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1 2 SUMÁRIO 1. NOÇÕES DE EMPREENDEDORISMO .................................................. 3 1.1 Conceito de Empreendedorismo ............................................................. 4 1.2 Histórico do Empreendedorismo no Brasil .............................................. 5 1.3 Empreendedorismo no Brasil...................................................................6 2. PERFIL DOS EMPREENDEDORES ....................................................... 7 2.1 Características comuns dos Empreendedores ........................................ 8 2.2 Tipos de empreendedores .................................................................... 10 3. ATITUDE EMPREENDEDORA..............................................................13 4. PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO ............................................ 17 5. O MODELO DE EMPREENDEDORISMO ............................................. 20 5.1 Vantagens do empreendedorismo ..................................................... 21 5.2 Desvantagens do empreendedorismo ................................................... 22 6. O INTRAEMPREENDEDORISMO (IE) .................................................. 23 6.1 Benefícios do intraempreendedorismo .................................................. 26 7. RELAÇÃO ENTRE INTRAEMPREENDEDORISMO E SUCESSO EM PROJETOS......... ...................................................................................................... 27 7.1 Aprendizagem e educação empreendedora .......................................... 29 7.2 Especificidades da Educação Empreendedora ..................................... 32 8. PESQUISA DE MERCADO ................................................................... 36 8.1 A importância da pesquisa de mercado ................................................ 37 8.2 Para que serve pesquisa de mercado ................................................... 38 8.3 Classificações de pesquisa ................................................................... 40 8.4 Aplicação de pesquisas ......................................................................... 41 8.5 Como elaborar um questionário ................................................................ 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 48 3 1. NOÇÕES DE EMPREENDEDORISMO Fonte: data:image/jpeg Os estudos e o interesse pelo empreendedorismo têm crescido ao longo dos últimos anos, especialmente na academia e em setores governamentais. Tais estudos apontam que é definitivamente crucial fomentar o espírito empreendedor entre os jovens, uma vez que o desenvolvimento de novos negócios suporta a prosperidade de qualquer país, especialmente os em desenvolvimento (OLSZEWSKA, 2014). Olszewska (2014) diz que o empreendedorismo é um benefício não só para quem empreende, mas para todos ao redor do negócio, pois gera dinamismo econômico e crescimento do mercado, aumenta a concorrência e cria novos postos de trabalho, gera conhecimento e apoia inovações, fortalece redes e desenvolve o setor privado. Neste contexto, é importante salientar que a inovação e o espírito empreendedor, aspectos indissociáveis do empreendedorismo, despontam como as principais práticas para se sobreviver na era do conhecimento. Portanto, para garantir a sobrevivência organizacional é necessário ter a capacidade de se lançar com frequência ao mercado com um novo e inovador produto ou serviço (SIXSMITH; MOONEY, 2012). Após diversos avanços, mesmo que com resultados variados e ora conflitantes, tais pesquisas continuam a despertar o interesse da comunidade 4 científica. Algumas destas pesquisas apontam para uma relação positiva entre determinadas características pessoais dos empreendedores e indicadores de sucesso dos seus empreendimentos (GOMES et al, 2017). 1.1 Conceito de Empreendedorismo Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com Embora empreendedorismo seja um tema amplamente discutido nos dias atuais, seu conteúdo, varia muito de um lugar para outro, de país para país, de autor para autor. Isso porque, embora tenha como origem pesquisas em economia, o empreendedorismo recebeu fortes contribuições da psicologia e da sociologia, o que provocou diferentes definições para o termo e, como consequência, variações em seu conteúdo (BARTH, 2016). O termo empreendedorismo é originário da palavra francesa entrepeneur que significa fazer algo ou empreender. No século XIII foi absorvido pelo Inglês que foi usado para designar uma pessoa que trabalhava por conta própria e tolerava o risco no intento de promover seu próprio bem-estar econômico. Empreendedorismo é: prática; visão de mercado; evolução, e diz ainda: “O trabalho específico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje serem capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente” [...] “Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática” (BARTH, 2016). 5 Ser empreendedor significa, acima de tudo, ter a capacidade de realizar coisas novas, pôr em prática ideias próprias. Empiricamente, empreendedorismo costuma ser definido como o processo pelo qual indivíduos iniciam e desenvolvem novos negócios. Considerado dessa forma, como sendo um complexo fenômeno que envolve o empreendedor, a empresa e o ambiente no qual o processo ocorre. Desenvolvida dentro de um amplo contexto econômico, “empreendedorismo envolve qualquer forma de inovação que tenha uma relação com a prosperidade da empresa”. Em outras palavras, um empreendedor tanto pode ser uma pessoa que inicie sua própria empresa, como alguém comprometido com a inovação de empresas já constituídas. O ponto principal dessa definição é que o empreendedorismo (nos casos de empresas novas ou das já há algum tempo estabelecidas), torna-se fator primordial, fazendo com que os negócios sobrevivam e prosperem num ambiente econômico e de mudanças (culturais, sociais, geográficas). Esse autor concebe também o empreendedorismo como sendo um processo contínuo, ou seja, as novas oportunidades são percebidas pelos indivíduos com visão empreendedora e as exploram assim como conseguem transformar os problemas em grandes e destacáveis oportunidades. Sabe-se que o empreendedorismo é um fenômeno cultural, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões, países. Na verdade aprende-se a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores o empreendedor aprende em um clima de emoção e é capaz de assimilar e experiência de terceiros (BARTH, 2016). 1.2 Histórico do Empreendedorismo no Brasil No Brasil, o empreendedorismo começou a tomar forma e a ser objeto de estudos a partir da década de 1990. Com a abertura comercial do Brasil, por ocasião das políticas governamentais do presidente Fernando Collor de Melo, surge a preocupação de se criar empresas duradouras e de se diminuir as altas taxas de mortalidade deste empreendimento. Assim, esse foi o motor de propulsão para difundir o empreendedorismo nas escolas, universidades, no governo e na sociedade (MELLO et al., 2010). 6 O empreendedorismo no Brasil tradicionalmente nunca teve uma forte tendência ao empreendedorismo por oportunidade, mas esse quadro vem sofrendo modificações nos últimos anos. Segundo o relatório GEM-Brasil -Global Entrepreneurship Monitor (2013), os empreendedores por oportunidade são “os que identificaram uma chance de negócio e decidiram empreender, mesmo possuindo alternativas de emprego e renda”. Ainda segundo o relatório do instituto, no Brasil, em 2013, 71,3% dos empreendedores em estágio inicial relataram ter aberto uma empresa por oportunidade, colocando o país à frente dos 5 países do grupo dos BRICS2. Esse fato talvez se justifique porque, aindade acordo com o relatório, o intenso crescimento observado pelo Brasil, a partir de meados de 2000, abriu espaço para o aumento da parcela de empreendedores por oportunidades (GEM-Brasil, 2013). Além desse crescimento do empreendedorismo no Brasil, enquanto fenômeno refletido no nível de abertura de empresas, cresceu também nos últimos anos o estudo do empreendedorismo corporativo. Tal crescimento se deve ao fato de que, por conta da intensa concorrência com empresas globais e devido ao crescente nível de exigência do mercado interno, as empresas têm buscado no intraempreendedorismo as respostas para a melhoria no nível de qualidade dos serviços e produtos entregues aos seus clientes. Além disso, as empresas que estimulam o empreendedorismo corporativo apresentam melhores resultados no clima organizacional, mostrando bons indicadores na satisfação de seus funcionários (GOMES et al, 2017). 1.3 Empreendedorismo no Brasil O desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil se deu a partir da década de 90 com a criação de entidades como o SEBRAE e SOFTEX. Antes deste período, o ambiente político e econômico do país não era propício e os empreendedores não encontrava informações suficientes no desenvolvimento de seus negócios. No Brasil, o tema empreendedorismo passou a tomar forma com os programas desenvolvidos no âmbito da SOFTEX, principalmente em incubadoras de empresas e em universidades/cursos de ciência da computação. Atualmente, acredita-se que o país entrará no novo milênio em condições de desenvolver um dos maiores programas de ensino de empreendedorismo do mundo, comparável ao que acontece nos E.U.A. 7 Algumas iniciativas de suporte ao empreendedorismo no Brasil são listadas abaixo: Softex (Genesis) Empretec (SEBRAE) Brasil Empreendedor Projeto REUNE (CNI/IEL) Começa a haver a figura do capitalista de risco Crescimento das incubadoras de empresas tradicionais, tecnológicas e mistas. Ensino de empreendedorismo nas universidades Entidades de apoio (Sebrae, Endeavor, Instituto Empreendedor do Ano da Ernst & Young.). Alternativas de financiamento: Fapesp, Finep, Angels. Crescimento de franquias. 