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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA HUMANA CAMPUS IV CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DÉBORA BARBOSA DE SOUZA EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM DIABETES MELLITUS Jacobina – Ba 2011 DÉBORA BARBOSA DE SOUZA EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM DIABETES MELLITUS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Educação Física, pelo Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas- Campus IV. Orientadora: Profª Ms. Laura Emmanuela Lima Costa. Jacobina-BA 2011 DÉBORA BARBOSA DE SOUZA EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM DIABETES MELLITUS Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Educação física, pelo curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas Campus IV, orientado pela professora Laura Emmanuela Lima Costa- Mestre em Enfermagem. Aprovado em.........de.......................................2011. BANCA EXAMINADORA Professora Mestre Laura Emmanuela Lima Costa Professor Especialista Francisco de Sales Professora Mestre Cleuma Sueli Santos Jacobina-BA 2011 DEDICATÓRIA Dedico à minha avó Antônia (in memorian) que se foi devido às complicações crônicas causadas pelo Diabetes Mellitus deixando saudades, mas com a certeza de que descansa num lugar melhor. AGRADECIMENTOS Deus fonte de toda a sabedoria que ilumina todos os passos humanos e os descobrimentos da ciência, pois só Ele tem a ciência da vida. “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Salmos 103: 1,2 Foram cinco anos de faculdade, anos em que muitos contribuíram para meu sucesso, tantos, que não caberiam neste espaço tão pequeno. Especialmente, gostaria de agradecer aos meus pais, Edison e Dionice, pois sem eles eu jamais seria a pessoa que sou hoje e jamais estaria onde estou, foram pessoas indispensáveis para o meu sucesso. Ao meu esposo Charles, que com paciência me suportou e me confortou em tantos momentos de estresse, me ensinando a valorizar as coisas simples da vida e o amor. Eu te amo! Ao maior e melhor presente que Deus me deu: meu filho Charlinho. Aos meus irmãos, Elizeu, Elizama, Edson, Dionei e em especial à minha irmã Damares que muitas vezes se dispôs a cuidar do “meu pequeno” para que eu pudesse assistir às aulas, assim como minha querida sogra Cleusa que tanto me ajudou nesses momentos de necessidade. A todos os professores que contribuíram para a minha formação, principalmente à minha orientadora Profª Ms. Laura Emmanuela, que tantas vezes me pressionou, mas também auxiliou na construção deste trabalho e mesmo quando eu não acreditei que poderia concluir, ela acreditou no meu potencial. Obrigada Professora! Meu carinho e gratidão especial às minhas amigas Lucineide e Joice onde cada uma, com o seu jeitinho especial, me ajudaram, me ensinando, elogiando ou criticando, contribuindo para o meu crescimento tanto como estudante quanto como pessoa. À minha querida amiga Priscila, que ao final do curso me incentivou com carinho e determinação. Por fim, agradeço a todos aqueles com os quais efetuei trocas em uma trajetória construída passo a passo, entre idas e vindas, desfechos e retomadas que me proporcionaram amadurecimento pessoal e profissional. A estes vários amigos minha amizade e gratidão. RESUMO OBJETIVO: Analisar a resposta fisiológica do diabético ao exercício físico quanto à prevenção/tratamento da doença.MATERIAIS E MÉTODOS: Foi utilizada uma revisão de literatura em publicações referidas preferencialmente aos anos de 2005 a 2010 e analisados 38 trabalhos, sendo eles: artigos e dissertações; tendo como locais de busca os bancos de teses de universidades e revistas indexadas em base de dados BVS, SciELO e Revista Brasiliera de Ciência do Esporte. RESULTADOS: Demonstram que as pessoas portadoras do Diabetes Mellitus respondem positivamente ao recorrer ao exercício físico como uma das medidas profiláticas e de tratamento para a doença. Além disso, o exercício físico tem um papel fundamental na vida do diabético, pois contribui de forma significativa no tratamento não-medicamentoso atuando como coadjuvante no processo de tratamento e prevenção da doença. CONCLUSÃO: O organismo humano responde positivamente à prática de exercícios físicos, pois este contribui com relevante significância na melhoria das complicações causadas pelo Diabetes Mellitus. Unitermos: Exercício Físico. Diabetes Mellitus. Respostas Fisiológicos. ABSTRACT BACKGROUND: To analyze the physiological response to physical exercise and diabetes prevention / treatment of doença.MATERIAIS AND METHODS: We used a literature review of the publications referred mainly to the years 2005 to 2010 and analyzed 38 studies, which were: articles and essays It has as local search banks theses from universities and journals indexed in the database VHL, SciELO and Brasilio Journal of Sport Science. RESULTS: They show that people with Diabetes Mellitus respond positively to resort to physical exercise as a prophylactic measures and treatment for the disease. In addition, exercise has a role in the life of the patient, as it contributes significantly to non-drug treatment acting as an adjuvant in the process of treatment and prevention of disease. CONCLUSION: The human body responds positively to physical exercise, because it contributes important significance in improving the complications caused by diabetes mellitus. Keywords: Physical Exercise. Diabetes Mellitus. Physiologic Response. LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1. Programas de Treinamento Cardiovascular........................................... 27 Quadro 2. Programa de treinamento para o controle glicêmico...............................30 Quadro 3. Programa de treinamento para o perfil lipídico...................................... 32 Tabela 1. Ranking de países em número de diabéticos............................................14 Tabela 2. Ingestão de CHO de acordo com a duração e intensidade do exercício.................................................................................................................... 26 Tabela 3. Recomendações para teste de esforço em DM........................................ 35 Tabela 4. Classificação da intensidade da atividade física, com base nas atividades que durem até 60 minutos........................................................................ 37 Tabela 5. Artigos sobre os efeitos e respostas fisiológicas do exercício físico sobre o diabético....................................................................................................... 43 Tabela 6. Trabalhos sobre associação entre a duração, intensidade e tipo de exercício físico com fatores nutricionais.............................................................. 45 Tabela 7. Estudos sobre relação emocional através da vivência cotidiana e exercício físico no diabético................................................................................... 48 Tabela8. Publicações sobre a Síndrome Metabólica associada a exercícios físicos como agente preventivo das complicações crônicas e fatores associados..... 50 LISTA DE SIGLAS DM – Diabetes Mellitus ADA – Associação Americana de Diabetes DM1 – Diabetes Mellitus tipo 1 DM2 – Diabetes Mellitus tipo 2 DMG – Diabetes Mellitus Gestacional DMS – Diabetes mellitus Secundária SM – Síndrome Metabólica OMS – Organização Mundial de Saúde SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia SUS – Sistema Único de Saúde RI – Resistência a Insulina GC – Glicemia Capilar HbA – Hemoglobina A AVC – Acidente Vascular Cerebral RD – Retinopatia Diabética ND – Nefropatia Diabética NDi – Neuropatia Diabética MMII – Membros Inferiores DCV – Doenças Cardiovasculares CHO – Carboidratos VO2max – Consumo máximo de oxigênio LDL – Lipoproteína de baixa densidade TG – Triglicérides TE – Teste Ergométrico SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................11 2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................14 2.1. PREVALÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA....................................................................14 2.1.2. Perspectiva Histórica........................................................................................15 2.1.3. Quadro Clínico.................................................................................................16 2.1.3.1. Diabetes Mellitus Tipo 1.............................................................................. 16 2.1.3.2. Diabetes Tipo 2 ........................................................................................... 17 2.1.3.3. Diabetes Gestacional.................................................................................... 18 2.1.3.4. Diabetes Secundária..................................................................................... 20 2.1.4. Exames.............................................................................................................21 2.2 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES E OS EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO........................................................................................................25 2.2.1. Efeitos Cardiovasculares.................................................................................26 2.2.2. Efeito no Controle Glicêmico..........................................................................29 2.2.3. Efeito no Perfil Lipídico ................................................................................31 2.2.4. Efeito na Função Renal...................................................................................33 2 2.5. Recomendações Gerais de Exercícios em Diabetes Mellitus..........................34 2.2.6. Medidas Preventivas........................................................................................37 3. METODOLOGIA................................................................................................40 4. CATEGORIZAÇÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................42 4.1. Resultados..........................................................................................................42 4.2. Discussão............................................................................................................42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................53 REFERÊNCIAS.....................................................................................................55 1. INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica endocrinometabólica, que caracteriza-se pela hiperglicemia, podendo ser acompanhada de dislipidemia, hipertensão e disfunção endotelial (MACLELLAN et al,2007; QUEIROZ, 2010; ARSA et al, 2009). Esta promove uma desordem no metabolismo, aumentando a quantidade de insulina na corrente sanguinea decorrente do mau funcionamento do pâncreas (SILVA, 2009; MOLENA-FERNANDES et al,2005). A Associação Americana de Diabetes (ADA), classifica o diabetes em quatro tipos: tipo 1 ou insulino-dependente (DM1); tipo 2 ou não insulino dependente (DM2); gestacional; e secundário a outras patologias (ARSA et al, 2009). O diabetes tipo 1 (DM1) frequentemente acomete crianças e adolescentes. Considerada uma doença autoimune, leva o paciente a um desequilíbrio metabólico grave, pois há uma perda significativa das células beta-pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina liberada pra a corrente sanguinea, resultando dessa forma na produção insuficiente da mesma, fazendo-se necessário um tratamento insulínico (QUEIROZ, 2010; MICULIS, 2010). O diabetes tipo 2 (DM2) ocorre com mais prevalência em pessoas acima dos 40 anos e geralmente portadoras de hipertensão arterial, dislipidemias e excesso de peso (SILVA, 2009). Pesquisas revelaram altas concentrações de reagentes de fase aguda no plasma, como a ácido siálico ou ácido N-acetilneuramínico e IL-6, confirmando assim, através dos estudos realizados, que o diabetes tipo 2 também é considerado uma condição inflamatória (CARVALHO, 2006). O estilo de vida do individuo contribui muito para o aparecimento da doença, assim como para o seu agravamento. Esta está interrelacionada com fatores genéticos e ambientais (COELHO, 2008; PÁDUA, 2009). O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é caracterizado pela intolerância à glicose, iniciada geralmente no início da gestação. Sendo uma doença extremamente importante no meio obstétrico, o tratamento rigoroso é fundamental durante e após a gestação, já que seu controle está associado ao diagnóstico precoce e monitoração da glicemia (PADILHA, 2010; AYACH et al, 2010). O Diabetes Mellitus Secundário (DMS) é uma condição crítica com baixa incidência, causada pela elevação da glicemia associada a desordens genéticas que diminuem a eficácia da célula beta em produzir insulina, ou está associada ao uso de medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas, como é o caso da pancreatite crônica nas fases avançadas (ARSA et al, 2009; ALVARENGA et al, 2005). Geralmente associada ao DM2, a Síndrome Metabólica (SM), bastante estudada atualmente, representa um conjunto de fatores de risco cardiovascular, geralmente relacionado à resistência a insulina e deposição de gordura abdominal (PONTES, 2009; MCLELLAN et al, 2007; FARIAS, 2010). Ainda não há uma definição internacional definitiva quanto à descrição da SM, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) tornou obrigatória a presença do diabetes ou resistência à insulina como fatores de risco, já que essas situações resultam no aumento da glicemia, assim como na alteração do metabolismo de lipídios, consequentes da obesidade, que geralmente desencadeiam doenças cardiovasculares (SÁ, 2010; QUINTANA, 2008; LOTTENBERG, 2007; MCLELLAN et al, 2007). Diversos estudos mostram que o exercício físico crônico ou agudo melhora a homeostase da glicose e o perfil lipídico, diminuindo a pressão arterial, reduzindo o risco de pacientes com DM desenvolverem doenças cardiovasculares (POLACOW, 2007; PÁDUA, 2009; MOLENA-FERNANDES et al,2005). Mas, algumas situações tornam a realização do exercício físico requerente de maior atenção, pois durante exercício físico, os estoques de glicogênio são bloqueados pela presença da insulina e os músculos consomem glicose, por isso é eminente o risco de hipoglicemia (RAMALHO E SOARES, 2008).Portanto, o OBJETO DE ESTUDO deste trabalho é a resposta ao exercício físico no portador de diabetes, tendo como OBJETIVO analisar a resposta fisiológica do diabético ao exercício físico quanto à prevenção/tratamento da doença. A pesquisa parte do PRESSUPOSTO de que as pessoas portadoras do diabetes mellitus necessitam recorrer ao exercício físico como uma das medidas profiláticas e de tratamento para a doença. Sendo assim, a QUESTÃO DA PESQUISA é: quais as respostas fisiológicas do indivíduo com diabetes mellitus ao exercício físico? Estudos realizados comprovam a eficácia da prática regular de exercícios físicos na prevenção do diabetes mellitus. Entretanto, apesar das recomendações quanto à inserção do mesmo no cotidiano, ainda morrem por ano, 1,9 milhões de pessoas pela falta de atividade física (MOLENA-FERNANDES et al, 2005). O exercício físico é extremamente importante no tratamento do diabetes mellitus, já que a redução do mesmo causa uma preocupante incidência de obesidade na população mundial, pois o sedentarismo já é considerado um problema de saúde pública (DORO et al, 2006; VANCEA et al, 2009). Tendo em vista os inúmeros benefícios que a relação entre atividade física e saúde pode gerar para a vida do diabético e os transtornos que a ausência do mesmo pode trazer, a pesquisa se JUSTIFICA pela fundamental importância da realização de estudos abrangentes sobre as respostas fisiológicas, não só durante, mas também após o exercício físico nesses indivíduos para respaldar o profissional de educação física na prescrição dos mesmos. A escolha do tema a princípio teve como MOTIVAÇÃO o interesse pessoal, já que, a doença atinge alguns membros da minha família. Mas, com a intensificação dos estudos, percebi a importância e relevância que o tema pode gerar para os profissionais da área, assim como preparar o profissional de Educação Física tanto na observância do individuo com diabetes, quanto na prescrição de exercícios para o mesmo. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Prevalência e Epidemiologia Dados revelam que na década de 80 realizou-se um estudo para descobrir a prevalência do diabetes no Brasil, por que até então essa informação era desconhecida. Constatou-se que 7,5% da população entre 30 e 69 anos portava o DM (SANTOS, 2008). Francisco et al (2010) afirma que as atitudes comportamentais do indivíduo, tais como sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, contribuem para o desenvolvimento e/ou agravamento do Diabetes Mellitus. Este mesmo estudo estimou que tivesse 30 milhões de diabéticos adultos no mundo; número esse que aumentou consideravelmente, chegando à marca de 173 milhões em 2002, com tendências de chegar a 300 milhões em 2030. Por isso das chances de uma epidemia estar a caminho serem bastante prováveis (DIRETRIZES DA SBD, 2006). TABELA 1. Ranking de países em número de diabéticos 2007 2025 País Pessoas (em milhões) País Pessoas (em milhões) 1 Índia 40,9 1 Índia 69,9 2 China 39,8 2 China 59,3 3 EUA 19,2 3 EUA 25,4 4 Rússia 9,6 4 Brasil 17,6 5 Alemanha 7,4 5 Paquistão 11,5 6 Japão 7,0 6 México 10,8 7 Paquistão 6,9 7 Rússia 10,3 8 Brasil 6,9 8 Alemanha 8,1 9 México 6,1 9 Egito 7,6 10 Egito 4,4 10 Blangadesh 7,4 Fonte: Federação Internacional de Diabetes Atualmente o DM está entre as doenças crônicas com maior incidência de morbidade e mortalidade, sendo que no Brasil, a estimativa é que dezessete milhões de pessoas tenham a doença (FRANCISCO et al, 2010; VIEGAS-PEREIRA, 2008). Segundo Fragoso et al (2010), cada ano mais de 70 mil crianças e adolescentes desenvolvem DM1. Sendo assim, as estatísticas evidenciam que o DM já é considerado um caso de Saúde Pública e que deve ser inserido nas estratégias de atuação dos serviços de saúde e tratado com a importância que lhe é devida (VIEGAS-PEREIRA, 2008). O Diabetes Mellitus ganhou considerável importância nos últimos anos devido à crescente prevalência mundial. Como a doença vem aumentando de modo contínuo e em proporções epidêmicas, é fundamental que se realize um bom controle nos anos iniciais da doença para que não ocorra o desenvolvimento das complicações crônicas da doença (DUALIBI, 2009). O Ministério da Saúde (2009) enfatiza que “[...] no Brasil, o diabetes junto com a hipertensão arterial, é responsável pela primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos a diálise”. Tendo em vista que inúmeros estudos científicos comprovam que é possível evitar ou retardar a doença e suas complicações, vale ressaltar que surge a partir desses dados uma grande necessidade de implantação de políticas públicas que visem a prevenção da doença e orientações para os seus portadores. 2.1.1. Perspectiva Histórica O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença conhecida desde a antiguidade. Ainda na era egípcia há três mil anos atrás, houve os primeiros relatos sobre os sintomas que se assemelhavam aos sintomas do diabetes. O tratamento era feito a base de plantas medicinais, mas pouco se sabia sobre a doença, apenas que ocorria evidente eliminação excessiva de líquidos. O termo Diabetes foi dado pelo médico grego Arateu ou Arateus da Capadócia em 70 d.C., pois, segundo ele a carne e os membros do corpo se derretiam e eram eliminados através da urina. (MOLENA-FERNANDES et al, 2005) No grego a palavra Diabetes significa sifão (tubo para aspirar água), nome dado devido aos sintomas da doença o qual provoca sede intensa e grande quantidade eliminada de urina. (MARCELINO, 2008) Entre os séculos V e VI, médicos indianos constataram que a urina dos pacientes com diabete era adocicada, pois, observando-a perceberam a presença de formigas e outros insetos que frequentemente eram atraídos pela urina. Foi o Prof. Ernest H. Starling já no século XX que utilizou pela primeira vez o termo insulina e, desde então concluiu-se que o diabetes ocorria devido ao mau funcionamento do pâncreas pois este deixava de produzir a insulina, ou então, a produzia de forma insuficiente ou não funcionava adequadamente (MOLENA-FERNANDES et al, 2006; MARCELINO, 2008). A partir daí as pesquisas científicas em torno do Diabetes Mellitus se intensificaram, gerando estudos clínicos abrangentes sobre o assunto, possibilitando diagnósticos mais precisos. 2.1.3. Quadro Clínico Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes “[...] O diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia. Essa hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Associação Americana de Diabetes (ADA) recomendam que se classifique o diabetes da seguinte forma: Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM e Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) (DIRETRIZES DA SBD, 2006). 2.1.3.1. Diabetes Melitus Tipo 1 O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) caracteriza-se pela destruição das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, sendo considerada uma doença crônica, progressiva e autoimune (DUALIBI, 2009). Maraschin (2010) afirma que: No DM tipo 1A, a destruição das células β é de etiologia autoimune (90% dos casos) e no 1B não tem causa conhecida (idiopático). O DM tipo LADA é um DM do tipo 1 onde também existe uma destruição autoimune das células β, mas ela é muito mais lenta e acontece em indivíduos mais velhos (acima de 30 anos). Por ser uma endocrinopatia mais freqüente na infância e adolescência, a DM1 necessita da obtenção de um bom controle, pois os indivíduos dessa faixa etária são muitas vezes inconstantes nosseus hábitos alimentares, mantêm atividades irregulares e, em idades inferiores a 5 anos, as dificuldades se intensificam pela não referência aos sintomas da doença (ARCANJO et al, 2005; CALLAIARI, 2008). Apesar da incidência do DM1 ser maior em crianças e adolescentes, levantamento feito pelo EURODIAB Collaborative Group confirmou que a doença vem aumentando em diversas partes do mundo em todas as faixas etárias (CALLAIARI, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (2009), geralmente os sintomas mais freqüentes no DM1 são: Polifagia (fome excessiva); Perda de peso; Polidipsia (sede excessiva); Lesões de difícil cicatrização principalmente nas pernas ou nos pés; Infecções freqüentes (pele, urina e dos órgãos genitais); Alterações visuais; Glicemia casual acima de 200mg/dl; Glicemia de jejum ≥ 126mg/dl. José et al (2009), orienta estabelecer um tratamento intensivo baseado na adaptação dos regimes de insulina aos resultados do auto-monitoramento da glicose sanguínea, além de realizar um tratamento individualizado orientado por uma equipe multidisciplinar, onde esses pacientes receberiam informações e orientações junto com sua família a cerca da adesão ao tratamento. 2.1.3.2. Diabetes Melitus Tipo 2 O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), segundo Arsa et al (2009), “[...] é caracterizado pela incapacidade da insulina exercer normalmente suas funções”. Normalmente acomete pessoas acima de 40 anos e o risco de desenvolvê-la aumenta com a idade, a obesidade e a falta de atividade física, além da predisposição genética (ARSA et al, 2009; COELHO, 2008). Na tolerância diminuída à glicose (IGT) e no Diabetes Mellitus do tipo 2, se observa resistência à captação de glicose, estimulada pela insulina, independentemente da hiperglicemia, e a deterioração dessa tolerância dependerá da capacidade do pâncreas em manter o estado de hiperinsulinemia crônica (MCLELLAN, 2007). Molena-Fernandes et al (2005) afirma que há fatores relevantes que devem ser levados em consideração para o surgimento do DM2, os quais são: hereditariedade, obesidade, hábitos alimentares, estresse e sedentarismo. Exceto a hereditariedade, todos os outros fatores podem ser evitados através de medidas profiláticas como dieta adequada e prática de atividade física regular. Atualmente, o DM2 corresponde a cerca de 90 a 95% dos casos registrados e frequentemente vem acompanhado de obesidade, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e disfunção endotelial (COELHO, 2008; MCLELLAN, 2007). O DM2 é uma doença que tem uma considerável representação econômica para o indivíduo portador da mesma e para a sociedade, já que os maiores custos de seu tratamento geralmente são associados às complicações decorrentes do controle inadequado (MCLELLAN,2007). Por ser uma doença incurável, com incidência em ambos os gêneros e classe social, o DM2 vem estabelecendo uma grande importância em quase todos os países do mundo, pois causa um grande impacto social e econômico na sociedade (MOLENA- FERNANDES et al, 2005). Geralmente os sintomas mais frequentes são: sede e diurese excessiva (polidipsia e polifagia), dores nas pernas, alterações visuais e aumento de peso. Mas seu controle pode ser por meio de uma dieta balanceada e adequada ao tratamento, prática regular de atividade física e uso de medicamentos hipoglicemiantes (ARSA et al, 2009). 2.1.3.3. Diabetes Gestacional A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) (2008) afirma que o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) se caracteriza pela hiperglicemia decorrente da intolerância ao carboidrato diagnosticada no início ou durante a gestação. Os hormônios contra-reguladores da insulina sofrem uma elevação, além do estresse fisiológico causado pela gravidez e os fatores genéticos justificarem a presença dessa fisiopatologia na gestante. Assim, durante a gravidez, o hormônio que está relacionado com a resistência à insulina é o lactogênico placentário, portanto, hormônios como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também fazem parte dessa relação (SBEM, 2008). São considerados fatores de risco para o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), idade superior a 25 anos, gordura abdominal excessiva, ganho exagerado de peso na gravidez, histórico familiar de DM e baixa estatura (≤ 1,51m). Ainda existem alguns fatores ainda discutidos como, baixo peso ao nascer, tabagismo na gravidez, inatividade física, múltiplos partos e o fato de pertencer a determinados grupos raciais (DODE, 2009). O Ministério da Saúde (2006) orienta que já na primeira consulta pré-natal da gestante deve-se observar a predisposição para o DM através da glicemia de jejum, repetindo na vigésima semana. Se a glicemia for superior a 90mg/dL e encontrar-se na faixa entre ≥ 90mg/dL e ≤ 109mg/dL, a gestante deverá ser encaminhada para um teste de sobrecarga de duas horas, com 75g de glicose. O teste de sobrecarga deve ser realizado entre as 24a e 28a semanas de gestação. As glicemias diagnósticas de diabetes mellitus gestacional são ≥ 110 mg/dL no jejum, ≥ 140mg/dL duas horas pós sobrecarga ou, em qualquer momento, acima de 200mg/dL. A glicemia de jejum ≥ 110mg/dL, na vigésima semana, após repetição, também confirma o diagnóstico (DODE, 2009). De acordo Padilha et al (2010), “[...] a prevalência de DMG situa-se ao redor de 1% e 14%, dependendo da população estudada, da etnia, da área geográfica, da freqüência do rastreamento e dos critérios diagnósticos utilizados”. Conforme estudos realizados, a prevalência do DMG em mulheres acima de 20 anos na década de 90 era de 7,6%. Entre 2006 e 2007 foram coletados dados em Brasília que confirmaram a prevalência de 6,6% de mulheres com DMG atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) (LIRA, 2010). O principal propósito da gestação é disponibilizar nutrientes para o feto tornando- a assim um condição predisponente para a resistência à insulina (RI). Associados aos fatores de risco citados acima, a diminuição da sensibilidade à insulina causada pelos hormônios placentários, como o LPH, lactogênio placentário humano, que se apresenta sob níveis crescentes a partir do segundo trimestre é o maior responsável pela RI (LIRA, 2010). Assim, visando o bom controle glicêmico da gestante, é recomendada como tratamento para o DM uma dieta equilibrada, com baixo teor de glicose, além de exercícios físicos, podendo também ocorrer a necessidade de insulinoterapia (LIRA, 2010). 2.1.3.4. Diabetes Secundária A Diabetes Mellitus Secundária (DMS) pode ser causada por diversos fatores. Uma breve lista de condições que podem causar diabetes secundária inclui depressão, HIV, pancreatite, certas desordens hormonais (como a síndrome de Cushing e hipertireoidismo) e algumas desordens genéticas (como a fibrose cística). Drogas ligadas à diabetes secundária incluem diuréticos e outras drogas usadas para tratar a hipertensão arterial, hormônios, antidepressivos, anticonvulsivos e algumas formas de quimioterapia, entre outras (DELLA MANNA, 2007). 2.1.3.5. Síndrome Metabólica Considerada uma epidemia mundial, a obesidade tem tido um aumento considerável no quadro de doenças, sendo que esta está diretamente associada aos problemas cardiovasculares (PERGHER et al, 2010). Procurando definir a associação entre obesidade e doença coronariana, chegou-se ao termo “Síndrome X ou Síndrome Metabólica” (SM). (PERGHER et al, 2010). Sendo assim, a SM é uma associação de fisiopatologias que inclui a ocorrência de três ou mais das seguintes condições: obesidade abdominal (circunferência da cintura acima de 102 cm no sexo masculino e 88 cm no sexo feminino); hipertrigliceridemia (superior ou igual a 150mg/dl); baixas concentrações de HDL-colesterol (menor que 40mg/dl no sexo masculino e menor que 50mg/dl no sexo feminino); pressão arterial sistólica acima ou igual a 130 mmHg e pressão arterial diastólicaacima de 85 mmHg; e hiperglicemia de jejum (superior ou igual a 110mg/dl) (CAVALI, 2010; FARIAS, 2010). Diversas situações, tais como desnutrição, infecção, hipertensão arterial maternal, diabetes melito (DM) gestacional, inflamações e hipóxia, são responsáveis pela exposição fetal à adipocina, citocinas, fatores de crescimento e hipersecreção de corticóides, hiperinsulinemia, hiperleptinemia e alterações no eixo IGF13. (LOTTENBERG, 2007) Apesar de ser associada ao DM2, nos últimos anos a SM também passou a ser considerada também na DM1, já que houve um aumento da prevalência de obesidade nas últimas décadas também entre os portadores de DM1 (DIB, 2006). Farias (2010) afirma que “[...] A SM é considerada um fator de risco tão importante quanto o tabagismo para o desenvolvimento de doenças vasculares oclusivas e ateroscleróticas. Por isso, o diagnóstico e tratamento da SM são de extrema importância já que sua prevalência é crescente em todo o mundo”. 2.1.4. Exames 2.1.4.1. Glicemia Capilar Conforme Maia (2006), a glicemia capilar (GC) é um exame que colhe amostra de sangue coletada na ponta do dedo, sendo este procedimento imprescindível no controle do DM2 e de suma importância na avaliação do paciente com DM2. A monitorização da glicemia capilar é primordial para direcionar as ações que envolvem o tratamento do diabetes, pois através dos resultados obtidos permite-se reavaliar a terapêutica instituída mediante os ajustes no medicamento, na dieta e nos exercícios físicos, podendo proporcionar melhora da qualidade de vida e redução das complicações decorrentes do mau controle metabólico (TEIXEIRA et al 2009) Através de estudos percebeu-se que as pessoas com diabetes mellitus alcançavam níveis glicêmicos próximo do normal quando realizavam diariamente a monitoração da glicemia capilar, apesar de esta monitoração fornecer dados interruptos do controle metabólico, dificultando na visão completa do perfil glicêmico do paciente, sendo que os períodos de normo, hipo e hiperglicemia nem sempre são evidenciados pela glicemia capilar de rotina (MAIA, 2006; TEIXEIRA et al, 2009). 2.1.4.2. Hemoglobina Glicada A Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) conceitua o termo hemoglobina glicada como um conjunto de substâncias formadas com base em reações entre a hemoglobina normal do adulto, a hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares. É importante a monitoração freqüente da hemoglobina glicada em todos os pacientes com DM para documentar o grau de controle glicêmico. Os níveis adequados são: Adultos: 7% como limite superior; Crianças e Adolescentes: pré-puberal de 8%, < 8,5% na faixa puberal, < 7% na fase final da puberdade e em adultos; Idosos: esse nível deve ser avaliado individualmente, conforme as condições clínicas do mesmo. 8% ou até superior pode ser aconselhado para idosos já fragilizados; Para gestantes diabéticas esses níveis são mais rígidos pelo risco aumentado de aborto espontâneo e deve ser de < 6%. 2.1.4.3. Exames para Detectar Complicações Crônicas O que torna o DM um dos maiores impactos na saúde publica são as complicações que o acompanha, tornando o individuo improdutivo, com a qualidade de vida comprometida, gerando grandes custos ao sistema de saúde (SANTOS et al, 2008). Sampaio (2007) afirma que o DM é associado a complicações crônicas micro e macrovasculares, as quais comprometem estruturas de órgãos como rins, olhos, nervos, vasos e coração. Muitas são as complicações degenerativas geradas pelo DM, e as principais são: Retinopatia Diabética; Nefropatia Diabética; Neuropatia Diabética; Complicações Cardiovasculares e Acidente Vascular Cerebral (AVC) (SANTOS et al, 2008). Retinopatia Diabética (RD) Frequentemente os diabéticos sofrem de afecções oculares, sendo que 29 a 40% dos casos se apresentam como retinopatia diabética. Nos próximos 30 anos a estimativa é que o número de pessoas que perderão a visão decorrente do DM seja duas vezes maior (DIAS et al, 2010). Um dos sinais clínicos mais precocemente detectáveis na RD é o aumento da permeabilidade vascular, devido à quebra da barreira hematoretiniana, que causa o edema macular. Seguem-se, mais tardiamente, microaneurismas, exsudatos e, finalmente, proliferação vascular. Desses achados clínicos, o edema macular é o mais correlacionado com o grau de perda visual (SERRARBASSA, 2008). Dias et al (2010) confirma que uma das maiores causas de cegueira irreversível no mundo é causada pela retinopatia diabética. Sendo que as pessoas afetadas geralmente estão em idade produtiva, e que 80% dos pacientes com DM2 e 97% dos DM1 apresentam certo grau de retinopatia diabética. É recomendável que após cinco anos de diagnóstico, o diabético tipo1 realize um exame oftalmológico com dilatação pupilar anualmente. Já o diabético tipo 2 deve realizar o exame imediatamente após diagnóstico. O paciente deve ter o fundo olho fotografado (Retinografia) para auxiliar em avaliações posteriores, sendo complementada com o registro da imagem da circulação da retina (Angiografia) (SBD, 2008). Nefropatia Diabética (ND) A Nefropatia Diabética (ND) é uma complicação crônica microvascular, com o desenvolvimento de uma persistente microalbinúria, que é perda de albumina em pequenas quantidades pela urina, acometendo geralmente 40% dos pacientes com DM (SAMPAIO, 2007; ALMEIDA et al, 2008; MURUSSI, 2008). A ND é definida pelo aumento da excreção urinária de albumina na ausência de outras doenças renais e tem sido classificada em estágios. O estágio denominado de microalbuminúria, ou de nefropatia incipiente, caracteriza-se por valores de excreção urinária de albumina de 30 a 299 mg/24 horas. No estágio de macroalbuminúria, ou nefropatia clínica, os valores correspondentes de excreção urinária de albumina são ≥ 300 mg/24 horas. Já no estágio de microalbuminúria, ocorre aumento de mortalidade, em especial cardiovascular, e um risco aumentado de progressão para insuficiência renal (ALMEIDA et al, 2008). A ND é a principal causa de insuficiência renal crônica, sendo que os pacientes acometidos dessa complicação geralmente necessitam de um transplante renal. Como a DM2 acomete 90% dos casos de DM, a maioria dos indivíduos que participam de um programa de diálise possuem o DM2, sendo que essas proporções tendem a aumentar (ALMEIDA et al, 2008; MURUSSI, 2008). Para constatar a presença de albumina na urina do paciente diabético, assim como alterações da taxa de filtração glomerular é necessária a realização de Microalbuminúria e do Clearence de creatinina, que deve ser feito anualmente (SBD, 2008). Neuropatia Diabética (NDi) Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008), “[...] Neuropatia diabética é o distúrbio neurológico demonstrável clinicamente ou por métodos laboratoriais em pacientes diabéticos”. As diretrizes da SBD (2008) ainda colocam que “[...] o acometimento patológico na neuropatia diabética geralmente é amplo no organismo, apresentando-se de duas formas principais: A polineuropatia sensório-motora simétrica, que conforme Porciúncula (2007) tem como conseqüência a degeneração distal retrógrada e simétrica do nervo motor, sendo que há o comprometimento da sensibilidade dos MMII no indivíduo com diabetes, determinando assim a hipertrofia muscular. Neuropatia autonômica (cardiovascular, respiratória, digestiva, geniturinária): como o sistema nervoso autonômico é o elemento fundamental na regulação da função da maior parte dos sistemas ou órgãos no organismo, uma lesão pode trazer alterações irreversíveis para as funções cardiovascular, respiratória, digestiva, urinária e genital, podendo influir na função vital de alguns desses órgãos ou sistemas (FOSS-FREITAS, 2008). Apesar de 50 a 75% dos casos de NDi permanecerem subdiagnosticados e assintomáticos, esta complicaçãoainda é a primeira causa de amputação não traumática de membros inferiores (MMII) em adultos diabéticos. A mesma causa a degeneração distal retrógrada e simétrica dos nervos responsáveis pela sensibilidade dos MMII, normalmente chamada de neuropatia periférica sensitivo-motora distal (ROLIM, 2009). A Neuropatia Diabética (NDi) vem aumentando significativamente a morbimortalidade dos pacientes com DM1. A frequência com que ocorre o comprometimento do Sistema Nervoso no diabético é ampla (FOSS-FREITAS, 2008). Carvalho orienta como forma profilática identificar o grau de neuropatia, portanto, logo, avaliar o déficit neurológico, observando a sensibilidade cutânea dos MMII. A Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) recomenda a realização de exames clínicos (como avaliação dos pés, testes de sensibilidade), com monofilamento dos reflexos tendinosos, que podem identificar a presença de neuropatia em muitas pessoas. E pode-se através da chamada eletroneuromiografia avaliar a função dos nervos. Esse exame é composto de duas etapas: o estudo de condução nervosa (ou eletroneurografia) e a eletromiografia. Complicações Cardiovasculares A doença cardiovascular representa, no mundo, importante causa de morbidade e mortalidade e, em alguns países, é a principal responsável pelos gastos em saúde. A fisiopatologia dessa doença ganhou novos contornos nos dias atuais com a participação relevante do endotélio, o papel dos fatores trombóticos e das possibilidades de intervenção passíveis de modificar a formação e a instabilização da placa aterosclerótica (RAMOS, 2008). A Sociedade Brasileira Diabetes (2008) afirma que “[...] Para todas as pessoas com diabetes, é importante uma avaliação anual sobre o risco de doenças cardiovasculares. Além do exame clínico com o médico, é recomendável a realização dos exames de rotina relacionados com os fatores de risco, assim como: Avaliação do diabetes; Colesterol total, HDL, e LDL; Triglicérides; Pressão Arterial”. 2.2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO DIABETES E OS EFEITOS DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS Os efeitos benéficos do exercício físico sobre a saúde do diabético são evidentes mesmo quando essa atividade se inicia tardiamente, pois a mesma atua na perda de peso, na diminuição do risco para o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DC), no aumento da capacidade da função motora, além de beneficiar o individuo nutricionalmente e melhorar no seu padrão de sono (SILVA et al, 2010) Silva (2010) continua ressaltando que “[...] Ainda há relatos de melhora dos níveis glicêmicos e da Hemoglobina Glicosilada (HbA1c). A HbA1c, por sua vez, apresenta-se como parâmetro de grande importância para o controle de complicações decorrentes do Diabetes”. É válido ressaltar a importância da reposição de carboidratos (CHO) no portador de diabéticos ao optar pela prática do exercício físico. Antes de realizar o exercício, deve-se fazer uma avaliação da glicemia sanguínea, assim o resultado da mesma indicará se haverá necessidade de adiar ou suspender o exercício, pois pode ocorrer uma queda considerável nos níveis de glicose no sangue (hipoglicemia), podendo haver complicações até irreversíveis (MICULIS, 2010). Portanto, a ingestão de CHO deve ser de acordo com a duração e intensidade do exercício. TABELA 2. Ingestão de CHO de acordo a duração e intensidade do exercício Glicemia sanguínea Carboidratos simples (CHO) < 80 mg/dL Não iniciar a atividade física + ingesta de 15 gramas de CHO (barra de cereal, fruta, mel em sachê, etc.). 80 a 140 mg/dL Antes de iniciar: ingerir 1 a 2 g/kg de CHO. > 140 mg/dL < 250 mg/dL Faixa de segura; repor 15-30 g de CHO após a atividade física. > 300 mg/dL e cetonúria - Pode iniciar a atividade física, sem reposição de CHO. > 300 mg/dL e cetonúria + Adiar o início da atividade física até normalizar os níveis de cetonas e ingerir líquidos (água). Não precisa repor CHO. CHO = carboidratos simples. Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (MICULIS, 2010) 2.2.1. Efeitos Cardiovasculares O tecido muscular sofre adaptações quando se exercita, pois o fluxo sanguíneo é maior na musculatura esquelética requerida, necessitando de uma maior vascularização na região, pois ocorre um aumento do estresse sobre a parede vascular induzindo maior liberação de óxido nítrico, e consequentemente a vasodilatação (DE ANGELIS et al, 2007; KRINSKI et al, 2006). A prática de exercício físico contribui para a hipertrofia das fibras cardíacas, melhorando a capacidade contrátil do miocárdio, pois torna o coração maior e mais forte. Sendo assim, o mesmo aumenta o volume de ejeção sanguínea, diminuindo a frequência cardíaca de repouso (bradicardia), ocasionando a redução do tônus simpático, consequentemente, o aumento do tônus parassimpático, onde acontecerá uma dilatação arteríola e venodilatação, que contribuirá para uma queda da pressão arterial sistêmica, beneficiando o sistema circulatório, pois resultará no aumento do VO2MAX, que é fundamental para um bom condicionamento físico (KRINSKI et al, 2006). No diabético, a ocorrência de complicações cardiovasculares é maior e progride de forma mais acelerada, estando associada a um prognóstico mais grave. Considera-se que mais de 80% das pessoas com DM chegam a óbito devido à doença aterosclerótica, concluindo que os mesmos não têm sido beneficiados do declínio da mortalidade cardiovascular detectado na população geral (LOPES, 2007). Portanto, De Angelis et al (2007) enfoca que os benefícios que o exercício físico pode trazer para o indivíduo com DM influenciam na redução da morbi-mortalidade desta população que tem um risco aumentado no desenvolvimento de doenças micro e macrovasculares. A seguir são propostos dois programas de treinamento cardiovascular, com o objetivo de ativar o sistema cardiovascular, melhorando a capacidade contrátil do miocárdio. 2.2.1.1. Programa de Exercício Físico para a função cardiovascular do diabético. QUADRO 1. Programas de Treinamento Cardiovascular Programa nível 1 Programa nível 2 Nº Exercícios Número de repetições Nº Exercícios Número de repetições A B A B 1.1 Aquecimento 4 a 5 minutos 2.1 Aquecimento 5 a 6 minutos 1.2 Balançando os braços na frente do corpo 8-10 10- 12 2.2 Balançando os braços lateralmente 8-12 12-14 1.3 Caminhando e levantando os ombros 30 segundos 2.3 Caminhando sem sair do lugar, fazendo círculos com braços e ombros 8-12 12-14 1.4 Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 10 segundos 2.4 Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 15segundos 1.5 Flexão de joelho e abdução do quadril 8-10 10- 12 2.5 Cruzando os braços nas costas 8-12 12-14 1.6 Apontando o pé para trás 1 minuto 2.6 Alongando os músculos dos braços e das pernas com balanceamento 8-12 12-14 1.7a Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 10 segundos 2.7a Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 15 segundos 1.7b Caminhando sem sair do lugar e levantando joelho para o alto 1 minuto 2.7b Tocando o calcanhar com a mão 1 minuto 1.8 Alongando o tronco 8-10 10- 12 2.8 Rotação do tronco (“ceifador”) 8-12 12-14 1.9 Abertura para frente projetando os braços para frente 8-10 10- 12 2.9 Levantando o braço e a perna na posição oblíqua 8-12 12-14 Caminhando Caminhando 1.10 com rotação dos ombros30 segundos 2.10 com rotação dos ombros 30 segundos 1.11 Flexionando o joelho e o quadril 8-10 10- 12 2.11 Flexionando os joelhos e o quadril 8-10 10-12 1.12 Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 2 minutos 2.12 Caminhando sem sair do lugar e balançando os braços 2 minutos Pulsações Pulsações 1.13 Alongando o tríceps Ilimitado 2.13 Alongando os músculos trapézios superiores Ilimitado 1.14 Descansando ilimitado 2.14 Descansando ilimitado Fonte: MANIDI (2001, p. 23) É recomendável o acompanhamento por um educador físico para verificar a evolução da pressão arterial durante o exercício, além de observar a freqüência cardíaca para que não ultrapasse a intensidade máxima do esforço permitido (MANIDI,2001). 2.2.2. Efeitos no Controle Glicêmico A prática de exercício físico aumenta consideravelmente a captação de glicose pelos músculos. A intensidade e duração do esforço físico dependem do fluxo sanguíneo para que ocorra adequadamente essa captação. Mesmo tendo essas necessidades atenuadas, a glicemia do diabético permanece constante (MANIDI, 2001). Manidi (2001 p. 161) ainda enfoca que são dois os mecanismos de regulação do equilíbrio glicêmico: 1. Durante um esforço de curta duração, o fígado libera a glicose do estoque de glicogênio por um fenômeno denominado glicogenólise, ou seja, a quebra de molécula de glicogênio transformando-a em glucose ou glucose 6-fosfato. 2. Durante um esforço de longa duração, esgotando-se o estoque de glicogênio, o músculo ainda necessita da glicose para manter-se em atividade. A partir daí, ocorre a gliconeogênese, que com base em aminoácidos essenciais é produzida a glicose, sendo que neste momento, entram em cena os hormônios hipofisários, dentre os quais o hormônio de crescimento, para manter a glicemia constante. O exercício físico nem sempre está associado à melhoria da hemoglobina glicada (Alc) de indivíduos com DM. Estudos realizados com portadores de DM demonstraram alguns efeitos benéficos como melhora no controle metabólico e melhora no consumo máximo de oxigênio (VO2max) (RAMALHO E SOARES, 2008). Mas, em concordância com outros autores, Ramalho & Soares (2008), afirma que a prática regular de exercício físico durante 12 semanas em um grupo de indivíduos com DM não foi suficiente para a melhora da Alc, pois, por não existirem protocolos adequadamente estabelecidos quanto à redução da dose de insulina para evitar a hipoglicemia no diabético durante a prática de exercício físico, observa-se falha no controle glicêmico desta população. Nas pesquisas realizadas houve uma redução significativa após o exercício apenas nos portadores de DM2, sendo que foi necessário período de um ano pra que se observassem respostas fisiológicas ao exercício nesses indivíduos, sugerindo dessa forma, a necessidade de períodos mais prolongados de exercícios para obter-se efeitos benéficos nessa categoria de diabéticos (RAMALHO & SOARES, 2008; DE ANGELIS et al, 2007). Estes efeitos são induzidos pelo treinamento físico dinâmico em decorrência de várias adaptações: aumento da densidade capilar, aumento da expressão e translocação de GLUT4 para a membrana plasmática, aumento das fibras musculares mais sensíveis à ação insulínica, possíveis alterações na composição de fosfolípides do sarcolema, aumento na atividade de enzimas glicolíticas e oxidativas e aumento na atividade da glicogênio-sintetase (DE ANGELIS et al, 2006). De Angelis et al (2007) afirma que o exercício físico apresenta efeitos benéficos na ação insulínica, especialmente no músculo esquelético, sendo importante ressaltar que tanto indivíduos com DM1 como indivíduos não diabéticos apresentam também melhora na sensibilidade à insulina induzida pelo exercício. Assim, o treinamento físico dinâmico promove outros efeitos que beneficiam esses indivíduos, como melhora cardiovascular e no perfil lipídico, que são fundamentais para a redução da morbidade e mortalidade dessa população. O programa de exercício apresentado a seguir deve ser realizado diariamente para obter um bom controle glicêmico, além da melhora das funções metabólicas. 2.2.2.1.Programa de Exercício Físico para o controle glicêmico do diabético. QUADRO 2. Programa de treinamento para o controle glicêmico Nº Exercícios Nº de repetições Duração *Intensidade 1.1 Alongamento suave deitado 5-6 10 minutos 1 1.2 Pedalando de costas com pernas levemente flexionadas 5-6 10 minutos 1 1.3 Subindo e descendo escadas 5-6 10 minutos 1-3 1.4 Mobilizando o pé na escada 5-6 10 minutos 1-3 1.5 Mobilizando as pernas na escada 5-6 10 minutos 1-3 1.6 Caminhada 6 dias na semana 20-60 minutos 1/2 1.7 Levantando da cadeira 5-7 10 minutos 1/2 – 1 1.8 Ao lado da cadeira 5-7 10 minutos 1/2 – 1 *Intensidade: 1 = fraca (inferior a 60% da frequência cardíaca máxima); 2= média (inferior a 80% da frequência cardíaca máxima); 3= elevada (inferior a 100% da frequência cardíaca máxima). Fonte: MANIDI (2001, p. 168) 2.2.3. Efeitos no Perfil Lipídico Pacientes com DM tendem a ter uma concentração lipídica elevada quando não há um controle adequado no controle glicêmico. Normalmente, nesses pacientes ocorre a hipertrigliceridemia e baixo HDL-C quanto ao perfil lipídico. Se comparado a pacientes não-diabéticos, a concentração média de LDL-C não se diferencia quantitativamente, mas, do ponto de vista qualitativo, existem maiores proporções nas artérias de partículas pequenas e densas da lipoproteína de baixa densidade (LDL) (DE ANGELIS et al, 2007; SBD, 2008). Existem algumas controvérsias entre autores quanto ao efeito do exercício físico sobre o perfil lipídico. De Angelis et al (2007) mostraram que houve melhora no perfil lipídico em adolescentes com DM tipo 1 que aderiram a um programa de exercícios e controle alimentar por oito dias. Ramalho & Soares (2008) apresenta diversos estudos em que os autores não comprovaram alterações no perfil lipídico dos indivíduos submetidos ao programa de exercício, sendo que os níveis lipídicos pré-tratamento não estavam alterados. Mas, em contrapartida, o mesmo autor apresenta estudos que comprovaram melhora no perfil lipídico pós-programa de exercício em indivíduos com níveis lipídicos mais elevados antes do programa de exercício. Isso pode indicar que o exercício pode ser mais eficaz em indivíduos que apresentem um nível lipídico alterado antes do programa de exercícios e não naqueles cujo perfil lipídico seja normal. Portanto, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) orienta uma modificação no plano alimentar, reduzindo a ingestão de gordura saturada e recomendando o uso de hidratos de carbono ou gordura monoinsaturada como compensação, além de um programa de exercício físico sistemático, pois estes auxiliam na redução de triglicérides (TG) e elevação do HDL-C, promovendo a prevenção de eventos cardiovasculares. Nesta tabela é disposto um programa de exercício para melhorar p perfil lipídico: 2.2.3.1. Programa de Exercício Físico para o perfil lipídico. QUADRO 3. Programa de treinamento para o perfil lipídico Programa nível 1 Programa nível 2 Nº Exercícios Nº de repetições Nº Exercícios Nº de repetições A B A B 1.1 Aquecimento 5 a 8 minutos 2.1 Aquecimento 5 a 10 minutos 1.2 Passando a bola em volta da cintura 1 minuto 2.2 Balançando os braços 10-15 15- 20 1.3 Rotação dos ombros 30 segundos 2.3 Caminhando e fazendo círculos com os braços 10-15 15- 20 1.4 Caminhando e quicando a bola no chão 1 minuto 2.4 Caminhando rapidamente sem sair do lugar 20 segundos 1.5 Passando a bola em volta daspernas 10-12 12-16 2.5 Batendo as mãos sobre o joelho erguido 10-15 15- 20 1.6 Passando a bola sob o joelho levantado 10-12 12-16 2.6 Balaçando os braços na frente da perna 10-15 15- 20 1.7a Caminhando e quicando a bola no chão 1 minuto 2.7a Corrida leve sem sair do lugar 30 segundos 1.7b Caminhando e mudando a bola de mão 30 segundos 2.7b Corrida leve sem sair do lugar 30segundos 1.8 Fazendo círculos com o braço na frente do corpo 10-12 12-16 2.8 Círculos com o braço (“o moinho”) 10-15 15- 20 1.9 Passando a bola por cima da cabeça e atrás das costas 10-12 12-16 2.9 Reforçando os músculos das pernas (com uma cadeira) 10-15 15- 20 1.10 Caminhando com rotação dos ombros 30 segundos 2.10 Caminhando com rotação dos ombros 20 segundos 1.11 Flexionando os joelhos e o quadril 8-10 10-12 2.11 Repetindo o exercício 2.1 na íntegra 2 minutos 1.12 Caminhando sem sair do lugar e quicando a bola no chão 30 segundos 2.12 Corrida leve sem sair do lugar 30 segundos Pulsações Pulsações 1.13 Alongando todo o Ilimitado 2.13 Alongando o Ilimitado corpo quadríceps (coxas) 1.14 Descansando ilimitado 1.14 Descansando ilimitado Fonte: MANIDI (2001, p. 23) 2.2.4. Efeitos na Função Renal No diabético a função renal muitas vezes pode apresentar complicações como o aumento da excreção urinária de albumina que pode indicar a presença de Nefropatia Diabética (ND). De Angelis et al (2006) afirma que por aumentar a pressão capilar glomerular, o exercício aumenta agudamente a excreção urinária de albumina, gerando conseqüentemente a filtração de albumina pela membrana basal glomerular. Em virtude desse aumento de albuminúria causado pelo exercício físico, é possível afirmar que essa excreção exagerada de albumina na urina em resposta ao exercício pode beneficiar o indivíduo com DM, pois resultará num prognóstico precoce de ND. O treinamento físico tem sido reconhecido como uma forma de aumentar as defesas antioxidantes e reduzir o estresse oxidativo, bem como de melhorar o perfil lipídico e os níveis de pressão arterial, sugerindo mecanismos benéficos que poderiam atuar na redução das lesões renais (DE ANGELIS et al, 2007). Apesar de na literatura recente existirem poucos estudos clínicos a cerca da prática de atividade física em indivíduos com ND, pode-se afirmar que a restrição de exercício físico não é benéfica nesta população, já que é evidente o efeito em longo prazo de um treinamento físico sobre a excreção urinária de albumina (DE ANGELIS et al, 2007). Em concordância com os poucos estudos realizados quanto aos efeitos do exercício físico na função renal do diabético, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) afirma que não existe restrição de exercícios específicos para pacientes com alteração renal, podendo inclusive ser prescrito exercício de resistência. Mas ressalva a importância da realização de teste de esforço antes do início de exercício mais intenso que o habitual, pois a microalbuminúria e proteinúria estão associadas à doença cardiovascular. Portanto, deve-se utilizar o mesmo programa de treinamento cardiovascular (Tabela 3, p.28). 2.2.5. Recomendações Gerais de Exercícios em Diabetes Mellitus Evidências confirmam os benefícios que o exercício físico gera no individuo com diabetes, e da possibilidade do mesmo prevenir o aparecimento do DM2 em pessoas com risco elevado (SBD, 2008). Atividade física corresponde ao movimento do corpo em atividades de rotina, enquanto exercício é uma atividade planejada, estruturada, repetida para melhorar ou manter a performance física, como, por exemplo, caminhar, correr, andar de bicicleta, nadar, entre outros vários esportes (SBD, 2008). Sendo assim, o exercício físico além de fundamental importância, é considerado efetivamente um meio de melhorar, além de manter as funções cardiovasculares. No entanto, é viável ressaltar a importância de se adequar corretamente o tipo e duração do exercício físico a ser prescrevido ao diabético (MONTEIRO et al, 2010; VANCEA et al, 2009). Por isso recomenda-se antes de iniciar qualquer exercício físico, a realização de um teste ergométrico (TE), para evitar possíveis eventos relacionados ao sistema cardiovascular. Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Sobre Teste Ergométrico (2010), a realização do mesmo é recomendável na determinação prognóstica, na avaliação da resposta terapêutica, da tolerância ao esforço e de sintomas compatíveis com arritmias aos exercícios. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010) afirma que “[...] O TE é um procedimento onde o indivíduo é submetido a um esforço físico programado e individualizado com a finalidade de se avaliar as resposta clinica, hemodinâmica, autonômica, eletrocardiográfica, metabólica e eventualmente ventilatória ao exercício”. TABELA 3. Recomendações para teste de esforço em DM Sedentarismo com um dos seguintes fatores de risco: Idade > 35 anos com ou sem outros fatores de risco cardiovascular, além de DM Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008) apresenta recomendações quanto à prática de exercício físico no portador de diabetes e são elas: 1. Tipos de exercícios: Preferencialmente exercício aeróbico como, caminhada, ciclismo, corrida, natação, dança, entre outros. O exercício de resistência também é recomendável, pois melhora o controle glicêmico em DM2; 2. Frequência: três a cinco vezes por semana; 3. Duração: Ininterruptamente, 30 a 60min/dia ou 150min/semana; 4. Intensidade: Moderada, já que, apesar de o VO2máx de 50% a > 70% ter resultados bastante positivos na hemoglobina glicada, o diabético não consegue alcançá-lo com segurança, por isso é recomendável a atividade moderada, podendo aumentá-la de intensidade gradativamente. Vancea et al, 2009 afirma que: [...] a intensidade é importante também para reduzir os valores da HbA1c. Há estudos que mostram a importância de incentivar os pacientes com diabetes do tipo 2 que já realizam exercício físico, para considerar o aumento da intensidade de moderada para alta, podendo ser possível obter benefícios adicionais e principalmente no controle glicêmico. Molena-Fernandes et al (2005) enfatiza que, caso um indivíduo realize pelo menos quatro horas semanais de atividade física de intensidade moderada a alta, pode comprovadamente, diminuir em média, 70% da incidência de DM2, se for relacionar com alguém com estilo de vida sedentário. Por esta razão, não se deve restringir o tratamento do diabético apenas ao profissional médico, mas sim por uma equipe multifuncional, capaz de orientá-lo na mudança do seu estilo de vida. Idade > 25 anos e > 15 anos de DM1 ou > 10 anos de DM2 Hipertensão arterial Dislipidemia Tabagismo Nefropatia, incluindo microalbuminúria ou insuficiência renal Retinopatia proliferativa e pré-proliferativa Neuropatia autonômica Na ausência de contra-indicação, em todos os indivíduos com DM, para obtenção da FCmáx, determinar os objetivos de intensidade e a capacidade funcional Estudos relacionados confirmam que o DM2 resulta em doenças que podem gerar a morte do indivíduo, pois afeta de maneira efetiva os ajustes fisiológicos relacionados ao metabolismo de carboidratos, trazendo conseqüências desastrosas para os demais sistemas fisiológicos, principalmente o vascular (ARSA et al, 2009). As principais fontes de energia utilizadas pelo organismo durante a realização do exercício físico são o glicogênio muscular e hepático, a glicose sanguínea e os ácidos graxos, variando de acordo a duração e intensidade do exercício. Sendo assim, a prática do mesmo pode promover benefícios não só no controle glicêmico, mas no sistemacardiovascular e no perfil lipídico, podendo diminuir a morbidade e mortalidade nos indivíduos com DM1 (MICULIS, 2010; DE ANGELIS et al, 2007). Ramalho & Soares propõe para as pessoas com DM1 a prática de todos os tipos de exercício físico, incluindo atividades de lazer, esportes de recreação e performance de competição profissional, pois a prática dessas atividades atuará tanto no controle da glicemia como também nos fatores de risco para doença macrovascular, dislipoproteinemia, hipertensão, obesidade e melhora da performance cardíaca. No entanto, deve-se tomar cuidado, pois nesta categoria de diabéticos é necessário extrema atenção na prática do exercício, pois o mesmo tende a ocasionar a hipoglicemia durante ou até mesmo após várias horas do término do exercício, afirma Miculis (2010), além de estar atento para as complicações já citadas anteriormente. A hipoglicemia ocorre por hiperinsulinização exógena pré-exercício aeróbico, pela taxa inadequada de insulina/glucagon ou pelo aumento da sensibilidade à insulina. Com o metabolismo aeróbico, os músculos esqueléticos consomem maior quantidade de glicose para gerar energia, o que diminui a gliconeogênese hepática46, levando a uma diminuição na glicemia sanguínea (MICULIS, 2010). A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008) apresenta as mesmas recomendações feitas ao indivíduo com DM2 quanto à prática de exercício físico para o indivíduo com DM1. E ainda afirma que “[...] a monitorização glicêmica é a base para a adaptação do tratamento ao exercício, e deve ser conduzida antes, durante (quando duração > 45 minutos) e após o exercício. Através da monitoração da glicemia capilar algumas regras gerais podem auxiliar na adaptação do tratamento”. TABELA 4 - Classificação da intensidade da atividade física, com base nas atividades que durem até 60 minutos. Intensidade relativa Intensidade VO2máx(%)# Freqüência cardíaca máx (%)* RPE ** Muito leve < 20 < 35 < 10 Leve 20-39 35-54 10–11 Moderado 40-59 55-69 12–13 Intenso 60-84 70-89 14–16 Muito intenso > 85 > 90 17–19 Máximo*** 100 100 20 #VO2máx = consumo máximo de O2; *Freqüência cardíaca máxima (FCmáx) = 220 – idade (Nota: É preferível e recomendado que a FCmáx seja medida durante um teste de alta intensidade); **Avaliação de Borg percebida é relativa à extensão da escala 6-20 (RPE); ***Média dos valores máximos conseguidos durante o exercício intenso por adultos saudáveis. Fonte: RAMALHO (2008) 2.2.8. Medidas Preventivas A Associação Americana de Diabetes (ADA) (2010) faz algumas recomendações para a prevenção ou retardo do Diabetes Mellitus: 1. Indivíduos com alto risco para desenvolver diabetes precisam se tornar conscientes dos benefícios da perda de peso e da realização regular de atividades físicas; Manidi (2001, p. 160) afirma que é importante integrar o exercício físico num programa para pessoas obesas, apesar de o mesmo ter pouca contribuição para o gasto calórico sendo irrelevante na perda de peso, mas apresenta benefícios sobre a imagem corporal, a tolerância corporal ao esforço, a auto-estima e ao bem estar em geral no obeso. O controle adequado do peso corporal deve estar sempre entre as prioridades no tratamento do paciente com DM2, já tendo sido demonstrado que pode melhorar o controle glicêmico, a sensibilidade insulínica, o perfil lipídico, os níveis pressóricos e reduzir a mortalidade. (SBD, 2008) Portanto, é importante haver uma intervenção direta e radical nos hábitos alimentares, no comportamento e na prática de exercícios físicos para que o diabético ou indivíduo que apresente fatores de risco para desenvolver o DM possa garantir uma razoável perda de peso. 2. Rastreamento para diabetes: homens e mulheres ≥ 45 anos de idade, particularmente aqueles com IMC ≥ 25 kg/m2, são candidatos à detecção de pré- diabetes (glicemia de jejum alterada [GJA] e TGD). O rastreamento pode ser considerado em pessoas mais jovens com IMC ≥ 25 kg/m2 que tenham fatores de risco adicionais; Esse rastreamento deve ser realizado apenas como parte de uma consulta médica. Tanto a glicemia de jejum como o teste de duas horas pós-sobrecarga com 75 g de glicose são apropriados, sendo que os resultados positivos em jejum devem ser confirmados em outro dia. Para indivíduos normoglicêmicos indica-se rastreamento a cada três anos. 3. O acompanhamento da maneira como o paciente segue as recomendações anteriores é importante para o sucesso; 4. A monitoração para o desenvolvimento de diabetes deve ser realizada a cada um ou dois anos; 5. Atenção especial e tratamento adequado devem ser dados aos fatores de risco para doenças cardiovasculares, como tabagismo, hipertensão e dislipidemia. A hipertensão arterial é dos fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) e costuma estar associada à DM. No DM1 a relação evidente entre hipertensão e ND precisa de atenção especial, pois a pressão arterial geralmente começa a se elevar cerca de três anos após o início da microalbuminúria, sendo assim, um tratamento adequado pode diminuir a ocorrência de morbidade nesses pacientes. Contudo, os pacientes com DM2 diferem da outra categoria porque cerca de 40% desses pacientes já se encontram hipertensos por ocasião do diagnóstico da doença (SBD, 2008). Dados estatísticos revelam que pessoas com DM2 tem a probabilidade de duas a quatro vezes mais para DCV se comparados a pessoas não-diabéticas. A ocorrência de morte entre pessoas diabéticas devido à doença aterosclerótica é de três em cada quatro mortes, sendo que as DCVs são responsáveis por 75% das mortes de indivíduos com DM2 (SBD, 2008). Analisando as medidas preventivas citadas acima, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) em concordância com a Associação Americana de Educadores em Diabetes (AADE) sugerem que se desenvolva um programa de educação em diabetes, onde os sistemas de atendimento ao diabético promovam capacitação aos educadores, tendo como principal objetivo o reconhecimento por parte da comunidade dos sintomas do DM para que seja feito um prognóstico precoce evitando complicações maiores e gerando menos gastos para os serviços públicos de saúde do país. 3. METODOLOGIA 3.1. Caracterização da Investigação Metodologia é uma oportunidade de “[...] julgar o experimento, encontrar as possíveis fontes de erro e reproduzi-lo, se assim o desejar” ( PICCOLI, 2006, p. 51) Portanto, este estudo é um conjunto de procedimentos adequados e sistematizados onde a escolha do método é um importante meio para garantir a validade e fidedignidade suficientes do estudo para que este seja aprovado no ambiente acadêmico. Foram encontradas 82 publicações e selecionadas 38, priorizando criteriosamente as publicações onde abordavam com maior coerência a resposta para o problema da pesquisa. Todas as publicações são nacionais, sendo: dissertação de mestrado e artigos. Todos obedecendo aos critérios de inclusão estabelecidos. Este estudo teve como caracterização a realização de um estudo bibliográfico, utilizando-se como método a abordagem qualitativa. O memo foi realizado com dados secundários, sem risco à população do estudo e sem identificação dos sujeitos por se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica. A problemática do trabalho procura resposta para a seguinte questão: quais as respostas fisiopatológicas do indivíduo com diabetes ao exercício físico? Para responder a essa questão foi utilizado um método exploratório, onde foram apresentados pontos de vista de diversos autores sobre a temática abordada. 3.2. Plano de coleta de dados Após serem definidos alguns itens a serem pesquisados, com a finalidade de alcançar o objetivo proposto para este estudo, iniciou-se a coleta de dados através de uma pesquisa descritiva exploratória. A fonte de informaçãodeveria responder adequadamente à pergunta em questão. Sendo assim, procedeu-se a localização de artigos, monografias de graduação e especialização, dissertações de mestrado e tese de doutorado, publicados no período de 2005 a 2010. Esta coleta de dados utilizou-se da biblioteca dessa instituição de ensino, bases eletrônicas de consulta de outra instituições de ensino superior, sites de busca via internet como Bireme, Scielo e a Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Com todo material coletado em mãos, iniciou-se a leitura superficial para identificar as informações, estabelecendo relações entre as mesmas e a problemática proposta, para logo em seguida realizar-se uma leitura sistemática constituída de leituras exploratórias, seletiva, analítica e interpretativa com o intuito de relacionar as informações do material lido com a problemática em questão. Para apropriar-se das informações obtidas e transformá-las em conhecimento, foram feitos fichamentos e posteriormente categorização dos dados de acordo a temática estabelecida, para em seguida serem analisados. Por fim, ao termino de todo processo de pesquisa, coleta e categorização dos dados, procedeu-se a redação do relatório, obedecendo às normas técnicas exigidas, sendo revisado e aprovado por uma especialista na área. 4. CATEGORIZAÇÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Resultados Subdividimos os resultados em quatro, categorizando-os sendo que as análises foram realizadas a seguir: 1. As respostas fisiológicas ao Exercício Físico influenciam no perfil lipídico, no controle glicêmico, na função renal e no sistema cardiovascular e autonômico; 2. A duração, a intensidade e o tipo de exercício físico influencia no controle do diabetes tipo 1 e 2, gestacional e secundário; Adotar um estilo de vida que inclua necessariamente o exercício físico programado e uma dieta saudável, traz benefícios duradouro para o controle do diabetes; 3. Como estratégia de prevenção às complicações do diabetes, utiliza-se programas educativos, ampliando o conceito de diabetes como uma doença psicossomática; 4. A síndrome metabólica caracteriza-se por sinais e sintomas de difícil manejo e controle, onde o exercício físico apresenta-se como uma alternativa viável e de benefícios duradouros. Neste trabalho será utilizado o termo Diabetes Mellitus para descrever os vários tipos de diabetes como Diabetes Mellitus tipo1 e tipo 2, Diabetes Gestacional e Diabetes Secundário, não os caracterizando de forma individualizada. A Síndrome Metabólica ficará como outro componente de análise devido às suas próprias características, seja pelas complicações, seja pela dificuldade do manejo e atitude, seja pelo papel do exercício físico de tão grave complicação. 4.2. Discussão A análise das publicações será demonstrada através de uma tabela contendo autor, título, ano de publicação, natureza do trabalho (artigo, monografia ou dissertação) e a que categorias foram enquadradas, sendo divididas em grupos temáticos de acordo as suas categorias. 4.2.1. As respostas fisiológicas ao Exercício Físico influenciam no perfil lipídico, no controle glicêmico, na função renal e no sistema cardiovascular e autonômico. TABELA 5. Artigos sobre os efeitos e respostas fisiológicas do exercício físico sobre o diabético. AUTORES ANO TÍTULO NATUREZA RAMALHO, Ana Claudia R. SOARES, Sabrina 2008 O Papel do Exercício no Tratamento do Diabetes Melito Tipo 1. Artigo ARSA, Gisela et al 2009 Diabetes Mellitus tipo 2: Aspectos fisiológicos,genéticos e formas de exercício físico para seu controle. Artigo DE ANGELIS, Kátia et al 2006 Efeitos Fisiológicos do Treinamento Físico em Pacientes Portadores de Diabetes Tipo 1. Artigo ANDRADE, Rudinei; LAITANO, Orlando e MEYER, Flávia 2005 Efeito da hidratação com carboidratos na resposta glicêmica de diabéticos tipo 1 durante o exercício. Artigo KRINSKI, Kleverton et al 2006 Efeitos do exercício físico em indivíduos portadores de diabetes e hipertensão arterial sistêmica. Artigo VANCEA, Denise Maria Martins et al 2008 Efeito da Freqüência do Exercício Físico no Controle Glicêmico e Composição Corporal de diabéticos tipo 2. Artigo Selecionou-se 06 artigos de revisão, nos quais são abordados os efeitos fisiológicos do exercício sobre o portador de diabetes e como o mesmo pode auxiliar no tratamento da doença. Os estudos aqui relacionados caracterizam o Diabetes Mellitus como um distúrbio metabólico que gera uma deficiência de insulina ocasionando em algumas complicações crônicas podendo levar o individuo à falência de órgãos importantes do organismo, diminuindo a sua expectativa de vida. Os benefícios que o exercício físico pode trazer para a vida do ser humano são conhecidos e comprovados através de estudos relevantes, que são indicados na prevenção e tratamento de diversas doenças. Um dos artigos salienta que a prática do exercício físico pode melhorar em proporções consideráveis os níveis de glicose no sangue, além de favorecer o sistema cardiovascular e o perfil lipídico, já que os portadores de DM são propícios a desenvolverem dislipidemias e, consequentemente, doenças cardiovasculares. No estudo realizado por Lopes (2007) no diabético, ele observa que a ocorrência de complicações cardiovasculares é maior e progride de forma mais acelerada, estando associada a um prognóstico mais grave. Portanto, estima-se que mais de 80% das pessoas com DM chegam a óbito devido à doença aterosclerótica, concluindo que os mesmos não têm sido beneficiados do declínio da mortalidade cardiovascular detectado na população geral. É importante ressaltar que o indivíduo com DM não responde ao estímulo natural do corpo durante um exercício físico, por não produzir glucagon e insulina suficientes para que haja a liberação da reserva de glicogênio fornecendo ao músculo energia e substrato suficiente para a realização do exercício, desestabilizando a glicemia, ocasionando a hipoglicemia. Por esse motivo, é recomendável a introdução de carboidratos (CHO) antes da prática do exercício físico através de bebidas esportivas para manter a glicemia em diabéticos tipo 1, pois estudos comprovaram ao examinar a glicemia de adolescentes diabéticos que ingeriram bebidas esportivas com 6% de CHO durante e após o exercício, que os mesmos se mantiveram hidratados, além de terem minimizado o risco de hipoglicemia induzida pela prática do exercício físico. O corpo humano se adapta fisiologicamente às alterações que lhe são impostas, e uma delas é ao treinamento físico, pois o mesmo atenua as alterações metabólicas, cardiovasculares e autonômicas que acomete indivíduos com diabetes. Portanto, é recomendável a prática de todos os tipos de exercício físico, incluindo atividades de lazer, esportes de recreação e performance de competição profissional, pois a prática dessas atividades atuará tanto no controle da glicemia como também nos fatores de risco para doença macrovascular, dislipoproteinemia, hipertensão, obesidade e melhora da performance cardíaca. 4.2.2. A duração, a intensidade e o tipo de exercício físico influencia no controle do Diabetes Mellitus tipo 1 e 2, gestacional e secundário. Adotar um estilo de vida que inclua necessariamente o exercício físico programado e uma dieta saudável, traz benefícios duradouros para o controle do diabetes. TABELA 6. Trabalhos sobre associação entre a duração, intensidade e tipo de exercício físico com fatores nutricionais. AUTORES ANO TÍTULO NATUREZA CALLIARI, Luis Eduardo P. e MONTE, Osmar 2008 Abordagem do Diabetes Melito na Primeira Infância. Artigo QUEIROZ, Karla Cristina, SILVA, Ivani Novato, ALFENAS, Rita de Cássia Gonçalves