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Estrutura da Sentença no Direito Processual Penal II

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SENTENÇA E SUA ESTRUTURA
- DIREITO PROCESSUAL PENAL II -
Prof.ª Esp. Soliny Mariane Tavares Araújo
solinyaraujo@aesga.edu.br
AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE GARANHUNS - AESGA
FACULDADES INTEGRADAS DE GARANHUNS - FACIGA
- SENTENÇA E SUA ESTRUTURA -
- DIREITO PROCESSUAL PENAL II -
Conceito:
Conforme conceitua Capez (2022, p.395):
Sentença em sentido estrito (ou em sentido próprio) é a
decisão definitiva que o juiz profere solucionando a
causa. Melhor dizendo, é o ato pelo qual o juiz encerra o
processo no primeiro grau de jurisdição, bem como seu
respectivo ofício.
Na sentença consuma-se a função jurisdicional do
Estado, aplicando-se a lei ao caso concreto, com a finalidade de
extinguir juridicamente a controvérsia.
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Classificação:
As sentenças dividem-se em:
 CONDENATÓRIAS: Julgam procedentes a pretensão punitiva,
total ou parcialmente.
 ABSOLUTÓRIAS: Não acolhem o pedido de condenação. Essas
subdividem-se em:
• Próprias – Não acolhem a pretensão punitiva, não impondo
qualquer sanção ao acusado. Adentra o mérito.
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Classificação:
• Impróprias – Não acolhem a pretensão punitiva, mas reconhecem a
prática da infração penal e impõem ao réu medida de segurança
(inimputabilidade).
 TERMINATIVAS DE MÉRITO: Julgam o mérito, mas não condenam nem
absolvem o acusado, como, por exemplo, na sentença de declaração da
extinção de punibilidade.
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Requisitos Formais das Sentenças Criminais:
O Código de Processo Penal elenca os requisitos das sentenças 
criminais em seu artigo 381, o que formam a sua estrutura.
Art. 381 do CPP - A sentença conterá:
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz
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Requisitos Formais das Sentenças Criminais:
 RELATÓRIO (ou exposição ou histórico): Requisito do artigo 381, I e II do
CPP. A sentença deve conter o nome das partes, assim como um resumo
dos atos e fatos relevantes que tenham ocorrido durante a marcha
processual.
EXCEÇÃO: A Lei 9.099/95 dispensa o relatório nos casos de sua competência
(JECRIM).
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Requisitos Formais das Sentenças Criminais:
 MOTIVAÇÃO (ou fundamentação): Requisito do artigo 381, III do CPP. É o
momento em que o juiz apresenta os motivos de fato e de direito que o
levaram a condenar ou absolver o réu. É a ocasião em que o juiz expõe
seu raciocínio, devendo analisar todas as teses e argumentos levantadas
pela defesa e acusação, sob pena de nulidade.
É a garantia constitucional de que os julgamentos dos órgãos do poder
judiciário são públicos, devendo ser fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, conforme descrito no artigo 93, IX da CF.
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Requisitos Formais das Sentenças Criminais:
 MOTIVAÇÃO (ou fundamentação):
Atualmente a previsão de nulidade absoluta pela carência de
fundamentação resta expressa no artigo 564, inciso V, do CPP, com a
redação dada pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
Ademais o Pacote Anticrime, inseriu no CPP o rol de hipóteses em
que a sentença não será considerada fundamentada, previsto no artigo 315,
§2º, incisos I ao VI do CPP, situações que já eram previstas no CPC (artigo
489, §1º) e utilizadas de forma subsidiária no Processo Penal .
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Requisitos Formais das Sentenças Criminais:
 CONCLUSÃO (ou parte dispositiva): É a fase do dispositivo, a decisão
propriamente dita, em que o juiz julga o acusado declarando a
procedência ou improcedência da ação penal, assim como indica os
artigos de lei aplicados e por fim coloca a data e a sua assinatura.
A ausência de dispositivo também é causa de nulidade absoluta.
Prevê o artigo 388 do CPP que a sentença pode ser manuscrita,
datilografada ou digitada, sendo que, nas últimas hipóteses, o juiz deverá
rubricar todas as folhas.
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Princípio da Correlação:
Estabelece que deve haver uma correlação entre o fato descrito na
denúncia ou queixa-crime e o fato pelo qual o réu é condenado.
O juiz não pode julgar o acusado extrapetita, ultra ou citra petita,
não podendo se desvincular da inicial acusatória julgando o réu por fato
que ele não foi acusado.
É principio garantidor do direito de defesa do acusado, cuja
inobservância acarreta a nulidade da decisão.
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Emendatio Libelli ou Modificação da Definição 
Jurídica do Fato (artigo 383,CPP):
Pode ser definido como a adequação feita de ofício pelo juiz dos fatos
narrados na peça acusatória à correta tipificação legal, caso o autor da
ação penal tenha se equivocado nesta atividade de tipificação
Desta forma, o juiz identificando referida situação, pode, de ofício, sem
a necessidade de aditamento da inicial e de oitiva da defesa, consertar tal
definição. E, o momento correto para essa adequação é o da prolação da
sentença.
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Emendatio Libelli ou Modificação da Definição 
Jurídica do Fato (artigo 383,CPP):
Ex.: Ministério Público narra na denúncia um crime de roubo e tipifica a
conduta como crime de furto, o que autoriza o magistrado a utilizar a
tipificação correta na sentença, como se roubo fosse, ainda que isso
implique aumento de pena.
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Mutatio Libelli (artigo 384,CPP):
A Mutatio Libelli ocorre quando há a necessidade de ampliação da
tese acusatória, sendo imprescindível o aditamento à denúncia, conferindo
a defesa a oportunidade para que se manifeste a respeito do teor desse
aditamento.
Ex.: O MP narra e tipifica na denúncia o crime de furto (Artigo 155 do
Código Penal), diante dos elementos que possuía no Inquérito policial, mas
após a audiência de instrução e julgamento, obtêm-se a informação que a
subtração se deu mediante violência ou grave ameaça contra a pessoa, o
fato passa a ser caracterizado crime de roubo, exigindo, que o Ministério
Público realize o aditamento da denúncia para a inclusão da elementar
desse tipo penal.
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Mutatio Libelli (artigo 384,CPP):
Art. 384 do CPP - Encerrada a instrução probatória, se entender
cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de
prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em
virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação
pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
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Mutatio Libelli (artigo 384,CPP):
Apresentado o requerimento pelo Ministério Público no prazo legal,
a defesa terá o mesmo prazo de 05 (cinco) dias para se manifestar,
podendo ambas as partes arrolar até três testemunhas.
RECEBIDO O ADITAMENTO: O juiz designará dia e hora para continuação da
audiência, com a inquirição das testemunhas, novo interrogatório do
acusado, realização de debates e julgamento. Ficando o juiz adstrito ao
aditamento.
NÃO RECEBIDO O ADITAMENTO: O processo deverá prosseguir.
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Mutatio Libelli (artigo 384,CPP):
EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI
O autor da ação penal, na peca inicial, narra
corretamente os fatos, mas se equivoca na
tipificação jurídica dos mesmos.
O autor da ação penal, na peca inicial, narra
e tipifica corretamente.No entanto, com o
resultado da instrução criminal, surge prova
nova a respeito de elemento ou circunstância
da infração penal não contida na inicial
acusatória.
Tendo em vista que não se opera alteração
narrativa dos fatos, permite-se o conserto da
tipificação jurídica dos mesmos de ofício pelo
juiz, sem necessidade de aditamento da
denúncia.
Tendo em vista que opera alteração
narrativa dos fatos, não se permite o conserto
da tipificação jurídica dos mesmos de ofício
pelo juiz, exigindo-se, portanto, aditamento à
denúncia.
