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Aline Cristina Lofrese Mauricio
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au
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ci
o
Aline Cristina Lofrese Mauricio
1ª Ed. / Março / 2013
Impressão em São Paulo - SP
EDUCAÇÃO E CURRÍCULO:
FUNDAMENTOS E PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NA
EDUCAÇÃO DE SURDOS
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
M445e Mauricio, Aline Cristina Lofrese.
Educação e currículo : fundamentos e práticas pedagógicas na 
educação de surdos. / Aline Cristina Lofrese Mauricio. – São 
Paulo : Know How, 2010.
89 p. : 21 cm.
Inclui	bibliografia
ISBN : 978-85-63092-28-1
1. Educação. 3. Educação de surdos no Brasil. 3. Libras.
4. Métodos pedagógicos I. Título. 
 CDD – 371.912
Educação e Currículo: Fundamentos e 
Práticas Pedagógicas na Educação de surdos
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professora Responsável
Aline Cristina Lofrese Mauricio
Coordenadora Pegagória de Cursos EaD
Profª. Me. Maria Rita Trombini Garcia
Projeto gráfico e Diagramação
Glaucia Ferraro
Capa
Wagner Boni
Revisão Ortográfica
Nádia Fátima de Oliveira
Marcela Aparecida de Oliveira
1º Edição: Setembro de 2013
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD Know How 2013
Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida por qualquer meio sem
a prévia autorização desta instituição.
Parabéns! 
 
 Você está recebendo o livro-texto da disciplina de 
Educação e Currículo: Fundamentos e Práticas Pedagó-
gicas na Educação de Surdos, construído especialmente 
para este curso, baseado no seu perfil e nas necessidades 
da sua formação. A finalidade deste livro é disponibilizar 
aos alunos da EAD conceitos e exercícios referentes às 
principais temas da Educação e Currículo: Fundamentos 
e Práticas Pedagógicas na Educação de Surdos.
 Estamos constantemente atualizando e melho-
rando este material, e você pode nos auxiliar, encami-
nhando sugestões e apontando melhorias, via monitor, 
tutor ou professor. Desde já agradecemos a sua ajuda. 
Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina 
será também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD 
Tupy, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Am-
biente Virtual de Aprendizagem. 
 Entre sempre em contato conosco quando surgir 
alguma dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos 
(chats) marcados e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas.
 Toda equipe está à disposição para atendê-lo 
(a). Seu desenvolvimento intelectual e profissional é o 
nosso maior objetivo.
 Acredite no seu sucesso e tenha bons momen-
tos de estudo!
Equipe EaD Know How
Carta do Professor 
01 | Aspectos Históricos da Inclusão de Surdos na Sociedade
02 | Surdez e a Educação de Surdos no Brasil
03 | Noções Básicas da Estrutura Linguística de Libras
04 | A Gramática da Libras
05 | Especificidades da Produção Textual Escrita do Surdo
06 | Contato entre Ouvintes e Surdos
07
11
31
41
51
59
73
Caríssimo (a),
 Durante séculos foi negada sistematicamente a 
educação às pessoas com deficiência auditiva, principal-
mente aos surdos. Hoje, em pleno século XXI, percebe-
mos avanços em relação a inclusão dos surdos na educa-
ção formal, porém estes avanços estão muito aquém da 
real necessidade de acesso à educação que o surdo neces-
sita e tem direito.
 O desconhecimento dos processos cognitivos 
envolvidos no processamento da língua de sinais foi um 
dos responsáveis por muitos dos preconceitos que obser-
vamos em relação as Línguas de Sinais, e aqui no Brasil 
a Libras (Língua de Sinais Brasileira). Atualmente com 
o avanço das pesquisas científicas sobre a aquisição e o 
processamento das Línguas de Sinais, alguns preconcei-
tos tem caído, como o de pessoas que acreditavam que a 
Língua de Sinais seria mímica ou pantomima e não uma 
língua de fato.
 Mas não podemos deixar de observar a realidade 
brasileira! Os dados são claros e revelam que, o deficiente 
auditivo e o surdo não têm acesso ao ensino de mesma 
qualidade que os ouvintes. Além disso, ainda existi muito 
preconceito e ignorância a respeito de sua diversidade. A 
surdez é um problema sensorial, portanto os surdos tem 
um dos seus sentidos prejudicado, mas sua cognição está 
intacta e pronta para a aprendizagem.
