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Direito canônico

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Direito canônico 
Periodização
· Direito da cristandade / da igreja católica
-- Direito aplicado a todos os cristãos, pela igreja católica
· Surge na antiguidade e tem seu apogeu na idade média, mas depois entra em declínio 
· Direito hebraico tem influência sobre esse direito 
· A expressão direito canônico, vem do grego
Canon=regra, norma. Decisões tomadas pelos vários concílios da igreja 
· Sistema jurídico importante devido a sua amplitude temporal: surge na antiguidade e dura toda a idade média, e acaba vigorando até hoje e por ser o único sistema jurídico escrito na idade média.
Obs: aquele mais assemelhado ao sistema jurídico romano (Na antiguidade)
Periodização
· Fase ascendente: que se estende do século III até o século XI d.C
· Apogeu; século XII e XIII
· Decadência: após século XIV: Tanto em termos de sofisticação como em abrangências das jurisidições
Características Gerais 
· Direito com pretensão de universalidade, de perfeição. Busca seus fundamentos nas escrituras sagradas
· Caráter unitário e uniforme 
---- Com características peculiares
· O papa é infalível, por ser o representante de Deus na terra, em função disso monopoliza a interpretação do direito canônico, tendo a capacidade de dar a interpretação final (interpretação autentica) 
----Monopólio papal da interpretação do direito
Canônico
· Direito influenciado por sistemas anteriores e que também influenciou sistemas, como o sistema romano germânico (direito germânico)
---- Influencias em alguns âmbitos: como no direito privado (matérias como: família, divórcio, heranças e sucessões eram reguladas pelo direito canônico, pelo direito católico, direito da igreja católica)
· Tribunais eclesiásticos
--- O tribunal da santa inquisição é um exemplo desses tribunais, além de ser um exemplo do tamanho do poder que a igreja tinha sob a sociedade
---- No seu apogeu tiveram exclusividades de jurisdição em certas matérias. Podendo julgar inclusive pessoas que não faziam parte da igreja católica
· Caráter doutrinário e erudito: todo baseado na doutrina cristã, religião católica. E os membros do clero todos liam e entendiam o latim, destoando dos demais sistemas jurídicos da Idade Média
· Influência no desenvolvimento do estudo do direito laico e influência romanista (direito romano)
· Tem fontes compartilhadas com o direito hebraico como o antigo, e novo testamentos 
· Um direito jurídico que reconhece uma dualidade, a existência de um direito laico (que não tem relação com questões religiosas) e por outro lado um direito de cunho religioso.
--- Mas naturalmente tentou fazer com que, tanto o poder da igreja, quanto o seu direito tivesse uma certa primazia
----- Conflitos entre jurisdições eclesiásticas e laicas
(Casos, dúvidas entre qual direito deve ser aplicado: canônico, feudal, consuetudinário. E tribunais as vezes julgando os mesmos casos)
· O direito canônico reconhece a distinção entre direito, religião e moral
--- Clareza maior daquilo que é norma jurídica, e direito canônico aplicável 
· Na idade média, observa-se o apogeu da igreja católica quando os estados papais chegam ao máximo do seu desenvolvimento,
---- Nesses estados, o papa exercia simultaneamente o poder religioso e o poder secular (poder mundano, do monarca)
--- Supremacia do poder papal sobre o do monarca (poder do estado)
---- Disputa do poder entre imperador e papa
Jurisdição Eclesiástica (tribunais eclesiásticos)
· Origem arbitragem- Surge a partir de conciliações e arbitragens de conflitos feitas de maneira voluntária (com relação a leigos) e disciplinar (com relação ao clero, comportamentos e normas a serem seguidas pelo clero com conjunto de sanções a serem aplicados nesse clero)
----- Jurisdição episcopal voluntária
· Imperador Constantino reconhece a possibilidade da igreja em fazer conciliações, arbitragens a fim de assim resolver conflitos 
---- Atividade paralela e alternativa as outras tradicionais dos tribunais comuns
· Excomunhão: sanção máxima, na medida em uma vez excomungado, o indivíduo é desligado da comunidade dos membros da igreja católica 
---Tem como efeito o impedimento do indivíduo em receber os sacramentos 
--- Sanção máxima, na medida que a impossibilidade de receber esses sacramentos implica na perda da salvação, possibilidade de salvação
· Surgimento no século V do instituto Privilegium fori (foro privilegiado) ou de privilégio de clerezia (privilégio do clero)
---- Privilégio de só poderem ser julgados perante tribunais eclesiásticas, imunes a qualquer outra jurisdição, outros tribunais 
· Essa jurisdição tem o seu apogeu entre o século X até o século XIV: Período no qual ela tem maior extensão e é dado a ela maior poder (julgavam leigos, não só o clero)
· Decadência: XVI
· Tribunais com competências em razão da pessoa (ratione persone)
--- Privilégio de algumas pessoas com relação ao seu julgamento (só podiam ser julgados pelos tribunais eclesiásticos) 
---- pessoas: eclesiásticos (membros do clero), cruzados (espécie de favor), os membros das universidades (espécie de favor), viúvas e órfãos (espécie de proteção) 
--- Fosse em matérias cível e penal
---Espécie de proteção
· Tribunais com competências em razão da matéria (ratione materiae), aqui a “pessoa” não é importante, mas sim a matéria
---Determinados assuntos atraiam a competência da jurisdição eclesiásticas 
--- Matéria penal: infrações (crimes) contra a religião (heresia, apostasia, simonia, sacrilégio, feitiçaria, etc.) ou outras infrações (adultério, usura, etc.), concorrentemente com a jurisdição laica (conflitos de jurisdições para decidir os casos)	Comment by Isabela Ramires: 
--- Matéria Cível: benefícios eclesiásticos, casamentos, testamentos, etc.
