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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 1 @emilly.lorenaa APG 5 – O quadril em formação 1) REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DO QUADRIL ANATOMIA DO QUADRIL Os ossos do quadril direito e esquerdo em conjunto com o sacro, que faz parte da coluna vertebral, formam a cintura pélvica (pelve), também chamada de CÍNGULO DO MEMBRO INFERIOR. A cintura pélvica tem como principais funções: Sustentação: A cintura pélvica promove sustentação do peso das partes superiores do corpo nas posições sentada e ortostática (ereto, sobre os pés e braços paralelos). Sustenta as vísceras abdominopélvicas e o útero gravídico. Fixação: É ponto de fixação para os músculos da locomoção, postura e da parede abdominal. Serve de fixação também para os corpos eréteis dos órgãos genitais; É ponto de fixação para músculos e membranas que formam o assoalho pélvico. Proteção e contenção: Fornece proteção para as vísceras pélvicas e abdominais inferiores, e permite a passagem dessas até suas partes terminais. Fornece passagem para o feto a termo; Transfere o peso do esqueleto axial (coluna vertebral, caixa torácica e crânio) para o esqueleto apendicular (membros) inferior para ficar de pé e caminhar. O quadril é formado por três ossos primários unidos por articulações, que são o ísquio, o ílio e o púbis. Em lactentes e crianças, esses ossos são unidos por uma cartilagem hialina trirradiada no acetábulo. Com a puberdade, esses ossos se unem formando o quadril e na fase adulta não há mais divisão entre eles, sendo a nomenclatura utilizada apenas para localização. A pelve é dividida em PELVE MAIOR (FALSA) e PELVE MENOR (VERDADEIRA). PELVE MAIOR: é localizada entre à abertura superior da pelve e o plano das cristas ilíacas. Ela é ocupada por vísceras abdominais. PELVE MENOR: é localizada entre as aberturas da pelve e inclui a cavidade pélvica verdadeira e partes do períneo. Possui maior importância ginecológica e obstétrica. Pelve, pelve menor e cavidade pélvica não são sinônimos, visto que PELVE é a cintura pélvica, a CAVIDADE é o local demarcado pela cintura pélvica e a PELVE MENOR é a região por onde o bebê atravessa durante o parto vaginal. O ÍLIO forma a maior parte do osso do quadril e compõe a parte SUPERIOR do acetábulo, cavidade com a qual o fêmur se articula com o quadril. O ÍSQUIO compõe a porção posteroinferior do osso do quadril, sendo formado basicamente pelo corpo e ramo. O PÚBIS forma a parte anteromedial do osso do quadril, compondo a parte anterior do acetábulo e onde se fixa os músculos mediais da coxa. O púbis é dividido em corpo e ramos superior e inferior.. ARTICULAÇÕES DO QUADRIL Além das articulações que unem os ossos primários do quadril, a qual o torna um osso único, ou seja, não há movimento entre suas partes, o quadril possui as seguintes articulações: ARTICULAÇÃO SACROILÍACA: é uma articulação sinovial especial por possuir mobilidade limitada, consequência de seu papel na transmissão do peso da maior parte do corpo para os ossos do quadril, principalmente através dos ligamentos sacroilíacos interrósseos. Muitas vezes o movimento da articulação sacroilíaca é limitado a leves movimentos de deslizamento e rotação pelo entrelaçamento dos ossos que se articulam e os ligamentos sacroilíacos. Além dos ligamentos sacroilíacos interrósseos, esta articulação é composta pelos ligamentos sacroilíacos anteriores e posteriores. SÍNFISE PÚBICA: é o disco interpúbico fibrocartilagíneo, que une anteriormente os ossos do quadril, sendo geralmente mais largo em mulheres. Anteriormente, essa articulação é reforçada pelos músculos reto e oblíquo externo do abdome. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 2 @emilly.lorenaa ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL: também chamada de articulação do quadril, é sinovial do tipo esferoide e fica entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Depois da articulação do ombro (glenoumeral), é a mais móvel do corpo, realizando papel semelhante à glenoumeral. A coxofemoral é composta por quatro ligamentos: iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral (externos) e o ligamento da cabeça do fêmur (interno). A articulação do quadril (coxofemoral) é a mais estável do corpo, graças à sua arquitetura, à resistência de sua cápsula e às fixações de músculos que atravessam a articulação. 2) DEFINIR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS OSTEOMUSCULARES (COM ÊNFASE EM DISPLASIA CONGÊNITA DE QUADRIL) DISPLASIA CONGÊNITA DE QUADRIL OU DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) A DDQ é uma expressão genérica que descreve um espectro de anormalidades anatômicas do quadril, as quais podem ser congênitas ou de desenvolvimento após o nascimento. A DDQ manifesta-se de várias formas, dependendo do grau de deslocamento, da idade do paciente no diagnóstico e no tratamento ou, ainda, da condição do quadril, se é instável, displásico, subluxado ou luxado. Dessa forma, é uma condição anormal do quadril ao nascimento, uma instabilidade do quadril, em que ocorre: Perda total da relação articular entre a cabeça femoral e o acetábulo; ou, A luxação da cabeça do fêmur pode ocorrer no útero (fetal ou pré-natal), no nascimento (perinatal) ou depois dele (pós-natal). Apesar da relação anatômica descrita estar mantida, ela pode ser facilmente alterada. Quando totalmente, define-se o quadril luxável ou, quando parcialmente, o quadril subluxável. A incidência absoluta está situada na faixa de 1 a 2:1.000 RN. Em nosso meio, espera-se uma incidência de, aproximadamente, 5:1.000 quanto à positividade do sinal de Ortolani, que é o sinal clínico precoce de detecção da patologia. A afecção é mais frequente nas meninas, sendo no Brasil uma relação observada de 4/1. Quanto à etnia, é mais frequente na branca que na negra. Quanto à lateralidade, no Brasil, a distribuição aproximada é bilateral (23,9%), lado direito (47,8%) e lado esquerdo (28,2%). FISIOPATOLOGIA As causas da DDQ são multifatoriais, mas as mais importantes são hiperlassidão ligamentar, excessiva anteversão femoral, anteversão e/ou deficiência acetabular e má posição intrauterina. Dessa forma, várias teorias tentam explicar a etiologia da DDQ: GENÉTICA: estudos mostraram que uma alta porcentagem de parentes próximos dos pacientes com DDQ apresentavam alterações no ângulo CE de Wiberg nos quadris examinados. Ortolani, após acompanhar cerca de 4 mil casos de DDQ. Acredita-se que este é o fator mais importante! Ocorrer OLIGOIDRÂMNIOS: pouco líquido amniótico, sem líquido o quadril pode desencaixar; POSIÇÃO INTRAUTERINA: Há maior incidência nos RN que, ao nascimento, estavam em apresentação pélvica (15,7%) comparados aos que estavam em apresentação cefálica. A flexão do quadril durante os últimos meses de gestação, nas posições pélvica ou cefálica, aliada à frouxidão ligamentar, pode evoluir para displasia residual ou subluxação, mostrando que essa posição é importante como causa de displasia do desenvolvimento do quadril. Na posição pélvica, o fêmur do feto em flexão e rotação externa pode ser forçado para fora do acetábulo, predispondo a criança a nascer com o quadril instável, subluxado ou luxado. O quadril do neonato é uma articulação relativamente instável porque a musculatura não está desenvolvida, as superfícies cartilaginosas são deformáveis com facilidade e os ligamentos são frouxos. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 3 @emilly.lorenaa É possível haver posicionamento exageradoem flexão aguda e adução do quadril na vida intrauterina, sobretudo em fetos com apresentação de nádegas. Essa situação pode causar estiramento excessivo da cápsula posterior do quadril, o que deixa a articulação instável após o parto. FATORES HORMONAIS: há maior frequência em mulheres que sofreriam aumento da lassitude articular e ligamentar por influência hormonal materna na gravidez. POSIÇÃO APÓS O NASCIMENTO: a forma de vestir a criança, envolvendo-a em mantas que forçam a posição de adução do quadril, poderia causar DDQ. A luxação do quadril é dividida em três grandes categorias: INSTABILIDADE DO QUADRIL – TÍPICA: é o quadro mais frequente. Podem-se distinguir 4 tipos: Luxação; Subluxação; Quadril “luxável”; Quadril “subluxável”. LUXAÇÃO TERATOLÓGICA: ocorre antes do nascimento e envolve graves deformidades do acetábulo, da cápsula e do fêmur proximal, associada a outras malformações, como mielomeningocele, artrogripose múltipla congênita, agenesia lombossacral e anomalias cromossômicas. Nesse grupo, encontram-se praticamente só quadris luxados, sendo inexistentes os quadros de subluxação, quadril “luxável” ou “subluxável”. INSTABILIDADE NEUROMUSCULAR: Aqui se situam as instabilidades e luxações do quadril associadas à mielomeningocele e, sobretudo, à agenesia sacral. Nesse grupo, pode-se evidenciar, também, alterações morfológicas significativas já ao nascimento, decorrentes da luxação intrauterina, dificultando, portanto, a redução. Na instabilidade, o quadril está contido e reduzido, mas lasso (frouxo, solto), instável e, por conseguinte, passível de luxação, em decorrência da frouxidão capsuloligamentar, podendo haver displasia concomitante = desenvolvimento inadequado da articulação do quadril, incluindo o acetábulo, a cabeça femoral ou ambos. Na subluxação, existe perda parcial do contato articular. É o termo usado para descrever achados radiográficos que indicam hipoplasia do acetábulo e deslocamento parcial da cabeça do fêmur em relação ao seu encaixe no acetábulo. Na luxação, há perda total do contato articular entre a cabeça femoral e o acetábulo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO Geralmente, é uma condição assintomática ao nascimento, ela não provoca deformidade, é indolor e não