Convido você para, juntos, mudarmos essa realidade.
Seja bem-vindo!
Professora Aline Cristina Lofrese Mauricio C
ar
ta
 d
o 
P
ro
fe
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or
A
sp
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to
s 
H
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os
 
na
 S
oc
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ad
e
13
Caro (a) Aluno (a)
 Nesta unidade, estudaremos os conceitos de aspec-
tos históricos da inclusão de surdos na sociedade. Vislum-
brará o longo processo histórico dos surdos na luta pelo di-
reito de aprenderem através de sua própria Língua.
Seja bem-vindo!
Objetivos da Unidade 
	Ao	final	desta	unidade,	você	deverá	ter	condições	de:
|	Identificar	a	importância	do	tema;
| Ter conhecimento do processo histórico da inclusão de sur-
dos	na	sociedade;
| Perceber	a	importância	da	educação	do	surdo;
| Integrar os conhecimentos com a prática educativa.
Conteúdos da Unidade 
|	Primeiras	concepções	históricas	sobre	a	surdez;
| Educação	de	surdos	no	mundo;
| Processo	histórico	da	educação	do	surdo;
| Inclusão do surdo na sociedade.
15
 Para que entendamos a educação de surdos nos 
dias de hoje, precisamos conhecer como o surdo era visto 
desde a antiguidade até os dias atuais, e, além disso, com-
preender de que forma ele estava inserido na sociedade.
17
 Na antiguidade os surdos eram considerados seres 
castigados por Deus. Para Aristóteles (348-322 a.C.), as pes-
soas que nasciam surdas eram consideradas também mudas 
e, assim, não podiam falar nenhuma palavra. Ainda segundo 
Aristóteles,	a	consciência	humana	só	poderia	ser	alcançada	
através dos sentidos. A ideia de Aristóteles de que os surdos 
não eram treináveis permaneceu por séculos sem que nin-
guém a questionasse.
 Já os Romanos diziam que os surdos que não falam 
não possuem direitos legais garantidos e assim necessitariam 
de um curador.
 A Igreja católica dizia que a alma do surdo não era 
imortal por este não ser capaz de professar os sacramentos.
 No século VI, em Roma, durante o reinado do impe-
rador Justiniano, foi formulado o Código Justiniano, que di-
ferenciava a surdez da mudez e ordenava que as pessoas que 
nascessem surdas e mudas não poderiam fazer testamento, 
nem receber herança. Mas se o surdo tivesse perdido a audi-
ção durante a vida após receber a educação formal, possuía 
seus direitos preservados.
1.1 Educação de Surdos
Os surdos congênitos, que não tem estímulo adequa-
do, não falam porque nunca ouviram e não porque 
possuem algum problema no aparelho fonador.
18
Somente no século XIV, a primeira possibilidade de 
instruir surdos através da língua de sinais e da língua 
oral foi cogitada pelo escritor Bartollo della Marca 
d’Ancona.
 Em meados do século XVI, o médico Girolano 
Cardano propôs que os surdos poderiam der ensinados, esta 
proposta partiu de seus estudos sobre o ouvido, o nariz e o 
cérebro	e	sua	experiência	de	ensino	e	convívio	com	seu	filho	
surdo. Ainda no século XVI, Pedro Ponce de Leon, monge 
beneditino espanhol, educava crianças surdas, em geral per-
tencentes a nobreza, ensinava essas crianças a ler, escrever, 
fazer contas, orar, confessar-se e assim estas tinham seus di-
reitos legais preservados e também poderiam professar sua 
fé católica. Não se sabe muito a respeito do método que Pe-
dro Ponce de Leon utilizava para ensinar surdos, apenas que 
ele desenvolveu um tipo de alfabeto manual no qual uma 
determinada	configuração	da	mão	representaria	uma	letra	do	
alfabeto latino. Além disso, em seu método ele engajava os 
outros sentidos preservados do surdo, principalmente a visão 
e ao tato. Ele seria considerado o primeiro professor de sur-
dos da história. 
