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efeito do exercicio fisico para diabeticos

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA HUMANA CAMPUS IV 
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DÉBORA BARBOSA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM 
DIABETES MELLITUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jacobina – Ba 
 
2011 
DÉBORA BARBOSA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM 
DIABETES MELLITUS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Licenciada em Educação Física, pelo Curso 
de Licenciatura Plena em Educação Física da 
Universidade do Estado da Bahia, 
Departamento de Ciências Humanas- Campus 
IV. 
 
Orientadora: Profª Ms. Laura Emmanuela 
Lima Costa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jacobina-BA 
2011 
DÉBORA BARBOSA DE SOUZA 
 
 
 
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INDIVÍDUO COM 
DIABETES MELLITUS 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Licenciada em Educação física, pelo curso 
de Licenciatura Plena em Educação Física 
da Universidade do Estado da Bahia, 
Departamento de Ciências Humanas 
Campus IV, orientado pela professora 
Laura Emmanuela Lima Costa- Mestre em 
Enfermagem. 
 
Aprovado em.........de.......................................2011. 
 
BANCA EXAMINADORA 
Professora Mestre Laura Emmanuela Lima Costa 
Professor Especialista Francisco de Sales 
Professora Mestre Cleuma Sueli Santos 
 
 
 
Jacobina-BA 
2011 
DEDICATÓRIA 
 
 
Dedico à minha avó Antônia (in memorian) que se foi devido às complicações crônicas 
causadas pelo Diabetes Mellitus deixando saudades, mas com a certeza de que descansa 
num lugar melhor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Deus fonte de toda a sabedoria que ilumina todos os passos humanos e os 
descobrimentos da ciência, pois só Ele tem a ciência da vida. 
“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo 
nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus 
benefícios. Salmos 103: 1,2 
 
Foram cinco anos de faculdade, anos em que muitos contribuíram para meu sucesso, 
tantos, que não caberiam neste espaço tão pequeno. 
Especialmente, gostaria de agradecer aos meus pais, Edison e Dionice, pois sem eles eu 
jamais seria a pessoa que sou hoje e jamais estaria onde estou, foram pessoas 
indispensáveis para o meu sucesso. 
Ao meu esposo Charles, que com paciência me suportou e me confortou em tantos 
momentos de estresse, me ensinando a valorizar as coisas simples da vida e o amor. Eu 
te amo! 
Ao maior e melhor presente que Deus me deu: meu filho Charlinho. 
Aos meus irmãos, Elizeu, Elizama, Edson, Dionei e em especial à minha irmã Damares 
que muitas vezes se dispôs a cuidar do “meu pequeno” para que eu pudesse assistir às 
aulas, assim como minha querida sogra Cleusa que tanto me ajudou nesses momentos 
de necessidade. 
A todos os professores que contribuíram para a minha formação, principalmente à 
minha orientadora Profª Ms. Laura Emmanuela, que tantas vezes me pressionou, mas 
também auxiliou na construção deste trabalho e mesmo quando eu não acreditei que 
poderia concluir, ela acreditou no meu potencial. Obrigada Professora! 
Meu carinho e gratidão especial às minhas amigas Lucineide e Joice onde cada uma, 
com o seu jeitinho especial, me ajudaram, me ensinando, elogiando ou criticando, 
contribuindo para o meu crescimento tanto como estudante quanto como pessoa. À 
minha querida amiga Priscila, que ao final do curso me incentivou com carinho e 
determinação. 
Por fim, agradeço a todos aqueles com os quais efetuei trocas em uma trajetória 
construída passo a passo, entre idas e vindas, desfechos e retomadas que me 
proporcionaram amadurecimento pessoal e profissional. A estes vários amigos minha 
amizade e gratidão. 
RESUMO 
 
 
 
 
OBJETIVO: Analisar a resposta fisiológica do diabético ao exercício físico quanto à 
prevenção/tratamento da doença.MATERIAIS E MÉTODOS: Foi utilizada uma 
revisão de literatura em publicações referidas preferencialmente aos anos de 2005 a 
2010 e analisados 38 trabalhos, sendo eles: artigos e dissertações; tendo como locais de 
busca os bancos de teses de universidades e revistas indexadas em base de dados BVS, 
SciELO e Revista Brasiliera de Ciência do Esporte. RESULTADOS: Demonstram que 
as pessoas portadoras do Diabetes Mellitus respondem positivamente ao recorrer ao 
exercício físico como uma das medidas profiláticas e de tratamento para a doença. Além 
disso, o exercício físico tem um papel fundamental na vida do diabético, pois contribui 
de forma significativa no tratamento não-medicamentoso atuando como coadjuvante no 
processo de tratamento e prevenção da doença. CONCLUSÃO: O organismo humano 
responde positivamente à prática de exercícios físicos, pois este contribui com relevante 
significância na melhoria das complicações causadas pelo Diabetes Mellitus. 
 
 
 
Unitermos: Exercício Físico. Diabetes Mellitus. Respostas Fisiológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
BACKGROUND: To analyze the physiological response to physical exercise and 
diabetes prevention / treatment of doença.MATERIAIS AND METHODS: We used a 
literature review of the publications referred mainly to the years 2005 to 2010 and 
analyzed 38 studies, which were: articles and essays It has as local search banks theses 
from universities and journals indexed in the database VHL, SciELO and Brasilio 
Journal of Sport Science. RESULTS: They show that people with Diabetes Mellitus 
respond positively to resort to physical exercise as a prophylactic measures and 
treatment for the disease. In addition, exercise has a role in the life of the patient, as it 
contributes significantly to non-drug treatment acting as an adjuvant in the process of 
treatment and prevention of disease. CONCLUSION: The human body responds 
positively to physical exercise, because it contributes important significance in 
improving the complications caused by diabetes mellitus. 
 
 
 
 
 
Keywords: Physical Exercise. Diabetes Mellitus. Physiologic Response. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
 
 
 
Quadro 1. Programas de Treinamento Cardiovascular........................................... 27 
Quadro 2. Programa de treinamento para o controle glicêmico...............................30 
Quadro 3. Programa de treinamento para o perfil lipídico...................................... 32 
 
Tabela 1. Ranking de países em número de diabéticos............................................14 
Tabela 2. Ingestão de CHO de acordo com a duração e intensidade do 
exercício.................................................................................................................... 26 
Tabela 3. Recomendações para teste de esforço em DM........................................ 35 
Tabela 4. Classificação da intensidade da atividade física, com base nas 
atividades que durem até 60 minutos........................................................................ 37 
Tabela 5. Artigos sobre os efeitos e respostas fisiológicas do exercício físico 
sobre o diabético....................................................................................................... 43 
 Tabela 6. Trabalhos sobre associação entre a duração, intensidade e tipo 
de exercício físico com fatores nutricionais.............................................................. 45 
 Tabela 7. Estudos sobre relação emocional através da vivência cotidiana 
e exercício físico no diabético................................................................................... 48 
Tabela8. Publicações sobre a Síndrome Metabólica associada a exercícios 
físicos como agente preventivo das complicações crônicas e fatores associados..... 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
DM – Diabetes Mellitus 
ADA – Associação Americana de Diabetes 
DM1 – Diabetes Mellitus tipo 1 
DM2 – Diabetes Mellitus tipo 2 
DMG – Diabetes Mellitus Gestacional 
DMS – Diabetes mellitus Secundária 
SM – Síndrome Metabólica 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes 
SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia 
SUS – Sistema Único de Saúde 
RI – Resistência a Insulina 
GC – Glicemia Capilar 
HbA – Hemoglobina A 
AVC – Acidente Vascular Cerebral 
RD – Retinopatia Diabética 
ND – Nefropatia Diabética 
NDi – Neuropatia Diabética 
MMII – Membros Inferiores 
DCV – Doenças Cardiovasculares 
CHO – Carboidratos 
VO2max – Consumo máximo de oxigênio 
LDL – Lipoproteína de baixa densidade 
TG – Triglicérides 
TE – Teste Ergométrico 
SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................11 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................14 
2.1. PREVALÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA....................................................................14 
2.1.2. Perspectiva Histórica........................................................................................15 
2.1.3. Quadro Clínico.................................................................................................16 
2.1.3.1. Diabetes Mellitus Tipo 1.............................................................................. 16 
2.1.3.2. Diabetes Tipo 2 ........................................................................................... 17 
2.1.3.3. Diabetes Gestacional.................................................................................... 18 
2.1.3.4. Diabetes Secundária..................................................................................... 20 
2.1.4. Exames.............................................................................................................21 
 
 
2.2 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES E OS EFEITOS DO 
EXERCÍCIO FÍSICO........................................................................................................25
 
2.2.1. Efeitos Cardiovasculares.................................................................................26 
2.2.2. Efeito no Controle Glicêmico..........................................................................29 
2.2.3. Efeito no Perfil Lipídico ................................................................................31 
2.2.4. Efeito na Função Renal...................................................................................33 
2 2.5. Recomendações Gerais de Exercícios em Diabetes Mellitus..........................34 
2.2.6. Medidas Preventivas........................................................................................37
 
 
3. METODOLOGIA................................................................................................40 
 
 
4. CATEGORIZAÇÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................42 
4.1. Resultados..........................................................................................................42 
4.2. Discussão............................................................................................................42 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................53
 
 
REFERÊNCIAS.....................................................................................................55
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica endocrinometabólica, que 
caracteriza-se pela hiperglicemia, podendo ser acompanhada de dislipidemia, 
hipertensão e disfunção endotelial (MACLELLAN et al,2007; QUEIROZ, 2010; 
ARSA et al, 2009). 
Esta promove uma desordem no metabolismo, aumentando a quantidade de insulina 
na corrente sanguinea decorrente do mau funcionamento do pâncreas (SILVA, 2009; 
MOLENA-FERNANDES et al,2005). 
A Associação Americana de Diabetes (ADA), classifica o diabetes em quatro tipos: 
tipo 1 ou insulino-dependente (DM1); tipo 2 ou não insulino dependente (DM2); 
gestacional; e secundário a outras patologias (ARSA et al, 2009). 
O diabetes tipo 1 (DM1) frequentemente acomete crianças e adolescentes. 
Considerada uma doença autoimune, leva o paciente a um desequilíbrio metabólico 
grave, pois há uma perda significativa das células beta-pancreáticas, responsáveis 
pela produção de insulina liberada pra a corrente sanguinea, resultando dessa forma 
na produção insuficiente da mesma, fazendo-se necessário um tratamento insulínico 
(QUEIROZ, 2010; MICULIS, 2010). 
O diabetes tipo 2 (DM2) ocorre com mais prevalência em pessoas acima dos 40 anos 
e geralmente portadoras de hipertensão arterial, dislipidemias e excesso de peso 
(SILVA, 2009). 
Pesquisas revelaram altas concentrações de reagentes de fase aguda no plasma, como 
a ácido siálico ou ácido N-acetilneuramínico e IL-6, confirmando assim, através dos 
estudos realizados, que o diabetes tipo 2 também é considerado uma condição 
inflamatória (CARVALHO, 2006). 
O estilo de vida do individuo contribui muito para o aparecimento da doença, assim 
como para o seu agravamento. Esta está interrelacionada com fatores genéticos e 
ambientais (COELHO, 2008; PÁDUA, 2009). 
O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é caracterizado pela intolerância à glicose, 
iniciada geralmente no início da gestação. Sendo uma doença extremamente 
importante no meio obstétrico, o tratamento rigoroso é fundamental durante e após a 
gestação, já que seu controle está associado ao diagnóstico precoce e monitoração da 
glicemia (PADILHA, 2010; AYACH et al, 2010). 
O Diabetes Mellitus Secundário (DMS) é uma condição crítica com baixa incidência, 
causada pela elevação da glicemia associada a desordens genéticas que diminuem a 
eficácia da célula beta em produzir insulina, ou está associada ao uso de 
medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas, como é o caso da pancreatite 
crônica nas fases avançadas (ARSA et al, 2009; ALVARENGA et al, 2005). 
Geralmente associada ao DM2, a Síndrome Metabólica (SM), bastante estudada 
atualmente, representa um conjunto de fatores de risco cardiovascular, geralmente 
relacionado à resistência a insulina e deposição de gordura abdominal (PONTES, 
2009; MCLELLAN et al, 2007; FARIAS, 2010). 
Ainda não há uma definição internacional definitiva quanto à descrição da SM, mas a 
Organização Mundial de Saúde (OMS) tornou obrigatória a presença do diabetes ou 
resistência à insulina como fatores de risco, já que essas situações resultam no 
aumento da glicemia, assim como na alteração do metabolismo de lipídios, 
consequentes da obesidade, que geralmente desencadeiam doenças cardiovasculares 
(SÁ, 2010; QUINTANA, 2008; LOTTENBERG, 2007; MCLELLAN et al, 2007). 
Diversos estudos mostram que o exercício físico crônico ou agudo melhora a 
homeostase da glicose e o perfil lipídico, diminuindo a pressão arterial, reduzindo o 
risco de pacientes com DM desenvolverem doenças cardiovasculares (POLACOW, 
2007; PÁDUA, 2009; MOLENA-FERNANDES et al,2005). 
Mas, algumas situações tornam a realização do exercício físico requerente de maior 
atenção, pois durante exercício físico, os estoques de glicogênio são bloqueados pela 
presença da insulina e os músculos consomem glicose, por isso é eminente o risco de 
hipoglicemia (RAMALHO E SOARES, 2008).Portanto, o OBJETO DE ESTUDO deste trabalho é a resposta ao exercício físico 
no portador de diabetes, tendo como OBJETIVO analisar a resposta fisiológica do 
diabético ao exercício físico quanto à prevenção/tratamento da doença. 
A pesquisa parte do PRESSUPOSTO de que as pessoas portadoras do diabetes 
mellitus necessitam recorrer ao exercício físico como uma das medidas profiláticas e 
de tratamento para a doença. Sendo assim, a QUESTÃO DA PESQUISA é: quais as 
respostas fisiológicas do indivíduo com diabetes mellitus ao exercício físico? 
Estudos realizados comprovam a eficácia da prática regular de exercícios físicos na 
prevenção do diabetes mellitus. Entretanto, apesar das recomendações quanto à 
inserção do mesmo no cotidiano, ainda morrem por ano, 1,9 milhões de pessoas pela 
falta de atividade física (MOLENA-FERNANDES et al, 2005). 
O exercício físico é extremamente importante no tratamento do diabetes mellitus, já 
que a redução do mesmo causa uma preocupante incidência de obesidade na 
população mundial, pois o sedentarismo já é considerado um problema de saúde 
pública (DORO et al, 2006; VANCEA et al, 2009). 
Tendo em vista os inúmeros benefícios que a relação entre atividade física e saúde 
pode gerar para a vida do diabético e os transtornos que a ausência do mesmo pode 
trazer, a pesquisa se JUSTIFICA pela fundamental importância da realização de 
estudos abrangentes sobre as respostas fisiológicas, não só durante, mas também 
após o exercício físico nesses indivíduos para respaldar o profissional de educação 
física na prescrição dos mesmos. 
A escolha do tema a princípio teve como MOTIVAÇÃO o interesse pessoal, já que, 
a doença atinge alguns membros da minha família. Mas, com a intensificação dos 
estudos, percebi a importância e relevância que o tema pode gerar para os 
profissionais da área, assim como preparar o profissional de Educação Física tanto na 
observância do individuo com diabetes, quanto na prescrição de exercícios para o 
mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1. Prevalência e Epidemiologia 
Dados revelam que na década de 80 realizou-se um estudo para descobrir a 
prevalência do diabetes no Brasil, por que até então essa informação era 
desconhecida. Constatou-se que 7,5% da população entre 30 e 69 anos portava o DM 
(SANTOS, 2008). 
Francisco et al (2010) afirma que as atitudes comportamentais do indivíduo, tais 
como sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, contribuem para o 
desenvolvimento e/ou agravamento do Diabetes Mellitus. 
Este mesmo estudo estimou que tivesse 30 milhões de diabéticos adultos no mundo; 
número esse que aumentou consideravelmente, chegando à marca de 173 milhões em 
2002, com tendências de chegar a 300 milhões em 2030. Por isso das chances de uma 
epidemia estar a caminho serem bastante prováveis (DIRETRIZES DA SBD, 2006). 
 
 
TABELA 1. Ranking de países em número de diabéticos 
2007 2025 
País Pessoas 
(em 
milhões) 
País Pessoas 
(em milhões) 
1 Índia 40,9 1 Índia 69,9 
2 China 39,8 2 China 59,3 
3 EUA 19,2 3 EUA 25,4 
4 Rússia 9,6 4 Brasil 17,6 
5 Alemanha 7,4 5 Paquistão 11,5 
6 Japão 7,0 6 México 10,8 
7 Paquistão 6,9 7 Rússia 10,3 
8 Brasil 6,9 8 Alemanha 8,1 
9 México 6,1 9 Egito 7,6 
10 Egito 4,4 10 Blangadesh 7,4 
Fonte: Federação Internacional de Diabetes 
 
Atualmente o DM está entre as doenças crônicas com maior incidência de morbidade 
e mortalidade, sendo que no Brasil, a estimativa é que dezessete milhões de pessoas 
tenham a doença (FRANCISCO et al, 2010; VIEGAS-PEREIRA, 2008). 
Segundo Fragoso et al (2010), cada ano mais de 70 mil crianças e adolescentes 
desenvolvem DM1. Sendo assim, as estatísticas evidenciam que o DM já é 
considerado um caso de Saúde Pública e que deve ser inserido nas estratégias de 
atuação dos serviços de saúde e tratado com a importância que lhe é devida 
(VIEGAS-PEREIRA, 2008). 
O Diabetes Mellitus ganhou considerável importância nos últimos anos devido à 
crescente prevalência mundial. Como a doença vem aumentando de modo contínuo e 
em proporções epidêmicas, é fundamental que se realize um bom controle nos anos 
iniciais da doença para que não ocorra o desenvolvimento das complicações crônicas 
da doença (DUALIBI, 2009). 
O Ministério da Saúde (2009) enfatiza que “[...] no Brasil, o diabetes junto com a 
hipertensão arterial, é responsável pela primeira causa de mortalidade e de 
hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos 
diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos a 
diálise”. Tendo em vista que inúmeros estudos científicos comprovam que é possível 
evitar ou retardar a doença e suas complicações, vale ressaltar que surge a partir 
desses dados uma grande necessidade de implantação de políticas públicas que visem 
a prevenção da doença e orientações para os seus portadores. 
 
2.1.1. Perspectiva Histórica 
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença conhecida desde a antiguidade. Ainda na 
era egípcia há três mil anos atrás, houve os primeiros relatos sobre os sintomas que 
se assemelhavam aos sintomas do diabetes. O tratamento era feito a base de plantas 
medicinais, mas pouco se sabia sobre a doença, apenas que ocorria evidente 
eliminação excessiva de líquidos. O termo Diabetes foi dado pelo médico grego 
Arateu ou Arateus da Capadócia em 70 d.C., pois, segundo ele a carne e os membros 
do corpo se derretiam e eram eliminados através da urina. (MOLENA-FERNANDES 
et al, 2005) 
No grego a palavra Diabetes significa sifão (tubo para aspirar água), nome dado 
devido aos sintomas da doença o qual provoca sede intensa e grande quantidade 
eliminada de urina. (MARCELINO, 2008) 
Entre os séculos V e VI, médicos indianos constataram que a urina dos pacientes 
com diabete era adocicada, pois, observando-a perceberam a presença de formigas e 
outros insetos que frequentemente eram atraídos pela urina. Foi o Prof. Ernest H. 
Starling já no século XX que utilizou pela primeira vez o termo insulina e, desde 
então concluiu-se que o diabetes ocorria devido ao mau funcionamento do pâncreas 
pois este deixava de produzir a insulina, ou então, a produzia de forma insuficiente 
ou não funcionava adequadamente (MOLENA-FERNANDES et al, 2006; 
MARCELINO, 2008). A partir daí as pesquisas científicas em torno do Diabetes 
Mellitus se intensificaram, gerando estudos clínicos abrangentes sobre o assunto, 
possibilitando diagnósticos mais precisos. 
 
2.1.3. Quadro Clínico 
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes “[...] O diabetes mellitus (DM) 
não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que 
apresentam em comum a hiperglicemia. Essa hiperglicemia é o resultado de defeitos 
na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos”. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Associação Americana de Diabetes 
(ADA) recomendam que se classifique o diabetes da seguinte forma: Diabetes 
Mellitus tipo 1 (DM1), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de 
DM e Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) (DIRETRIZES DA SBD, 2006). 
 
2.1.3.1. Diabetes Melitus Tipo 1 
O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) caracteriza-se pela destruição das células beta 
pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, sendo considerada uma doença 
crônica, progressiva e autoimune (DUALIBI, 2009). 
Maraschin (2010) afirma que: 
No DM tipo 1A, a destruição das células β é de etiologia autoimune (90% 
dos casos) e no 1B não tem causa conhecida (idiopático). O DM tipo LADA 
é um DM do tipo 1 onde também existe uma destruição autoimune das 
células β, mas ela é muito mais lenta e acontece em indivíduos mais velhos 
(acima de 30 anos). 
 
Por ser uma endocrinopatia mais freqüente na infância e adolescência, a DM1 
necessita da obtenção de um bom controle, pois os indivíduos dessa faixa etária são 
muitas vezes inconstantes nosseus hábitos alimentares, mantêm atividades 
irregulares e, em idades inferiores a 5 anos, as dificuldades se intensificam pela não 
referência aos sintomas da doença (ARCANJO et al, 2005; CALLAIARI, 2008). 
Apesar da incidência do DM1 ser maior em crianças e adolescentes, levantamento 
feito pelo EURODIAB Collaborative Group confirmou que a doença vem 
aumentando em diversas partes do mundo em todas as faixas etárias (CALLAIARI, 
2008). 
Segundo o Ministério da Saúde (2009), geralmente os sintomas mais freqüentes no 
DM1 são: 
 Polifagia (fome excessiva); 
 Perda de peso; 
 Polidipsia (sede excessiva); 
 Lesões de difícil cicatrização principalmente nas pernas ou nos pés; 
 Infecções freqüentes (pele, urina e dos órgãos genitais); 
 Alterações visuais; 
 Glicemia casual acima de 200mg/dl; 
 Glicemia de jejum ≥ 126mg/dl. 
José et al (2009), orienta estabelecer um tratamento intensivo baseado na adaptação 
dos regimes de insulina aos resultados do auto-monitoramento da glicose sanguínea, 
além de realizar um tratamento individualizado orientado por uma equipe 
multidisciplinar, onde esses pacientes receberiam informações e orientações junto 
com sua família a cerca da adesão ao tratamento. 
2.1.3.2. Diabetes Melitus Tipo 2 
O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), segundo Arsa et al (2009), “[...] é caracterizado 
pela incapacidade da insulina exercer normalmente suas funções”. Normalmente 
acomete pessoas acima de 40 anos e o risco de desenvolvê-la aumenta com a idade, a 
obesidade e a falta de atividade física, além da predisposição genética (ARSA et al, 
2009; COELHO, 2008). 
Na tolerância diminuída à glicose (IGT) e no Diabetes Mellitus do tipo 2, se 
observa resistência à captação de glicose, estimulada pela insulina, 
independentemente da hiperglicemia, e a deterioração dessa tolerância 
dependerá da capacidade do pâncreas em manter o estado de 
hiperinsulinemia crônica (MCLELLAN, 2007). 
Molena-Fernandes et al (2005) afirma que há fatores relevantes que devem ser 
levados em consideração para o surgimento do DM2, os quais são: hereditariedade, 
obesidade, hábitos alimentares, estresse e sedentarismo. Exceto a hereditariedade, 
todos os outros fatores podem ser evitados através de medidas profiláticas como 
dieta adequada e prática de atividade física regular. 
Atualmente, o DM2 corresponde a cerca de 90 a 95% dos casos registrados e 
frequentemente vem acompanhado de obesidade, hipertensão arterial sistêmica, 
dislipidemia e disfunção endotelial (COELHO, 2008; MCLELLAN, 2007). 
O DM2 é uma doença que tem uma considerável representação econômica para o 
indivíduo portador da mesma e para a sociedade, já que os maiores custos de seu 
tratamento geralmente são associados às complicações decorrentes do controle 
inadequado (MCLELLAN,2007). 
Por ser uma doença incurável, com incidência em ambos os gêneros e classe social, o 
DM2 vem estabelecendo uma grande importância em quase todos os países do 
mundo, pois causa um grande impacto social e econômico na sociedade (MOLENA-
FERNANDES et al, 2005). 
Geralmente os sintomas mais frequentes são: sede e diurese excessiva (polidipsia e 
polifagia), dores nas pernas, alterações visuais e aumento de peso. Mas seu controle 
pode ser por meio de uma dieta balanceada e adequada ao tratamento, prática regular 
de atividade física e uso de medicamentos hipoglicemiantes (ARSA et al, 2009). 
 
2.1.3.3. Diabetes Gestacional 
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) (2008) afirma que 
o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) se caracteriza pela hiperglicemia decorrente 
da intolerância ao carboidrato diagnosticada no início ou durante a gestação. Os 
hormônios contra-reguladores da insulina sofrem uma elevação, além do estresse 
fisiológico causado pela gravidez e os fatores genéticos justificarem a presença dessa 
fisiopatologia na gestante. Assim, durante a gravidez, o hormônio que está 
relacionado com a resistência à insulina é o lactogênico placentário, portanto, 
hormônios como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também fazem parte 
dessa relação (SBEM, 2008). 
São considerados fatores de risco para o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), 
idade superior a 25 anos, gordura abdominal excessiva, ganho exagerado de peso na 
gravidez, histórico familiar de DM e baixa estatura (≤ 1,51m). Ainda existem alguns 
fatores ainda discutidos como, baixo peso ao nascer, tabagismo na gravidez, 
inatividade física, múltiplos partos e o fato de pertencer a determinados grupos 
raciais (DODE, 2009). 
O Ministério da Saúde (2006) orienta que já na primeira consulta pré-natal da 
gestante deve-se observar a predisposição para o DM através da glicemia de jejum, 
repetindo na vigésima semana. Se a glicemia for superior a 90mg/dL e encontrar-se 
na faixa entre ≥ 90mg/dL e ≤ 109mg/dL, a gestante deverá ser encaminhada para um 
teste de sobrecarga de duas horas, com 75g de glicose. O teste de sobrecarga deve ser 
realizado entre as 24a e 28a semanas de gestação. As glicemias diagnósticas de 
diabetes mellitus gestacional são ≥ 110 mg/dL no jejum, ≥ 140mg/dL duas horas pós 
sobrecarga ou, em qualquer momento, acima de 200mg/dL. A glicemia de jejum ≥ 
110mg/dL, na vigésima semana, após repetição, também confirma o diagnóstico 
(DODE, 2009). 
De acordo Padilha et al (2010), “[...] a prevalência de DMG situa-se ao redor de 1% 
e 14%, dependendo da população estudada, da etnia, da área geográfica, da 
freqüência do rastreamento e dos critérios diagnósticos utilizados”. 
Conforme estudos realizados, a prevalência do DMG em mulheres acima de 20 anos 
na década de 90 era de 7,6%. Entre 2006 e 2007 foram coletados dados em Brasília 
que confirmaram a prevalência de 6,6% de mulheres com DMG atendidas no 
Sistema Único de Saúde (SUS) (LIRA, 2010). 
O principal propósito da gestação é disponibilizar nutrientes para o feto tornando- a 
assim um condição predisponente para a resistência à insulina (RI). Associados aos 
fatores de risco citados acima, a diminuição da sensibilidade à insulina causada pelos 
hormônios placentários, como o LPH, lactogênio placentário humano, que se 
apresenta sob níveis crescentes a partir do segundo trimestre é o maior responsável 
pela RI (LIRA, 2010). 
Assim, visando o bom controle glicêmico da gestante, é recomendada como 
tratamento para o DM uma dieta equilibrada, com baixo teor de glicose, além de 
exercícios físicos, podendo também ocorrer a necessidade de insulinoterapia (LIRA, 
2010). 
 
2.1.3.4. Diabetes Secundária 
A Diabetes Mellitus Secundária (DMS) pode ser causada por diversos fatores. Uma 
breve lista de condições que podem causar diabetes secundária inclui depressão, 
HIV, pancreatite, certas desordens hormonais (como a síndrome de Cushing e 
hipertireoidismo) e algumas desordens genéticas (como a fibrose cística). Drogas 
ligadas à diabetes secundária incluem diuréticos e outras drogas usadas para tratar a 
hipertensão arterial, hormônios, antidepressivos, anticonvulsivos e algumas formas 
de quimioterapia, entre outras (DELLA MANNA, 2007). 
 
2.1.3.5. Síndrome Metabólica 
Considerada uma epidemia mundial, a obesidade tem tido um aumento considerável 
no quadro de doenças, sendo que esta está diretamente associada aos problemas 
cardiovasculares (PERGHER et al, 2010). 
Procurando definir a associação entre obesidade e doença coronariana, chegou-se ao 
termo “Síndrome X ou Síndrome Metabólica” (SM). (PERGHER et al, 2010). 
Sendo assim, a SM é uma associação de fisiopatologias que inclui a ocorrência de 
três ou mais das seguintes condições: obesidade abdominal (circunferência da cintura 
acima de 102 cm no sexo masculino e 88 cm no sexo feminino); hipertrigliceridemia 
(superior ou igual a 150mg/dl); baixas concentrações de HDL-colesterol (menor que 
40mg/dl no sexo masculino e menor que 50mg/dl no sexo feminino); pressão arterial 
sistólica acima ou igual a 130 mmHg e pressão arterial diastólicaacima de 85 
mmHg; e hiperglicemia de jejum (superior ou igual a 110mg/dl) (CAVALI, 2010; 
FARIAS, 2010). 
Diversas situações, tais como desnutrição, infecção, hipertensão arterial 
maternal, diabetes melito (DM) gestacional, inflamações e hipóxia, são 
responsáveis pela exposição fetal à adipocina, citocinas, fatores de 
crescimento e hipersecreção de corticóides, hiperinsulinemia, 
hiperleptinemia e alterações no eixo IGF13. (LOTTENBERG, 2007) 
Apesar de ser associada ao DM2, nos últimos anos a SM também passou a ser 
considerada também na DM1, já que houve um aumento da prevalência de obesidade 
nas últimas décadas também entre os portadores de DM1 (DIB, 2006). 
Farias (2010) afirma que “[...] A SM é considerada um fator de risco tão importante 
quanto o tabagismo para o desenvolvimento de doenças vasculares oclusivas e 
ateroscleróticas. Por isso, o diagnóstico e tratamento da SM são de extrema 
importância já que sua prevalência é crescente em todo o mundo”. 
 
 2.1.4. Exames 
2.1.4.1. Glicemia Capilar 
Conforme Maia (2006), a glicemia capilar (GC) é um exame que colhe amostra de 
sangue coletada na ponta do dedo, sendo este procedimento imprescindível no 
controle do DM2 e de suma importância na avaliação do paciente com DM2. 
A monitorização da glicemia capilar é primordial para direcionar as ações 
que envolvem o tratamento do diabetes, pois através dos resultados obtidos 
permite-se reavaliar a terapêutica instituída mediante os ajustes no 
medicamento, na dieta e nos exercícios físicos, podendo proporcionar 
melhora da qualidade de vida e redução das complicações decorrentes do 
mau controle metabólico (TEIXEIRA et al 2009) 
Através de estudos percebeu-se que as pessoas com diabetes mellitus alcançavam 
níveis glicêmicos próximo do normal quando realizavam diariamente a monitoração 
da glicemia capilar, apesar de esta monitoração fornecer dados interruptos do 
controle metabólico, dificultando na visão completa do perfil glicêmico do paciente, 
sendo que os períodos de normo, hipo e hiperglicemia nem sempre são evidenciados 
pela glicemia capilar de rotina (MAIA, 2006; TEIXEIRA et al, 2009). 
 
2.1.4.2. Hemoglobina Glicada 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) conceitua o termo hemoglobina glicada 
como um conjunto de substâncias formadas com base em reações entre a 
hemoglobina normal do adulto, a hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares. É 
importante a monitoração freqüente da hemoglobina glicada em todos os pacientes 
com DM para documentar o grau de controle glicêmico. Os níveis adequados são: 
 
 
 Adultos: 7% como limite superior; 
 Crianças e Adolescentes: pré-puberal de 8%, < 8,5% na faixa puberal, < 7% na 
fase final da puberdade e em adultos; 
 Idosos: esse nível deve ser avaliado individualmente, conforme as condições 
clínicas do mesmo. 8% ou até superior pode ser aconselhado para idosos já 
fragilizados; 
 Para gestantes diabéticas esses níveis são mais rígidos pelo risco aumentado de 
aborto espontâneo e deve ser de < 6%. 
 
2.1.4.3. Exames para Detectar Complicações Crônicas 
O que torna o DM um dos maiores impactos na saúde publica são as complicações 
que o acompanha, tornando o individuo improdutivo, com a qualidade de vida 
comprometida, gerando grandes custos ao sistema de saúde (SANTOS et al, 2008). 
Sampaio (2007) afirma que o DM é associado a complicações crônicas micro e 
macrovasculares, as quais comprometem estruturas de órgãos como rins, olhos, 
nervos, vasos e coração. 
Muitas são as complicações degenerativas geradas pelo DM, e as principais são: 
Retinopatia Diabética; Nefropatia Diabética; Neuropatia Diabética; Complicações 
Cardiovasculares e Acidente Vascular Cerebral (AVC) (SANTOS et al, 2008). 
 
 Retinopatia Diabética (RD) 
Frequentemente os diabéticos sofrem de afecções oculares, sendo que 29 a 40% dos 
casos se apresentam como retinopatia diabética. Nos próximos 30 anos a estimativa é 
que o número de pessoas que perderão a visão decorrente do DM seja duas vezes 
maior (DIAS et al, 2010). 
Um dos sinais clínicos mais precocemente detectáveis na RD é o aumento 
da permeabilidade vascular, devido à quebra da barreira hematoretiniana, 
que causa o edema macular. Seguem-se, mais tardiamente, 
microaneurismas, exsudatos e, finalmente, proliferação vascular. Desses 
achados clínicos, o edema macular é o mais correlacionado com o grau de 
perda visual (SERRARBASSA, 2008). 
Dias et al (2010) confirma que uma das maiores causas de cegueira irreversível no 
mundo é causada pela retinopatia diabética. Sendo que as pessoas afetadas 
geralmente estão em idade produtiva, e que 80% dos pacientes com DM2 e 97% dos 
DM1 apresentam certo grau de retinopatia diabética. 
É recomendável que após cinco anos de diagnóstico, o diabético tipo1 realize um 
exame oftalmológico com dilatação pupilar anualmente. Já o diabético tipo 2 deve 
realizar o exame imediatamente após diagnóstico. O paciente deve ter o fundo olho 
fotografado (Retinografia) para auxiliar em avaliações posteriores, sendo 
complementada com o registro da imagem da circulação da retina (Angiografia) 
(SBD, 2008). 
 
 Nefropatia Diabética (ND) 
A Nefropatia Diabética (ND) é uma complicação crônica microvascular, com o 
desenvolvimento de uma persistente microalbinúria, que é perda de albumina em 
pequenas quantidades pela urina, acometendo geralmente 40% dos pacientes com 
DM (SAMPAIO, 2007; ALMEIDA et al, 2008; MURUSSI, 2008). 
A ND é definida pelo aumento da excreção urinária de albumina na ausência de 
outras doenças renais e tem sido classificada em estágios. 
O estágio denominado de microalbuminúria, ou de nefropatia incipiente, 
caracteriza-se por valores de excreção urinária de albumina de 30 a 299 
mg/24 horas. No estágio de macroalbuminúria, ou nefropatia clínica, os 
valores correspondentes de excreção urinária de albumina são ≥ 300 mg/24 
horas. Já no estágio de microalbuminúria, ocorre aumento de mortalidade, 
em especial cardiovascular, e um risco aumentado de progressão para 
insuficiência renal (ALMEIDA et al, 2008). 
A ND é a principal causa de insuficiência renal crônica, sendo que os pacientes 
acometidos dessa complicação geralmente necessitam de um transplante renal. Como 
a DM2 acomete 90% dos casos de DM, a maioria dos indivíduos que participam de 
um programa de diálise possuem o DM2, sendo que essas proporções tendem a 
aumentar (ALMEIDA et al, 2008; MURUSSI, 2008). 
Para constatar a presença de albumina na urina do paciente diabético, assim como 
alterações da taxa de filtração glomerular é necessária a realização de 
Microalbuminúria e do Clearence de creatinina, que deve ser feito anualmente (SBD, 
2008). 
 
 
 Neuropatia Diabética (NDi) 
Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008), “[...] Neuropatia 
diabética é o distúrbio neurológico demonstrável clinicamente ou por métodos 
laboratoriais em pacientes diabéticos”. 
As diretrizes da SBD (2008) ainda colocam que “[...] o acometimento patológico na 
neuropatia diabética geralmente é amplo no organismo, apresentando-se de duas 
formas principais: 
 A polineuropatia sensório-motora simétrica, que conforme Porciúncula (2007) 
tem como conseqüência a degeneração distal retrógrada e simétrica do nervo 
motor, sendo que há o comprometimento da sensibilidade dos MMII no 
indivíduo com diabetes, determinando assim a hipertrofia muscular. 
 
 Neuropatia autonômica (cardiovascular, respiratória, digestiva, geniturinária): 
como o sistema nervoso autonômico é o elemento fundamental na regulação da 
função da maior parte dos sistemas ou órgãos no organismo, uma lesão pode 
trazer alterações irreversíveis para as funções cardiovascular, respiratória, 
digestiva, urinária e genital, podendo influir na função vital de alguns desses 
órgãos ou sistemas (FOSS-FREITAS, 2008). 
Apesar de 50 a 75% dos casos de NDi permanecerem subdiagnosticados e 
assintomáticos, esta complicaçãoainda é a primeira causa de amputação não 
traumática de membros inferiores (MMII) em adultos diabéticos. A mesma causa a 
degeneração distal retrógrada e simétrica dos nervos responsáveis pela sensibilidade 
dos MMII, normalmente chamada de neuropatia periférica sensitivo-motora distal 
(ROLIM, 2009). 
A Neuropatia Diabética (NDi) vem aumentando significativamente a 
morbimortalidade dos pacientes com DM1. A frequência com que ocorre o 
comprometimento do Sistema Nervoso no diabético é ampla (FOSS-FREITAS, 
2008). 
Carvalho orienta como forma profilática identificar o grau de neuropatia, portanto, 
logo, avaliar o déficit neurológico, observando a sensibilidade cutânea dos MMII. 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) recomenda a realização de exames 
clínicos (como avaliação dos pés, testes de sensibilidade), com monofilamento dos 
reflexos tendinosos, que podem identificar a presença de neuropatia em muitas 
pessoas. E pode-se através da chamada eletroneuromiografia avaliar a função dos 
nervos. Esse exame é composto de duas etapas: o estudo de condução nervosa (ou 
eletroneurografia) e a eletromiografia. 
 
 Complicações Cardiovasculares 
A doença cardiovascular representa, no mundo, importante causa de morbidade e 
mortalidade e, em alguns países, é a principal responsável pelos gastos em saúde. A 
fisiopatologia dessa doença ganhou novos contornos nos dias atuais com a 
participação relevante do endotélio, o papel dos fatores trombóticos e das 
possibilidades de intervenção passíveis de modificar a formação e a instabilização da 
placa aterosclerótica (RAMOS, 2008). 
A Sociedade Brasileira Diabetes (2008) afirma que “[...] Para todas as pessoas com 
diabetes, é importante uma avaliação anual sobre o risco de doenças 
cardiovasculares. Além do exame clínico com o médico, é recomendável a realização 
dos exames de rotina relacionados com os fatores de risco, assim como: Avaliação 
do diabetes; Colesterol total, HDL, e LDL; Triglicérides; Pressão Arterial”. 
 
2.2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO DIABETES E OS EFEITOS DOS 
EXERCÍCIOS FÍSICOS 
Os efeitos benéficos do exercício físico sobre a saúde do diabético são evidentes 
mesmo quando essa atividade se inicia tardiamente, pois a mesma atua na perda de 
peso, na diminuição do risco para o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares 
(DC), no aumento da capacidade da função motora, além de beneficiar o individuo 
nutricionalmente e melhorar no seu padrão de sono (SILVA et al, 2010) 
Silva (2010) continua ressaltando que “[...] Ainda há relatos de melhora dos níveis 
glicêmicos e da Hemoglobina Glicosilada (HbA1c). A HbA1c, por sua vez, 
apresenta-se como parâmetro de grande importância para o controle de complicações 
decorrentes do Diabetes”. 
É válido ressaltar a importância da reposição de carboidratos (CHO) no portador de 
diabéticos ao optar pela prática do exercício físico. Antes de realizar o exercício, 
deve-se fazer uma avaliação da glicemia sanguínea, assim o resultado da mesma 
indicará se haverá necessidade de adiar ou suspender o exercício, pois pode ocorrer 
uma queda considerável nos níveis de glicose no sangue (hipoglicemia), podendo 
haver complicações até irreversíveis (MICULIS, 2010). 
Portanto, a ingestão de CHO deve ser de acordo com a duração e intensidade do 
exercício. 
TABELA 2. Ingestão de CHO de acordo a duração e intensidade do exercício 
Glicemia sanguínea Carboidratos simples (CHO) 
 
< 80 mg/dL 
 
Não iniciar a atividade física + ingesta de 
15 gramas de CHO 
 (barra de cereal, fruta, mel em sachê, etc.). 
80 a 140 mg/dL Antes de iniciar: ingerir 1 a 2 g/kg de CHO. 
> 140 mg/dL < 250 mg/dL Faixa de segura; repor 15-30 g de CHO 
após a atividade física. 
> 300 mg/dL e cetonúria - Pode iniciar a atividade física, sem 
reposição de CHO. 
 
> 300 mg/dL e cetonúria + 
Adiar o início da atividade física até 
normalizar os níveis de cetonas e ingerir 
 líquidos (água). Não precisa repor CHO. 
CHO = carboidratos simples. Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (MICULIS, 2010) 
 
 2.2.1. Efeitos Cardiovasculares 
O tecido muscular sofre adaptações quando se exercita, pois o fluxo sanguíneo é 
maior na musculatura esquelética requerida, necessitando de uma maior 
vascularização na região, pois ocorre um aumento do estresse sobre a parede vascular 
induzindo maior liberação de óxido nítrico, e consequentemente a vasodilatação (DE 
ANGELIS et al, 2007; KRINSKI et al, 2006). 
A prática de exercício físico contribui para a hipertrofia das fibras cardíacas, 
melhorando a capacidade contrátil do miocárdio, pois torna o coração maior e mais 
forte. Sendo assim, o mesmo aumenta o volume de ejeção sanguínea, diminuindo a 
frequência cardíaca de repouso (bradicardia), ocasionando a redução do tônus 
simpático, consequentemente, o aumento do tônus parassimpático, onde acontecerá 
uma dilatação arteríola e venodilatação, que contribuirá para uma queda da pressão 
arterial sistêmica, beneficiando o sistema circulatório, pois resultará no aumento do 
VO2MAX, que é fundamental para um bom condicionamento físico (KRINSKI et al, 
2006). 
No diabético, a ocorrência de complicações cardiovasculares é maior e progride de 
forma mais acelerada, estando associada a um prognóstico mais grave. Considera-se 
que mais de 80% das pessoas com DM chegam a óbito devido à doença 
aterosclerótica, concluindo que os mesmos não têm sido beneficiados do declínio da 
mortalidade cardiovascular detectado na população geral (LOPES, 2007). 
Portanto, De Angelis et al (2007) enfoca que os benefícios que o exercício físico 
pode trazer para o indivíduo com DM influenciam na redução da morbi-mortalidade 
desta população que tem um risco aumentado no desenvolvimento de doenças micro 
e macrovasculares. 
A seguir são propostos dois programas de treinamento cardiovascular, com o 
objetivo de ativar o sistema cardiovascular, melhorando a capacidade contrátil do 
miocárdio. 
2.2.1.1. Programa de Exercício Físico para a função cardiovascular do diabético. 
QUADRO 1. Programas de Treinamento Cardiovascular 
Programa nível 1 Programa nível 2 
 
 
Nº 
 
 
Exercícios 
 
Número de 
repetições 
 
 
Nº 
 
 
Exercícios 
 
Número de 
repetições 
 
A 
 
B A B 
1.1 Aquecimento 4 a 5 minutos 2.1 Aquecimento 5 a 6 minutos 
 
1.2 
Balançando os 
braços na 
frente do 
corpo 
 
 
8-10 
 
 
10-
12 
 
 
2.2 
 
Balançando os 
braços 
lateralmente 
 
 
8-12 
 
 
12-14 
 
1.3 
Caminhando e 
levantando os 
ombros 
 
30 segundos 
 
 
2.3 
Caminhando 
sem sair do 
lugar, fazendo 
círculos com 
braços e 
ombros 
 
 
8-12 
 
 
12-14 
 
 
1.4 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
10 segundos 
 
 
 
2.4 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
 
15segundos 
 
1.5 
Flexão de 
joelho e 
abdução do 
quadril 
 
 
8-10 
 
 
10-
12 
 
 
2.5 
 
Cruzando os 
braços nas 
costas 
 
 
8-12 
 
 
12-14 
 
1.6 
Apontando o 
pé para trás 
 
1 minuto 
 
 
2.6 
Alongando os 
músculos dos 
braços e das 
pernas com 
balanceamento 
 
 
8-12 
 
 
12-14 
 
 
1.7a 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
10 segundos 
 
 
 
2.7a 
 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
 
15 segundos 
 
 
1.7b 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
levantando 
joelho para o 
alto 
 
 
1 minuto 
 
 
 
 
2.7b 
 
 
Tocando o 
calcanhar com 
a mão 
 
 
 
 
1 minuto 
1.8 Alongando o 
tronco 
8-10 10-
12 
 
2.8 
Rotação do 
tronco 
(“ceifador”) 
 
8-12 
 
12-14 
 
1.9 
Abertura para 
frente 
projetando os 
braços para 
frente 
 
8-10 
 
10-
12 
 
2.9 
Levantando o 
braço e a perna 
na posição 
oblíqua 
 
 
8-12 
 
 
12-14 
 Caminhando Caminhando 
1.10 com rotação 
dos ombros30 
segundos 
2.10 com rotação 
dos ombros 
30 segundos 
 
1.11 
Flexionando o 
joelho e o 
quadril 
 
8-10 
 
10-
12 
 
2.11 
Flexionando 
os joelhos e o 
quadril 
 
8-10 
 
10-12 
 
 
1.12 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
2 minutos 
 
 
 
2.12 
Caminhando 
sem sair do 
lugar e 
balançando os 
braços 
 
 
 
2 minutos 
 Pulsações Pulsações 
 
1.13 
Alongando o 
tríceps 
Ilimitado 
2.13 
Alongando os 
músculos 
trapézios 
superiores 
 
Ilimitado 
1.14 Descansando ilimitado 2.14 Descansando ilimitado 
Fonte: MANIDI (2001, p. 23) 
É recomendável o acompanhamento por um educador físico para verificar a evolução 
da pressão arterial durante o exercício, além de observar a freqüência cardíaca para 
que não ultrapasse a intensidade máxima do esforço permitido (MANIDI,2001). 
 
 
 
2.2.2. Efeitos no Controle Glicêmico 
 A prática de exercício físico aumenta consideravelmente a captação de glicose pelos 
músculos. A intensidade e duração do esforço físico dependem do fluxo sanguíneo para 
que ocorra adequadamente essa captação. Mesmo tendo essas necessidades atenuadas, a 
glicemia do diabético permanece constante (MANIDI, 2001). 
Manidi (2001 p. 161) ainda enfoca que são dois os mecanismos de regulação do 
equilíbrio glicêmico: 
1. Durante um esforço de curta duração, o fígado libera a glicose do estoque de 
glicogênio por um fenômeno denominado glicogenólise, ou seja, a quebra de 
molécula de glicogênio transformando-a em glucose ou glucose 6-fosfato. 
2. Durante um esforço de longa duração, esgotando-se o estoque de glicogênio, o 
músculo ainda necessita da glicose para manter-se em atividade. A partir daí, 
ocorre a gliconeogênese, que com base em aminoácidos essenciais é produzida a 
glicose, sendo que neste momento, entram em cena os hormônios hipofisários, 
dentre os quais o hormônio de crescimento, para manter a glicemia constante. 
 O exercício físico nem sempre está associado à melhoria da hemoglobina glicada (Alc) 
de indivíduos com DM. Estudos realizados com portadores de DM demonstraram 
alguns efeitos benéficos como melhora no controle metabólico e melhora no consumo 
máximo de oxigênio (VO2max) (RAMALHO E SOARES, 2008). 
Mas, em concordância com outros autores, Ramalho & Soares (2008), afirma que a 
prática regular de exercício físico durante 12 semanas em um grupo de indivíduos com 
DM não foi suficiente para a melhora da Alc, pois, por não existirem protocolos 
adequadamente estabelecidos quanto à redução da dose de insulina para evitar a 
hipoglicemia no diabético durante a prática de exercício físico, observa-se falha no 
controle glicêmico desta população. 
Nas pesquisas realizadas houve uma redução significativa após o exercício apenas nos 
portadores de DM2, sendo que foi necessário período de um ano pra que se 
observassem respostas fisiológicas ao exercício nesses indivíduos, sugerindo dessa 
forma, a necessidade de períodos mais prolongados de exercícios para obter-se efeitos 
benéficos nessa categoria de diabéticos (RAMALHO & SOARES, 2008; DE ANGELIS 
et al, 2007). 
 
Estes efeitos são induzidos pelo treinamento físico dinâmico em decorrência 
de várias adaptações: aumento da densidade capilar, aumento da expressão e 
translocação de GLUT4 para a membrana plasmática, aumento das fibras 
musculares mais sensíveis à ação insulínica, possíveis alterações na 
composição de fosfolípides do sarcolema, aumento na atividade de enzimas 
glicolíticas e oxidativas e aumento na atividade da glicogênio-sintetase (DE 
ANGELIS et al, 2006). 
 
De Angelis et al (2007) afirma que o exercício físico apresenta efeitos benéficos na ação 
insulínica, especialmente no músculo esquelético, sendo importante ressaltar que tanto 
indivíduos com DM1 como indivíduos não diabéticos apresentam também melhora na 
sensibilidade à insulina induzida pelo exercício. Assim, o treinamento físico dinâmico 
promove outros efeitos que beneficiam esses indivíduos, como melhora cardiovascular e 
no perfil lipídico, que são fundamentais para a redução da morbidade e mortalidade 
dessa população. 
O programa de exercício apresentado a seguir deve ser realizado diariamente para obter 
um bom controle glicêmico, além da melhora das funções metabólicas. 
2.2.2.1.Programa de Exercício Físico para o controle glicêmico do diabético. 
QUADRO 2. Programa de treinamento para o controle glicêmico 
Nº Exercícios Nº de 
repetições 
Duração *Intensidade 
1.1 Alongamento suave deitado 5-6 10 minutos 1 
1.2 Pedalando de costas com pernas 
levemente flexionadas 
5-6 10 minutos 1 
1.3 Subindo e descendo escadas 5-6 10 minutos 1-3 
1.4 Mobilizando o pé na escada 5-6 10 minutos 1-3 
1.5 Mobilizando as pernas na escada 5-6 10 minutos 1-3 
1.6 Caminhada 6 dias na 
semana 
20-60 
minutos 
1/2 
1.7 Levantando da cadeira 5-7 10 minutos 1/2 – 1 
1.8 Ao lado da cadeira 5-7 10 minutos 1/2 – 1 
*Intensidade: 1 = fraca (inferior a 60% da frequência cardíaca máxima); 
 2= média (inferior a 80% da frequência cardíaca máxima); 
 3= elevada (inferior a 100% da frequência cardíaca máxima). 
Fonte: MANIDI (2001, p. 168) 
2.2.3. Efeitos no Perfil Lipídico 
Pacientes com DM tendem a ter uma concentração lipídica elevada quando não há 
um controle adequado no controle glicêmico. Normalmente, nesses pacientes ocorre 
a hipertrigliceridemia e baixo HDL-C quanto ao perfil lipídico. Se comparado a 
pacientes não-diabéticos, a concentração média de LDL-C não se diferencia 
quantitativamente, mas, do ponto de vista qualitativo, existem maiores proporções 
nas artérias de partículas pequenas e densas da lipoproteína de baixa densidade 
(LDL) (DE ANGELIS et al, 2007; SBD, 2008). 
Existem algumas controvérsias entre autores quanto ao efeito do exercício físico 
sobre o perfil lipídico. De Angelis et al (2007) mostraram que houve melhora no 
perfil lipídico em adolescentes com DM tipo 1 que aderiram a um programa de 
exercícios e controle alimentar por oito dias. Ramalho & Soares (2008) apresenta 
diversos estudos em que os autores não comprovaram alterações no perfil lipídico 
dos indivíduos submetidos ao programa de exercício, sendo que os níveis lipídicos 
pré-tratamento não estavam alterados. Mas, em contrapartida, o mesmo autor 
apresenta estudos que comprovaram melhora no perfil lipídico pós-programa de 
exercício em indivíduos com níveis lipídicos mais elevados antes do programa de 
exercício. Isso pode indicar que o exercício pode ser mais eficaz em indivíduos que 
apresentem um nível lipídico alterado antes do programa de exercícios e não 
naqueles cujo perfil lipídico seja normal. 
Portanto, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) orienta uma modificação no 
plano alimentar, reduzindo a ingestão de gordura saturada e recomendando o uso de 
hidratos de carbono ou gordura monoinsaturada como compensação, além de um 
programa de exercício físico sistemático, pois estes auxiliam na redução de 
triglicérides (TG) e elevação do HDL-C, promovendo a prevenção de eventos 
cardiovasculares. 
Nesta tabela é disposto um programa de exercício para melhorar p perfil lipídico: 
 
 
 
 
2.2.3.1. Programa de Exercício Físico para o perfil lipídico. 
QUADRO 3. Programa de treinamento para o perfil lipídico 
Programa nível 1 Programa nível 2 
 
Nº 
 
Exercícios 
Nº de 
repetições 
 
Nº 
 
Exercícios 
Nº de 
repetições 
A B A B 
1.1 Aquecimento 5 a 8 minutos 2.1 Aquecimento 5 a 10 minutos 
1.2 Passando a bola em 
volta da cintura 
1 minuto 2.2 
Balançando os 
braços 
 
10-15 
 
15-
20 
 
1.3 
 
Rotação dos ombros 
 
30 segundos 
 
2.3 
Caminhando e 
fazendo círculos 
com os braços 
 
10-15 
 
15-
20 
 
1.4 
Caminhando e 
quicando a bola no 
chão 
 
1 minuto 
 
2.4 
Caminhando 
rapidamente sem 
sair do lugar 
 
20 segundos 
1.5 Passando a bola em 
volta daspernas 
10-12 12-16 2.5 Batendo as mãos 
sobre o joelho 
erguido 
 
10-15 
 
15-
20 
1.6 Passando a bola sob o 
joelho levantado 
10-12 12-16 2.6 Balaçando os 
braços na frente 
da perna 
10-15 15-
20 
1.7a Caminhando e 
quicando a bola no 
chão 
1 minuto 2.7a Corrida leve sem 
sair do lugar 
 
30 segundos 
1.7b Caminhando e 
mudando a bola de 
mão 
30 segundos 2.7b Corrida leve sem 
sair do lugar 
 
30segundos 
1.8 Fazendo círculos com 
o braço na frente do 
corpo 
10-12 12-16 2.8 Círculos com o 
braço (“o 
moinho”) 
 
10-15 
 
15-
20 
 
1.9 
Passando a bola por 
cima da cabeça e 
atrás das costas 
 
10-12 
 
12-16 
 
2.9 
Reforçando os 
músculos das 
pernas (com uma 
cadeira) 
 
10-15 
 
15-
20 
1.10 Caminhando com 
rotação dos ombros 
30 segundos 2.10 Caminhando com 
rotação dos 
ombros 
 
20 segundos 
1.11 Flexionando os 
joelhos e o quadril 
8-10 10-12 2.11 Repetindo o 
exercício 2.1 na 
íntegra 
2 minutos 
 
1.12 
Caminhando sem sair 
do lugar e quicando a 
bola no chão 
 
30 segundos 
 
2.12 
Corrida leve sem 
sair do lugar 
 
30 segundos 
 Pulsações Pulsações 
1.13 Alongando todo o Ilimitado 2.13 Alongando o Ilimitado 
corpo quadríceps 
(coxas) 
1.14 Descansando ilimitado 1.14 Descansando ilimitado 
Fonte: MANIDI (2001, p. 23) 
 
2.2.4. Efeitos na Função Renal 
No diabético a função renal muitas vezes pode apresentar complicações como o 
aumento da excreção urinária de albumina que pode indicar a presença de Nefropatia 
Diabética (ND). De Angelis et al (2006) afirma que por aumentar a pressão capilar 
glomerular, o exercício aumenta agudamente a excreção urinária de albumina, 
gerando conseqüentemente a filtração de albumina pela membrana basal glomerular. 
Em virtude desse aumento de albuminúria causado pelo exercício físico, é possível 
afirmar que essa excreção exagerada de albumina na urina em resposta ao exercício 
pode beneficiar o indivíduo com DM, pois resultará num prognóstico precoce de ND. 
O treinamento físico tem sido reconhecido como uma forma de aumentar as 
defesas antioxidantes e reduzir o estresse oxidativo, bem como de melhorar 
o perfil lipídico e os níveis de pressão arterial, sugerindo mecanismos 
benéficos que poderiam atuar na redução das lesões renais (DE 
ANGELIS et al, 2007). 
 
Apesar de na literatura recente existirem poucos estudos clínicos a cerca da prática 
de atividade física em indivíduos com ND, pode-se afirmar que a restrição de 
exercício físico não é benéfica nesta população, já que é evidente o efeito em longo 
prazo de um treinamento físico sobre a excreção urinária de albumina (DE 
ANGELIS et al, 2007). 
Em concordância com os poucos estudos realizados quanto aos efeitos do exercício 
físico na função renal do diabético, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) afirma 
que não existe restrição de exercícios específicos para pacientes com alteração renal, 
podendo inclusive ser prescrito exercício de resistência. Mas ressalva a importância 
da realização de teste de esforço antes do início de exercício mais intenso que o 
habitual, pois a microalbuminúria e proteinúria estão associadas à doença 
cardiovascular. Portanto, deve-se utilizar o mesmo programa de treinamento 
cardiovascular (Tabela 3, p.28). 
 
 2.2.5. Recomendações Gerais de Exercícios em Diabetes Mellitus 
Evidências confirmam os benefícios que o exercício físico gera no individuo com 
diabetes, e da possibilidade do mesmo prevenir o aparecimento do DM2 em pessoas 
com risco elevado (SBD, 2008). 
 
Atividade física corresponde ao movimento do corpo em atividades de 
rotina, enquanto exercício é uma atividade planejada, estruturada, repetida 
para melhorar ou manter a performance física, como, por exemplo, 
caminhar, correr, andar de bicicleta, nadar, entre outros vários esportes 
(SBD, 2008). 
 
Sendo assim, o exercício físico além de fundamental importância, é considerado 
efetivamente um meio de melhorar, além de manter as funções cardiovasculares. No 
entanto, é viável ressaltar a importância de se adequar corretamente o tipo e duração 
do exercício físico a ser prescrevido ao diabético (MONTEIRO et al, 2010; 
VANCEA et al, 2009). Por isso recomenda-se antes de iniciar qualquer exercício 
físico, a realização de um teste ergométrico (TE), para evitar possíveis eventos 
relacionados ao sistema cardiovascular. 
Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Sobre Teste 
Ergométrico (2010), a realização do mesmo é recomendável na determinação 
prognóstica, na avaliação da resposta terapêutica, da tolerância ao esforço e de 
sintomas compatíveis com arritmias aos exercícios. 
 
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010) afirma que “[...] O TE é um 
procedimento onde o indivíduo é submetido a um esforço físico programado e 
individualizado com a finalidade de se avaliar as resposta clinica, hemodinâmica, 
autonômica, eletrocardiográfica, metabólica e eventualmente ventilatória ao 
exercício”. 
TABELA 3. Recomendações para teste de esforço em DM 
Sedentarismo com um dos seguintes fatores de risco: 
Idade > 35 anos com ou sem outros fatores de risco cardiovascular, além de DM 
 Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. 
 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008) apresenta recomendações quanto à 
prática de exercício físico no portador de diabetes e são elas: 
1. Tipos de exercícios: Preferencialmente exercício aeróbico como, caminhada, 
ciclismo, corrida, natação, dança, entre outros. O exercício de resistência também 
é recomendável, pois melhora o controle glicêmico em DM2; 
2. Frequência: três a cinco vezes por semana; 
3. Duração: Ininterruptamente, 30 a 60min/dia ou 150min/semana; 
4. Intensidade: Moderada, já que, apesar de o VO2máx de 50% a > 70% ter 
resultados bastante positivos na hemoglobina glicada, o diabético não consegue 
alcançá-lo com segurança, por isso é recomendável a atividade moderada, 
podendo aumentá-la de intensidade gradativamente. 
Vancea et al, 2009 afirma que: 
[...] a intensidade é importante também para reduzir os valores da HbA1c. 
Há estudos que mostram a importância de incentivar os pacientes com 
diabetes do tipo 2 que já realizam exercício físico, para considerar o 
aumento da intensidade de moderada para alta, podendo ser possível obter 
benefícios adicionais e principalmente no controle glicêmico. 
 
Molena-Fernandes et al (2005) enfatiza que, caso um indivíduo realize pelo menos 
quatro horas semanais de atividade física de intensidade moderada a alta, pode 
comprovadamente, diminuir em média, 70% da incidência de DM2, se for relacionar 
com alguém com estilo de vida sedentário. Por esta razão, não se deve restringir o 
tratamento do diabético apenas ao profissional médico, mas sim por uma equipe 
multifuncional, capaz de orientá-lo na mudança do seu estilo de vida. 
Idade > 25 anos e > 15 anos de DM1 ou > 10 anos de DM2 
Hipertensão arterial 
Dislipidemia 
Tabagismo 
Nefropatia, incluindo microalbuminúria ou insuficiência renal 
Retinopatia proliferativa e pré-proliferativa 
Neuropatia autonômica 
Na ausência de contra-indicação, em todos os indivíduos com DM, para obtenção da 
FCmáx, determinar os objetivos de intensidade e a capacidade funcional 
Estudos relacionados confirmam que o DM2 resulta em doenças que podem gerar a 
morte do indivíduo, pois afeta de maneira efetiva os ajustes fisiológicos relacionados 
ao metabolismo de carboidratos, trazendo conseqüências desastrosas para os demais 
sistemas fisiológicos, principalmente o vascular (ARSA et al, 2009). 
As principais fontes de energia utilizadas pelo organismo durante a realização do 
exercício físico são o glicogênio muscular e hepático, a glicose sanguínea e os ácidos 
graxos, variando de acordo a duração e intensidade do exercício. Sendo assim, a 
prática do mesmo pode promover benefícios não só no controle glicêmico, mas no 
sistemacardiovascular e no perfil lipídico, podendo diminuir a morbidade e 
mortalidade nos indivíduos com DM1 (MICULIS, 2010; DE ANGELIS et al, 2007). 
Ramalho & Soares propõe para as pessoas com DM1 a prática de todos os tipos de 
exercício físico, incluindo atividades de lazer, esportes de recreação e performance 
de competição profissional, pois a prática dessas atividades atuará tanto no controle 
da glicemia como também nos fatores de risco para doença macrovascular, 
dislipoproteinemia, hipertensão, obesidade e melhora da performance cardíaca. No 
entanto, deve-se tomar cuidado, pois nesta categoria de diabéticos é necessário 
extrema atenção na prática do exercício, pois o mesmo tende a ocasionar a 
hipoglicemia durante ou até mesmo após várias horas do término do exercício, 
afirma Miculis (2010), além de estar atento para as complicações já citadas 
anteriormente. 
A hipoglicemia ocorre por hiperinsulinização exógena pré-exercício 
aeróbico, pela taxa inadequada de insulina/glucagon ou pelo aumento da 
sensibilidade à insulina. Com o metabolismo aeróbico, os músculos 
esqueléticos consomem maior quantidade de glicose para gerar energia, o 
que diminui a gliconeogênese hepática46, levando a uma diminuição na 
glicemia sanguínea (MICULIS, 2010). 
 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2008) apresenta as mesmas 
recomendações feitas ao indivíduo com DM2 quanto à prática de exercício físico 
para o indivíduo com DM1. E ainda afirma que “[...] a monitorização glicêmica é a 
base para a adaptação do tratamento ao exercício, e deve ser conduzida antes, durante 
(quando duração > 45 minutos) e após o exercício. Através da monitoração da 
glicemia capilar algumas regras gerais podem auxiliar na adaptação do tratamento”. 
 
TABELA 4 - Classificação da intensidade da atividade física, com base nas 
atividades que durem até 60 minutos. 
 
Intensidade relativa 
Intensidade VO2máx(%)# Freqüência cardíaca máx 
(%)* 
RPE ** 
Muito leve < 20 < 35 < 10 
Leve 20-39 35-54 10–11 
Moderado 40-59 55-69 12–13 
Intenso 60-84 70-89 14–16 
Muito intenso > 85 > 90 17–19 
Máximo*** 100 100 20 
 #VO2máx = consumo máximo de O2; *Freqüência cardíaca máxima (FCmáx) = 220 – idade (Nota: É 
preferível e recomendado que a FCmáx seja medida durante um teste de alta intensidade); **Avaliação de 
Borg percebida é relativa à extensão da escala 6-20 (RPE); ***Média dos valores máximos conseguidos 
durante o exercício intenso por adultos saudáveis. Fonte: RAMALHO (2008) 
 
2.2.8. Medidas Preventivas 
A Associação Americana de Diabetes (ADA) (2010) faz algumas recomendações 
para a prevenção ou retardo do Diabetes Mellitus: 
1. Indivíduos com alto risco para desenvolver diabetes precisam se tornar 
conscientes dos benefícios da perda de peso e da realização regular de atividades 
físicas; 
Manidi (2001, p. 160) afirma que é importante integrar o exercício físico num 
programa para pessoas obesas, apesar de o mesmo ter pouca contribuição para o 
gasto calórico sendo irrelevante na perda de peso, mas apresenta benefícios sobre a 
imagem corporal, a tolerância corporal ao esforço, a auto-estima e ao bem estar em 
geral no obeso. 
O controle adequado do peso corporal deve estar sempre entre as 
prioridades no tratamento do paciente com DM2, já tendo sido demonstrado 
que pode melhorar o controle glicêmico, a sensibilidade insulínica, o perfil 
lipídico, os níveis pressóricos e reduzir a mortalidade. (SBD, 2008) 
Portanto, é importante haver uma intervenção direta e radical nos hábitos 
alimentares, no comportamento e na prática de exercícios físicos para que o diabético 
ou indivíduo que apresente fatores de risco para desenvolver o DM possa garantir 
uma razoável perda de peso. 
2. Rastreamento para diabetes: homens e mulheres ≥ 45 anos de idade, 
particularmente aqueles com IMC ≥ 25 kg/m2, são candidatos à detecção de pré-
diabetes (glicemia de jejum alterada [GJA] e TGD). O rastreamento pode ser 
considerado em pessoas mais jovens com IMC ≥ 25 kg/m2 que tenham fatores 
de risco adicionais; 
Esse rastreamento deve ser realizado apenas como parte de uma consulta médica. 
Tanto a glicemia de jejum como o teste de duas horas pós-sobrecarga com 75 g de 
glicose são apropriados, sendo que os resultados positivos em jejum devem ser 
confirmados em outro dia. Para indivíduos normoglicêmicos indica-se rastreamento a 
cada três anos. 
3. O acompanhamento da maneira como o paciente segue as recomendações 
anteriores é importante para o sucesso; 
4. A monitoração para o desenvolvimento de diabetes deve ser realizada a cada um 
ou dois anos; 
5. Atenção especial e tratamento adequado devem ser dados aos fatores de risco 
para doenças cardiovasculares, como tabagismo, hipertensão e dislipidemia. 
A hipertensão arterial é dos fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) e 
costuma estar associada à DM. No DM1 a relação evidente entre hipertensão e ND 
precisa de atenção especial, pois a pressão arterial geralmente começa a se elevar 
cerca de três anos após o início da microalbuminúria, sendo assim, um tratamento 
adequado pode diminuir a ocorrência de morbidade nesses pacientes. Contudo, os 
pacientes com DM2 diferem da outra categoria porque cerca de 40% desses 
pacientes já se encontram hipertensos por ocasião do diagnóstico da doença (SBD, 
2008). 
Dados estatísticos revelam que pessoas com DM2 tem a probabilidade de duas a 
quatro vezes mais para DCV se comparados a pessoas não-diabéticas. A ocorrência 
de morte entre pessoas diabéticas devido à doença aterosclerótica é de três em cada 
quatro mortes, sendo que as DCVs são responsáveis por 75% das mortes de 
indivíduos com DM2 (SBD, 2008). 
Analisando as medidas preventivas citadas acima, a Sociedade Brasileira de Diabetes 
(2008) em concordância com a Associação Americana de Educadores em Diabetes 
(AADE) sugerem que se desenvolva um programa de educação em diabetes, onde os 
sistemas de atendimento ao diabético promovam capacitação aos educadores, tendo 
como principal objetivo o reconhecimento por parte da comunidade dos sintomas do 
DM para que seja feito um prognóstico precoce evitando complicações maiores e 
gerando menos gastos para os serviços públicos de saúde do país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. METODOLOGIA 
3.1. Caracterização da Investigação 
Metodologia é uma oportunidade de “[...] julgar o experimento, encontrar as 
possíveis fontes de erro e reproduzi-lo, se assim o desejar” ( PICCOLI, 2006, p. 51) 
Portanto, este estudo é um conjunto de procedimentos adequados e sistematizados 
onde a escolha do método é um importante meio para garantir a validade e 
fidedignidade suficientes do estudo para que este seja aprovado no ambiente 
acadêmico. 
Foram encontradas 82 publicações e selecionadas 38, priorizando criteriosamente as 
publicações onde abordavam com maior coerência a resposta para o problema da 
pesquisa. Todas as publicações são nacionais, sendo: dissertação de mestrado e 
artigos. Todos obedecendo aos critérios de inclusão estabelecidos. 
Este estudo teve como caracterização a realização de um estudo bibliográfico, 
utilizando-se como método a abordagem qualitativa. O memo foi realizado com 
dados secundários, sem risco à população do estudo e sem identificação dos sujeitos 
por se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica. 
A problemática do trabalho procura resposta para a seguinte questão: quais as 
respostas fisiopatológicas do indivíduo com diabetes ao exercício físico? Para 
responder a essa questão foi utilizado um método exploratório, onde foram 
apresentados pontos de vista de diversos autores sobre a temática abordada. 
 
3.2. Plano de coleta de dados 
Após serem definidos alguns itens a serem pesquisados, com a finalidade de alcançar 
o objetivo proposto para este estudo, iniciou-se a coleta de dados através de uma 
pesquisa descritiva exploratória. A fonte de informaçãodeveria responder 
adequadamente à pergunta em questão. Sendo assim, procedeu-se a localização de 
artigos, monografias de graduação e especialização, dissertações de mestrado e tese 
de doutorado, publicados no período de 2005 a 2010. 
Esta coleta de dados utilizou-se da biblioteca dessa instituição de ensino, bases 
eletrônicas de consulta de outra instituições de ensino superior, sites de busca via 
internet como Bireme, Scielo e a Revista Brasileira de Ciências do Esporte. 
Com todo material coletado em mãos, iniciou-se a leitura superficial para identificar 
as informações, estabelecendo relações entre as mesmas e a problemática proposta, 
para logo em seguida realizar-se uma leitura sistemática constituída de leituras 
exploratórias, seletiva, analítica e interpretativa com o intuito de relacionar as 
informações do material lido com a problemática em questão. 
Para apropriar-se das informações obtidas e transformá-las em conhecimento, foram 
feitos fichamentos e posteriormente categorização dos dados de acordo a temática 
estabelecida, para em seguida serem analisados. 
Por fim, ao termino de todo processo de pesquisa, coleta e categorização dos dados, 
procedeu-se a redação do relatório, obedecendo às normas técnicas exigidas, sendo 
revisado e aprovado por uma especialista na área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. CATEGORIZAÇÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
4.1. Resultados 
Subdividimos os resultados em quatro, categorizando-os sendo que as análises foram 
realizadas a seguir: 
1. As respostas fisiológicas ao Exercício Físico influenciam no perfil lipídico, no 
controle glicêmico, na função renal e no sistema cardiovascular e autonômico; 
2. A duração, a intensidade e o tipo de exercício físico influencia no controle do 
diabetes tipo 1 e 2, gestacional e secundário; Adotar um estilo de vida que inclua 
necessariamente o exercício físico programado e uma dieta saudável, traz 
benefícios duradouro para o controle do diabetes; 
3. Como estratégia de prevenção às complicações do diabetes, utiliza-se programas 
educativos, ampliando o conceito de diabetes como uma doença psicossomática; 
4. A síndrome metabólica caracteriza-se por sinais e sintomas de difícil manejo e 
controle, onde o exercício físico apresenta-se como uma alternativa viável e de 
benefícios duradouros. 
Neste trabalho será utilizado o termo Diabetes Mellitus para descrever os vários tipos 
de diabetes como Diabetes Mellitus tipo1 e tipo 2, Diabetes Gestacional e Diabetes 
Secundário, não os caracterizando de forma individualizada. 
A Síndrome Metabólica ficará como outro componente de análise devido às suas 
próprias características, seja pelas complicações, seja pela dificuldade do manejo e 
atitude, seja pelo papel do exercício físico de tão grave complicação. 
 
4.2. Discussão 
A análise das publicações será demonstrada através de uma tabela contendo autor, 
título, ano de publicação, natureza do trabalho (artigo, monografia ou dissertação) e a 
que categorias foram enquadradas, sendo divididas em grupos temáticos de acordo as 
suas categorias. 
 
4.2.1. As respostas fisiológicas ao Exercício Físico influenciam no perfil lipídico, 
no controle glicêmico, na função renal e no sistema cardiovascular e 
autonômico. 
TABELA 5. Artigos sobre os efeitos e respostas fisiológicas do exercício físico 
sobre o diabético. 
AUTORES ANO TÍTULO NATUREZA 
RAMALHO, Ana 
Claudia R. 
SOARES, Sabrina 
2008 O Papel do Exercício no Tratamento 
do Diabetes Melito Tipo 1. 
Artigo 
ARSA, Gisela et al 
 
2009 Diabetes Mellitus tipo 2: Aspectos 
fisiológicos,genéticos e formas de 
exercício físico para seu controle. 
Artigo 
DE ANGELIS, 
Kátia et al 
 
2006 Efeitos Fisiológicos do Treinamento 
Físico em Pacientes Portadores de 
Diabetes Tipo 1. 
Artigo 
ANDRADE, 
Rudinei; 
LAITANO, 
Orlando e 
MEYER, Flávia 
2005 Efeito da hidratação com 
carboidratos na resposta glicêmica 
de diabéticos tipo 1 durante o 
exercício. 
Artigo 
KRINSKI, 
Kleverton et al 
2006 Efeitos do exercício físico em 
indivíduos portadores de diabetes e 
hipertensão arterial sistêmica. 
Artigo 
VANCEA, Denise 
Maria Martins et al 
 
2008 Efeito da Freqüência do Exercício 
Físico no Controle Glicêmico e 
Composição Corporal de diabéticos 
tipo 2. 
Artigo 
 
Selecionou-se 06 artigos de revisão, nos quais são abordados os efeitos fisiológicos 
do exercício sobre o portador de diabetes e como o mesmo pode auxiliar no 
tratamento da doença. 
Os estudos aqui relacionados caracterizam o Diabetes Mellitus como um distúrbio 
metabólico que gera uma deficiência de insulina ocasionando em algumas 
complicações crônicas podendo levar o individuo à falência de órgãos importantes do 
organismo, diminuindo a sua expectativa de vida. 
Os benefícios que o exercício físico pode trazer para a vida do ser humano são 
conhecidos e comprovados através de estudos relevantes, que são indicados na 
prevenção e tratamento de diversas doenças. Um dos artigos salienta que a prática do 
exercício físico pode melhorar em proporções consideráveis os níveis de glicose no 
sangue, além de favorecer o sistema cardiovascular e o perfil lipídico, já que os 
portadores de DM são propícios a desenvolverem dislipidemias e, consequentemente, 
doenças cardiovasculares. 
No estudo realizado por Lopes (2007) no diabético, ele observa que a ocorrência de 
complicações cardiovasculares é maior e progride de forma mais acelerada, estando 
associada a um prognóstico mais grave. Portanto, estima-se que mais de 80% das 
pessoas com DM chegam a óbito devido à doença aterosclerótica, concluindo que os 
mesmos não têm sido beneficiados do declínio da mortalidade cardiovascular 
detectado na população geral. 
É importante ressaltar que o indivíduo com DM não responde ao estímulo natural do 
corpo durante um exercício físico, por não produzir glucagon e insulina suficientes 
para que haja a liberação da reserva de glicogênio fornecendo ao músculo energia e 
substrato suficiente para a realização do exercício, desestabilizando a glicemia, 
ocasionando a hipoglicemia. 
Por esse motivo, é recomendável a introdução de carboidratos (CHO) antes da 
prática do exercício físico através de bebidas esportivas para manter a glicemia em 
diabéticos tipo 1, pois estudos comprovaram ao examinar a glicemia de adolescentes 
diabéticos que ingeriram bebidas esportivas com 6% de CHO durante e após o 
exercício, que os mesmos se mantiveram hidratados, além de terem minimizado o 
risco de hipoglicemia induzida pela prática do exercício físico. 
O corpo humano se adapta fisiologicamente às alterações que lhe são impostas, e 
uma delas é ao treinamento físico, pois o mesmo atenua as alterações metabólicas, 
cardiovasculares e autonômicas que acomete indivíduos com diabetes. 
Portanto, é recomendável a prática de todos os tipos de exercício físico, incluindo 
atividades de lazer, esportes de recreação e performance de competição profissional, 
pois a prática dessas atividades atuará tanto no controle da glicemia como também 
nos fatores de risco para doença macrovascular, dislipoproteinemia, hipertensão, 
obesidade e melhora da performance cardíaca. 
 
4.2.2. A duração, a intensidade e o tipo de exercício físico influencia no controle 
do Diabetes Mellitus tipo 1 e 2, gestacional e secundário. Adotar um estilo de 
vida que inclua necessariamente o exercício físico programado e uma dieta 
saudável, traz benefícios duradouros para o controle do diabetes. 
TABELA 6. Trabalhos sobre associação entre a duração, intensidade e tipo de 
exercício físico com fatores nutricionais. 
AUTORES ANO TÍTULO NATUREZA 
CALLIARI, Luis 
Eduardo P. e 
MONTE, Osmar 
2008 Abordagem do Diabetes Melito na 
Primeira Infância. 
Artigo 
QUEIROZ, Karla 
Cristina, 
SILVA, Ivani 
Novato, 
ALFENAS, Rita de 
Cássia Gonçalves