2. PERFIL DOS EMPREENDEDORES Fonte: img.quizur.com O perfil do empreendedor tem sido investigado por estudiosos há muito tempo, todos com intuito de traçar as particularidades que o diferencia dos demais. Mas ainda não foi possível encontrar características que generalize todos os empreendedores de sucesso, visto que nem todos compartilham os mesmos traços. Seria imaginar que esses indivíduos têm comportamentos e hábitos que lhes são típicos e que há possibilidade de agrupá-los e traçar uma espécie de perfil 8 empreendedor. Naturalmente, isso facilitaria muito a identificação do empreendedor, mas, apesar de existir um conjunto de características capazes de atender a tais requisitos, não se pode dizer que todos os empreendedores cabem neste molde. Assim, é praticamente impossível traçar um perfil único que sirva a todos, mas é possível definir conjuntos de características mais frequentemente encontradas. (Salim e Silva, 2010 p. 10) Segundo Dornelas 2015 mesmo não existindo um comportamento exato para os indivíduos que transforma a sociedade e fazem as coisas acontecerem, é possível traçar características mais comuns associadas aos empreendedores tais como, motivação eles são pessoas motivadas tem uma meta a atingir, paixão pelo que faz é movida pelos os seus sonhos, criativos estão sempre pensando em algo novo, liderança com sua energia incrível consegue influenciar pessoas ser admirado por elas, assumi risco sabe que o fracasso faz parte da jornada empreendedora e aprender com os erros também, planejamento sabe aonde quer chegar e planejando as chances de sucesso serão maiores, entre outras características. É certo que empreendedorismo vem sendo cada vez mais difundido e a busca pela definição do perfil empreendedor também. Dornelas (2015), classifica o empreendedor em 8 tipos considerando o comportamento, setor onde ele atua, finalidade financeira e o seu comportamento. 2.1 Características comuns dos Empreendedores Algumas características são essenciais no comportamento do empreendedor, pois são necessárias para se assumir um empreendimento. Para Bonetto (2017, p. 3) essas características são: buscar oportunidades e tomar a iniciativa, correr riscos calculados, exigir qualidade e eficiência, ser persistente, ser comprometido, buscar informações, estabelecer metas, ter planejamento e monitoramento sistemático, ter persuasão e rede de contatos, ser independente e autoconfiante. Chiavenato (2012) faz uma colocação sobre o espírito empreendedor que diz: “envolve emoção, paixão, impulso, inovação, risco e intuição”. É relevante conhecer as características do empreendedor e saber que “além do encontro da oportunidade com capacidade de realização, o grande desafio de controlar a ansiedade no desenvolvimento do negócio e a necessidade de um planejamento ainda que não se adote plano de negócios” (OLIVEIRA; CAMPOS, 2016). 9 No Quadro 1 são abordadas as principais características relativas ao perfil empreendedor. Quadro 1– Características do empreendedor 10 2.2 Tipos de empreendedores Fonte: data:image/jpeg Tipo 1 – Empreendedor Nato (Mitológico) O empreendedor nato é aquele que desde cedo começa a inserir-se no mundo dos negócios, tem muita paixão pelo que faz espirito de liderança e procura seguir sempre os princípios familiares religiosos. Sua história é conhecida tida como exemplo de sucesso, geralmente teve que superar muitos obstáculos para se tornarem hegemonia no mundo dos negócios. Destacam-se pela sua criatividade de inovar, força e vontade continua de aprender. Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e, muitas vezes, começaram do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas. [..]. Suas referências e exemplos a seguir são os valores familiares e religiosos, e eles mesmos acabam por se tornar uma grande referência [..]. Exemplos: Bill Gates, Andrew Carnegie, Sílvio Santos, Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá) etc. (DORNELAS, 2015, p.18). Tipo 2 – O Empreendedor que aprende (inesperado) É o tipo de empreendedor mais recorrente, geralmente é uma pessoa que sonha e almeja trabalhar em uma grande empresa vendo essa como única opção, pois prefere estabilidade ao invés de algo arriscado. O empreendedorismo surge em sua vida no momento que enxerga uma oportunidade e sente seguro para abrir o seu próprio negócio ou quando é convidado para ser sócia de uma empresa, normalmente essa decisão não é de imediato com exceção no caso de perda emprego ou demissão. A partir que toma essa decisão ele passa a duvidar das suas falsas crenças, começa 11 a aprender a lidar e assumir responsabilidade da sua própria organização. Em geral pessoas que estão buscando uma alternativa para sua aposentadoria, se encaixam nesse tipo de perfil empreendedor (DORNELAS, 2015). Tipo 3 – O empreendedor Serial (Cria Novos Negócios): O empreendedor serial é aquele que está sempre criando vários negócios e para ele o melhor sempre será o próximo, geralmente gerenciar não é o forte dele, pois prefere está estudando mercado se atualizando e relacionando com pessoas para inserir novas ideias e recursos a fim de continuar empreendendo. O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. Como geralmente é uma pessoa dinâmica, prefere os desafios e a adrenalina envolvidos na criação de algo novo a assumir uma postura de executivo que lidera grandes equipes.Normalmente está atento a tudo que ocorre ao seu redor e adora conversar com as pessoas, participar de eventos, associações, fazer networking. (DORNELAS, 2015). Tipo 04 – O empreendedor Corporativo: O Empreendedor Corporativo tem ficado mais em evidencia nos últimos anos, devido à necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e tem o desafio de lidar com a falta de autonomia, já que nunca terão o caminho 100% livre para agir. São hábeis comunicadores e vendedores de suas ideias. Desenvolvem seu networking dentro e fora da organização. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time, mas sabem reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são ambiciosos. Não se contentam em ganhar o que ganham e adoram planos com metas ousadas e recompensas variáveis. Se saírem da corporação para criar o próprio negócio podem ter problemas no início, já que estão acostumados com as regalias e o acesso a recursos do mundo corporativo (DORNELAS, 2015). Tipo 05 – Empreendedor Social: O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular. Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas. Suas 12 características são similares às dos demais empreendedores, mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos trazerem resultados para os outros e não para si próprios. De todo os tipos de empreendedores é o único que não busca desenvolver um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus objetivos ganhar dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das pessoas (DORNELAS, 2015). Tipo 06 – O Empreendedor por Necessidade: O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar arduamente e buscar de todas as formas a sua sobrevivência e a dos seus familiares, não contribui para o desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores por necessidade são vítimas do modelo capitalista atual pois não tem acesso a recursos, à educação e às mínimas condições para empreender de maneira estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco inovadoras, geralmente não contribuem com impostos e outras taxas, e acabam por inflar as estatísticas empreendedoras de países em desenvolvimento, como o Brasil. Sua existência em grande quantidade é um problema social que, no caso brasileiro, ainda está longe de ser resolvido (DORNELAS, 2015). Tipo 07 – O empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar): É aquele que possuindo ou não característica empreendedora é responsável pela continuação da herança familiar. Tendo compromisso de manter o legado de sua família seguindo as mesmas características e qualidade, para que possa prosseguir a cada nova geração. Mas para manter o bom desempenho e uma boa gestão, atualmente vem sendo comum contratação de executivos para gerenciar empresas familiares em conjunto com empreendedor herdeiro (DORNELAS, 2015). O empreendedor herdeiro adquire habilidades empreendedoras através dos exemplos familiares e acabam seguindo os mesmos passos, com isso aprende muito cedo a funcionalidade de um negócio, proporcionando assumirem cargos de direção quando ainda muito jovens. Seu perfil pode variar, uns são mais ousados e arriscam 13 implementar algo novo, outros já são maias conservadores e receiam mudanças, prefere continuar no que está dando certo. Contudo o que tem se visto são que muitos herdeiros e familiares estão optando por buscar especialização e capacitação externa com intuito de tomar decisões futuras, mas seguras não se atendo apenas a história e experiência que deram certo ao longo das gerações. (DORNELAS, 2015) Tipo 08 – O Empreendedor Normal (Planejado): Toda teoria sobre empreendedorismo de sucesso sempre apresenta o planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-sucedido e, em consequência, levar mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir melhores resultados. O empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca minimizar riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem uma visão de futuro clara e que trabalha em função de metas é o empreendedor aqui definido como o “normal” ou planejado. Então o empreendedor normal seria o mais completo do ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como referência a ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade considerável de empreendedores. No entanto, ao se analisar apenas empreendedores bem-sucedidos, o planejamento aparece como uma atividade bem comum nesse universo especifico, apesar de muitos dos bem-sucedidos também não se encaixarem nessa categoria (DORNELAS, 2015). 