 Em 1620, o espanhol Juan Pablo Bonet publicou o li-
vro “Reducción de las letras y artes para ensenñar a hablar a los 
mudos”, que trata da invenção do alfabeto manual, já utilizado 
porPedro Ponce de Leon. Bonet usava a leitura, o alfabeto 
manual, a gramática e manipulava os órgãos fonoarticulató-
rios (boca, língua, faringe), como formas de ensinar o surdo a 
19
pronunciar palavras. Criou também uma língua feita de couro 
com a qual instruía seus alunos em relação à posição e ao mo-
vimento que a língua faz para podermos articular os fonemas 
corretamente. Bonet é considerado o percussor do Oralismo.
 Em 1644, foi publicado por John Bulwer o primeiro 
livro	em	inglês	sobre	a	Língua	de	Sinais	chamado	“Chirolo-
gia”, alguns anos depois lançou o livro “Philocopus”, o qual 
afirmava	que	a	língua	de	sinais	tinha	o	mesmo	valor	expres-
sivo do que qualquer outra língua.
 Por volta de 1650, algumas teorias a respeito da 
aprendizagem da fala e da linguagem chamaram atenção de 
dois homens para a educação do surdo: enquanto o reveren-
do William Holder concentrava seu trabalho no ensino da 
fala, o reverendo John Wallis utilizava o alfabeto manual, 
e	ao	mesmo	 tempo	pronunciava	palavras	em	 inglês	com	a	
intenção de ensinar a escrita e a fala aos surdos. Wallis é 
considerado percussor do método escrito.
 Na segunda metade do século XVII, George Dal-
garmo (1626-1687) declarou que os surdos tinham sua fun-
ção cognitiva preservada, ou seja, que possuíam o mesmo 
potencial para a aprendizagem do que qualquer outra pessoa 
desde que recebessem uma educação adequada. Em 1680, 
descreveu um sistema primitivo de alfabeto manual o qual 
denominou datilologia, e defendia que a criança surda deve-
ria ser exposta a datilologia o mais cedo possível para desen-
volverem uma linguagem similar à das crianças ouvintes.
 No século, XVIII, houve um aumento do interesse 
pela educação dos surdos, e diferentes métodos de ensino fo-
ram divulgados. Por volta de 1704, o alemão Wilhelm Keger 
20
de fendeeu a educação obrigatória para os surdos. Durante 
suas aulas, usava a escrita, a fala e os gestos para que seus 
alunos aprendessem.
 Heinicke, importante pedagogo alemão, professor de 
surdos,	alegava	ter	passado	por	tantas	dificuldades	que	não	pre-
tendia dividir suas conquistas com ninguém. Ele propôs uma 
filosofia	de	ensino	pra	surdos	que,	mais	tarde	passou	a	ser	con-
siderada	o	início	do	que	ficaria	conhecido	como	método	oral.	
Heinicke fundou a primeira escola pública alemã para surdos 
baseada no método oral. Segundo esta metodologia somente a 
língua oral deveria ser utilizada na educação dos surdos, uma 
vez que, segundo seus defensores, essa seria a situação ideal 
para que eles se integrassem na sociedade ouvinte. 
 Famílias nobres e influentes	 que	 tinham	 um	 filho	
surdo contratavam os serviços de professores para evitar que 
ficasse	privado	da	fala	e	consequentemente	dos	direitos	legais,	
que eram subtraídos daqueles que não falavam. Esses profes-
sores iniciaram o que atualmente denomina-se oralismo e ges-
tualismo,	embora	existisse	concordância	com	relação	ao	fato	
de que o surdo deveria aprender a língua falada pelos ouvintes.
 Os oralistas exigiam que os surdos se reabilitassem, 
que superassem sua surdez, que falassem e, de certo modo, 
que se comportassem como ouvintes. Os gestualistas, per-
ceberam que os surdos desenvolviam uma linguagem que, 
embora	diferente	da	oral,	 era	 eficaz	para	 a	 comunicação	 e	
lhes propiciava o conhecimento da cultura, incluindo aquele 
dirigido para a língua oral. A oposição entre oralistas e ges-
tualistas	perdura	desde	o	final	do	século	XVIII	até	a	atualida-
de. O principal representante gestualista foi o abade Charles 
21
M.	De	L'Epée,	 com	 seu	 "método	 francês"	 de	 educação	de	
surdos. Foi o primeiro a estudar uma língua de sinais com 
atenção para suas características linguísticas.