limita movimento. Assim, deve-se pesquisar em todo recém-nascido por meio de manobra semiológicas. O exame do quadril do RN deve ser rotina e enfatizado ainda no berçário e também no acompanhamento ambulatorial da criança, nos primeiros meses de vida. No RN e nos bebês, o diagnóstico da DDQ é eminentemente clínico e realizado com as manobras de Ortolani (luxação) e Barlow (instabilidade). No entanto, antes de aplicar esses testeS, é preciso examinar com cuidado, além dos sinais de risco, o quadril e os MMII, em busca de outros aspectos sugestivos de DDQ, como: ASSIMETRIA DE PREGAS NAS COXAS E POPLÍTEAS; ENCURTAMENTO APARENTE DO FÊMUR (SINAL DE GALEAZZI +); ASSIMETRIA DAS PREGAS INGUINAIS; SINAL DE ORTOLANI: é um teste de redução do quadril, ou seja, quando um RN com a articulação coxofemoral luxada é examinado, a cabeça femoral é reduzida no acetábulo com a manobra, demonstrando-se, assim, a luxação. A manobra é realizada com a criança em decúbito dorsal com os quadris e joelhos em posição de flexão APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 4 @emilly.lorenaa de 90º, com as coxas em adução e com rotação medial leves; Ao efetuar um movimento de abdução dos quadris, podendo ser acompanhado por uma leve rotação lateral das coxas, tem-se a sensação de um “ressalto” na articulação patológica = Ortolani positivo! Cada quadril é examinado separadamente e com muita atenção, não deve ser executada com esforço, mas com delicadeza e com a criança calma, pois é uma redução do quadril luxado. SINAL DE BARLOW: é exatamente o oposto, ou seja, é uma manobra provocativa da luxação de um quadril instável e determina o potencial para a luxação do quadril examinado. A coxa do paciente é mantida em ângulo reto, com o tronco em uma posição de adução, a força será exercida pelo joelho da criança em direção vertical ao quadril, em um esforço para deslocar a cabeça femoral do interior do acetábulo. O examinador procura um sinal de “pistolagem” no quadril em exame, que pode ou não ser acompanhado por “ressalto”. A parte superior do fêmur é mantida entre os dedos indicador e médio sobre o trocânter maior, e o polegar na região inguinal. A cabeça femoral pode ser alavancada para dentro e para fora da articulação, confirmando a instabilidade. Em poucas semanas, se o quadril permanecer luxado, a limitação da abdução da articulação será evidente e um sinal clínico importante. Com o crescimento da criança e o quadril luxado, os sinais clínicos se tornam mais óbvios. Com o passar do tempo, torna-se mais difícil e impossível reduzir a luxação pela manobra de Ortolani, de modo que esse sinal passa a ser, então, negativo. A limitação da abdução se torna maior. Entre os 3 e os 6 meses de vida, a redução do quadril de uma criança acordada é impossível, por isso, nessa faixa etária, é muito difícil encontrar crianças com o sinal de Ortolani positivo, o que faz a manobra perder o seu valor. A contratura em adução do quadril: a abdução do quadril luxado é progressivamente limitada; IMAGEM A Outro sinal mais tardio é o de Galeazzi ou de Allis: com a criança deitada e com os joelhos fletidos, eles não estarão na mesma altura, denotando já a diferença de comprimento entre os MMII. IMAGEM B Pode ocorrer, também, assimetria nas pregas glúteas cutâneas, mas isso não é uma constante. Após a marcha, somando-se aos achados descritos, a criança anda com claudicação por conta da fraqueza do glúteo médio e do encurtamento aparente do membro afetado. Em ortostatismo, apresenta lordose lombar excessiva, rotação externa do MMII, trocânter maior proeminete e sinal de Trendelenburg positivo. Com o aumento da contratura em adução do quadril, ocorre geno valgo compensatório. DIAGNÓSTICO POR IMAGENS: A USG do quadril no neonato tem um potencial, pois, nesse exame há uma evidenciação bem clara das estruturas cartilaginosas que são precariamente delineadas pela radiografia simples. É fácil de realizar, é de baixo custo, não invasivo e dinâmico, no qual se pode evidenciar a melhor posição de redução da região coxofemoral, servindo também para o controle do tratamento. Pode ser considerada como um método para triagem dos casos nos RN, pois pode detectar luxação e subluxação. Também pode evidenciar a redução do quadril e sua estabilidade. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 5 @emilly.lorenaa O exame radiológico da bacia não é indicado como rotina no RN para o diagnóstico precoce. A radiografia pode não revelar um quadril luxado nessa fase da vida da criança, mesmo se a posição do mesmo inferior for, deliberadamente, de luxação à realização do exame, isso se deve à estrutura pélvica nessa faixa etária ser essencialmente cartilaginosa. Assim, uma radiografia negativa nessa idade não exclui a possibilidade de a criança ter a luxação do quadril. A radiografia começa ser útil para confirmação da DDQ após a 6ª semana de vida da criança. A artrografia do quadril é o estudo radiográfico que permite visualizar as estruturas cartilaginosas e as partes moles adjacentes que não são evidenciáveis em uma radiografia comum da região coxofemoral. Contudo, para a sua realização, há a necessidade de injeção articular de meio de contraste e de anestesia da criança. É indicado para os pacientes em que o diagnósticofor feito tardiamente e que se apresentam para o tratamento acima dos 18 meses de idade. Esse exame fornece informações sobre o estado da cabeça femoral e do acetábulo, da forma da cabeça do fêmur, dos estados dos ligamentos redondo e transverso, da cápsula articular, do limbo e do pulvinar. Em virtude de seu poder de resolução e da possibilidade de realizar cortes transversais, a tomografia axial computadorizada (TAC) no estudo da DDQ permite observar a interposição do tendão do músculo ileopsoas e da hipertrofia do pulvinar, mesmo sem a contrastação da cápsula e do interior da cavidade articular. Permite também evidenciar subluxações femorais e medir o ângulo de anteversão acetabular. TRATAMENTO Uma vez estabelecido o diagnóstico de instabilidade ou de luxação do quadril, o tratamento é iniciado visando a redução da cabeça femoral da cavidade acetabular e a sua manutenção até a certeza da estabilidade articular. O objetivo do tratamento da DDQ é a correta centração e a estabilização da cabeça femoral no acetábulo. Inúmeros aparelhos ortopédicos estão disponíveis para cumprir o objetivo do tratamento. Atualmente, a órtese mais usada é o suspensório de Pavlik, que proporciona a simultânea flexão e abdução da articulação coxofemoral graças às tiras que se unem com relativa facilidade. É utilizado em quadris instáveis ou displásicos, podendo ser usado em crianças até os 6 meses de idade. O ideal é que, nas crianças com quadris instáveis, ou seja, luxáveis, ele seja empregado logo nas primeiras semanas de vida, pois, nesses casos, a manutenção da redução tende a promover uma rápida estabilização. O método consiste em manter a flexão do quadril em 90° com a ajuda das tiras anteriores e, por meio das tiras posteriores, evitar a adução. O ajuste deve ser periódico, acompanhando o crescimento da criança, posições errôneas podem provocar danos à articulação ou lesões cutâneas. O médico deve avaliar a melhora do desenvolvimento articular para liberação do aparelho. Em crianças com quadris luxados e irredutíveis e naquelas com mais de 6 meses de vida, o tratamento torna-se mais complexo, e uma redução sob anestesia torna-se necessária, podendo ser associada à cirurgia para liberar ou facilitar o procedimento. Nesses casos, é necessária a imobilização com aparelho gessado que englobe abdome/pelve e os membros inferiores e que deve ser usado por vários meses. Quando o diagnóstico é tardio, após o início da marcha, geralmente é necessária uma cirurgia mais complexa para reposicionamento da cabeça femoral. OSTEOGÊNESE IMPERFEITA Na afecção osteogênese imperfeita (OI), a principal queixa clínica se refere à ocorrência de fraturas, únicas ou múltiplas, ocasionadas por fragilidade óssea. Trata-se de uma doença genética heterogênea, tendo tipos com herança dominante e outros com herança genética recessiva. CLASSIFICAÇÃO DE SILLENCE: TIPO I: herança autossômica dominante, escleras azuis, forma leve, início das fraturas após o nascimento, maioria na idade pré-escolar; TIPO II: Herança autossômica recessiva, escleras azuis, forma letal no período perinatal. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 6 @emilly.lorenaa TIPO III: Herança autossômica recessiva; escleras normais, forma grave, fraturas ao nascimento, deformidade progressiva, audição normal. TIPO IV: Herança autossômica dominante; escleras normais, forma com gravidade moderada, fragilidade óssea, audição normal. Subtipo A: Sem dentinogênese imperfeita. Subtipo B: Com dentinogênese imperfeita. Em termos de incidência, há grande variação entre os diversos tipos de OI. No tipo I a incidência é de um caso para 30 mil nascidos; No tipo II, temos um caso para 60 mil nascidos; até o momento não se sabe a incidência exata dos tipos III e IV. FISIOPATOLOGIA A OI é um distúrbio do tecido conjuntivo causado por defeitos bioquímicos dos genes do colágeno tipo 1 (A1 e A2), colágeno esse que é a principal proteína encontrada no osso, na dentina, na esclerótica e nos ligamentos, sendo os tecidos primariamente afetados nos pacientes com OI. A principal forma de colágeno do tecido ósseo é o tipo 1, que representa cerca de 90% do colágeno corporal, sendo também o maior componente da pele. Sua estrutura é composta por 2 cadeias 1 (I), codificadas pelo gene COL1A1, localizado no cromossomo 17, e uma cadeia a2(I), codificada pelo gene COL1A2, localizado no cromossomo 7. Uma falha genética, causando a substituição de um aminoácido por outro dentro das cadeias dos polipeptídeos, como, por exemplo, a glicina pela arginina ou cisteína, modifica toda a organização do esqueleto proteico. O resultado pode ser a produção de colágeno defeituoso ou em quantidade diminuída. O defeito no colágeno induz à má mineralização do tecido ósseo, levando à fragilidade óssea que resulta em fraturas de repetição, que evoluem para deformidades progressivas do esqueleto. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO As manifestações clínicas da osteogênese imperfeita dividem- se em dois grupos: MANIFESTAÇÕES ESQUELÉTICAS: relacionadas diretamente com o enfraquecimento do esqueleto. A fragilidade óssea caracteriza o estigma básico da osteogênese imperfeita, resultando em fraturas múltiplas por traumas mínimos. O processo estende-se a toda o esqueleto, tanto axial como periférico. Na forma mais grave ou doença de Vrolik (tipo II), as fraturas ocorrem intraútero, resultando em encurtamento acentuado dos membros. O quadro simula um tipo de nanismo micromélico ao nascimento. As radiografias mostram formas aberrantes nos ossos longos e no crânio, as diáfises apresentam- se sinuosas e achatadas, com múltiplos pontos de fraturas e neoformação óssea. O alargamento do diâmetro anteroposterior configura o tórax em quilha, com múltiplos nódulos nas costelas e na junção condrocostal. O comprimento do tronco está diminuído pela platispondilia intensa. O crânio irregular e aumentado contrasta com a face afilada, resultando no formato triangular denominado “rosto de duende” = no RX pode identificar ilhas de ossificação com áreas radiotransparentes, lembrando placas de iceberg. A maioria das crianças afetadas morre no 1º ano de vida, por hemorragias intracranianas, torácicas ou complicações respiratórias decorrentes do colabamento dos arcos costais. MANIFESTAÇÕES EXTRA-ESQUELÉTICAS: decorrentes de distúrbio do tecido colágeno nos outros órgãos, como: SURDEZ: a perda da acuidade auditiva na osteogênese imperfeita pode ter como fisiopatologia a compressão do nervo vestibulococlear, causada pelo colabamento do meato acústico. Outras causas são a anquilose da cadeia de ossículos ou a otosclerose coclear. DEFEITO DENTÁRIO: a dentinogênese imperfeita é resultado da fragilidade da camada de dentina, predispondo a infecções gengivais crônicas. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 7 @emilly.lorenaa DEFEITOS DO TECIDO CONJUNTIVO: a presença ou ausência da esclera azul define os tipos III e IV da classificação de Sillence. Esse aspecto resulta do adelgaçamento das camadas da esclera, deixando transparecer a cor azulada do plexo coroide. A presença ou ausência desse sinal não interfere na gravidade do quadro ósseo. Outras manifestações extraósseas da osteogênese imperfeita são hérnias inguinais e abdominais. Em relação a exames de laboratório, lembra-se que metabolismo ósseo dos pacientes com OI é normal, ou seja, não foram evidenciadas alterações nos níveis séricos de cálcio, fósforo e fosfatase alcalina, esta última poderá estar elevada em algumas situações clínicas na OI. DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL:A ultrassonografia, em geral, identifica a osteogênese tipo II na 14ª ou 16ª semanas de gestação, e a osteogênese tipo III da 16ª a 18ª. As formas mais leves são detectadas apenas no final da gravidez ou no período pós-natal. TRATAMENTO Não existe um tratamento específico para a OI, mas existem vários centros de estudo que se dedicam a investigar novos métodos de tratamento para diminuir a fragilidade óssea e corrigir as deformidades ocasionadas pelas fraturas. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: diversos fármacos vêm sendo utilizados na tentativa de obter aumento da resistência óssea dos portadores de osteogênese imperfeita, mas, infelizmente, não existe medicamento que tenha ação específica e resultados absolutos. Nas formas leves e moderadas da doença, sabe-se que, quando as crianças atingem a puberdade e a adolescência, ocorre diminuição acentuada da frequência de fraturas. Esse fenômeno deve-se ao efeito dos hormônios sexuais sobre os osteoblastos, que apresentam receptores androgênicos e estrogênicos. Foi empregado em pesquisas hormônios gonadais no tratamento, com o intuito de aumentar a resistência óssea dos portadores de osteogênese imperfeita, no entanto, os resultados foram duvidosos e com efeitos colaterais indesejáveis, como puberdade precoce, inversão dos caracteres sexuais secundários e fechamento prematuro da fise de crescimento. O pamidronato, substância da classe dos bifosfonatos, demonstrou ser eficaz em crianças e adolescentes com a doença. Seu uso foi associado à melhora da massa óssea mensurada na densitometria, diminuição do número de fraturas e melhora da mobilidade dos pacientes. Esses efeitos benéficos são observados nos primeiros dois a quatro anos de uso do fármaco. Em linhas gerais, é preciso lançar mão do apoio do serviço social para o devido encaminhamento aos tratamentos de reabilitação e psicossociais. O paciente com osteogênese imperfeita, sobretudo na forma grave, deve dispor de todo apoio familiar, na tentativa de evitar ao máximo a incidência de fraturas. LEGG-CALVÉ-PERTHES (LCP) A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP) é definida como uma necrose isquêmica ou avascular do núcleo secundário de ossificação da epífise proximal do fêmur durante o desenvolvimento da criança, podendo ocorrer dos 2-16 anos de vida. Dos tecidos que formam a epífise femoral proximal da criança, apenas o centro secundário de ossificação, composto por tecido ósseo, é que está parcial ou totalmente acometido. A porção óssea epifisária recebe sua nutrição pelos ramos epifisários diretos, que a penetram em toda a sua extensão, uma vez que a placa de crescimento, a partir dos 2 anos de vida até o seu fechamento, representa uma barreira para a passagem dos vasos metafisários. Na doença, os vasos epifisários laterais e anteriores e os cervicais ascendentes laterais (ramos da artéria circunflexa femoral medial) estão afetados e constituem uma área de avascularidade em determinado local da cabeça óssea femoral, produzindo necrose óssea. Estima-se que um importante percentual de pacientes acometidos não é diagnosticado. Há relatos de incidências que variam de 1:12.500 até 1:1.200. A doença é mais comum nos meninos, na proporção de 4:1, sendo a raça branca mais acometida. O lado esquerdo é mais afetado, mas a bilateralidade pode estar presente em 10 a 20% dos portadores. O inicio dos sintomas em mais de 80% das vezes surge entre 4-9 anos, com pico de frequência em torno dos 6. FISIOPATOLOGIA Para Calvé, não existe, mesmo hoje, uma teoria única que explique a causa da obstrução transitória da circulação da cabeça femoral, a qual depende dos vasos epifisários externos terminais e cervicais ascendentes laterais, que são ramos da artéria circunflexa femoral medial. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 8 @emilly.lorenaa Trueta estabeleceu os padrões de suplência arterial nas várias faixas etárias e formulou a hipótese de que o surto isquêmico ocorreria devido a uma mudança de padrão da circulação nutriente de uma para outra fase de crescimento esquelético. Dentre as possíveis causas, podem-se citar trombose decorrente de fibrinólise (coagulopatia/trombofilia), aumento da viscosidade sanguínea, infartos de repetição, aumento da pressão hidrostática intracapsular (sinovite), colabando os vasos retinaculares que correm junto ao colo femoral, e alterações lipídicas. Ainda quem existam também referencias de possível origem genética na maioria dos relatos, não se consegue estabelecer um padrão de heretariedade comprovável. Além disso, outras doenças podem estar associadas nos portadores, sendo as mais comuns hérnias da parede abdominal, criptorquidia e distúrbio renais e influências ambientais, em especial de caráter nutricional, e a presença de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. PATOGENIA: sabe-se que o processo obedece às regras de reparação tecidual, ou seja, após a instalação da necrose óssea, haverá proliferação e diferenciação do tecido neoformado, que avança a lateral para medial e de anterior para posterior, invadindo o fragmento avascularizado e absorvendo o osso morto e, em seu lugar, sobrepondo um osso novo e imaturo. O processo de reparação é inflamatório, daí a presença de edema articular com distensão capsular, que provoca dor. Existe, em consequência da substituição reparadora, uma espécie de amolecimento tecidual em várias áreas, o que caracteriza a fase de fragmentação, sendo justamente esse o período de vulnerabilidade mecânica da cabeça femoral, a qual pode ser deformada pela pressão excêntrica do lábio acetabular quando existe significativa subluxação lateral da epífise. De maneira simultânea, várias áreas estão sendo reparadas e completam a substituição revitalizada do osso necrótico, o que caracteriza a fase de reossificação. Assim, esse tecido ainda jovem e não mineralizado vai adquirindo consistência óssea radiográfica com a deposição e a fixação trabecular do cálcio, recuperando sua resistência óssea natural. O processo é concluído com conformação esférica ou não, de acordo com a evolução = fase residual. RESUMINDO: A patogenia é caracterizada pela existência de segmento ósseo privado de sua circulação em articulação de carga, e, por isso, está necrosado e morto. Ele passará por um período de amolecimento, tornando-se vulnerável e de formável durante o processo de reparação. Assim, torna-se importante considerar sua resistência biomecânica. Trata-se de uma doença autolimitada, ou seja, após o surto de isquemia, de causa desconhecida, ocorre, automaticamente (é independente de qualquer ação externa e tem sempre começo, meio e fim), o processo de reparação. No início, há proliferação de células jovens e imaturas, que se diferenciam e penetram no segmento necrótico e “sequestrado” sob a forma de vasos e tecidos neoformados, os quais, de forma gradual, apõem, no local, osso jovem, imaturo e não mineralizado. Absorvem o osso morto e substituem-no por um novo. Durante tal processo, o que se observa na evolução radiográfica é a substituição gradativa da massa óssea densa (fase de necrose), que vai sendo interpenetrada por tecido de radiotransparência aumentada, acinzentada e mais escura (fase de fragmentação), tornando a cabeça femoral “pulverizada”, “floculada” e, muitas vezes, parecendo conter espaços vazios e sem osso, que caracterizam o tecido cartilaginoso na radiografia simples (fase de reossificação). Aos poucos, a nova cabeça femoral vai se mineralizando e assumindo a transparência óssea radiográfica habitual. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O quadro clínico inicial pode ser de dor e claudicação relacionadas à atividade física ou, às vezes, confundidas com alguma espécie de trauma. Devido à irradiação dador no território sensitivo do nervo obturatório, é comum a presença de crianças com os joelhos radiografados e “tratados”, uma vez que referem dor na região medial e anterior do joelho. No início, os sintomas costumam ser pouco intensos, mas, em certas condições, obrigam a criança à restrição das atividades, o que produz melhora da irritabilidade da articulação, assim, tornam-se sintomas insidiosos, atrasando o diagnóstico por algumas semanas ou meses. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 9 @emilly.lorenaa No exame clínico articular, haverá maior ou menor restrição dos movimentos de rotação interna, abdução e flexão. A limitação da flexão em adução é considerada sinal precoce de acometimento inflamatório do quadril, mesmo antes que os demais movimentos sejam afetados. A claudicação no início é antálgica “de defesa”, mas pode, com a cronicidade do processo assumir o aspecto clínico característico de “balanço de tronco”, com inclinação do corpo sobre o MMII afetado, que se posiciona em adução e força o valgo do joelho. DIAGNÓSTICO As técnicas para o diagnóstico da DLCP e também para determinar o prognóstico da doença incluem a radiografia, a cintilografia (com tecnécio), a artrografia, a ressonância magnética e a tomografia computadorizada. QUADRO RADIOGRÁFICO: no estágio inicial (duração média de 6 meses), observam-se discreta diminuição do núcleo epifisário e aumento relativo do espaço articular quando comparado ao lado oposto do quadril. A cabeça torna-se mais densa ao raio-X. Áreas radioluzentes (escuras) entremeando e, por vezes, envolvendo zonas de densidade aumentada na cabeça femoral demarcam o início da fase de fragmentação, que tem duração média de 8 meses e é o período plasticamente deformável da cabeça. O terceiro estágio radiográfico é o de reossificação, no qual as áreas radioluzentes são, de forma gradual, substituídas por osso novo, porém, a princípio, ainda não mineralizado, e tem a duração média de 4 anos. Na última fase, a residual, não existem alterações na densidade da cabeça femoral, e sua remodelação pode ocorrer até a maturidade esquelética TRATAMENTO O objetivo principal do tratamento da DLCP é a obtenção de cabeça femoral com perfeita congruência com o acetábulo. Dessa forma, assegura-se ao lado do quadril afetado condição igual ao lado não afetado no que se refere ao desenvolvimento de artrose na vida adulta. A melhor chance de conseguir esse resultado favorável é a manutenção do quadril centralizado durante o período ativo da doença. Existem diferentes correntes de tratamento para a obtenção da centralização, subdivididas em cirúrgicas e não cirúrgicas. As formas não cirúrgicas de tratamento, também chamadas de conservadoras ou incruentas, podem ser ambulatoriais, quando permitem que a criança deambule e exerça a carga da força/peso. São representadas por todas as formas de aparelhos que deixam a criança andar (aparelhos de descarga, Atlanta Brace, Scottish Rite, aparelho de Tachdjian, aparelho de Thomas, entre outros). As formas não ambulatoriais vão desde o repouso no leito e o deslocamento com cadeiras de rodas ou muletas até a imobilização em aparelhos gessados (ou derivados do plástico), mantendo-se os membros inferiores em abdução e rotação interna, sem permitir o apoio do membro inferior. TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO (TMC) O torcicolo muscular congênito é a causa mais comum de deformidade cervical na criança até o 2º mês de vida. Está relacionado à fibrose de uma parte ou de todo o músculo esternocleidomastóideo. Há associação com outras doenças do sistema musculoesquelético, como a displasia do desenvolvimento do quadril, metatarso aduto e pé torto congênito. A incidência do torcicolo muscular congênito varia entre 0,017 e 1,9% e é a principal causa de deformidade cervical no RN. É mais comum no lado direito e com predomínio discreto