funcional e promoção do crescimento pulmonar do prematuro, melhora a complacência pulmonar o Reduz a resistência das vias aéreas, aumentando seu diâmetro e as mantendo abertas o Diminui a frequência respiratória, melhora a aposição do diafragma e a sua contratilidade o Apresenta um papel na conservação do surfactante exógeno • Na prática, objetiva-se manter PaO2 entre 50-70 mmHg e, se necessário, realizam-se aumentos graduais da FiO2 (5 a 10%) até cerca de 80% e do CPAP até, no máximo, 10 cmH2O ❖ Em casos com insuficiência respiratória grave, com hipóxia acentuada e acidose respiratória grave (PCO2 > 60 mmHg, satO2 < 90% e pH < 7,2) já em CPAP com FiO2 40-70% → ventilação mecânica (VM) deve ser indicada VENTILAÇÃO MECÂNICA • O uso da VM tem possibilitado a sobrevivência de RN pré-termos com doenças mais graves • A ventilação mandatória intermitente (VMI), com ventiladores convencionais ciclados a tempo, limitados a pressão, com fluxocontínuo, ainda bastante usado • Evidências têm demonstrado preferência por modos sincronizados, que diminuem o trabalho respiratório do RN ❖ Parâmetros iniciais para a ventilação mecânica convencional o Entubação traqueal adequada o Pressão positiva expiratória final (PEEP) – iniciar com 4 a 6 cmH2 O o Pressão inspiratória (PIP) – mínima necessária para boa expansão torácica (15 a 25 cmH2O) ▪ Ajustar conforme evolução o Tempo inspiratório (TI) – o menor possível (0,4 a 0,5 s) ▪ TI prolongados estão associadas com maiores lesões do tipo escape (pneumotórax) o FiO2 – a necessária para manter uma oxigenação adequada o Frequência respiratória (IMV) – entre 30 e 60 NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 SURFACTANTE EXÓGENO • Todas as evidências apontam para o benefício do uso precoce, principalmente nas primeiras 2h de vida • O intervalo mínimo entre as doses deve ser de 6 horas o Pctes que permanecem entubados, com padrão radiológico apresentando pouca melhora e dificuldade de diminuir os parâmetros do respirador, são candidatos a novas doses ▪ A dose inicial varia de 100 a 200 mg/kg e dose adicional (100 mg/kg) deve ser feita se, 6 horas após, continuar em VM e com FiO2 acima de 0,3 • Eficácia tem sido atribuída a composição do surfactante de lípides e proteína, além da boa técnica de administração. • Observam-se estudos sobre estratégias de administração que otimizem a distribuição uniforme de surfactante pela via aérea para maximizar seus efeitos benéficos o A infusão lenta de surfactante para amenizar efeitos colaterais, pode resultar em má distribuição o O fracionamento em várias alíquotas para pré-termos extremos em VM e com os mesmos parâmetros pré- instilação da droga aumenta a chance de obstrução de vias aéreas ❖ Se concluiu que a melhor maneira de administrar o surfactante seria em bolo associado a algumas estratégias ventilatórias antes e depois de seu uso o Manter o RN em decúbito dorsal o Aumentar pressão em 1-2 cmH2O no respirador, 5min antes da aplicação ▪ Ou utilizar ventilador manual com 1 a 2 cmH2O acima da pressão utilizada previamente o Desconectar do TOT. o Aplicar no terço médio da traqueia, em bolo (em 10 a 20”) em 1-2 alíquotas com intervalo de 30 a 60” o Ventilar com frequência de 60 ipm e pressão suficiente para empurrar para dentro das vias o Tentar não aspirar o TOT nas 2h seguintes, a menos que tenha sinais de obstrução LITERATURA: - Tratado de Pediatria da SBP 4ª Ed. - 2017 - MEDCURSO 2019 PEDI – Vol. 1 NEONATOLOGIA