 Partindo dessa linguagem gestual, ele desenvolveu 
um método educacional apoiado na linguagem de sinais das 
comunidades de surdos, acrescentando a estas, sinais que 
tornavam	sua	estrutura	mais	próxima	à	do	francês.	Ele	deno-
minou esse sistema de "sinais metódicos".
 Em 1775, fundou uma escola, a primeira	em	seu	gê-
nero, com aulas coletivas, onde professores e alunos usavam 
os sinais metódicos. Em 1776, publicou um livro no qual 
divulgava suas técnicas. Seus estudantes escreviam bem e a 
maioria tornou-se professores de outros surdos.
 Contemporaneamente a De L'Epée, havia peda-
gogos oralistas que o criticavam e que desenvolviam outro 
modo de trabalhar com os surdos, como, por exemplo, Perei-
ra, em Portugal, e Heinicke, na Alemanha. Heinicke é consi-
derado o fundador do oralismo.
 Em 1857, o professor francês Hernest Huet (surdo 
e partidário de I'Epée, que usava o Método Combinado) veio 
para o Brasil, a convite de D. Pedro II, para fundar a primei-
ra escola para meninos surdos do país: o Imperial Instituto 
de Surdos Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação de 
Surdos (INES), mantido pelo governo federal, e que atende 
crianças, jovens e adultos surdos. A partir de então, os surdos 
brasileiros passaram a contar com uma escola especializada 
para sua educação e, tiveram a oportunidade de desenvolver 
a Língua de Sinais Brasileira (Libras), mistura da Língua de 
Sinais Francesa com os sistemas de comunicação já usados 
22
pelos surdos de diferentes localidades do Brasil. Em 1878, 
realizou-se, em Paris, o I Congresso Internacional sobre a 
Instrução de Surdos, em que foram discutidas algumas expe-
riências	de	trabalho.	Os	surdos	tiveram	algumas	conquistas,	
como o direito a assinar documentos.
 O mais importante defensor do Oralismo nos Esta-
dos	Unidos	foi	o	escocês	Alexander	Graham	Bell,	inventor	
do	 telefone,	considerado	um	gênio	da	 tecnologia.	A	mãe	e	
a esposa de Bell eram surdas, mas ele tinha medo de que a 
comunicação gestual usada pelos surdos os isolasse em pe-
quenos grupos e com isso adquirissem muito poder. Com o 
desejo de integrar os surdos à maioria ouvinte, obrigava-os a 
falar, Bell tinha como objetivo principal eliminar as línguas 
de sinais, acabar com os casamentos entre surdos e ensinar 
a língua majoritária na modalidade oral para os surdos. Por 
esses motivos foi considerado pelo primeiro presidente da 
Associação Nacional de Surdos da América o mais temido 
inimigo dos surdos americanos (Lane, 1984).
 Em 1880, foi realizado o II Congresso Internacio-
nal, em Milão, considerado um marco histórico. O congresso 
foi	preparado	por	uma	maioria	oralista,	com	o	firme	propó-
sito	de	dar	força	de	lei	às	suas	proposições	no	que	dizia	res-
peito à surdez e à educação de surdos. Neste Congresso, Bell 
aproveitou-se de todo seu prestígio em defesa do Oralismo 
e ajudou na votação sobre qual método deveria ser utilizado 
na educação dos surdos. Com exceção da delegação ameri-
cana	(cinco	membros)	e	de	um	professor	britânico,	todos	os	
participantes, em sua maioria europeus e ouvintes, votaram 
por aclamação a aprovação do uso exclusivo e absoluto da 
metodologia oralista. Nessa época, as Línguas de Sinais ain-
23
da não tinham status de língua. Referiam-se aos sinais como 
linguagem. proscrição da linguagem de sinais. Acreditava-se 
que o uso de gestos e sinais desviasse o surdo da aprendiza-
gem da língua oral, que era a mais importante do ponto de 
vista social” (LACERDA, 1998). 
