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Resumo Teoria Geral dos Recursos - DPP

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS
PRINCÍPIOS DOS RECURSOS
- PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: 1º Aspecto: recorribilidade da decisão. 2º aspecto: previsão em
lei do respectivo recurso. Taxatividade está ligada ao cabimento. Embora haja a taxatividade, esta
é mitigada quando se aceita recurso contra decisão nula que ainda produz efeitos.
- PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: o recurso é dialético na medida em que a todo recurso é
reconhecido o direito de reação.
- PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE: ideia de que contra cada decisão é cabível apenas
um recurso. Exceção: decisão objetivamente complexa, sobre a qual comporta recurso especial
por afronta a legislação infraconstitucional e recurso extraordinário por afronta ao texto
constitucional.
- PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: possibilidade de restituição de um recurso por outro desde
que não haja má fé ou erro grosseiro. Não é cabível quando houver expressa previsão em lei de
um recurso x ou y. Caso o advogado esteja em dúvida sobre qual recurso interpor, deve usar o
prazo menor, pois isso evidencia sua boa-fé.
- PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: decorre da natureza voluntária do recurso. A disponibilidade
antes de exercer o direito recursal baseia-se na renúncia, enquanto a disponibilidade posterior ao
exercício do direito recursal funciona por meio da figura da desistência. Em caso de conflito entre
a vontade do réu e a vontade de seu procurador, prevalecerá a vontade do primeiro. Já o
Ministério Público, não pode desistir ou renunciar expressamente, mas pode deixar fluir prazo sem
manifestação.
- PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE: o recurso beneficia quem dele se utiliza e por outro lado,
não pode ser prejudicado pelo seu próprio recurso, caracterizando-se da reformatio in pejus (regra
de julgamento dentro da presunção de inocência). Mesmo com a existência do princípio
supradescrito, deve-se levar em consideração o efeito extensivo dos recursos, ou seja,
possibilidade de aproveitamento da decisão pelo corréu que não interpôs o recurso, desde que
estejam na mesma situação de fato. Exemplo: A e B são réus. A interpõe recurso e este
reconhece a inexistência do suposto crime cometido. B neste caso, poderá se beneficiar desta
decisão.
- PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: no geral,
estas são decisões irrecorríveis, com exceção das hipóteses de cabimento do recurso em sentido
estrito. Vale lembrar também que ser irrecorrível não é sinônimo de ser impugnável, já que
existem outros meios de impugnação que não sejam recursos. Exemplo: Mandado de segurança,
preliminar de Apelação.
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS:
1) Requisitos objetivos de admissibilidade:
a) Cabimento: analisar se a decisão é recorrível e se o recurso está previsto em lei.
b) Tempestividade: o prazo em matéria recursal é sempre processual.
c) Regularidade formal: o recurso pode ser interposto por petição ou oralmente (por termo nos
autos), nos casos de Apelação ou recurso em sentido estrito.
d) Ausência de fatos impeditivos e extintivos: são eles: renúncia, desistência e deserção.
2) Requisitos subjetivos de admissibilidade:
a) Legitimidade: é do Ministério Público na ação penal pública, inclusive para, querendo, interpor
recurso em favor do réu. Na ação penal privada, a legitimidade é limitada.
O réu também tem legitimidade ampla para os recursos de apelação e em sentido estrito.
Também são legitimados: o ofendido, nos casos em que o Ministério Público deixar fluir o prazo
sem se manifestar. O 3º de boa-fé nos casos em que a busca e apreensão recair sobre seus bens,
por exemplo.
b) Interesse em recorrer: necessidade de recorrer somado ao proveito que do recurso possa advir.
No caso de várias vítimas, o interesse de recorrer é limitado ao crime em que a vítima constar
como ofendido.
1. APELAÇÃO (art.593 CPP)
Conceito: É o recurso interposto da sentença definitiva de absolvição e condenação, bem como
contra sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim de que
se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão.
Hipóteses de Cabimento:
1) Contra decisões definitivas de absolvição sumária ou condenação, proferidas por juiz singular.
2) Decisões do tribunal do júri, satisfeitos os pressupostos do art. 593, III, a, b, c, ou d, do CPP.
3) Decisões definitivas quando não couber recurso em sentido estrito.
4) Decisões com força definitiva ou interlocutória mista quando não couber recurso em sentido
estrito (art. 593, I,II,III).
5) Quando o juiz rejeitar a denúncia ou queixa nos processos de crime de imprensa (art. 44, par.2º
da LI).
6) Das decisões que homologam transação na Lei 9.099/95.
7) Na sentença proferida em rito sumaríssimo.
Efeito: A apelação criminal não tem efeitos suspensivos quando a sentença absolve o réu, de
acordo com o art. 596 do CPP. Nesse caso, ele deve ser posto em liberdade prontamente. No
entanto, tratando-se de sentença condenatória, haverá efeito suspensivo na apelação conforme
disposto no o artigo 597 do CPP.
Prazo: 5 dias para interpor / 8 dias para apresentar razões
2. RESE
Conceito: recurso por meio do qual se procede ao reexame de determinada decisão nas matérias
especificadas em lei, possibilitando que o próprio juiz recorrido aprecie a questão antes do envio
dos autos à segunda instância (juízo de retratação)
Cabimento: art. 581 CPP (rol taxativo) - Possível interpretar o rol extensivamente. Isso não
significa um alargamento das hipóteses, mas sim permitir que outras situações se enquadrem nas
hipóteses existentes (diferente de analogia) – STF HC 75.798 – DF.
Prazo: 5 dias para interpor / 2 dias para apresentar razões
Efeitos: devolutivo, regressivo e suspensivo (apenas para algumas hipóteses: perdimento de
fiança; decisão que denegue a apelação ou julgar deserta; despacho que julgar quebrada a
fiança; da pronúncia; d decisão que julgar extinta a punibilidade)
3. REVISÃO CRIMINAL
Conceito: É uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência originária dos
tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando ocorrer uma
das hipóteses do artigo 621 do Código de Processo Penal.
Admissibilidade: Tem como pressuposto de admissibilidade a existência de sentença
condenatória transitada em julgado (processo findo). Não é cabível a ação revisional se ainda
couber recurso da decisão vou se estiver com recurso pendente de julgamento. Importante
obtemperar que é possível a revisão criminal de sentença de absolvição imprópria, a qual
reconhece a inimputabilidade do acusado e, ao absolve-lo, aplica-lhe uma medida de segurança,
tecnicamente é absolutória por ausência de um dos elementos do crime (culpabilidade). Porém, tal
decisão impõe sim sanção penal, portanto, seu caráter condenatório a torna passível de revisão.
CUIDADO! : “É possível a revisão criminal de sentença absolutória para mudança de
fundamentação? Não, embora determinados fundamentos da absolvição possam provocar
prejuízos ao réu nas esferas civil e administrativa, como a sentença de absolvição própria não
impõe qualquer sanção penal, é amplamente majoritária a jurisprudência em não admitir a revisão
nesse caso. ( Prática Jurídica Penal. Guilherme Madeira Dezem. Paulo Henrique Aranda Fuller.
Gustavo Octaviano Diniz Junqueira. Patricia Vanzolini. 14ª ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019, p. 214)"
4. HABEAS CORPUS
Conceito: É o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a
coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.
Base Legal: Artigos 647 e 648 do CPP e art. 5º, inciso LXVIII, da CF
Espécies:
a) Habeas corpus liberatório ou repressivo - Havendo violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, pode-se impetrar habeas corpus para afastar o
constrangimento ilegal e restabelecer a liberdade de locomoção do paciente.
b) Habeas corpus preventivo - Se a violência ou coação em sua liberdade de locomoção ainda
não ocorreu, mas há fortes razões para considerarque está na iminência de se configurar,
pode-se impetrar habeas corpus preventivo, buscando o “salvo-conduto”, mediante ordem
impeditiva da coação, conforme prevê o artigo 660, § 4º, do CPP.
Legitimidade Ativa: Pode ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação
legal ou representação de advogado (dispensada a formalidade da procuração).
Quando a coação é ilegal (art.648 do CPP) - = A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não
houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III -
quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o
motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a
punibilidade.
5. EMBARGOS
5.1 Embargos Infringentes: Nos termos do artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo
Penal, das decisões proferidas nos julgamentos de recursos em sentido estrito e de apelação
(decisões de 2º grau), caberão embargos infringentes e de nulidade quando se tratar de decisões
não unânimes e desfavoráveis ao réu. O pressuposto é a divergência (total ou parcial) entre os
votos proferidos pelos juízes do tribunal, ou seja, a existência de um ou mais votos vencidos na
decisão desfavorável ao réu.