3. ATITUDE EMPREENDEDORA 14 Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com O valor dos empreendedores é evidente na maioria dos países em que indivíduos inovadores são altamente respeitados e muitas vezes percebidos como impulsionadores do crescimento econômico e do desenvolvimento regional (FRITSCH; WYRWICH, 2016). Os empreendedores aproveitam as oportunidades e usam a inovação e a tecnologia para conseguir avanços no mercado (TÜLÜCE; YURTKUR, 2015). Para Borasi e Finnigan (2010), o empreendedorismo converte o conhecimento em empreendimentos que fornecem valor, tanto tangível quanto intangível. Nesse cenário a figura do empreendedor não é somente acumular conhecimentos, mas possuir atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si mesmo, é voltar-se para atividades de risco e capacidade de inovar, de ser perseverante e de conviver com a incerteza. Para Minello (2014), o comportamento do empreendedor, no papel de gestor do seu próprio negócio, evidencia-se também na sua capacidade de lidar com a adversidade e na própria adversidade. Neste caso o ensino do empreendedorismo pode ajudar a aprimorar tais características e habilidades de gestão, promovendo a aprendizagem empreendedora (LEIVA; ALEGRE; MONGE, 2014). Desenvolver o comportamento empreendedor é capacitar o indivíduo para que ele crie, conduza e execute o processo de elaborar novos planos de vida. Nessa perspectiva, Lorentz (2015) evidencia que o indivíduo empreendedor manifesta uma série de características que o identifica, distinguindo-o de acordo com o conjunto de habilidades que mais se aproxima da sua forma de ser. A atitude empreendedora, abordada por meio da Teoria do Comportamento Planejado (Theoryof Planned Behavior - TPB) de Ajzen atualmente é um dos mais populares modelos sociopsicológicos para a compreensão e previsão do comportamento humano. Na TPB o antecedente imediato de um determinado comportamento é a “intenção” de realizar o comportamento em questão. Esta intenção é assumida como sendo determinada por três tipos de considerações ou crenças. O primeiro é denominado “crenças comportamentais” e refere-se às consequências positivas ou negativas da realização do comportamento e dos valores subjetivos ou das avaliações dessas consequências. Em seu agregado, as crenças comportamentais, que são facilmente acessíveis na memória,levam à formação de uma “atitude em relação ao comportamento”. Um segundo tipo de consideração tem 15 a ver com as expectativas e os comportamentos percebidos pelos indivíduos ou grupos, combinados com a motivação individual para cumprir com os referentes em questão. Essas considerações são denominadas crenças normativas. As crenças normativas, que são facilmente acessíveis na memória, se combinam para produzir uma pressão social percebida ou uma norma subjetiva em relação à realização do comportamento. O terceiro tipo de consideração, as crenças de controle, está preocupado com a presença percebida de fatores que podem influenciar a capacidade de uma pessoa de realizar o comportamento. Juntamente com o poder percebido desses fatores para facilitar ou interferir no desempenho comportamental, as crenças de controle são facilmente acessíveis e produzem certo nível de controle comportamental percebido em relação ao comportamento (AJZEN, 2015). Nesse sentido, quanto mais favorável a atitude e a norma subjetiva em relação ao envolvimento no comportamento e quanto maior o controle percebido, mais provável é que um indivíduo irá formar uma intenção de executar o comportamento em questão. Finalmente, espera-se que as intenções conduzam ao desempenho do comportamento, na medida em que as pessoas são de fato capazes de fazê-lo, isto é, na medida em que tem controle real sobre o comportamento. Sendo assim, assume- se que o poder exercido pela atitude, pela norma subjetiva e pelo controle percebido determina a intenção do comportamento (AJZEN, 2015). Na Figura 1 verifica-se um esquema da TPB. Fonte: Baseada em Ajzen (2015) 16 Para atingir os diferentes objetivos do ensino de empreendedorismo, especificamente atitude empreendedora, elencada ao comportamento empreendedor, necessita-se traçar um plano de ensino que se adapte a metodologia pedagógica ao contexto da aprendizagem esperada (ROCHA; FREITAS, 2014). Para isso, os cursos de graduação necessitam estar em sintonia com as demandas da sociedade, assim como com a geração de conhecimentos na área de empreendedorismo, por meio de práticas didáticas que estimulem o desenvolvimento do comportamento empreendedor (BALCONI, 2016). Na pesquisa atual o construto de atitude empreendedora, associado à teoria do comportamento planejado, é verificado em diferentes publicações. Os autores Morales-Alonso, Pablo-Lerchundi e Vargas-Perez (2016), por exemplo, em seu estudo esclarecem a importância da exposição aos modelos de empreendedorismo sobre a intenção empreendedora dos alunos de engenharia. Os autores consideram os alunos como fundadores potenciais de novas startups de conhecimento. Com esta finalidade, os autores desenvolveram um questionário com uma amostra de 851 estudantes de engenharia de uma universidade técnica na Espanha. Os resultados apontam que os pais que possuem negócios promovem a intenção empresarial e atitudes relacionadas em seus filhos. No entanto, os funcionários públicos são identificados como um modelo de papel negativo, impedindo tanto as atitudes como as intenções para o empreendedorismo. Madan e Popli (2016) analisaram a percepção dos educadores sobre a relação entre incentivar empreendedores, o desenvolvimento de centros de incubação, temas de empreendedorismo e educação empreendedora em instituições de ensino superior e também verificaram a associação entre as percepções dos educadores sobre a atitude empreendedora, agências de financiamento e educação empreendedora em instituições de ensino superior. O estudo investigou os fatores que afetam a percepção dos educadores sobre a educação empreendedora e sugeriu estratégias para motivar os alunos a se tornarem empreendedores após completarem sua formação profissional nas instituições de ensino superior. O estudo é de natureza exploratória e as respostas foram obtidas de professores de várias instituições de ensino superior na região da central da Índia. A importância do estudo é que ele se concentra na identificação de vários fatores que afetam a percepção dos educadores sobre a educação empreendedora em instituições de ensino superior. 17 Massis et al. (2016), com base na teoria do comportamento planejado e na literatura de atitude, desenvolveram e testaram hipóteses sobre os antecedentes situacionais e individuais da atitude empreendedora dos titulares das empresas familiares com uma amostra de 274 empresas familiares italianas. Os resultados mostraram que a atitude dos incumbentes em relação à sucessão intrafamiliar é, de fato, influenciada por antecedentes situacionais e individuais, bem como por suas interações. Handrimurtjahjo, Setiadi e Kuncoro (2015), em seu estudo “O papel da educação empreendedora na formação de atitudes empreendedoras dos alunos”, descreveram o papel da educação empreendedora, informando as atitudes empreendedoras dos alunos por meio do desenvolvimento dos centros de empreendedorismo na Indonésia e instituições de ensino superior. O objetivo do estudo é identificar os fatores determinantes das atitudes e das intenções empreendedoras. Participaram do estudo 118 alunos e os dados foram coletados por meio de questionários. Os dados coletados foram analisados quanto ao seu conteúdo, apresentados sob a forma de gráficos e foram submetidos a um tratamento estatístico simples. Os resultados indicam que os estudantes indonésios estão cientes das competências e das qualidades fortemente ligadas ao sucesso empresarial. Os resultados do estudo contribuem para as instituições de ensino superior da Indonésia compreenderem as atitudes empreendedoras dos seus alunos e investigar o papel da educação empreendedora e normas sociais na construção de atitudes que levam a intenções empreendedoras. 4. PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO O processo de empreender é resultado, sobretudo, da percepção, da dedicação e do trabalho dessas pessoas que, de acordo com Dornelas (2012) são especiais e fazem acontecer. Esse talento é componente primordial em todo o processo, ele possibilita as oportunidades de crescer, diversificar e desenvolver novos negócios. Contudo, apesar de fundamental, ele necessita de outros fatores, não menos importantes, para o surgimento do empreendimento. O primeiro fator são as ideias, sobretudo as boas ideias, que juntamente com as questões pessoais deixam o empreendimento na iminência de ocorrer. Outro fator importante e fundamental para 18 que o negócio saia do papel é o capital. Sua necessidade varia entre as situações, mas a falta dele pode inviabilizar um negócio brilhante, que continha o capital humano adequado e uma ótima ideia. Por fim, o know-how, que fazem convergir os outros componentes para um mesmo cenário, com o conhecimento e habilidade necessária para fazer o negócio crescer e tornar-se um sucesso (DORNELAS, 2012). Uma abordagem semelhante foi desenvolvida, na qual segmenta o processo empreendedor em quatro partes: Identificar e avaliar a oportunidade, desenvolver o plano de negócios, determinar e captar recursos necessários e gerenciar a empresa criada. Fonte: Dornelas (2012) Segundo Dornelas (2012), apesar de serem apresentadas de maneira sequencial, as fases podem apresentar configurações diferentes da representação da imagem, uma vez que os negócios são dinâmicos e que fases seguintes podem se iniciar antes de sua predecessora terminar, ou que haja necessidade de redefinir etapas previamente concluídas. Ainda segundo o autor, identificar e avaliar a oportunidade é a parte mais difícil, pois é exatamente nessa fase que entram o talento, o conhecimento, a percepção e o feeling do empreendedor. Já a segunda parte, do desenvolvimento do plano de negócios, é, geralmente, a que exige mais tempo e competências adequadas para a elaboração de um plano bem definido e correto. Em relação aos recursos, as informaçõessobre as fontes e formas onde serão captados já devem estar evidenciadas no plano de negócios. Diferentemente de épocas passada, atualmente a gama de possibilidades para a captação dos recursos é muito grande. Investidores 19 anjos, fundos de capital de risco, programas governamentais de incentivo ao empreendedorismo e à inovação, além dos tradicionais capital próprio, familiar, de amigos e bancos são exemplos comuns dessas fontes. Por fim, o gerenciamento do negócio, que pode parecer a tarefa mais fácil, também depende da dedicação e habilidade do empreendedor para o estabelecimento da empresa. Problemas com concorrência, com a aceitação do produto pelo mercado, com um colaborador chave que pede demissão são comuns nessa fase e, muitas dessas ocorrências independem de um processo de planejamento bem executado. Outra forma de se analisar o processo empreendedor é analisando três fatores principais: oportunidade, equipe e recursos. Ainda que, exista uma sequência de ações, ela não é estática, podendo sofrer modificações de acordo com cada projeto desenvolvido. O usual seria, primeiramente, investigar e obter a oportunidade, em seguida a seleção da equipe e pôr fim à procura dos recursos. Entretanto, a equipe, por exemplo, já pode estar formada antes mesmo de se ter uma oportunidade, ou parte dela pode ser definida apenas após a capitação dos recursos. Contudo, mesmo existindo essa flexibilidade, o autor destaca algumas questões importantes: deve-se formar uma equipe de empreendedores com características complementares, ampliando, dessa forma, as chances de sucesso, além de deixar as análises dos recursos efetivamente como a última a ser realizada, pois sua análise pode restringir o exame da oportunidade, que, por sua vez, deve vir em primeiro lugar (DORNELAS, 2012). Fonte: Dornelas (2012). 20 5. O MODELO DE EMPREENDEDORISMO Apesar de alguns modelos competirem como métodos teóricos e ferramentas de mensuração, o aspecto mais preocupante no desenvolvimento da literatura em intenção empreendedora é o fato de que praticamente todas as pesquisas atuais simplesmente replicam os modelos originais, em situações e contextos diferentes, como países, culturas, espaços laborais, perfis, etc. (IBRAHIM; MAS’UD, 2016; SINGH; VERMA; RAO, 2016). Os poucos que quebram esse paradigma, no entanto, acrescentam poucos aspectos relevantes aos modelos já utilizados (TSAI; CHANG; PENG, 2016; ENTRIALGO; IGLESIAS, 2016), corroborando com a ideia de que o crescimento do domínio substantivo se dá em detrimento do conceitual. Isto é, hoje pouco se estuda em termos de crescimento teórico em empreendedorismo. Ao contrário, estuda-se empreendedorismo de grupos específicos, muitas vezes em estudos dificilmente reproduzíveis, e comparam-se grupos. Em alguns casos, por exemplo, em Tsai, Chang e Peng (2016), comparam-se aspectos empreendedores em dois países cujos modelos institucionais e educacionais, sejam estes em termos de ambientes econômicos ou políticos, poderiam servir melhor de explicações alternativas em vez de indicar que a cultura local é a grande explicação para as diferenças encontradas. Ou seja, covariáveis macroambientais fundamentais para a montagem dos modelos são geralmente ignoradas. Apesar de presente no modelo teórico de Liñán e Fayolle (2015), variáveis institucionais são sistematicamente ausentes na literatura, sendo uma exceção notável o estudo de Engle et al. (2010). Esse aspecto dos estudos em intenção empreendedora faz com que surja um formato genérico aplicado e reciclado (‘dogma’). De forma mais clara, o que se pode observar na extração de dados da amostra é que hoje em dia se produz muito do mesmo. Pretende-se demonstrar, por meio da análise das categorias, que esse formato genérico é tão claro que mesmo por meio de métodos estatísticos, os resultados são, de certo modo, similares e apontam para a mesma direção que os considerados por Liñán e Fayolle (2015). Outras inferências foram possíveis de serem construídas, com base na organização espacial de conceitos. 21 5.1 Vantagens do empreendedorismo Empreender, é muito mais do que ter o próprio negócio, é mais do que uma profissão. Ser um empreendedor é uma mudança de comportamento, um novo estilo de vida. É realizar algo novo, ousar, desenvolver, assumir riscos. De acordo com as definições encontradas no Dicionário Houasiss da Língua Portuguesa, a origem da palavra empreendedor vem do latim imprendere, que tem por significado “decidir, realizar tarefa difícil e laboriosa”. Já se formos observar o dicionário Aurélio, ele define empreender “como colocar em execução”. Ambos significados trazem o conceito de fazer, executar, por em prática, tomar iniciativas. O termo demonstra estar diretamente relacionado a ação (PADILHA et al, 2018). Para Schneider (2012), o verdadeiro empreendedor: É alguém “conectado”, bem relacionado, atento e dinâmico, capaz de ver o que os outros não veem e também produzir até mesmo enquanto dirige seu veículo ou aproveita um momento de lazer com familiares ou amigos. Não se trata de um workaholic (viciado em trabalho), mas de alguém que tem uma relação profunda com o que faz, gosta do que faz e não aprecia perder oportunidades. Diante disto, pode-se afirmar que empreendedores são aqueles que realizam. Dentre tantas atribuições para tal, as vantagens de ser empreendedor são inúmeras (SCHNEIDER, 2012). FLEXIBILIDADE: Ser empreendedor proporciona liberdade de tempo, de horário. Proporciona uma vida mais flexível, com seus próprios horários e uma agenda capaz de fazer ajustes diante de imprevistos. REALIZAÇÃO DE SONHOS: Muitas pessoas entram nessa jornada empreendedora pelo fato de ter a oportunidade de fazer o que gostam, por querer realizar os seus sonhos. O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade, logo, empreender corresponde a um o processo de transformar sonhos em realidade e em riqueza. LIDERANÇA: Um empreendedor, torna-se um líder. Um líder de si mesmo e de seu negócio. Um líder inspira o seu mundo e o mundo a sua volta, aproveitando as oportunidades que deparam-se diante de leem todo momento. Em um livro criado pelo SEBRAE, “O Céu e Inferno do Empreendedorismo”, define-se empreender como: “Identificar oportunidades de negócios e desenvolver meios de aproveitá-las, assumindo riscos e desafios ” (SEBRAE, 2014). 22 CRIAÇÃO DO FUTURO: Ser empreendedor proporciona poder para criar o seu futuro. Do qual sendo empregado, essa possibilidade é bem pouco existente. O empreendedor deve ter a consciência de que ele deverá sempre estar trabalhando para fazer seu sonho acontecer. É preciso ter um projeto e acreditar na viabilidade dele, fazendo tudo o que estiver ao alcance para torná-lo uma realidade. Pode-se dizer que os empreendedores se dividem igualmente em dois times: aqueles para os quais o sucesso é definido pela sociedade e aqueles que têm uma noção interna de sucesso (DOLABELA, 2010). Cada indivíduo em nossa sociedade tem um pensamento em relação ao sucesso. Dolabela (2010) trouxe em formato de dois times, mas, independentemente de qual time o empreendedor esteja, o que deve ser ressaltado, é se ele sente-se criando um bom futuro para si e para os que os que o cercam. É baseando-se nessa premissa que a grande maioria dos atuais empreendedores ampara sua decisão, ou seja, busca mais qualidade de vida através de suas próprias decisões. 5.2 Desvantagens do empreendedorismo Nem só de vantagens estabelece-se a vida de um empreendedor, as desvantagens também existem: são as atualizações constantes, riscos, insegurança, instabilidade, custos, centralização, dentre outras. Essas desvantagens devem ser analisadas para que realmente seja tomada a decisão correta no que tange ao futuro do empregado que deseja se tornar empreendedor. O que deve ser salientadoé que em todas as profissões, independentemente de qual seja, existem desvantagens. A percepção de cada um é que fará com que o peso seja maior ou não (PADILHA et al, 2018). ATUALIZAÇÕES CONSTANTES: O empreendedor precisará estar em constante atualização, e isso não trará descanso, como se é pensado por muitos. Ele precisará buscar meios, formas, maneiras para evoluir, inovar, criar e agregar valor. Porque um empreendimento demanda de muitas necessidades, como: Tomar decisão final, ter que saber fazer um pouco de tudo, procurar por mão de obra qualificada, lidar com problemas de funcionários e clientes, ter que assumir sozinho muitas decisões entre outras demandas. E para isso será necessário muito conhecimento e atualização constante (PADILHA et al, 2018). 