 O Oralismo venceu, sendo o uso da língua de sinais 
oficialmente	proibido.	Nesse	congresso,	os	professores	sur-
dos foram excluídos da votação. Após o evento, a metodolo-
gia oral passou a ser utilizada em todas as escolas para sur-
dos,	destacando-se	a	prática	terapêutica	da	fala.	É	importante	
salientar que os aspectos referentes à escolarização do surdo 
eram	colocados	em	segundo	plano,	já	que	a	ênfase	recaía	so-
bre a reabilitação da surdez, com o objetivo de curar o surdo.
Segundo Sacks (1998), a única oposição clara feita ao ora-
lismo foi apresentada por Gallaudet que, desenvolvendo nos 
Estados Unidos um trabalho baseado nos sinais metódicos 
do abade De L'Epée, discordava dos argumentos apresenta-
dos, baseando-se em sucessos obtidos por seus educandos.
O reverendo Thomas Gallaudet foi o principal responsável 
pelafundação em 1817, do American Asylum for the Deaf, 
em Hartford. Ele contou com o auxílo de Mason Cogswell, 
cirurgião de Hartford e pai de uma menina surda, e de Lau-
rent	 Clerc,	 surdo	 francês	 que	 foi	 para	 os	 Estados	 Unidos	
com Gallaudet e lhe ensinou a língua de sinais francesa, bem 
como a metodologia utilizada no Institute of Deaf-Mutes, 
onde Clerc lecionava.
 O sucesso do Asylum levou ao surgimento de ou-
tras escolas, em um processo de intenso desenvolvimento 
dos surdos, que culminou com a aprovação do Congresso, 
em 1864, autorizando a Columbia Institution for the Deaf 
24
and the Blind, em Washington a transformar-se na primeira 
instituição	de	ensino	superior	específica	para	surdos.
 Seu primeiro	reitor	foi	Edward	Gallaudet,	filho	de	
Thomas Gallaudet. Essa instituição é atualmente a Gallaudet 
University,	única	faculdade	de	ciências	humanas	para	surdos	
no mundo (Idem, 1998).
 A partir do Congresso de Milão, o oralismo foi o 
referencial assumido e as práticas educacionais vinculadas 
a ele foram desenvolvidas e divulgadas. Essa metodologia 
permaneceu inquestionável mesmo com seu insucesso, que 
ocasionou atrasos no desenvolvimento da maioria dos surdos.
 No Brasil, surgiram o Instituto Santa Terezinha 
para meninas surdas (SP), a Escola Concórdia (Porto Alegre 
- RS), a Escola de Surdos de Vitória, o Centro de Audição e 
Linguagem “Ludovico Pavoni” - CEAL/LP - em Brasília-DF 
e várias outras que, assim com o INES e a maioria das esco-
las de surdos do mundo, passaram a adotar o método oral.
 Na década de 1960, começaram a surgir estudos so-
bre as línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas, 
com as pesquisas de Willian Stokoe. Ao estudar a Língua de 
Sinais	Americana	 (ASL),	 Stokoe	 observou	 a	 existência	 de	
uma estrutura que se assemelhava à das línguas orais.
 O descontentamento com o oralismo e as pesqui-
sas sobre línguas de sinais deram origem a outras propostas 
pedagógico-educacionais em relação à educação da pessoa 
surda. Nos anos 70, iniciou-se a metodologia denominada 
comunicação total.
 "A Comunicação Total é a prática de usar sinais, lei-
25
tura	orofacial,	amplificação	e	alfabeto	digital	para	fornecer	
inputs linguísticos para estudantes surdos, ao passo que eles 
podem expressar-se nas modalidades preferidas" (Stewart 
1993, p. 118).
 No que se refere à comunicação total, para LA-
CERDA	(1998):	“Estudos	têm	apontado	que,	em	relação	ao	
oralismo, alguns aspectos do trabalho educativo foram me-
lhorados	e	que	os	surdos,	no	final	do	processo	escolar,	con-
seguem compreender e se comunicar um pouco melhor. En-
tretanto, segundo essas análises avaliativas, eles apresentam 
ainda	sérias	dificuldades	em	expressar	sentimentos	e	ideias	e	
comunicar-se em contextos extra-escolares”.
 As crianças surdas de diversos países passaram a 
ser encaminhadas para as escolas regulares. No Brasil, as 
Secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a 
coordenar	o	ensino	para	educandos	com	deficiências	e	sur-
giram as Salas de Recursos e Classes Especiais para surdos, 
além de algumas Escolas Especiais, com recursos públicos 
ou privados.
 Paralelamente ao desenvolvimento das propostas 
de comunicação total, estudos sobre línguas de sinais foram 
se tornando cada vez mais estruturados e, com eles, foram 
surgindo também alternativas educacionais orientadas para 
uma educação bilíngue.
 O modelo de educação bilíngue	 contrapõe-se	 ao	
modelo oralista porque considera o canal visual-gestual de 
fundamental	importância	para	a	aquisição	de	linguagem	da	
pessoa surda. Essa proposta defende a ideia de que a língua 
de sinais é a língua natural dos surdos, que, mesmo sem ou-
26
vir, podem desenvolver plenamente uma língua.
	 Contrapõe-se	à	comunicação total porque defende 
um espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educa-
cional	e	se	opõe	a	sua	‘mistura’	com	uma	língua	oral.
 O objetivo da educação bilíngue é que a criança 
surda tenha um desenvolvimento cognitivo-linguístico equi-
valente	ao	verificado	na	criança	ouvinte,	e	que	desenvolva	
uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso 
às	duas	línguas:	a	língua	de	sinais	e	a	língua	oral	oficial	em	
seu	país.	A	filosofia	bilíngue	possibilita	também	que,	dada	a	
relação entre o adulto surdo e a criança, esta possa construir 
uma auto-imagem positiva como sujeito surdo, sem perder a 
possibilidade de se integrar numa comunidade de ouvintes.
A aprendizagem dessa língua oral ocorre apoiada na compe-
tência	linguística	da	Língua	de	Sinais,	como	fazem	os	ouvin-
tes quando aprendem uma segunda língua, sempre tendo por 
base sua língua materna.
	 As	experiências	com educação bilíngue ainda são 
recentes. Os projetos já realizados em diversas partes do 
mundo (como Suécia, Estados Unidos, Venezuela e Uruguai) 
têm	princípios	filosóficos	semelhantes,	mas	se	diferenciam	
em alguns aspectos metodológicos.
 Existem países	que	têm	assegurado,	por	lei,	o	direi-
to das pessoas surdas à língua de sinais.
 Nos Estados Unidos, por exemplo, a Língua Ameri-
cana de Sinais é bastante conhecida.
 Em diversos países, como no	Brasil,	 as	 experiên-
cias com educação bilíngue ainda estão restritas a alguns 
27
poucos	centros,	devido	à	resistência	de	alguns	em	reconhe-
cer a língua de sinais como uma língua verdadeira ou aceitar 
sua adequação ao trabalho com as pessoas surdas.
 Apesar da inexistência	de	dados	oficiais	do	Brasil,	
observa-se que a comunicação total ainda é utilizada, en-
quanto as práticas oralistas tendem a diminuir.
 Encontra-se a língua de sinais sendo usada separa-
damente	da	fala;	uso	do	português	sinalizado,	acompanhan-
do	a	fala	numa	prática	bimodal;	fala	acompanhada	de	sinais	
retirados da língua de sinais como tentativas de representar 
todos	os	aspectos	do	português	falado	em	sinais.
 Observa-se, então, que,	de	alguma	maneira,	as	três	
principais abordagens de educação de surdos (oralista, co-
municação total e bilinguismo) coexistem em diferentes re-
giões	de	diversos	países.
29
S Síntese da Unidade
E Exercício
	 Nesta	unidade,	você	pôde	identificar	o	processo	his-
tórico de inserção do surdo na sociedade e o longo percurso 
do surdo até a conquista do direito à educação. Tais conceitos 
são	fundamentais	para	a	sequência	do	nosso	Curso.
 Fique ligado! 
 Faça um resumo da história da educação do surdo 
no mundo, destacando os principais educadores que contri-
buíram para a efetiva educação do surdo. Tendo em vista a 
leitura realizada, qual metodologia de ensino para o surdo 
você	acha	mais	adequada?	Qual	delas	traria	mais	benefício	e	
maior	nível	de	instrução	para	o	surdo?