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G E S T Ã O E M P R E S A R IA L C IR O A N T O N IO F E R N A N D E S Código Logístico 59650 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6704-6 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 4 6 Gestão Empresarial Ciro Antonio Fernandes IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ImageFlow/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F399g Fernandes, Ciro Antonio Gestão empresarial / Ciro Antonio Fernandes. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2020. 130 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6704-6 1. Administração de empresas. 2. Planejamento estratégico. 3. Eficiência organizacional. 4. Ambiente de trabalho. 5. Comportamento organizacional. I. Título. 20-66192 CDD: 658 CDU: 658 Ciro Antonio Fernandes Doutor em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Mestre em Administração pela Universidade Metodista do Estado de São Paulo (Umesp). Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade do Litoral Sul (Fals). Graduado em Administração também pela Fals. Docente no ensino superior nos cursos de bacharelado em Administração e nos cursos tecnológicos em Recursos Humanos. Ministra as disciplinas: Planejamento Estratégico, Gestão por Processos, Gestão do Conhecimento, Liderança e Cultura Organizacional, Gestão Estratégica de Pessoas, Fundamentos de Administração, Avaliação de Desempenho e Gestão por Competência. Leciona a disciplina de Finanças e Controladoria no Programa de Mestrado Profissional em Administração/Governança Corporativa. Atua também como avaliador do Inep/MEC e como pesquisador. SUMÁRIO 1 As organizações no contexto atual 9 1.1 Mudanças no contexto atual internacional e nacional 10 1.2 Ambiente organizacional 12 1.3 Características de uma gestão eficaz 24 1.4 Ética na gestão empresarial 27 2 Ações estratégicas no contexto organizacional 34 2.1 Estratégias competitivas 35 2.2 Elaboração de plano estratégico 39 2.3 Construção de cenários 43 2.4 Tomada de decisão estratégica 48 3 Gestão de recursos financeiros 54 3.1 Aspectos financeiros da economia 54 3.2 Identificação da necessidade do capital de giro 59 3.3 Mercado financeiro 64 3.4 Formas de negociação 68 4 Gestão de produção 77 4.1 A função-produção no contexto organizacional 78 4.2 Estratégia Top down e Bottom up 82 4.3 Objetivos de desempenho 88 4.4 Matriz Importância e Desempenho 96 5 Gestão estratégica de pessoas 102 5.1 Construção de equipes de alto desempenho 102 5.2 Retenção de talentos e valorização profissional 109 5.3 O Balanced Scorecard Social na gestão de pessoas 113 5.4 Competências essenciais aos diretores de alto escalão 119 Gabarito 127 Este livro traz uma abordagem contemporânea de conceitos, estratégias e práticas próprios do mundo corporativo, com o objetivo de provocar reflexões e aprimorar as suas competências como gestor empresarial. Para atingir esse propósito, no primeiro capítulo analisamos a competitividade das empresas sob a perspectiva da economia globalizada e das mudanças nos padrões de comportamento dos negócios e dos consumidores. Atualmente o ambiente competitivo se encontra mais acirrado, exigindo novas posturas estratégicas e comportamentais, o que coloca a gestão empresarial como ferramenta essencial à preservação da imagem da empresa e à geração de valor. No segundo capítulo estudamos o planejamento estratégico e a construção de cenários competitivos futuros. A competência para lidar com essas ferramentas permite ao gestor empresarial definir e delimitar as estratégias corporativas e antever eventos e tendências capazes de influenciar o ambiente de negócios. O planejamento estratégico e a construção de cenários também auxiliam na redução de riscos durante o processo de tomada de decisão estratégica. O terceiro capítulo está estruturado de modo a compreendermos como as variações econômicas e financeiras podem impactar as estratégias corporativas e qual é a relevância do capital de giro para as empresas. Também abordamos o mercado financeiro, bem como sua regulação, seus subsistemas e os agentes econômicos que nele atuam. No quarto capítulo, o objetivo é entendermos como a função-produção e as estratégias de produção podem contribuir com o crescimento da empresa e auxiliar no processo de tomada de decisão. Ainda sob a perspectiva de crescimento, analisamos a Matriz de Importância e Desempenho, utilizada para avaliar como a atividade de produção está contribuindo para melhorar a competitividade da instituição em relação a seus concorrentes. No quinto capítulo discutimos a utilização das capacidades humanas, consideradas no contexto organizacional como um APRESENTAÇÃOVídeo recurso essencial à obtenção de vantagem competitiva. A discussão assenta-se nas competências profissionais, que podem dar ao indivíduo e às equipes condições de alcance de resultados de sucesso. Por se tratar do uso de competências intrínsecas às pessoas, também tratamos da retenção de talentos e da valorização profissional. Esses assuntos são imprescindíveis ao conhecimento dos gestores empresariais, visto que o ser humano possui talento e criatividade capazes de auxiliar no sucesso da empresa. Bons estudos! As organizações no contexto atual 9 1 As organizações no contexto atual O objetivo deste capítulo é compreender, dentro de uma pers- pectiva de economia global, as mudanças relacionadas ao contexto internacional e nacional, a postura ética dos gestores e como os fa- tores externos e internos influenciam a competitividade, a tomada de decisão e o desempenho organizacional. Para atender aos objetivos propostos para o capítulo, na pri- meira seção serão abordadas as mudanças no contexto inter- nacional e nacional e como essas mudanças podem requerer novas posturas estratégicas às empresas, a fim de não perderem a competitividade. Na segunda seção, serão abordadas as inter-relações das em- presas com o ambiente organizacional, do qual fazem parte o ma- croambiente, o ambiente competitivo e o operacional. O propósito dessa abordagem é a compreensão das variáveis que influenciam a formulação das estratégias organizacionais. Na terceira seção, o objetivo é apresentar alguns fatores que indicam a eficácia de uma gestão empresarial. Para o desenvolvi- mento dessa parte, optamos por trazer diversos aspectos relacio- nados ao comportamento dos gestores como agentes principais de uma gestão eficaz. Na quarta e última seção, veremos a ética na gestão e sua im- portância para a conquista de credibilidade junto ao mercado e a preservação da imagem da empresa para geração de valor. Então, vamos lá! Bons estudos. 10 Gestão Empresarial 1.1 Mudanças no contexto atual internacional e nacional Vídeo Você já observou que as relações comerciais entre cliente e empre- sa mudaram bastante nos últimos tempos? Quais são as principais di- ferenças que você poderia destacar? Vamos lá. Ajudaremos ao citar como exemplo o e-commerce. Não precisamos mais sair de casa para comprar, para isso basta um computador ou celular com acesso à internet. Esses dois recursos integrados são suficientes para fazer sua compra. Com base nessa possibilidade surge outra: a de comprar de qualquer empresa em qualquer parte do mundo. O assunto que iremos abordar é decorrente desse “comércio sem fronteiras”, pois quanto maior o mercado em que uma empresa compete – e no caso apresentado estamos falando em termos globais –, mais difícil e complexa se torna a concorrência. Veja, a eficiência competitiva ea excelência em- presarial consideradas dentro de um cenário de eco- nomia globalizada tornam-se cada vez mais difíceis de serem atingidas em decorrência do crescente número de negócios realizados entre empresas de diferentes países, com regulamentos, estruturas e políticas culturais, institucionais e econômicas próprias, que influenciam diretamente a operação das negociações (FIGUEIRA; MELLO, 2015). Dentro do contexto apresentado, é preciso destacar que se em uma economia globalizada existem poucas restrições comerciais, como a cobrança de tarifas, ela se torna mais ampla, ou seja, mais competidores vão disputar um determinado mercado, o que acaba por complicar expressivamente o ambiente competitivo (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Agora reflita: o que é mais fácil para um gestor: competir em merca- do geograficamente limitado, onde seus concorrentes estão próximos e são conhecidos, ou em um mercado em que os concorrentes estão espalhados por todo o mundo e ao alcance de um clique? Ellagrin/S hutter stoc k A economia globalizada abarca a comercialização de bens e serviços para além das fronteiras que separam países e continentes (HIT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Saiba mais As organizações no contexto atual 11 Além de precisar vencer um número de concorrentes, é necessário rever estruturas e processos, uma vez que a globalização afeta o design, a produção, a distribuição e o pós-venda, e soma-se a isso a maior qualidade dos produtos e serviços. Para competir no cenário descrito, as empresas precisam incrementar suas estratégias, adotando planos sofisticados e ousados, o que exige o desenvolvimento e a aquisição de competências informacionais e gerenciais, além da tecnologia, da inovação e da atuação internacional (FIGUEIRA; MELLO, 2015). Nesse sentido, para se adequarem a um cenário de incertezas e extremamente mutante, as organizações precisam mudar para ade- quarem suas estruturas às contingências im- postas pelo ambiente de negócios, a fim de não perderem a competitividade e elevarem seus resultados para acima da média. A capacidade de mudar e, assim, de se adaptar ao ambiente é uma necessidade re- querida para que as organizações aumentem suas chances de obter retornos maiores do que a média e, dessa forma, manterem-se vivas no mercado em que competem. Todavia, as mudanças tornam-se um desafio quando as pessoas que fazem parte da organi- zação são resistentes a elas (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Diante dos desafios que podemos perceber ao analisar o contex- to internacional e nacional em que as empresas estão competindo, a gestão empresarial tem papel fundamental no crescimento das organi- zações. Dada a complexidade da concorrência, uma boa gestão talvez já não seja mais suficiente para manter uma empresa competitiva, ou seja, é necessária uma gestão empresarial de excelência. Como você pode observar, o cenário competitivo atual é extrema- mente complexo porque possui características que precisam ser ana- lisadas sob um prisma de múltiplas realidades, que não se resumem apenas ao contexto nacional, mas também ao internacional. Dessa forma, para lidar com tantas variáveis próprias do ambiente competitivo, podemos concluir que a gestão empresarial precisa ser orien- tada por um conhecimento que englobe múltiplas capacidades, como as de análise e gestão dos diversos recursos de que dispõe uma organização, os quais podem dar à empresa vantagem competitiva se operados pelo gestor com simultaneidade (GASSENFERTH; MACHADO; KRAUSE, 2012). VectorMine/Shutterstock 12 Gestão Empresarial O objetivo da leitura do artigo Motivadores da internacionalização de pequenas empresas de software: um estudo multi casos nos contextos brasileiro e espanhol, de Alessandra Herranz Gazquez e Hilka Pelizza Vier Machado e publicado na Revista Eletrônica de Ciência Administrativa em 2019, é possibilitar que você conheça os motivadores da internacionalização de pequenas empresas do setor de software. O artigo propicia uma maior abrangência nas conclusões sobre motivadores de internacionalização às empresas de software. Acesso em: 27 ago. 2020. http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/article/view/2600/1065 Artigo 1.2 Ambiente organizacional Vídeo Bem, agora que você já sabe como as relações econômicas tornaram-se complexas dentro do contexto mundial, vamos entender o que é o ambiente organizacional. Ele é composto por três ambientes, a saber: o macroambiente ou ambiente geral, o ambiente competitivo e o ambiente operacional. Figura 1 Ambiente organizacional Ambiente organizacional Macroambiente ou ambiente geral • Econômico • Político/legal • Tecnológico • Social • Comunidade • Nação • Mundo Ambiente competitivo • Competidores • Barreiras de entrada • Diferenciação de produtos substitutos Ambiente operacional • Consumidores • Funcionários • Fornecedores • Acionistas Fonte: Elaborada pelo autor. http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/article/view/2600/1065 As organizações no contexto atual 13 O conhecimento integrado desses três ambientes é importante para a gestão empresarial, pois deles advêm informações necessárias e relevantes ao planejamento e à implementação das ações estratégicas que a organização pretende tomar. Além disso, é preciso considerar que todas as decisões devem ser tomadas levando em consideração a missão e os propósitos da em- presa, bem como observando atentamente o resultado do diagnóstico estratégico, que é o decorrente da análise ambiental (OLIVEIRA, 2013). A importância de se analisar o ambiente em que a empresa compete está na capacidade que cada um desses ambientes tem de revelar de- talhes sobre tendências futuras, as quais indicam a dinâmica das ações, reações e intenções dos concorrentes (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Como você pode perceber, estamos tratando de conduzir a empresa a um caminho de sucesso, e para isso dependemos de informações. E o que fazemos com essas informações? Planejamos. Pois bem, este é o nosso objetivo quando decidimos conhecer o ambiente competitivo e suas características: planejar para gerir a empresa de maneira a conquis- tar novos mercados e clientes, aumentando com isso a lucratividade. Em resumo, a análise do ambiente organizacional permite insights que auxiliam na tomada de decisão, que, por sua vez, pode ajudar na melhoria do desempenho organizacional. Segundo Gassenferth, Machado e Krause (2012, p. 11), uma característica relevante ao gestor é o pensamento sistêmico, pois possibilita a compreensão das “relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização, bem como entre a organização e o ambiente externo”. Entendido o que é o ambiente organizacional, vamos estudar cada ambiente em particular. A leitura do artigo Relação entre monitoramento e orientação estratégica: um estu- do da percepção de profissionais da inteligência competitiva, de Maria Pimentel e Fernando de Almeida, publicado na revista Gestão & Regionalidade em 2017, fará com que você compreenda a relação entre o modo como uma organiza- ção monitora o seu ambiente externo e a sua orientação. Acesso em: 27 ago. 2020. https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/3325/2196 Artigo https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/3325/2196 14 Gestão Empresarial 1.2.1 Macroambiente Abordaremos agora o macroambiente, ou ambiente geral, que é externo à empresa. Nele estão presentes as ameaças e as oportunidades, variáveis que estão fora de controle do gestor, ou seja, vão acontecer independentemente de como a empresa é conduzida. Um exemplo é a Covid-19, uma ameaça que transformou o mercado em 2020, fazendo empresas que eram bem administradas fecharem suas portas porque viram suas receitas sumirem. Outras viram essas falências como oportunidades e, com mais recursos em caixa, apro- veitaram o espaço deixado e formularam estratégias para ocupá-los e assim aumentar seu market share. Inicialmenteesse ambiente é composto por seis dimensões, que fazem parte da sociedade geral, conforme você pode ver na Figura 2. Essas dimensões influenciam o setor e as empresas que nele estão in- seridas (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Figura 2 Ambiente geral Ambiente da indústria (setor) Ameaça de novos entrantes Poder dos fornecedores Poder dos compradores Produtos substitutos Intensidade da rivalidade Ambiente da concorrência Econômico Sociocultural Demográfico Político Jurídico Global Tecnológico Fonte: Hitt; Ireland; Hoskisson, 2013, p. 35. Saiba que dentro de cada uma das seis dimensões estão contidos diversos fatores, descritos no Quadro 1, que são capazes de influen- ciar a maneira como uma empresa está posicionada no ambiente competitivo. “Enquanto uns choram, outros vendem os lenços.” Para refletir market share: grau de parti- cipação em relação às vendas de uma empresa realizadas no mercado em que compete. Glossário As organizações no contexto atual 15 Quadro 1 Fatores que compõem o ambiente geral Segmento Características Econômico - Taxas de inflação - Taxas de juros - Déficits ou superávits comerciais - Déficits ou superávits orçamentários - Taxa de poupança pessoal - Taxa de poupança comercial - Produto Interno Bruto Sociocultural - Mulheres no mercado de trabalho - Diversidade da mão de obra - Atitudes com relação à qualidade da vida profissional - Preocupações com o meio ambiente - Mudanças nas preferências profissionais e de carreira - Mudanças nas preferências relacionadas às características de produtos e serviços Global - Acontecimentos políticos importantes - Mercados globais essenciais - Novos países industrializados - Diferentes atributos culturais e institucionais Tecnológico - Inovações dos produtos - Aplicações do conhecimento - Foco nos gastos privados e públicos de produção e desenvol- vimento (P&D) - Novas tecnologias da comunicação Político/Jurídico - Legislação antitruste 1 - Legislação tributária - Filosofia de desregulamentação - Leis de treinamento de mão de obra - Filosofias e políticas educacionais Demográfico - Tamanho da população - Estrutura etária - Distribuição geográfica - Mistura étnica - Distribuição de renda Fonte: Elaborado pelo autor. Para melhor exemplificar o Quadro 1, tomaremos por base o segmento econômico e dentro dele veremos como a taxa de inflação e os déficits comerciais podem influenciar as estratégias de uma empresa. Lei n. 12.529/2011, que impede e pune práticas anticompetitivas. 1 16 Gestão Empresarial Um exemplo são algumas companhias aéreas americanas. As em- presas em questão são a United Airlines, a Airways, a Delta Airlines e a Northwest, que entre os anos de 2002 e 2005 pediram falência ou pro- teção ao governo norte-americano. O motivo foi o aumento do preço do combustível após a passagem do furacão Katrina (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Veja, estamos falando do aumento do preço do combustível, que provoca o aumento da inflação e consequente déficit comercial, uma vez que as empresas são obrigadas a aumentar o preço das passagens. Porém, há queda do número de passageiros, pois o preço fica acima do que as pessoas podem pagar. Mas você deve ter percebido que a causa do aumento do combus- tível foi um outro fator, o furacão Katrina, o qual, por se tratar de um evento comum nos Estados Unidos, deveria ser pensado dentro do segmento político/jurídico. Isto é, o governo deveria pensar em como proteger o mercado quando um evento climático acontecesse. Mas não é assim que ocorre, pois os governos também têm os segmen- tos que lhes são mais prioritários, como educação, saúde, transporte e segurança. A fim de contornarem as crises, a Southwest e a AirTran Airways (ATA) estão fundindo-se a outras empresas para controlar os custos e ampliando os compartilhamentos de código para aumentar seu alcan- ce de mercado (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Assim, se na gestão empresarial o gestor deixa de observar qual- quer um desses fatores – que não os únicos, são apenas alguns –, ele se arrisca a incorrer em erros estratégicos ou até mesmo em infrações penais, principalmente se opera em segmentos como o de alimentação ou saúde. O artigo O monitoramento de informações estratégicas do ambiente externo em pequenas empresas, de Éverton Cancellier et al., publicado na Revista Ibero- -Americana de Estratégia em 2009, mostra como as pequenas empresas bra- sileiras realizam o monitoramento de informações estratégicas do ambiente externo e qual é a devida importância que dão a essa atividade. Acesso em: 27 ago. 2020. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep0707_1590.pdf Artigo Assista ao filme A grande aposta para compreender as causas e os indícios que antecederam uma das maiores crises financeiras dos Estados Unidos. O filme aborda como alguns investi- dores que previram com antecedência a crise resolveram apostar contra grandes bancos como Goldman Sachs, Merryl Lynch, JP Morgan e Lehman Brothers. Direção: Adam McKay. EUA: Plan B Entertainment; Regency Enterprises, 2015. Filme http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep0707_1590.pdf As organizações no contexto atual 17 1.2.2 Ambiente competitivo Prosseguindo nossos estudos, falaremos agora sobre o ambiente competitivo. Segundo Porter (2004), ele é composto por forças que exer- cem influência sobre a lucratividade e o posicionamento estratégico de uma empresa. Nesse sentido, quando procedemos a análise do ambien- te competitivo, estamos buscando criar condições que permitam à em- presa prever a dinâmica das ações e reações dos concorrentes. Por isso, conhecer o ambiente e realizar sua leitura e análise de ma- neira adequada são de fundamental importância para compreender o grau de rivalidade entre as empresas, permitindo que os gestores reajam às ações dos rivais, supe- rando-os em suas estratégias. A rivalidade competitiva pode ser analisada com base nas forças que agem sobre o ambiente, conforme o modelo descrito na figura a seguir. Figura 3 Modelo de forças competitivas Fonte: Porter, 2004, p. 4. Rivalidade entre os concorrentes Entrantes potenciais Ameaças de novos produtos Poder de barganha dos com pradores Po de r d e ba rg an ha do s fo rn ec ed or es Ameaças de novos entrantes Produtos substitutos Poder de negociaçãoPo de r d e ne go ci aç ão Quando o ambiente competitivo é analisado com base no modelo das forças competitivas, podemos verificar as variáveis capazes de afe- tar o desempenho organizacional. Então, é possível formular estratégias competitivas para eliminar ou reduzir o impacto que essas forças têm A rivalidade competitiva se caracteriza quando uma empresa busca assumir uma posição vantajosa em relação ao seu concorrente (HIT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Saiba mais anttoniart/Shutterstock 18 Gestão Empresarial sobre o lucro potencial de uma empresa. A intensidade da rivalidade competitiva em um setor, além de determinar as estratégias a serem seguidas, indica o comportamento de cada empresa (PORTER, 2004). Mas você deve estar se perguntando, o que são essas forças? Então, vamos lá. Abordaremos cada uma delas para que você saiba em deta- lhes o que elas representam e como influenciam as empresas no am- biente competitivo. Iniciaremos com a ameaça de novos entrantes. Veja, quando novas empresas entram em um mercado, elas geralmente vêm com inovações objetivando ganhar uma parcela daquele mercado, e como não poderia deixar de ser, possuem recursos financeiros substanciais (PORTER, 2004). A entrada de uma empresa com essas características pode acarre- tar quedas dos preços ou alta nos custos, reduzindo a rentabilidade dos participantes. Para ficar mais claro, pense: você tem um mercado pequeno e quando menos espera, um hipermercado se instala na mes- ma região que seu negócio. Como o hipermercado compra em escala, ou seja, em grande quantidade, ele vai vender mais barato quevocê, correto? Nesse caso, se sua empresa não tiver condições de praticar os mesmos preços, seus clientes migrarão para o hipermercado. Outra situação: se uma grande empresa se instala e começa a com- prar matéria-prima dos mesmos fornecedores que você, haverá o au- mento da demanda. Assim, os fornecedores elevarão seus preços. A empresa entrante, por ter um poder financeiro maior, poderá pagar sem elevar o preço final de vendas. Para não parar de atender seus clientes, você terá que pagar o mesmo preço, porém ao fazer isso terá que repassar o aumento dos custos ao seu preço final, elevando-o aci- ma do valor praticado no mercado. Em ambos os casos, se você não tiver condições de reagir a um novo entrante, sua empresa pode ter seus lucros e mercado diminuídos. Por isso, novos entrantes representam uma ameaça às organizações que competem em determinado setor. Agora, abordaremos o poder de barganha dos fornecedo- res, aqueles que produzem ou distribuem insumos para as empresas de transformação ou de serviços. Ameaça de novos entrantes Nattee Sriya nt/S hut ter sto ck Poder dos fornecedores Nattee Sriyant/Shutt ersto ck As organizações no contexto atual 19 Quando temos um mercado dominado por poucas grandes empre- sas de um mesmo setor, ele fica nas mãos delas. Aqui cabe o exemplo das operadoras de telecomunicação ou das empresas químicas, que produzem matérias-primas específicas à indústria de transformação. Um grupo de fornecedores é poderoso quando: • Dominado por poucas empresas e é mais concentrado do que o setor para o qual vende. • Não está obrigado a lutar com outros produtos substitutos na venda para a indústria. • O produto do fornecedor é um insumo importante para o negó- cio do comprador. (PORTER, 2004, p. 29) Já o poder de barganha dos compradores se concentra em for- çar os preços para baixo, exigindo mais qualidade e colocando os concorrentes uns contra os outros – principalmente agora que, como já vimos, ficou muito mais fácil escolher aquele que tem melhor preço e condições de pagamento. O poder de cada grupo de compradores depende de certas características relacionadas ao mercado e da importância de suas compras para seus fornecedores (PORTER, 2004). Por exemplo, se a oferta de determinado produto é grande no mercado, o comprador tem maior acessibilidade em relação ao preço, podendo optar pelo mais adequado às suas possibilidades financeiras. Essa situação força as empresas a praticarem preços mais baratos, terem mais qualidade e melhores condições de pagamento, desestabi- lizando determinado setor ou segmento. Caso o comprador queira ad- quirir um produto ou serviço em grande quantidade, contribuirá para a redução do preço final, todavia, se houver escassez de oferta ou de fornecedores, o comprador perde consideravelmente o poder de barganha. Os produtos substitutos são aqueles que de alguma maneira dão o mesmo resultado que os originais, como o xarope de fruto- se de milho que pode substituir o açúcar como adoçante. Observe que a entrada de produtos substitutos pode fazer com que o preço do original seja reduzido. Caso as indústrias que produzem o açúcar não reduzam seus preços ao mesmo nível do xarope de frutose, Poder dos compradores Na tte e S riy an t/S hu tte rst oc k Ameaça de substituição Nattee Sriyant/Shutterstock 20 Gestão Empresarial passarão a perder espaço e rentabilidade. Nesse caso, o produto substi- tuto passa a fazer pressão sobre os lucros das indústrias que produzem açúcar. A entrada de produtos substitutos irá fazer com que os produto- res de açúcar sejam confrontados com a comercialização em larga escala do xarope de frutose de milho, fato que os levará à formulação de novas estratégias para se manterem competitivos (PORTER, 2004). Por fim, temos a rivalidade entre os concorrentes, que repre- senta a situação de disputa por uma melhor posição dentro do setor. Essa competição ocorre entre os players por meio de redu- ção de preços, publicidades, inovações, aumento da qualidade e das garantias ao cliente, melhoria do pós-venda etc. A rivalidade se torna mais acirrada quando há uma ruptu- ra no mercado, geralmente provocada pela introdução de um novo produto ou por uma oportunidade que as empresas de- sejam aproveitar. Tais fatores, que não são os únicos, pressionam os concorrentes a reagirem rapidamente para não perderem espaço e competitividade. Dependendo das estratégias de reação, os movimen- tos competitivos podem ter excelentes efeitos em relação aos seus concorrentes. Os concorrentes, por sua vez, vendo a reação de um dos players, darão início a uma retaliação para conter esses movimentos. Essa condição de ação e reação pode permitir um aprimoramento no setor como um todo. Um exemplo disso foi a abertura para os carros importados. An- tes da vinda de modelos importados para o Brasil, as montadoras na- cionais tinham pouca ou quase nenhuma preocupação com conforto, qualidade e segurança dos veículos. Podemos dizer que houve uma ruptura no mercado que permanece até hoje. A introdução de novas tecnologias, combinada com a capacidade de inovação dos centros de pesquisa e desenvolvimento, é recorrente e diária na indústria de automóveis. Como você pode ver, o ambiente geral possui características que independem da maneira como as empresas competem entre si, con- tudo pode influenciar suas estratégias. Já o ambiente competitivo é o resultado de como as empresas competem entre si. É delineado por estratégias competitivas que, se não acompanhadas pelos players, re- sultarão em queda de rendimentos e perda de market share. Nattee Sriyant/Shutterstock Rivalidade entre concorrentes players: em português, joga- dores; agentes ou empresas que competem em um mercado. Glossário As organizações no contexto atual 21 O que há em comum em ambos os ambientes é a necessidade de uma gestão empresarial atenta às oscilações das estruturas sociais e ao movimento de seus concorrentes, para que possa responder pronta- mente às ameaças ou aproveitar as oportunidades que venham a surgir. Com a leitura do artigo Relação entre rivalidade e preços, e suas implicações para a estratégia competitiva, escrito por Kavita Hamza, André Saab e Lino Rodrigues Filho, e publicado na revista Gestão & Regionalidade em 2012, você poderá identificar as correlações existentes entre rivalidade e a determinação de preços e o seu impacto na formulação de estratégias. Acesso em: 27 ago. 2020. https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/1449/1238 Artigo 1.2.3 Ambiente operacional Vimos que o ambiente geral está ligado a aspectos estruturais exter- nos, ou seja, a fatores que acontecem independentemente da vontade do gestor. No ambiente competitivo, vimos que as estratégias estão li- gadas à rivalidade competitiva. Já no ambiente operacional, que veremos agora, as circunstâncias são diferentes. Nele encontramos fatores relacionados ao ambiente interno, onde estão contidos os recursos e processos da empresa so- bre os quais o gestor tem o poder de direcionamento. Enquanto no ambiente externo estão localizadas as ameaças e oportunidades, no interno estão as forças e fraquezas da organização. Dos ambientes externo e interno são coletadas informações para que a em- presa subsidie seu planejamento estratégico, o qual está direta- mente ligado às áreas operacio- nais da empresa, uma vez que serão as responsáveis pela im- plementação das estratégias (GASSENFERTH; MACHADO; KRAUSE, 2012). Dada tal responsabilidade dessas áreas, ao falarmos de ambiente interno estamos tratando de recursos e de capacitações que dão à empresa condições de reagir às estratégias competitivas de seus concorrentes. Tr ue ffe lp ix / S hu tte rs to ck https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/1449/1238 22 Gestão Empresarial Quanto aos recursos, existem dois tipos: os tangíveis e os intangí- veis. Há quatro tipos de recursos entre os tangíveis,que podem ser lidos no quadro a seguir. Quadro 2 Classificação de recursos tangíveis Recursos financeiros • Capacidade de empréstimo de uma empresa • Capacidade da empresa de gerar recursos internamente Recursos organizacionais • Estrutura formal de apresentação de relatórios da empresa e seus sistemas formais de planejamento, controle e coordena- ção Recursos físicos • Sofisticação e localização da fábrica e dos equipamentos de uma empresa • Acesso às matérias-primas Recursos tecnológicos • Ações de tecnologia, tais como patentes, marcas registradas, di- reitos autorais e segredos comerciais Fonte: Hitt; Ireland; Hoskisson, 2013, p. 74. Como é possível observar no Quadro 2, os recursos tangíveis são amplos em seu escopo e estão relacionados à capacidade administrati- va dos gestores em adquiri-los ou implementá-los. São bens materiais, como veículos, imóveis, dinheiro etc. Os recursos intangíveis estão relacionados às capacidades intelec- tuais e cognitivas. Uma característica particular deles é sua difícil imita- ção ou substituição. Essas características, quando aproveitadas, tornam os recursos intangíveis fonte de vantagem competitiva às empresas. Alguns recursos intangíveis são apresentados no quadro a seguir. Quadro 3 Classificação de recursos intangíveis Recursos humanos • Conhecimento • Confiança • Capacitações gerenciais • Rotinas organizacionais Recursos de inovações • Ideias • Capacitações científicas • Capacidade de inovar Recursos relacionados à reputação • Reputação para os clientes • Marca • Percepções de qualidade, durabilidade e confiabilidade do produto • Reputação para os fornecedores • Reputação para interações e relações eficientes, eficazes, de su- porte e mutuamente benéficas Fonte: Hitt; Ireland; Hoskisson, 2013, p. 75. As organizações no contexto atual 23 Você pode observar no Quadro 3 que os recursos descritos estão relacionados à atividade intelectual, como é o caso da produção do co- nhecimento, que tem início em um processo de construção mental. São recursos que agregam valor à organização, porém são difíceis de men- surar ou de atribuir valor, como é o caso da reputação. A reputação é um ativo intangível de grande relevância na relação com os stakeholders e não pode ser comprada. Por mais que uma em- presa faça propaganda positiva de sua reputação, se não for verdade, as pessoas ficarão sabendo. Isso porque reputação não se encontra para comprar, a empresa constrói com base na inteligência e no com- portamento de seus funcionários e de seu corpo de executivos. Talvez a grande diferença entre recurso tangível e intangível seja sua fonte de obtenção. Um recurso tangível pode ser adquirido, comprado ou conquistado, basta estar disponível, enquanto o intangível é intrínseco ao capital humano. Assim, você até pode contratar alguém competente e criativo, mas como fazer com que essa pessoa coloque toda sua competên- cia e criatividade à disposição da empresa? O gestor empresarial precisa saber como aproveitar ao máximo as com- petências individuais de seus funcionários e alinhá-las aos objetivos or- ganizacionais. Por isso, as empresas precisam utilizar o capital humano de maneira eficaz. Mas o ambiente operacional ainda conta com outros atores, como os consumidores, fornecedores e acionistas. As relações que a empre- sa tem com cada um desses parceiros estão diretamente ligadas às competências de seus funcionários. Essas competências são recursos que precisam ser alinhados à estratégia organizacional e integrados às rotinas individuais ou departamentais, para que sejam capazes de criar valor ao negócio e a todos com quem se relacionam. O ambiente operacional é muito mais complexo e amplo do que apresentado nesta seção, ou seja, o assunto não se esgota aqui. O aprimoramento intelectual para melhor compreender as nuances do ambiente operacional é condição vital para que o gestor empresarial tenha capacidade e discernimento necessários à tomada de decisão. Ribkhan/Shutterstock stakeholders: todos aqueles (indivíduos e empresas) com os quais a empresa se relaciona. Glossário Os líderes de negócios globali- zados apoiam cada vez mais a teoria de que o conhecimento que o capital humano possui é uma das capacitações mais significativas da organização e pode estar na raiz de toda sua vantagem competitiva (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Saiba mais 24 Gestão Empresarial Com a leitura do artigo El Capital Humano como Factor Clave en el Desempeño Empresarial: Una Visión Desde el ‘Empowerment’, escrito por Martha Ríos- -Manríquez, Celina López-Mateo e María Sánchez-Fernández, e publicado em 2019 na Revista de Gestão e Secretariado, você irá compreender o porquê do capital humano ser um ativo extremamente valioso às organizações e como pode influenciar o desempenho organizacional. Acesso em: 24 ago. 2020. https://www.revistagesec.org.br/secretariado/article/view/914/pdf Artigo 1.3 Características de uma gestão eficaz Vídeo Agora que conhecemos um pouco do contexto e do ambiente em que as empresas estão inseridas e as diversas variáveis que podem in- fluenciar seu desempenho e perpetuidade, conheceremos como deve ser uma gestão para que esta se caracterize como eficaz. Sempre lem- brando que o que torna uma gestão eficaz não são necessariamente todos os recursos materiais e tecnológicos que uma empresa possui, mas a qualidade das competências de seus gestores. Não estamos dizendo que os recursos materiais e tecnológicos não são importantes, muito pelo contrário, são essenciais às estra- tégias organizacionais. Todavia, de nada servirão se os gestores não tiverem capacidade e inteligência para utilizá-los de manei- ra correta e em alinhamento com os objetivos organizacionais. Portanto, para que uma gestão seja eficaz é necessário um gestor eficaz, certo? Mas o que é ser eficaz? Segundo o dicionário, a eficácia está na qualidade dos resultados planejados alcançados ou na capacidade de desenvolver objetivos de maneira competente (DICIO, 2020). Então, estando a eficácia diretamente ligada à qualidade, à capacidade e às competências, podemos dizer que ela decorre em última análise das ações humanas, isto é, das qualidades, das capaci- dades e das competências dos gestores. E é nessa linha de raciocínio que vamos estudar esta seção. Entenderemos as características da gestão empresarial eficaz com base nas capacidades e competências do gestor. Mas antes de falar desse assunto, vamos abordar um dos indicadores mais comuns a uma gestão eficaz, que são os resultados positivos alcançados. Essa é a L an Ko ga l/S hu tte rs to ck https://www.revistagesec.org.br/secretariado/article/view/914/pdf As organizações no contexto atual 25 característica que mais chama a atenção no momento de se considerar se uma gestão é eficaz ou não. Pois bem, atingir o desempenho proposto para as metas e ver que os indicadores de desempenho retratam tudo aquilo que foi planeja- do são sonhos de todo administrador, porque além de ver a empresa crescer, cria-se a certeza de que tudo está funcionando corretamente. Mas um desempenho somente será positivo se uma empresa contar com uma estrutura e com processos adequados ao seu crescimento. Para isso, ambos precisam ser planejados e executados pelos gestores, posicionando, estrategicamente, a empresa diante do cenário em que competem e sob a influência da natureza global dos negócios, própria do século XXI. A Figura 4 mostra como uma liderança eficaz pode influenciar o de- sempenho organizacional. Figura 4 Liderança estratégica e processo de gestão estratégica Fonte: Hitt; Ireland; Hoskisson, 2013, p. 343. Liderança estratégica Ações estratégicas bem-sucedidas Formulação das estratégias Retornos acima da média Execução das estratégias Visão Missão M odela a form ação da e influenciam gera gera A Figura 4 mostra como a liderança estratégica conduz a gestão eficaz de uma empresa, permitindo resultados acima da média. No esquemaapresentado, observamos que o líder ou gestor precisa modelar a missão 26 Gestão Empresarial e visão da empresa, com base no tipo de negócio, modelo de gestão, ambiente em que irá operar, segmento de atuação e tipo de empresa, e formular ações estratégicas a fim de obter o desempenho esperado. Desse modo, podemos elencar a liderança estratégica como uma das características da gestão empresarial eficaz. Ela é a capacidade in- dividual do gestor de se antecipar e promover mudanças estratégicas sempre que necessário (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). É relevante ressaltar dentro da gestão empresarial eficaz a capa- cidade de gerenciar uma empresa por meio das outras pessoas. Ou seja, o gestor precisa ter a capacidade de conduzir de maneira eficaz o comportamento humano, de modo a influenciar significativamente as atitudes, os pensamentos e os sentimentos de seus colaboradores (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). Mas além de conhecer o ambiente, a empresa, de saber lidar es- trategicamente com as informações e as pessoas, o gestor, segundo Fernandes, Oliva e Kubo (2020), precisa ter em seu perfil outras com- petências, como: Credibilidade e foco nos valores éticos e morais, considerados aspectos fundamentais à gestão empresarial a fim de conquistar a confiança dos stakeholders. Saber analisar de maneira abrangente o ambiente competitivo e a realidade internacional e nacional, colocando-se a par da geopolítica, sendo capaz de avaliar os movimentos do mercado e as tendências da economia. Habilidade de negociar, que representa a capacidade de conciliação, auxiliando a tomada de decisão. Saber se comunicar é outro atributo essencial, pois dá ao gestor a capacidade de se manifestar de maneira clara e objetiva sobre os assuntos sob sua responsabilidade. Não saber se comunicar pode provocar divergências e um possível erro estratégico na tomada de decisão. Ter habilidade de analisar resultados e capacidade de analisar relatórios e documentos em geral, permitindo o questionamento e domínio de temas complexos e desconhecidos. Postura proativa, que se apresenta também como a capacidade de ouvir, captar informações de interesse e expandir horizontes com opiniões capazes de criar e influenciar novas ideias que agregam valor à empresa e ao desempenho do conselho. Vy ac he sl av ik us / G rib oe do v/ Sh ut te rs to ck O filme O Homem que mudou o jogo mostra a capacidade de se trans- formar o fracasso em vitória pela maneira como os jogadores de um time são escolhidos. Direção: Bennett Miller. EUA: Michael De Luca Productions; Scott Rudin Productions, 2011. Filme As organizações no contexto atual 27 Todas as características elencadas, quando encontradas no perfil do gestor, também indicam uma gestão eficaz. Não são somente os resulta- dos que importam, até porque podem ser momentâneos, passageiros. Somados os bons resultados à competência, teremos gestores capazes de obter resultados a longo prazo e vantagem competitiva para a em- presa. Desse modo, podemos afirmar que realmente a gestão é eficaz. O artigo Características individuais relevantes ao conselheiro de administração independente, de Ciro Fernandes, Eduardo Oliva e Edson Kubo, publicado na Revista Contemporânea de Contabilidade em 2020, permitirá que você tenha um maior aprofundamento sobre as competências dos diretores de alto escalão, como os conselheiros de administração. Acesso em: 27 ago. 2020. https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/viewFile/2175-8069.2020v17n43p120/43749 Artigo 1.4 Ética na gestão empresarial Vídeo Estamos finalizando este nosso primeiro capítulo e faremos isso com um assunto extremamente importante para a gestão empresarial: a ética na sua condução. E como a falta de ética pode prejudicar a empresa? Veja, novamente o assunto nos remete às bases do comportamento humano. O comportamento antiético de diversos gestores tem provocado o aumento dos escândalos corporativos, responsáveis por impactos ne- gativos à sociedade e ao mercado como um todo (MENDES; CARVALHO, 2017). Nesse sentido, é necessário que os gestores entendam que uma empresa não pode se dar ao luxo de ser considerada duvidosa ou de- sonesta, pois essa condição desperta a desconfiança dos investidores, ocasionando a perda de investimentos. É preciso que a empresa destaque ao mercado e à socieda- de o comportamento íntegro de seus gestores. Esse com- portamento denota a importância que os gestores dão a empresa, que entendem melhor o que está acontecendo no ambiente de negócios, que estão mais dispostos a confrontar realida- des e que se esforçam para fornecer liderança estratégica (COULSON-THOMAS, 2009). Dapitart/Shutterstock https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/viewFile/2175-8069.2020v17n43p120/43749 28 Gestão Empresarial Mas ao longo dos tempos fomos surpreendidos por vários casos de comportamentos antiéticos, que de certa forma passaram a ser “acei- tos”, como um funcionário que passa por cima do outro para ascender na carreira ou uma disputa por uma vaga de emprego ou de estacio- namento, ganhar prestígio com o chefe etc., até chegarmos a fatos cri- minosos, quando para redução de custos ou aumento dos lucros foi adicionada soda cáustica e formol ao leite 2 . Ganhar dinheiro não deve ser a única coisa a nortear os objetivos de uma empresa, mesmo porque, se fosse assim, para atingir o lucro máxi- mo, qualquer meio seria justificável, o que não é verdade. O lucro não é decorrente apenas da condição de se comercializar um bem ou serviço, ele também provém das relações de confiança entre empresa e consu- midor. É obvio que sem o retorno financeiro adequado, a perpetuidade da empresa fica comprometida, mas a falta de credibilidade talvez seja uma doença mais letal do que a queda na receita (MATOS, 2017). Portanto, podemos dizer que a essência da existência de uma em- presa não é o lucro, mas atender às necessidades de seus clientes, com a responsabilidade em primar pela qualidade no atendimento. A ética nos ganhos evita distorções e erros operacionais, além de criar condições de retribuir o sucesso do empreendimento à socieda- de, que é o momento em que a empresa gera riqueza. Ter ética ao conseguir lucro denota que a empresa e seus gestores têm uma postu- ra alinhada às suas responsabilidades e um posicionamento firme em relação à missão da empresa. Infelizmente há empresários e gestores praticantes do discurso do lucro como o principal foco da empresa, o que leva ao jogo do vale-tu- do pelo dinheiro, contaminando a cultura organizacional e fazendo com que a ética fique relegada a um papel secundário, presente apenas nas peças de publicidade e discursos vazios (MATOS, 2017). Alguns exemplos de empresas e executivos que se utilizaram de fraudes para enganar o mercado e obter lucros pode ser visto no quadro a seguir. Para saber mais sobre o assunto, leia a notícia Técnica expõe adulteração ‘invisível’ do leite, disponível em: https:// www.unicamp.br/unicamp/ ju/noticias/2018/10/31/ tecnica-expoe-adulteracao-in- visivel-do-leite. Acesso em: 28 ago. 2020. 2 As organizações no contexto atual 29 Quadro 4 Empresas e executivos acusados de fraudes Empresa Descrição do caso Enron Fraudes contábeis que inflaram o volume de negócios do grupo e dissimula- ram uma dívida de US$ 22 bilhões. Parmalat Falência fraudulenta revelada em 2003, com a descoberta de um endivida- mento de 11 bilhões de euros (38,5 bilhões de reais). A empresa delibera- damente dissimulou sua falência por meio de um sistema fraudulento com base em desvios contábeis, orçamentos falsos, documentos falsificados e lucros fictícios. WorldCom Fraude contábil de US$ 3,8 bilhões. Despesas foram registradas como inves- timentos durante cinco trimestres. Global Crossing Telecomu- nicações Concordata após ter contraído enorme dívida para construir uma rede mun- dial de fibra ótica. É alvo de investigação formal do órgão regulador de mer-cado de capitais sobre suas práticas contábeis. Dennis Kozlowski, ex-pre- sidente do conglomerado industrial Tyco Condenado por fraude fiscal e falsificação de prova. Segundo a Justiça, Kozlowski fraudou o fisco em US$ 1,017 milhão em impostos pela compra de obras de arte, manipulando dados contábeis da Tyco. Adelphia, operadora de cabo dos EUA Reconheceu ter concedido empréstimos no valor de US$ 2,3 bilhões à família Rigas, sua principal acionista. Merck, companhia farma- cêutica dos EUA Registrou, nos últimos três anos, receitas de US$ 14 bilhões de uma de suas subsidiárias, a Medco, que, na verdade, nunca foram recebidas. Fonte: Matos, 2017, p. 28-29. Os exemplos do Quadro 4 são apenas alguns dentre vários. Mais recentemente no Brasil vimos empresas como Odebrecht, OAS, Petrobras e agentes públicos denunciados por meio da Operação Lava Jato por envolvimento com a corrupção. A corrupção é um sinal de que algo não vai bem em uma sociedade, pois seus governantes deixam de trabalhar pela causa pública e passam a se dedicar ao aumento de seus patrimônios particulares, por meio de negociatas e venda de “facilidades” às grandes empresas e seus executivos. Os agentes públicos envolvidos, além de incorrerem em práticas criminosas, passam a ideia errônea de que o crime compensa, uma vez que geralmente não são punidos e continuam sendo reconduzidos aos seus cargos pelas pessoas que os elegem. 30 Gestão Empresarial Além disso, as organizações, quando agem com desonestidade ou se envolvem em casos de corrupção, são punidas com consequências danosas à sua reputação e à sua saúde finan- ceira, que impactam todos com quem ela se relaciona. Após tantos escândalos, o mercado tem observado que as empresas vêm adotando uma postura que demonstra credibilidade e aderindo a programas de compliance, ou seja, de cumprimento, de conformidade ou de integridade. Esse movimento de adesão decorre também do aumento da complexidade da regulação da atividade econômica e crescentes riscos de inobservância da legislação. Nesse sentido, os programas de compliance estão se tornando relevantes à prevenção de riscos de responsabilidade empresarial (MENDES; CARVALHO, 2017). Agora vamos ver alguns dados em relação ao fortalecimento em âmbito mundial de combate à corrupção. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em pesquisa rea- lizada com diversos países, “263 indivíduos e 164 pessoas jurídicas so- freram medidas coercitivas por corrupção internacional entre 1999 e 2014” (MENDES; CARVALHO, 2017, p. 16). Além disso, na administração pública e a economia brasileiras segundo esti- mativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a corrupção no Brasil pode representar anualmente algo em torno de 1% a 4% do PIB, equivalente a R$ 30 bilhões. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), essa cifra está próxima de 2,3% do PIB. (MENDES; CARVALHO, 2017, p. 16) Assim como o cenário internacional, em que se observa a repressão e a elaboração de leis voltadas ao combate das infrações à ordem econômica, para proteção da concorrência, no Brasil também se observa a busca pela ética do mercado nacional. Para uma quebra de paradigma definitivo em relação ao combate à corrupção, é necessário que os agentes privados se adaptem à nova realidade de organização judicial e econômica, sob pena de se sujeitarem a elevadas multas pecuniárias e punições administrativas, cumulativamente às penas de prisão (MENDES; CARVALHO, 2017). O filme O Lobo de Wall Street conta a história de um corretor da bolsa de valores norte-americana que coloca a ética e a moral de lado para se dar bem. O objetivo do filme, baseado em fatos reais, é refletir sobre até que ponto o indivíduo pode chegar para realizar seus desejos, em detrimento das demais pessoas. Direção: Martin Scorsese. EUA: Red Granite Pictures; Appian Way Productions; Sikelia Productions; Emjag Productions, 2013. Filme garagestock/Shutterstock As organizações no contexto atual 31 A gestão empresarial exige seriedade daqueles que a exercem, pois de outra maneira estão colocando a empresa e a própria carreira em xeque. A ética não está somente nas relações econômicas, mas também no convívio diário com todos aqueles com que a empresa se relaciona. O artigo A reputação do gestor influencia o desempenho empresarial?, de Ana Maia et al., publicado em 2018 na Revista de Administração FACES Journal, apresenta um maior aprofundamento sobre a relação entre a reputação de líderes e o desempenho sob quatro dimensões (inovadora, internacional, operacional e de mercado) nas companhias abertas brasileiras. Acesso em: 28 ago. 2020. http://www.fumec.br/revistas/facesp/article/view/5897/3271 Artigo CONSIDERAÇÕES FINAIS A atenção ao ambiente geral (externo e interno) precisa ser uma cons- tante na rotina dos gestores empresariais, uma vez que o menor descuido pode levar a estratégias equivocadas, comprometendo o desempenho e a perpetuidade da organização. Observar, encontrar e interpretar as informações ambientais é uma ta- refa árdua e complexa, assim como o próprio ambiente. Por isso, se exige grande capacidade intelectual e vigor físico do gestor, pois ele terá que se dedicar a várias horas de imersão em um conteúdo denso de dados, que vão desde números a informações subjetivas, quando se analisa aspectos qualitativos. Essa complexidade que há na análise do ambiente se dá, primeira- mente, pela dificuldade em se encontrar variáveis e determinar quais de fato possam representar ameaças ou oportunidades para a empresa. Posteriormente, a dificuldade aumenta, uma vez que se torna necessário estabelecer uma conexão entre tais variáveis e os objetivos organizacio- nais, decorrendo daí a formulação das estratégias para alcançá-los. Quando o gestor consegue interpretar os dados, determinar variáveis e posicionar a empresa estrategicamente ao alcance de suas metas e objetivos, ele estará sendo eficiente, mas se alcança os resultados propostos, terá sido eficaz. Infere-se, portanto, que conhecer o ambiente (externo e interno), saber interpretá-lo e formular estratégias que levem a empresa ao sucesso determinam o perfil de um gestor competente no desempenho de suas funções. http://www.fumec.br/revistas/facesp/article/view/5897/3271 32 Gestão Empresarial Essa condição fará com que o gestor seja reconhecido pela empre- sa e pelo mercado. Todavia, se qualquer um dos resultados obtidos for feito por meio de métodos ilícitos ou antiéticos, esse mesmo gestor que chegou ao topo de suas realizações amargará o esquecimento que o mer- cado impõe aos desonestos, já que nenhuma empresa quer vincular sua imagem a pessoas dessa natureza. Isto posto, finalizamos nosso primeiro capítulo. Reforço que o conteú- do não esgota o assunto, muito pelo contrário, é apenas o começo de vários outros que fazem parte do dia a dia de todo gestor. Portanto, re- comendamos que você leia os artigos indicados e assista aos vídeos pro- postos, pois eles o auxiliarão no aprofundamento do conteúdo e darão subsídios para que você faça outras pesquisas sobre os assuntos aborda- dos e dessa maneira aumente seu cabedal de conhecimentos. ATIVIDADES 1. A eficiência competitiva e a excelência empresarial consideradas dentro de um cenário de uma economia globalizada tornam-se cada vez mais difíceis de serem atingidas em decorrência do crescente número de negócios realizados entre empresas de diferentes países. Por quê? Considere a concorrência em mercados globalizados para responder à atividade. 2. Talvez a grande diferença entre recurso tangível e intangível seja sua fonte de obtenção. Um recurso tangível pode ser adquirido, comprado ou conquistado, basta estar disponível, enquanto o intangível é intrínseco ao capital humano. Reflita sobre essa frase e responda: o que os líderes de negócios globais pensam em relação ao conhecimento e ao capital humano? 3. As organizações quando agem com desonestidadeou se envolvem em casos de corrupção são punidas com consequências danosas à sua reputação e à sua saúde financeira, o que impacta todos com quem ela se relaciona. Para evitar prejuízos dessa natureza, o mercado tem observado que as empresas vêm adotando uma postura que demonstre credibilidade e aderindo a programas de compliance. Quais fatores estimulam os programas de compliance? As organizações no contexto atual 33 REFERÊNCIAS COULSON-THOMAS, C. Competences of an effective director. Industrial and commercial training, v. 41, n. 1, p. 27-35, 2009. DICIO. Dicionário Online de Português. 2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br. Acesso em: 31 ago. 2020. FERNANDES, C. A.; OLIVA, E. C.; KUBO, E. K. M. Características individuais relevantes ao conselheiro de administração independente. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 17, n. 43, p. 120-135, abr./jun. 2020. FIGUEIRA, A. R.; MELLO, R. C (org.). Relações econômicas internacionais: perspectivas brasileiras. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. GASSENFERTH, W.; MACHADO, M. A. S.; KRAUSE, W. Gestão empresarial em gotas: agite depois de ler. São Paulo: Cengage Learning, 2012. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. MATOS, F. G. Ética na gestão empresarial: da conscientização à ação. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. MENDES, F. S.; CARVALHO, V. M. Compliance: concorrência e combate à corrupção. São Paulo: Trevisan, 2017. OLIVEIRA, D. P. R. Administração estratégica na prática: a competitividade para administrar o futuro das empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PORTER, E. M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 34 Gestão Empresarial 2 Ações estratégicas no contexto organizacional Na primeira seção deste capítulo veremos o que são e quais são as estratégias competitivas que auxiliam a definir o modo como uma empresa irá competir no mercado. É importante destacarmos que essas estratégias delineiam as políticas a serem adotadas pela empresa, a fim de possibilitar que as metas e os objetivos organi- zacionais sejam atingidos. Já na segunda seção abordaremos o planejamento estratégico, que representa o plano global da empresa. Nele estão definidas quais estratégias são necessárias e como serão implementadas por cada departamento e setor para que a organização obtenha vantagem competitiva. Na terceira seção trataremos da construção ou planejamento de cenários. Esse assunto, assim como os demais, é de extrema relevância ao gestor, pois permite uma visão do contexto merca- dológico futuro. Isso ajuda a projetar eventos e tendências que poderão de alguma maneira impactar o desempenho da empresa dentro de uma conjuntura específica. Na quarta e última seção discutiremos a tomada de decisão es- tratégica. Responsabilidade única do gestor, ela exige do profissional conhecimentos, habilidades e atitudes que lhe deem condições de analisar e decidir sempre de acordo com as necessidades da empre- sa, buscando reduzir riscos e aumentar o lucro líquido. Go ld en S ik or ka /S hu tte rs to ck Ações estratégicas no contexto organizacional 35 Na primeira seção deste capítulo veremos o que são e quais são as estratégias competitivas que auxiliam a definir o modo como uma empresa irá competir no mercado. É importante destacarmos que essas estratégias delineiam as políticas a serem adotadas pela empresa, a fim de possibilitar que as metas e os objetivos organi- zacionais sejam atingidos. Já na segunda seção abordaremos o planejamento estratégico, que representa o plano global da empresa. Nele estão definidas quais estratégias são necessárias e como serão implementadas por cada departamento e setor para que a organização obtenha vantagem competitiva. Na terceira seção trataremos da construção ou planejamento de cenários. Esse assunto, assim como os demais, é de extrema relevância ao gestor, pois permite uma visão do contexto merca- dológico futuro. Isso ajuda a projetar eventos e tendências que poderão de alguma maneira impactar o desempenho da empresa dentro de uma conjuntura específica. Na quarta e última seção discutiremos a tomada de decisão es- tratégica. Responsabilidade única do gestor, ela exige do profissional conhecimentos, habilidades e atitudes que lhe deem condições de analisar e decidir sempre de acordo com as necessidades da empre- sa, buscando reduzir riscos e aumentar o lucro líquido. Go ld en S ik or ka /S hu tte rs to ck 2.1 Estratégias competitivas Vídeo Agora que veremos as estratégias competitivas, precisamos primeiro lem- brar que toda estratégia deve ser pla- nejada com base nas informações que obtemos do ambiente e que devemos colocar toda a nossa energia e coragem para sua implementação, sem praticar desvios éticos e morais contra quem quer que seja. Feitas as considerações iniciais, vamos começar conceituando a estraté- gia competitiva. Segundo Porter (2004), estratégia competitiva é um procedimento amplo que determinará o modo como uma empresa irá competir no mercado em que opera, definindo em seu escopo as políticas a serem adotadas para que as metas sejam atingidas. De outro modo, podemos dizer que é uma combinação da meta com as políticas operacionais para alcançar o resultado desejado. A Figura 1 aborda a roda da estratégia competitiva, que consiste em um método clássico para a formulação de estratégias. Figura 1 Roda da estratégia competitiva Fonte: Porter, 2004, p. 26. METAS MERCADO- -ALVO MARKETING VENDAS DISTRIBUIÇÃO FABRICAÇÃOMÃO DE OBRA COMPRAS FINANÇAS E CONTROLES LINHA DE PRODUTOS PESQUISA E DESENVOLVI- MENTO Definição do modo como a empresa irá competir Objetivos para o crescimento da rentabilidade, parcela e mercado, resposta social etc. 36 Gestão Empresarial De acordo com Porter (2004), essa roda tem como objetivo arti- cular os aspectos básicos da estratégia competitiva de uma empresa com base na definição geral de como ela deseja competir e de seus objetivos gerais. Os elementos que orbitam esse esquema represen- tam o conjunto de ações operacionais que faz parte da estrutura da instituição e que a auxiliará a atingir suas metas. Cada área funcional (fabricação, mão de obra, compras, pesquisa e desenvolvimento, finanças etc.) deve ser orientada pelas políticas ope- racionais de maneira clara e objetiva, a fim de que todas contribuam com o objetivo global da empresa (PORTER, 2004). Como exemplo de política operacional temos a padronização, que é a adoção sistemática de medidas específicas com o objetivo de uniformizar um processo ou a produção de determinado item. É uma estratégia que adota a qualidade como uma ferramenta para a criação de valor. Quando todos (gestão e operacional) entendem e buscam o que a empresa determina como padronização para seus processos e produ- tos, tendo como objetivo chegar à qualidade, a organização consegue levar sua estratégia adiante. A intenção é fazer com que o cliente perce- ba no produto ou serviço adquirido a qualidade como um valor. Resumindo, as políticas operacionais são diretrizes que coordenam as pessoas e as atividades e que orientam as decisões para que a em- presa realize suas estratégias. Observe que as ações operacionais coordenadas estão ligadas dire- tamente à gestão, a qual tem por obrigação planejar, executar e super- visionar de modo que todas as diretrizes traçadas sejam obedecidas e implementadas, sempre com foco na estratégia global da empresa. Após essa breve explicação das políticas ou ações operacionais e de como elas se relacionam com as metas e os objetivos, passaremos aos tipos de estratégias competitivas. Mesmo que individualmente cada estratégia compe- titiva tenha uma configuração e um objetivo em particular, o objetivo geral de todas é alcançar o aumento do lucro e da participação no mercado, ou marketshare. Leremy/Shutterstoc k Ações estratégicas no contexto organizacional 37 Em primeiro lugar, a escolha de uma estratégia competitiva precisa responder a duas questões importantes (OLIVEIRA, 2018): Qual é o destino que se quer dar à empresa? Como esse destino deve ser estabelecido? Vjom /Shutter stock Com base nas respostas a essas questões devemos fazer uma análi- se profunda do que a empresa está realizando no momento e entender o que está acontecendo no ambiente para depois estabelecer a estra- tégia (PORTER, 2004). Feito isso, o empresário e os gestores do negócio podem definir algumas estratégias competitivas. Vamos iniciar pela escolha de uma estratégia para a competição no mercado. Veja, ela deve ser selecionada quando a empresa precisa estabelecer a melhor direção a ser seguida, visando otimizar o grau de interação com os fatores externos e atuar de maneira inovadora e diferenciada (OLIVEIRA, 2018). Ao optar por uma estratégia, uma orga- nização está definindo de modo diferente de seus concorrentes quais ações e práticas deverá adotar para melhorar o seu desempenho e criar valor aos stakeholders a longo prazo. Quando propõe uma estratégia, a empresa deve compartilhar a sua missão estratégica e especificar quais ações devem ser realizadas para que as metas e os objetivos sejam alcançados (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013). O vídeo Estratégia Competitiva traz Michael Porter demonstrando as diferentes estratégias competitivas e como elas auxiliam a empresa na conquista de mercado. Disponível em: https://youtu.be/ SKROW1BxpUA. Acesso em: 9 out. 2020. Vídeo https://youtu.be/SKROW1BxpUA https://youtu.be/SKROW1BxpUA 38 Gestão Empresarial Porter (2004) destaca três estratégias competitivas como possíveis de dar às empresas vantagem competitiva: Liderança em custos: é aquela em que a empresa faz o seu custo total ser inferior ao dos seus concorrentes (PORTER, 2004). A proposta dessa estratégia é fazer com que a empresa obtenha vantagem sustentável em termos de custo sobre os competidores. Garantindo a redução de custos a longo prazo, consegue praticar um preço mais baixo que seus concorrentes. Essa é uma estratégia cara, pois exige grandes investimentos, principalmente em novas tecnologias, para reduzir os custos. Não se trata de apenas trocar a matéria-prima mais cara pela mais barata; essa estratégia requer uma reformulação de todo o processo produtivo, incluindo a compra de máquinas e equipamentos mais modernos e sofisticados. ro bu ar t/ Sh ut te rs to ck Estratégia de diferenciação: visa ofertar produtos e serviços que possuam atributos diferentes dos concorrentes e que sejam valorizados pelos consumidores, os quais estão dispostos a pagar um preço mais elevado (PORTER, 2004). Tem por objetivo diferenciar determinado produto ou serviço dos demais oferecidos no mercado. A proposta é romper o padrão e oferecer alto valor agregado ao cliente, de modo que os produtos ou serviços sejam importantes para ele. A atenção está nos custos, que não podem, por causa da proposta de diferenciação, tirar a competitividade do preço final de vendas. Mesmo que tenha um atributo diferenciado dos demais, é preciso que o produto ou serviço mantenha um preço aceitável pelos consumidores. Estratégia de enfoque: tem início na escolha do nicho no qual os compradores possuam preferências ou exigências únicas (PORTER, 2004). Essa estratégia tem como foco um nicho de mercado, ou seja, uma parcela de consumidores que possui necessidades específicas e que é pouco ou mal explorada pelas empresas; isso gera especialidade em certo perfil de comprador. A especialização, com o tempo, se tornará uma defesa contra concorrentes que procuram atender a diversos segmentos de maneira generalista, mas que, por não conhecerem em profundidade as necessidades e preferências de determinado nicho, não terão a mesma capacidade da empresa que adota a estratégia de enfoque. As três estratégias competitivas estudadas nesta seção não esgo- tam o assunto em si; pelo contrário, há muito mais a ser estudado, pois para se chegar a adotar qualquer uma delas é necessária uma análise detalhada e minuciosa dos ambientes externo e interno, bem como da apropriação e disponibilização de conhecimento e recursos para levá-las adiante. Se você já trabalha em uma empresa, responda, com base no conhecimento que tem dela, as duas questões apresentadas nesta seção utilizando o que aprendeu em suas experiências profissionais. Desafio Ações estratégicas no contexto organizacional 39 O artigo A diferenciação como estratégia porteriana: uma análise sobre o transporte de soja em contêiner, dos autores Gustavo Neves Goularte e Elvis Silveira-Martins, publicado na Revista Eletrônica Científica do CRA-PR em 2016, tem como principal objetivo analisar uma empresa por meio da estratégia de diferenciação. A leitura dará uma maior compreensão de como esse método pode contribuir para o crescimento organizacional. Acesso em: 9 out. 2020. http://recc.cra-pr.org.br/index.php/recc/article/view/49/59 Artigo 2.2 Elaboração de plano estratégico Vídeo Entendido o que são e para o que servem as estratégias competi- tivas, precisamos compreender o contexto do qual elas fazem parte. Não nos referimos ao contexto amplo, às variáveis ambientais e aos recursos organizacionais, mas ao planejamento estratégico. É dentro dele que as estratégias competitivas são pensadas e desenvolvidas. Para entender melhor esse assunto, veremos o que é o planejamento estratégico e qual é a sua utilidade para as empresas. Segundo Oliveira (2018), o planejamento estratégico deve aparecer no início do processo administrativo, uma vez que demanda do gestor as seguintes ações: or- ganização, direção e controle. Nesse sentido, pode ser definido como “uma metodologia administrativa que permite estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, e que visa ao maior grau de interação com o am- biente, onde estão os fa- tores não controláveis da empresa” (OLIVEIRA, 2018, p. 73). Para a compreen- são da ideia global de um dado conceito é necessário analisarmos as suas partes individual- mente. Somente após isso é que podemos entender onde as estratégias competitivas estão localizadas e qual é o seu objetivo. Tashatuvango/Shutterstock http://recc.cra-pr.org.br/index.php/recc/article/view/49/59 40 Gestão Empresarial Logo no início o autor explica que o planejamento estratégico é um processo administrativo. Mas o que seria isso? Vamos nos apropriar da seguinte definição utilizada no direito para explicá-lo no campo da gestão: “um processo é um conjunto ou sequência de atividades interli- gadas, com começo, meio e fim” (MAXIMIANO, 2015, p. 406). Como vemos, o processo administrativo é um procedimento for- mal proposto pela alta administração, a qual, no caso das empresas, é a responsável pelo planejamento estratégico. Este é pensado em termos globais, ou seja, feito para que a instituição como um todo alcance um objetivo. Uma particularidade desse processo administrativo é a sua capaci- dade de proporcionar uma “metodologia administrativa que permite es- tabelecer a direção a ser seguida pela empresa” (OLIVEIRA, 2018, p. 73). Isso quer dizer que é apoiado por métodos científicos de coleta e aná- lise de dados, com os quais serão decididos os rumos que melhor se adaptam aos interesses da empresa e os que apresentam o menor risco. A coleta e a análise de dados visam melhorar a interação com os fatores que compõem o ambiente externo, sempre posicionando a em- presa para que atue com inovação e se diferencie de seus concorrentes. Em resumo, a alta administração define um plano estratégico a lon- go prazo que coloque a empresa à frente dos adversários. Simples, não acha? Só que não! Um plano elaborado com base em premissas fal- sas ou dados mal interpretados implicará a escolha de uma estratégia errada ou incapaz de atingir os resultados esperados. Isso trará conse- quênciasdanosas à empresa e à economia, pois poderá gerar a perda de dezenas de empregos. Portanto, o planejamento estratégico, além de demandar uma vasta gama de informações, requer competência de estrategista do gestor, para que este tenha a capacidade de determinar e conduzir da melhor maneira as estratégias organizacionais por meio de uma ação integrada e interdependente, que dará condições para que as metas e os objetivos sejam alcançados, conforme verificamos na Figura 2. O planejamento estratégico é normalmente de responsabi- lidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ação (estratégias) a serem seguidos para a sua consolidação, levando em conta as condições externas e internas à empresa e a evolu- ção esperada (OLIVEIRA, 2018). Saiba mais Ações estratégicas no contexto organizacional 41 Figura 2 Planejamento estratégico, tático e operacional Fonte: Adaptada de Chiavenato, 2020, p. 47. Planejamento estratégico Abrange toda a organização Características • Projetado para longo prazo. • Envolve a organização como um todo. • Tem conteúdo genérico. • É definido pela cúpula da organização. Planejamento tático Abrange cada departamento ou unidade da organização Características • Projetado para médio prazo. • Envolve cada departamento. • É menos genérico e mais detalhado. • É definido em nível intermediário. Planejamento operacional Abrange cada tarefa ou atividade específica Características • Projetado para curto prazo. • É detalhado, específico e analítico. • É definido no nível operacional. De acordo com a figura anterior, o planejamento estratégico pro- posto pela alta gestão vai orientar as ações dos gerentes dos departa- mentos que estão em nível tático, os quais, por sua vez, irão orientar as ações do departamento operacional. Para facilitar a compreensão, na Figura 3 os níveis de planejamento são correlacionados aos níveis de de- cisão organizacional. Figura 3 Níveis de planejamento organizacional Fonte: Adaptada de Oliveira, 2018, p. 15. NÍVEL ESTRATÉGICO NÍVEL OPERACIONAL NÍVEL TÁTICO Decisões estratégicas Decisões táticas Decisões operacionais Planejamento estratégico Planejamento tático Planejamento operacional 42 Gestão Empresarial Dessa forma, o planejamento estratégico define as estratégias glo- bais que serão implementadas pelos gerentes do nível tático, com o objetivo de providenciar e disponibilizar os recursos necessários para que os encarregados do nível operacional executem e supervisionem as estratégias operacionais. Assim como no planejamento estratégico, é necessário que você co- nheça os conceitos de planejamento tático e operacional. O planejamento tático também representa um método administra- tivo cuja finalidade é otimizar determinado departamento. Para cada de- partamento há estratégias, políticas e objetivos próprios estabelecidos no planejamento estratégico. Quanto ao planejamento operacional, nele concentram-se o desenvolvimento e a implementação das estraté- gias operacionais definidos por meio de um processo formal e orienta- dos por métodos que possibilitem o alcance dos resultados pertinentes a cada área funcional (OLIVEIRA, 2018). O planejamento operacional de cada área funcional deve conter os “recursos necessários para seu desenvolvimento e implantação, os procedimentos básicos a serem adotados; os resultados esperados, os prazos estabelecidos; e os responsáveis por sua execução e implanta- ção” (OLIVEIRA, 2018, p. 15). Como percebemos, sem um planejamento estratégico adequado e ali- nhado com as necessidades da empresa não é possível determinar, em termos de recursos, viabilidade e objetivos a serem alcançados, qual estra- tégia competitiva devemos adotar. Portanto, tendo isso em mente, elabo- re sua execução para que tudo saia de acordo com o planejado. O artigo Os Desafios de Criar Vantagens Competitivas Sustentáveis em Grandes Corporações Multidivisionais B2B, de Isis Koelle et al., publicado na Revista de Administração da UFSM em 2019, tem como principal objetivo analisar dois grandes desafios que as corporações multidivisionais B2B enfrentam diaria- mente para tirar proveito de sua estratégia corporativa e garantir vantagens competitivas sustentáveis. A leitura dará maior compreensão de como são utilizadas as estratégias de competição para alcançar a vantagem. Acesso em: 9 out . 2020. http://www.spell.org.br/documentos/ver/56619/ os-desafios-de-criar-vantagens-competitivas-sustentaveis-em-grandes-corporacoes-multidivisionais-b2b Artigo O planejamento estratégico está vinculado à administração estratégica, e isso requer de todo gestor um “conjunto completo de compromissos, decisões, e ações necessárias para que a empresa obtenha vantagem competitiva e retornos acima da média” (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2013, p. 6). Para refletir O filme Tróia mostra como vencer as barreiras do inimigo (concorrente) e conquistar as terras dele (mercado). Direção: Wolfgang Petersen. EUA: Plan B Entertainment, 2004. Filme Identifique e detalhe ao máximo o planejamento estratégico da sua empresa – se fizer parte de uma. Faça o mesmo com os pla- nejamentos tático e operacional. Ao final, elabore um relatório com os possíveis erros e acertos e quais suas consequências a longo prazo. Desafio 2.3 Construção de cenários Vídeo Agora que já sabemos o que são estratégias competitivas e de que maneira o planejamento pode auxiliar na formulação e execução das mais adequadas aos objetivos organizacionais, vamos abordar a cons- trução ou planejamento de cenários. Devemos começar entendendo o que é cenário dentro do contexto mercadológico. Segundo o Di- cionário Online de Português (DICIO, 2020), pode ser a “conjuntura; os fatos ou situações que acontecem num dado momento”. Pensando em termos de mer- cado, o cenário é formado por eventos e tendências que ocorrem no ambiente geral, competitivo e de negócios. Assim, quando tratamos de construção ou plane- jamento de cenários, estamos projetando uma pos- sível conjuntura, na qual podem ocorrer eventos e tendências (econômicas, políticas, sociais e ambientais) que represen- tam ameaças ou oportunidades para as empresas. O planejamento de cenários é uma parte do planejamento es- tratégico que combina ferramentas e tecnologias para administrar as incertezas do futuro, ou seja, são modelos para antecipar a vida real (RINGLAND, 2006). No que se refere à gestão empresarial, é preciso que o gestor consi- dere a turbulência ambiental como um fator de extrema importância para a sobrevivência do negócio. As turbulências e inconstâncias que ocorrem no ambiente geral – por exemplo, alta variação cambial, au- mento da inflação, juros excessivos, decisões políticas, leis, movimen- tos sociais, disruptura de mercado, novas tecnologias etc. – tornam o planejamento de cenários uma ferramenta eficaz para o processo decisório estratégico. Para que o planejamento de cenários seja eficaz, é necessária a co- laboração de todos os gestores de alto escalão com ideias, informa- ções e prognósticos de como as interações entre tendências e eventos impactarão o futuro da empresa. Jirapong Manustrong/Shutterstock http://www.spell.org.br/documentos/ver/56619/os-desafios-de-criar-vantagens-competitivas-sustentaveis-em-grandes-corporacoes-multidivisionais-b2b http://www.spell.org.br/documentos/ver/56619/os-desafios-de-criar-vantagens-competitivas-sustentaveis-em-grandes-corporacoes-multidivisionais-b2b Ações estratégicas no contexto organizacional 43 2.3 Construção de cenários Vídeo Agora que já sabemos o que são estratégias competitivas e de que maneira o planejamento pode auxiliar na formulação e execução das mais adequadas aos objetivos organizacionais, vamos abordar a cons- trução ou planejamento de cenários. Devemos começar entendendo o que é cenário dentro do contexto mercadológico. Segundo o Di- cionário Online de Português (DICIO, 2020), pode ser
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