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ODONTOPEDIATRIA RESUMOS MATERIAL COMPLEMENTAR SUMÁRIO Odontologia na primeira infância ..................................................................................3 Manejo do comportamento ...........................................................................................6 Formação da dentição decídua e mista .........................................................................8 Terapia pulpar conservadora .........................................................................................11 Terapia pulpar radical ...................................................................................................14 Traumatismo em odontopediatria – parte I ...................................................................16 Traumatismo em odontopediatria – parte II ..................................................................19 Traumatismo em odontopediatria – parte III .................................................................21 Anestesia em odontopediatria ......................................................................................23 Cirurgia em odontopediatria .........................................................................................25 Considerações sobre pacientes pediátricos – parte I ....................................................27 Considerações sobre pacientes pediátricos – parte II ...................................................30 Considerações sobre pacientes pediátricos – parte III ..................................................33 3PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA ODONTOLOGIA NA PRIMEIRA INFÂNCIA Abrange a faixa etária do recém-nascido até uma criança por volta dos seus três anos. → = TESOURO DAS FAMÍLIAS. Primeiramente, precisa entender as Características estomatognáticas na primeira infância para saber o que se encontra dentro do padrão de normalidade ou não, como, por exemplo: 1) Período dos rodetes gengivais; Bebês sem dentes, com presença dos pequenos rodetes, se pressupõe que é onde estão os dentes decíduos. Na região anterior: presentes na vestibular do processo alveolar. Posterior: nota-se um abaulamento arredondado sobre o processo alveolar. Nota-se a presença do Cordão Fibroso de Robin e Magigot Flácido à palpação, completame nte normal para a idade e ajuda no selamento maxila/mandíbula no aleitamento materno, facilitando assim o processo de sucção e nutrição do bebê. 2) Relação maxilo-mandibular; Maxila com pouca profundidade e rugosidades palatinas (impressão digital do bebê, individualizada) bem evidenciadas. Proeminência vestibular indicativa das coroas dentárias (na vestibular dos anteriores). Dimensão vertical escassa. Só será estabelecida quando ocorrer a erupção dos primeiros molares decíduos -> primeiro levante de mordida. Forma das arcadas – 4o mês de vida intrauterina As arcadas podem variar, ou seja, formato de U na maxila, e um formato mais em V na mandíbula. Esse formato vai se modificando com o desenvolvimento dos dentes, facilitando o processo de erupção dentária. Paciente falso micrognata, um falso classe II de Angle (sentido anteroposterior). A mandíbula é menor e o arredondamento da cabeça são características comuns para poder facilitar o parto. E, após isso, o aleitamento é incentivado para que haja o desenvolvimento da mandíbula. 4PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Ausência de osso alveolar nas faces incisais e oclusais. Nesse período, o bebê só faz a abertura e fechamento de boca. E os primeiros movimentos só acontecerão depois da erupção dos dentes. » Incisivos centrais – começa a acontecer o movimento de protrusão. » Molares – há a definição anteroposterior. » Caninos – acontece o movimento de lateralidade. 3) Exame clínico dos tecidos moles; Freio labial superior com inserção na palatina. Inserção até próximo à papila, ajudando no selamento para a amamentação. Durante o processo de erupção dos dentes decíduos, esse freio é reposicionado. Caso não aconteça, precisa ser avaliado para uma intervenção, pois se torna um freio teto labial permanente. Calo de amamentação. Fisiológico. Significando um bebê bem alimentado. Anquiloglossia Freio lingual com inserção praticamente em cima do rebordo e ponta da língua. Em um bebê com dentes, será necessária uma intervenção se houver alteração na fala ou até mesmo dificuldade de higienização. Já em bebês edêntulos, é necessário avaliar se há uma alteração quanto à amamentação, sendo indicado o Protocolo de Martinelli. 4) Formação da dentição decídua. Focar sempre na Prevenção na primeira infância 1) Higienização da cavidade oral do bebê; 2) Introdução dos fluoretos na primeira infância; Quando começar a introduzir os fluoretos – junto sempre com a introdução do açúcar. Ou seja, criança com erupção dos primeiros dentinhos + dieta cariogênica = risco de desenvolvimento de cárie, precisa, sim, já introduzir o fluoreto. Precisa explicar aos pais qual a quantidade adequada de fluoreto a ser utilizado. Até os 3 anos de idade (quando a criança engole o creme dental) = deve ser usado o equivalente a 1 grão de arroz cru; Se já tem contato com açúcares, utilizar a concentração acima de 1.000 ppm de flúor. 5PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA 3) A primeira consulta odontológica do bebê. Agravos em saúde bucal no bebê Lesões em tecido mole; Dentes natais e neonatais; Podem ocorrer. Qual a conduta correta? Cárie precoce na infância; Chamada antigamente de cárie de mamadeira, rampante, severa da infância, do lactente. Traumatismo dentoalveolar. 6PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA MANEJO DO COMPORTAMENTO Além da técnica, precisa de um manejo comportamental, por isso alguns assuntos foram separados para serem abordados. Desenvolvimento global e comportamento (não apenas o crescimento físico, mas crescimento psicológico e intelectual de uma criança) Fatores que influenciam o comportamento; Crescimento físico Determina o comportamento. De acordo com o crescimento, a criança ganha novas habilidades e, consequentemente, ela vai querer experimentar, adquirindo assim uma maturidade. Ex.: bebê que começa a se sentar, ele passa a ver o mundo diferente. Experiências passadas desagradáveis: medo direto, indireto e subjetivo Direto – quando de fato a criança experimentou na cadeira do dentista uma situação desagradável. Indireto – quando ela tem uma experiência desagradável com outras áreas da saúde (vacina, pediatra). Subjetivo – quando ela ouve o pai, o vizinho, um amigo, alguém contando uma experiência desagradável. Ela não vivenciou aquilo de forma direta ou indireta, mas ela leva com consigo aquele comportamento. Caprichar na anamnese. Insegurança e falta de confiança dos pais Na odontopediatria, sempre se trabalha com o núcleo familiar, ou seja, os pais precisam estar do nosso lado, jogando no mesmo time. Questões familiares Precisa entender e ter paciência com o que a criança está vivendo naquele momento, como o processo de separação dos pais, nascimento de um novo irmão. Padrão de comportamento em diferentes faixas etárias (para cada idade há um comportamento específi co que se espera dessa criança); Primeira infância – até os 3 anos, bebê sem nenhuma noção de risco, de responsabilidade de cooperação. O odontopediatra precisa usar medidas para proteger essa criança. Vive na fase do egocentrismo, chora muito, fase oral. Idade pré-escolar – fase do lúdico, melhor compreensão, não tem senso de responsabilidade. Podem ser usados objetos lúdicos, bonecos, super-heróis, brincadeiras. 7PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Idade escolar – padrão intelectual, habilidade motora para executar sua própria escovação, sem senso de responsabilidade/do autocuidado. Entende melhor tudo o que falam. Adolescência – fase de transição de ser criança x adulto, não gosta de ser comparado com ser criança. Já pode lidar na consulta como igual para igual. Já tem consciênciacom seu autocuidado, não precisa de ajuda para executar a escovação. Medo e ansiedade em odontopediatria. Técnicas farmacológicas: sedativos, sedação consciente com óxido nitroso e até mesmo a anestesia geral, em alguns casos. Técnicas não farmacológicas no manejo do comportamento Acolhimento humanizado; Empatia e confiança » Conversar e tratar no mesmo nível, para construir essa confiança. Avaliação do risco de saúde bucal » Priorizar atendimentos (primeiramente o traumatismo). Ambiente e paramentação personalizados » Jalecos coloridos, ambientes específicos para receber a criança com brinquedos etc. Controle de ansiedade – distração e relaxamento; Comunicação verbal e não verbal (tom de voz, volume adequado, ritmo de como se falar com a criança); Falar – mostrar – fazer » Demonstrar como funciona, dividir com ela aquela sensação. Modelagem; Faça em alguém, ou em um objeto, em que a criança consegue ver no outro aquela experiência. Reforço positivo. Criança com comportamento colaborador merece uma premiação, com critérios. Outras opções: aromaterapia, musicoterapia, floral, heiki, hipnose em odontopedia- tria. 8PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA FORMAÇÃO DA DENTIÇÃO DECÍDUA E MISTA Em odontopediatria, se tem algumas fases de desenvolvimento, desde uma fase edentada, passando pelas dentições decídua e mista, e a defi nição da dentição perma- nente. Desenvolvimento da dentição decídua 1) Cronologia de erupção dentária (ordem de erupção é considerada muito mais importante do que o tempo, porque pode interferir lá na frente); O bebê só começa a desenvolver os movimentos bordejantes da mandíbula quando se tem contato, estímulos. Primeiros dentes a erupcionarem são os incisivos inferiores -> superiores -> laterais inferiores -> superiores. Com os quatros incisivos erupcionados = começa o movimento de protrusão. A erupção é guiada pelo posicionamento de língua e de lábio. Primeiros molares decíduos, inferiores primeiro, promovendo uma trava anteroposterior. É quando define a primeira dimensão vertical da criança. -> Nascimento dos caninos inferior e superior. *Se o canino nasce primeiro, o paciente não apresentará a trava anteroposte- rior, e sim a lateralidade, podendo desenvolver a mordida cruzada. E, por último, os segundos molares decíduos, por volta dos 24 meses. Após isso, não terá alterações clínicas aparentes, mas intraóssea; haverá o processo de rizólise e formação do germe do permanente. 2) Características morfofuncionais da dentição decídua. Tipo de arco Tipo I – diastemas entre os incisivos. Tipo II – sem diastemas, mais desfavorável para depois caber todos os dentes permanentes. Espaço primata Maxila – entre a distal do lateral e mesial do canino. Mandíbula – entre a distal do canino e mesial do primeiro molar decíduo. Relação dos 2os molares decíduos Relação dos caninos Classe I, II e III anteroposterior, onde correlaciona a ponta da cúspide superior e inferior. 9PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Relação com base óssea Fica posicionado de forma bem perpendicular. Desenvolvimento da dentição mista (caracterizada pela erupção do primeiro dente permanente – incisivos centrais, laterais ou os primeiros molares permanentes) 1) Estágio de Nolla (a depender da formação do germe dentário, é uma tomada de decisão quanto ao tratamento); Estágio de Nolla 6 – início da erupção (coroa completa, início da formação da raiz) Estágio de Nolla 8 – passagem pela crista alveolar (2/3 de raiz completa, somente mucosa por cima) Estágio de Nolla 9 – rompimento da mucosa (raiz formada, mas ápice aberto) 2) Biogênese da oclusão do 1o molar permanente (chave de oclusão); Curva de Spee e determina a maturação da ATM Determinação da dimensão vertical definitiva – perda precoce dos decíduos pode influenciar no processo de oclusão dos permanentes Preservação do comprimento do arco Largura do arco Classificação de Angle – relação anteroposterior da maxila e mandíbula Oclusão x 2os molares decíduos » Mesial do superior e inferior coincidente = plano reto (mais favorável) » Mesial do inferior mais para frente = degrau mesial » Distal do inferior mais para trás = degrau distal (desfavorável) 3) Fase do Patinho Feio (erupção dos incisivos) – dente de adulto em uma base óssea de criança. Dentes vestibularizados e distalizados/abertos; após a erupção do caninos, a fase do patinho feio vai fechando; Aumento na largura dos arcos Diastemas e inclinação vestibular 4) Mecanismos de compensação de espaço. Inclinação dentária Diastemas e espaço primata da dentição decídua Espaço livre de Nance – somatória mésio-distal do canino + primeiro e segundo molar decíduo = maior do que a somatória da distância mésio-distal do primeiro e segundo pré-molares permanentes, tendo uma folga para o nascimento de todos os permanentes 10PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Posicionamento dos molares Crescimento em altura e processo alveolar – segundo surto de crescimento de lateralidade e anteroposterior, principalmente no tuber da maxila Crescimento na região posterior aos molares 11PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA TERAPIA PULPAR CONSERVADORA A manutenção de um dente no arco vai ajudar futuramente uma formação adequada da oclusão. Opções da Terapia Pulpar: 1) Conservadora 2) Radical Diagnóstico pulpar em dentes decíduos (o insucesso da técnica pode estar relacio- nado com uma falha no diagnóstico) 1) Anamnese (dados que a mãe/responsável relata); Relatos da mãe: se saiu uma bolinha de pus na gengiva, ou se só tem dor provocada. 2) Exame clínico (sinais); NÃO SE FAZ TESTE TÉRMICO EM ODONTOPEDIATRIA – é muito subjetivo e a criança não consegue verbalizar. Edema Fístula Cárie profunda Mobilidade (reabsorção óssea) Alteração cromática (pós-trauma, principalmente) Característica pulpar: após o isolamento absoluto e acesso à câmara pulpar Dor (quando está fazendo o procedimento, significa que se tem resquício de polpa viva) Aspecto de hemorragia (polpa fibrosa/densa – saudável, ou fluida/sem estrutura – degeneração) Hiperemia pulpar (sangramento normal é bom, porém o sangramento intenso/sem homeostase significa um processo irreversível) Necrose pulpar (câmara pulpar já oca) 3) Exame radiográfico – complementar (características). Polpa calcificada É comum se ter obliteração pulpar pós-trauma Lesão periapical Não é comum 12PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Lesão de furca Mais comum = comprometimento pulpar Lâmina dura Se há espessamento ao redor do decíduo Cripta do permanente Se está rompida ou não Peculiaridades de dentes decíduos na terapia pulpar 1) Ciclo vital do dente decíduo; Odontogênese – crescimento do órgão pulpar Desenvolvimento em si do dente Formação completa da raiz – maturação Período de estabilização Metabolismo de síntese de proteínas para a formação da matriz e deposição de cristais Rizólise – regressão pulpar Esfoliação do decíduo Metabolismo mais fermentativo da polpa, produzindo ácidos para ajudar no processo da rizólise *2/3 de raiz já formada, é preconizado que se faça a exodontia. 2) Aspectos morfofuncionais em dentes decíduos (características anatômicas). Esmalte e dentina mais delgados Maior risco de envolvimento pulpar na presença de cárie profunda *Cuidado no acesso à câmara pulpar Menos mineralizados O processo de desmineralização e progressão da cárie dentária é diferente, dando risco de envolvimento pulpar Volume pulpar maior Aumenta o risco de perfuração. Usar a cureta Menores em dimensão Raiz é maior em comparação à coroa 13PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Assoalho da câmara pulpar mais fina Risco de trapanação é grande; se acontecer, é exodontia Cornos pulpares mais proeminentes Aumenta o risco de exposição em uma cárie em região interproximal Raízes mais divergentes Devido àcoroa do germe permanente Canais irregulares e estreitos Principalmente pelo processo de rizólise Terapia pulpar conservadora em dentes decíduos 1) Pulpotomia; Amputação da polpa coronária (curetagem), seguida de uso de fármaco (formocresol, em desuso. Outras opções hoje: pastas à base de hidróxido de cálcio, MTA) pensando em manter polpa radicular vital, permitindo que aconteça o ciclo biológico normalmente. 2) Demais terapias pulpares conservadoras em dentes decíduos. Tratamento pulpar indireto (ART e escavação gradativa) – reduz o risco de exposição pulpar Capeamento pulpar indireto Capeamento pulpar direto – possui algumas restrições em dentes decíduos Apicogênese – raiz parcialmente formada. Pode-se estimular a formação dessa raiz. 14PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA TERAPIA PULPAR RADICAL Tratamento endodôntico em dentes decíduos Indicação e contraindicação Tentar sempre primeiro as técnicas menos invasivas. Indicação Pulpite irreversível – dor espontânea Necrose pulpar – câmara oca, com cheiro de lactobacilos Compatibilidade com ciclo vital – grau de reabsorção radicular. Presença de fístula – dente assintomático Condição restauradora – destruição coronária extensa, subgengival – melhor não fazer Contraindicação Rompimento da cripta óssea do permanente - exo Rompimento do assoalho – comprometeu a furca - exo Grau de reabsorção radicular – mais de 2/3 de reabsorção - exo Impossibilidade de restauração - exo Não faz teste de vitalidade 1) Anamnese Bem caprichada e apurada de tudo o que a mãe relata 2) Aspectos clínicos Presença de fístula, mobilidade, cárie extensa com suspeita de envolvimento pulpar 3) Aspectos radiográficos Região da furca, principalmente Tipos de terapia pulpar radical 1) Pulpite irreversível – BIOPULPECTOMIA – sangramento vivo, sintomatologia dolorosa, conteúdo pulpar Uso de anti-inflamatório: corticoide (Otosporin), HC (hidróxido de cálcio) Sempre realizar em duas sessões: desinflamar -> fechamento 2) Necrose pulpar – NECROPULPECTOMIA – fístula Uso de antimicrobianos: agentes fenólicos (paramono, triclesol) Duas sessões: descontamina -> técnica completa 15PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Protocolo clínico da terapia pulpar radical 1) Peculiaridades da técnica em dentes decíduos Anatomia e acesso endodôntico » Raízes mais divergentes » Teto da câmara pulpar próximo ao assoalho Odontometria » Usar localizadores, preferencialmente » Usar radiografia inicial para odontometria, usar o bisel da rizólise – não avançar esse bisel no processo biomecânico também » Em dentes posteriores – começa pela face mais interna das raízes » Anteriores – inicia-se pela distal Preparo biomecânico Pastas obturadoras 2) Pastas obturadoras em dentes decíduos – diferencia do dente permanente, pois não pode usar o cone de guta percha, devido ao processo de rizólise. Pasta 3 ou Pasta Guedes-Pinto (Riforcort – corticoide, Iodofórmio, Paramonoclorofenol canforado) – criticado pela presença do PMCC (ação tóxica) CTZ – pouco estudo na literatura (clorofenicol, tetraciclina, óxido de zinco) HC (Calen) e OZE – usado após o canal desinfetado Pastas prontas (Vitapex – HC e Iodofórmio) – aplicação clínica boa Pasta KRI (Iodofórmio, PMCC, mentol) Avaliar o processo biológico das pastas, composição química, trabalhos das impli- cações biológicas da pasta. Importante: ver o processo de rizólise, o grau de reabsorção da pasta, propriedades biológicas. 16PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA TRAUMATISMO EM ODONTOPEDIATRIA – PARTE I Propedêutica do traumatismo dentoalveolar do paciente infantil 1) Anamnese Características desse traumatismo, intensidade do trauma, local do trauma (possibilidade de contaminação – antibióticos, antitetânicas profiláticas) 2) Exame clínico: visual, palpação, ATM Palpação é fundamental para traumatismo envolvendo tábua óssea, processo alveolar Sempre ter registro inicial imediato pós-trauma 3) Exame radiográfico 4) Transiluminação para diagnóstico Para avaliar principalmente fraturas e trincas no esmalte com LED, fotopolimerizador 5) Documentação fotográfica Traumatismo em tecido mole 1) Laceração Ferimento raso acometido normalmente por objetos cortantes, envolvendo, por exemplo, o tecido muscular da vermelhidão do lábio que vai exigir a sutura do tecido. Orientar com relação à higiene com clorexidina, por exemplo. 2) Contusão Causado por impacto de um objeto que não é cortante, causa área hemorrágica e tem regressão espontânea Fazer com o paciente o tratamento paliativo, com analgésico, gelo para proporcionar conforto para o paciente 3) Abrasão Famoso ralado, escoriação na mucosa Orientar a higiene e também o tratamento paliativo 17PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Traumatismo em tecido dentário 1) Envolvendo esmalte Trincas de esmalte e fraturas de esmalte » Diagnóstico por transiluminação » Cuidados com hipersensibilidade dentinária » Rx inicial, 3 meses, 1 ano » Tratamento conservador (arredondamento das bordas e aplicação do verniz fluoretado – para proteger a estrutura ou restaurador com resina composta) Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar » Fratura coronária não complicada » Proteção da dentina com CIV - SEMPRE » Restauração com resina composta » Controle clínico 3-4 semanas Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar » Avaliação do ciclo vital do dente decíduo – influencia no diagnóstico. Trauma com ação imediata, sem muita contaminação, raiz em formação com metabolismo ativo – pode optar por capeamento pulpar direto – porém, não apresenta um prognóstico favorável em dentes decíduos. » Pulpotomia e restauração definitiva » Controle: C – 1 semana, C+R – 6-8 semanas, 1 ano » Todo dente traumatizado é importante acompanhar até o momento da esfoliação, erupção e fechamento do ápice do permanente. Fratura coronorradicular » Avaliar a extensão da fratura » Procedimento restaurador quando não invadir o espaço biológico (4-5 mm) » Qualquer outro caso, exodontia Fratura radicular » Longitudinal, transversal/horizontal, oblíqua » Fraturas transversais cervicais (próximas à coroa), longitudinais ou oblíquas – exodontia do fragmento e manutenção do fragmento dentário apical (que será reabsorvido ou superficializado no processo de erupção 18PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA dentária do permanente, pois pode comprometer a crista óssea do dente permanente, sepultamento do fragmento » Fraturas transversais apicais ou até o terço médio – redução da fratura e contenção rígida de 15-21 dias (formar osso, estabilizar) » Para recuperar ligamento periodontal, funcional – contenção semirrígida ou flexível 19PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA TRAUMATISMO EM ODONTOPEDIATRIA – PARTE II Lesão em tecido periodontal 1) Concussão e subluxação Lesão ao tecido de suporte sem deslocamento dentário Concussão: mais leve, não apresenta mobilidade, sem rompimento das fibras do ligamento periodontal, devido ao impacto à reação inflamatória local, mas reação positiva à percussão Subluxação: maior impacto, rompimento das fibras do ligamento periodontal, mobilidade anormal, lesão periodontal, presença do sangramento gengival * Ficar atento à presença de sangramento gengival 2) Luxação lateral, extrusiva e intrusiva LUXAÇÃO LATERAL Deslocamento dentário na direção vestibular, lingual, mesial ou distal Permanente conservado » Se for leve, aguardar reposicionamento espontâneo, com possível ajuste oclusal » Nos casos de grande interferência oclusal, reposicionamento com pressão digital imediata, imobilização 15-21 dias com contenção semirrígida Na possibilidade de lesão do permanente (deslocamento da coroa para vestibular), exodontia. Se a coroa foi para a vestibular, a raiz foi para distal, com grande chance de comprometimento do germe permanente. LUXAÇÃO INTRUSIVA – maior frequência Observar fratura do alvéolo e lesão em mucosa Reerupçãoespontânea até 6 meses Se nos primeiros 30 dias não visualizar indícios da reerupção espontânea, será necessário avaliar a possibilidade de anquilose e exodontia Reavaliação pulpar e periodontal - SEMPRE 20PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA LUXAÇÃO EXTRUSIVA A decisão do tratamento é baseada no grau de deslocamento (deslocamento maior que 3 mm = exodontia), mobilidade severa = exodontia, formação radicular (criança pequena com processo da rizogênese = condição favorável) e a habilidade de cooperação da criança com a situação de emergência Tratamento imediato (logo depois do trauma, pode-se pensar na possibilidade de reposicionamento com pressão digital e colocar contenção semirrígida, criança anestesiada) e mediato no dia seguinte; não adianta reposicionar, porque já iniciou o processo de reparação tecidual. Vai avaliar se há interferência oclusal; se houver, faz desgaste e acompanhamento periódico 3) Avulsão NÃO SE RECOMENDA O REIMPLANTE DENTÁRIO – acompanhar o processo de erup- ção do dente permanente até o fechamento do ápice e também fazer o manejo com espa- ço com mantenedores de espaço. 4) Lesão ao osso de suporte Esmagamento e compressão do osso alveolar Grande mobilidade (gengiva, osso e tábua óssea vestibular – movimento em bloco) e deslocamento de todo segmento (degrau para vestibular, minimizar o máximo esse degrau. Criança anestesiada) e interferência oclusal Reposicionamento e contenção rígida por 3-4 semanas * Fixar amarrilha primeiro nos dentes fi xos, sem mobilidade para não prejudicar mais ainda os dentes com mobilidade. 21PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA TRAUMATISMO EM ODONTOPEDIATRIA – PARTE III Complicações associadas ao traumatismo dentoalveolar 1) Sequelas no dente decíduo traumatizado Distúrbios de desenvolvimento » Hipoplasia – atinge formação da matriz orgânica » Hipomineralização do esmalte – atinge fase de deposição mineral da coroa » Má-formação radicular Descoloração dental – mais comum Degeneração pulpar – mais comum Lesão periapical – mais comum Anquilose – mais comum. Pode ocorrer durante a recuperação do tecido de suporte funcional e se faz uma contenção rígida no lugar de uma contenção semirrígida/flexível Alterações pulpares em dentes decíduos » Resposta inicial – hiperemia (condição inflamatória transitória) pulpar seguida de hemorragia e decomposição da hemoglobina no meio dos túbulos dentinários. A hemoglobina possui o ferro, que pode oxidar e promover alteração na cor da coroa. » Manchas rosadas (pela hemorragia inicial ou por reabsorção interna na porção da coroa), cinza (por conta da hemoglobina – não necessariamente precisará de uma intervenção – dependerá de uma avaliação clínica, com presença de fístula, mobilidade, alguma lesão periapical), amarela ou acastanhada (as duas últimas significam deposição de dentina – com prognóstico mais favorável). » Calcificação pulpar – prognóstico favorável. » Reabsorção externa – luxação extrusiva, por conta de uma resposta periodontal integrada com pulpar. » Reabsorção interna – luxação intrusiva, acompanhar até o fechamento do ápice do sucessor permanente. * Radiografi camente, observar se existe uma continuidade na cripta do sucessor per- manente. Se não existir essa continuidade, e ainda existe uma comunicação direta da raiz do decíduo com uma imagem radiolúcida de lesão periapical, o tratamento pode ser en- dodôntico ou exodontia, em que será defi nido pela comunicação direta do periápice com 22PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA a região cervical da coroa. Se houver a comunicação direta das duas regiões, exodontia; senão, pode ser o tratamento endodôntico. 2) Sequelas no dente permanente sucessor Hipoplasia do esmalte – afetando a fase da formação orgânica da matriz Hipomineralização do esmalte – ou na deposição de mineral Dilaceração coronária – avalia na radiografia que a raiz tem um longo eixo, porém a coroa sai desse longo eixo; alguns casos são quando se tem um supranumerário, odontoma atrapalhando a sua correta erupção Dilaceração radicular – ponta da raiz faz uma curvatura; alguns casos são quando se tem um supranumerário, odontoma atrapalhando a sua correta erupção Odontoma – acontece em fases precoces da formação do dente permanente – coroa do dente permanente se divide Duplicação radicular – acontece em fases precoces da formação do dente permanente – raiz do dente permanente se divide Rizogênese interrompida – parcial ou completa, fazer a avaliação com terapias específicas Distúrbio na cronologia de erupção – criança com algum processo infeccioso acelera o processo de esfoliação do decíduo e erupção do permanente. Já com processo inflamatório pós-trauma acontece o inverso; pode ocorrer a formação de um tecido cicatricial fibroso e atrapalhar o processo eruptivo do dente permanente. Quais fatores podem influenciar as sequelas associadas aos traumatismos dento- alveolares? (adquiridos numa anamnese, exame clínico, radiográfi co) Intensidade do trauma – pode afetar apenas aquele elemento traumatizado ou também os tecidos adjacentes. Grau de rizogênese – crianças menores que sofreram trauma apresentam um prognóstico mais favorável. Aquelas que possuem mais raiz formada, em um trauma apresentará um prognóstico mais desfavorável. Estágio de formação do germe dentário do sucessor – quanto mais cedo for acometido por trauma, maiores podem ser as sequelas, devido à deposição de estrutura orgânica para ser mineralizado. Tipo de trauma – por exemplo, uma intrusão é considerada pior do que uma fratura no dente decíduo, já que na intrusão existe a possibilidade de comprometimento do germe permanente. DICAS: Dentes decíduos – sofrem normalmente alterações pulpares Permanentes – sofrem alterações no processo de desenvolvimento 23PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA ANESTESIA EM ODONTOPEDIATRIA Peculiaridade do paciente infantil 1) Anatômicas e/ou fisiológicas Diferenças metabólicas em relação ao adulto Não a mesma reabsorção renal e hepática. Deslocamento do forame mandibular no sentido do plano oclusal com o crescimento Há alteração à medida que se tem o crescimento da criança Espessura da mucosa e redução de gengiva inserida. É muito mais fina, onde a presença de lesões pós é muito corriqueira; a pressão no êmbolo tem que ser bem devagar. Fina camada de osso alveolar na região vestibular Osso mais poroso proporcionando uma aplicação menor de anestésico. 2) Comportamentais – manejo de comportamento 3) Anestésico de escolha – fármaco com baixa toxicidade, duração adequada, lidocaína a 2% (média duração) Técnicas anestésicas em odontopediatria 1) Anestesia tópica – todo e qualquer procedimento é necessário Indicado para preparação da mucosa do paciente para anestesia, prevenindo que o paciente sinta a punção na mucosa. Tipos de anestésicos: Lidocaína 5% e 10% (Xylocaína, Xylestesin) Benzocaína 20% (Benzotop, Topex) Principal diferença entre as duas: uma é amida e outra éster (anestesia tópica é a única que usa tipo éster). Protocolo Isolamento relativo Mucosa seca Compressão por pelo menos 2 minutos até mucosa ficar enrugada 2) Infiltrativa terminal – muito usada na região da maxila, semelhantes à do adulto, com agulha curta ou extra curta, técnica atraumática 24PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA 3) Bloqueio troncular ou regional – na mandíbula Indicação: dentes inferiores, parte da língua, tecido ósseo e mucoso da mandíbula Indica-se a técnica direta em dentição decídua Criança sem primeiro molar permanente – consegue fazer a técnica direta, posiciona a agulha entre o canino e o primeiro molar decíduo do lado oposto, com angulação diretamente para o forame mandibular. Técnica muda de acordo com a idade do paciente, forame vai mudando e consequentemente a angulação da agulha também. 