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DIREITO PENAL 3 – 2º BIMESTRE 1. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - Após condenar, fazer a dosimetria da pena, analisar a existência de concurso de crimes e definir o regime inicia, a próxima fase é a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos - Penas restritivas de direito muito raramente estão previstas no preceito secundário da norma, sendo aplicadas pelo juiz no caso concreto após fixar pena privativa de liberdade, se for possível a substituição + O art. 306, CTB (dirigir embriagado) é uma exceção - Caso a pena seja substituída e o sujeito descumpra alguma das condições impostas da pena restritiva de direitos, perderá a substituição e terá que cumprir a pena privativa de liberdade inicialmente fixada pelo juiz – A pena é reconvertida! 1.1 REQUISITOS PARA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA RESTRITIVA DE DIREITOS > Os requisitos são CUMULATIVOS - Art. 44, CP. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II - o réu não for reincidente em crime doloso; + §3º. Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime ((reincidência específica)) III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente + De acordo com a letra fria da lei, havendo 1 ou 2 circunstâncias negativas é possível não promover a substituição, mesmo sendo exagerado > Quantas penas restritivas de direitos substituem uma pena privativa de liberdade? - Art. 44, §2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos¹; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos ¹. Se já houver multa no preceito secundário, o correto é escolher a restritiva de direito + Verificar o art. 60, §2º (específico para multa) - 6 meses SEM multa no preceito secundário = apenas multa - 6 meses COM multa no preceito secundário = uma restritiva > E se o condenado não cumprir a pena restritiva de direitos? -Art. 44, §4º. A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão + Pena cumprida, é pena extinta. Se o condenado já cumpriu metade da pena, deverá cumprir a outra metade em restritiva de liberdade + Faltando 1h para cumprir a pena, será reconvertida para 30 dias de detenção ou reclusão > E se, durante o cumprimento da pena restritiva de direitos, o apenado é condenado por outro crime? - Art. 44, §5º. Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior 1.2 MODALIDADES DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO – ART. 43, DO CP > Inciso I e IV são os mais utilizados pelo judiciário! - É muito raro o juiz fixar pena substituta que não seja prestação pecuniária e prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas 1. Prestação Pecuniária: -Prevista no art. 45, §1º, do CP – “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ((geralmente quando a vítima tiver morrido)) ou à entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.” + A sentença penal condenatória, no juiz cível é título executivo, se os beneficiários fossem os mesmos, isso além de pena, torna-se mais uma indenização (mesmo que parcial). - Não se confunde com a multa, esta vai para o fundo penitenciário, e é uma dívida de valor que o agente adquire perante o Estado. Se o sujeito deixa de pagar a multa, a pena não é extinta, mas não há retorno para pena privativa de liberdade + É melhor para o acusado pagar primeiro a prestação pecuniária, caso não tenha dinheiro para pagar tanto a prestação como a multa. - “§ 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.”, isso ocorre na execução e é raro, quando ocorre, geralmente no interior. 2. Perda de bens e valores: - Previsto no art. 45, §3º, do CP - “A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.” - Para Nucci, e o prof. concorda, esses bens não podem ser o produto do crime, se forem, não é pena, porque uma das consequências naturais da condenação por crime que gera proveito econômico é o perdimento do produto/proveito do crime (arts. 91 e 92, do CP), portanto, se já será uma consequência, aplicar como pena uma consequência natural, não é pena. - Se os bens perdidos não podem ser o proveito do crime, tem que ser outros bens do acusado. É muito raro ver isso como pena, nem temos jurisprudência farta sobre. 3. Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas: - Prevista no art. 46 do CP, dispõe que o juiz pode fixar essa pena quando a privativa de liberdade a ser substituída for maior que seis meses + Pode substituir por outra pena restritiva de direitos, mas não pela prestação de serviço caso não se adeque ao prazo do dispositivo - Para crimes dolosos, a substituição só ocorre para penas de até 4 anos. - O sujeito não recebe pelo trabalho que realiza, uma vez que está cumprindo pena ao trabalhar. Conforme dispõe o parágrafo primeiro, consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. - Além disso, o parágrafo segundo, dispõe que essas atividades se darão em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. - O parágrafo terceiro dispõe que o sujeito deve realizar 7 horas semanais do serviço, durante o período em que teria que cumprir pena privativa de liberdade, uma vez que as tarefas “serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho” + Se o condenado for médico, ou engenheiro e etc., poderá atuar nessa área ajudando. Muitas vezes mesmo após o fim da pena, continua prestando serviços voluntariamente, pelos vínculos que cria. - O sujeito pode fazer mais horas por semana para se livrar, mas nunca em tempo inferior à metade do que teria que cumprir a pena privativa de liberdade, podendo, portanto, fazer 14 horas semanais, conforme o parágrafo quarto: “Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada”. - PENA CUMPRIDA É PENA EXTINTA, PELO CÓDIGO! 4. Interdição temporária de direitos: - Prevista no art. 47, do CP, é a mais difícil de ser fiscalizada pelo Estado e não se confunde com a tornozeleira - São elas: A.Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo (pelo tempo em que cumprir a pena) B. Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público C. Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo - Apreensão de CNH. Isso foi mais ou menos substituído pelo CTB, que hoje também é responsável pela imposição e por isso caiu em desuso. D. Proibição de frequentar determinados lugares - Não há qualquer fiscalização, é muito difícil a fiscalização pelo estado. Eventualmente quando o sujeito realiza postagens em redes sociais pode ser identificado o descumprimento E. Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos (pelo tempo que cumprir a pena) - O juiz que decide qual aplicará, a doutrina diz que deve ser vinculado ao crime, mas a lei não obriga a vinculação, desde que haja fundamentação 5. Limitação de fim de semana: - Art. 48, do CP: “A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.” - Isso é muito raro, porque quase não há casas de albergado - Não se confunde com regime aberto, é uma pena substitutiva. Regime aberto consiste em trabalhar fora e voltar para casa de albergado a noite e nos dias de folga 1.3 ASPECTOS FINAIS DAS MODALIDADES DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4 o do art. 46 - Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes + Para que os incisos sejam aplicados, o crime deve ter violado os DEVERES da profissão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2. PENA DE MULTA - Não se confunde com a prestação pecuniária prevista na pena restritiva de direitos + Prestação pecuniária (1-360 S.M) ≠ Multa (10-360 dias-multa) - Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa §1º. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário + Sendo possível aplicar o parágrafo, a fundamentação deve ser realizada com os elementos do processo que comprovam o poder aquisitivo do condenado §2º. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária - Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. §1º. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo 2.2 CRITÉRIO BIFÁSICO DA FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA 1) Estipulação da quantidade de dias-multa. Proporcionalidade com a pena privativa de liberdade fixada, substituída ou não por pena restritiva de direitos. Variação: entre 10 e 360 dias-multa. 2) Estipulação do valor unitário do dia-multa. Proporcionalidade com a capacidade financeira do apenado. Variação: entre 1/30 do salário mínimo e cinco salários mínimos vigentes à época do fato. + Realizadas as duas fases anteriores, o juiz ainda deve verificar se é o caso de aplicação do art. 60, § 1º, do CP 2.3 HIPÓTESES DE APLICAÇÃO DA MULTA - Aplicada como alternativa para pena de detenção ou reclusão + Também há a possibilidade de haver detenção E multa - Outra possibilidade é quando a multa substitui a pena restritiva de liberdade 2.4 ESTIPULAÇÃO DA QUANTIDADE DE DIAS-MULTA - 10 dias-multa equivalem à pena mínima estipulada para o crime - 360 dias-multa equivalem à pena máxima estipulada para o crime + Assim, o intervalo entre o mínimo e o máximo da pena equivale a 350 dias-multa EXEMPLO: CRIME DE ESTELIONATO – PENA: 1-5 ANOS E MULTA Máx.: 5 anos (60 meses) = 360 dias-multa Mín.: 1 ano (12 meses) = 10 dias-multa Intervalo: 4 anos (48 meses) = 350 dias-multa > Na sentença, a pena é fixada em 2 anos e 6 meses (18 meses acima no mínimo) 48 meses (INTERVALO) ......................................350 d.m 18 meses (QUANTO ACIMA DO MÍNIMO) ......... X X = 131, 25 > Quantidade de dias-multa que equivale a 18 meses (quantia que excedeu o mínimo) A este valor, soma-se o mínimo de dias-multa (10), o que resulta em 141 dias-multa 2.5 PAGAMENTO DA MULTA - Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais + Transitando em julgado, o condenado é intimado para efetuar o pagamento 2.6 CONVERSÃO DA MULTA E REVOGAÇÃO - Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição + O não