23 RISCOS, INSEGURANÇAE INSTABILIDADE: Quando se entra no mundo do empreendedorismo, não existe segurança e estabilidade, ambas não são palpáveis. Todos os negócios têm riscos associados e é por isso que é extremamente necessário que o empreendedor esteja muito preparado para quaisquer imprevistos ou obstáculos pelo caminho, de modo a que os possa resolver com agilidade e convicção. Não se pode entrar no mundo dos negócios, com a mentalidade de funcionário. O empresário precisa ter bem claro que empreender é gerir riscos, e disto, não há forma de fugir. Bem como a instabilidade da qual o empresário não pode controlar. É necessário compreender que arriscar faz parte da trajetória a ser percorrida (PADILHA et al, 2018). CUSTOS: É sabido que uma das grandes barreiras para o empreendedorismo, são os custos. Os custos de investimento inicial, indiferente de cada tipo de segmento, existem. E não se pode fugir deles. Há necessidade de investimento inicial, quer para infraestrutura, quer para material, compondo os rol de intermináveis custos organizacionais. CENTRALIZAÇÃO: Um dos quesitos de desvantagem do empreendedorismo é o fato da centralização de tarefas, de obrigações, de responsabilidades, de gestão. Tudo depende do empreendedor, ele é responsável por absolutamente todos os atos dentro do empreendimento. Com essa centralização ele pode sentir-se sobrecarregado, ansioso, com preocupações excessivas em todas as áreas da empresa, bem como cansado pelo peso da responsabilidade. O empreendedor pode acabar por assumir seu dever, porém se cobrando além do necessário. Sem saber desligar- mundo profissional ele pode perder seu sono ou não dormir tranquilamente, deixando de cuidar da saúde, com sua mente presa a tantos compromissos, agendas e preocupações (PADILHA et al, 2018). É observado que as desvantagens são inúmeras, porém as vantagens são bem expressivas. Então torna-se particular de cada indivíduo colocar na balança e optar pela melhor escolha para si de acordo com a sua estratégia e planejamento 6. O INTRAEMPREENDEDORISMO (IE) O termo intraempreendedorismo tem suas raízes no empreendedorismo (BURSTRÖM & WILSON, 2015). Acredita-se que o termo empreendedor tenha sido 24 utilizado primeira mente por Richard Cantillon em 1734, ao se referir a uma pessoa com emprego autônomo e com retorno incerto sobre seu investimento (SMITH, REES, & MURRAY, 2016). O termo intraempreendedor foi utilizado pela primeira vez por Pinchot em 1985, ao publicar o livro ‘Intrapreneuring’ (BURSTRÖM & WILSON, 2015; SMITH et al., 2016), no qual explana a possibilidade de um indivíduo ser empreendedor em uma organização estabelecida, ou seja, um empreendedor interno (KÜHN, EYMANN, URBACH, & SCHWEIZER, 2016). O intraempreendedor, por sua vez, é um indivíduo que busca iniciar um processo de mudança dentro de uma organização que não lhe pertence, é um profissional que possui facilidade em se adaptar ao ambiente e propor ideias inovadoras (KEARNEY, HISRICH, & ANTONCIC, 2013).Por um tempo, os estudos sobre o intraempreendedorismo tinham como objetivo a formação de novos negócios pelas organizações existentes. Mas com a evolução das pesquisas, esse tema foi dividido em pelo menos três áreas de estudo: i) intraempreendedor individual, com foco no indivíduo; ii) formação de novos empreendimentos; e, iii) foco na organização empreendedora. Com o aumento no número de pesquisas acadêmicas, o termo intraempreendedor também evoluiu ao longo dos anos, com pesquisadores adotando outros termos como, por exemplo, empreendedor corporativo, empreendedor interno (BURSTRÖM & WILSON, 2015; SMITH et al., 2016), referindo-se ao indivíduo e o termo orientação empreendedora ao se referir à organização que busca como estratégia organizacional o empreendedorismo interno (EDÚ VALSANIA, MORIANO, & MOLERO, 2016; KÜHN et al., 2016). Embora alguns pesquisadores não acreditassem na possibilidade de existência de um indivíduo, dentro de uma organização, possuir comportamento empreendedor (BARUAH & WARD, 2014), o intraempreendedor figura atualmente como quase que essencial, quando uma organização busca a contribuição do próprio funcionário na formação de planos de ação e melhorias estratégicas (BARUAH & WARD, 2014), e também quando organizações buscam uma modo de alcançar a sustentabilidade nos negócios (RAZAVI & AB AZIZ, 2017; SMITH et al., 2016). Os são agentes que possuem uma mentalidade empreendedora (GUERRERO & PEÑA-LEGAZKUE, 2013), mesmo atuando em uma organização que 25 não lhe pertence. São funcionários que podem tanto executar tarefas estimuladas e incentivadas pela própria organização, como podem também aceitar um certo risco (DI FABIO, 2014), executando tarefas de forma autônoma sempre tendo como premissa o crescimento da organização (GAWKE et al., 2017). O intraempreendedor pode contribuir com a geração de lucratividade na empresa onde atua, por meio de novas ideias ou novos processos, possibilitando a criação de vantagem competitiva na organização. Os empreendedores, por serem proprietários, geralmente possuem uma carga maior de trabalho, quando comparados aos intraempreendedores. Em contrapartida, a possibilidade de definir a estratégia da empresa, o senso de realização e até o poder de contratar ou demitir um funcionário, proporcionam ao empreendedor maiores benefícios psíquicos quando comparados com os intraempreendedores. A renda, de modo geral, também pode favorecer os empreendedores, uma vez que é o proprietário da organização; já o intraempreendedor, por ser funcionário, pode não receber os dividendos ou bônus por suas atividades empreendedoras, uma vez que, geralmente são repassados aos investidores ou proprietários da empresa (DOUGLAS & FITZSIMMONS, 2013). Uma das vantagens do intraempreendedor, quando comparado ao empreendedor, está na assunção ao risco, uma vez que, o empreendedor assume todo o risco na criação de um empreendimento ou ao colocar em prática uma nova ideia, algo que não ocorre com um intraempreendedor, que possui o suporte de uma organização que assume os riscos financeiros sobre as atividades desenvolvidas por esse profissional (BARUAH & WARD, 2014). Outra diferença entre o empreendedor e intraempreendedor está na utilização dos recursos tangíveis e principalmente os intangíveis da organização. Quando a empresa está estabelecida no mercado, o intraempreendedor possui à disposição alguns recursos intangíveis como, por exemplo, a própria legitimidade da empresa, algo que o empreendedor pode não possuir (MA, LIU, & KARRI, 2016). Características do intraempreendedor Considerado por muitos pesquisadores como um elemento importante na busca pelo desenvolvimento organizacional (BURSTRÖM & WILSON, 2015; EDÚ VALSANIA et al., 2016), o intraempreendedor é considerado uma ferramenta importante para uma organizaçãoenfrentar a 26 concorrência por meio da inovação (BARUAH & WARD, 2014; HAASE, FRANCO, & FÉLIX, 2015). O comportamento intraempreendedor é resultado de um processo de aprendizagem profissional ao longo de sua carreira, podendo ser estimulado pela organização, com o objetivo de aprimorar suas habilidades. Nas últimas décadas houve um crescimento nas pesquisas na tentativa de compreender como promover a criatividade e a renovação organizacional (SMITH et al., 2016), além do consenso em pesquisar sobre os processos intraempreendedores (RIGTERING & WEITZEL, 2013). 6.1 Benefícios do intraempreendedorismo A possibilidade de ter benefícios proporcionados por colaboradores com comportamento intraempreendedor no ambiente dinâmico e competitivo dos negócios, é um elemento percebido tanto por pesquisas acadêmicas quanto pela própria prática (SKARMEAS, LISBOA, & SARIDAKIS, 2016), se tornando, inclusive, estratégia organizacional na busca por maior desempenho e vantagem competitiva sustentável (MA et al., 2016). Na busca por beneficiar a organização, o intraempreendedor pode agir e tomar decisões mesmo sem a permissão da administração superior, submetendo-se inclusive, a um certo nível de risco (RIGTERING & WEITZEL, 2013). Atualmente muitas organizações procuram adotar iniciativas intraempreendedoras, ou seja, criar um ambiente favorável estimulando o comportamento intraempreendedor (BARUAH & WARD, 2014). A atividade intraempreendedora proporciona benefícios estratégicos à organização (GAWKE et al., 2017), contribuindo com o aumento da lucratividade (KURATKO & AUDRETSCH, 2013), reposicionamento estratégico, crescimento da organização (BURSTRÖM & WILSON, 2015), podendo contribuir com a geração de maior desempenho financeiro (BARUAH & WARD, 2014; EDÚ VALSANIA et al., 2016), sucesso internacional, maior lucratividade (BARUAH & WARD, 2014), possibilitando a criação de novos negócios (GAWKE, GORGIEVSKI, & BAKKER, 2017), novos produtos e novos processos (GAWKE et al., 2017). Vantagens 27 As ações de um intraempreendedor no ambiente organizacional trazem inúmeros resultados positivos. Com a sua atuação a empresa se torna mais competitiva, aumentando a possibilidade de inovação e produtividade. O intraempreendedor toma para si a responsabilidade de desenvolver e implementar novos produtos e serviços, assim a empresa terá sempre ideias novas e conceitos, para colocar em prática. A inovação é a porta de entrada para novas receitas, pois com isso pode-se abrir novos negócios, ou expandir os já existentes, possibilitando o aumento da margem de lucro da organização. A organização que possui esse profissional será beneficiada, porém deve apoiar suas ideias e práticas, pois é a partir delas que mudanças ocorrerão, aumentando a efetividade de seus resultados e lucros (FERREIRA, 2015). Desvantagens As organizações empresariais podem ter algumas desvantagens com esse profissional caso não possuam um ambiente totalmente preparado para esse perfil. Como o intraempreendedor precisa de autonomia, inovação, criatividade e tomada de decisões, os conflitos entre áreas/departamentos podem se tornar inevitáveis, onde os demais não concordaram com as atitudes e entraram em desacordo por tentar freá- lo. Existe também a possibilidade dos conflitos entre os diferentes níveis hierárquicos, pois o intraempreendedor no momento de implantar ou criar pode não pedir autorização aos superiores, gerando assim um desconforto. Existem riscos calculados, que as empresas devem entender como um investimento para obtenção de resultados, exemplos desses riscos são desperdícios de tempo, perda de capital, material ou produtos. Porém, se o projeto alcançar o sucesso, as perdas serão absorvidas pelos resultados favoráveis (FERREIRA, 2015). 