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Metodologia do Ensino de M eto d o lo g ia d o Ensino d e Matemática M atem ática Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio A n o s fin a is d o En sin o Fu n d a m e n ta l e En sin o M é d io Lauro Igor Metz Lauro Igor M etz Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-65-5821-098-6 9 786558 210986 Código Logístico I000425 Metodologia do ensino de Matemática - Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio Lauro Igor Metz IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: koctia /envato.com Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M555m Metz, Lauro Igor Metodologia do ensino de matemática : anos finais do ensino fun- damental e ensino médio / Lauro Igor Metz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 90 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-098-6 1. Matemática - Estudo e ensino. 2. Professores de matemática - For- mação. I. Título. 21-74447 CDD: 370.71 CDU: 37.026:510 Lauro Igor Metz Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Educação Matemática pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e em EAD e Novas Tecnologias pela Faculdade Educacional da Lapa (Fael). Licenciado em Matemática pela PUCPR e em Pedagogia pela Fael. Integrante do Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática – Paraná (GHEMAT/PR). Professor no Ensino Superior, ministra as disciplinas de Matemática Aplicada, Matemática Financeira e Comercial e Pesquisa Operacional. Tem experiência nas áreas de matemática, administração de empresas, gestão escolar e financeira. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Evolução do ensino de Matemática 9 1.1 A disciplina Matemática no Brasil 10 1.2 Os PCN e o ensino de Matemática 12 1.3 A proposta de currículo da BNCC 14 1.4 Tendências do ensino de Matemática 17 2 Os saberes do professor de Matemática 22 2.1 A profissionalização docente 22 2.2 Os Desafios da formação do professor de Matemática 25 2.3 O livro didático de Matemática 28 2.4 Dificuldades na aprendizagem e a avaliação de Matemática 30 3 O uso de tecnologias nas aulas de Matemática 36 3.1 As tecnologias como ferramentas de ensino 36 3.2 A calculadora como ferramenta metodológica 38 3.3 Dispositivos colaborativos no processo de ensino-aprendizagem 41 4 A ludicidade na educação matemática 49 4.1 A ludicidade na aprendizagem 49 4.2 Materiais alternativos em sala de aula 54 4.3 Gamificação na educação matemática 59 5 Estratégias para o ensino de Matemática 64 5.1 A importância do planejamento das aulas de Matemática 64 5.2 Materiais alternativos para o ensino de frações 66 5.3 O Microsoft Excel e o ensino de estatística 70 5.4 O geoplano e o ensino de geometria plana e plano cartesiano 74 5.5 A construção de gráficos com o GeoGebra 79 Resolução das atividades 85 Esta obra discute aspectos relacionados à prática docente no ensino de Matemática. O intuito aqui não é focar um conteúdo único da área ou mostrar uma maneira única de apresentar determinado conteúdo ao aluno, trata-se de provocar reflexões sobre aspectos relacionados às mudanças de concepções dos professores de Matemática ao longo dos anos, da utilização de materiais alternativos e da inserção das tecnologias na escola. No primeiro capítulo, discorremos sobre questões referentes à constituição da disciplina de Matemática, saber imprescindível ao docente, que deve conhecer as transformações ocorridas na disciplina e em seus conteúdos ao longo dos anos. O conhecimento histórico da disciplina e do seu discurso sobre as ideias educacionais contribuem para a formação de uma concepção a respeito do ensino. No Capítulo 2, discutimos aspectos relacionados aos saberes docentes do profissional que ensina Matemática e refletimos sobre o papel do livro didático no exercício da atividade docente. O Capítulo 3 retrata o papel das tecnologias no ensino da disciplina de Matemática e a importância da sua inserção planejada na escola como uma ferramenta de auxílio, não como um instrumento que substituirá o raciocínio do aluno. No quarto capítulo, enfatizamos a estratégia do cálculo mental, do laboratório de Matemática e da gamificação no processo de descoberta do aluno, ampliando possibilidades metodológicas relacionadas ao ensino dessa disciplina. Por fim, o quinto, e último capítulo, apresenta referências sobre a importância do planejamento do professor e algumas ferramentas que podem ser utilizadas pelos docentes em diferentes circunstâncias para estratégias metodológicas diferenciadas. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo Evolução do ensino de Matemática 9 1 Evolução do ensino de Matemática No âmbito da formação docente, é fundamental que o professor com- preenda os caminhos percorridos pela disciplina que ensinará. Neste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer questões pontuais relacio- nadas à constituição da disciplina de Matemática, as quais lhe proporcio- narão segurança no exercício da sua atividade profissional. Compreender a constituição da disciplina, seu percurso histórico e seu discurso das ideias educacionais é enriquecedor para o processo formativo e contribui para a formação da sua concepção de ensino. O estudo histórico de uma disciplina escolar permite a compreensão dos percursos relacionados à sua estruturação e colabora significativa- mente para o desenvolvimento das práticas de ensino. Com a leitura deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer os percursos re- lacionados à área que busca atuar e perceber as mudanças ocorridas na legislação ao longo dos anos, as quais afetaram diretamente o processo de ensino-aprendizagem de Matemática. Além disso, você compreenderá o processo de inserção da disciplina de Matemática nas escolas brasilei- ras e a influência que ela recebeu nos últimos anos, com o Movimento da Matemática Moderna e, posteriormente, com a instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ainda, serão feitas reflexões sobre algumas das tendências oriundas do campo de estudo da Educação Matemática, que vêm ganhando espa- ço no âmbito escolar desde o final do século XX, na tentativa de construir a percepção de que o processo de ensino dessa disciplina não é estático e exige do professor diferentes rupturas em suas construções cognitivas. 10 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio 1.1 A disciplina Matemática no Brasil Vídeo Os conteúdos matemáticos foram ganhando espaço no Brasil em meados do século XVIII por meio das tarefas militares com a necessidade de defender a colônia do ataque dos países inimigos. O período de 1730 a 1930 é considerado a etapa da constituição da Mate- mática escolar tradicional (VALENTE,1999). Na década de 1930, foram criados os cursos de licenciatura e, consequentemente, com a formatu- ra dos seus primeiros alunos, começaram a surgir professores específi- cos para lecionar Matemática no país (FRANÇA, 2011). Em 1931, ocorreu a implantação da Reforma Francisco Campos, uma das mais importantes tentativas de organizar o sistema educa- cional brasileiro, que permitiu maior controle do Governo Federal na organização curricular e definiu programas para o curso secundário 1 . Com a Reforma, o curso secundário passou a ser dividido em dois ci- clos – o Fundamental, de cinco anos; e o complementar, de dois anos – e deixou de ser apenas um curso propedêutico para ingresso nas faculdades. Os cinco primeiros anos seriam comuns aos estudantes, e os dois últimos preparatórios para as escolas superiores (SOARES; DASSIE; ROCHA, 2004). Anteriormente à Reforma de Francisco Campos, não existia, no Brasil, uma frequência obrigatória no ensino secundário, mas a possi- bilidade de prestar exames e ingressar no Ensino Superior sem ter cur- sado um curso regular (VEIGA, 2007). A Reforma organizou o ensino secundário com um currículo seriado e frequência obrigatória, com in- gresso a partir dos 11 anos de idade. No ensino de Matemática, a Reforma de Campos trouxe profun- das transformações curriculares; entre elas, a fusão das disciplinas de Álgebra, Aritmética e Geometria e a criação da atual disciplina cha- mada Matemática. Essas transformações ocorreram sob influência do professor Euclides Roxo. A Reforma Francisco Campos foi implementada em todas as escolas públicas e privadas do Brasil. Porém, devido à proposição de um exten- so número de conteúdos, favoreceu a classe mais abastada economica- mente. O fim, ao menos formal, das cátedras separadas de Aritmética e Álgebra, Geometria e Trigonometria, e a instituição da disciplina de Conhecer o percurso histórico da disciplina de Matemática no Brasil. Objetivo de aprendizagem Nível intermediário entre o primário e o Ensino Superior. Atualmente, correspondente à etapa do sexto ano do Ensino Fundamental até a tercei- ra série do Ensino Médio. 1 propedêutico: introdutó- rio, voltado à formação ge- ral e básica para ingresso em curso superior. Glossário O professor Euclides de Medeiros Guimarães Roxo nasceu em Aracaju, no estado de Sergipe, em 10 de dezembro de 1890, e faleceu em 21 de setembro de 1950. Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, atuou como professor e diretor no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Biografia cátedra: cadeira pro- fessoral. Por extensão, disciplina. Glossário Evolução do ensino de Matemática 11 Matemática contribuíram para a elaboração de inúmeros livros didáti- cos da área. Seus autores foram desafiados a formular propostas inte- gradas dos diferentes ramos matemáticos (VALENTE, 2004). De acordo com Souza (2012), por intermédio da Reforma Francisco Campos, Euclides Roxo impôs em todo território nacional a sua propos- ta de reformulação do ensino de Matemática, a qual se estendeu até 1942, com a promulgação da Reforma Gustavo Capanema. Com essa Reforma, houve uma nova organização no ensino secundário, criando o ginásio de quatro anos e os cursos clássico e científico de três anos (VALENTE, 2004). A Reforma Capanema ficou em vigor até a chegada do Movimento da Matemática Moderna, em 1961. O Movimento da Matemática Moderna teve participação ativa nas mudanças no ensino brasileiro e provocou reflexões sobre a prática do- cente e os propósitos do ensino dessa disciplina. Porém, ao buscar apro- ximar a matemática escolar da matemática pura, desconsiderou que a proposta estava fora do alcance não só dos alunos, mas também dos professores, que foram obrigados a ensinar uma matemática cujos mé- todos não foram preparados, acarretando um ensino deficiente. O mo- vimento foi veiculado no Brasil inicialmente pelos livros didáticos, sem discussões e uma preparação adequada dos professores (PIRES, 2008), e estimulou uma maior formalização da disciplina de Matemática, pro- movendo um distanciamento das questões práticas (SOARES; DASSIE; ROCHA, 2004). De acordo com Pires (2008), o propósito do Movimento foi apro- ximar o ensino escolar da ciência para se obter uma matemática útil, mas o excesso de formalização apresentado com base em situações artificiais inibiu qualquer processo intuitivo de aprendizagem. Outro período marcante para o ensino de Matemática ocorreu no final da década de 1990, quando houve a organização, em nível nacio- nal, dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio. Esses documentos são con- sequência das metas traçadas no artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, que propunham a existência de uma base nacional comum aos currículos. De autoria do professor Wagner Rodrigues Valente, presidente do Grupo de Estudos da História da Educação Matemática (GHEMAT), o livro Uma história da Matemática escolar no Brasil: 1730-1930 propor- ciona o entendimento da evolução da disciplina de Matemática no Brasil. VALENTE, W. R. São Paulo: Annablume/FAPESP, 1999. Livro A LDB n. 9.394/96 foi aprovada no Governo FHC como garantia do direito a uma educação gratuita e de qualidade para a po- pulação brasileira. Devido a ela, a Educação Básica ficou constituída pela Educação Infantil, pelo En- sino Fundamental e pelo Ensino Médio. Estabele- ce-se também uma carga horária mínima anual de 800 horas distribuídas por um mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em: 5 out. 2021. Saiba mais http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf 12 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio 1.2 Os PCN e o ensino de Matemática Vídeo Entre os anos de 1995 e 2002, o Ministério da Educação (MEC) de- sencadeou o processo de elaboração e publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para diferentes níveis e modalidades de ensino. É importante destacarmos que foram publicados PCN destinados aos dois primeiros ciclos de ensino (correspondente à etapa do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental atual); ao terceiro e quarto ciclos (correspondente aos quatro últimos anos do Ensino Fundamental); e aos destinados ao Ensino Médio (BRASIL, 2000). Nossas reflexões aqui focam os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. De acordo com a apresentação do documento, feita por Paulo Renato Souza, ministro da Educação à época, a pretensão dos PCN é favorecer um debate educacional envolvendo escolas, pais, governos e sociedade, respeitando as diversidades. O documento representa uma contribuição ímpar na formação e atualização do docente, apoia o desenvolvimento de projetos nas escolas, a reflexão sobre a prática pedagógica, o planejamento de aulas, a seleção de materiais didáticos e o uso de recursos tecnológicos (BRASIL, 1997). Com relação à disciplina da Matemática, verifica-se a preocupação dos elaboradores na superação de uma aprendizagem voltada para procedimentos mecânicos, explicitam-se alternativas que favorecem o desenvolvimento de capacidades cognitivas e asseguram a confiança dos alunos. O documento indica a resolução de problemas como alter- nativa metodológica diferenciada a ser desenvolvida em sala de aula (BRASIL, 1998). De acordo com Pires (2000), esses documentos fornecem elementos para o debate nacional sobre o ensino da Matemática, apresentam um referencial de orientação à prática escolar, norteiam a formação dos professores e organizam sistemas de avaliações. Fica sob responsabi- lidade de cada escola verificar, de acordo com a sua realidade, o que deve ser implantado, seguindo as orientações dos PCN. Essa decisão deveser construída em participação com professores (PIRES, 2004). A estrutura dos PCN das séries finais do Ensino Fundamental foi divi- dida em sete áreas distintas – Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências Naturais, Educação Física, Arte e Língua Estrangeira –, além dos temas transversais (BRASIL, 1997). Nos PCN de Matemática, Compreender a importân- cia dos PCN no processo de estruturação da Mate- mática escolar. Objetivo de aprendizagem para o Ensino Fundamental, busca-se evidenciar a importância do alu- no e estimular a curiosidade, a investigação e a capacidade de resolver problemas (PIRES, 2008). Com relação aos alunos do terceiro ciclo, equivalente ao sexto e ao sétimo anos do Ensino Fundamental, os PCN de Matemática apresen- tam a necessidade de o professor considerar as mudanças relacionadas ao desenvolvimento físico, emocional e psicológico dos estudantes, as quais repercutem em seus comportamentos, trazendo preocupações com o futuro profissional, a vida afetiva, a sexualidade e a necessidade de liberdade (BRASIL, 1998). Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) foram publicados em 1999. Seu processo de elaboração trilhou os mes- mos caminhos percorridos nos PCN destinados ao Ensino Fundamen- tal. O documento foi norteado pela Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394/1996 e pela Resolução CNE/1998 referente às Diretrizes Curri- culares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 1999). Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000) são constituídos por quatro partes, uma voltada à le- gislação, e as outras três compreendendo áreas de conhecimento dis- tintas: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnolo- gias. A área da Matemática está relacionada à Física, à Química e à Bio- logia sob o título Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. No documento, eviden- ciam-se a necessidade de aprendiza- gem de conhecimentos básicos, a preparação científica e a utilização de diferentes tecnologias no pro- cesso de aprendizagem, apoiado em procedimentos contextualiza- dos e na interdisciplinaridade. Os referenciais de Matemática para o Ensino Médio direcionam o aprendizado em busca de um conhecimento efetivo, e não ape- nas propedêutico, não preocu- pando-se somente com aspectos As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Mé- dio (DCNEM) determinam procedimentos a serem adotados na organização curricular e pedagógica dessa etapa de ensino. Conhecê-las é fundamen- tal para profissionais que atuam ou pretendem atuar no Ensino Médio. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ rceb03_98.pdf. Acesso em: 5 out. 2021. Leitura Evolução do ensino de MatemáticaEvolução do ensino de Matemática 1313 Ri do /S hu tte rs to ck http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf 14 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio profissionalizantes, mas com a integridade do indivíduo. Entende-se que, além do caráter formativo e instrumental, a matemática precisa ser compreendida como uma ciência que tem características próprias. O documento estrutura-se em duas seções distintas. A seção “O sen- tido do aprendizado da área” busca elucidar a utilidade da matemática tanto para a vida quanto para o trabalho e orienta que a Matemática precisa ser compreendida como conjunto de técnicas e estratégias apli- cadas em diferentes áreas. A seção “Rumos e desafios” busca promover reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem, metodologias e estratégias para a compreensão dos conteúdos (BRASIL,1999). No artigo As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: uma análi- se da área da linguagem, de autoria dos professores Néri Emílio Soares Júnior e Ana Cristina Viera Lopes Romeiro, publicado na Revista Espaço do Currícu- lo, realiza-se a análise documental das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e de outros documentos relacionados ao processo de reforma do Ensino Médio, como os PCNEM e os PCN+. Acesso em: 5 out. 2021. https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/45466/32566 Artigo Entre os questionamentos que os Parâmetros de Matemática para o Ensino Médio suscitam, está a necessidade de mudança de concepção do professor. Há a necessidade de que nossas ações como docentes, no aspecto metodológico, avancem para outro patamar. É fundamental o desprendimento da fragmentação da Matemática restrita apenas à informação, demonstração e repetição de exercícios e promover ações nas quais os alunos participem ativamente do processo de aprendiza- gem com sugestões e interrogações. 1.3 A proposta de currículo da BNCC Vídeo A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada no ano de 2017; é um documento de caráter normativo que constitui uma política nacional de ensino que trata das aprendizagens a serem de- senvolvidas em toda a Educação Básica brasileira. O documento bus- ca explicitar competências a serem desenvolvidas em cada etapa de escolaridade da Educação Básica brasileira (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Na BNCC, o Ensino Fundamental está Em busca de ampliar as orientações dos PCNEM, o Governo Federal, na pri- meira década do século XXI, publicou Orientações Curriculares Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, os chamados PCN+. Nestes, eviden- cia-se a necessidade de explorar os três eixos es- truturadores da disciplina de Matemática (Álgebra, Geometria e medidas e análise de dados) de modo concomitante nas três séries do Ensino Mé- dio. No documento, des- taca-se que o professor em seu planejamento não deve apenas se preocupar com a seleção de temas e conteúdos, mas também refletir sobre a forma com que irá apresentá-los. Afir- ma-se ainda que a esco- lha de materiais didáticos adequados e a metodolo- gia de ensino são funda- mentais para o processo de aprendizagem. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ CienciasNatureza.pdf. Acesso em: 5 out. 2021. Leitura https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/45466/32566 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf Evolução do ensino de Matemática 15 organizado em cinco áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso; e o Ensino Médio está organizado em quatro áreas: Linguagens e suas Tecnolo- gias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tec- nologias, e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (BRASIL, 2018). No Ensino Fundamental, a área de Matemática é constituída por cin- co temáticas: números, álgebra, probabilidade e estatística, grandezas e medidas e geometria. O Quadro 1 retrata a relação de cada uma das temáticas com algumas de suas expectativas quanto ao aprendizado do aluno nos anos finais do Ensino Fundamental. Quadro 1 Temáticas da área da Matemática no Ensino Fundamental Temática Expectativa Números Espera-se que os alunos resolvam problemas envol- vendo diferentes sistemas de numeração, dominem conceitos de porcentagem e tenham conhecimento sobre educação financeira. Álgebra Espera-se que compreendam conexões entre fun- ções e suas variáveis e técnicas de resoluções de equações e inequações, entendendo essas repre- sentações no plano cartesiano. Probabilidade e estatística Os alunos devem ser capazes de fazer experimentos aleatórios, simulações e confrontar resultados. Grandezas e medidas Os alunos, além de conseguirem resolver cálculo de áreas, volumes, entre outros, devem estabelecer re- lações entre diferentes grandezas. Geometria Espera-se que os alunos enxerguem as aplicações para alémdas fórmulas prontas, enfatizando as dife- rentes possibilidades de interpretação. Fonte: Elaborado pelo autor. A Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio é uma conti- nuidade do trabalho proposto para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental; é um documento de caráter normativo elaborado em Explorar relações estabe- lecidas pela BNCC para o ensino de Matemática. Objetivo de aprendizagem conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2014). Ela não pode ser confundida com um currículo escolar, trata-se de um documento que traz orientações para a construção da proposta curri- cular de cada escola (COSTA; ERICEIRA; NUNES, 2021). As normativas do documento focam o que o aluno precisa desenvolver para tornar o conhecimento matemático uma ferramenta para ler, compreender e transformar a realidade (BRASIL, 2018). Nesse sentido, o documento dá ênfase à realidade do aluno, às suas condições econômicas, aos avan- ços tecnológicos e destaca a necessidade de que os alunos precisam justificar seus resultados após a resolução dos problemas. No Ensino Médio, espera-se a integralização da Matemática com as outras áreas do conhecimento. É essencial o desenvolvimento de habi- lidades de investigação, construção de modelos e resolução de proble- mas. Os alunos devem desenvolver, na sua individualidade, raciocínio próprio, maneiras de representação, de comunicação e argumentação; competências que devem ser aprimoradas com a interação entre co- legas e professores (BRASIL, 2018). Busca-se uma formação na qual o aluno seja um agente ativo e utilize as suas experiências pessoais para contemplar novas descobertas. 1616 Metodologia do ensino de Matemática - Anos finais do ensino fundamental e ensino médioMetodologia do ensino de Matemática - Anos finais do ensino fundamental e ensino médio M on ke y B us in es s Im ag es /S hu tte rs to ck https://www.shutterstock.com/pt/g/stockbroker Evolução do ensino de Matemática 17 1.4 Tendências do ensino de Matemática Vídeo Na perspectiva da Educação Matemática, existem diferentes ten- dências relacionadas ao ensino de Matemática. Promoveremos refle- xões sobre três delas: a etnomatemática, a modelagem matemática e a resolução de problemas. 1.4.1 A etnomatemática A etnomatemática começou a ser discutida no Brasil na déca- da de 1970, seu precursor e idealizador foi o professor emérito de Matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ubiratan D’Ambrosio, que faleceu no ano de 2021. Ela surge da con- tradição existente entre a matemática escolar e a matemática pro- duzida em diferentes meios culturais. Assim, coloca em discussão a valorização exacerbada da matemática acadêmica em detrimento da matemática experienciada no cotidiano. Na perspectiva da etnomate- mática, o professor é convidado a explorar conhecimentos que sur- gem da realidade, do contexto social (ZORZAN, 2007). A etnomatemática inclui no currículo matemático experiências ad- vindas do cotidiano do aluno (D’AMBROSIO; ROSA, 2016). Segundo D’Ambrosio (2008), ela contribui para que a matemática seja reconhecida como parte integrante de diferentes grupos étnicos; busca valorizar as práticas culturais e trabalhar com elas, reconhece que a matemática está ligada ao cotidiano dos diferentes grupos sociais (D’AMBROSIO, 2008). No contexto pedagógico relacionado à etnomatemática, o aluno compartilha seus conhecimentos prévios, suas experiências de vida e o professor faz a ponte entre essas experiências e o processo de aprendizagem da matemática. Nessa perspectiva, os saberes pro- venientes da vivência do aluno podem resolver problemas no âm- bito educacional. O enfoque etnomatemático estimula e oportuniza que se resolva na prática as situações-problemas surgidas durante o desenvolvimento de conceitos. Com a etnomatemática, é possível mostrar aos pais, alunos e professores a relevância das práticas ma- temáticas experienciadas. Explorar novas alterna- tivas para o ensino de Matemática. Objetivo de aprendizagem O vídeo Como surgiu a etnomatemática – Ubiratan D’Ambrosio, publicado pelo canal Coordenação Matemática, apresenta a história da etnomatemá- tica de acordo com seu idealizador, o professor Ubiratan D’Ambrosio. Disponibilizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, trata-se de um trecho do programa Vida de cientista, da Univesp TV, transmitido em 2013. Disponível em: https:// educacaointegral.org.br/glossario/ etnomatematica/. Acesso em: 5 out. 2021. Vídeo https://educacaointegral.org.br/glossario/etnomatematica/ https://educacaointegral.org.br/glossario/etnomatematica/ https://educacaointegral.org.br/glossario/etnomatematica/ 18 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio 1.4.2 Modelagem matemática A modelagem matemática é caracterizada pela transformação de problemas da realidade em problemas matemáticos e a busca por re- solvê-los por meio da interpretação (BASSANEZI, 2002); ganhou espaço nas discussões sobre o ensino de matemática brasileiro na década de 1980. No Brasil, existem duas concepções sobre a modelagem mate- mática, uma que vê a modelagem como um método de pesquisa re- lacionada à matemática aplicada, e outra que enxerga a modelagem como um método pedagógico. Para o primeiro grupo, o foco das atenções está nas construções e nos modelos matemáticos que são construídos e testados, a pre- tensão da modelagem nesse sentido não tem fins educacionais. Para o segundo grupo, os professores e os alunos direcionam o processo investigativo (SANTANA; MARIN; MARCO, 2015). Afinal, como utilizar a modelagem matemática no âmbito educacional? De acordo com Malheiros (2008), a modelagem matemática é uma estratégia pedagógica. Os alunos, orientados pelo professor, escolhem um tema ou problema e iniciam um processo investigativo em busca da solução. O professor atua como mediador e, em algumas circunstân- cias, dependendo do problema, ele mesmo poderá ser desafiado, pois não tem a resposta pronta para o problema. Didaticamente, o estudo parte do concreto para a análise dos conteúdos abstratos, e o professor deixa de ser o transmissor de conteúdo para ser um norteador em bus- ca de soluções. Nessa perspectiva, o ensino torna-se descentralizado e participativo (ZORZAN, 2007). Com o auxílio da modelagem matemáti- ca, o aluno é levado a perceber qual a importância da matemática para a vida das pessoas (CALDEIRA; VIEIRA, 2010). 1.4.3 Resolução de problemas Na perspectiva da Educação Matemática, os estudos sobre a resolu- ção de problemas iniciaram no Brasil a partir de 1980, exigindo do pro- fessor uma desconstrução de como o tema era tratado, deixando de lado apenas a aplicação de modelos para dar espaço a relações, inda- gações e comparações (ZORZAN, 2007). Pesquisas demonstravam que os alunos resolviam problemas com facilidades, mas a grande maioria não compreendia a Matemática (SANTANA; MARIN; MARCO, 2015). O vídeo a seguir apre- senta um debate sobre modelagem matemática na Educação Matemática, ocorrido na VII Confe- rência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática. Ao assiti-lo você irá compreender a diferenciação entre o trabalho com modelagem e a aula tradicional do ensino de Matemática. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=p519H44_1ks. Acesso em: 10 set. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=p519H44_1ks https://www.youtube.com/watch?v=p519H44_1ks https://www.youtube.com/watch?v=p519H44_1ks Evolução do ensino de Matemática 19 Dessa forma, as discussões em torno do tema começaram a levar à reflexão de como desenvolver o ensino de Matemática com o auxílio da resolução de problemas, e não apenas em buscar soluções para eles, ou seja, a centralização do processo não está na resposta final, e sim no caminho percorrido. Nesse sentido, o problema é olhado como um elemento no processo de construção do conhecimento, o ambiente de aplicação deve ser caracterizado pela investigação. Com esseenfoque, o ponto de partida deixa de ser a definição e passa a ser o problema (ONUCHIC, 1999). CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, você trilhou os caminhos da constituição da discipli- na de Matemática no Brasil, dos marcos legislativos que demarcaram transformações relacionadas ao ensino da disciplina, às tendências atuais sobre o ensino e à formação dos professores da área, com o devido des- taque aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio. O entendimento do conteúdo apresentado é relevante para o seu pro- cesso formativo. Para ser um bom professor de Matemática, não basta saber fazer cálculos complexos ou propor diferentes metodologias a cada aula. O processo de formação docente é complexo e contínuo, e exige o desenvolvimento de diferentes habilidades e competências. Assim, o seu início ocorre pelo entendimento da constituição e das transformações da disciplina. ATIVIDADES Atividade 1 Estudos referentes à história da educação brasileira comprovam que a legislação interfere nos processos de ensino-aprendizagem, seja no âmbito escolar, seja na formação do professor. Comente a principal transformação ocorrida na organização do ensino de Matemática decorrente da promulgação da Reforma Francisco Campos, no século XX, destacando quem foi seu principal influenciador. Atividade 2 Na última década do século XX, o governo brasileiro elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais para as diferentes etapas de ensino. Explique a organização desses documentos e para que eles servem. 20 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio Atividade 3 Considere as temáticas que constituem o Ensino Fundamental de Matemática, de acordo com a BNCC, e apresente uma reflexão sobre seus objetivos. REFERÊNCIAS BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2002. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conaes- comissao-nacional-de-avaliacao-da-educacao-superior/195-secretarias-112877938/seb- educacao-basica-2007048997/12598-publicacoes-sp-265002211. Acesso em: 6 out. 2021. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ introducao.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/matematica.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 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Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. Disponível em: http://www. rc.unesp.br/gpimem/downloads/teses/tese_malheiros_2008.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. ONUCHIC, L. R. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M. A. V. Pesquisa em educação matemática. São Paulo: UNESP, 1999. PIRES, C. M. C. Currículos de Matemática: da organização linear à ideia de rede. São Paulo: FTD, 2000. PIRES, C. M. C. Educação matemática e sua Influência no processo de organização e desenvolvimento curricular no Brasil. Bolema, Rio Claro, n. 29, 2008, p. 13-42. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/bolema/article/view/1715/1494. Acesso em: 4 out. 2021. PIRES, C. M. C. Orientações curriculares para a Educação Básica: qual o caminho? In: 8º ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. Anais [...] Pernambuco: UFPE, 2004. 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Acesso: 01 de ago. de 2021. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640089/7648 https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640089/7648 22 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio 2 Os saberes do professor de Matemática Neste capítulo, você refletirá sobre aspectos relacionados com o processo da profissionalização do docente que leciona Matemática, assim como, conhecerá concepções e a complexidade que envolve tal formação, reconhecendo a diferença entre a matemática a ensinar e a matemática para ensinar. Terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre o papel do livro didático na prática do professor, reconhecen- do-o como uma ferramenta de auxílio e não como algo que norteia integralmente a ação docente. Além disso, o estudo deste capítulo proporcionará reflexões acerca dos desafios enfrentados pelo docente no que diz respeito ao progresso dos seus alunos na disciplina, analisando o processo avaliativo e o poten- cial do erro no processo de ensino-aprendizagem. 2.1 A profissionalização docente Vídeo Nas últimas décadas, as instituições escolares e a formação docente vêm sendo desafiadas por novas imposições da sociedade que exigem eficácia nos serviços educacionais. Tais fatores têm relação direta com a profissionalização docente. É essencial compreender que quando exprimimos o termo profissionalização docente, não estamos apenas tratando de saberes vinculados a uma titulação específica na área da matemática ou, então, a experiências na área que contribuem com o ensino-aprendizagem. Estamos tratando de uma complexa discussão que envolve questões legislativas, culturais e uma série de articulações de saberes. Nesse sentido, para atuar como professor de Matemática não basta saber conteúdos matemáticos. Nossa reflexão se volta à essencialidade da profissão docente, entendendo que ter um título de graduação não significa ser um bom profissional da educação. Conhecer aspectos rela- cionados à profissionali- zação do professor que ensina Matemática. Objetivo de aprendizagem Os saberes do professor de Matemática 23 Voltando o olhar para a história da profissionalização docente, identifi- camos três marcos históricos (Quadro 1), caracterizados por Tardif (2013) como: (i) a idade da vocação; (ii) a idade do ofício; e (iii) a idade da pro- fissão. A primeira predominou entre os séculos XVI e XVIII; já a segunda ganhou espaço a partir do século XIX; e a terceira vem ganhando espaço desde a segunda metade do século XX. Isso demonstra que o processo que chamamos de profissionalização docente está relacionado com fatos históricos e vem se transformando. Não é algo que ficou estagnado ao longo dos anos. Quadro 1 Histórico do ensino segundo Tardif Época Descrição Características Idade da vocação Séc. XVI ao XVIII A Pedagogia baseava-se na religião, o ensino era realizado por leigos e mulheres religiosas. • Controle das crianças. • Disciplina rígida. • Punições e castigos físicos. • Educação pública religiosa. Idade do ofício Séc. XIX Profissão docente integra-se à estru- tura do Estado. A estatização provo- ca a substituição do corpo docente, até então comporto por religiosos sob o comando da Igreja, para pro- fessores laicos, sob o comando do governo. • A escola torna-se um espaço central de integração social e de formação para o trabalho. • Educação pública estatal com ca- ráter disciplinar e autoritário. Idade da profissão A partir segunda metade século XX Processo em evolução que vem sen- do discutido em diferentes grupos de pesquisas. • A formação docente é caracteri- zada por diferentes saberes. • Ocorre a interação entre docen- tes e discentes. Fonte: Adaptado de Tardif, 2013. O trabalho docente caracterizado como vocação era exercido por pessoas reconhecidas pela comunidade devido aos seus dotes morais e religiosos. A preocupação estava em ensinar a ler, escrever e contar. Os docentes, sem terem uma formação institucionalizada, ensinavam pela imitação, o que não exigia habilidades pedagógicas, visto que a preocupação estava na transmissão de conteúdo. Na idade do ofício, os saberes matemáticos tornaram-se especiali- zados em decorrência da busca de maior eficiência do sistema escolar e do controle do Estado. Nesse sentido, a preparação do professor vin- culou-se à institucionalização da instrução pública e à sua formação a ser controlada pelo Estado (PINTO, 2021). 24 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio Após a Revolução Francesa, no século XIX, a necessidade de for- mar o professor foi evidente com a criação das Escolas Normais (SAVIANI, 2009). A cedência das responsabilidades da Igreja para o Estado representou autonomia para o professor, mas uma autono- mia limitada, porque as atividades docentes estavam subordinadas às intencionalidades dos sistemas de governo. Nesse período, insti- tui-se a licença para ensinar, um marco no processo de profissiona- lização docente (NÓVOA, 1991). Mas por que será que estamos tratando de aspectos da história em um capítulo cujo foco é a profissionalização do professor de Matemá- tica? A resposta para tal questionamento é simples: estabelecer rela- ções entre os aspectos da história com o saber profissional docente permitem a compreensão da constituição da disciplina Matemática e, consequentemente, o entendimento das suas formas de ensino. É es- sencial que o professor que ensina matemática perceba as dinâmicas existentes entre os diferentes saberes que envolvem a sua profissão. Nesse sentido, destacamos os saberes constituídos pela Equipe de Pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE) da Universida- de de Genebra, na Suíça, nomeados como saberes a ensinar e saberes para ensinar. Os saberes a ensinar são aqueles provenientes das dis- ciplinas universitárias, já os saberes para ensinar estão relacionados com os saberes próprios formalizados para o exercício da profissão docente, em outras palavras, é um ferramental de auxílio ao profes- sor (VALENTE, 2019). O entendimento de tais saberes, a compreensão das articulações entre eles, alinhados com os conhecimentos da prática profissional, são fundamentais para o exercício da docência. Por meio da apropriação dos conceitos discutidos pelo Grupo Suíço, no Brasil, integrantes do Grupo de Pesquisa em História da Educação Matemática (GHEMAT) vêm desenvolvendo pesquisas que estabelecem dois saberes importantes para a formação do professor de matemáti- ca, nomeados como matemática a ensinar e matemática para ensinar. A matemática a ensinar é caracterizada como objeto das disciplinas esco- lares e a matemática para ensinar é como um ferramental que auxilia o professor. Ambos os conceitos, articulados entre si, fazem parte do processo formativo do professor que ensina matemática. Porém, como já destacamos, eles não são os únicos responsáveis por todo o proces- so formativo (BERTINI; MORAIS; VALENTE, 2017). O livro As Escolas Normais no Brasil: do império à república levará você a compreender a dissemi- nação dessa modalidade de formação no Brasil e a perceber a relação entre o processo de implanta- ção das Escolas Normais e a constituição do campo profissional do magistério. ARAÚJO, J. C. S.; FREITAS, A. G. B.; LOPES, A. P. C. Campinas: Alínea, 2017. Livro Conheça um pouco mais sobre a diferenciação entre os conceitos de ma- temática a ensinar e para ensinar fazendo a leiturado livro A Matemática a Ensinar e a Matemática para ensinar: novos estudos sobre a formação de professores. BERTINI, L. F.; MORAIS, R. S; VALENTE, W. V. São Paulo: Livraria da Física, 2017. Livro Os saberes do professor de Matemática 25 2.2 Os desafios da formação do professor de Matemática Vídeo De acordo com Borges (2004), a formação profissional prolonga-se por toda a vida, seguindo um processo de socialização. Ela envolve a figura do professor, a sua prática pedagógica e a organização do am- biente (BACCON; CLOCK; MENDES, 2014). Giraldo (2018) apresenta a ideia de que o conhecimento pedagógico do professor não pode apenas se prender a uma categoria prescrita de saberes, mas à possibilidade de argumentação do professor. O autor justifica seu posicionamento exemplificando uma operação de divisão com números naturais de duas formas diferentes, as chamadas divisão por ordens e divisão por estimativa. Vejamos: Figura 1 Algoritmo de divisão por ordem e estimativa. 4228’ ’ ’ –42 –28 24 4 704 6 4228 –3000 1228 –1200 500 200 6 4 4 704 Fonte: Adaptado de Giraldo, 2018, p. 40. Analisando a resolução da esquerda, percebe-se que o algoritmo da divisão foi utilizado corretamente, pelo procedimento longo, como é conhecido. O processo de estimativa, feito para solucionar o algoritmo apresentado do lado direito, está correto e demonstra a capacidade de raciocínio do aluno. Em ambas as representações, as respostas encon- tradas são idênticas, mas o processo de construção é distinto, o que, inclusive, pode ser divergente do processo esperado pelo professor, até porque existem outras possibilidades de solução, como: 4 228 6 4 200 6 24 6 4 6 700 4 4 6 704 4 6 . . � � � � � � � � Observe que na solução anterior, primeiro ocorreu uma decomposi- ção do número 4.228 (ou seja, 4.200 + 24 + 4) e, depois, fez-se a divisão, resultando no mesmo v alor esperado, apenas em uma representação Compreender a diferen- ciação da matemática a ensinar e para ensinar. Objetivo de aprendizagem 26 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio distinta. Essa apresentação de diferentes processos ilustra o quanto é desafiador ensinar matemática e que, nem sempre, o processo de re- solução realizado pelo aluno é aquele esperado pelo professor. Processos de concepções distintas são encarados pelos docentes em diferentes momentos, um exemplo prático disso acontece no sex- to ano do Ensino Fundamental, série em que, normalmente, reúne-se alunos oriundos de escolas distintas. Em tal etapa do ensino, é normal termos alunos que resolvem operações com maneiras distintas, devido à experiência que tiveram previamente. Observe, por exemplo, as operações simuladas: 425 639 639 639 = 600 + 30 + 9 200 + 10 + 3 425 4250 425 425 x 12= x 12 –6 3 3 x 10 + 850 x 2 850 03 03 3 213 3 3 3 09 09 –3 –9 0 0 213 213 4.250 5.100 850 425 5.100 Os saberes do professor de Matemática 27 Todas as soluções estão corretas, apenas o processo realizado foi diferente. Tratamos anteriormente de um processo voltado para as operações básicas, mas poderíamos pensar no conceito de porcentagem, explora- do no Ensino Médio, com base no problema a seguir: Σxemρlo Um jovem ao entrar em uma loja para adquirir uma camiseta à vista se depara com a seguinte promoção “camisetas R$ 80,00 com 15% de desconto”. Qual o valor que ele pagará pela aquisição que pretende fazer? Vejamos algumas soluções possíveis: 80 x 15% 80 equivale a 100% Se 10% de 80,00 é 8,00, então, 5% é 4,00. Portanto, o desconto será de 12 (8 + 4). Fazendo a subtração: 68,00 Qual valor equivale a 85%? 80 100% x 85% x = 85 x 80 x = 68,00 80 x 0,15 400 –80 80 12 12,00 100 68 28 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio Ensinar matemática diz respeito a fazer mediações para trans- formar um saber produzido social e historicamente em algo que possa ser aprendido. Tal procedimento só é possível com o conhecimento, a teoria e a pesquisa, e o desafio do professor é compreender a necessidade de conhecer os conteúdos matemá- ticos, a constituição da disciplina e compreender como se apren- de e se ensina de acordo com os sujeitos com quem vai trabalhar (SANTOS, 2002). Para que você aprofunde mais seus conhecimentos sobre os desafios do do- cente ao ensinar Matemática, sugerimos a leitura do artigo da professora Adair Mendes Nacarato, intitulado O professor que ensina matemática: desafios e possi- bilidades no atual contexto, publicado pela Revista Espaço Pedagógico de Passo Fundo – RS, no ano de 2013. Nele a autora traz considerações sobre a escola e a profissão docente, e apresenta argumentos a favor de práticas de ensino de matemática pautadas no diálogo e na valorização dos alunos. Acesso em: 20 set. 2021. http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/3505/2290 Artigo 2.3 O livro didático de Matemática Vídeo O livro didático desempenha um papel relevante na efetivação do ensino de matemática, porém, é importante a compreensão que ele não determina, exclusivamente, todas as ações do docente, pois ele é uma ferramenta de apoio. Segundo Silva Junior (2007), o livro didático é voltado para dois públicos distintos: (i) o professor, que tem a função de mediador; e (ii) o aluno, que é o receptor dos conteúdos. Sua utilização constrói um padrão social baseado no projeto estabelecido na escola. Pela sua característica de ordenar o programa de ensino, organizando regras e proposições, o livro didático faz parte da constituição de uma cultura escolar. É nele que circula ideias, procedimentos didáti- cos pedagógicos e convenções para a concretização de um currículo escolar (PINTO, 2009a). No Brasil, os livros a serem adotados pelas escolas públicas são indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Criado Reconhecer o livro como apoio metodo- lógico no processo de ensino-aprendizagem. Objetivo de aprendizagem http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/3505/2290 Os saberes do professor de Matemática 29 em 1997, trata-se de um trabalho de parceria entre o Fundo Nacio- nal de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Secretaria de Edu- cação Fundamental (SEF) e tem como objetivo adquirir e distribuir, gratuitamente, livros para os alunos das escolas públicas de Educa- ção Básica. Atualmente, o PNLD tem o intuito de elaborar o chamado Guia de Livros Didáticos, uma seleção de livros considerados mais adequados tanto em relação aos conteúdos quanto a referência teórico-metodoló- gica (ESMERALDA, 2007). A vigência dos livros adotados pelas escolas é de três anos, após esse prazo eles são substituídos. Dentre os critérios estabelecidos para os livros serem aprovados, es- tão a apresentação de um conteúdo acessível para a faixa etária desti- nada, o estímulo, a valorização da participação do aluno e a inserção de ilustrações atualizadas e corretas (ARRUDA; MORETTI, 2002). Os livros didáticos, além de organizarem os conteúdos, sugerem a forma como o professor pode planejar aulas e tratar conteúdos (CAVALCANTI, 1996). Além do potencial de auxílio ao professor e aos alunos em sala de aula, os livros didáticos contribuem, consideravelmente, para as pes- quisas relacionadas à História Cultural. Os conceitos, as terminologias, a organização da sequência de ensino e dos capítulos revelam os cami- nhos percorridos pela Matemática ao longo dos anos (CHERVEL, 1990). A trajetória histórica da matemática escolar brasileira é representada nos livros didáticos, por isso, no âmbito da História Cultural, os livros didáticos são preciosos documentos da escrita dos saberes escolares (VALENTE, 2009). Para conhecer um pouco mais sobre a importância dos livros didáticos para a evolução da disciplina de Matemática, vale a pena a leitura do artigo intitulado Um estudo histórico sobre o uso dos livros didáticos de Matemática, de autoria da professora Dra. Neuza Bertoni Pinto,publicado em 2009 pela Revista HISTEDBR On-line, do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Sociedade e Educação no Brasil da Faculdade de Educação da Unicamp. No artigo você será levado a compreender as contribuições do livro didático para os encaminhamentos do Movimento da Matemática Moderna no Brasil, que aconteceu na segunda metade do século XX. Acesso em: 20 set. 2021. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639579/7148 Artigo Conheça um pouco mais sobre o PNLD assistindo o vídeo A fantástica história dos livros didáticos, elabo- rado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em 2017 e destinado aos estudantes e professores da Educação Básica. Disponível em: https://youtu. be/0-Fz14JrQEw. Acesso em: 20 set. 2021. Vídeo Carlos Mathias, do canal da Matemática Humanis- ta, entrevista o professor Doutor Wagner Rodrigues Valente, professor da Uni- fesp e presidente do Gru- po de Estudos em História da Educação Matemática no Brasil (GHEMAT) a respeito de pesquisas relacionadas com o ensino de Matemática en- volvendo currículo e livro didático. A entrevista rea- lizada em maio de 2020 contempla as atividades do I Seminário Online de Formação de Professores, cujo foco é o desafio a ser enfrentado pelos cursos de Licenciatura, sobretu- do de Matemática, para se reposicionarem diante das novas demandas apontadas pela BNCC. Disponível em: https://youtu.be/ AHFxTGxrs-o. Acesso em: 20 set. 2021. Vídeo https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639579/7148 https://youtu.be/0-Fz14JrQEw https://youtu.be/0-Fz14JrQEw https://youtu.be/AHFxTGxrs-o https://youtu.be/AHFxTGxrs-o 30 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio 2.4 Dificuldades na aprendizagem e a avaliação de Matemática Vídeo A Matemática é, na maioria das vezes, caracterizada como a vilã do processo de aprendizagem, a responsável pelo fracasso escolar dos alunos. O profissional que atua na área precisa estar ciente de tais con- siderações e mostrar, por meio de suas ações, que ela pode se tornar uma ferramenta útil para qualquer indivíduo. No seu planejamento, o professor precisa estar atento às dificuldades dos alunos, em função disso, vamos nos atentar, nesta seção, às dificuldades encontradas no processo avaliativo e não em dificuldades relacionadas ao processo de inclusão. No que se refere ao processo avaliativo em Matemática, é pri- mordial que o professor acompanhe o progresso de seus alu- nos, verificando se há, ou não, a necessidade de repensar a ação pedagógica executada. O professor também precisa fazer uma aná- lise do quê ensinar, o porquê ensinar e como ensinar. A prática pedagógica precisa desvincular-se da exposição e da reprodução de conteúdos (PAVANELLO; NOGUEIRA, 2006). No processo avaliativo, a prática pedagógica da matemática, muitas vezes, concentra-se em conhecimentos específicos e na contagem de erros. A concepção que queremos inculcar é a compreensão de que tal processo precisa ir além de uma resposta final, ele precisa ser visto como uma estratégia de orientação ao professor. Mas como, na práti- ca, transformar a concepção de avaliação se, muitas vezes, o sistema de ensino valoriza um somatório de notas? A atitude de transformação precisa estar no professor. Vejamos um problema de matemática financeira envolvendo juros compostos, nor- malmente aplicado no Ensino Médio: Σxemρlo Certo investidor decide aplicar R$ 50.000,00 em uma caderneta de poupança durante 60 dias a um juro de 0,5% ao mês. Qual o montante obtido? • Refletir sobre relações que impedem o pro- gresso do aluno e sobre formas de avaliação. • Explorar o erro como alternativa de aprendizagem. Objetivos de aprendizagem Os saberes do professor de Matemática 31 A expectativa do professor pode estar vinculada à resolução da ati- vidade por meio da fórmula explorada em sala de aula, onde “M” repre- senta o montante, “C” o capital inicial investido, “i” a taxa mensal e “n” o tempo transformado em mês, que resulta em: M = C · (1 + i)n M = 50.000 · (1 + 0,005)2 M = 50.501,25 Porém, o aluno pode chegar à mesma resposta raciocinando que, após 1 mês o montante passou de R$ 50.000,00 para R$ 50.250,00, pois se 1% de R$ 50.000,00 é R$ 500,00, então, 0,5% equivale a R$ 250,00. Utilizando o mesmo raciocínio, no início do segundo mês, ele tinha R$ 50.250,00, 1% de tal valor equivale a R$ 502,50 e 0,5% equivale a, apro- ximadamente, R$ 251,25. Resultando, assim, em um montante final de R$ 50.501,25 (ou seja, 50.000,00 + 250,00 + 251,25). Note que os cami- nhos percorridos são distintos, mas o resultado é igual. Neste viés de pensamento, precisamos levar em conta que existem outros cuidados de atenção para o professor. O aluno pode chegar a um terceiro modo, diferente daquele encontrado anteriormente se, por exemplo, ao considerar o juro mensal 0,5%, inferir que, analoga- mente, a taxa dos juros dos dois meses seja 1%. O aluno chegaria, en- tão, ao resultado de R$ 50.500,00. Perceba: o problema não está no entendimento do processo de cálculo de juros já que: M = C · (1 + i)n M = 50.000 · (1 + 0,01)1 M = 50.500,00 Ou, então, se 10% de R$ 50.000,00 é R$ 5.000,00, logo, 1% é R$ 500,00, o que resultaria no montante de R$ 50.500,00. O equívoco do aluno está na compreensão da diferenciação entre a taxa de juros sim- ples e a de juros compostos, o que indica que o professor vai precisar buscar estratégias diferenciadas para promoção de tal entendimento. Outro aluno poderia ter chegado, por exemplo, no resultado final de R$ 55.125,00, pois, ao aplicar a fórmula, não percebeu que 0,5% seria equivalente a 0,005 e utilizou nos cálculos, o valor 0,05. Perceba que o valor, encontrado pelo último aluno, não indica que ele não sabe resol- ver o problema, apenas que ele, por algum motivo, confundiu-se nos procedimentos operacionais. 32 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio O exemplo permite perceber que independentemente da maneira que a avaliação foi elaborada, no processo de correção, o professor precisa avaliar a interpretação do aluno. Como destacam Silva e Bu- riasco (2005), o professor precisa avaliar as escolhas feitas pelo aluno para dar a resposta, os conhecimentos utilizados e a sua capacidade de se comunicar matematicamente; o que nem sempre acontece. Se o professor levar em consideração esses itens no processo avaliativo, ele vai alterar consideravelmente o seu processo. Os procedimentos para a elaboração e correção de avaliações de- vem levar em conta o papel do aluno, do professor e do saber ma- temático. O aluno se torna, desse modo, um sujeito no processo de avaliação e não apenas um objeto a ser avaliado. Uma das práticas a se considerar para o alcance de tal objetivo, é explorar didaticamente os erros dos alunos. Quando os erros passam a ser fatores relevantes da prática pedagógica, em vez de despertarem um sentimento de fracasso no aluno, configuram um instrumento facilitador e motivacional (PAVA- NELLO; NOGUEIRA, 2006). 2.4.1 O potencial do erro na aprendizagem matemática É preciso considerar que o professor e o aluno precisam interagir dentro da sala de aula, ambos são protagonistas do processo de apren- dizagem. O docente não deve centrar seu olhar apenas para a resposta do aluno, é preciso valorizar todo o processo de raciocínio, seja esse es- crito ou mental. Em caso de equívoco do aluno, é primordial buscarmos descobrir o que aconteceu e promover um diálogo com o aluno sobre o erro cometido na tentativa de sanarmos o problema. Esse erro pode ser caracterizado como um indicador de conhecimento refletido nas avaliações, o qual direciona o professor nas apropriações feitas pelos alunos, ou como uma estratégia didática, que colabora na identifica- ção e categorização de dificuldades, e na experimentação de soluções (SPINILLO et al., 2016). Focando nossa reflexão no aspectodidático, indagamos: como o professor deve considerar o erro do aluno no processo de ensino- -aprendizagem da Matemática? A resposta é apresentada nos estudos de Pinto (2009b), quando a autora afirma que o erro precisa ser tratado como uma possibilidade na construção do conhecimento. Os saberes do professor de Matemática 33 Em tal perspectiva, o trabalho do professor não está na simples identificação do erro. Pois esse erro somente é entendido como for- ma de enriquecimento se ele for observável pelo aluno. Para tanto, depende não só da organização das tarefas, mas, também, do nível cognitivo de desenvolvimento do aluno (LA TAILLE, 1997). Com isso, afirmamos que é importante que o aluno identifique o que ele errou e o porquê de ter errado. O professor precisa promover uma refle- xão a respeito do processo que encaminhou determinada resposta apresentada pelo aluno. Os erros precisam ser considerados como degraus para acertos (ABRAHÃO, 2007), quando isso acontece, eles tornam-se um elemento que conduz o professor na organização da aprendizagem do aluno (PINTO, 2009b). O erro é uma manifestação natural no processo de aprendizagem, por isso, a preocupação do professor não deve apenas estar centrada na resposta do aluno, mas em todo o processo desenvolvido por ele. No programa exibido no canal da Matemática Humanista, Carlos Mathias, educador matemático e professor do Departamen- to de Matemática Aplicada da Universidade Federal Fluminense, aborda o uso pedagógico de erros na Matemática Escolar. São apresentados conceitos e perspectivas importantes, como o de obstáculo epistemológico/didático. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=0BYXSTKIKV0. Acesso em: 20 set. 2021. Vídeo CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, foram feitas reflexões a respeito do processo de profis- sionalização docente para que você compreenda a existência de diferen- tes saberes relacionados com a formação do professor. Também foram discutidos aspectos relacionados à utilização do livro didático e ao poten- cial do erro no ensino de Matemática a fim de explorar o potencial de tais instrumentos na ação pedagógica. ATIVIDADES Atividade 1 Quem eram os responsáveis pela estrutura organizacional da es- cola e os atores encarregados do ensino nas idades da vocação e do ofício? Em sua resposta, busque justificar por que a passagem de uma idade para outra representa uma evolução na formação docente. Atividade 2 Qual deve ser a postura do professor diante da estratégia adota- da pelo aluno para a resolução de um problema? https://www.youtube.com/watch?v=0BYXSTKIKV0 https://www.youtube.com/watch?v=0BYXSTKIKV0 https://www.youtube.com/watch?v=0BYXSTKIKV0 34 Metodologia do ensino de Matemática – Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio Atividade 3 No processo formativo do professor de Matemática, o erro pode ser caracterizado de duas maneiras distintas. Identifique quais são essas formas e apresente uma reflexão sobre a postura do professor na utilização do erro como estratégia didática. REFERÊNCIAS ABRAHÃO, M. H. M. B. Estudos sobre o erro construtivo: uma pesquisa dialógica. Educação, v. 30, n. 4, p. 163-185, 2007. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index. php/faced/article/view/3557/2776. Acesso em: 25 nov. 2021. ARRUDA, J. P.; MORETTI, M. T. Cidadania e matemática: um olhar sobre os livros didáticos para as séries iniciais do Ensino Fundamental. 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Ainda, refletiremos sobre a potencialidade da calculadora no processo de aprendizagem de Matemática, e reconheceremos o computador e o smartphone como ferramentas que auxiliam o docente em suas ativida- des profissionais. Também faremos a apresentação de alguns aplicativos que auxiliam o docente em suas atividades profissionais e estão disponí- veis gratuitamente. 3.1 As tecnologias como ferramentas de ensino Vídeo Nas últimas décadas, houve uma série de modificações tecnológicas voltadas para a sociedade. Passou-se o tempo que a televisão transmi- tia imagens em preto e branco, que os rádios precisavam de uma haste metálica como antena para uma sintonia ideal e as fotos precisavam ser reveladas em um estúdio específico. Essas mudanças também che- garam à escola, com a inserção das tecnologias que transformaram a formação e a prática docente. Nesse contexto, o professor precisa buscar adaptar-se a essa nova realidade e conscientizar-se das contribuições das ferramen- tas tecnológicas para a prática pedagógica e para o processo de ensino-aprendizagem. É fundamental que todo professor considere as tecnologias aliadas a esse processo. Podemos afirmar que o conhecimento e o domínio das tecnologias deixaram de ser diferenciais para se tornarem uma competência bási- Reconhecer as tecnolo- gias como ferramentas in- dispensáveis ao processo de aprendizagem de Matemática. Objetivo de aprendizagem ca na atuação do docente. Entre as contribuições oferecidas pelas tec- nologias na atividade docente, podemos citar o acesso a materiais de apoio e complementares nos diferentes ambientes virtuais, recursos oriundos de vídeos, animações e conteúdos interativos que tornam o processo de aprendizagem mais ágil, atraente e efetivo. As tecnologias são ferramentas oferecidas ao docente para a apli- cação de práticas pedagógicas inovadoras que contribuem para resul- tados diferenciados e para o fortalecimento social de modo que todos se apropriem do conhecimento (CHIOFI; OLIVEIRA, 2014). A utilização das tecnologias permite ao docente manter-se atualizado em sua área, melhorar sua gestão de tempo dentro e fora da sala de aula e estreitar seu relacionamento com os alunos. Entendemos por tecnologia tudo aquilo que o ser humano produz e aperfeiçoa para satisfazer às suas necessidades, uma produção voltada também a reduzir as diferenças sociais na educação. Seu uso proporcio- na aos mais necessitados o rompimento de limites impostos pelas suas condições sociais (BATISTA; FREITAS, 2018). É na escola que muitos alu- nos têm a oportunidade de conhecer e explorar as diferentes tecnolo- gias, as quais são apresentadas como recursos educacionais digitais (RED) e recursos de tecnologia assistiva (TA) (TANIGUTI; FERREIRA, 2021). Qual a diferença entre esses tipos de tecnologias? Os chamados recursos educacionais digitais são os produtos que dão suporte aos processos de ensino-aprendizagem e às gestões pedagógica, administrativa e financeira das escolas: jogos, platafor- mas, aplicativos, entre outros. Já a chamada tecnologia assistiva são os recursos no projeto pedagógico par- ticipativo na tentativa de atender a necessidades individuais de estudantes. A tecnologia assistiva apoia-se em duas abordagens pedagógi- cas, nomeadas de educomunicação Assista ao vídeo Tecnolo- gia e Matemática, publica- do pelo Canal Futura, para conhecer estratégias que podem contribuir para a sua prática pedagógica e transformar sua concep- ção de ensino. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=Ya8UzjZghyQ. Acesso em: 13 out. 2021. Vídeo O uso de tecnologias nas aulas de MatemáticaO uso de tecnologias nas aulas de Matemática 3737 AnnGaysorn/Shutterstock Tecnologia assistiva é um termo utilizado para iden- tificar recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiên- cia. Conheça um pouco mais sobre o assunto assistindo ao vídeo TVE Reporter – Tecnologias Assistivas, publicado pelo canal Assistiva Tecnologia e Educação. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=K0ahTIt6wBE. Acesso em: 13 out. 2021. Vídeo https://diversa.org.br/tag/tecnologias-assistivas/ https://www.youtube.com/watch?v=Ya8UzjZghyQ https://www.youtube.com/watch?v=Ya8UzjZghyQ https://www.youtube.com/watch?v=Ya8UzjZghyQ https://www.youtube.com/watch?v=K0ahTIt6wBE https://www.youtube.com/watch?v=K0ahTIt6wBE https://www.youtube.com/watch?v=K0ahTIt6wBE 38 Metodologia do ensino de Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio e desenho universal para aprendizagem. A primeira sustenta-se na apre- sentação de novas vias de aprendizagem com recursos tecnológicos; e a segunda busca ampliar as oportunidades de desenvolvimento de cada estudante por meio de planejamento pedagógico contínuo, soma- do ao uso de mídias digitais (TANIGUTI; FERREIRA, 2021). As tecnologias digitais impulsionam reformulações na estrutura escolar implicando conhecimento na área de informática e de diferen- tes meios de comunicação (LIBÂNEO, 1998). Também provocam um grande desafio ao professor, que precisa, além dos saberes específicos da profissionalização docente, estar antenado às novas inserções tec- nológicas na sociedade. 3.2 A calculadora como ferramenta metodológica Vídeo Ainda encontramos professores resistentes à utilização da calcula- dora em sala de aula, com o argumento de que esse artefato tecnoló- gico substitui o raciocínio e a compreensão dos conteúdos. Entretanto, a discussão não deveria ser entre a utilização ou não da calculadora, mas sobre como utilizar essa tecnologia e que estratégias e cuidados o professor precisa tomar para esse instrumento não substituir o pro- cesso de descoberta e conhecimento. O nosso foco aqui é mostrar que a utilização da calculadora propicia um ambiente mais atrativo para o aluno e colabora para o processo de aprendizagem. De acordo com Medeiros (2004), utilizando-se da calculadora para re- solver problemas, em vez de preocupar-se com cálculos longos e repetiti- vos, o aluno atenta ao processo de resolução.