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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA – UNICURITIBA Disciplina: OIT E O FUTURO DO TRABALHO Professor Luiz Eduardo Gunther NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO: CONVENÇÕES, RECOMENDAÇÕES E RESOLUÇÕES - DECLARAÇÕES E PROTOCOLOS 1. Assembleia Geral da OIT. Compete à Conferência, na qualidade de Assembleia Geral da OIT, a regulamentação internacional do trabalho e das questões que lhe são conexas. Para tal fim pode adotar três tipos de instrumentos: convenção, recomendação e resolução. 2 Quórum para aprovar convenções, recomendações e resoluções. As proposições relativas aos temas constantes da ordem do dia da Conferência devem ser adotadas sob a forma de convenção ou recomendação, sendo que a Constituição da OIT somente se refere a esses dois tipos de instrumentos; mas sua aprovação depende de dois terços de votos dos delegados presentes e está condicionada à dupla discussão, em duas sessões (em regra anuais) da Conferência. Já as resoluções são adotadas por maioria simples, em discussão única, dizendo respeito, quase sempre, a questões que não se incluem na ordem do dia da correspondente sessão da Conferência. 3 Código Internacional do Trabalho. O conjunto de normas consubstanciadas nas convenções e recomendações constitui o que a OIT denomina "Código Internacional do Trabalho", figurando as resoluções e outros documentos como seus anexos. A última edição do Código, elaborada e publicada pela OIT, abrange as convenções e recomendações adotadas de 1919 a 1984. Até agosto de 2019, a Conferência Internacional havia adotado 190 convenções, 206 recomendações e 6 protocolos. Não se trata, porém, de um código na acepção técnica da palavra, uma vez que suas normas integram a legislação nacional de cada um dos Estados-Membros da OIT, na medida em que forem ratificadas as correspondentes convenções e transformadas em lei as respectivas recomendações. 4 Universalização das normas de justiça social. Com a finalidade de preparar e fomentar, no âmbito da competência da OIT, a criação de um direito comum a vários Estados, cabe à Conferência promover a universalização das normas de justiça social, preferindo, sempre que possível, a forma de convenção, dada a sua maior hierarquia e eficácia jurídica. Por isso, deveria adotar a recomendação somente quando o tema, ou um dos seus aspectos, não seja considerado conveniente ou apropriado para ser, no momento, objeto de uma convenção. 5 Diferenças entre convenções e recomendações. Materialmente, a convenção não se distingue da recomendação, configurando-se, entretanto, a distinção no tocante aos efeitos jurídicos que geram. Somente as convenções são objeto de ratificação pelos Estados-membros, enquanto as recomendações devem apenas ser submetidas à autoridade competente para 2 legislar sobre a respectiva matéria, a qual poderá, a respeito, tomar a decisão que entender. 6 Resoluções. Já as resoluções, não acarretam qualquer obrigação, ainda que de índole formal, para os Estados-membros, destinando-se: a convidar organismos internacionais ou governos nacionais a adotarem medidas nelas preconizadas; a comentar, apoiar ou combater determinada orientação suscetível de exercer influência na solução dos problemas sociais, dentre outras coisas. 7 Convenções e recomendações são tratados? As convenções constituem tratados multilaterais, abertos à ratificação dos Estados- membros, que, uma vez ratificados, devem integrar a respectiva legislação nacional. Já as recomendações se destinam a sugerir normas que podem ser adotadas por qualquer das partes diretas ou autônomas do Direito do Trabalho, embora visem, basicamente, ao legislador de cada um dos países vinculados à OIT. 8 Obrigação comum quanto às convenções e recomendações. Em relação aos dois instrumentos há, contudo, uma obrigação comum: devem ser submetidos à autoridade nacional competente para aprovar a ratificação da convenção ou para adotar as normas constantes da recomendação. A obrigação, no entanto, é de natureza formal, porquanto essa autoridade é soberana na deliberação que julgar conveniente tomar, tendo em vista os interesses do país. 9 Natureza jurídica das convenções. As convenções adotadas pela Conferência Internacional do Trabalho são, portanto, tratados- leis (normativos), multilaterais e abertos, que visam a regular determinadas relações sociais. Compreendem dois atos distintos: a) ato-regra, pelo qual os delegados à Conferência Internacional do Trabalho criam a norma jurídica; b) ato-condição, pelo qual os Estados-Membros, tenham ou não participado da elaboração do tratado aberto, ratificam-no, em decisão soberana, adotada de conformidade com o respectivo direito constitucional interno. 10 Vigência internacional e nacional da convenções. A vigência de uma convenção no âmbito internacional (vigência objetiva) não se confunde com a vigência da sua ratificação, por qualquer dos Estados-membros, nos respectivos territórios (vigência subjetiva), embora esta esteja condicionada àquela. Para a vigência internacional se exige que a convenção haja sido ratificada pelo número de Estados-membros nela fixado (geralmente dois) e o documento de um prazo determinado; e, se não estiver em vigor no campo internacional, não terá efeitos jurídicos no país que a ratificou. 3 11 O início da vigência das convenções. O início da vigência de cada convenção, quer no âmbito internacional, quer em relação a cada Estado que a ratificou, o prazo de validade da ratificação, sua prorrogação tácita ou sua denúncia constituem condições a respeito das quais deve expressamente dispor o próprio diploma aprovado pela Conferência. No tocante à vigência internacional, têm as convenções, com pequenas variações, adotado a regra de que se inicia doze meses após o registro de duas ratificações no BIT, cumprindo ao Diretor-Geral desse Bureau comunicar essa data a todos os Estados-Membros. Por seu turno, desde que já em vigor internacionalmente, a convenção obrigará cada Estado-Membro em relação à OIT, doze meses após a data em que registrar a respectiva ratificação. 12 Vigência indeterminada das convenções. A convenção, uma vez em vigor no campo internacional, tem vigência indeterminada, embora as ratificações do instrumento possam ser denunciadas após o decurso do prazo de 10 (dez) anos. Todavia, ainda que em virtude de denúncia, o número de Estados que permanecem vinculados à convenção seja inferior ao exigido para sua vigência internacional, essa não se suspende. 13 Obrigação de submeter a recomendação à autoridade competente. O Estado-membro da OIT tem a obrigação de submeter a recomendação à autoridade competente para o fim de decidir, soberanamente, sobre a conveniência de transformar em lei ou adotar outras medidas em relação à matéria versada., cumprindo-lhe, ainda, informar ao BIT (RIT), periodicamente, sobre o estado de sua legislação e da efetiva aplicação dos assuntos tratados na recomendação, precisando em que medida está sendo observada ou pretende aplicá-la, e, bem assim, as modificações que considera necessárias para adotar suas disposições. 14 Peculiaridades das recomendações e a consecução dos verdadeiros objetivos da OIT. Apesar de não serem suscetíveis de ratificação, com a consequente integração das correspondentes disposições no direito positivo nacional, as recomendações da OIT, em virtude dessa peculiaridade, têm motivado, em inúmeros casos, a consecução dos seus verdadeiros objetivos: a adoção de leis ou outros atos, pelos Estados-membros, no sentido das normas recomendadas, atendidas as peculiaridades nacionais. Em princípio, a Constituição da OIT visa à adoção de convenções, determinando, contudo, que a proposição examinada deve revestir a forma de uma recomendação, se a questão tratada, ou um dos seus aspectos, não se preste,no momento, para a adoção de uma convenção. 4 15 Normas Internacionais do Trabalho. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As convenções, uma vez ratificadas, por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. 16 Primeiras convenções. Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. A primeira delas respondia a uma das principais reivindicações do movimento sindical e operário do final do século XIX e começo do século XX: a limitação da jornada de trabalho a 8 horas diárias e 48 horas semanais. As outras convenções adotadas nessa ocasião referem-se à proteção à maternidade, à luta contra o desemprego, à definição da idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria e à proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos. 17 Primeiros 40 anos. Durante seus primeiros 40 anos de existência, a OIT consagrou a maior parte de suas energias a desenvolver normas internacionais do trabalho e a garantir sua aplicação. Entre 1919 e 1939, foram adotadas 67 Convenções e 66 Recomendações. A eclosão da Segunda Guerra Mundial interrompeu temporariamente esse processo. 18 Comissão de Peritos. Em 1926, a Conferência Internacional do Trabalho introduziu uma inovação importante para supervisionar a aplicação das normas. Criou uma Comissão de Peritos, composta por juristas independentes, encarregada de examinar os relatórios enviados pelos governos sobre a aplicação de Convenções por eles ratificadas (as “memórias”). A cada ano, essa Comissão apresenta seu próprio relatório à Conferência. Desde então, seu mandato foi ampliado para incluir memórias sobre convenções e recomendações não ratificadas. 19 Declarações da OIT. As declarações da OIT são atos que indicam regras genéricas, geralmente inspiradas por critérios de justiça, de modo a servir de base a um sistema jurídico. De certa forma, seriam equiparadas a uma norma programática, que traçaria critérios gerais. Não são imperativas, mas apenas uma orientação geral. Não criam direitos e obrigações. Exemplo: a Declaração Universal dos Direitos do Homem foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948. Prevê alguns direitos trabalhistas (artigos XXIII a XXV). No artigo XXIV diz que "todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias remuneradas periódicas". Não assevera, porém, qual é a jornada de trabalho, nem quantos são os 5 dias de férias. A OIT também aprovou suas Declarações internacionais. 20 Mudança de sede da OIT e Declaração de Filadélfia. Em agosto de 1940, como a Suíça se localizava no coração de uma Europa em guerra, o Diretor-Geral, John Winant mudou, temporariamente, a sede da Organização de Genebra para Montreal, no Canadá. Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Constituição, representa, desde essa época, a Carta de Princípios e Objetivos da OIT. Essa declaração antecipava a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), para as quais serviu de referência. 21 Princípios da Declaração de Filadélfia. A Declaração de Filadélfia reafirmava o princípio de que a paz permanente só pode estar baseada na justiça social e estabelecia quatro ideias fundamentais, que constituem valores e princípios básicos da OIT até hoje: - que o trabalho deve ser fonte de dignidade; - que o trabalho não é uma mercadoria; - que a pobreza, em qualquer lugar, é uma ameaça à prosperidade de todos; - que todos os seres humanos tem o direito de perseguir o seu bem estar em condições de liberdade e dignidade, segurança econômica e igualdade de oportunidades. 22 Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social, de 1977- um. Nas décadas de 1960 e 1970, as atividades das empresas multinacionais (EMNs) foram objeto de muitos e importantes debates, dos quais resultaram iniciativas para a criação de instrumentos internacionais com vista à regulamentação de sua conduta e à definição das condições que devem reger suas relações com os países em que se instalam, principalmente no mundo em desenvolvimento. Entre as preocupações levantadas pelas atividades das EMNs, figuram as questões relativas ao trabalho e à política social. A busca, por parte da OIT, de orientação internacional sobre assuntos de sua competência terminou na adoção, pelo Conselho de Administração, em 1977, da Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social (Declaração EMN). 23 Atualizações da Declaração sobre Empresas Multinacionais (EMNs)- dois. A Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Politica Social foi adotada pelo Conselho de Administração da Oficina Internacional do Trabalho em sua 204ª reunião (Genebra, em novembro de 1977) e emendada em sua reunião 279ª (novembro de 2000), reunião 295ª (março de 2006) e, 6 por último, na reunião 329ª (março de 2017). Quarenta anos após a adoção da Declaração original, as empresas multinacionais continuam a ser os principais motores da globalização. Suas operações podiam afetar as condições de trabalho e de vida das pessoas em todo o mundo e elas continuam a desempenhar um papel vital na promoção do progresso econômico e social. A revisão enriqueceu a Declaração sobre Empresas Multinacionais acrescentando princípios que abordam questões específicas do trabalho decente, relacionados com a seguridade social, o trabalho forçado, a transição da economia informal para a formal, salários e acesso a mecanismos de reparação e indenização de vítimas. 24 Princípios preconizados na Declaração das EMNs - três. Os princípios preconizados nesse instrumento internacional oferecem, às EMNs, aos governos, a empregadores e trabalhadores, orientações em matéria de emprego, formação, condições de trabalho e de vida e de relações de trabalho. Reforçam suas disposições algumas convenções e recomendações internacionais do trabalho, à cuja adoção e aplicação, na medida do possível, são instados os interlocutores sociais. Hoje em dia, o proeminente papel das EMNs no processo de globalização econômica e social torna a aplicação dos princípios da Declaração EMN tão oportuna e necessária como no momento de sua adoção. Na medida em que vão ganhando impulso os esforços envidados dentro e entre muitos países do mundo para atrair e aumentar investimentos externos diretos, novas oportunidades vão se oferecendo às partes interessadas na utilização dos princípios da Declaração, como sistemas de conduta, com vistas a reforçar os positivos efeitos sociais e de trabalho das atividades das EMNs. 25 Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho, de 1998- um. Em 1998, a Conferência Internacional do Trabalho, na sua 87ª Sessão, adotou a Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho, definidos como: - o direito à liberdade sindical e de associação e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva (Convenções 87 de 1948 e 98 de 1949); - a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório (Convenções 29 de 1930 e 105 de 1957); a efetiva abolição do trabalho infantil (Convenções 138 de 1973 e 182 de 1999); a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação (Convenções 100 de 1951 e 111 de 1958). Dos 187 Estados-Membros, 146 ratificaram todas essas convenções fundamentais. 26 Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho, de 1998 - dois. A Declaração associa a esses 4 direitose princípios 8 convenções, que passam a ser definidas como 7 fundamentais. Estabelece que todos os Estados-membros da OIT, pelo simples fato de sê-los, e de terem aderido à sua Constituição, são obrigados a respeitar esses direitos e princípios, havendo ou não ratificado as convenções a eles correspondentes. A Conferência define também a ratificação universal dessas convenções como um objetivo, senta as bases para um amplo programa de cooperação técnica da OIT com os seus Estados- Membros com o objetivo de contribuir à sua efetiva aplicação e define um mecanismo de monitoramento dos avanços realizados. 27 Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa, de 2008 - um. Em junho de 2008, durante a 97ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, que se realiza anualmente em Genebra, representantes de governos, empregadores e trabalhadores, adotaram um dos mais importantes documentos da OIT: a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa. O documento corresponde a uma das primeiras manifestações de um organismo internacional com preocupações sobre o mundo globalizado e a grave crise financeira internacional que iria eclodir a partir de setembro de 2008. Através da Declaração, os governos, empregadores e trabalhadores de todos os Estados-Membros pedem uma nova estratégia para apoiar as sociedades abertas e a economia mundial com base na justiça social, o pleno emprego e a coesão social. 28 Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equilativa de 2008 – dois. A Declaração reconhece os benefícios da globalização, mas apela a que se realizem esforços renovados para aplicar politicas de trabalho digno como meio de alcançar resultados melhores e mais equitativos. Especificamente, a Declaração estabelece uma nova base a partir da qual a OIT pode apoiar os esforços dos seus Membros para promover e alcançar o progresso e a justiça social através dos quatro objetivos da Agenda para o Trabalho Digno: a) emprego; b) proteção social; c) diálogo social e tripartismo; e d) princípios e direitos fundamentais no trabalho. Ao salientar a natureza interdependente desses quatro objetivos, a declaração sublinha que a falta de apoio a qualquer deles afetaria a promoção dos outros. 29 Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equilativa de 2008 – três. Ao mesmo tempo, a Declaração confere aos Membros da OIT a responsabilidade de contribuir, através de suas políticas socioeconômicas, para a realização de uma estratégia global integrada para a aplicação da Agenda para o Trabalho Digno. Pede também a outras organizações internacionais e regionais que promovam o trabalho digno e acrescenta: "dado que 8 as políticas comerciais e os mercados financeiros têm efeitos no emprego, compete à OIT avaliar esses efeitos para conseguir que o emprego esteja no centro das políticas econômicas". 30 Protocolos da OIT - um. Os protocolos da OIT constituem mecanismos recentes dentro da instituição. Trata-se de um dispositivo processual para adicionar maior flexibilidade a uma convenção ou para estender suas obrigações. Os protocolos também são tratados internacionais, mas que, no contexto da OIT, não existem de forma independente, pois estão sempre ligados a uma convenção. Como as convenções, estão sujeitos a ratificação. Eles permitam a adaptação a condições variáveis e permitem lidar com dificuldade práticas que surgiram desde a adoção da convenção, tornando-as mais relevantes e atualizadas. Os protocolos são particularmente apropriados quando o objetivo é manter intacta uma convenção que já tenha sido ratificada e que possa receber mais ratificações, alterando ou acrescentando certas disposições sobre pontos específicos. 31 Protocolos da OIT – dois. Em termos jurídicos, os protocolos são da mesma natureza jurídica e valor que as convenções; portanto, só obrigam os Estados que os ratificarem. A OIT já adotou seis protocolos, mas nenhum deles foi internalizado no Brasil. O mais recente é o Protocolo de 2014 relativo à Convenção sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório. Esse Protocolo confirma que as obrigações existentes sob a Convenção 29, inclusive as decorrentes do tráfico de pessoas, incluem a obrigação de prevenção e proteção das vítimas, além da imposição de indenizações e punição aos infratores 32 Importância da OIT - Prêmio Nobel. No final da Segunda Guerra Mundial, nasce a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de manter a paz através do diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transformou em sua primeira agência especializada. Em 1969, ano em que comemorava seu 50º aniversário, a OIT recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ao apresentar o prestigioso prêmio, o Presidente do Comitê do Prêmio Nobel ressaltou que " a OIT tem uma influência perpétua sobre a legislação de todos os países" e deve ser considerada "a consciência social da humanidade". A OIT desempenhou um papel importante na definição das legislações trabalhistas e na elaboração de políticas econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do século XX. 9 ALUNO: ANDRÉ SACKS GRISOLIA RA: 2018101213 QUESTÕES SOBRE AS NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO: CONVENÇÕES, RECOMENDAÇÕES E RESOLUÇÕES - DECLARAÇÕES E PROTOCOLOS. 1 Qual o quórum exigido para a Conferência Internacional do Trabalho aprovar convenções, recomendações e resoluções? R: Uma Conferência da OIT, reunida para tal fim, aprova a Convenção pelo quórum de dois terços dos votos presentes, (Artigo 19, § 2º). Após assinatura pelo Presidente e pelo Diretor Geral, há o depósito na Repartição Internacional do Trabalho e entrega ao Secretário Geral da ONU, cópias são enviadas aos Estados membros (Art. 19, § 4º). Cada Estado tem 12 meses (excepcionalmente, 18 meses), contados do encerramento da seção da Conferência, para submeter a Convenção ao órgão legislativo competente para a ratificação – conversão em lei – ou outras medidas. O Estado membro comunicará a Ratificação formal ao Diretor Geral e tomará as medidas para efetivação de suas normas. A Vigência internacional iniciará – geralmente - apenas após o registro da ratificação por pelo menos dois Estados membros (Isso é definido nas próprias Convenções, não na Constituição da OIT). 2 O que significa a expressão "Código Internacional do Trabalho"? R: Conjunto de normas consubstanciadas nas convenções e recomendações. Abrange as convenções e recomendações adotadas de 1919 a 1984. As suas normas integram a legislação nacional de cada um dos Estados-Membros da OIT. 3 Como se distinguem as convenções das recomendações da OIT? R: Há distinção no tocante aos efeitos jurídicos, não em sua materialidade. Somente as convenções são objeto de ratificação pelos Estados-membros, enquanto as recomendações devem apenas ser submetidas à autoridade competente para legislar sobre a respectiva matéria, a qual poderá, a respeito, tomar a decisão que entender. 4 Qual o significado das resoluções da OIT? R: As resoluções representam pautas destinadas a orientar os Estados-membros e a própria OIT em matérias específicas. 10 5 Qual é a obrigação comum dos Estados-membros quanto às convenções e recomendações da OIT? R: Devem ser submetidos à autoridade nacional competente para aprovar a ratificação da convenção ou para adotar as normas constantes da recomendação. 6 Qual é a natureza jurídica das convenções da OIT? R: São tratados-leis (normativos), multilaterais e abertos, que visam a regular determinadas relações sociais. Compreendem dois atos distintos: a) ato-regra, pelo qual os delegados à Conferência Internacional do Trabalho criam a norma jurídica; b) ato-condição, pelo qual os Estados-Membros, tenham ou não participado da elaboração do tratado aberto, ratificam-no, em decisão soberana, adotadade conformidade com o respectivo direito constitucional interno. 7 Explique a diferença entre vigência objetiva e vigência subjetiva das convenções da OIT. R: Vigência objetiva = A vigência de uma convenção no âmbito internacional. Vigência subjetiva = vigência da sua ratificação, por qualquer dos Estados-membros, nos respectivos territórios. A subjetiva está condicionada à objetiva. 8 As primeiras convenções adotadas pela OIT trataram de quais temas? R: A primeira tratou o tema da limitação da jornada de trabalho a 8 horas diárias e 48 horas semanais. As outras convenções adotadas nessa ocasião referem-se à proteção à maternidade, à luta contra o desemprego, à definição da idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria e à proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos. 9 O que representa a Comissão de Peritos da OIT? R: Ela representa a supervisão para a aplicação das normas. É composta por juristas independentes, encarregada de examinar os relatórios enviados pelos governos sobre a aplicação de Convenções por eles ratificadas, chamadas de “memórias”. A cada ano, essa Comissão apresenta seu próprio relatório à Conferência. Desde então, seu mandato foi ampliado para incluir memórias sobre convenções e recomendações não ratificadas. 10 O que são as Declarações Internacionais? 11 R: As declarações da OIT são atos que indicam regras genéricas, geralmente inspiradas por critérios de justiça, de modo a servir de base a um sistema jurídico. De certa forma, seriam equiparadas a uma norma programática, que traçaria critérios gerais. Não são imperativas, mas apenas uma orientação geral. Não criam direitos e obrigações. 11 Indique as quatro ideias fundamentais trazidas pela Declaração de Filadélfia e que constituem valores e princípios básicos da OIT até hoje. R: O trabalho deve ser fonte de dignidade. O trabalho não é uma mercadoria. A pobreza, em qualquer lugar, é uma ameaça à prosperidade de todos. Todos os seres humanos tem o direito de perseguir o seu bem estar em condições de liberdade e dignidade, segurança econômica e igualdade de oportunidades. 12 Entre as preocupações levantadas pelas atividades das Empresas Multinacionais figuram as questões relativas ao trabalho e à política social. A busca, por parte da OIT, de orientação internacional sobre assuntos de sua competência terminou na adoção, pelo Conselho de Administração (da OIT) de qual documento declaratório? R: Documento da Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social (Declaração EMN). 13 Quais direitos e princípios fundamentais do trabalho são reconhecidos pela OIT por sua Declaração de 1998? R: O direito à liberdade sindical e de associação e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório; A efetiva abolição do trabalho infantil; A eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação. Dos 187 Estados-Membros, 146 ratificaram todas essas convenções fundamentais. 14 Qual o significado da Declaração sobre justiça social para uma Globalização Equitativa da OIT de 2008? R: A Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa corresponde a uma das primeiras manifestações de um organismo internacional com preocupações sobre o mundo globalizado. Através da Declaração, os governos, empregadores e trabalhadores de todos os Estados-Membros pedem uma nova estratégia para apoiar as sociedades abertas e a economia mundial com base na justiça social, o pleno emprego e a coesão social. 12 15 Explique o que significam os protocolos da OIT... R: São um dispositivo processual para adicionar maior flexibilidade a uma convenção ou para estender suas obrigações. Os protocolos também são tratados internacionais, mas que, no contexto da OIT, não existem de forma independente, pois estão sempre ligados a uma convenção. Estão sujeitos a ratificação. Eles permitem a adaptação a condições variáveis e permitem lidar com dificuldade práticas que surgiram desde a adoção da convenção, tornando-as mais relevantes e atualizadas. Os protocolos são particularmente apropriados quando o objetivo é manter intacta uma convenção que já tenha sido ratificada e que possa receber mais ratificações, alterando ou acrescentando certas disposições sobre pontos específicos. Em termos jurídicos, os protocolos são da mesma natureza jurídica e valor que as convenções; portanto, só obrigam os Estados que os ratificarem. 16 Qual a frase dita pelo Presidente do Comitê do Prêmio Nobel ao agraciar a OIT com a honraria em 1969? R: O presidente do Comitê do Prêmio Nobel disse a seguinte frase: "a OIT tem uma influência perpétua sobre a legislação de todos os países" e deve ser considerada "a consciência social da humanidade”