7. RELAÇÃO ENTRE INTRAEMPREENDEDORISMO E SUCESSO EM PROJETOS Projetos são processos que visam a criação de valor econômico a uma organização (SHENHAR & HOLZMANN, 2017), por exemplo, através do desenvolvimento de novos produtos, novos serviços ou até mesmo novos processos. Obter sucesso em projetos é o mesmo que alcançar seus objetivos, beneficiando a organização (MORIOKA & CARVALHO, 2014), não apenas durante a implementação, 28 mas principalmente sua influência após a conclusão (WU et al., 2018). No entanto, cabe ao gerente de projetos concluir o projeto com sucesso (LOUFRANI FEDIDA & MISSONIER, 2015; RAZIQ et al., 2018). Para alcançar o sucesso do projeto, o GP necessita de habilidades interpessoais e competências específicas (HANNA et al., 2016), além de manter o foco em atender os fatores críticos de sucesso (FCS) para obtenção dos objetivos do projeto. Por outro lado, o intraempreendedorismo refere-se à capacidade empreendedora dentro de organizações estabelecidas (RAZAVI & AB AZIZ, 2017). O intraempreendedorismo evidencia a capacidade de inovação e de criação do indivíduo (HAASE et al., 2015), assim como a capacidade de exploração de novos empreendimentos e projetos dentro das organizações (MA et al., 2016). Alinhado com uma característica conceitual de projetos, uma das atividades realizadas pelos intraempreendedores é a criação de novos produtos e serviços inovadores (RAZAVI & AB AZIZ, 2017). O desenvolvimento de novos produtos gerado por intraempreendedores confere aos colaboradores que possuem o comportamento intraempreendedor não somente a mesma responsabilidade de um gerente de projetos, mas também como referência na revitalização organizacional (KÜHN et al., 2016). Outra evidência da relação entre os conceitos de sucesso em projetos e intraempreendedorismo, está no fato de que um indivíduo com características empreendedoras pode contribuir com o sucesso de um projeto (MARTENS et al., 2018). Além do fato de que 35 empresas que investem alocando intraempreendedores em processos ligados à inovação possuem mais chances na obtenção de maior desempenho empresarial (BARUAH & WARD, 2014). As atividades realizadas pelos gerentes de projeto podem estar alinhadas à orientação empreendedora e a presença de empreendedores em equipes de projetos pode aumentar a possibilidade de se obter o sucesso do projeto (MARTENS et al., 2018). Um funcionário com comportamento intraempreendedor pode ser capaz de desenvolver, além de novos negócios, atividades como planejamento e desenvolvimento de novos produtos e serviços (RAZAVI & AB AZIZ, 2017). Ele também é capaz de gerenciar trabalhos complexos e estratégicos (BURSTRÖM & WILSON, 2015). 29 7.1 APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA O aprimoramento do espírito empreendedor tem sido colocado, não apenas no Brasil, mas em diversos países do mundo, como prioritário nas agendas e debates políticos, econômicos e acadêmicos, haja vista a comprovada influência que o mesmo exerce no desenvolvimento social e econômico de uma nação (TSCHÁ; CRUZ NETO, 2014). Nesse processo, a educação empreendedora é apontada como uma das formas mais eficientes de se criar e divulgar a cultura empreendedora e a formação de novos empreendedores (ROCHA; FREITAS, 2014) O interesse pela aprendizagem e educação empreendedoras cresceu significativamente na última década e várias razões são apontadas para esse fato. Dentre elas, está a constatação deque a formação empreendedora contribui para o surgimento de novas empresas, para a criação de novos postos de trabalho e para o desenvolvimento da inovação nas organizações em geral (LIMA et. al., 2015b). Tal crescimento pode estimular o engajamento e a inovação de formas de pensar sobre a atividade empreendedora e sua influência nesse processo evolutivo, proporcionando novas formas de criação e disseminação do conhecimento, sendo as universidades um ambiente propício para a criação de uma cultura empreendedora. Ischá e Cruz Neto (2014) ressaltam que as universidades contribuem para o desenvolvimento da “culturaempreendedora” por meio de uma “educação empreendedora”, que incentive tanto professores quanto alunos “a despertarem dentro de si o espírito empreendedor e a explorarem o espaço potencial para o empreendedorismo, transformando realidades por meio dos empreendimentos que podem desenvolver economicamente e socialmente um país e uma sociedade” (TSCHÁ; CRUZ NETO, 2014, p. 66). Filion e Lima (2010) também destacam que o sujeito empreendedor deve ser preparado para a ação e que suas características e necessidades de formação exigem particularidades no sistema de ensino voltado à ação empreendedora. Os autores explicam que, em geral, a formação universitária transfere saberes, em especial o “saber fazer” (know-how), ao passo que a formação empreendedora “deve buscar desenvolver o saber ser, o saber tornar-se e o saber passar à ação”. Essas diferenças e especificidades da educação empreendedora em relação à educação tradicional têm levado à criação de novas práticas e modelos pedagógicos 30 que permitam o desenvolvimento de habilidades e competências próprias do empreendedor (SCHAEFER, MINELLO, 2016). Essa diferença entre a formação tradicional e a formação empreendedora, afirmando que a educação empreendedora evoca novas formas de aprendizado e novas formas de relacionamento. Para o autor, ser empreendedor não é apenas uma questão de acúmulo de conhecimentos, mas a introjeção e o desenvolvimento de valores, atitudes, comportamentos, modos de percepção de si mesmo e do mundo voltados à capacidade de inovar, de correr riscos, de conviver com a incerteza e perseverar. Essas características são evoluídas na visão de Minello (2014), que entende o empreendedor como “o indivíduo que desenvolve algo inovador, tem iniciativa, capacidade de organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e situações para proveito prático e aceita o risco ou o fracasso de suas ações” (MINELLO, 2014). Para se desenvolver ou potencializar essas características do comportamento empreendedor, é importante uma nova forma de educação, diferente da tradicional, com novos pressupostos e práticas didático-pedagógicas. Mais do que criar e realizar uma “educação em empreendedorismo” ou uma “educação para o empreendedorismo” é necessário desenvolver uma “educação empreendedora”. Dolabela e Filion (2013) apontam para “a necessidade de uma abordagem revolucionária de aprendizagem”, que desenvolva o indivíduo empreendedor e, como consequência, provoque mudança na ordem social. Esse resultado pode ser possível, visto que essa nova abordagem é voltada não apenas ao aluno que tem a intenção de abrir a própria empresa como empreendedor individual, mas a todos os futuros profissionais, de diferentes áreas, que desempenhem suas atividades e profissões – de modo individual ou dentro de organizações –com valores, atitudes e comportamentos empreendedores. Lima et. al. (2015) destacam que mesmo que não queiram ter um negócio próprio, os estudantes podem ser beneficiados em sua formação com o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades propícias à atividade empreendedora. “A premissa de que a educação não é apenas geradora de aprendizagem para se empreender, mas, sobretudo, para o pensamento criativo, a geração de inovações e o crescimento do senso de autoestima e de responsabilidade faz com que seja vista como ainda mais necessária nas instituições de ensino superior” (LIMA et. al., 2015). 