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Livro - Cinesiologia e Biomecanica_parte3

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Cinesiologia e 
biomecânica aplicada 
aos esportes I
Para a competição de um esporte coletivo, que normalmente 
exige maior complexidade e intensidade, a preparação do atleta 
envolve não somente treinamento físico, mas também desenvol-
vimento tático, preparação mental e aquisição de habilidades.
Cinesiologia e Biomecânica
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8.1 Futebol
A cinemática do futebol envolve tanto a análise qualitativa do esporte 
(por exemplo, a sequência precisa realizada pelo jogador e as principais 
ações articulares envolvidas), quanto a análise quantitativa (por exemplo, 
a amplitude de movimento das articulações envolvidas e/ou o desempenho 
do atleta no chute). No futebol, podemos observar três principais formas 
de movimento: a) translação ou movimento linear, como o deslocamento 
de um jogador da defesa para o ataque, ou o movimento da bola após um 
chute; b) rotação ou movimento angular, como a perna de um jogador 
girando em torno do joelho, ou a bola girando em torno de si mesma; e c) 
movimento misto, como o deslocamento de um jogador até a bola (trans-
lação) girando a perna em torno do joelho a cada passada (rotação), ou a 
bola chutada deslocando-se em direção ao gol (translação) e girando em 
torno de si mesma (rotação).
Vamos considerar uma situação hipotética de um jogador, Reinaldo, 
que realizará um passe de bola para outro jogador de seu time, com a 
face interna do pé direito: ao se aproximar da bola, Reinaldo interrom-
perá seu deslocamento apoiando o pé esquerdo próximo à bola, com o 
joelho semiflexionado e posicionado do mesmo lado, ao mesmo tempo 
transferindo seu centro de gravidade por sobre o pé e estabilizando as 
articulações do membro inferior esquerdo por meio das ações muscu-
lares. Em seguida, Reinaldo gira o membro direito lateralmente, pela 
ação dos músculos participantes (glúteo maior, obturadores medial e 
lateral, quadrado crural, sartório e gêmeos superior e inferior), e rea-
liza a extensão do membro inferior direito, preparando-se para o chute. 
Nesse instante, o tronco de Reinaldo é levemente rotacionado para a 
esquerda, a fim de aproveitar a energia elástica dos músculos rotadores 
para a direita. Ainda, para melhorar o equilíbrio (uma vez que seu peso 
corporal está deslocado para o membro inferior esquerdo), Reinaldo rea-
liza uma abdução e uma ligeira extensão horizontal da articulação gle-
noumeral (Figura 8.1A). Instantes antes do contato com a bola, Reinaldo 
deve realizar uma forte contração dos músculos da adução (adutores 
maior, médio e menor, pectíneo e grácil) e da flexão da coxa (iliopsoas, 
pectíneo, reto anterior e sartório) para aproximar o pé do meio da bola e 
chutá-la (Figura 8.1B).
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
Figura 8.1 – Movimentos do passe de bola
Fonte: Shutterstock.com/ TandemBranding
Repare que, ao mesmo tempo que Reinaldo realiza a adução da coxa 
direita, seu tronco realiza uma rotação também para a direita, com o obje-
tivo de aumentar a potência do passe, por meio da ativação dos músculos: 
oblíquo menor, iliocostais dorsal e lombar, dorsal largo (direito) e oblíquo 
maior, semiespinhoso dorsal, rotadores e multífides (esquerdos). Repare 
também que as articulações do membro inferior esquerdo de Reinaldo 
estão semiflexionadas e estabilizadas, permitindo um movimento de passe 
em equilíbrio. Após o término do chute, as articulações desse membro se 
estendem e o tornozelo realiza uma flexão plantar, como consequência da 
velocidade do movimento pendular da perna, que causa uma mudança no 
posicionamento do centro de gravidade (CARNAVAL, 2002).
Cinesiologia e Biomecânica
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Minutos após seu passe de bola, Reinaldo corre em direção ao gol 
e recebe a bola de um colega para chutá-la ao gol, novamente se aproxi-
mando da bola, posicionando seu pé esquerdo próximo a ela e projetando 
seu centro de gravidade no membro inferior esquerdo, estabilizando as 
articulações por meio da semiflexão do joelho e da coxa. Enquanto isso, o 
membro inferior direito de Reinaldo encontra-se com a coxa em extensão, 
o joelho em flexão e o tornozelo em flexão plantar; ao passo que os mús-
culos antagônicos se encontram com uma grande energia elástica arma-
zenada para a realização do chute. O tronco de Reinaldo irá ligeiramente 
flexionar e rodar para o lado esquerdo, e seu membro superior esquerdo 
irá se estender e abduzir horizontalmente para proporcionar equilíbrio ao 
movimento (CARNAVAL, 2002).
Figura 8.2 – Movimentos do chute ao gol com o dorso do pé
Fonte: Shutterstock.com/OSTILL is Franck Camhi
Para chutar a bola, Reinaldo realizará uma vigorosa flexão da articu-
lação coxofemoral (por meio da ação dos músculos iliopsoas, reto ante-
rior, pectíneo e sartório) e extensão do joelho (por meio da ação dos mús-
culos reto anterior, vastos laterais, intermédio e medial, e sartório), com o 
tornozelo fixado. Com a força imposta pelos movimentos da perna direita, 
as articulações do apoio (perna esquerda) são estendidas e o tronco realiza 
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
uma rotação para a direita por meio da ação dos mesmos músculos citados 
anteriormente quando da rotação do tronco no passe de bola Logo em 
seguida ao chute, o membro inferior direito de Reinaldo permanece em 
flexão da coxa e do tronco, buscando dissipar as forças resultantes das con-
trações musculares e manter o equilíbrio. A perna de apoio se encontra em 
extensão total e o tornozelo realiza uma enfática flexão plantar; ao passo 
que o membro superior esquerdo aproxima-se do corpo movimentando-
-se para a frente deste, ao mesmo tempo que o membro superior direito 
se projeta para trás, como consequência da rotação do tronco (Figura 8.3) 
(CARNAVAL, 2002).
Figura 8.3 – Movimentos do chute ao gol com o dorso do pé
Fonte: Shutterstock.com/OSTILL is Franck Camhi
Como um recurso de defesa, passe de bola ou finalização para o gol, 
os jogadores de futebol podem realizar um movimento que chamamos 
de cabeceio. No início do movimento, o jogador irá se preparar para o 
impulso: estando em pé, com os pés afastados na largura do quadril e com 
as articulações coxofemoral (bíceps crural, semitendíneo, semimembraná-
ceo e glúteo maior), do joelho (reto anterior, vastos lateral, intermédio e 
medial, e sartório) e do tornozelo (sóleo e gastrocnêmios lateral e medial) 
Cinesiologia e Biomecânica
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semiflexionadas. Ao observar a aproximação da bola, o atleta deve dar um 
passo para adquirir velocidade inicial e chegar ao local exato onde fará 
sua impulsão vertical. Em seguida, ele vigorosamente estende as articu-
lações supracitadas ao mesmo tempo que força a elevação dos membros 
superiores, trazendo-os para a frente do corpo (Figura 8.4) e obtendo um 
momento de força maior para o impulso (CARNAVAL, 2002).
Figura 8.4 – Movimentos das fases iniciais do cabeceio
Fonte: Shutterstock.com/wavebreakmedia
Após o impulso, o jogador objetiva realizar o cabeceio no ponto mais 
alto da impulsão, de duas formas: a) de frente para o objetivo (outro joga-
dor ou gol), flexionando o pescoço por meio do acionamento do músculo 
esternocleidomastoideo e com auxílio dos flexores do tronco (reto maior 
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
do abdômen e oblíquos maior e menor) ou b) de lado para o objetivo, fle-
xionando lateralmente o pescoço por meio do acionamento dos músculos 
esternocleidomastoideo, escalenos, eretores da coluna, intertransversais e 
multífides, ou girando o pescoço por meio do acionamento dos músculos 
esternocleidomastoideo, eretores da coluna, semiespinhoso cervical, rota-
dores e multífides (Figura 8.5). Após cabecear ou não a bola, a ação da 
gravidade atua sobre a massa corporal do jogador e ele inicia sua queda ao 
solo. Ao tocar o solo, o atleta deve fazê-lo afastando os pés na largura do 
quadril e realizando uma excêntrica extensão dos músculos extensores das 
articulações dos membros inferiores para, respectivamente, distribuir ade-
quadamente o peso e dissiparas forças gravitacionais (CARNAVAL, 2002).
Figura 8.5 – Movimento de cabeceio
Fonte: Shutterstock.com/Master1305
Suponha, agora, que Reinaldo precise realizar um arremesso lateral: 
situação em que o jogador recoloca a bola em jogo após ela ter saído do 
campo, lançando-a pelas linhas laterais. Primeiramente, Reinaldo se posi-
ciona próximo à linha lateral, levemente abduzindo os pés, que também 
devem estar afastados na largura do quadril. Segurando a bola com as 
duas mãos acima da cabeça, Reinaldo se prepara para o lançamento con-
centrando energia elástica nos músculos que vão atuar no gesto final, por 
meio da hiperextensão do tronco, do deslocamento dos membros superio-
res para trás e da semiflexão dos joelhos (Figura 8.6). Em seguida, o joga-
Cinesiologia e Biomecânica
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dor lança a bola por uma trajetória balística, objetivando o maior alcance 
possível, flexionando o tronco por meio da ação dos músculos reto maior 
do abdômen e oblíquos maior e menor, estendendo as articulações gle-
noumerais por meio da ação dos músculos dorsal largo, redondo maior, 
peitoral maior e deltoide posterior, estendendo os cotovelos por meio da 
ação dos músculos tríceps braquial e ancôneo, estendendo os joelhos por 
meio da ação dos músculos reto anterior, sartório e vastos lateral, intermé-
dio e medial, e realizando uma flexão plantar dos tornozelos por meio dos 
músculos sóleo e gastrocnêmios lateral e medial.
Figura 8.6 – Movimentos do arremesso lateral
Fonte: Shutterstock.com/Maxisport
Após a bola deixar as mãos de Reinaldo, os movimentos descritos 
anteriormente continuam (inércia) dissipando toda a energia acumulada 
para a realização do arremesso, de modo que Reinaldo consiga recuperar 
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
seu equilíbrio, impedindo que ele cometa alguma movimentação que pre-
judique seu arremesso (uma vez que seu tronco se encontra em velocidade 
angular com seus pés fixos).
As lesões mais frequentes no futebol são as decorrentes de sobre-
carga, tais como distensões, rupturas de fibras musculares na região ante-
rior ou posterior da coxa, dor inguinal crônica e lesões nas articulações do 
joelho e tornozelo. Cerca de metade dos traumatismos do futebol ocorre 
durante a partida – havendo predomínio de lesões em membros inferiores 
– e em mulheres, que normalmente apresentam a musculatura de desem-
penho pouco desenvolvida. As lesões mais frequentes no futebol de elite 
feminino são as lesões ligamentares nas regiões da articulação talocrural 
e articulação do joelho, bem como rupturas de fibras ou feixes muscu-
lares, lesões dos meniscos e fraturas de Jones (fraturas do V metacarpal 
na região da diáfise proximal). As situações de jogo de maior risco para 
o desencadeamento de lesões são a aterrissagem em somente uma perna 
após um impulso, a frenagem súbita e os movimentos de rotação abruptos, 
os quais podem ocorrer devido a mudanças de direção, principalmente 
durante corridas (WEINECK, 2013).
8.2 Basquetebol
Vamos considerar agora a situação hipotética de Oscar, um atleta de 
basquetebol que realizará um passe de peito para deslocar a bola de suas 
mãos para as mãos de outro jogador de seu time: primeiramente, Oscar 
deve estar em pé e, pelo menos, com o tronco voltado de frente para o 
jogador a quem passará a bola. Em seguida, o atleta deve juntar seus bra-
ços próximos ao tronco, flexionar os cotovelos e segurar a bola com as 
duas mãos na altura do peito, mantendo os polegares apontados um ao 
outro e os punhos estendidos, com os dedos afastados (Figura 8.7A). A 
partir dessa posição, Oscar deve dar um passo à frente e, ao mesmo tempo, 
deslocar o peso de seu corpo na direção do colega e iniciar o movimento 
do passe realizando: a) flexão horizontal da articulação glenoumeral, por 
meio da ação dos músculos peitoral maior, deltoide anterior e coracobra-
quial; b) extensão dos cotovelos, por meio da ação de tríceps braquial e 
ancôneo; c) flexão do punho, por meio da ação de flexores radial e ulnar 
Cinesiologia e Biomecânica
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do carpo; d) flexão dos dedos, por meio da ação de flexor superficial dos 
dedos, flexor curto e oponente mínimo, flexor longo e curto do polegar e 
lumbricais e e) rotação medial da articulação glenoumeral, por meio da 
ação de subescapular, redondo maior e dorsal largo; conforme demons-
trado na Figura 8.7B (CARNAVAL, 2002).
Figura 8.7 – Movimentos do passe de bola
 
Fonte: Shutterstock.com/Ebtikar/ Nicholas Piccillo
Supondo-se que o colega de Oscar deva receber a bola na altura do 
tronco, o passe de Oscar deve ser realizado soltando-se a bola em um 
ângulo pouco acima da horizontal e com “efeito Magnus” (giro para trás 
e para baixo), para que seja criada uma zona de alta pressão embaixo da 
bola, capaz de elevá-la e de prolongar seu tempo de voo. Ainda, havendo 
a necessidade de que o passe seja mais longo, o jogador deve acionar os 
músculos abdutores da cintura escapular (peitoral menor e serrátil) e fle-
xionar o tronco por meio da ação dos músculos reto maior do abdômen 
e oblíquos maior e menor; contribuindo para maior aplicação de força na 
bola (CARNAVAL, 2002).
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
Com a partida em andamento, Oscar deve agora driblar um adversá-
rio enquanto desloca a bola. Primeiramente, ele aplica forças impulsiona-
doras na bola em direção ao solo, para baixo e para frente, por meio da 
contração dos músculos responsáveis pela extensão do cotovelo (tríceps 
braquial e ancôneo), flexão do punho (flexores radial e ulnar do carpo) 
e flexão dos dedos (flexor superficial dos dedos, flexor curto e oponente 
mínimo, flexores curto e longo do polegar e lumbricais); mantendo o 
tronco semiflexionado para abaixar um pouco seu centro de gravidade e 
semiflexionando também os joelhos para melhorar o equilíbrio, enquanto 
mantém a cabeça erguida e evita olhar para a bola (CARNAVAL, 2002).
Figura 8.8 – Movimento de drible
Fonte: Shutterstock.com/Master1305
Concomitantemente à aplicação das forças impulsionadoras na bola, 
Oscar deve se deslocar pela quadra com uma velocidade semelhante à 
aplicada na bola para que esta, ao tocar o solo, receba as forças do solo 
aplicadas sobre ela (lei da ação e reação de Newton), fazendo-a retornar 
em direção à mão de Oscar com alterações em sua velocidade e direção. 
Com a bola em mãos, Oscar deve aplicar nesta, novamente, forças impul-
sionadoras antes da realização de outro drible – antes, no entanto, o atleta 
deve amortecer a bola de sua velocidade vertical, por meio da extensão 
do punho e da flexão do cotovelo, até reduzir essa velocidade a zero; tra-
Cinesiologia e Biomecânica
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zendo a mão até a altura 
da cintura ou até abaixo 
da linha da cintura 
(dribles alto e baixo, 
respectivamente), con-
forme demonstrado na 
Figura 8.9 (CARNA-
VAL, 2002).
Após driblar os 
adversários, Oscar 
deseja agora marcar 
pontos a favor de seu 
time. Os principais fatores que influenciam a precisão do arremesso em 
direção à cesta são a velocidade da bola, o seu ângulo de soltura e sua 
altura alcançada com o impulso do jogador. Em pé e com os pés para-
lelos ou com o pé do 
mesmo lado da mão 
do arremesso voltado 
para a cesta, Oscar deve 
segurar a bola com as 
duas mãos próximo ao 
corpo. Logo após, ele 
deve flexionar rapida-
mente as articulações 
coxofemoral, do joe-
lho e do tornozelo, de 
maneira que posterior-
mente consiga utilizar-
-se da energia elástica 
para um impulso ótimo, 
e de maneira que o 
defensor adversário não o bloqueie (CARNAVAL, 2002).
Em seguida, Oscar deve iniciar sua impulsão estendendo vigorosa-
mente as articulações coxofemoral (glúteo maior, semitendíneo, semi-
membranáceo e bíceps crural), do joelho (reto anterior, vastos medial, 
Figura 8.9 – Movimentos dos dribles alto e baixo
Fonte: Shutterstock.com/Alex Kravtsov
Figura 8.10 – Movimento preparatório do arremesso
Fonte: Shutterstock.com/Master1305
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
intermédioe lateral e 
sartório) e do tornozelo 
(gastrocnêmios medial 
e lateral e sóleo), ao 
mesmo tempo que pres-
siona os pés contra o 
solo; recebendo deste a 
reação que lhe possibi-
lita se elevar no espaço. 
Simultaneamente, o 
atleta deve flexionar a 
articulação glenoumeral 
do braço que realizará o 
arremesso, por meio da 
ação dos músculos del-
toide anterior, peitoral 
maior e coracobraquial, 
elevando e posicionando 
a bola um pouco à frente 
de sua cabeça e logo 
acima dos olhos. Neste 
mesmo braço, Oscar 
deve flexionar o cotovelo 
em direção à cesta e na 
mesma linha do ombro; 
e hiperestender o punho, 
com a empunhadura da 
bola sendo realizada 
com a mão que realizará 
o arremesso um pouco 
atrás e abaixo da bola, 
com a palma voltada 
para frente. Para melhor 
equilibrar o arremesso, a 
outra mão deve estar posicionada lateralmente à bola (Figura 8.11A) 
(CARNAVAL, 2002).
Figura 8.11 – Movimentos do arremesso
Fonte: Shutterstock.com/bbernard
Cinesiologia e Biomecânica
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No alcance máximo obtido, Oscar deve ir abaixando a mão posicio-
nada lateralmente ao mesmo tempo que: a) o braço do arremesso continua 
sendo flexionado; b) o cotovelo estendido, por meio da ação dos músculos 
tríceps braquial e ancôneo; c) o punho flexionado, por meio da ação dos 
músculos flexores radial e ulnar do carpo e d) os dedos flexionados por 
meio da ação dos músculos flexor superficial dos dedos, flexor curto e 
oponente mínimo, flexores curto e longo do polegar e lumbricais. Ao final 
do arremesso, o jogador deve realizar uma leve adução do punho, por 
meio da ação dos músculos extensor ulnar do carpo e flexor longo do pole-
gar, a fim de manter a bola em trajetória retilínea; sendo que, nesta fase 
final, a bola deverá ser impulsionada pelos três dedos médios, os últimos 
a tocarem a bola (Figura 8.11B). Também é possível a realização do arre-
messo durante a impulsão, aproveitando a velocidade vertical do impulso, 
objetivando que as forças de contração das articulações dos membros 
inferiores auxiliem na melhora da força do arremesso, técnica bastante 
útil para arremessos realizados de longas distâncias (CARNAVAL, 2002).
Após o arremesso, Oscar começa a retornar ao solo pela ação da força 
da gravidade e, ao tocar o solo, o atleta, com os pés distantes na largura do 
quadril, deve realizar contrações excêntricas dos músculos extensores das 
articulações dos membros inferiores (Figura 8.11C), a fim de absorver a 
força da gravidade exercida sobre ele (CARNAVAL, 2002).
Para realizar um rebote, fundamento de defesa em que o jogador 
deseja obter a posse de bola após um arremesso (realizado pela equipe 
adversária ou por sua própria equipe), Oscar deve se aproximar da tabela 
e tentar conseguir uma boa posição no garrafão, sendo que seu posiciona-
mento, neste momento, deve ser com os pés afastados, os joelhos semi-
flexionados e os membros superiores afastados do corpo (Figura 8.12A). 
Havendo a possibilidade de êxito do rebote, Oscar deve tentar atingir a 
posição a partir da qual ele se impulsionará. No impulso, ele deve esten-
der vigorosamente as articulações coxofemoral (glúteo maior, semiten-
díneo, semimembranáceo e bíceps crural), do joelho (reto anterior, vas-
tos medial, intermédio e lateral e sartório) e do tornozelo (gastrocnêmios 
medial e lateral e sóleo) sincronicamente com a elevação dos membros 
superiores, por meio da ação das porções superior e média do músculo 
trapézio, elevador da escápula e romboides, mantendo os cotovelos esten-
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
didos, as mãos espalmadas e os dedos afastados (Figura 8.12B) (CARNA-
VAL, 2002).
Figura 8.12 – Movimentos de rebote
 
Fonte: Shutterstock.com/katatonia82/ S.Pytel
Após o impulso, Oscar deve buscar a posse da bola no ar e trazê-
-la junto ao corpo, realizando a adução da articulação glenoumeral e a 
flexão dos cotovelos. Da mesma forma que, para o retorno ao solo após 
o arremesso, Oscar deve tocar o solo com os pés afastados na largura do 
quadril e realizar contrações excêntricas nos músculos extensores das 
articulações dos membros inferiores, buscando absorver as forças exer-
cidas em seu corpo pela ação 
da gravidade e aproveitar a 
energia elástica desenvolvida 
por essas musculaturas para 
movimentar-se rapidamente 
de volta ao jogo (CARNA-
VAL, 2002).
8.3 Handebol
Assim como outros 
esportes com bola e arre-
messos, o handebol é uma 
Figura 8.13 – Movimento final do rebote
Fonte: Shutterstock.com/Algimantas Barzdzius
Cinesiologia e Biomecânica
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modalidade caracterizada por movimentações complexas, dependen-
tes da ativação de diversos músculos. O arremesso no handebol não 
é simples como no futebol e no basquetebol. Por exemplo: inicia-se 
nos membros inferiores e passa por uma rotação do tronco para, final-
mente, terminar com a aceleração do braço de arremesso, exigindo, 
portanto, o desenvolvimento da força dos músculos rotadores mediais 
e laterais do ombro, abaixadores do braço e extensores do braço (WEI-
NECK, 2013).
Dessa forma, o preparo físico acentuado de toda a musculatura dos 
membros superiores e do tronco é essencial, objetivando: a) melhora da 
força de lançamento, por meio do fortalecimento dos músculos abaixa-
dores do braço (principalmente, peitoral maior e latíssimo do dorso) e 
extensores do braço (tríceps braquial); b) melhora dos movimentos de lan-
çamento que partem do antebraço ou da articulação do punho sem movi-
mento de impulsão, por meio do fortalecimento dos músculos flexores do 
braço (bíceps braquial, braquial e braquiorradial) e c) melhora do controle 
da bola por meio do fortalecimento dos músculos flexores da mão e dos 
dedos (WEINECK, 2013).
A recepção envolve o recebimento, o amortecimento e a retenção 
da bola (Figura 8.14), sendo uma das técnicas mais importantes durante 
a preparação da finalização e para se manter a posse de bola, de modo 
que deve ser realizada com as mãos paralelas, levemente côncavas e com 
as palmas voltadas para a bola, com os dedos ligeiramente afastados e 
orientados para cima ou para baixo (dependendo da altura da recepção). 
As pernas devem estar afastadas, com a perna oposta ao lado da procedên-
cia da bola, à frente, e os joelhos estendidos ou flexionados (dependendo 
da altura da recepção); o tronco deve estar inclinado para a frente e vol-
tado para a direção de procedência da bola; os membros superiores devem 
estar à frente do corpo, na altura do peito ou estendidos (dependendo da 
altura da recepção) em direção à bola; e os cotovelos devem estar semi-
flexionados. Em caso de recepção em deslocamento, o jogador deve ajus-
tar a velocidade do deslocamento para interceptar a trajetória da bola, ao 
passo que, em caso de recepção em suspensão, o jogador deve realizar um 
salto buscando atingir a altura ideal para interceptar a trajetória da bola 
(ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
Figura 8.14 – Recepção
Fonte: Shutterstock.com/Oleksandr Osipov
No passe, a bola pode 
descrever uma trajetória reta 
(para alcançar mais rapida-
mente as mãos do colega 
de equipe), parabólica (para 
passar por cima de um adver-
sário) ou quicada (para pas-
sar por baixo de um adver-
sário). No passe de ombro, a 
bola deve ser segurada com 
apenas uma das mãos, e as 
pernas devem estar afasta-
das, com a perna oposta 
ao braço de lançamento à 
frente; o tronco deve estar 
rodado para o lado do braço 
de lançamento, o braço de 
lançamento na posição hori-
zontal e na altura do ombro, 
o antebraço na vertical e for-
mando um ângulo de 90º, o 
outro braço à frente do corpo e a mão envolvendo a bola, com os dedos 
Figura 8.15 – Passe de ombro
Fonte: Shutterstock.com/OSTILL is Franck Camhi
Cinesiologia e Biomecânica
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para cima e terminando em flexão do punho após a perda do contato com 
a bola. No passe por baixo, a posição dos membros inferiores, do tronco, 
do antebraço, do outro braço e da mão envolvendo a bola são iguais às do 
passede ombro, porém o braço de lançamento deve estar na posição verti-
cal e na altura do ombro (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
No passe em pronação, as pernas podem estar como na posição dos 
passes citados anteriormente ou em afastamento lateral; o tronco deve 
estar voltado para a frente, o braço de lançamento paralelo ao tronco e 
ligeiramente afastado, o outro braço à frente do corpo e a mão envolvendo 
a bola, com a palma voltada para a posição oposta ao tronco. Para a execu-
ção do movimento, o braço de lançamento deve abduzir o ombro enquanto 
a mão projeta a bola lateralmente, afastando-a do tronco; a perna do lado 
da mão de passe deve afastar frontalmente ou lateralmente, conforme as 
pernas estejam em afastamento frontal ou lateral, respectivamente. Após 
o lançamento da bola, a perna posicionada atrás deve ser levada à frente e 
seguir o movimento do tronco (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
Figura 8.16 – Passe em pronação
Fonte: Shutterstock.com/Dan POTOR
No passe por trás do corpo, a posição dos membros inferiores, do tronco 
e do outro braço são iguais às do passe de ombro; porém, o braço de lan-
çamento deve estar paralelo ao tronco, mais próximo da parte posterior do 
tronco, o cotovelo levemente flexionado e a mão envolvendo a bola, com 
os dedos orientados para baixo. Para a execução do movimento, o tronco 
deve estar voltado para o gol e o braço de lançamento deve abduzir o ombro, 
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Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
enquanto o cotovelo ligeiramente flexiona; após o lançamento da bola, a perna 
posicionada atrás deve ser levada à frente e seguir o movimento do tronco. Por 
fim, no passe por trás da cabeça, a posição dos membros inferiores é igual à do 
passe de ombro: o tronco deve estar posicionado para a frente, o braço de lan-
çamento deve estar com o cotovelo flexionado inferiormente a 90º, e a palma 
da mão de lançamento deve estar atrás da cabeça e voltada para fora, com os 
dedos virados para a frente (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
O arremesso no handebol tem como objetivo direcionar a bola em 
direção ao gol, podendo ser realizado apoiado ou em suspensão: no arre-
messo apoiado, após a bola ser lançada, a perna que estava posicionada 
atrás deve ser levada à frente seguindo o movimento do tronco (Figura 
8.17A); no arremesso em suspensão, o salto deve ser realizado com simul-
tâneos deslocamentos frontal e vertical, e a bola deve deixar a mão de 
lançamento antes que o jogador toque qualquer parte do corpo no solo 
(Figura 8.17B). O retorno ao solo pode ser com uma queda frontal ou um 
rolamento, conforme a posição do corpo durante o movimento do arre-
messo (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
Figura 8.17 – Arremesso apoiado e arremesso em suspensão
 
Fonte: Shuttersotck.com/OSTILL is Franck Camhi
Cinesiologia e Biomecânica
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O drible, técnica de impulsionar e direcionar a bola em direção 
ao solo sem perder o 
controle desta, deve ser 
realizado segurando-se a 
bola com uma das mãos, 
pernas afastadas e com 
a perna oposta do braço 
de lançamento à frente, 
tronco voltado para a 
frente, braço de domí-
nio da bola em posição 
vertical e à frente do 
corpo, cotovelo leve-
mente flexionado e mão 
de domínio da bola com a palma ligeiramente côncava, com os dedos 
direcionados para baixo. A execução demanda a projeção da bola para 
baixo com a mão de domínio, sempre com a palma voltada para baixo 
(ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
A posição básica de defesa no handebol favorece qualquer desloca-
mento para a realização da marcação, sendo configurada por: membros 
inferiores afastados em posição lateral ou anteroposterior, com somente 
as pontas dos pés tocando o solo e os joelhos semiflexionados; tronco vol-
tado para a frente; membros superiores afastados lateralmente e na altura 
dos ombros, cotovelos levemente flexionados e palmas das mãos voltadas 
para a frente. Em caso de deslocamento lateral do adversário, o defensor 
também deve se deslocar lateralmente, mantendo o tronco voltado à dire-
ção do atacante; em caso de progressão em profundidade do adversário, 
o defensor deve se deslocar frontalmente e em direção ao atacante, impe-
dindo sua progressão (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
O bloqueio defensivo consiste na tentativa de interceptação da bola 
arremessada em direção ao gol, sendo o último recurso de defesa dos 
defensores de linha. A execução do bloqueio defensivo envolve o afasta-
mento em posição lateral ou anteroposterior dos membros inferiores, com 
apenas as pontas dos pés tocando o solo e os joelhos semiflexionados; 
tronco voltado para a frente; membros superiores posicionados acima da 
Figura 8.18 – Bloqueio defensivo
Fonte: Shutterstock.com/Focus and Blur
– 187 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
cabeça, cotovelos estendidos e palmas das mãos voltadas para a frente. 
Na execução, o jogador ligeiramente flexiona os joelhos e, em seguida, 
os estende, buscando vencer a resistência da gravidade e impulsionar-se 
para cima com a maior altura possível, mantendo os membros superiores 
estendidos e buscando ficar à frente da bola, impedindo seu lançamento 
em direção ao gol (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
A defesa de marcação por impedimento é a técnica que o defensor 
utiliza para evitar as ações do atacante, segurando seu braço de arremesso 
com uma mão e seu quadril com a outra; com os membros inferiores afas-
tados em posição lateral ou anteroposterior e somente as pontas dos pés 
tocando o solo; joelhos semiflexionados, perna correspondente ao braço 
de arremesso do atacante à frente, tronco voltado para a frente, braço cor-
respondente ao lado de arremesso do atacante entre a bola e a cabeça do 
adversário, o outro braço na altura do quadril do atacante e palmas das 
mãos voltadas para fora em relação à cabeça do adversário. Para a execu-
ção, o defensor deve levar para baixo (com seu próprio antebraço) o ante-
braço do atacante, mantendo as mãos sempre abertas, enquanto a outra 
mão deve permanecer em contato com o quadril do adversário, segurando-
-o sem empurrar ou puxar (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
Figura 8.19 – Marcação por impedimento
Fonte: Shutterstock.com/Dziurek
As técnicas de goleiro envolvem: a) defesa alta, de bolas arremessadas 
acima da linha dos ombros do goleiro, as quais podem ser defendidas com 
uma ou com as duas mãos, com ou sem saltos de impulso (Figura 8.20A); 
Cinesiologia e Biomecânica
– 188 –
b) defesa em meia altura, de bolas arremessadas entre a linha do joelho e a 
linha dos ombros do goleiro, as quais podem ser defendidas com as mãos, 
pernas ou quadril (Figura 820B); c) defesa baixa, de bolas arremessadas 
abaixo da linha do joelho, as quais podem ser defendidas com os pés e as 
mãos, alternada ou simultaneamente (Figura 8.20C); d) defesa em X, de 
bolas arremessadas por pivôs ou atacantes em fase de contra-ataque, como o 
objetivo de diminuir os espaços em arremessos realizados entre a linha dos 
ombros e do quadril, por meio de um salto seguido de abdução dos ombros 
e da pelve, proporcionando o alinhamento dos braços ao ombro e das pernas 
ao quadril (Figura 8.20D) (ALMEIDA; DECHECHI, 2012).
Figura 8.20 – Tipos de defesa do goleiro
Fonte: Shutterstock.com/ Dziurek
Juntamente com o futebol, o handebol lidera as estatísticas de trauma-
tismos esportivos, sendo uma das modalidades com maior risco de lesões e 
apresentando padrões adicionais de lesão específicos, ocasionados por seus 
movimentos típicos de sprint, salto e frenagem, além de lançamentos típi-
cos a partir de posições corporais distintas. Comumente, atletas de hande-
bol apresentam estiramentos e rupturas de fibras musculares nos membros 
(superiores e inferiores) e no tronco, além de traumatismos das articulações 
– 189 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes I
do joelho (principalmente lesões do menisco medial, ligamento cruzado 
anterior e ligamentos colaterais), tornozelo (principalmente estiramentos e 
rupturas do ligamento lateral) e acromioclavicular, distorções das articu-
lações dos dedos, fraturasdo rádio próximas ao punho e fraturas do osso 
navicular. Em relação aos músculos e tendões, as lesões mais frequentes são 
as irritações da inserção tendínea ou tendinoses (WEINECK, 2013).
Síntese
A cinemática do futebol envolve tanto a análise qualitativa, quanto 
a quantitativa do esporte. No futebol, podemos observar três formas de 
movimento: translação ou movimento linear, rotação ou movimento 
angular e movimento misto (translação e rotação). As lesões mais frequen-
tes no futebol são as decorrentes de sobrecarga, tais como distensões, rup-
turas de fibras musculares na região anterior ou posterior da coxa, dor 
inguinal crônica e lesões nas articulações do joelho e tornozelo. Concomi-
tantemente à aplicação das forças impulsionadoras na bola, o jogador de 
basquetebol deve se deslocar pela quadra com uma velocidade semelhante 
à aplicada na bola para que esta, ao tocar o solo, receba as forças do solo 
aplicadas sobre ela (lei da ação e reação de Newton), fazendo-a retornar 
em direção à mão do atleta com alterações em sua velocidade e direção. 
Assim como outros esportes com bola e arremessos, o handebol é uma 
modalidade caracterizada por movimentações complexas, dependentes da 
ativação de diversos músculos. O arremesso no handebol não é simples 
como no futebol e no basquetebol, iniciando-se nos membros inferiores 
e passando por uma rotação do tronco para, finalmente, terminar com a 
aceleração do braço de arremesso. 
Atividades
1. Quais músculos e articulações de um jogador de futebol são 
envolvidos no momento de um chute a gol com o dorso do pé? 
E após esse chute?
2. Quais músculos e articulações são envolvidos no rebote do 
basquetebol?
Cinesiologia e Biomecânica
– 190 –
3. Explique, em relação à cinesiologia e à biomecânica, como é 
realizado o passe em pronação no handebol.
4. Cite os principais traumatismos sofridos por atletas de handebol.
9
Cinesiologia e 
biomecânica aplicada 
aos esportes II 
9.1 Ginástica artística
A ginástica constitui uma modalidade bastante complexa, 
porque envolve um grande número de elementos distintos de 
treinamento para cada aparelho. Podemos, de maneira sucinta, 
classificar sistematicamente os movimentos da ginástica em três 
categorias: exercícios de apoio, suspensão e saltos. Nos movi-
mentos da barra fixa, das barras paralelas e das argolas, o kippe 
é realizado partindo-se de uma fase de apoio, passando por uma 
fase de suspensão e retornando à fase de apoio. Durante a fase 
de suspensão, a ativação dos músculos abdominais (estabilizado-
res da pelve) e dos flexores do quadril impedem o abaixamento 
das pernas; já durante o movimento kippe, ocorre uma ativação 
explosiva dos extensores do quadril (glúteo máximo e isquio-
tibiais) e uma aproximação dos braços em direção ao tronco – 
para a fixação deste, os abaixadores dos braços o tracionam em 
direção ao braço, apoiando a retomada da fase de apoio inicial 
(WEINECK, 2013).
Cinesiologia e Biomecânica
– 192 –
Os movimentos na 
barra fixa exigem o for-
talecimento dos flexo-
res da mão e dos dedos 
para maior segurança na 
pegada; sendo que esse 
fortalecimento, quando 
realizado no aparelho, 
contribui para o fortaleci-
mento de outros elemen-
tos de ligação na cadeia 
de tração envolvendo os 
membros superiores e o 
tronco (como, por exemplo, os flexores e os extensores da articulação do 
cotovelo, estabilizadores do cíngulo dos membros superiores e articulação 
do ombro). Durante o balanceio na barra fixa, o corpo do(a) ginasta sofre 
a ação de três forças e de um binário: a) peso corporal (P), agindo verti-
calmente para baixo através do seu centro de gravidade; b) força de reação 
exercida pela barra, com componentes normal (RN) e tangencial (RT); c) 
força de resistência do ar (A), embora insignificante; e d) momento (M) 
resultante de todas as pequenas forças de atrito exercidas sobre as mãos 
ao deslizarem sobre a superfície da barra (WEINECK, 2013; HAY, 1981).
Figura 9.2 – Balanceio na barra fixa
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Alex Kravtsov
As argolas envolvem tanto movimentos de impulso semelhantes aos 
da barra fixa, quanto movimentos de apoio que possibilitam um grande 
Figura 9.1 – Kippe para frente
Fonte: Shutterstock.com/Alex Bogatyrev
– 193 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
número de elementos de força. Durante a execução do crucifixo, por 
exemplo, é necessária uma excepcional força dos flexores da mão, dos 
extensores do antebraço (tríceps braquial), dos adutores do braço (peitoral 
maior e latíssimo do dorso, principalmente) e dos estabilizadores da arti-
culação do ombro (WEINECK, 2013).
Figura 9.3 – Crucifixo
Fonte: Shutterstock.com/I T A L O
Ainda nas argolas, a prancha dorsal exige uma grande ativação dos 
músculos responsáveis pela anteversão do braço, principalmente peitoral 
maior e bíceps braquial; além de uma excepcional força do tronco, prin-
cipalmente dos músculos eretor da espinha e latíssimo do dorso. Através 
da fáscia toracolombar, o latíssimo do dorso traciona a porção anterior da 
crista ilíaca em direção ao braço, o que possibilita a posição da prancha; 
enquanto os músculos glúteo máximo e isquiotibiais apoiam consideravel-
mente a extensão do quadril (WEINECK, 2013).
Cinesiologia e Biomecânica
– 194 –
Por representarem, princi-
palmente, um aparelho de apoio, 
as barras paralelas exigem forta-
lecimento específico dos exten-
sores do antebraço e dos mús-
culos do cíngulo do membro 
superior. Na parada de mão, que 
representa um elemento fixo ou 
uma fase fugaz de transição para 
outros movimentos, é necessá-
ria uma boa força de apoio dos 
antebraços (tríceps braquial) e, 
ao mesmo tempo, uma fixação 
dos membros superiores em posição para cima, além de ser necessário 
manter o corpo inteiro alinhado e em equilíbrio através da tensão isomé-
trica de toda a musculatura flexora e extensora (WEINECK, 2013).
Figura 9.5 – Parada de mão
Fonte: Shutterstock.com/Galina Barskaya
Figura 9.4 – Prancha dorsal
Fonte: Shutterstock.com/Just dance
– 195 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
As barras assimétricas combinam elementos da barra fixa e das barras 
paralelas, exigindo, portanto, o fortalecimento dos extensores do braço 
e dos flexores do punho, bem como dos flexores, extensores, adutores e 
abdutores do quadril. O aparelho de apoio, por excelência, é o cavalo com 
alças, o qual exige, para a manutenção do apoio durante o tempo neces-
sário, fortalecimento e resistência máximos dos extensores do antebraço 
(tríceps braquial) e dos flexores do punho, além dos abdutores das pernas 
(glúteo médio) para alguns exercícios específicos que trabalham os movi-
mentos oblíquos (WEINECK, 2013).
A corrida para os saltos sobre o cavalo exige a extensão da perna de 
partida através da ativação dos músculos extensores do quadril (glúteo 
máximo e isquiotibiais) e do joelho (quadríceps), bem como dos músculos 
da flexão plantar (tríceps sural) e da flexão do quadril no lado da perna em 
movimento (reto femoral, iliopsoas e tensor da fáscia lata). A fase de tran-
sição entre a corrida e a impulsão consiste na passada de obstáculo, cujo 
objetivo é auxiliar o(a) ginasta no ajuste da posição corporal que ele está 
utilizando na corrida para uma posição da qual ele possa melhor iniciar a 
impulsão, com a menor perda possível em sua velocidade. Para tanto, o(a) 
atleta deve abaixar os membros inferiores durante o último passo antes 
do obstáculo e, em seguida, deve movimentá-los rapidamente em uma 
direção para frente e para cima, juntamente com a perna livre e coordena-
damente com a reação à impulsão aplicada pela outra perna; levando o(a) 
ginasta ao ar e imprimindo ao seu corpo um momento angular para trás, 
que roda o corpo para uma posição inclinada para trás – necessária para 
que o(a) atleta toque o trampolim (WEINECK, 2013; HAY, 1981).
O movimento corporal durante o voo prévio é determinado pela velo-
cidade do(a) ginasta, pela altura e pelo momento angular no momento da 
impulsão,bem como pela posição do corpo no ar. As fases de apoio e de 
impulsão dos antebraços exigem ativação dos mesmos músculos de apoio 
e impulsão da ginástica de solo, que veremos a seguir. Entretanto, nos sal-
tos sobre o cavalo, esses músculos são exigidos em um grau mais elevado 
em virtude da maior velocidade da corrida e da aterrissagem, que elevam 
as exigências musculares. Caso o(a) atleta deseje continuar sua rotação 
para frente, deve se preocupar em manter e talvez aumentar o momento 
angular para a frente após suas mãos deixarem o cavalo; por outro lado, 
Cinesiologia e Biomecânica
– 196 –
caso o objetivo seja rodar para trás, o(a) atleta deve inverter a direção do 
momento angular durante a fase de apoio (WEINECK, 2013; HAY, 1981).
Figura 9.6 – Salto sobre o cavalo
Fonte: Shutterstock.com/Sasha Samardzija
A trave de equilíbrio é considerada o aparelho mais difícil da ginás-
tica artística feminina, por exigir não somente uma grande capacidade 
ativa de abdução, coordenação e mobilidade, como também uma consi-
derável força no tronco e nos membros superiores e inferiores. Os saltos 
(para frente/para trás, a partir da posição em pé), em uma superfície de 
apoio e sustentação pequena, requerem uma forte musculatura postural 
dos pés para melhora da capacidade de equilíbrio (WEINECK, 2013).
9.1.1 Exercícios de solo
Os exercícios de solo são a base para os movimentos que estudamos 
anteriormente, sendo constituídos por pulos, movimentos de queda e sal-
tos, e posições estáticas que demonstram equilíbrio, flexibilidade e força. 
Nos pulos e movimentos de queda e saltos, o ginasta se projeta no ar e 
o sucesso de sua execução depende de suas habilidades em: a) adquirir 
elevação e rotação na impulsão; b) controlar sua rotação quando no ar e 
c) controlar seus movimentos no retorno ao solo. No ar, o corpo do atleta 
se torna um projétil; cuja trajetória de voo é determinada pela velocidade 
e pela altura do seu centro de gravidade no instante da impulsão. Ao tocar 
– 197 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
o solo, seu corpo está rodando em torno de um eixo que passa através do 
seu centro de gravidade; o qual está sofrendo a ação de uma translação. 
Nas posições estáticas, por sua vez, é preciso que o ginasta tenha sua linha 
de gravidade passando através do ponto médio de sua base e seu centro de 
gravidade tão baixo quanto possível (HAY, 1981).
A ginástica de solo envolve rolamentos, giros, kippes, saltos, ron-
dadas e elementos estáticos, como paradas de mão e aviões; exigindo, 
portanto, grande mobilidade e força da musculatura do quadril, grande 
força de salto, de apoio (tríceps braquial) e de impulsão (flexores super-
ficiais e profundos dos dedos). A execução do avião exige ativação dos 
músculos da perna de apoio para estabilização da articulação do quadril 
(principalmente adutores e abdutores), além de equilíbrio dos músculos 
posturais do pé e flexores plantares (tríceps sural); enquanto que na perna 
em movimento são ativados os extensores do quadril (glúteo máximo e 
isquiotibiais) e, no tronco, são ativados os músculos eretores da espinha 
para sua fixação em uma postura de extensão (WEINECK, 2013).
Vamos considerar 
uma situação hipotética 
de uma ginasta, Daiane, 
que executará uma parada 
de cabeça a partir de uma 
posição agachada. Primei-
ramente, Daiane coloca 
ambas as mãos no solo, 
distantes entre elas na lar-
gura dos ombros e com os 
dedos confortavelmente 
separados. Em seguida, 
ela coloca sua testa bem de 
frente para uma linha que une suas mãos; formando um triângulo equilátero 
imaginário com os três “pontos” de contato, a cabeça e as duas mãos. A partir 
daí, a ginasta impulsiona seu corpo com os pés e desloca seus quadris para 
cima e para frente, por sobre sua base; posteriormente rodando suas pernas 
em torno de um eixo que passa através das articulações do quadril, até que as 
mesmas alcancem a vertical (Figura 9.8A) (HAY, 1981).
Figura 9.7 – Avião
Fonte: Shutterstock.com/Dusan Petkovic
Cinesiologia e Biomecânica
– 198 –
A parada de mão é mais difícil que 
a parada de cabeça, pois nessa posição o 
centro de gravidade do(a) ginasta encon-
tra-se mais alto e a base é menor, ocasio-
nando uma inerente menor estabilidade 
corporal. Para a execução da parada de 
mão, Daiane coloca-se de pé e dá um 
passo à frente, colocando suas mãos no 
solo distantes entre elas na largura dos 
ombros e com os dedos separados. Em 
seguida, ela balança a perna de trás para 
cima e para trás; enquanto sua perna da 
frente contribui para o movimento através 
da extensão das articulações dos quadris, 
joelho e tornozelo, exercendo uma força 
para baixo e para trás contra o solo. Ao 
saírem os pés do solo, o peso corporal da 
atleta age através do seu centro de gravi-
dade a alguma distância do eixo de rota-
ção e reduz o momento angular obtido 
anteriormente, fazendo com que Daiane 
tente obter somente um momento angular 
tal, que seu peso anule até o momento em 
que seu corpo atinja uma posição vertical 
acima de suas mãos, conforme demons-
trado na Figura 9.8B (HAY, 1981).
O rolo (cambalhota) para frente é um 
dos movimentos mais básicos da ginás-
tica; sendo sua rotação principalmente 
controlada pela força que o(a) ginasta 
exerce enquanto seus pés estão no solo e, 
muito pouco, pelos ajustes na posição do 
corpo. Ginastas mais experientes iniciam 
a cambalhota e, em seguida, controlam a 
rotação com suas pernas esticadas e as 
costas apenas levemente arredondadas. 
Figura 9.8 – Paradas de cabeça e de 
mão
Fonte: Shutterstock.com/Oleg 
Samoylov/Alex Bogatyrev
– 199 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
Para executar esse movimento, Daiane deve colocar-se de pé e, com as pernas 
esticadas, provocar uma força no solo que, por reação, imprime um momento 
angular ao seu corpo. Em seguida, a atleta coloca as mãos no solo, flexiona 
os braços, grupa a cabeça e abaixa os ombros até encostarem no solo. Ao tér-
mino da cambalhota, Daiane deve flexionar os quadris e os joelhos, levando 
seus calcanhares para próximo às nádegas, seguido do contato dos pés com o 
solo e do movimento para cima das nádegas, terminando novamente em uma 
posição de pé (Figura 9.9A) (HAY, 1981).
O rolo para trás é basicamente o inverso do rolo para frente, partindo 
de uma posição agachada e da impulsão para trás, de maneira que a linha 
de gravidade do corpo passe fora do limite de trás de sua base, imprimindo 
um momento angular para trás ao corpo. Assim como na cambalhota para 
frente, Daiane pode realizar o movimento mais firmemente grupado ou em 
uma posição mais aberta. Ao final do movimento, a ginasta deve aumentar 
a velocidade de passagem de seu centro de gravidade por sobre as mãos e, 
quando este passar para além das mãos, ela deve estender os braços e ele-
var a cabeça para terminar novamente em pé (Figura 9.9B) (HAY, 1981).
Figura 9.9 – Movimentos envolvidos nos rolos para frente e para trás
A) 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Gwoeii/ Maquiladora
Cinesiologia e Biomecânica
– 200 –
Para realizar a roda ou estrela, Daiane parte de uma posição em pé, 
com os membros superiores estendidos para cima e dando um passo para a 
frente, deslocando seu peso também para a frente e por sobre seu pé à frente. 
Em seguida, a ginasta roda o corpo para o lado escolhido, ergue a perna 
de trás e abaixa o tronco até que a mão do mesmo lado da perna à frente 
toque o solo, enquanto impulsiona seu corpo vigorosamente com o pé da 
frente. A força de impulsão gera no solo uma força de reação que aumenta o 
momento angular do corpo de Daiane e auxilia a elevá-lo, passando a uma 
posição vertical e de parada de mãos lateral. Com uma força contra o solo 
com as duas mãos, a ginasta complementa o momento angular que já possui 
e inicia a descida até que termine o movimento em uma posição virada para 
a lateral e com as pernas afastadas (Figura 9.10). Na rodada, os movimentos 
são muito semelhantes aos da roda, exceto pelo fato de que o(a) ginasta,ao passar pela posição de parada de mãos lateral, une as pernas e, com seu 
momento de inércia reduzido até próximo do mínimo, executa um quarto de 
giro em torno do eixo longitudinal de seu corpo antes de rapidamente descer 
suas pernas em direção ao solo, resultando em um toque no solo virado de 
costas em relação à direção da qual veio (HAY, 1981).
Figura 9.10 – Movimentos envolvidos na estrela
Fonte: Shutterstock.com/Gwoeii
Para o salto de mãos à frente, Daiane realiza uma pequena corrida e 
um salto, com o corpo inclinado para frente, para executar uma reversão 
dianteira rodando através de uma parada de mãos para o ar e, além, para 
tocar o solo. Quando o pé de salto toca o solo, levemente atrás do centro 
de gravidade da ginasta, seu corpo encontra-se em uma posição que per-
mite Daiane rodar para frente. Conforme seu corpo começa essa rotação, 
Daiane leva o pé contrário ao salto para frente e coloca-o no solo em frente 
ao outro. Nesse instante, há um abaixamento simultâneo de braços e do 
– 201 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
tronco e uma impulsão da perna de trás, deslocando o centro de gravidade 
para a frente, por sobre e além do pé da frente. À medida em que ela 
alcança as mãos no solo, vigorosamente a ginasta estende a perna da frente 
e aumenta seu momento angular, levando seu corpo para cima em direção 
à posição de parada de mãos. Em seguida, Daiane contrai a musculatura 
dos ombros e membros superiores, aplicando uma força ao solo, o qual 
reage a essa impulsão e eleva o corpo da atleta para o ar (HAY, 1981).
Figura 9.11 – Movimentos envolvidos no salto de mãos à frente
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Maquiladora
O salto mortal para frente nada mais é que uma cambalhota enquanto 
o ginasta está no ar, frequentemente precedido de uma pequena corrida e 
de um pequeno salto para elevar ambos os pés, unidos, a uma impulsão. 
Ao tocar o solo na descida do pulo, o choque da queda é amortecido pela 
leve flexão das articulações do quadril, do joelho e do tornozelo, posição 
a qual posteriormente passará a ser vigorosamente estendida para impul-
sionar o corpo para cima. Após nossa ginasta deixar o solo, ela se desloca 
rapidamente para uma posição grupada, diminuindo seu momento de inér-
cia e aumentando sua velocidade de rotação para, posteriormente, sair de 
sua posição grupada, diminuir sua velocidade de rotação e se preparar 
para tocar firmemente o solo (HAY, 1981).
O flic-flac pode ser realizado tanto a partir de uma posição firme 
(em pé), como após uma rodada. Partindo da posição em pé, o(a) ginasta 
estende os membros superiores para trás dele(a) e, com os pés levemente 
separados, flexiona o quadril e o joelho e abaixa as nádegas para baixo e 
para trás. Em seguida, balança os braços vigorosamente em direção para 
baixo, para a frente e para cima, aplicando uma força no solo através das 
Cinesiologia e Biomecânica
– 202 –
articulações do quadril, joelho e tornozelo. A força de reação do solo pro-
jeta o(a) atleta para cima e para trás para o ar e, visto que sua linha de 
ação ultrapassa seu centro de gravidade, e imprime ao corpo o momento 
angular necessário para trás. Ao tocar as mãos no solo, o momento angular 
do(a) atleta deve ser grande o suficiente para possibilitar uma parada de 
mãos e uma posição para o ar firme (Figura 9.12A). O mortal para trás 
exige uma impulsão semelhante à do flic-flac e suas ações no ar são seme-
lhantes às do mortal para frente, com a diferença que, no mortal para trás, 
o(a) atleta é capaz de visualizar o solo durante seu voo muito mais cedo 
que no mortal para frente – o que possibilita uma correta coordenação dos 
movimentos conforme a preparação para tocar o solo, conforme demons-
trado na Figura 9.12B (HAY, 1981).
Figura 9.12 – Movimentos envolvidos no flic-flac e no mortal para trás
A) 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Maquiladora
– 203 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
9.2 Natação
As técnicas de natação passaram por consideráveis modificações 
ao longo dos últimos anos, podendo ser destacadas as evoluções nos 
nados crawl, costas e borboleta, bem como a substituição do nado peito 
como o estilo mais importante. O objetivo dos atletas de natação é 
alcançar a distância completa de sua prova, segundo o modo prescrito 
e no menor tempo possível, ou seja, obter a máxima velocidade média 
que for capaz. A velocidade média constitui o produto de dois fato-
res: a) comprimento médio da braçada; isto é, a distância horizontal 
média percorrida durante a execução de um ciclo completo dos mem-
bros superiores e b) frequência média das braçadas, isto é, o número 
médio de ciclos completos dos membros superiores executados em um 
determinado período.
Para compreendermos a cinesiologia e a biomecânica envolvidas 
na natação, vamos considerar uma situação hipotética de um nadador, 
Gustavo, que realizará um treino de nado estilo peito – provavelmente 
o primeiro estilo empregado pelos humanos para se deslocarem na água. 
Para começar, Gustavo deve deslizar pela água, posicionando-se o mais 
horizontalmente possível, com a cabeça próxima à superfície da água e 
levemente inclinada para frente, membros superiores estendidos à frente, 
palmas das mãos voltadas para fora e membros inferiores abaixo da super-
fície, o suficiente para exercerem uma força de propulsão (Figura 9.13A). 
Em seguida, Gustavo inicia o movimento de puxada das braçadas com 
os membros superiores à frente, a uma distância de 20 cm da superfície; 
realizando a movimentação lateral dos membros superiores com as mãos 
côncavas, através da forte ativação dos músculos rotadores mediais dos 
membros superiores (subescapular, redondo maior e dorsal largo), con-
forme demonstrado na Figura 9.13B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.13 – Movimentos envolvidos no deslizamento e na puxada das braçadas
A) 
Cinesiologia e Biomecânica
– 204 –
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Concomitante ao movimento de adução dos membros superiores, 
Gustavo começa a flexionar os cotovelos para que as mãos descrevam 
um movimento circular para fora e para baixo. Ao final desse movi-
mento, as mãos do nadador estarão em seu ponto mais profundo e os 
cotovelos formarão um ângulo de quase 90º, momento em que Gus-
tavo deverá elevar sua cabeça à superfície para realizar a inspiração. 
Para a realização dessa varredura para baixo, são ativados os múscu-
los adutores da articulação escapuloumeral (peitoral maior, redondo 
maior e dorsal largo), flexores do cotovelo (bíceps braquial, braquial e 
braquiorradial), flexores do punho (flexores radial e ulnar do carpo) e 
extensores da nuca (esplênios da cabeça e pescoço, ileocostal cervical, 
transverso do pescoço, complexo maior, espinhoso cervical, semiespi-
nhal cervical, complexo menor, intertransversais, interespinhais e mul-
tífides). Ainda durante a varredura para baixo, Gustavo deve iniciar a 
recuperação da pernada, flexionando os joelhos para a fase da tomada 
(CARNAVAL, 2002).
Figura 9.14 – Movimentos envolvidos na varredura para baixo
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Suzanne 
– 205 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
Ao término da varredura para baixo, as mãos de Gustavo devem 
voltar-se para dentro e, dessa forma, o sentido da braçada se altera, 
para dentro e para cima, dando continuidade ao movimento circular dos 
membros superiores. Assim, as mãos se aproximam do centro do corpo 
e, quando se unem abaixo do queixo, os cotovelos se aproximam um 
do outro abaixo do tronco; acompanhados por uma elevação da cintura 
escapular, o que facilita a inspiração do ar. Na varredura para dentro, 
são ativados os músculos flexores do cotovelo (bíceps braquial, bra-
quial e braquiorradial), adutores da articulação glenoumeral, músculo 
supinador do antebraço e elevadores da cintura escapular (trapézios 
superior e intermediário, elevadores da escápula e romboides) (CAR-
NAVAL, 2002).
Figura 9.15 – Movimentos envolvidos na varredura para dentro
Fonte:adaptada de Shutterstock.com/BigMouse
Durante a varredura 
para dentro, Gustavo 
deve iniciar a tomada 
da pernada flexionando 
completamente os joe-
lhos, trazendo os pés pró-
ximos e acima das náde-
gas, com os calcanhares 
para cima e os dedos 
voltados para fora, atra-
vés da ativação dos mús-
culos flexores do joelho 
(bíceps femoral, semiten-
Figura 9.16 – Tomada da pernada
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/pio3
Cinesiologia e Biomecânica
– 206 –
díneo e semimembranáceo), flexores do tornozelo (tibial anterior, fibu-
lar anterior e extensor dos dedos), eversores do tornozelo (extensor dos 
dedos, fibular anterior e fibulares laterais curto e longo) e abdutores da 
articulação coxofemoral (glúteo médio e tensor da fáscia lata) (CARNA-
VAL, 2002).
Assim que suas mãos se encontrarem abaixo do queixo e os coto-
velos estiverem juntos, Gustavo deve estender seus membros superio-
res, à frente e paralelos à superfície, através da ativação dos extenso-
res do cotovelo (tríceps braquial e ancôneo), flexores da articulação 
glenoumeral (deltoide anterior, peitoral maior e coracobraquial) e ele-
vadores da cintura escapular (trapézios superior e intermediário, ele-
vadores da escápula e romboides); ao mesmo tempo, o nadador deve 
abaixar a cabeça para a expiração, ativando o esternocleidomastoideo 
(Figura 9.17A). Enquanto realiza a recuperação dos membros superio-
res, Gustavo deve realizar a pernada juntamente com a varredura para 
baixo, na qual os joelhos se estendem e os pés realizam um movimento 
para baixo e para fora, nas laterais, até que atinjam o ponto mais afas-
tado da linha média do corpo, através da ativação dos músculos exten-
sores do joelho (vastos lateral, intermédio e medial, reto anterior e 
sartório) e da articulação coxofemoral (semitendíneo, semimembraná-
ceo, bíceps femoral e glúteo maior), conforme demonstrado na Figura 
9.17B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.17 – Movimentos envolvidos na recuperação e na pernada
A) 
– 207 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
B) 
Fonte: Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN/ Dark ink
Chegando ao ponto mais lateral, os pés do nadador devem iniciar o 
deslocamento de volta para dentro e para baixo, uma “pernada em chico-
tada”. Nesse movimento, os pés continuam a girar para dentro pela inversão 
dos tornozelos (tibial anterior e posterior), os joelhos realizam a completa 
extensão e a articulação coxofemoral realiza uma adução (adutores maior, 
médio e menor, pectíneo e grácil) até os pés quase se unirem quando Gus-
tavo inicia a fase de recuperação da pernada (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.18 – Movimentos envolvidos na “pernada em chicotada”
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Cinesiologia e Biomecânica
– 208 –
Para realizar o nado crawl, Gustavo deve se posicionar quase na hori-
zontal, com a cabeça relativamente baixa e um pouco abaixo da superfície, 
quadris levemente inferiores aos ombros e membros inferiores para trás, e 
joelhos estendidos e tentando manter o corpo em linha reta a fim de impe-
dir o deslocamento lateral de partes do corpo. Antes, devemos considerar 
que a cada ciclo de braçada, Gustavo realizará seis batidas descendentes 
com os membros inferiores e que os movimentos descritos a seguir serão 
referentes ao membro superior direito. Começando pela braçada, o nada-
dor deverá entrar na água, acima da cabeça, com o cotovelo em semiflexão 
e mais alto que a mão, que é a primeira a entrar na água; projetada na 
superfície, formando um ângulo de cerca de 30º e com a palma voltada 
para fora, para que os dedos “cortem” a água com mínima turbulência e 
maior eficiência (CARNAVAL, 2002).
No momento em que a mão entra na água, ela começa a girar até 
que a palma fique voltada para baixo e, ao mesmo tempo, o cotovelo se 
estende, fazendo com que o membro quase se estenda completamente, 
enquanto o braço esquerdo está terminando a braçada por baixo da água. 
Essa sequência é realizada através da ativação do supinador do antebraço, 
extensores do cotovelo (tríceps braquial e ancôneo) e flexores da articu-
lação glenoumeral (deltoide anterior, peitoral maior e coracobraquial). 
Enquanto isso, a perna esquerda realiza uma batida descendente através da 
ativação dos músculos flexores da articulação coxofemoral (iliopsoas, reto 
anterior, pectíneo e sartório), flexores do joelho (bíceps femoral, semiten-
díneo e semimembranáceo) e extensores do joelho (reto anterior e vastos 
lateral, intermediário e medial) (Figura 9.19A) (CARNAVAL, 2002).
Quando a mão alcança o ponto em que começa a provocar na água 
uma reação de propulsão (“ponto de pegada”), coincidentemente ao 
momento em que o braço esquerdo cessa a pressão na água, o punho rea-
liza uma flexão em um ângulo de cerca de 40 º e gira para fora (flexores 
radial e ulnar do carpo); o cotovelo flexiona (bíceps braquial, braquial e 
braquiorradial) proporcionalmente ao movimento de trazer o braço para 
baixo e para trás, a fim de que a distância entre o ponto de aplicação de 
força e o eixo da articulação do ombro diminua, diminuindo também o 
braço de resistência e proporcionando uma aplicação de força maior com-
parada ao movimento com o cotovelo estendido. Dessa forma, Gustavo 
– 209 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
se movimenta para a frente. O braço esquerdo, enquanto isso, termina seu 
impulso e inicia sua passagem por fora da água; ao mesmo tempo em que 
a perna esquerda realiza uma batida ascendente, com o joelho estendido e 
o tornozelo em flexão plantar (glúteo maior, semitendíneo, semimembra-
náceo e bíceps femoral), e a perna direita realiza uma batida descendente, 
conforme demonstrado na Figura 9.19B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.19 – Movimentos envolvidos no ataque (braçada) e na tomada
A) 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Quando o ombro gira na braçada, a mão naturalmente se movimenta 
para fora e o braço começa, então, a realizar uma adução para manter 
a mão, seguindo a direção para baixo e buscando manter o ponto no 
qual a força propulsiva resultante for aplicada na água, abaixo do eixo 
longitudinal de Gustavo, através da ativação dos músculos adutores da 
Cinesiologia e Biomecânica
– 210 –
articulação glenoumeral (peitoral maior, dorsal largo e redondo maior). 
Nesse momento, o braço esquerdo encontra-se na fase de ataque e a 
perna direita realiza uma batida descendente, enquanto a esquerda rea-
liza uma batida ascendente. A fase de varredura para dentro consiste no 
movimento da mão direita no sentido para dentro, para cima e para trás, 
conforme a mão varre por baixo do corpo, abaixo do ombro e na direção 
da linha ou além da linha média do corpo. O braço esquerdo continua no 
ataque, enquanto sua cabeça inicia uma rotação sobre o eixo longitudinal 
para que Gustavo inspire, através da ativação dos músculos adutores da 
articulação glenoumeral (peitoral maior, dorsal largo e redondo maior), 
depressores da cintura escapular (trapézio inferior, subclávio e peitoral 
menor) e rotadores da coluna cervical (esplênios da cabeça e pescoço, 
eretores da coluna, semiespinhal cervical, esternocleidomastoideo, rota-
dores e multífides), conforme demonstrado na Figura 9.20 (CARNA-
VAL, 2002).
Figura 9.20 – Movimentos envolvidos na varredura para baixo e varredura para dentro
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
A mudança do movimento, de varredura para dentro para varredura 
para cima, acontece quando a mão passa sob os quadris e, então, projeta-
-se para fora, para cima e para trás, aproximando-se da região anterior 
da coxa. O cotovelo permanece se estendendo até quase o término dessa 
fase, através da ativação dos extensores do cotovelo (tríceps braquial e 
ancôneo). Terminando a fase de propulsão, o cotovelo começa a flexionar 
e se elevar para fora da água; Gustavo termina de rodar a cabeça e inicia 
a inspiração, enquanto sua perna direita realiza o movimento de batida 
ascendente, e a esquerda, de batida descendente (CARNAVAL, 2002). 
– 211 –
Cinesiologia e biomecânicaaplicada aos esportes II 
Figura 9.21 – Movimentos envolvidos na varredura para cima
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VectorShow
Na fase de recuperação, Gustavo movimenta o cotovelo para cima e 
para frente, através da ativação dos músculos adutores da cintura escapu-
lar (trapézio inferior e romboides) e extensores horizontais da articulação 
glenoumeral (deltoides médio e posterior, infraespinhal e redondo menor), 
movimentando o antebraço e a mão para fora da água, enquanto o braço 
esquerdo inicia uma tração na água, no instante em que o braço direito 
termina o impulso. Quando a mão do braço direito, fora da água, supera a 
linha do ombro, Gustavo começa a estender o cotovelo para a mão realizar 
um novo movimento de ataque à água, através da ativação dos extensores 
do cotovelo, flexores da articulação escapuloumeral e elevadores da cin-
tura escapular. Gustavo gira a cabeça novamente para o eixo longitudinal, 
finalizando a inspiração, e realiza o último movimento de batida descen-
dente da perna direita e ascendente da perna esquerda; conforme demons-
trado nas Figuras 9.22A e 9.22B (CARNAVAL, 2002). 
Figura 9.22 – Movimentos envolvidos na varredura para cima
A) 
Cinesiologia e Biomecânica
– 212 –
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/BigMouse
No nado borboleta, a posição do nadador é semelhante à do nado 
crawl, com a cabeça levemente abaixo da superfície da água, entretanto, 
com as pernas relativamente mais altas que no crawl. O nado tem início 
com a entrada dos braços na água, com as palmas das mãos afastadas na 
largura do ombro e viradas para baixo e para fora; cotovelos mais altos 
que a linha das mãos e quase estendidos, cabeça dentro da água e leve-
mente flexionada, joelhos flexionados e tornozelos em flexão plantar para 
realização do movimento descendente da pernada através da ativação dos 
músculos extensores do joelho (reto anterior, vastos lateral, intermediário 
e medial, e sartório) e flexores da articulação coxofemoral (iliopsoas, reto 
anterior, pectíneo e sartório) (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.23 – Movimentos envolvidos na entrada
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
– 213 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
Para o deslize, Gustavo deverá permanecer afastando os braços com 
extensão quase total dos cotovelos, através da ativação dos músculos 
extensores (tríceps braquial e ancôneo), encerrando a batida descendente 
dos membros inferiores. Em seguida, na fase de apoio, o nadador eleva 
mais lateralmente os braços e começa a flexionar os cotovelos através 
da ativação dos músculos adutores da articulação glenoumeral (dorsal 
largo, peitoral maior e redondo maior) e dos flexores do cotovelo (bíceps 
braquial, braquial e braquiorradial). Nesse instante, os pés estão situados 
mais profundamente e o quadril encontra-se elevado, dando início ao 
movimento ascendente das pernadas, conforme demonstrado na Figura 
9.24A (CARNAVAL, 2002).
Na tração, Gustavo deve começar a se movimentar de maneira a 
desenhar na água o início da fase “S-duplo”; permanecendo com a ativa-
ção dos adutores da articulação glenoumeral e dos flexores do cotovelo. 
Os pés, em fase ascendente e quase na linha da água, juntamente com 
os joelhos estendidos, são mantidos pela ativação dos músculos extenso-
res da articulação coxofemoral (glúteo maior, semitendíneo, semimem-
branáceo e bíceps femoral). A cabeça de Gustavo, através dos músculos 
extensores da nuca, realiza uma leve extensão e mantém o rosto na linha 
da água: esplênio da cabeça e do pescoço, ileocostal cervical, transverso 
do pescoço, complexo maior, espinhoso cervical, semiespinhal cervical, 
complexo menor, intertransversais, interespinhais e multífides, conforme 
demonstrado na Figura 9.24B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.24 – Movimentos envolvidos na fase de apoio e na tração
A) 
Cinesiologia e Biomecânica
– 214 –
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Seguidamente, Gustavo alinha os cotovelos na altura dos ombros, 
flexionados e altos, tracionando as mãos para trás e para dentro, em busca 
da linha média corporal e dando início à movimentação da segunda fase 
do “S-duplo” (mãos para trás e para fora, até atingirem a altura do qua-
dril). Com os joelhos flexionados e os pés ao nível da água, o nadador 
dá início à descendência da segunda pernada quando as mãos se encon-
tram ao nível da linha dos ombros; enquanto a cabeça permanece em leve 
extensão, permitindo que Gustavo inspire (Figura 9.25A). O nado borbo-
leta é finalizado quando as mãos do nadador se encontram na altura dos 
quadris através da ativação dos músculos extensores do cotovelo, adutores 
da articulação glenoumeral e extensores da articulação glenoumeral (dor-
sal largo, peitoral maior, redondo maior e deltoide posterior), projetadas 
para trás e para fora, finalizando o movimento. Por fim, Gustavo levanta 
a cabeça para inspirar, colocando o rosto para fora da água, e a batida 
descendente da pernada é cessada; com os pés no ponto mais profundo, 
conforme demonstrado na Figura 9.25B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.25 – Movimentos envolvidos no empurrão e na finalização
A) 
– 215 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Maquiladora/ BigMouse
Para sua próxima 
entrada na água, Gustavo 
deve acionar os aduto-
res (trapézio inferior e 
romboides) e elevadores 
da cintura escapular (tra-
pézios superior e inter-
mediário, elevadores da 
escápula e romboides), 
erguer os braços para 
fora da água e lançá-los 
à frente, realizando uma 
circundução anterior 
(CARNAVAL, 2002).
Para realizar o nado costas, Gustavo deve posicionar seu corpo quase 
na horizontal, de costas para a superfície da água, com o queixo próximo 
ao tronco, de maneira que consiga visualizar a movimentação da água cau-
sada pelas pernadas, desenvolvidas no mesmo ritmo do nado crawl (seis 
batidas para cada ciclo de braçada). O nadador deve posicionar os quadris 
um pouco abaixo da superfície, para que as pernadas sejam realizadas 
abaixo dela. Na fase de ataque, o braço esquerdo, com o cotovelo esten-
dido e rodado medialmente, ataca a água acima da cabeça, com a palma da 
mão voltada para fora e o dedo mínimo sendo o primeiro a tocar a água. 
Nesse movimento, temos a ativação dos músculos flexores da articula-
ção glenoumeral (peitoral maior, coracobraquial e deltoide anterior), dos 
rotadores mediais dessa mesma articulação (subescapular, redondo maior 
Figura 9.26 – Posição e músculos envolvidos na 
próxima entrada (recuperação)
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/ Nejron Photo
Cinesiologia e Biomecânica
– 216 –
e dorsal largo) e dos elevadores da cintura escapular (trapézios superior e 
intermediário, elevador da escápula e romboides) (CARNAVAL, 2002).
O braço direito de Gustavo, enquanto isso, encontra-se terminando 
sua fase de impulso; a perna esquerda se encontra na metade da trajetória 
da batida descendente e com os joelhos estendidos, estendendo a articu-
lação coxofemoral através da ativação dos músculos extensores (glúteo 
maior, semimembranáceo, semitendíneo e bíceps femoral), conforme 
demonstrado na Figura 9.27A. Passando para a fase de apoio, Gustavo 
começa a flexionar o cotovelo (bíceps braquial, braquial e braquiorradial) 
e o punho esquerdos (flexores radial e ulnar do carpo) para conseguir rea-
lizar a “pegada” e iniciar a fase de tração, enquanto o membro inferior 
esquerdo finaliza a batida descendente, com o joelho em total extensão 
e o membro inferior direito com o pé no ponto mais profundo, conforme 
demonstrado na Figura 9.27B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.27 – Movimentos envolvidos no ataque e no apoio
A) 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
A fase de tração do nado costas se inicia com o braço esquerdo, aumen-
tando-se a flexão do cotovelo a fim de diminuir o braço de resistência, dimi-
– 217 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
nuindo o torque na articulação do ombro, e propiciando maior aplicação de 
força. O braço realizaa rotação lateral através da ativação dos rotadores da 
articulação glenoumeral (infraespinhal e redondo menor) e inicia sua adu-
ção através da ativação dos músculos adutores (dorsal largo, redondo maior 
e peitoral maior). Enquanto isso, a mão realiza a tração através da movimen-
tação em um sentido descendente e lateralmente ao corpo, o braço direito 
inicia sua fase de recuperação aérea, a perna direita, sua fase ascendente, e a 
perna esquerda, sua fase descendente (Figura 9.28A). Ao atingir a linha dos 
ombros, a mão de Gustavo deverá estar voltada para baixo e os cotovelos 
flexionados em cerca de 100 º, a fim de não permitir que a mão passe muito 
longe ou muito abaixo do corpo, desta forma evitando, respectivamente, 
oscilações horizontais ou verticais, que causariam um aumento da resistên-
cia do corpo na água. Enquanto isso, a perna esquerda estará na metade da 
fase descendente da batida, e a perna direita na metade da ascendente, con-
forme demonstrado na Figura 9.28B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.28 – Movimentos envolvidos na tração
A) 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Cinesiologia e Biomecânica
– 218 –
A fase de impulso se inicia quando a mão ultrapassa a linha dos 
ombros e o cotovelo se encontra em sua flexão máxima (aproximada-
mente 90 º). O braço começa a girar para dentro, através da ativação 
dos rotadores mediais da articulação glenoumeral e o cotovelo inicia sua 
extensão através da ativação dos extensores (tríceps braquial e ancôneo), 
enquanto a mão traciona a água no sentido para trás e para baixo. Nesse 
instante, a perna direita de Gustavo termina sua fase ascendente e inicia a 
descendente, ocorrendo o inverso com a perna esquerda (Figura 9.29A). 
Dando seguimento à fase do impulso, o cotovelo esquerdo permanece 
estendendo-se até completa extensão, a palma da mão é direcionada no 
sentido de produzir o impulso final para trás, ao lado da face externa da 
coxa, cujo objetivo é facilitar a rotação do corpo de Gustavo para a direita, 
em torno do seu eixo longitudinal, melhorando a eficiência da entrada do 
braço direito na água. Concomitantemente ao ataque da mão direita na 
água, buscando seu ponto de apoio, o braço esquerdo se eleva, facilitado 
pelo posicionamento mais alto do ombro esquerdo. No final do impulso, a 
perna esquerda do nadador já terminou sua batida ascendente e já come-
çou sua fase descendente, ocorrendo o inverso com a perna direita, con-
forme demonstrado na Figura 9.29B (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.29 – Movimentos envolvidos no impulso
A) 
– 219 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
B) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Para a fase de recuperação, Gustavo ataca a água com o braço direito 
enquanto o braço esquerdo inicia sua recuperação, chamada de “passagem 
aérea”. Atingindo a superfície da água com o ombro esquerdo, Gustavo 
deve fazer com que o braço seja elevado da superfície, de forma relaxada, 
quase que verticalmente, com os cotovelos estendidos e lançados para trás 
da cabeça, através da ativação dos flexores da articulação glenoumeral. 
Durante essa passagem, a perna esquerda realiza sua fase descendente e 
ascendente enquanto a perna direita realiza o inverso, conforme demons-
trado nas Figuras 9.30A, 9.30B e 9.30C (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.30 – Movimentos envolvidos na recuperação
A) 
Cinesiologia e Biomecânica
– 220 –
B) 
C) 
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Kakigori Studio/ Maquiladora/
Ao ouvir o disparo do revólver na largada de uma competição, o nada-
dor deve deixar o bloco de partida o mais rapidamente possível; enquanto 
emprega, ao mesmo tempo, a maior velocidade horizontal possível. Nos 
nados crawl, peito e borboleta, a técnica de saída é muito semelhante, 
sendo a única diferença o ângulo de entrada na água, maior no estilo 
peito. Na “saída de agarre”, o nadador sobe no bloco de partida ao ouvir o 
comando “aos seus lugares”, executado pelo juiz de partida, e posiciona-
-se em pé, com os pés paralelos e com os dedos flexionados por sobre 
a borda anterior do bloco. Em seguida, ele semiflexiona os joelhos, fle-
xiona bem o tronco, posiciona os membros superiores longitudinalmente 
e voltados para baixo, com os cotovelos estendidos e as mãos segurando a 
borda anterior da plataforma de saída (CARNAVAL, 2002).
– 221 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
Figura 9.31 – Posição da “saída de agarre”
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Nejron Photo
Ao som do tiro, o nadador deve aplicar uma força para cima e para 
frente com as mãos, para que seus membros superiores sejam lançados 
pela ativação dos músculos flexores da articulação glenoumeral (peito-
ral maior, coracobraquial e deltoide anterior) e dos elevadores da cintura 
escapular (trapézios superior e médio, elevador da escápula e romboides), 
além de realizar uma extensão do tronco (ileocostal dorsal e lombar, dor-
sal largo, semiespinhal torácico, intertransversais, interespinhais, rotado-
res e multífides) (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.32 – Continuação da “saída de agarre”
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/OSTILL is Franck Camhi
Cinesiologia e Biomecânica
– 222 –
No início do movimento dos membros superiores, o nadador deve 
impulsionar o bloco para baixo e para trás, estendendo fortemente as arti-
culações do joelho (reto anterior, vastos lateral, intermédio e medial, e 
sartório) e coxofemoral (glúteo maior, semitendíneo, semimembranáceo 
e bíceps femoral) e realizando uma flexão plantar do tornozelo (gastroc-
nêmios lateral e medial, e sóleo). Nos estilos crawl e borboleta, o ângulo 
de entrada na água deve ser de aproximadamente 15 º, enquanto no estilo 
peito deve ser de 20 º a 30 º (CARNAVAL, 2002).
Figura 9.33 – Saída dos nados crawl, peito e borboleta
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Nejron Photo
No nado costas, a saída do nadador é realizada na água e de frente 
para a cabeceira de saída, com ambas as mãos apoiadas nos suportes 
de agarre. Os pés e os dedos devem ficar abaixo da superfície da água e 
apoiados na parede da piscina, distantes entre si em aproximadamente 
30 cm. Ao comando do juiz, o nadador deve flexionar os cotovelos 
(bíceps braquial, braquial e braquiorradial), tracionando seu corpo 
para cima e na direção do bloco, através da ativação dos extensores da 
articulação glenoumeral (dorsal largo, peitoral maior, redondo maior e 
deltoide posterior) e dos depressores da cintura escapular (subclávio, 
peitoral menor e trapézio inferior), para que consiga tirar seu corpo da 
água o máximo que puder e executar o salto, na impulsão (CARNA-
VAL, 2002).
– 223 –
Cinesiologia e biomecânica aplicada aos esportes II 
Ao ouvir o tiro de lar-
gada, o nadador solta o 
agarre e se projeta para cima 
e para trás, estendendo for-
temente as articulações do 
joelho, coxofemoral e tor-
nozelo, ao mesmo tempo 
em que lança seus membros 
superiores pelos lados do 
corpo até que estejam em 
seu prolongamento, esten-
dendo também a nuca, a fim 
de facilitar a elevação do 
tórax e do abdômen, reali-
zando um arco na coluna 
(CARNAVAL, 2002).
Na virada do nado 
crawl, o nadador se apro-
xima a cerca de 2 metros 
da parede da piscina e 
posiciona os dois braços 
ao longo do corpo, até que 
suas mãos atinjam a altura 
dos quadris. Com os 
cotovelos completamente 
estendidos, ele flexiona 
o pescoço e a coluna 
para colocar a cabeça e 
os ombros para baixo; 
ativando os músculos 
esternocleidomastoideo e 
reto maior do abdômen, 
oblíquo maior e menor 
e iliopsoas (Figura 9.36) 
(CARNAVAL, 2002).
Figura 9.34 – Saída do nado costas
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Gert Vrey
Figura 9.35 – Continuação da saída do nado costas
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/StockphotoVideo
Cinesiologia e Biomecânica
– 224 –
Figura 9.36 – Movimentos envolvidos na virada do nado crawl
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/VAZZEN
Nesse momento, o nadador flexiona os joelhos e as pernas saem da 
água, ficando o tronco e os braços paralelos à água (Figura 9.37A). Em 
seguida, o nadador