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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
1.0000.22.285212-1/001Número do 5004266-Númeração
Des.(a) Fausto Bawden de Castro Silva (JD Convocado)Relator:
Des.(a) Fausto Bawden de Castro Silva (JD Convocado)Relator do Acordão:
28/03/2023Data do Julgamento:
31/03/2023Data da Publicação:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - CÉDULA DE
CRÉDITO RURAL - ALONGAMENTO DA DÍVIDA - DIREITO DO DEVEDOR
- REQUISITOS LEGAIS - OBSERVÂNCIA - HONORÁRIOS DE
SUCUMBÊNCIA - CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO.
1. O alongamento de dívida fundada em cédulas de crédito rural é direito do
devedor, desde que comprovado que a queda na safra e na qualidade do
produto inviabilizou o cumprimento da obrigação.
2. Presentes os requisitos legais, inclusive o prévio pedido administrativo, é
de se confirmar o direito dos devedores ao alongamento da dívida originária
de crédito rural.
3. O pagamento dos honorários de sucumbência é regido pelos princípios da
sucumbência e da causalidade, sendo obrigação que recai sobre o vencido
ou sobre a parte que deu causa ao ajuizamento da demanda, de acordo com
o caso concreto.
4. Recurso desprovido.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.22.285212-1/001 - COMARCA DE MONTES
CLAROS - APELANTE(S): BANCO DO BRASIL S/A - APELADO(A)(S):
ARTUR LEONARDO MOTA, FATIMA APARECIDA DE AZEVEDO GUEDES
MOTA
A C Ó R D Ã O
 Vistos etc., acorda, em Turma, a 9ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos
1
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
DES. FAUSTO BAWDEN DE CASTRO SILVA (JD CONVOCADO)
RELATOR
DES. FAUSTO BAWDEN DE CASTRO SILVA (JD CONVOCADO)
(RELATOR)
V O T O
 Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença (doc.
ordem 72), disponibilizada em 09/09/2022, que julgou procedentes os
pedidos formulados nos EMBARGOS À EXECUÇÃO, opostos por FÁTIMA
APARECIDA DE AZEVEDO GUEDES MOTA E ARTUR LEONARDO MOTA,
em desfavor do BANCO DO BRASIL S/A, para reconhecer a nulidade do
título exequendo e determinar o alongamento da dívida rural objeto da lide,
condenando o embargado no pagamento das custas processuais e dos
honorários de sucumbência, estes fixados no percentual de 10% (dez por
cento) sobre o valor atualizado da causa.
 Pelas razões recursais de ordem 76, o banco exequente alega, em
síntese, que o crédito objeto da lide é legítimo, posto que devidamente
disponibilizado aos executados, e que as cláusulas e condições do contrato
foram por eles livremente aceitas, observadas as regras do Sistema
Financeiro Nacional, com fiscalização do Conselho Monetário Nacional e do
Banco Central do Brasil.
2
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Afirma que inexiste disposição legal hábil a autorizar o deferimento do
pedido de prorrogação de vencimento da dívida e que, ainda que assim não
fosse, estes não comprovaram preencher os requisitos legais a tanto.
 Salienta que, não obstante o STJ tenha sumulado a questão, no sentido
de que o alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui
faculdade da instituição financeira, mas sim direito do devedor, tal direito não
se aplica de forma automática, devendo o interessado preencher
determinados requisitos internos da instituição, de acordo com o art. 2 º da
Resolução nº 4.591/2017, entre eles ser o Município localizado na área da
Sudene e, cumulativamente, ter sido decretada a situação de emergência ou
estado de calamidade pública na região, com reconhecimento pelo Ministério
da Integração Nacional, o que não foi cumprido pelos executados.
 Aduz que não foi comprovada a incapacidade de pagamento da dívida, a
demonstração de quais foram as perdas obtidas e o cronograma de
pagamento a ser estabelecido.
 Tecendo longa consideração a subsidiar o seu entendimento, requereu, a
final, a reforma da sentença, para julgar improcedentes os pedidos iniciais,
ante a impossibilidade de se alongar a dívida objeto da lide, ou, caso
mantida, seja afastada a sua condenação no pagamento de honorários de
sucumbência, em face do princípio da causalidade, ou, quando nada, sejam
eles fixados em seu patamar mínimo.