31 Diante do processo de construção do conhecimento, existem características particulares para a formação empreendedora que se diferenciam das estruturas de ensino pensadas para a reprodução de conteúdo e especialização dos alunos presentes na maioria dos currículos das instituições superiores de ensino e dos programas de capacitação profissional. No que se refere à atividade empreendedora, são necessárias adaptações nas bases conceituais da educação formal, direcionando os estudantes para um pensamento interdisciplinar, que resulte em um sensível aumento de egressos com características empreendedoras. Para tanto, o papel dos educadores “deveria ser repensado, abandonando a abordagem disciplinar por uma visão sistêmica, que iria contribuir para a formação de seres humanos mais críticos, contributivos e tolerantes” (SCHAEFER et al, 2017). A compreensão da natureza empreendedora e de como se manifesta o ser empreendedor pode nortear as ações a serem realizadas com o propósito de criar programas, ambientes e sujeitos empreendedores, partindo-se de uma proposta de educação empreendedora (ROCHA; FREITAS, 2014). O comportamento humano, e por consequência o comportamento empreendedor, é por definição aberto, demonstrável, plástico e, por meio de estratégias de ensino, por exemplo, processos podem ser desenhados, treinados e internalizados. A educação empreendedora é hoje apontada como um dos principais instrumentos para se formar novos empreendedores e difundir a cultura empreendedora. O tema tem despertado interesse pelas especificidades dessa proposta de ensino e as pesquisas sobre educação empreendedora têm crescido nos últimos anos, abrindo espaço para novos estudos teóricos e empíricos. Com base nessas constatações, este artigo de desenvolvimento teórico tem o intuito de analisar a natureza da aprendizagem e educação empreendedoras, descrevendo o processo de formação e desenvolvimento de novos empreendedores (SCHAEFER et al, 2017). 32 7.2 Especificidades da Educação Empreendedora Fonte: data:image/jpeg Historicamente, os sistemas educacionais foram idealizados e modelados para formarem pessoas que venham a ocupar vagas em grandes organizações ou postos de trabalho em profissões técnicas específicas, ou atuar como profissionais liberais. Na visão de Malacarne, Brustein e Brito (2014), a consequência é que o atual sistema educacional, em vez de estimular o lado empreendedor dos alunos, acaba investindo na formação de profissionais que tenham o objetivo de buscar uma colocação em uma empresa ou profissão como especialista. “As pessoas costumam ser educadas para serem empregadas, e estimular o empreendedorismo neste contexto é enfrentar resistências e conflitos neste processo de mudanças, o que gera impactos para a instituição, para os docentes e para os discentes” (MALACARNE; BRUSTEIN; BRITO, 2014). Além disso, o que se constata é que as universidades que buscam promover o empreendedorismo ainda o fazem exclusivamente focado na administração de negócios e tecnologia, isolando-o das demais disciplinas, como a psicologia, a sociologia, a educação, e demais áreas que se preocupam com o entendimento do comportamento humano (LORENTZ, 2015).Como foi acenado anteriormente e será descrito a seguir, o ensino de empreendedorismo deve seguir uma nova metodologia, diferente da utilizada no ensino tradicional e própria à formação empreendedora. Dolabela e Filion (2013) defendem uma mudança radical frente aos métodos tradicionais de ensino, que tendem a se concentrar na transferência de conhecimento, buscando uma aprendizagem centrada em pensar de forma independente e proativa. Lima et. al. (2015) ressaltam que essa proposta de ensino permite aos estudantes se beneficiarem com o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades 33 empreendedoras mesmo que não queiram ter um negócio próprio. Os autores evidenciam que a educação empreendedora estimula o pensamento criativo, a geração de inovações e o aumento do nível de autoestima e responsabilidade dos estudantes. Para alcançar esse resultado, o Relatório do Estudo GUESSS Brasil (LIMA et. al., 2014) aponta iniciativas através das quais as instituições de ensino superior e os estudantes podem contribuir de modo significativo na melhoria da educação empreendedora. Por exemplo, podem ser cultivados ambientes ricos em diversidade de experiência, de possibilidadesde exploração de recursos pessoais e dirigidos à ampliação de horizontes e de perspectivas, focando não somente na geração de conhecimentos e habilidades específicos e na tradicional ênfase na preparação de futuros empregados. O relatório evidencia ainda que se mostra atrativo e promissor que os estudantes se empenhem na ampliação da variedade de carreiras que consideram para seu futuro, como ser criador de um negócio –com vista a lucro ou fins sociais –, empreendedor em uma profissão autônoma ou liberal, ou mesmo intraempreendedor ou empreendedor corporativo, que é um colaborador inovador e de iniciativa em uma organização pública ou privada. Isso ajudaria as instituições de ensino a cumprirem melhor seu papel e os estudantes a serem motores mais ativos do avanço social e econômico (SCHAEFER et al, 2017). Lima et. al. (2014) complementam que estudantes das mais variadas áreas podem desenvolver o interesse em ter seu próprio negócio, como um consultório dentário, uma firma de serviços de personal trainer, uma empresa de cuidados médicos em domicílio, enfermagem ou fisioterapia, um comércio, ainda que informal. Além disso, tal interesse pode ser colocado em prática em qualquer momento da vida, próximo ou não da formatura dos estudantes. Os autores destacam que, em particular para esses estudantes que têm intenção empreendedora, mas também para aqueles que não pensam em empreender de modo individual, uma educação empreendedora tem muitos benefícios a oferecer. Essa proposta de ensino pode dar aos jovens uma melhor preparação para a carreira e o aumento do número de profissionais inovadores, proativos e de iniciativa, queiram eles ser empreendedores individuais, autônomos ou colaboradores (LIMA et. al., 2014). A prática das últimas décadas tem demostrado, que é possível que qualquer pessoa aprenda a ser empreendedor. Mas tal aprendizado se desenvolve sob 34 circunstâncias específicas. “O conhecimento empreendedor não é transferível, como temas acadêmicos convencionais, de quem sabe para quem não sabe. O que se pode fazer é desenvolver o potencial empreendedor presente na espécie humana”. Investigando a situação atual da educação empreendedora no Brasil a fim de contribuir para a melhoria da sua qualidade, Lima et. al. (2014) apontam algumas recomendações práticas para as instituições de ensino superior: -As instituições de ensino não devem se limitar ao ensino de administração ou gestão de negócios, mas privilegiar o desenvolvimento de competências empreendedoras, independentemente de estarem ligadas ou não a um negócio; -Devem romper com os tradicionais modelos de ensino, fortemente vinculados a teorias e explorar novas técnicas, metodologias e ferramentas que permitam o estudante colocar em prática o seu aprendizado; -Devem explorar a interdisciplinaridade, a transversalidade e a diversidade no ambiente acadêmico inerente às características do ambiente universitário existente e do ecossistema local de negócios; -Devem estimular a formação de professores específicos, que possam conciliar a formação acadêmica com a experiência prática empreendedora; -Devem estar alinhadas com as principais iniciativas de fomento à atividade empreendedora da região em que se situam, integrando esforços e estabelecendo parcerias com o intuito de melhorar a formação empreendedora dos estudantes; -Devem equilibrar a quantidade de teoria, conceitos e definições acadêmicas tradicionais com o estímulo à prática empreendedora dos estudantes, por meio de atividades extracurriculares e laboratórios de experimentação. Segundo Lima et. al. (2014), essas recomendações, em linha com trabalhos de receptividade internacional, são potencialmente úteis para o trabalho de gestores, educadores e profissionais ligados à criação e melhoria de sistemas de ensino e àqueles empenhados no desenvolvimento da cultura empreendedora. Essas indicações podem auxiliar na ampliação do repertório de ações possíveis a serem adotadas por instituições de ensino superior em suas diretrizes pedagógicas, políticas de fomento e iniciativas de melhoria da educação em geral. Outra característica da educação empreendedora é ser uma ação dialógica. Tschá e Cruz Neto (2014) explicam, que ser dialógico é empenhar-se na transformação constante da realidade, através do conhecimento, e o conhecimento é 35 uma tarefa de sujeitos e não de objetos. “O ato de transformar sonhos em realidade e o papel que este ato representa na sociedade, envolve um constante refletir com todos os envolvidos ou que querem fazer parte do projeto sobre o posicionamento do ser em relação a questões sociais. Isto implica em questionar como o sonho a ser realizado pode mudar o mundo para melhorar e transformar realidades”. Investigando a situação da educação empreendedoras nas universidades brasileiras, Lima et. al. (2014) elencam sugestões e contribuições que englobam os aspectos metodológicos da educação empreendedora: - Uso e estudo de cases e histórias de fracasso para se conhecer melhor o fato de que em empreendedorismo errar é natural e, de certa forma, até desejável como forma de aprendizado; - Uso da mídia como meio de aprendizagem com casos reais, complementados com conceitos fundamentais que explicam as histórias de sucesso (ou de fracasso) apresentados nos cases; - Entendimento de que o empreendedorismo nem deveria ser uma disciplina, mas uma competência a ser desenvolvida de forma transversal ao longo de todas as disciplinas; - Premissa de que a própria universidade deve ser mais empreendedora, proativa e inovadora, desenvolvendo uma cultura empreendedora; - Maior contato e interação dos alunos com empreendedores reais, por meio de programas de mentoria, estudos de caso, palestras, estágios etc.; - Interação com empresas para o desenvolvimento de casos em que os alunos possam aplicar o que for aprendido em sala de aula em situações e problemas reais; - Oportunidades para os alunos desenvolverem suas ideias de negócio em ambientes protegidos, como