no sexo masculino. Ocorre com maior frequência em RN de primíparas e com antecedente de apresentação pélvica, trabalho de parto difícil e oligoidrâmnio. Até 29% das crianças com torcicolo muscular congênito apresentam displasia do desenvolvimento do quadril, sendo essa associação maior nos doentes do sexo masculino. FISIOPATOLOGIA A etiopatogenia do torcicolo muscular congênito ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma resposta cicatricial do músculo esternocleidomastóideo secundária a um mau posicionamento intrauterino ou traumatismos de parto. A associação do torcicolo muscular congênito à displasia do desenvolvimento do quadril sugere que a redução do espaço APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 10 @emilly.lorenaa intrauterino possa ser um dos fatores relacionados ao desenvolvimento da doença. Apesar de a maior parte dos casos ser esporádica, há descrição do torcicolo congênito em famílias, sugerindo também alguma predisposição genética para a doença. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O diagnóstico do torcicolo muscular congênito é feito clinicamente. Nos antecedentes pessoais, é importante investigar o histórico obstétrico, pela associação da doença com o traumatismo de parto, parto difícil ou apresentação pélvica. Na maior parte das vezes, a deformidade é aparente já ao nascimento. Alguns RN podem apresentar uma deformidade discreta que passa despercebida no pós-parto, mas o diagnostico é feito na maioria dos casos até o 2º mês de vida. Ao exame físico, nota-se o posicionamento da cabeça com uma inclinação do pavilhão auditivo para o lado afetado e o mento rodado contralateralmente à contratura muscular. A movimentação passiva da cabeça e da região cervical apresenta restrição. Nas crianças com menos de 2 meses de vida, pode-se palpar uma tumoração indolor no esternocleidomastóideo, sendo que na maior parte dos casos há uma massa localizada na inserção distal do esternocleidomastóideo na sua porção clavicular, esternal ou em ambas. O exame neurológico é normal nos doentes com torcicolo muscular congênito. Entretanto, deve ser feito como rotina em todos os casos para afastar outras doenças. Como há associação entre o torcicolo muscular congênito e a displasia do desenvolvimento do quadril, é necessário que seja feito o exame físico cuidadoso dos quadris. DIAGNÓSTICO Os exames de imagem são importantes para fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças que provocam a deformidade cervical, como tumores, cistos ou malformação esquelética. As radiografias simples em frente, perfil e transoral devem ser feitas para avaliar anomalias congênitas da coluna cervical ou uma subluxação rotatória C1-C2. O torcicolo pode causar dificuldades de interpretação das imagens, principalmente se a radiografia for feita com o posicionamento da criança sem levar em consideração a presença da deformidade. No torcicolo muscular congênito, as radiografias simples são normais, exceto pela rotação e angulação cervical. Nos casos em que há dúvida quanto à deformidade vertebral ou quando não for possível obter radiografias adequadas, uma tomografia computadorizada pode ser útil para o esclarecimento do diagnóstico. A ultrassonografia é o método de imagem mais sensível e disponível para o diagnóstico, pois permite identificar a lesão cicatricial do torcicolo congênito e também pode ser utilizada no diagnóstico diferencial de outras doenças cervicais. TRATAMENTO Como a evolução do torcicolo muscular congênito é benigna e autolimitada, o tratamento não cirúrgico deve ser sempre instituído inicialmente: Consiste na observação clínica periódica, na orientação de exercícios feitos pelo menos 3x/dia pela famíliae na fisioterapia. É importante que haja supervisão periódica por profissionais para assegurar que os exercícios sejam realizados de forma correta. As manobras devem incluir o movimento da orelha oposta ao lado da contratura em direção ao ombro contralateral à contratura. Deve-se também tentar colocar o queixo do doente no ombro do mesmo lado da contratura. Após a obtenção do alongamento adequado na posição neutra, deve-se repetir as manobras com o pescoço em extensão. A cirurgia está reservada para os casos em que a deformidade persiste depois de 1 ano de idade. O objetivo do tratamento cirúrgico é obter a liberação do músculo esternocleidomastóideo de forma a permitir o posicionamento adequado da região cervical e da cabeça. REFERÊNCIAS TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. NETTER F. H. Atlas De Anatomia Humana - 7ª Ed. 2019. FILHO, Tarcisio Eloy Pessoa de B.; CAMARGO, Olavo Pires de; CAMANHO, Gilberto L. Clínica Ortopédica . Barueri, SP: Editora Manole, 2012. HEBERT, Sizínio; FILHO, Tarcísio E. P. B.; XAVIER, Renato; e outros Ortopedia e Traumatologia. 5ª. ed. Porto Alegre: Grupo A, 2017..
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