OBS: Heresia= doutrina contrária aos preceitos estabelecidos pela Igreja, visões que discordam da igreja. Apostasia = renuncia a fé; Simonia= prática de curandeirismo; 
· Para resolver conflitos de jurisdições eram feitos acordos (concordatas) entre o Estado e a igreja católica, ou por critérios de prioridade
· Os magistrados eram os bispos ou outras autoridades religiosas que o próprio direito canônico estabelece como competentes para apurar aquelas infrações, e proferir as decisões 
---As autoridades religiosas são ao mesmo tempo as autoridades judiciais 
· Processo cível: era um processo escrito, que se iniciava com uma peça chamada libellus (petição inicial)
-- Fases das exceções: momento em que as defesas poderiam se apresentar 
-- Fase das provas: naturezas como de confissão, testemunhos, documentos ou juramento litisdecisório
· Processo Penal: um processo acusatório, que se inicia com uma queixa e se desenvolvia com uma certa bilateralidade 
--- Depois esse processo se torna oficioso, ou seja, se torna um processo mais de cunho inquisitorial 
--- Acusação toma uma posição de superioridade com relação a defesa ou o acusado 
-- Um exemplo desse processo é o santo oficio ou santa inquisição: Órgão da jurisdição eclesiásticas. Ilustra bem a amplitude dos poderes e o tipo de processo secreto, assimétrico, desigual que se estabelecia perante essa jurisdição (acusado não tinha amplas garantias de defesa) 
--- A tortura (Quaestio) no processo inquisitorial era um meio de produção de prova, a confissão
Fontes do direito canônico 
1. Lus Divinum
· Conjunto de normas jurídicas obtidas a partir da sagrada escritura (Bíblia)
· Influência hebraica (Antigo Testamento) e grega (Novo Testamento)
· Escrito dos Apóstolos e Doutores da Igreja (patrística): doutrina autorizada
2. Legislação Canônica 
· Conjunto das decisões tomadas por autoridades eclesiásticas: papas, concílios 
· Normas gerais e abstratas aplicadas a todos os seus destinatários em princípios ao clérigos e leigos que integram a igreja católica 
· Desenvolvimento significativo até s. XVI
· Diferentes espécies (cânones e decretais) 
· Compilações e coleções diversas: legislação compilada, com várias tentativas de racionalização, diversas coleções
Cânones
· Espécie de decretos
· Decisõestomadas por concílios da igreja 
· Destaque aos Concílios ecumênicos: Concílio da igreja que abrangia todos os bispos, reunia todos os bispos
---- Mas havia outros concílios como os regionais, concílios provinciais e concílios diocesanos, sínodos (autoridades de um bispado)
· Ainda se exigia a aprovação da igreja, mas também uma aprovação do rei, do monarca: Eventual exigência de placet real (nterdependência)
Decretais
· Constitutiones ou litterae decretales (cartas decretais)
· Início séc. IV d.C., ápice: ss. XII a XIV
· Respostas dos Papas a consultas ou pedidos de autoridades eclesiásticas ou laicas
· Inspiração nos rescripta imperiais romanos
--- respostas dadas pelo imperador a consultas feitas a ele, e que tinham força vinculante (estabeleciam uma norma)
· Transferência do poder legislativo eclesiástico dos concílios para o papado
---- Parecido com o que se observa no direito romano
--- Cada vez mais o papa ganhando poder, legislando e os comícios (assembleia dos bispos, ou de outras entidades) perdendo poder
Constituições pontificais 
· Normas do Papa dirigidas aos bispos da igreja, e que são de observância obrigatória 
· Encíclicas ou bulas papais
· “Ideia de que o papa não falhava”
3. Costumes
· Jus non scriptum (direito não escrito)
· Papel modesto (caráter erudito do D. Canônico)
· Fonte eventual mais local que geral
· Critérios para admissão do costume: seguido há certo tempo, razoabilidade, legitimidade (conformidade, não contrariar ou ferir, ao direito divino e outras fontes)
4. Princípios do Direito Romano
· Fonte supletiva, não havendo uma norma expressa, no próprio direito canônico era licito recorrer a princípios do direito romano
· Condições: 
-Não contrariedade ao ius divinum 
-Não contrariedade à legislação canônica
5. Compilações e códigos
· Normas compiladas de maneiras não tão compiladas como nos códigos 
· Compilações – séc. III ao séc. XII 
· Códigos – após o séc. XII
Coleções Canônicas 
· São compilações canônicas 
· A mais antiga é conhecida como: Ensino do senhor pelos 12 apóstolos
· Outras: Cânones dos Apóstolos (s. III) Dionysius Exiguus (s. VI) Collectio Isidoriana (s. VII) etc.