laboratórios de co-working, onde possam experimentar, errar e aprender com a prática; - Incentivo para que professores possam dedicar um tempo fora de sala de aula atuando como coach de alunos que estão empreendendo; - Participação em atividades extracurriculares, como competições de negócios e de inovação, empresas juniores, projetos sociais, associações de estudantes e eventos que aproximem mais o aluno do universo empreendedor. Schaefer e Minello (2016), ao realizarem uma revisão da literatura sobre o tema, também reúnem instrumentos e práticas didático-pedagógicas que têm sido 36 utilizados para a educação empreendedora. Os autores destacam que projetos e atividades extracurriculares, que ocorrem fora da sala de aula e de modo complementar, podem ser enriquecedores e produtivos na formação empreendedora, tais como: empresas juniores; incubadoras de empresas e parque tecnológicos; células empreendedoras, clubes de empreendedorismo e centros de empreendedorismo; eventos com o intuito de desenvolver o empreendedorismo e competições internas e externas de planos de negócios e práticas empreendedoras; parceiras de ensino com empreendedores, como os arranjos produtivos, cooperativas, pequenas associações de produtores e organizações do terceiro setor; transferências de tecnologia para as empresas, uso de fundos disponíveis para pesquisas e programas de mentoria. Rocha e Freitas (2014) destacam que a variedade de opções pedagógicas existentes para a formação empreendedora requer modelos de ensino que permitam ao aluno desenvolver as habilidades e técnicas por meio de experiências práticas durante a sua aprendizagem. 8. PESQUISA DE MERCADO Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com Pesquisa de mercado é a coleta de informações junto ao consumidor, concorrente ou fornecedor para orientar a tomadade decisões ou solucionar problemas de empresários e empreendedores. Uma definição mais formal de 37 pesquisa de mercado, segundo a Associação Nacional de Empresas de Pesquisa de Mercado (ANEP): “A coleta sistemática e o registro, classificação, análise e apresentação objetiva de dados sobre hábitos, comportamentos, atitudes, valores, necessidades, opiniões e motivações de indivíduos e organizações dentro do contexto de suas atividades econômicas, sociais, políticas e cotidianas”. Quando realizada corretamente, a pesquisa de mercado oferece informações consistentes, que, somadas à experiência e ao sentimento do empreendedor, tornam o processo decisório mais rico e preciso. Ações como visitar a concorrência para verificar os pontos fortes e fracos, ouvir reclamações de clientes ou mesmo observar como as pessoas caminham dentro de uma loja são importantes fontes de informações, muitas vezes desprezadas por novos e antigos empresários. 8.1 A importância da pesquisa de mercado Pesquisa de mercado deve ser feita para verificar a validade e a viabilidade de uma hipótese ou responder questões-chave do negócio. Ela deve ser entendida apenas como um meio para obter informações e consequentemente dar base a decisões melhores no âmbito do marketing da empresa ou futura empresa. Não se faz pesquisa apenas por fazer. Antes de qualquer coisa precisa haver uma dúvida, uma questão, uma percepção de que algo ocorre no mercado. A empresa deve recorrer às pesquisas sempre que tiver que tomar decisões de marketing importantes, tais como: • Expandir a área geográfica de atuação, • Entrar em novos segmentos de mercado ou canais de distribuição, • Lançar ou aperfeiçoar produtos e serviços, • Dimensionar a equipe de vendas, • Credenciar revendedores ou distribuidores, • Escolher um ponto comercial, • Definir qualidade e variedade dos produtos e serviços a ser comercializados, • Definir os meios de divulgação mais adequados, • Ajustar preços, • Posicionar produtos e marcas, • Iniciar um novo negócio (deve fazer parte do plano de negócios). 38 8.2 para que serve pesquisa de mercado Para conhecer e monitorar o mercado consumidor e concorrente, dimensionar a demanda, verificar a presença do público-alvo (clientes e prospects), avaliar resultados de ações de marketing, identificar e dimensionar problemas ou necessidades, observar tendências, avaliar a satisfação dos consumidores, testar produtos e estratégias antes do seu lançamento, analisar as práticas da concorrência (quantidade e agressividade), monitorar a dinâmica e o comportamento dos diferentes segmentos e nichos. A pesquisa de mercado ganha importância à medida que os mercados ficam cada vez mais saturados de competidores e as mudanças no comportamento dos clientes se tornam mais intensas e frequentes, deixando o processo de decisão de marketing cada dia mais complexo. Acabando com os mitos Muitos confundem pesquisa de mercado com a aplicação de questionários ou realização de entrevistas. Essas atividades são apenas algumas das formas de obter determinadas informações. Para tomar decisões acertadas, o empresário pode usar diversos tipos de pesquisa. Até mesmo a simples observação da concorrência pode ser chamada de pesquisa. Um erro muito comum e grave é acreditar que a pesquisa de mercado sozinha é suficiente para avaliar a viabilidade de um negócio. O instrumento completo de análise de viabilidade é o plano de negócios, que necessariamente contém uma pesquisa. A pesquisa é insuficiente, pois oferece apenas informações sobre o mercado, e não sobre o modelo de negócios a ser implantado. Também não se deve fazer pesquisa se a empresa não está em condições de usar os resultados obtidos para melhorar a sua atuação no mercado. Lembre-se da regra: informações que não levam a decisões práticas são quase sempre perda de tempo e dinheiro. As pesquisas mais comuns e suas principais aplicações: • Potencial de consumo – usada para avaliar a demanda de produtos e serviços e embasar decisões de entrada em mercados desconhecidos • Satisfação do cliente – usada para identificar falhas e oportunidades de melhoria nos produtos e serviços, pode ser feita de forma contínua ou esporádica. • Participação de mercado (market share) – mede a força da empresa e de seus concorrentes no mercado e, entre outras aplicações, usada para direcionar os esforços promocionais, a força de vendas e a propaganda. 39 Preferência (share-of-mind) – usada em conjunto com a de participação de mercado, permite observar a elasticidade do mercado com relação a produtos e marcas, ajudando a dimensionar os investimentos em comunicação. • Lembrança (recall top-of-mind) – utilizada para avaliar a eficiência da comunicação e a percepção de qualidade do produto. • Mídia – empregada para medir a participação e o perfil do público-alvo de um veículo de comunicação, serve para escolher onde e quando anunciar. • Comportamento do consumidor – usada para desenvolver produtos e embasar campanhas publicitárias. • Teste de novos produtos e serviços – utilizado para avaliar e ajustar produtos, reduzindo os riscos dos lançamentos. • Escolha de ponto-de-venda – usada para avaliar a melhor alternativa de local para a instalação de determinado negócio. • Preço (venda ou compra) – usado para ajustar preços e o posicionamento de mercado, bem como para avaliar a viabilidade da entrada em novos mercados. Planejando uma pesquisa. Desde a mais simples até a mais complexa pesquisa de mercado deve ser planejada para evitar falhas de todos os tipos, desde a escolha incorreta do método a ser usado até a importância das informações obtidas para o processo decisório. A pesquisa de mercado pode ser dividida em sete etapas: 1. Definição do problema ou questões de pesquisa a. Objetivo – quais perguntas a pesquisa vai responder b. Público-alvo 2. Desenvolvimento do plano de pesquisa a. Qual método de pesquisa será usado b. Universo c. Amostra d. Cronograma 3. Questionário de pesquisa a. Elaboração e revisão das perguntas b. Definição da forma de aplicação (correio, telefone, entrevista pessoal, e-mail, distribuição) c. Teste em pequena escala 40 4. Aplicação da pesquisa a. Seleção e treinamento dos entrevistadores (quando usado) b. Coleta de dados junto ao mercado. 5. Tabulação dos dados a. Organização dos dados em tabelas e gráficos b. Realização de cálculos (médias, medianas etc.) e aproximações. 6. Avaliação dos resultados a. Análise quantitativa, qualitativa e comparativa dos resultados b. Realização do relatório de conclusão da pesquisa 7. Tomar as decisões de marketing. 8.3 Classificações de pesquisa As pesquisas podem ser classificadas, segundo a fonte dos dados, em secundários e primários; conforme o método, em qualitativas e quantitativas; e pela freqüência de aplicação em contínuas e esporádicas (ad hoc). Segundo a fonte de dados, temos: • as pesquisas primárias, que são aquelas realizadas especificamente por uma empresa com finalidades restritas a seu escopo, • e as secundárias, muito mais abrangentes e feitas por setor de atividade econômica, geralmente pelo governo (IBGE) ou por entidades de classe (SEBRAE). Conforme o método, temos: • a qualitativa, que é de natureza exploratória e possui menor ou nenhum rigor estatístico, • e a quantitativa, que é em sua essência um processo de medição, por isso segue critérios matemáticos bastante rígidos. 41 Com relação à frequência temos: • as pesquisas contínuas, que monitoram continuamente indicadores de mercado, • as pesquisas “ad hoc”, usadas quando surgem questões específicas a responder, • e as cíclicas, realizadas repetidas vezes a cada determinado período de tempo. Principais fontes de informações • IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia