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Lista 02 – Economia Industrial Professora: Julia Torracca Monitoria: Brenda Corcino 1) Conceitue o Princípio do Custo Total e o porquê das firmas o aderirem? O Princípio do Custo Total parte da necessidade da formulação de princípios gerais de formação de preços como regras de bolso. Segundo Frederico Rocha em KUPFER, D. “Coordenação Oligopolista”, Cap. 11, Economia Industrial, ed. Campus: “De acordo com este princípio, as empresas calculam seus preços a partir de seus custos unitários variáveis (ou custos diretos), adicionando uma margem para cobrir os custos fixos e o lucro, ou seja, p= v+mv, onde v são os custos unitários variáveis (custos diretos) e m é a soma da margem de lucro e o percentual dos custos fixos a ser coberto pela venda de cada unidade (mark- up). (...) A adoção do princípio do custo total permite que mudanças nos preços, fruto de pequenas alterações nos custos, sejam visualizadas por todas as empresas, evitando interpretações que sugiram o início de uma guerra de preços.” Dentre as hipóteses desse princípio, temos assimetria entre tipos de indústrias, condições gerais de oligopólio: interdependência e capacidade excedente, efeitos de variação de demanda e de custos, maximização de lucros no longo prazo, rigidez de preços e possibilidade de objetivos múltiplos. 2) Exemplifique como são estabelecidos os preços em oligopólio, demonstrando a fundamentação do preço-limite e as estratégias possíveis, segundo Bain e Labini. Para a análise inicial de Bain sobre preços estabelecidos em uma indústria oligopolizada, supõe-se um equilíbrio temporário, na qual as empresas estabelecidas atuam em conjunto visando a prevenir a entrada de novas firmas. Como principais premissas, temos: • Tecnologias com custos médios de longo prazo em formato de L, representando que os CMéd.LP são decrescentes com o aumento da escala até atingirem o nível equivalente a uma escala mínima eficiente. A partir desse ponto, os custos tornam-se constantes; • Dois momentos de análise “estática”: período pré-entrada e pós-entrada, as empresas só consideram a entrada na indústria caso seja lucrativo no momento imediato após a entrada. Com essas condições, há o estabelecimento de um “preço-limite”, caracterizado por uma faixa de preço na qual é possível auferir lucros positivos, porém não atrair novos competidores simultaneamente. Assim, não se maximiza o lucro da indústria em questão, mas o preço serve como uma “barreira” à entrada de novos participantes. Para Bain, o preço- limite é “uma margem sobre os custos médios de longo prazo que as empresas estabelecidas podem incluir no preço sem atrair entradas”. Quanto aos movimentos comportamentais das firmas, Bain desenvolve hipóteses acerca da reação das firmas instaladas com a entrada. A primeira hipótese é a da acomodação, na qual a entrante espera que as instaladas mantenham os mesmos preços após a entrada. A segunda, reforçada posteriormente por Labini e Modigliani, dizem respeito a estratégia agressiva, na qual a entrante espera que as instaladas mantenham as quantidades produzidas após a entrada, o que levará a quedas de preços. E por fim, há a combinação das hipóteses anteriores, assim, a entrante espera que instaladas reduzam um pouco as quantidades produzidas após a entrada como uma acomodação parcial, e ao mesmo tempo, deixem preços cair em menor nível. Já no modelo de formação de preços em oligopólios de Sylos-Labini, a questão é abordada com viés estrutural, visualizando os aspectos de capacidade produtiva, absorção do mercado e escalas. O preço limite sobre essa visão depende, principalmente, do tamanho absoluto de mercado, isto é, quanto firmas venderiam se vigorassem preços competitivos e escala mínima eficiente. Nesse cenário, o preço que previne entrada é determinado pela maior e mais eficiente firma da indústria, existindo uma liderança de preços. Assim, “a tendência geral dos preços é de que eles se situem em um nível acima do preço de exclusão das empresas menores e relativamente menos eficientes: a guerra de preços não tende a ser a regra em oligopólio.”. Quanto à estratégia de preços, temos o Postulado de Sylos Labini, que reafirma a ideia de não acomodação das incumbentes frente aos novos entrantes. 3) Quais premissas são apresentadas pela Curva de Demanda Quebrada de Sweezy e como estas são representadas graficamente? Dentro de um modelo oligopolizado, supõe-se que existe uma interdependência estratégica entre as firmas, Sendo assim, a incerteza referente aos movimentos estratégicos dos rivais podem induzir as empresas a adotarem comportamentos defensivos, o que corrobora a rigidez dos preços. Dessa forma, a firma supõe que aumentos nos preços não serão acompanhados pelas outras firmas oligopolistícas e as reduções serão adotadas. Como resultado, temos uma curva de demanda quebrada, em que essa será mais elástica para elevações de preços, enquanto será mais inelástica frente à reduções. Isto é, haverá uma maior resistência de repasses dos impactos nos custos para os preços. 4) (COURNOT) Considere um mercado com a seguinte função de demanda: P = 1.000-0,5Q. Supondo que as funções de custo total das “n” firmas do mercado são dadas por Cn = 2Qn, pede-se: (a) Calcule o equilíbrio de Cournot se existir apenas uma firma no mercado (preço, quantidade e lucro). (b) Calcule o equilíbrio de Cournot se existir um duopólio no mercado (preço, quantidade vendida e lucro de cada firma). (c) Calcule o equilíbrio de Cournot se existirem quarenta firmas no mercado (preço, quantidade vendida e lucro de cada firma). P = 1000 – 0,5QTotal Ci = 2Qi RTi = P*Qi = Qi*(1000 – 0,5Q1 – 0,5Q2 – 0,5Q3... – 0,5Q40) RTi = Qi*(1000 – 0,5∑ 𝑄𝑖 40 𝑖=1 ) RTi = 1000Qi – 0,5Qi∑ 𝑄𝑖 40 𝑖=1 RTi = 1000Qi – 0,5Qi² – 0,5Qi∑ 𝑄𝑗 39 𝑗=1 Receita – custo individual: πi = 998Qi – 0,5Qi² – 0,5Qi∑ 𝑄𝑗 39 𝑗=1 Maximizando o lucro de Qi: 998 – Qi – 0,5∑ 𝑄𝑗 39 𝑗=1 = 0 Se as estruturas de custo são simétricas, todas as empresas produzirão a mesma quantidade, logo Qi = Qj 998 – Qi – 0,5*39*Qj = 0 Qi = 48,7 Qtotal = 40*48,7 = 1948 P = 26 πi = 1168,80 5) (STACKELBERG) Em um duopólio de Stackelberg, uma firma é “líder” e a outra é “seguidora”. As duas firmas conhecem o custo da outra e a demanda de mercado. A seguidora toma o produto da líder como dado e, considerando-o, define seu próprio produto (ou seja, a seguidora age como um competidor de Cournot). A líder toma a reação da seguidora como dada e, levando-a em conta, define seu produto. Supondo que as firmas 1 e 2 defrontam-se com uma demanda de mercado P=100−(Q1+Q2) e que os custos totais sejam, respectivamente, C1 = 10Q1 e C2=(Q2)² , responda aos itens abaixo. (a) Calcule o preço do mercado e o lucro de cada firma assumindo que a firma 1 seja a líder e a firma 2 a seguidora. Firma 1 líder e firma 2 seguidora => firma 2 RMg=CMg => firma 1 maximiza o lucro levando em consideração a reação da firma 2 Firma 2: RT2 = PQ2 = 100Q2 – Q1Q2 – Q2² RMg2 = 100 – Q1 – 2Q2 CMg2 = 2Q2 RMg2 = CMg2 100 – Q1 – 2Q2 = 2Q2 => 4Q2 = 100-Q1 => Q2 = (100-Q1)/4 => Q2 = 25 – Q1/4 Firma 1: RT1 = PQ1 = 100Q1 – Q1Q2 – Q1² RT1 = 100Q1 – Q1(25-Q1/4) – Q1² RT1 = 75Q1 – 3Q1²/4 RMg1 = CMg1 75 – 3Q1/2 = 10 => Q1 = 130/3 => Q2 = 85/6 P = 100 – (Q1+Q2) = 255/6 π1 = PQ1 – C1 = 255/6 * 130/3 – 10 * 130/3 = 1408,33 π2 = 401,39 (b) Os resultados seriam os mesmos se a firma 2 fosse a líder a 1 a seguidora? Demonstre. Firma 1: RT1 = PQ1 = 100Q1 – Q1Q2 – Q1² RMg1 = 100 – Q2 – 2Q1 RMg1 = CMg1 100 – Q2 – 2Q1 = 10 => Q1 = 45 – Q2/2 Firma 2: RT2 = PQ2 = 100Q2 – Q1Q2 – Q2² RT2 = 100Q2 – Q2(45 – Q2/2) – Q2² = 55Q2 – Q2²/2 RMg2 = CMg2 55 – Q2 = 2Q2 Q2 = 110/6 => Q1 = 215/6 P = 275/6 π1 = 1284,03 π2 = 504,17 Passo apasso: RMG=CMG seguidora Q seguidora em função de Q líder Substitui Q seguidora em RMG=CMG da líder Acha Q líder Acha Q seguidora (c) Considerando os resultados dos itens (a) e (b), é vantajoso ser a líder? Sim. 6) (BERTRAND) Sejam duas firmas que produzem bens diferenciados, designadas genericamente de firma 1 e firma 2, sendo os custos totais de qualquer uma das firmas, CTi, dados por: CTi=2Qi, i = 1,2. As funções de demanda com que se defrontam as firmas podem ser representadas pelas funções Q1=10-P1+P2, para a empresa 1, e Q2=10+P1-P2, para a empresa 2, em que Pi (i = 1,2) são os preços das duas empresas e Qi (i = 1,2) são as quantidades produzidas e vendidas das duas empresas. Calcule os preços, as quantidades e os lucros de equilíbrio.