Efeitos: a) Expansivo - Beneficia aos que não recorreram (espécie de efeito erga
omnes - art.580 cpp); b) Suspensivo - Réu terá direito a recorrer em liberdade
(isso para qualquer recurso – havendo efeito suspensivo)
Prazo: 10 dias
5.2 Embargos Declaratórios: Os embargos de declaração podem ser conceituados como sendo
o recurso cabível contra a decisão que contiver obscuridade, ambiguidade, contradição ou
omissão.
Obs. A depender da omissão, os declaratórios se tornam infringentes, porque acabam entrando
no mérito
Efeitos: O prazo será de 2 dias e suspenderá o prazo de outro recurso a ser
interposto (Lei n. 9.099/1995 art. 83, § 2º).
6. CORREIÇÃO PARCIAL
Conceito: providência administrativa e judicial contra DESPACHOS do juiz que importem
INVERSÃO TUMULTUÁRIA sempre que houver recurso específico previsto (error in procedendo).
A título exemplificativo podemos citar que há inversão tumultuária da ordem processual no ato do
juiz que abre prazo para alegações finais do MP antes da oitiva de alguma testemunha, ou do réu,
ou, em casos em que o juiz se não se pronuncia sobre pedidos de diligência, e, ato contínuo,
impulsiona a marcha processual de modo que a não manifestação da parte prejudicada poderá
ser entendida como preclusão.
Em suma, sempre que o juiz designar ato processual sem decidir questões imprescindíveis
anteriores, será o caso de correição parcial, salvo, claro, se houver recurso cabível. Em diversos
outros casos também são admitidos a correição parcial, a exemplo da decisão do juiz que não
aprecia o pedido de arquivamento do feito formulado pelo MP e remete os autos para polícia civil
realizar novas diligências, ou a inversão da ordem de oitiva de testemunhas, entre outros.
Procedimento: 10 dias a contar da ciência do despacho impugnado
7. CARTA TESTEMUNHÁVEL
Conceito: Recurso que objetiva provocar o reexame da decisão que DENEGAR ou IMPEDIR o
seguimento de RESE e do Agravo de Execução (ou seja, visa o envio ao tribunal ad quem).
Prazo: 48 horas após a decisão que denegou o recurso, dirigido ao escrivão do feito.
Denegação da Apelação - caberá RESE (art. 581, XV, CPP)
Denegação de Resp e RE - AGRAVO
Denegação de Embargos Infringente e de Nulidade - caberá agravo regimental, em 5 dias,
também nos casos de indeferimento liminar do pedido de revisão criminal.
8. RECURSO ESPECIAL
Conceito: Cabe das decisões de qualquer tribunal estadual, em única ou última instância que
contrarie tratado ou lei federal, ou lhes negue vigência, julgar válida lei ou ato de governo local
contestado em face de lei federal; dê à lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal (art. 105, III, a, b ou c da CF). o procedimento é o mesmo do recurso
extraordinário.
A finalidade recursal é a invalidação, a integração, o esclarecimento ou a reforma da decisão
impugnada, sendo o recurso providência de índole potestativa. Neste diapasão, reforçar-se a
importância dos recursos para a credibilidade do nosso sistema processual como todo,
principalmente, no processual penal.
Previsão é de ordem constitucional, conforme se vê do art. 105, III, CF, devendo ser julgado pelo
Superior Tribunal de Justiça.
Não cabimento para reexame de prova: Súmula nº7 STJ - A pretensão de simples reexame de
prova não enseja recurso especiaL
Prequestionamento: é necessário o da matéria no Tribunal a quo para que possa ser conhecido
o recurso. Caso não tenha o Tribunal de origem analisado a matéria de ordem federal, deverá a
parte interpor embargos de declaração para que seja feito o devido prequestionamento.
Súmula 518, STJ: “Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível
recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula.
Assim, o art. 105, III, a, CF, apenas admite a impetração do recurso quando a violação é à
lei federal, não sendo possível em caso de violação à súmula, visto que a natureza jurídica
é diversa.
Processamento e prazo (art. 1029 a 1044 CPC): A sua interposição deve ser feita perante o
Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem, com as razões inclusas, na forma do art.
1029, NCPC.
O prazo para a sua interposição e juntada de razões é de 15 (quinze) dias, na forma do art. 1030,
caput, NCPC. Lembrar que a contagem dos prazos processuais é em dias corridos e está prevista
no art. 798, §1º, CPP, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia final. Caso o último dia do
prazo termine em feriado ou em dia não útil, considere-se prorrogado para o próximo dia útil,
também na forma do art. 798, §3º, CPP.
9. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Conceito: apresentado perante o Supremo Tribunal Federal – STF, possui como finalidade
precípua o controle da correta aplicação da legislação infraconstitucional diante as normas
constitucionais.
Dispõe o art. 102, III, CF que caberá recurso extraordinário contra:
a) decisão que contraria dispositivo constitucional;
b) decisão que declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) decisão que julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição
Federal;
d) decisão que julga válida lei local contestada em face de lei federal.
Cabimento: art.102,III, CF - quando nenhum outro recurso pode ser interposto e desde que já
utilizadas todas as vias recursais. Sumula 281 STF
SÚMULA 281 - É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na Justiça
de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
Prazo para interposição: 15 (quinze) dias, inicia-se a contagem da data de publicação do
acórdão recorrido.
Interposição: deverá ser realizada perante ao Presidente do Tribunal que originou o acórdão
recorrido. A petição com as razões recursais, devem ser apresentadas juntamente com a petição
de interposição.
O Presidente do Tribunal realizará o juízo admissibilidade, não somente quanto a tempestividade,
e sim, se verdadeiramente está preenchido uma das hipóteses constitucionais que autorizam a
interposição do recurso extraordinário, se houver rejeição da peça recursal caberá agravo.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10688723/artigo-102-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687838/inciso-iii-do-artigo-102-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Dispõe o art. 102, III que compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as
causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida.
Somente será apreciado o recurso extraordinário se as demais hipóteses recursais foram
devidamente esgotadas. Desse modo, o STF julgará o recurso extraordináriose a decisão
atacada foi julgada em única ou última instância pelos tribunais de justiça, tribunais federais, e
ainda, após julgado o recurso especial apresentado perante o STJ, se cabível.
É necessário que todos os recursos ordinários (apelação, embargos infringentes e de nulidade,
embargos de declaração, etc.) tenham sido julgados nas instâncias anteriores, para que o STF
conheça do recurso extraordinário, inclusive eventual recurso especial, quando cabível
a) Contrariar dispositivo da Constituição (art. 102, III, a, CF)
A afronta que o advogado deve demostrar ao dispositivo constitucional deve ser clara, direta e
frontal, não ensejando o recurso extraordinário uma contrariedade reflexa.
Isso porque, a análise de maltrato a dispositivo constitucional demandaria o exame de matéria
infraconstitucional, o que é vedado pela Súmula 636 do Col. Supremo Tribunal Federal. Com
efeito, a ofensa à Constituição Federal deve ser direta e frontal, e não por via reflexa (…). (ARE
1261300, BARROSO, 02/04/2020).
Recorrente condenado pela prática do delito previsto no artigo 168 do Código Penal. A
necessidade de revolvimento do conjunto fático-probatório impede o acolhimento do recurso
extraordinário, uma vez que incide o óbice da Súmula 279 desta CORTE. Eventuais ofensas à
Constituição seriam meramente indiretas (ou mediatas), o que inviabiliza o conhecimento do
apelo. (ARE 896.843-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 23/9/2015).
Mas o que é uma ofensa direta e frontal à Constituição? Quando há um Tribunal Constitucional, e
a ele se pretende ascender pela via recursal, o que realmente importa são os “cases”, a
jurisprudência construída por aquele tribunal na interpretação da Constituição e na definição de
seus limites de incidência. Em última análise, conscientes do aparente reducionismo (e da
tristeza) que isso possa conter, a Constituição diz o que o Supremo Tribunal Federal disser que
ela diz (Direito processual penal / Aury Lopes Jr. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019).
b) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal (art. 102, III, b, CF)
É missão precípua do STF a tutela da Constituição e, portanto, o controle sobre as decisões
judiciais emanadas pelos demais tribunais que declararem a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal. Sempre que algum Tribunal de Justiça, regional federal ou mesmo o STJ, declarar a
inconstitucionalidade de uma lei federal, é cabível o controle por parte do STF, pela via do recurso
extraordinário (Direito processual penal / Aury Lopes Jr. – 16. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019).
Dispõe o art. 97 da CF que somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público.
Neste caso, o recurso extraordinário com fundamento na alínea b deve ser interposto, não contra
a decisão do plenário ou órgão especial do tribunal local que declarara a inconstitucionalidade da
norma, mas em face do acórdão que, julgando o caso concreto, aplique a decisão do plenário.
Nesse sentido é o enunciado 513 da Súmula de Jurisprudência do STF: “A decisão que enseja a
interposição do recurso ordinário ou extraordinário, não é a do plenário que resolve o incidente de
inconstitucionalidade, mas a do órgão (Câmara, Grupo ou Turma) que completa o julgamento do
feito”. Por outro lado, a Súmula Vinculante 10 do STF prevê que: “Viola a cláusula de reserva de
plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5870910
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10617844/artigo-168-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/881197196/recurso-extraordinario-com-agravo-are-896843-df-distrito-federal-0050156-4120114010000
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/872507/artigo-97-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
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expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte (Manual dos recursos, Badaró, Gustavo Henrique, 2017).
c) Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição (art. 102, III, c, CF)
Difícil a aplicação dessa alínea em questões de direito penal, em face a competência privativa da
União para criar legislação sobre temas de direito material e processual penal.
d) Julgar válida lei local contestada em face de lei federal (art. 102, III, d, CF)
Conforme argumento do item anterior.
Prequestionamento: É imprescindível que o tribunal a quo tenha se manifestado de forma
expressa sobre a questão constitucional ou federal que fundamenta as razões do recurso
extraordinário apresentado.
Sendo omissa a decisão do tribunal a quo o advogado dentro dos prazos legais deve apresentar
embargos declaratórios, dispõe o CPC:
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante
suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro,
omissão, contradição ou obscuridade.
O STF exige o prequestionamento explícito, ou seja, que o artigo da Constituição tenha sido
mencionado explicitamente na decisão recorrida, inadmitindo o chamado prequestionamento
implícito.
Repercussão Geral no Recurso Extraordinário:
A Emenda Constitucional 45, alterou o art. 102, § 3º, da Constituição, que passou a exigir que no
recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o tribunal examine a admissão
do recurso, somente podendo recusá-la pela manifestação de dois terços de seus membros.
O CPC, disciplinou a repercussão geral no art. 1.035:
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,
nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os
interesses subjetivos do processo.
§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação
exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I – contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;
II – (Revogado).
III – tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do
art. 97 da Constituição Federal.
O § 3.º do art. 1.035 doCPC estabelece duas hipóteses que haverá a repercussão geral, quando
o recurso impugnar acordão que contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal, ou que tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, nos
termos do art. 97 da Constituição Federal.
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1760665211/emenda-constitucional-45-04
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10688723/artigo-102-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687526/par%C3%A1grafo-3-artigo-102-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28886981/artigo-1035-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/872507/artigo-97-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/872507/artigo-97-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
A decisão sobre a inexistência de repercussão geral é irrecorrível (CPC, art. 1.035, e RISTF, art.
326).
Dessa forma, a demonstração, em preliminar, de repercussão geral da questão constitucional
suscitada é requisito necessário para o conhecimento de todos os recursos extraordinários,
inclusive em matéria penal.
10. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Conceito: O recurso ordinário constitucional é manejado perante o STF quando, nos
procedimentos de habeas corpus, habeas data, mandado de segurança e mandado de
injunção, forem julgados em única instância pelos Tribunais Superiores (STJ, TST, STM e TST), e
a decisão obrigatoriamente houver sido denegatória. Também, será manejado no STF quando for
denegatória a decisão dos procedimentos acima indicados proferidas em única ou última
instância, pelos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais.
Recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de segurança, mandado de
injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última instância, interposto no STJ
ou STF, conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão recorrida.
Diferentemente do Recurso Especial e Extraordinário, o Recurso Ordinário não exige
prequestionamento para ser conhecido. No processo penal, o Recurso Ordinário Constitucional
em Habeas Corpus é o mais utilizado, cabível como consta na Constituição Federal/88 quando
estivermos diante de uma decisão denegatória de habeas corpus proferida no âmbito dos
Tribunais.
Base legal: Art. 102, inciso II, alínea “a”, da CF/88 > STF
Base legal: Art. 105, inciso II, alínea “a”, da CF/88 > STJ
Prazo: Nos termos do artigo 30 da Lei nº 8.038/90, será interposto no prazo de cinco dias, com
as razões do pedido de reforma, perante o STJ, quando a decisão denegatória for proferida por
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal. O mesmo
prazo de 05 (cinco) dias para interposição do recurso ordinário constitucional em habeas corpus
deverá ser observado perante o STF, já acompanhado das razões, conforme Súmula 319 do STF:
“O prazo do recurso ordinário para o STF, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de
cinco dias”.
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28886981/artigo-1035-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893725/artigo-326-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://freelaw.work/blog/habeas-corpus/
https://freelaw.work/blog/mandado-de-seguranca/