pagamento da multa NÃO acarreta a reconversão da pena restritiva de direitos em privativa da liberdade - A multa, todavia, permanece sendo espécie de sanção penal. Por isso, mesmo que cumprida a pena privativa de liberdade (substituída ou não por restritiva de direitos), o não pagamento da multa impede a declaração de extinção da punibilidade do acusado - Em caso de morte do agente não se estende a cobrança aos herdeiros. Afinal, conforme a Constituição Federal, “a pena não passará da pessoa do condenado 2.7 MULTA NO CONCURSO DE CRIMES - Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente + O dispositivo NÃO se aplica nos casos de crime continuado - No caso de crime continuado, a pena mais grave será aumentada e aplica-se a regra de 3 + Apenas para o crime em que incide a pena de multa ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS) - Se houve a substituição da pena, não haverá SURSIS - A SURSIS refere-se a suspensão da pena PRIVATIVA DE LIBERDADE 3.1 REQUISITOS DA SUSPENSAÇÃO DA PENA - Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 anos, desde que: + Apesar de falar em execução, quem aplica é o juiz da sentença I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; + Até então, repete o rol do art. 44 III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código + O art. 44 afirma que havendo violência ou grave ameaça, a pena não poderá ser SUBSTITUÍDA. Diferentemente, o art. 77 não faz referência a violência ou grave ameaça - §1º. A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício + Mesmo que o condenado seja reincidente e no crime anterior tenha tido a pena de multa, a SURSIS poderá ser concedida - §2º. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade,ou razões de saúde justifiquem a suspensão + Até 2 anos = 4-6 anos suspensa / Maior que 2 anos = 2-4 anos, mesmo que maior de 70 anos 3.2 CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS DA SURSIS - A pena não está sendo cumprida, está SUSPENSA! - Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz - §1º. No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). - §2°. Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades 3.3 CONDIÇÕES FACULTATIVAS - Art. 79. A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado - Art. 80. A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa 3.4 REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA DA SURSIS - Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (deixa de prestar serviços à comunidade) 3.5 REVOGAÇÃO FACULTATIVA DA SURSIS - §1º. A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos 3.6 PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA §2º. Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo §3º. Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado 3.7 CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES - Art. 82. Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4. EFEITOS DA CONDENAÇÃO - Diferente dos efeitos da pena - Só é válido após o trânsito em julgado - É condenatória a sentença que impõe pena ao imputável ou medida de segurança ao semi-imputável - A sentença que impõe medida de segurança ao inimputável tem caráter absolutório (absolvição imprópria). Portanto, não acarreta os efeitos previstos nos artigos 91, 91-A e 92 do Código Penal - A decisão que homologa transação penal também não ostenta caráter condenatório 4.1 PRINCIPAIS EFEITOS: - A imposição da pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos e/ou multa) ao imputável ou medida de segurança ao semi-imputável que apresenta periculosidade 4.2 EFEITOS SECUNDÁRIOS: - Caracterização da reincidência (arts. 63 e 64 do CP) ou de maus antecedentes em futura condenação, com todas as consequências daí decorrentes; - Revogação obrigatória ou facultativa do sursis e do livramento condicional; - Aumento ou interrupção do prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110 do CP) - Empecilho ao oferecimento de transação penal ou suspensão condicional do processo (arts. 76, § 2º, I, e 89 da Lei n. 9.099/95) 4.3 EFEITOS SECUNDÁRIOS DE NATUREZA EXTRAPENAL Genéricos: toda sentença os produz, sem necessidade de decretação expressa na decisão condenatória. Decorrem da condenação a todo e qualquer crime + Não precisam de fundamentação - Estão previstos no art. 91 do CP - Art. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (ver arts. 63 a 68 do CPP, e arts. 929, 930 e 943 do CC); - É possível ir ao cível discutir o VALOR da reparação II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito [ver 62 e 63 da Lei 11.343/2006 e art. 243 da CF]; b) do produto (lucro) do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso + O proveito pode ser direito ou indireto – Ex.: roubar joias, vende-las e comprar um apartamento §1º. Poderá ser decretada a perda (sequestro) de bens ou valores equivalentes ao produto (origem lícita ou ilícita) ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. §2º. Na hipótese do §1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda Específicos: decorrem da condenação de apenas alguns delitos. Precisam ser fundamentados na sentença condenatória - São previstos nos artigos 91-A e 92 do CP - No art. 91-A verifica-se a inversão do ônus da prova. O réu deve comprovar a origem lícita do bem, retirando essa função do Estado - Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos nos demais casos (qualquer crime) + Mesmo que a pena seja substituída por restritiva de direitos pode haver a perda do cargo (desde que haja fundamentação na sentença) II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes DOLOSOS sujeitos à pena de RECLUSÃO cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso - Parágrafo único: Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5. MEDIDAS DE SEGURANÇA - Consequência jurídico-penal diversa da pena aplicada para o maior de 18 anos, pela prática de conduta típica antijurídica - O inimputável não compreende a ilicitude da conduta ou, mesmo compreendendo não é capaz de conter seus instintos - O fundamento da medida de segurança é a PERICULOSIDADE, enquanto a da pena é a culpabilidade - Sistemas: a) Vicariante: aplica-se pena reduzida OU medida de segurança b) Duplo binário: pena E medida de segurança 5.1 ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA - Art. 96. As medidas de segurança são: I – Internação (reclusão) em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial (detenção) Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta 5.2 IMPOSIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA PARA INIMPUTÁVEL - Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial + Se o laudo pericial determinar que seria melhor seguir o tratamento ambulatorial, mesmo no caso de reclusão, poderá ser aplicado 5.3 PRAZO - §1º. A internação,ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos 5.4 PERÍCIA MÉDICA - §2º. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução 5.5 DESINTERNAÇÃO OU LIBERAÇÃO CONDICIONAL - §3º. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade - §4º. Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos 5.6 SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL - Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado - Havendo a melhora do condenado, ele deverá retornar ao estabelecimento prisional para que cumpra o restante da pena. Neste caso não há, propriamente, uma substituição 5.7 DETRATAÇÃO E MEDIDA DE SEGURANÇA - Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior - Súmula 422 do STF: “A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe privação da liberdade” - Súmula 527do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado” 5.8 SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MEDIDA DE SEGURANÇA PARA O SEMI-IMPUTÁVEL - Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 a 3 anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º - Art. 99. O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - Punibilidade: possibilidade jurídica de o Estado impor sanção penal como consequência da infração penal - Trata-se da extinção da possibilidade de punir. Não se trata do não reconhecimento da existência da infração - São eventos que podem ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado da condenação. Alguns afetam a pretensão punitiva do estado; outros, a pretensão executória - Para o tema destaca-se o art. 107 do CP (que possui rol aberto) -Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; - Dependendo do momento da morte, extingue-se a pretensão punitiva ou executória - Alcança todas as espécies de pena. Remanescem os efeitos decorrentes do preceito constitucional (CF, art. 5º, inciso XLV – “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”) - A morte deve ser provada com certidão de óbito + E se for falsa? Tramitando em julgado, a extinção de punibilidade não opera efeitos e o processo é retomado de onde parou II - pela anistia, graça ou indulto; - Modalidades de indulgência soberana do Estado, que renunciam ao direito de punir. Não são provenientes do Poder Judiciário, mas demandam acolhimento por decisão judicial Anistia: - Lei 6683/79 - Depende de lei ordinária, a qual tem efeitos retroativos - Destina-se, em regra, à extinção da punibilidade de crimes políticos - Abrange fatos do passado, e não indivíduos específicos - Pode ser condicionada ou incondicionada; própria ou imprópria (quando concedida após a sentença condenatória); geral ou parcial (apenas crimes de determinado inciso) - Apaga todos os efeitos penais (até para os fins de reincidência). Permanecem os efeitos civis Graça: - Atinge pessoa específica que tem contra si uma sentença condenatória transitada em julgado, para que haja extinção da punibilidade ou comutação da pena - Ato privativo do Presidente da República, mas pode ser delegado - Atinge o cumprimento da pena, restando intactos os efeitos penais secundários e os civis - Pode ser total ou parcial Indulto: - Concedido espontaneamente pelo Presidente da República (usualmente, ao final do ano, mas não há regra) - Abrange o grupo de condenados que preenchem os requisitos do Decreto presidencial. O trânsito em julgado pode não ser necessário para a concessão do benefício - Pode ser total ou parcial; condicionado ou incondicionado - O indulto tem o alcance que lhe dá o Decreto presidencial. As penas extintas ou a comutação são aquelas mencionadas no específico Decreto. III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; - abolitio criminis - Atinge todos os efeitos penais decorrentes da conduta. Subsistem os efeitos civis + A conduta pode voltar a ser criminosa, mas só valerá para crimes novos IV - pela prescrição, decadência ou perempção; Decadência do direito de queixa ou de representação: - Art. 103, CP - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do §3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia - É preciso que o advogado ajuíze uma queixa Perempção: - Art. 60, CPP. Nos casos em que somente se procede mediante QUEIXA, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo [CPP, art. 31], ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. - Ocorrem na ação penal privada exclusiva, e não na subsidiária da pública V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; - Diferente da decadência, a renúncia ocorre ANTES do fim do prazo da decadência - Art. 104, CP. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. - Art. 49, CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; - A retratação não depende do aceite do querelante - Exemplos: art. 143 do CP (calúnia e difamação) e art. 342, §2º do CP (falso testemunho) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei - Em regra, ocorre em crimes culposos – mas pode ser previsto para crimes dolosos - Causa extintiva de punibilidade pessoal, que não se comunica aos demais agentes que intervieram no mesmo crime - Não depende da aceitação do réu 6.1 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DE CRIMES ACESSÓRIOS, COMPLEXOS E CONEXOS -Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7. PRESCRIÇÃO - Causa de extinção de punibilidade decorrente do transcurso do tempo entre marcos interruptivos - Fundamentos: os órgãos investigativos precisam trabalhar com eficiência, do contrário o processo não terá um tempo razoável de duração e perde sua qualidade. Além disso, a prescrição limita o poder punitivo do Estado 7.1 CRIMES IMPRESCRITÍVEIS CRFB, art. 5º: - XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei (Lei no 7.716, de 05.01.89). - XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático 7.2 MODALIDADES Prescrição da Pretensão PUNITIVA: - Perda da pretensão de punir pelo decurso de tempo, que ocorre antes de ter havido aplicação da pena privativa de liberdade (prescrição da pretensão punitiva em abstrato) ou mesmo depois de aplicada pena privativa de liberdade (prescrição da pretensão punitiva em concreto) - Extingue a punibilidade - Não gera um juízo de culpabilidade e não gera reincidência - Impede o prosseguimento da ação penal e o mérito não é examinado Prescrição da Pretensão EXECUTÓRIA: perda, pelo decurso de tempo, da possibilidade de exigir o cumprimento da pena fixada em decisão condenatória transitada em julgado - Ao contrário da prescrição da pretensão punitiva, a prescrição da pretensão executória não torna sem efeito a decisão que condenou o acusado. A formação da culpa permanece intacta, assim como os efeitos civis e os efeitos penais secundários da sentença condenatória ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 8.1 TERMO INICIAL - Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal 8.2 CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO - Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; - Não com o protocolo, mas com o despacho manifestando o recebimento II - pela pronúncia; (JÚRI) - Havendo impronúncia ou absolvição sumária, não haverá interrupção III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (JÚRI) IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; - Sentença ou acórdãos ABSOLUTÓRIOS não interrompem + Os demais incisos são aplicáveis à prescrição executória 8.3 TIPOS DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA: a) Prescrição de acordo com a pena em ABSTRATO: Ocorre quando ainda não existe pena fixada em sentença. É calculada com base na pena máxima estipulada para o delito, de acordo com os prazos previstos no artigo 109 do CP - Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1 o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 anos, se o máximo da pena é inferior a 1 ano. - Na verificação de qual a pena a ser levada em consideração, descarta-se o artigo 59 e agravantes e atenuantes. Consideram-se, todavia, as causas de aumento ou diminuição (leva-se em conta a maior fração de aumento e a menor fração de diminuição) EXEMPLO: Homicídio culposo > Pena de 1 a 3 anos + art. 121, §4º (majorante) + A majorante pode aumentar a pena entre 1/6 e 2/3 b) Prescrição RETROATIVA: é calculada levando-se em conta a pena fixada em sentença; o lapso temporal considerado é aquele entre a sentença ou acórdão condenatório e o recebimento da denúncia ou queixa. Ou, ainda, entre o acórdão condenatório e a sentença condenatória TERMO INICIAL......... REC. DA DENÚNCIA..................SENTENÇA COND.................ACÓRDÃO Fixa a pena em 2 anos 4 ANOS + A pena de 2 anos prescreve em 4 anos. Sendo assim, os marcos anteriores devem observar tal prazo. (O MP pode recorrer) - Art. 110. §1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa >>> Situações em que é possível verificar a Prescrição Retroativa: 1. Depois de a sentença condenatória transitar em julgado para a acusação. Nesse momento, a pena não pode mais aumentar (princípio da vedação à reformatio in pejus). Assim, se, de acordo com a pena fixada em sentença, a pena estiver prescrita de acordo com os prazos do art. 109, estará extinta a pretensão punitiva do Estado. 2. Depois de improvido o recurso da acusação. Proferida a sentença condenatória, a acusação recorre. O recurso é improvido e, de acordo com a pena imposta e com os prazos do artigo 109 do CP, o lapso temporal suficiente para a prescrição já se passou 3. Depois de provido o recurso da acusação para aumentar a pena. Proferida a sentença condenatória, a acusação recorre para aumentar a pena. A pena é aumentada, mas não o suficiente para alterar o prazo de prescrição. 4. Réu absolvido em primeira instancia, porém mediante recurso da acusação foi condenado em segundo grau. Nesse caso, verifica-se se entre o recebimento da denúncia ou queixa e o acórdão passou-se prazo suficiente para a prescrição de acordo com os prazos do artigo 109 do CP c) Prescrição INTERCORRENTE: ocorre depois da decisão condenatória recorrível. Verifica-se entre a sentença ou acórdão condenatório e a decisão condenatória definitiva - Ocorre, usualmente, entre a publicação da decisão condenatória (sentença de primeiro grau ou acórdão) e o julgamento de recurso extraordinário ou especial EXEMPLO: - Acórdão condenatório> Resp não conhecido, mesmo recorrendo> O prazo retroage para o último dia para interposição do Resp + Caso o Resp seja conhecido, todo o prazo que levou para ser conhecido é contado d) Prescrição ANTECIPADA: é aquela declarada antes de ser fixada uma pena concreta em decisão condenatória, mas depois de decorrido prazo prescricional suficiente para a extinção da punibilidade de acordo com a pena mais provável que será imposta ao final do processo - Súmula 438/STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitivacom fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal - Súmula 146/ STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação + Quando o MP não recorre, é estabelecido um teto para a pena – Proibição da reformatio in pejus - Súmula 497/STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação 8.4 CAUSAS IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO - Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 9.1 PRAZOS - Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior (art. 109), os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente + O aumento de prazo decorrente da reincidência só vale para a prescrição da PRETENSÃO EXECUTÓRIA EXEMPLO: Pena de 2 anos > Prazo prescricional = 4 anos (+1/3 se for reincidente) 9.2 TERMO INICIAL - Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena 9.3 PRESCRIÇÃO NO CASO DE EVASÃO DO CONDENADO OU DE REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL - Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena 9.4 CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Incisos I a IV – referem-se à prescrição da pretensão punitiva) V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência - §1º. Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. - §2º. Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção 9.5 CAUSA IMPEDITIVA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - Art. 116. Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo 9.6 REDUÇÃO DE PRAZOS DE PRESCRIÇÃO - Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos 9.7 CONCURSO DE CRIMES - Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente - Concurso material: verifica-se crime a crime, isoladamente - Concurso formal: despreza-se o aumento decorrente do art. 70 do CP - Crime continuado: “Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”. (Súmula 497 do STF) 9.8 PRESCRIÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO - Art. 109. Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade 9.9 PRESCRIÇÃO DA MULTA - Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada - Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves