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12/03/20 08(26Quais os principais nós do sistema tributário brasileiro | Nexo Jornal
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EXPRESSO (/EXPRESSO/)
Marcelo Roubicek 13 de ago de 2019 (atualizado 20/08/2019 às 08h57)
Governo deve apresentar proposta de reforma para a área nas próximas semanas. Ideia é
simplificar a estrutura de arrecadação, considerada complexa e regressiva
FOTO: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL - 21.03.2019
� IMPOSTO DE RENDA PODE SER ALTERADO NA REFORMA TRIBUTÁRIA
 
O governo federal deve apresentar nas próximas semanas
(https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-
conteudo/2019/08/12/cintra-guedes-deve-apresentar-reforma-
tributaria-na-semana-que-vem-ou-na-proxima.htm) a sua
proposta de reforma tributária. A tendência é que ela tenha três
principais frentes (https://exame.abril.com.br/economia/os-3-
pilares-da-reforma-tributaria-do-governo-e-como-ela-se-choca-
com-maia/) : a unificação dos impostos federais, a alteração da
tabela (/expresso/2017/08/15/As-alíquotas-do-Imposto-de-
Renda-no-Brasil-explicadas-em-5-Gifs1) do imposto de renda
(https://exame.abril.com.br/economia/mudanca-na-isencao-do-
imposto-de-renda-pode-custar-ate-r-40-bi/) e a criação de um
tributo sobre transações financeiras.
 
O texto a ser apresentado pela equipe do ministro da Economia,
Paulo Guedes, deve conter diferenças significativas em relação ao
projeto que já tramita na Câmara. A PEC 45
(https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2196833) , de autoria do deputado Baleia Rossi
(MDB-SP), também propõe a fusão dos tributos federais, mas não
sugere mudanças no imposto de renda e nem a implementação de
taxas sobre movimentações financeiras.
 
Quais os principais nós do sistema tributário
brasileiro
https://www.nexojornal.com.br/expresso/
https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/08/12/cintra-guedes-deve-apresentar-reforma-tributaria-na-semana-que-vem-ou-na-proxima.htm
https://exame.abril.com.br/economia/os-3-pilares-da-reforma-tributaria-do-governo-e-como-ela-se-choca-com-maia/
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/08/15/As-al%C3%ADquotas-do-Imposto-de-Renda-no-Brasil-explicadas-em-5-Gifs1
https://exame.abril.com.br/economia/mudanca-na-isencao-do-imposto-de-renda-pode-custar-ate-r-40-bi/
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2196833
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O principal foco de ambas propostas é a simplificação da estrutura
tributária brasileira, considerada altamente complexa. A
distribuição da carga, com caráter regressivo, é outro aspecto que
marca o sistema tributário brasileiro.
 
 
 
No Brasil, o sistema tributário é complexo e confuso. São mais de
90 (http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm) tributos
diferentes, cada qual com a sua própria formatação.
 
Os impostos sobre bens e serviços exemplificam bem a
complexidade do sistema: são organizados de forma pulverizada e
cumulativa, criando distorções nas fontes de arrecadação do
governo.
 
É possível dizer que existem quatro principais impostos de bens e
serviços (por sua semelhança, o PIS e o Cofins são comumente
considerados um mesmo imposto):
 
A complexidade da estrutura
PIS/Cofins e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
são tributos federais. PIS/Cofins têm base ampla — ou seja,
as alíquotas valem para boa parte da economia — e incidem
apenas sobre as empresas. Eles são configurados com dois
regimes de incidência, o cumulativo e o não cumulativo:
uma parte do imposto incide sobre valores líquidos, enquanto
outra parte é aplicada sobre valores que já contêm tributos. O
IPI é aplicado apenas sobre a indústria, com alíquotas
diferentes para cada segmento. A tabela
(http://receita.economia.gov.br/acesso-
rapido/legislacao/legislacao-por-assunto/tipi-tabela-de-
incidencia-do-imposto-sobre-produtos-industrializados) das
taxas do IPI revela um dos problemas do imposto: o
documento possui mais de 400 páginas, detalhando
produto a produto a porcentagem a ser cobrada. Alguns
economistas, como Bernard Appy, um dos autores da reforma
tributária que tramita na Câmara (/expresso/2019/05/23/O-
que-há-na-reforma-tributária-aprovada-em-comissão-na-
Câmara) , também problematizam o IPI por outros dois
motivos: a arbitrariedade dos critérios que definem as
alíquotas dos produtos e a dificuldade em definir o que é um
bem industrializado.
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
é um imposto estadual. Sua base são os bens e serviços de
comunicação e transporte interestadual e intermunicipal. A
configuração do ICMS também leva a taxação a ocorrer em
dois momentos: um no estado de origem e outro no
destino. A tributação no estado de origem significa, na
prática, que o imposto incide sobre a produção. Isso abre
margem para que se crie uma concorrência entre estados
(https://www.valor.com.br/legislacao/6234807/infindavel-
guerra-fiscal-do-icms) por meio de incentivos fiscais à
produção, o que pode comprometer a eficiência da
arrecadação. Outra característica do ICMS é que ele possui
uma legislação complexa, com regimes especiais para vários
tipos de produtos. Os critérios utilizados para determinar esses
regimes podem gerar distorções na economia.
http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/legislacao/legislacao-por-assunto/tipi-tabela-de-incidencia-do-imposto-sobre-produtos-industrializados
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/05/23/O-que-h%C3%A1-na-reforma-tribut%C3%A1ria-aprovada-em-comiss%C3%A3o-na-C%C3%A2mara
https://www.valor.com.br/legislacao/6234807/infindavel-guerra-fiscal-do-icms
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O caso dos tributos sobre bens e serviços exemplifica a dificuldade
de entender a complexa estrutura tributária brasileira. Cada
imposto tem seu próprio regime e incidência, sendo aplicado sobre
bases diferentes com alíquotas distintas.
 
As principais propostas de reforma tributária buscam atacar essa
questão, simplificando os impostos brasileiros. Tanto o projeto que
tramita na Câmara como o texto a ser apresentado pelo governo
devem propor a unificação dos principais impostos federais.
 
A ideia é criar um tributo uniforme que seja aplicado sobre uma
mesma base — o cerne do raciocínio é o mesmo do IVA
(/expresso/2018/08/20/O-que-é-o-IVA-proposta-tributária-de-5-
presidenciáveis) (Imposto sobre Valor Agregado). A proposta do
IVA é de transformar todos os impostos indiretos (ICMS, ISS, IPI,
PIS/Cofins etc) em um só, que seria cobrado no destino. A
estrutura tributária seria mais simples, regida por uma única
alíquota. Assim, se o governo quisesse intervir nos impostos (seja
com fins fiscais ou de arrecadação), esta taxa seria a única
ferramenta direta para isso.
 
 
 
A carga tributária no Brasil atinge a casa dos 35%
(https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,carga-tributaria-
bate-recorde-de-35-07-do-pib-mesmo-com-a-economia-
fraca,70002944416) do PIB. Ou seja, 35% de todos os bens e
serviços que são produzidos no Brasil são recolhidos pelo governo.
Ainda assim, a discussão a respeito desse valor ser muito ou pouco
(/ensaio/2018/Pagamos-muito-ou-pouco-imposto-no-Brasil) não é
o ponto central do debate da reforma tributária.
 
A estrutura tributária brasileira dá preferência a impostos
indiretos, que incidem sobre o consumo e a folha de pagamentos.
 
No Brasil (/grafico/2016/06/13/Como-é-composta-a-carga-
tributária-de-diferentes-países) , mais de 40% da carga tributária
vem de impostos sobre consumo, acima da média de países da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), ondeela é cerca de 32%.
 
O ISS (Imposto sobre Serviços) é um tributo municipal. Seu
regime é cumulativo e sua base de incidência é composta por
serviços. Além dos problemas decorrentes do caráter
cumulativo, o texto do ISS também dá margem a confusões
entre sua base e a do ICMS. 
A distribuição da carga e seu aspecto
regressivo
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/20/O-que-%C3%A9-o-IVA-proposta-tribut%C3%A1ria-de-5-presidenci%C3%A1veis
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,carga-tributaria-bate-recorde-de-35-07-do-pib-mesmo-com-a-economia-fraca,70002944416
https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2018/Pagamos-muito-ou-pouco-imposto-no-Brasil
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/06/13/Como-%C3%A9-composta-a-carga-tribut%C3%A1ria-de-diferentes-pa%C3%ADses
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Já os tributos sobre renda, lucros e ganhos de capital representam
cerca de 20% do total recolhido — a média em países da OCDE fica
pouco acima de 30%. As contribuições sobre a folha salarial, por
sua vez, é de pouco mais de 26%
(https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/03/carga-
tributaria-sobe-para-324-do-pib-em-2017-a-maior-em-4-
anos.ghtml) no Brasil, próxima à média da OCDE. Dessa forma, no
sistema brasileiro os recolhimentos sobre os salários acabam tendo
um peso maior na arrecadação do que aqueles que incidem sobre
renda e lucro.
 
O sistema brasileiro se apoia principalmente em tributos
regressivos
(https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view
/2017/1106) , que pesam mais sobre os mais pobres. Isso acontece
porque os brasileiros que têm renda menor acabam usando uma
parcela maior de seus rendimentos para consumir.
Proporcionalmente, quem ganha menos gasta mais com consumo e
economiza menos, e vice-versa.
 
O imposto de renda, que é progressivo — onera mais quem possui
rendimento maior — tem uma participação menor na arrecadação
total do Estado. Além disso, a alíquota máxima do imposto de
renda no Brasil é 27,5%; em outros países, como Portugal,
Alemanha e China, ela passa dos 45%
(https://g1.globo.com/economia/imposto-de-
renda/2019/noticia/2019/04/28/veja-como-e-o-imposto-de-
renda-no-brasil-e-em-outros-paises.ghtml) .
 
Há estudos que mostram (/expresso/2016/04/08/Como-o-
sistema-tributário-brasileiro-colabora-para-a-desigualdade) que a
estrutura tributária brasileira faz com que os super-ricos paguem,
efetivamente, apenas 7% da renda de imposto no total, enquanto
parcelas da população com renda intermediária pagam 12%.
 
Nem a PEC 45, que tramita na Câmara, nem a provável proposta
do governo para a reforma tributária parecem centrar esforços na
questão da regressividade do sistema de arrecadação brasileiro.
 
O texto de Baleia Rossi foca apenas na simplificação do sistema
tributário, com a unificação dos impostos federais.
 
Já a equipe do ministro Paulo Guedes pensa em alterar o imposto
de renda, corrigindo as faixas atuais e reduzindo a alíquota máxima
para pessoas físicas. A faixa de isenção deve ser ampliada, e as
taxas para pessoas jurídicas também devem ser reduzidas. A
tendência é que as deduções sobre gastos com saúde e educação
sejam cortadas — ainda não se sabe se total ou parcialmente.
Segundo o ministro da Economia, as deduções serão retiradas por
serem regressivas
(https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/08/08/gued
es-confirma-estudos-para-acabar-com-deducoes-e-baixar-
aliquotas-do-ir.htm) .
 
TEMAS
ECONOMIA
(/TEMA/ECONOMIA)
BRASIL
(/TEMA/BRASIL)
https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/03/carga-tributaria-sobe-para-324-do-pib-em-2017-a-maior-em-4-anos.ghtml
https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/2017/1106
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2019/noticia/2019/04/28/veja-como-e-o-imposto-de-renda-no-brasil-e-em-outros-paises.ghtml
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/04/08/Como-o-sistema-tribut%C3%A1rio-brasileiro-colabora-para-a-desigualdade
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/08/08/guedes-confirma-estudos-para-acabar-com-deducoes-e-baixar-aliquotas-do-ir.htm
https://www.nexojornal.com.br/tema/Economia
https://www.nexojornal.com.br/tema/Brasil
12/03/20 08(26Quais os principais nós do sistema tributário brasileiro | Nexo Jornal
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Além disso, o governo deve propor um imposto sobre
movimentações financeiras (/expresso/2019/08/02/O-que-é-a-
nova-CPMF.-E-quem-está-por-trás-da-proposta) , com uma só
alíquota, ainda indefinida. Alguns analistas apontam para o caráter
regressivo (https://www.valor.com.br/brasil/6354849/para-
analistas-tributo-e-regressivo-e-ineficiente) deste tributo. O
imposto incidiria em cascata — a cada nova transação no processo
de produção, o imposto taxaria a si mesmo. Isso faria com que bens
com cadeias de produção mais longas, que são geralmente bens de
consumo, fossem mais onerados. Há ainda críticas
(https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-clone-da-cpmf-
e-a-informalidade,70002953739) em relação ao potencial de
arrecadação de impostos sobre transações financeiras, pelo risco de
desintermediação financeira, e ao eventual impacto sobre o crédito
bancário e o crescimento econômico desse tipo de tributo.
 
ESTAVA ERRADO: A versão original deste texto afirmava que o
deputado Baleia Rossi era filiado ao PSDB de São Paulo. Na
verdade, o deputado pertence ao MDB do mesmo estado. O texto
foi corrigido às 15h42 de 14 de agosto de 2019. Além disso, a
versão original deste texto afirmava que são mais de 90 impostos
no Brasil. Na verdade, são mais de 90 tributos. A versão original
deste texto também trazia afirmações imprecisas sobre as bases
do ICMS e do ISS. O texto foi corrigido às 08h57 de 20 de agosto
de 2019.
 
VEJA TAMBÉM
 (https://thetrustproject.org/) SAIBA MAIS
GRÁFICO (/GRAFICO/) Como é
composta a carga tributária de
diferentes países
(/grafico/2016/06/13/Como-é-
composta-a-carga-tributária-
de-diferentes-países)
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/08/02/O-que-%C3%A9-a-nova-CPMF.-E-quem-est%C3%A1-por-tr%C3%A1s-da-proposta
https://www.valor.com.br/brasil/6354849/para-analistas-tributo-e-regressivo-e-ineficiente
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-clone-da-cpmf-e-a-informalidade,70002953739
https://thetrustproject.org/
https://www.nexojornal.com.br/grafico/
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/06/13/Como-%C3%A9-composta-a-carga-tribut%C3%A1ria-de-diferentes-pa%C3%ADses