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Independência do Juiz na Sentença (artigo 
385,CPP):
O artigo 385 do CPP estabelece que, nos crimes de ação penal
pública, o juiz, ao sentenciar, tem ampla liberdade e independência, no
sentido de que poderá condenar o réu mesmo que o Ministério Público
tenha pedido absolvição (Princípio da obrigatoriedade da ação penal).
Assim como poderá reconhecer circunstâncias agravantes, mesmo que
nenhuma parte tenha alegado já que diz respeito a aplicação da pena,
matéria privativa do julgador
Nas ações penais privadas, se o autor requer a absolvição do réu, o
juiz deve decretar a extinção da punibilidade, será hipótese de perempção
(Artigo 60, inciso III, parte final, do CPP).
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Sentença Absolutória (artigo 386,CPP):
O artigo 386 prevê as hipóteses de absolvição, as quais o juiz
deve observar quando da fundamentação das sentenças
absolutórias.
São elas:
I - Estar provada a inexistência do fato; (Exclui a
responsabilidade civil)
II - Não haver prova da existência do fato; (Dúvida – permite a
responsabilidade civil)
III- Não constituir o fato infração penal; (Permite-se a
responsabilidade civil)
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Sentença Absolutória (artigo 386,CPP):
IV- Estar provado que o réu não concorreu para a infração
penal; (Certeza- afasta a responsabilidade civil)
V - Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração
penal; (Dúvida – é possível a responsabilidade civil se provado)
VI - existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o
réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do
Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua
existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Dúvida)
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Sentença Absolutória (artigo 386,CPP):
Efeitos da sentença absolutória
Art. 386, Parágrafo único do CPP - Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
III - aplicará medida de segurança, se cabível.
Se houve pagamento de fiança deverá ser restituída.
Coisa soberanamente julgada – impossibilidade de nova
ação penal pelo mesmo fato.
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Sentença Condenatória (artigo 387,CPP):
O Juiz, ao proferir decisão condenatória, deverá observar o disposto no
artigo 387 do CPP, indicando o artigo do Código Penal que o réu estará
incurso. Assim sendo, deve o juiz no caso das sentenças condenatórias:
I - mencionar as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no
Código Penal, e cuja existência reconhecer;
II – mencionar as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva
ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos
arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal.
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Sentença Condenatória (artigo 387,CPP):
III - aplicar as penas de acordo com essas conclusões;
IV - fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
V - atender, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e
medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro;
VI - determinar se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em
resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o,
do Código Penal).
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Sentença Condenatória (artigo 387,CPP):
Dispondo ainda o parágrafo 1º do artigo 387 que o juiz decidirá,
fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição
de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, diante da presença dos
requisitos legais e condições de admissibilidade, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
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Sentença Condenatória (artigo 387,CPP):
São efeitos da sentença condenatória:
a) A certeza da obrigação de reparar o dano resultante da infração –
meramente declaratória – Artigo 63, CPP
b) Perda do instrumento ou do produto do crime – Artigo 91, II do CP
c) Demais efeitos previstos no artigo 92 do CP. Ex: Perda do cargo,
função pública ou mandado eletivo.
d) Prisão do réu, diante da presença dos requisitos legais.
Efeitos da sentença Condenatória
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Publicação e Intimação da Sentença (artigo 389 
a 392,CPP):
 PUBLICAÇÃO – Conforme previsto no artigo 389, do CPP a publicação da
sentença ocorre com a entrega dos autos no cartório, é portanto a data
de entrega em cartório e não da assinatura da sentença.
 INTIMAÇÃO – Artigo 392 - Será realizada nos moldes abaixo:
RÉU (SOLTO OU PRESO): Pessoalmente.
RÉU REVEL: Edital (prazo 90 dias pena privativa de liberdade por tempo
igual ou superior a 1 (um) ano e 60 dias, nos outros casos).
DEFENSOR CONSTITUÍDO, DEFENSOR PÚBLICO E DATIVO: Pessoalmente.
MINISTÉRIO PÚBLICO: Pessoalmente.

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