4) Anestesia do ligamento periodontal – no caso de o dente decíduo estar retido apenas na região de mucosa, não podeser utilizada para isolamento absoluto, e sim para exodontia Cálculo da dose anestésica 1) Informações necessárias para o cálculo anestésico Informações necessárias: peso da criança, concentração e toxicidade do anestésico Tomaremos de exemplo uma criança saudável de 10 quilos, qual o limite de tubetes que se poderia usar do anestésico lidocaína 2%? Toxicidade da lidocaína é 4,4 mg/kg peso = 44 mg Lidocaina 2% tem 36 mg do sal anestésico no tubete Para uma criança de 10 kg, recomenda-se o uso de 1,2 tubete de anestésico Sempre usar um pouco menos: 1 tubete para a criança 2) Toxicidade em odontopediatria 25PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA CIRURGIA EM ODONTOPEDIATRIA Procedimentos cirúrgicos em tecido mole 1) Ulectomia/ulotomia Cistos ou hematomas de erupção, gengiva fibrosa Ulectomia – remove parte do tecido, principalmente em dentes posteriores Ulotomia – apenas uma incisão, anteriores 2) Frenotomia Mais conservadora, mínima intervenção Anquiloglossia – Protocolo de Martinelli. Avalia função funcional Freio teto labial permanente 3) Frenectomia Mais invasivo Anquiloglossia Freio teto labial permanente – avaliar função. Recomenda-se esperar passar a fase do patinho feio, postergar a intervenção. Procedimentos cirúrgicos dentoalveolares 1) Exodontias de dentes decíduos 2) Principais indicações de procedimentos cirúrgicos dentoalveolares Exodontia de dentes decíduos – mais comum Dentes neonatal e natal – dentes nascidos nos primeiros 30 dias de vida ou o paciente já nasce com ele. Se não for da série normal ou tiver mobilidade com risco de aspiração, deve-se fazer a exodontia Dentes supranumerários – é indicada a remoção quando associada ao cisto dentígero ou processo inflamatório ou impactação do dente permanente, impedindo a sua erupção Dentes não irrompidos – mais comum são os caninos Raízes residuais, alveólise – nunca subestimar a raiz residual. Alveólise – inflamação pulpar exacerbada com comprometimento da tábua óssea vestibular com fenestração, exodontia. Fraturas coronárias - verticais Anquilose dentoalveolar 26PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Exodontia em dentes decíduos Manter o dente decíduo é sempre o melhor 1) Indicações 2) Importância dos exames complementares Fase do ciclo biológico – retenção prolongada, rizogênese ou rizólise incompleta, decisão de tratamento Grau de integridade radicular – tanto do decíduo quanto do permanente Existência de patologias ósseas – presença de lesão de furca, comprometimento de assoalho 3) Detalhes anatômicos Ciclo biológico do dente Raízes menores e mais delgadas – mais finas, maior risco de fratura Raízes representam maior proporção dos dentes – estudar as técnicas de extrações, saber onde as raízes estão Raízes divergentes Furcas situadas cervicalmente – pensar como colocará o fórceps 4) Técnica cirúrgica Fórceps específicos – de acordo com o tipo de dentes, para odontopediatria Elevadores dentais – quando se tem raiz residual, cuidado para não afetar o permanente Odontosecção com rotatórios – para anquilose severa, principalmente. Cuidado com o permanente. Osteotomia alveolar – recorte para remoção do bloco inteiro Combinação de técnicas 27PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA CONSIDERAÇÕES SOBRE PACIENTES PEDIÁTRICOS – PARTE I Introdução à cirurgia pediátrica 1) Considerações especiais Crianças são, obrigatoriamente, respiradores nasais » Apresentam vias aéreas relativamente estreitas e de fácil obstrução » Pense que o paciente que normalmente não respira pela boca terá muco e sangue obstruindo as vias aéreas, vindo a dessaturar com muita facilidade A parede torácica em crianças é flexível, o que é bom » A maioria das lesões pode existir com sinais externos de trauma menores do que o esperado » Às vezes, o paciente pode ter escoriações pequenas em tórax, uma pequena lesão, mas internamente pode ter uma perfuração de pulmão, por exemplo, devido a uma costela que perfurou aquela parede pulmonar Crianças frequentemente engolem ar quando se ferem ou se assustam » Tendo uma dilatação gástrica, podendo confundir um plantonista menos experiente » Às vezes, a criança será apalpada e então é percebido um abdome globoso, rígido. Às vezes, aquilo não é ar, não é sangue na cavidade abdominal A circunferência abdominal e a cavidade peritoneal em crianças são relativamente pequenas » Hemorragia intra-abdominal resulta em rápida mudança na circunferência » Qualquer sangramento fará com que a criança altere o seu perfil abdominal As crianças podem manter uma pressão sanguínea normal ou limítrofe em despeito a uma perda significante de fluidos, e descompensar rapidamente » O paciente poderá estar entrando em choque e nem perceber. Se você não tiver uma boa anamnese e avaliar muito bem o paciente, ele pode vir a óbito com muita facilidade e rapidez 28PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA As crianças possuem maior relação de superfície corporal e massa que nos adultos e estão mais propensas à hipotermia » Elas sentem mais frio e estão mais propensas à hipotermia. Lembrar sempre de cobrir o paciente 2) Considerações anatômicas (o que diferencia um adulto de uma criança?) As lesões maxilofaciais são menos frequentes em crianças mais jovens que em adolescentes e adultos » Resultado direto do ambiente social, física geral e fatores anatômicos craniomaxilofaciais » Antes dos 5 anos, a maioria das crianças cresce protegida, sofrendo apenas quedas da própria altura. Normal não ser exposta a nada muito perigoso. » As forças de baixo impacto são bem absorvidas pela pele bem acolchoada, esqueleto elástico e centros de crescimento cartilaginosos » Porém, não subestimem os pequenos traumas Após a idade de 5 a 7 anos, o rápido desenvolvimento neuromotor resulta em aumento das atividades físicas e interação social » Ocorre aumento nas possibilidades de trauma direto - ela vai andar de bicicleta, subir em árvores O contínuo crescimento craniomaxilofacial resulta em mudanças anatômicas » Nos primeiros anos de vida, o crânio acompanha o rápido crescimento cerebral, resultando em uma grande proeminência » Os globos oculares e órbitas também se desenvolvem rapidamente nas primeiras fases, acompanham o desenvolvimento anteroposterior do cérebro. É comum uma proporção entre face e crânio na criança; é um pouco alterada » Este período inicial é marcado por deficiência dos seios paranasais e de desenvolvimento dentário, resultando em altura facial, projeção horizontal e largura transversal. Crânio