 Códigos canônicos (após séc.XII)
· Ao longo do tempo essas codificações vão se sistematizando mais se transformando em códigos 
· O mais importante, com maior destaque era o cupus iuris canonici que foi inspirado no corpus ius civile
--- Inspirado no direito romano
· Fruto do decreto graciano + outras compilações de normas formavam o Corpus Iruis Canonici
--- Corpo do direito canônico 
· É sobre esse código que se deu a formação do direito canônico clássico 
· Corpus Iruis Canonici é substituído pelo Codex iuris Canonici (1917) e depois mais para frente um outro código, porém com o mesmo nome em 1983 (Codex Iuris Canonici) e está até os nossos dias atuais 
Corpus Iuris Canonici (s. XVI – s. XX): COMPOSIÇÃO
· Decreto De Graciano (140 d.C)
--- estudo chamado de: concordância dos cânones (textos) discordantes
--- Tentativa de coordenação, comparação e resolução de antinomias (normas canônicas incompatíveis)
---- elaborado por um monge jurista, chamado de Graciano, que faz um amplo estudo de textos, com base na leitura de aproximadamente 3.800 textos, deixando em cada um deles, comentários (dicta de Graciano)
---Apesar de não oficial, se tornou a base do estudo do D. Canônico
· Decretais de Gregório IX (1234 d.C.)
--- normas decorrentes das decisões papais (decretais), no caso do Papa Gregório IX
---- novas normas anexadas ao decreto graciano, já que são normas posteriores ao decreto graciano
***mantendo a atualização 
--- Reúne aproximadamente 1550 textos canônicos oficias 
----Proibição de novas compilações não autorizadas pelo papa
· Livro Sexto (1298 d.C.) / Liber Sextus
--Compilação determinada pelo Papa Bonifácio VIII
--Mesma lógica que as anteriores, ou seja, atualizar as normas canônicas 
· Clementinae (1314 d.C.) ou as clementinas 
--- Constitutiones Clementinae (1314 d.C.)
---- Compilação das constituições determinadas pelo Papa Clemente 5º
· Extravagantes de João XXII (1324 d.C.)
· Extravagantes comuns (xv)
--- ambas são compilações também 
Codex iuris canonici (1917)
· Código elaborado pelo Papa Pio X
· Jus novissimum: O direito mais recente, todo o direito mais recente é incluído nesse código, além de sofrerem uma grande sistematização e atualização a partir das novas normas 
· Vigora até 1983
Codex Iuris Canonici de 1983
· Durante o concílio Vaticano II, o Papa João XXIII em 1961, houve a decisão/proposta de criar um novo código, porém com o mesmo nome do anterior 
· E só é aprovado pelo Papa João Paulo II em 1983
· Nomeação da Pontífica Comissão (atualmente Pontífico Conselho para Textos Legislativos): interpretação autêntica, vinculante na igreja católica, com força de lei
· Estrutura:
Liber I – De Normis Generalibus 
--- Normas gerais 
Liber II – De populo Dei
--- Fala da cristandade dos membros da igreja católica 
Liber III – De Ecclesiae Munere Docendi
--- Fala sobre a atividade pastoral, de doutrina da igreja
Liber IV – De Ecclesiae Munere Sanctificandi
---- Deveres de santificação da igreja, aborda os sacramentos (batismo, casamento, comunhão)
Liber V – De Bonis Ecclesiae Temporalibus
--- trata dos bens temporais da igreja (propriedade)
Liber VI – De Sanctionibus in Ecclesia
--- Trata das sanções da igreja, aplicada a leigos ou clérigos 
Liber VII – De Processibus
---Trata das normas processuais

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