3
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Preparo de ordem 77/78.
 Contrarrazões de ordem 80 tempestivamente aviadas.
 Nesta instância recursal, determinei a intimação do apelante, para
providenciar a regularização de sua representação nos autos (doc. ordem
82), cujo prazo transcorreu sem resposta.
 É o relatório.
 DECIDO.
 Admissibilidade.
 Conheço do recurso interposto, presentes os pressupostos processuais
de sua admissibilidade, nos termos do art. 1.012 do CPC, inclusive quanto à
representação processual do apelante, nos termos da ação de execução de
título extrajudicial em apenso.
 TEMAS RECURSAIS:
4
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 1. Da síntese fática.
 2. Do alongamento da dívida rural.
 3. Dos honorários de sucumbência.
 ENFRENTAMENTO DOS TEMAS:
 1. Da síntese fática.
 Cuida-se, originariamente, de ação de execução de título extrajudicial,
proposta pelo BANCO DO BRASIL S/A (doc. ordem 15), na qual alega que,
em 12/01/2012, liberou um crédito no valor de R$135.000,00 (cento e trinta e
cinco mil reais), a ser quitado em 6 (seis) parcelas, sendo a primeira em
10/11/2013 e a última em 10/11/2018, o que não foi cumprido.
 Afirma que, com o inadimplemento, ocorreu o vencimento antecipado da
dívida, motivando a propositura da presente ação, na qual requereu a
expedição da ordem de pagamento e, em não sendo cumprida, a adoção das
medidas cabíveis para a satisfação de seu crédito.
 Em sua defesa, os executados opuseram os embargos à execução de
ordem 2, alegando que, de fato, celebraram com a instituição financeira
embargada um contrato de financiamento rural, instrumentalizado na cédula
rural pignoratícia e hipotecária nº
5
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
40/00427-9, cujo valor seria destinado à aquisição de bovinos e à
recuperação de pastagens.
 Afirmam que, antes do vencimento da primeira parcela, procuraram o
embargado para relatar a dificuldade financeira enfrentada naquele momento
- inclusive mediante laudo técnico -, em razão da forte seca que assolava a
região, impedindo-os de angariar rendimentos com a sua produção.
 Aduzem que não receberam qualquer resposta do banco e que, diante da
publicação da Resolução nº 4.591/2017, protocolaram novo pedido junto ao
banco, desta vez requerendo o alongamento da dívida, de acordo com o
laudo técnico que apresentaram comprovando que preenchiam os requisitos
a tanto, sem que tivessem recebido a resposta.
 Requereram, portanto, o reconhecimento de seu direito ao alongamento
da dívida, de acordo com o disposto na Lei nº 13.340 de 2016 e demais
resoluções do Banco Central, bem como do excesso de execução.
 Ao acolher os embargos à execução e reconhecer a nulidade do título
exequendo, o magistrado sentenciante asseverou que "(...) verifica-se, da
farta documentação que instrui os autos, que houve um período de longa
estiagem na região onde está localizada a exploração de gado da parte
requerida, ficando prejudicado o seu desenvolvimento, o que justifica a
incapacidade do pagamento da dívida" e que "além disso, foi comprovado o
prévio requerimento administrativo e a denegação pela parte requerida" (doc.
ordem 72).
6
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 À vista de tais fatos, passa-se à análise dos temas recursais.
 2. Do alongamento da dívida rural.
 Cinge-se a controvérsia recursal em se aferir o cumprimento dos
requisitos legais quanto ao alongamento da dívida rural objeto da lide.
 Inicialmente, é de se ressaltar que, nos termos do capítulo 2, seção 6 e
item 9 do Manual de Crédito Rural, editado pelo BANCO CENTRAL DO
BRASIL, a prorrogação da dívida é um direito do mutuário, quando
comprovado que a impossibilidade de pagamento decorreu de dificuldade de
comercialização dos produtos, frustração de safras, por fatores adversos ou
eventuais ocorrênciasprejudiciais ao desenvolvimento das explorações
rurais.
 Nesse mesmo sentido, dispõe o art. 3º da Lei nº 13.340/2016, que
autoriza a liquidação e a renegociação de dívidas de crédito rural, conforme a
seguir:
Art. 3º Fica autorizada a concessão de rebate para liquidação, até 30 de
dezembro de 2019, das operações de crédito rural referentes a uma ou mais
operações do mesmo mutuário, contratadas até 31 de dezembro de 2011
com bancos oficiais federais, relativas a empreendimentos localizados na
área de abrangência da Sudene e da
7
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Sudam, exceto as contratadas com recursos oriundos dos Fundos
Constitucionais de Financiamento, observadas as seguintes condições:
(...)
IV - operações com valor originalmente contratado acima de R$ 100.000,00
(cem mil reais) e até R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em uma ou mais
operações do mesmo mutuário:
a) para a parcela do saldo devedor atualizado correspondente ao valor
originalmente contratado de até R$ 100.000,00 (cem mil reais), aplica-se o
disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo;
b) para a parcela do saldo devedor atualizado correspondente ao valor
originalmente contratado excedente a R$ 100.000,00 (cem mil reais) e até o
limite de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais):
1. quando contratadas até 31 de dezembro de 2006: rebate de 80% (oitenta
por cento) para a liquidação das dívidas relativas aos empreendimentos
localizados nas regiões do semiárido e do norte do Estado do Espírito Santo
e nos Municípios do norte do Estado de Minas Gerais, do Vale do
Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, compreendidos na área de atuação da
Sudene, e rebate de 60% (sessenta por cento) para os demais Municípios;
2. quando contratadas entre 1º de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de
2011: rebate de 25% (vinte e cinco por cento) para a liquidação das dívidas
relativas aos empreendimentos localizados nas regiões do semiárido e do
norte do Estado do Espírito Santo e nos Municípios do norte do Estado de
Minas Gerais, do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, compreendidos
na área de atuação da Sudene, e rebate de 10% (dez por cento) para os
demais Municípios.
 A questão, inclusive, foi pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça, por
meio da Súmula nº 298, que prevê:
8
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
O alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui faculdade da
instituição financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei (Súmula 298,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 18/10/2004, DJ 22/11/2004 p. 425).
 Neste Tribunal de Justiça, a jurisprudência arrima-se no mesmo sentido:
APELAÇÃO CÍVEL - REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS -
CÉDULAS RURAIS HIPOTECÁRIAS - JUROS REMUNERATÓRIOS -
ABUSIVIDADE EM RELAÇÃO A UMA DAS CÉDULAS - LIMITAÇÃO -
POSSIBILIDADE - CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - PRÁTICA NÃO
COMPROVADA - ENCARGOS DA MORA - LEGALIDADE - MANUTENÇÃO
- TEORIA DA IMPREVISÃO - APLICAÇÃO PARA ALONGAR O
PAGAMENTO DAS CÉDULAS
- As cédulas de crédito rural possuem regramento próprio que conferem ao
Conselho Monetário Nacional o dever de fixar os juros a serem praticados.
Diante da omissão desse órgão governamental, incide a limitação de 12% ao
ano, prevista no Decreto n.º 22.626/33 (Lei da Usura).
- Não é possível limitar os encargos moratórios se foram pactuados em
conformidade com a norma aplicável ao contrato objeto da ação.
- A prorrogação da dívida fundada em cédulas de crédito rural é direito do
devedor diante da prova de que a queda na safra e na qualidade do produto
colhido inviabilizou o cumprimento da obrigação em razão de prolongada
estiagem reconhecida por atos normativos do Município e do Estado,
caracterizando-se como fato imprevisível (TJMG - Apelação Cível
1.0051.16.003574-0/001, Relator(a): Des.(a) Evandro Lopes da Costa
Teixeira, 17ª CÂMARA CÍVEL,
9
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
julgamento em 17/10/2019, publicação da súmula em 30/10/2019) (g.n.).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. RENEGOCIAÇÃO DE
CÉDULA DE CRÉDITO RURAL. PERÍODO DE SECA. QUEDA DA SAFRA.
DIFICULDADE DE PAGAMENTO DA DÍVIDA. PRORROGAÇÃO. DIREITO
DO DEVEDOR. SÚMULA 298 STJ. SENTENÇA MANTIDA.
- A decretação da revelia não induz, necessariamente, à procedência do
pedido, sendo relativa a presunção da confissão ficta.
- Conforme a súmula 298 do STJ "o alongamento de dívida originada de
crédito rural não constitui faculdade da instituição financeira, mas, direito do
devedor, nos termos da lei.
- Comprovado o inadimplemento da Cédula Rural em razão da frustração de
safra, tem o devedor o direito ao alongamento da dívida, na forma prevista
artigo 14 da Lei nº 4.829/1965 e no Manual de Crédito Rural (TJMG -
Apelação Cível 1.0123.17.004977-9/001, Relator(a): Des.(a) Aparecida
Grossi, 17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 21/03/2019, publicação da
súmula em 02/04/2019) (g.n.).
 É certo que o direito ao alongamento da dívida originada de crédito rural,
nos termos do enunciado da Súmula 298 do STJ, não é automático, eis que
depende do atendimento a determinados requisitos legais, sendo certo que o
produtor rural terá que comprovar dificuldade de comercialização dos
produtos, frustração de safras, por fatores adversos, ou eventuais
ocorrências prejudiciais ao desenvolvimento das explorações rurais.
 No caso, aos embargantes competia a prova no sentido de que a
situação por eles vivenciada em seu negócio se enquadrava naqueles casos
previstos no Manual de Crédito Rural e na legislação pertinente,
10
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
para que tivessem direito ao alongamento da dívida, inclusive o prévio pedido
administrativo, o que se verificou, conforme se constata nos documentos de
ordem 7/15.
 Correta, portanto, a conclusão a que chegou o magistrado sentenciante,
nesse tocante.
 3. Dos honorários de sucumbência.
 O apelante requereu também que seja afastada a sua condenação no
pagamento de honorários de sucumbência, em face do princípio da
causalidade, ou, quando nada, sejam eles fixados em seu patamar mínimo.
 Com efeito, para fins de atribuição dos ônus da sucumbência, o
ordenamento processual em vigor adotou, como regra geral, o princípio da
sucumbência, de forma que caberá ao vencido pagar os honorários em favor
do advogado do vencedor (art. 85, caput, do CPC).
 Tal regra, no entanto, deve ser analisada juntamente com o princípio da
causalidade, segundo a qual aquele que deu causa à instauração do
processo deve arcar com as despesas dele decorrentes, a fim de se evitar
distorções e injustiças.
11
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Sobre o tema, é a lição de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade:
"Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa à propositura da
demanda ou à instauração de incidente processual deve responder pelas
despesas daí decorrentes. Isto porque, às vezes, o princípio da sucumbência
se mostra insatisfatório para a solução de algumas questões sobre
responsabilidade pelas despesas do processo. (...)" (Código de Processo
Civil Comentado e Legislação Extravagante, 9ª ed., São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006, p. 192).
 De toda forma, não se pode olvidar que o princípio da causalidade não se
sobrepõe ao princípio da sucumbência, já que este último foi a opção do
legislador para estabelecer a regra geral.
 É o que se extrai do art. 85, § 2º do CPC, segundo o qual o Juiz
condenará o vencido a pagar os honorários ao advogado do vencedor, entre
o mínimo de 10% (dez por cento) e o máximo de 20% (vinte por cento) sobre
o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou sobre o valor
atualizado da causa, nos termos a seguir:
"Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado
do vencedor.
(...)
§ 2º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte
por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
12
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo profissional;II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço".
 Além disso, de acordo com o art. 86 do diploma processual, "se cada
litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente
distribuídas entre eles as despesas", ao passo que, nos termos do parágrafo
único do referido dispositivo, "se um litigante sucumbir em parte mínima do
pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários".
 Quanto aos critérios de fixação, extrai-se do mencionado dispositivo que,
por expressa previsão legal, os honorários de sucumbência devem ser
arbitrados segundo uma ordem objetiva de vocação, sobre bases de cálculo
sucessivas, em que a subsunção do caso concreto a uma delas impede o
avanço para outra categoria, nesta ordem: a) o valor da condenação; b) o
proveito econômico obtido e c) o valor atualizado da causa.
 Deve ser levado em consideração, ainda, o grau de zelo profissional, o
lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para tanto.
13
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 A respeito do tema, é a jurisprudência da Segunda Seção Cível do STJ:
"RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL DE 2015. JUÍZO DE EQUIDADE NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. NOVAS REGRAS: CPC/2015, ART.
85, §§ 2º E 8º. REGRA GERAL OBRIGATÓRIA (ART. 85, § 2º). REGRA
SUBSIDIÁRIA (ART. 85, § 8º). PRIMEIRO RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
SEGUNDO RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
1. O novo Código de Processo Civil - CPC/2015 promoveu expressivas
mudanças na discipl ina da f ixação dos honorários advocatícios
sucumbenciais na sentença de condenação do vencido.
2. Dentre as alterações, reduziu, visivelmente, a subjetividade do julgador,
restringindo as hipóteses nas quais cabe a fixação dos honorários de
sucumbência por equidade, pois: a) enquanto, no CPC/1973, a atribuição
equitativa era possível: (a.I) nas causas de pequeno valor; (a.II) nas de valor
inestimável; (a.III) naquelas em que não houvesse condenação ou fosse
vencida a Fazenda Pública; e (a.IV) nas execuções, embargadas ou não (art.
20, § 4º); b) no CPC/2015 tais hipóteses são restritas às causas: (b.I) em que
o proveito econômico for inestimável ou irrisório ou, ainda, quando (b.II) o
valor da causa for muito baixo (art. 85, § 8º).
3. Com isso, o CPC/2015 tornou mais objetivo o processo de determinação
da verba sucumbencial, introduzindo, na conjugação dos §§ 2º e 8º do art.
85, ordem decrescente de preferência de critérios (ordem de vocação) para
fixação da base de cálculo dos honorários, na qual a subsunção do caso
concreto a uma das hipóteses legais prévias impede o avanço para outra
categoria.
4. Tem-se, então, a seguinte ordem de preferência: (I) primeiro, quando
houver condenação, devem ser fixados entre 10% e 20% sobre o montante
desta (art. 85, § 2º); (II) segundo, não havendo
14
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
condenação, serão também fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases
de cálculo: (II.a) sobre o proveito econômico obtido pelo vencedor (art. 85, §
2º); ou (II.b) não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, sobre
o valor atualizado da causa (art. 85, § 2º); por fim, (III) havendo ou não
condenação, nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito
econômico ou em que o valor da causa for muito baixo, deverão, só então,
ser fixados por apreciação equitativa (art. 85, § 8º).
5. A expressiva redação legal impõe concluir: (5.1) que o § 2º do referido art.
85 veicula a regra geral, de aplicação obrigatória, de que os honorários
advocatícios sucumbenciais devem ser fixados no patamar de dez a vinte por
cento, subsequentemente calculados sobre o valor: (I) da condenação; ou (II)
do proveito econômico obtido; ou (III) do valor atualizado da causa; (5.2) que
o § 8º do art. 85 transmite regra excepcional, de aplicação subsidiária, em
que se permite a fixação dos honorários sucumbenciais por equidade, para
as hipóteses em que, havendo ou não condenação: (I) o proveito econômico
obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (II) o valor da causa for
muito baixo.
6. Primeiro recurso especial provido para fixar os honorários advocatícios
sucumbenciais em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico obtido.
Segundo recurso especial desprovido" (REsp 1746072/PR, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 13/02/2019, DJe 29/03/2019) (g.n.).
 No caso, não há dúvida que o apelante restou sucumbente nos autos,
devendo, portanto, arcar com os ônus daí decorrentes, cujo percentual,
inclusive, foi fixado em seu patamar mínimo.
15
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 DISPOSITIVO.
 Por todo o exposto, nego provimento ao recurso interposto e mantenho a
sentença proferida, por seus próprios fundamentos.
 Majoro os honorários advocatícios para o percentual de 12% (doze por
cento) sobre o valor atualizado da causa, a título de honorários recursais, nos
termos do art. 85, § 11 do CPC.
 Custas recursais, pelo apelante.
 É o meu voto.
DES. PEDRO BERNARDES DE OLIVEIRA - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. LUIZ ARTUR HILÁRIO - De acordo com o(a) Relator(a).
 SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO."
16