muito grande e uma face muito pequena, para proteger a face com relação a trauma » Como consequência, há maior exposição do frontal e regiões orbitárias, e proteção dos terços médio e inferior. Crianças até 5 anos, há maior chance de lesão em região frontal e orbital 29PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA MANDÍBULA A mandíbula define a borda inferior do esqueleto facial » O constante desenvolvimento anatômico ao longo do crescimento e desenvolvimento afeta o padrão de lesões em 1/3 inferior na infância. À medida que a mandíbula for crescendo, ela vai sofrer mais trauma » Na infância, o processo condilar possui uma medular bem vascularizada, com colo espesso e curto, com potencial de crescimento muito grande, mas condensada em um espaço muito pequeno » Os traumas condilares avaliados envolvem compressão, ao passo que as fraturas de colo condiliano são mais raras. Quando essas fraturas ocorrem, é um problema sério a ser tratado À medida que a face se desenvolve na adolescência, o processo condilar se torna comprido e corticalizado (deixando-o vulnerável a fraturas de colo) » A Mx e Md continuam crescendo ao longo da infância, mantendo uma alta proporção de osso esponjoso, resultando em grande elasticidade dos maxilares » Há maior incidência de fraturas galho verde e não deslocadas em relação aos adultos Durante os primeiros anos de vida, os germes dentários dos dentes permanentesem desenvolvimento são pequenos, e a relação dente/osso é pequena Na dentição mista (6-12 anos aprox.), a maior proporção entre dente e osso torna a mandíbula mais frágil em localizações específicas e facilita a fratura por meio das criptas dentais no trauma. Presença da dentição mista diminui a massa óssea da mandíbula, predisposição maior com relação às fraturas mandibulares. Após os 5 anos de vida, os seios paranasais se desenvolvem gradualmente, resultando em áreas de fragilidade do esqueleto, possibilitando a separação entre 1/3 médio e superior no trauma de grande porte. Terço médio mais maciço, mais elástico = menor chance de fratura O periósteo nas crianças é altamente osteogênico, o que resulta em um reparo precoce da fratura com extensiva remodelação após a união óssea. Bom para nível de cicatrização, mas ruim em nível de sequela; tendência de sequela é muito maior 30PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA CONSIDERAÇÕES SOBRE PACIENTES PEDIÁTRICOS – PARTE II Crianças possuem um funcionamento ligeiramente diferente dos adultos, seja por desenvolvimento incompleto, seja por questões psicossociais. O padrão de fraturas faciais em crianças vai seguir o modelo epidemiológico de onde ela vive, o tipo e energia do trauma. Trauma Se há suspeita de trauma facial, exame de imagem é obrigatório. Para uma suspeita de fratura de mandíbula, uma radiografia panorâmica oferece excelente imagem de todo o osso. Para paciente com histórico confuso ou múltiplos traumas, é indicada a solicitação de TC, que possibilita um completo diagnóstico de quaisquer fraturas faciais. A TC tem suplantado a radiografia no diagnóstico por imagem no trauma pediátrico. Em pacientes com imobilização cervical, a TC é de grande valia. 1) Epidemiologia Os padrões de lesões faciais na população pediátrica são consideravelmente diferentes dos adultos. Devido às diferenças de desenvolvimento. Fraturas NOE e de Seio Frontal » A prevalência de fraturas NOE segue de perto o desenvolvimento dos seios paranasais A partir dos 5 anos de idade, devido à fragilização da face por conta do desenvolvi- mento dos seios paranasais e maxila, podem acabar trazendo as fraturas de terço médio » São raramente vistas em crianças menores que 5 anos, e se tornando mais comuns na adolescência e vida adulta » Quando fraturas NOE deslocadas acometem crianças, adotam-se as mesmas condutas de redução aberta e FIR adotadas nos adultos Se o paciente pediátrico sofreu uma fratura Lefort II ou piramidal, esse paciente irá passar por acesso extenso, exposição da fratura, redução da fratura e sua fi xação da mes- ma forma que o adulto » Como no adulto, quando o LCM está deslocado, normalmente se mantém aderido ao fragmento ósseo. 31PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA » O LCM e o fragmento são reposicionados e fixados sem a necessidade de cantopexia medial direta » Cantopexias mediais formais contribuem para uma aparência não natural e devem ser evitadas quando possível Paciente passa a ter uma assimetria orbicular e estética desagradável » As lesões do seio frontal em crianças são abordadas da mesma forma que nos adultos » Fraturas da parede anterior do seio frontal são anatomicamente reconstruídas e estabilizadas para se prevenir deformidades de contorno Para prevenir o aspecto da face amassada Fraturas de Lefort (1/3 médio) » A prevalência das fraturas de 1/3 médio aumenta rapidamente à medida que aumenta a aeração das células dos seios maxilar e etmoidal » O desenvolvimento rápido dos seios ocorre entre os 6 e 12 anos de idade. » Em consequência, as fraturas maxilares em crianças não seguem os mesmos padrões dos adultos » Menores de 6 anos são mais raros de acontecer Fraturas deslocadas do 1/3 médio devem ser tratadas por FIR como nos adultos » Incisão em fundo de vestíbulo: expor a fratura, reduzir a fratura e fixar da mesma forma que um adulto. É necessário para se conseguir manter uma restauração anatômica » Isto é necessário para se conseguir e manter a restauração anatômica Fraturas do Complexo Zigomático » Uma fratura do complexo é aquela que atravessa a sutura frontozigomática, arco, rebordo infra e pilar zigomático – 4 pilares » Estas fraturas são mais bem elucidadas por meio de avaliação por TC nos planos axial e coronal » Os achados clínicos nas crianças são similares aos dos adultos » Fraturas deslocadas do complexo devem ser tratadas por FIR como nos adultos » Acessar por transconjutival, subpalpebral e fixar igual a um adulto » Em uma fratura minimamente deslocada, um tto mais limitado é utilizado para se conseguir uma redução adequada da fratura 32PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA » (Gancho de Gillies, acesso de Gillies da fáscia temporal ou acesso intraoral de Keene) Fraturas em Blow-out e Blow-in, associadas a trauma ocular direto » Podem ocorrer de forma isolada ou associadas a outras fraturas mais complexas de teto orbitário ou calota