Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA III [PAREDE ABDOMINAL] INTRODUÇÃO Existem diferenças marcantes na parede abdominal entre o homem e a mulher. A mulher tem mais tecido adiposo na parede abdominal. SINAIS DE IRRITAÇÃO PERITONIAL • Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca no ponto de McBurney. Pode ser indicativo de apendicite. • Sinal de Traube: associado ao comportamento dos sons, na ausculta do baço; • Sinal de Murphy: Interrompe a respiração por dor à palpação do hipocôndrio direito. Indica peritonite local e colecistite aguda. • Sinal de Jobert: Perda da macicez hepática na percussão. Pode ser indicativo de pneumoperitônio. • Abdome em tábua: endurecimento dos músculos abdominais. Obs: Cirurgia de McBurney – apendicectomia. Traça-se uma reta da crista ilíaca à cicatriz umbilical. O apêndice encontra- se no terço inferior dessa reta. ABDOME AGUDO Peritonite é a inflamação do peritônio. Pode ser causada pelo derramamento do suco gástrico no peritônio devido à perfuração gástrica. O suco gástrico pode lesar todos os órgãos da cavidade abdominal. LIMITES DA PAREDE ABDOMINAL Define-se um limite superior e inferior da parede abdominal para a técnica correta em cirurgias e na semiologia. O limite superior da parede abdominal é dado pelo ângulo infraesternal (ângulo de Sharpay) e sua continuidade com a reborda costal. Ou seja, acima da reborda costal é tórax e abaixo dela é cavidade abdominal. O limite inferior é delimitado pelo ligamento inguinal direito, ligamento inguinal esquerdo e a sínfise púbica. ANATOMIA DE SUPERFÍCIE - LINHAS A superfície da parede abdominal possui relação com algumas linhas: • Linha mediana anterior ou alba: divide o abdômen em parte direita e esquerda • Linha do sulco inguinal • Linha semilunar: divide a parede lateral e parede anterior do abdômen. REGIÕES DA PAREDE ABDOMINAL As 9 regiões da parede abdominal são dividas por linhas imaginárias. Duas linhas longitudinais chamadas de linhas médio claviculares direita e esquerda; e duas linhas transversais chamadas linha subcostal (abaixo da décima cartilagem) e linha transtubercular. Em cada uma dessas regiões existem órgãos específicos que se projetam na parede abdominal e podem ser palpados durante o exame físico. MÚSCULOS DA PAREDE ABDOMINAL • M. oblíquo externo (fibras mão no bolso). • M. oblíquo interno. • M. transverso do abdome. • M, reto do abdome em sua bainha aponeurótica. Os músculos do abdome mantêm a tensão abdominal, retêm os órgãos dentro da cavidade abdominal. A musculatura do lado direito se encontra com a musculatura do lado esquerdo na linha alba/ mediana. A aponeurose corresponde ao tendão dos músculos. A bainha do músculo reto abdominal é constituída pela aponeurose dos músculos oblíquo externo, oblíquo interno e transverso O músculo oblíquo externo corresponde à camada muscular mais externa no abdome. A camada muscular média é formada pelo músculo reto abdominal ao centro e ao músculo oblíquo interno lateralmente. A camada muscular mais interna é formada pelo músculo transverso abdominal. As aponeuroses são para fortalecimento da parede abdomianl. Abaixo da cicatriz umbilical, não há aponeuroses, portanto, é mais provável o aparecimento de hérnias. VASCULARIZAÇÃO • Artéria epigástrica superior (vem da subclávia e descende na parede abdominal); • Artéria epigástrica inferior (vem da ilíaca externa na região inguinal e ascende à parede abdominal). Na região do epigástrio elas se anastomosam e irrigam principalmente o músculo reto abdominal. Existem também veias superficiais e profundas que acompanham as artérias abdominais. Há uma importante drenagem linfática na região abdominal, sendo localizada uma grande rede linfática ao redor do umbigo e também na região inguinal. CONGESTÃO PORTAL A veia porta leva o sangue para o fígado. Quando o fígado está congesto, ocorre uma congestão de todo o sistema porta. Isso pode repercutir em sinais na parede abdominal, como varizes abdominais na região umbilical chamadas de cabeça de Medusa. INERVAÇÃO A inervação do abdome se dá a partir dos nervos intercostais que são levados para o abdome. A partir do 7° nervo intercostal até o 12° nervo, eles passam a ser chamados de nervos toracoabdominais. Eles saem da região do tórax e vão inervar a parede abdominal. CAMADAS DA PAREDE ABDOMINAL A parede abdominal é formada por camadas de músculos com suas fáscias de revestimentos. Existem 11 camadas que formam a camada abdominal. Em uma cirurgia, quando corta-se a parede abdominal, estamos cortando na verdade 11 camadas da parede que deverão ser totalmente suturadas. São elas: 1. Pele 2. Tecido subcutâneo seroso 3. Tecido subcutâneo adiposo 4. Fáscia do músculo oblíquo externo 5. Músculo oblíquo externo 6. Fáscia do músculo oblíquo interno 7. Músculo oblíquo interno 8. Fáscia do músculo transverso 9. Músculo transverso do abdômen 10. Fáscia transversalis 11. Fáscia extraperitoneal (adiposa) OBS: caso algumas dessas camadas não for suturada corretamente, há uma maior probabilidade do aparecimento de hérnias. Se ultrapassarmos a fáscia extraperitoneal chegaremos no peritônio parietal, uma camada serosa que envolve internamente a parede abdominal. Se a cirurgia é na parede abdominal, não precisamos invadir o peritônio. A parede abdominal vai da pele até a fáscia extraperitoneal. HÉRNIA Hérnia é a protusão, ou seja, o escape parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, por má formação ou enfraquecimento, nas camadas de tecido protetoras dos órgãos internos do abdômen. Um dos casos de hérnia, é a hérnia incisional, ocasionada pelo mal suturamento de uma ou mais camadas do abdômen. [PERITÔNIO] O peritônio é uma membrana, uma lâmina serosa que recobre internamente as paredes do abdome e a superfície dos órgãos abdominais. O que está aderido à parede é peritônio parietal; o que está aderido ao órgão é peritônio visceral. Entre o peritônio da víscera e o peritônio da parede existem um espaço preenchido por líquido peritoneal. O líquido peritoneal permite que as vísceras deslizem e se movimentem. Por exemplo, permite que o intestino realize os movimentos peristálticos. A cavidade peritoneal é dividida em andar supra mesocólico, ou seja, fica acima do mesocolo transverso (prega de peritônio) do colo transverso e o andar infracólico, abaixo desse. Na parede posterior, as lâminas peritoneais dirigem-se às alças intestinais, deixando o que chamamos de raiz do mesentério. A raiz do mesentério prende as alças intestinais à parede posterior da cavidade abdominal e divide a cavidade em espaço cólico direito e espaço cólico esquerdo, que acomodam as alças intestinais. O peritônio parietal encontra-se na parede abdominal, o peritônio visceral, encontra-se acoplado ao órgão, e a extensão da parede para o órgão, recebe o nome de meso. Assim, os “mesos” (mesentério, mesocolo, etc) são estruturas de peritônio que ligam à parede ao órgão. O mesentério liga as alças intestinais à parede posterior da cavidade abdominal. ASCITE A inflamação do peritônio causa um acúmulo de líquido muito grande (até 5L) dentro da cavidade peritoneal. Essa condição é chamada de ascite. ANATOMIA III DIVISÃO DA CAVIDADE PERITONEAL A cavidade peritoneal é dividida através do mesocolo transverso (peritônio que vai da parede posterior da cavidade abdominal até o colo transverso) em andar supra- mesocólico e andar infra-mesocólico. Os órgão situados no andar supra-mesocólico são: fígado, vesícula biliar, estomago, pâncreas, baço. Enquanto isso, os órgãos que se situam no andar infra-mesocólico são: intestino delgado, intestino grosso. O omento maior vem da curvatura maior do estômago e vai até a região inguinal, recobrindo todo o andar infra- mesocólico. O omento maior chega até colo transverso, formando o peritônio visceral do colo transverso. Do colo transverso até a parede posterior temos uma outra estrutura de peritônio chamada de mesocolo transverso.Elevando o omento maior podemos visualizar o intestino delgado e grosso. Na parede posterior da cavidade infra-mesocólica, as lâminas peritoneais dirigem-se às alças intestinais, deixando o que chamamos de raiz do mesentério. A raiz do mesentério prende as alças intestinais à parede posterior da cavidade abdominal e divide a cavidade em espaço cólico direito e espaço cólico esquerdo, que acomodam as alças intestinais. O jejuno preenche todo o espaço cólico esquerdo, e parte para o lado direito como íleo, que preenche todo o espaço cólico direito. OBS: O sulco paracólico é um sulco entre a parede abdominal lateralmente e colo ascendente e o colo transverso. Se tivermos uma bactéria no andar infra-mesocólico ela pode chegar ao andar supra-mesocólico através do sulco paracólico. TERMOS DE PERITÔNIO • Lâminas (parietal ou visceral); • Meso (de parede a víscera; possui vasos); • Omento (de víscera a víscera; possui vasos); • Ligamento (de víscera a víscera, de víscera a parede ou vice-versa; não possui vasos); • Escavações (depressões profundas); • Bolsa (estrutura sacular). A bolsa omental é uma formação peritoneal sacular que fica posterior ao estômago e anterior ao pâncreas. A bolsa omental fica atrás do omento menor. Pode-se chegar à bolsa omental através do forame omental. É preciso adentrar a bolsa omental para realizar cirurgias de pâncreas. O peritônio visceral é a túnica serosa dos órgãos abdominais. RELAÇÃO DOS ÓRGÃOS AO PERITÔNIO • Peritonizados: órgão totalmente “embrulhado” pelo peritônio, está “dentro” do peritônio; • Retroperitonizados: o peritônio passa somente anteriormente ao órgão. É importante para manter o órgão na parede posterior da cavidade abdominal. Exemplo: prende os rins na parede posterior; • Parcialmente peritonizados: o peritônio passa na frente e na lateral. A parte posterior não tem peritonizado; • Intraperitonizados: quando um órgão está dentro da cavidade peritoneal e não possui revestimento. DISPOSIÇÃO O peritônio mantém os órgãos nas suas posições ideais. Órgãos peritonizados são móveis; órgãos retroperitonizados ou parcialmente peritonizados são órgãos fixos. OBS: O ligamento hepatoduodenal é responsável ESCAVAÇÕES Na mulher existem duas escavações que podem acumular líquidos, pus, sangue, infecções: • Escavação reto uterina (fundo de saco de Douglas) • Escavação reto vesical No homem, existe apenas uma escavação pela inexistência do útero, portanto, apenas escavação reto vesical. OBS: o peritônio visceral reveste o útero e nas suas laterais existe o ligamento largo. O ovário não é revestido, haja vista que caso fosse, não seria possível ocorrer a saída do óvulo para futura fecundação (ovulação). Assim, o ovário está dentro do espaço peritoneal, porém desprovido de peritônio (intraperitonizado); apenas sustentado pelo ligamento largo do útero.
Compartilhar