craniana » Paciente não consegue olhar para cima, pensar em encarceramento de músculo, fratura ou algum tipo de lesão nervosa » Cortes tomográficos FINOS (1 mm) nos planos axial e coronal, pois as paredes são muito finas » Fraturas de assoalho ou teto orbitário com repercussão clínica devem ser tratadas com reconstrução das paredes orbitárias como nos adultos 33PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA CONSIDERAÇÕES SOBRE PACIENTES PEDIÁTRICOS – PARTE III Trauma 1) Padrões de fraturas faciais Fraturas nasais As fraturas nasais são comuns na população pediátrica, devido à maior proporção do terço superior da face em relação às outras. As crianças tendem a se acidentar mais Na teoria, um trauma nasal na infância irá impactar negativamente no desenvolvimento do 1/3 médio, especificamente anteroposterior Na prática, raramente esta complicação é observada O diagnóstico de fraturas nasais e de septo é eminentemente clínico, causando dor na face, dor irradiando para as regiões laterais, obstrução nasal A confirmação pode vir por meio de exame radiográfico (Perfil para OPN) ou TC de face, cortes menores Fraturas deslocadas do nariz e septo devem ser reduzidas e estabilizadas por splints, de forma semelhante ao tratamento em adultos, entretanto nem sempre será possível encontrar nos lugares de trabalho os splints. Então, nesses casos, serão realizados tamponamentos Lembrando que o tto deve ser instituído nos primeiros dias, devido à cicatrização acelerada nas crianças; quanto mais precoce a intervenção, melhor para o paciente Fraturas Mandibulares A mandíbula de uma criança representa uma anatomia que afeta o padrão de fraturas vistas ao longo de variações etárias. A depender do desenvolvimento da mandíbula, ela pode sofrer mais ou menos traumas A Md é preenchida por dentes em vários estágios de irrupção, o que gera fragilidade por meio de transmissão da energia do trauma por meio das criptas dentais Dano ao osso em desenvolvimento e aos germes dentários pode resultar do trauma, técnica cirúrgica ou complicações do tto A distribuição das fraturas em crianças se dá principalmente a partir dos 6 anos de idade, em que a área mais acometida é o colo do côndilo Os princípios gerais de tratamento de fraturas mandibulares são os mesmos para crianças e adultos, regiões com chance de afastamento pode precisar de reforço, odontossíntese ou bloqueio. 34PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Redução anatômica combinada com estabilização adequada para mantê-la enquanto a união óssea ocorre, tem que promover estabilização da mandíbula (com exceção das fraturas de côndilo, Miiloro preconiza o uso conscientes da FIR em relação à redução fechada, em detrimento do uso de splints e técnicas de imobilização na dentição decídua) – normalmente é necessário de 10 a 15 dias de repouso FRATURAS DE CÔNDILO E COLO DO CÔNDILO MANDIBULAR Danos do processo condilar podem afetar o crescimento da Md e a função da ATM. Toda criança que sofreu um trauma vai apresentar alteração nodesenvolvimento no lado afetado A mandíbula é o último osso da face a completar seu crescimento normal (um trauma ao centro de crescimento do côndilo antes da maturação esquelética pode levar a um retardo de crescimento ipsilateral, resultando em má oclusão e assimetria facial). Aquele côndilo fraturado na criança devido à magnitude do trauma pode não vir a desenvolver aquele lado da mandíbula, levando a assimetrias muito graves Independentemente da opção de tratamento escolhida, irão ocorrer mudanças degenerativas e restrições de crescimento da ATM. Polo de crescimento da mandíbula = cabeça do côndilo O tratamento para a fratura de côndilo permanece controverso A redução aberta da fratura de côndilo em crianças pode ser realizada em algumas condições As indicações incluem: Deslocamento para a fossa craniana média Oclusão inaceitável após a técnica fechada ter sido executada, até mesmo não conseguir mastigar Avulsão do côndilo da cápsula, a cabeça pode não ser lubrificada o bastante Fraturas bilaterais dos côndilos associada às fraturas do 1/3 médio da face. Mordida Lefort I + fratura de côndilo = mordida aberta 35PRODUTO ÚNICO - ODONTOPEDIATRIA Em crianças jovens, é advogada uma conduta não cirúrgica para a maioria das fraturas condilares e subcondilares Assume-se um protocolo conservador: Curto período de imobilização parcial com elásticos (10-14 dias), bloqueio funcional Estimula a cicatrização dos tecidos moles e reduz a chance de fraturas em galho verde evoluírem para fraturas completas Permite mobilização precoce para evitar anquilose e fibrose da ATM Fisioterapia motora da ATM por vários meses para evitar anquilose Em casos em que há fratura condilar associada à fratura em outro sítio na mandíbula, opta-se por conduta cirúrgica no sítio primário com FIR, para que uma mobilização precoce da mandíbula ocorra e a função temporomandibular possa ocorrer. Lembrar de tratar o sítio que precisa de mobilização para cicatrização FRATURAS PARASSINFISÁRIAS Se persistir separação dentoalveolar adjacente ao traço de fratura após a redução fechada, deve ser abordada a redução aberta com FIR. Se a redução fechada não der uma oclusão satisfatória, é mais indicado fazer a aberta Deve ser evitada a instalação de placa e parafuso na zona de tensão na dentição mista, na região do processo alveolar, para não lesar o dente permanente FRATURAS DE CORPO As fraturas de corpo geralmente possuem vetores favoráveis de forças musculares nos segmentos, levando à redução ao invés do deslocamento. Essas fraturas são favoráveis para tratamento conservador Nestas situações, a redução fechada com BMM costuma ser suficiente Como alternativa, um cirurgião habilidoso consegue colocar placas e parafusos no bordo inferior da mandíbula com o uso de incisão intraoral Nos casos em que esteja contraindicado o BMM (fraturas de côndilo ou trauma severo), formas mais estáveis de FIR estão indicadas Recapitulando 1) O padrão de fraturas faciais visto em crianças e adolescentes varia com a anatomia do esqueleto em desenvolvimento 2) Utilizam-se técnicas de redução aberta das fraturas, enxertos autógenos e FIR em crianças 3) Sequelas ocorrem, mesmo quando o tto precoce é feito 4) Um acompanhamento a longo prazo é obrigatório para monitorar possíveis efeitos deletérios a longo prazo MATERIAL COMPLEMENTAR BONS ESTUDOS!