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ANATOMIA HUMANA II RESUMO DA ANATOMIA DO TÓRAX -Discentes- Matheus Cardeal Clos Josué Ramos Dos Santos INSTRUÇÕES I. O resumo foi feito por estudantes com finalidade acadêmica sem fins lucrativos; II. Em hipótese alguma o resumo substitui a literatura e as aulas. A finalidade do resumo é revisar e tornar conciso a anatomia do abdome; III. O resumo detém diversas ilustrações entretanto para uma melhor aprendizagem recomenda-se o uso de Atlas ao lado; para aprender anatomia deve-se ter conhecimento das imagens. IV. A anatomia sempre que possível deve ser avaliada da perspectiva clínica e cirúrgica com intuito de trazer a anatomia para a prática médica, assim é fundamental não apenas decorar as informações mas sim entender o contexto topográfico. 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O TÓRAX A cavidade torácica se trata de um cone truncado que se alarga em sentido inferior sendo circundada por barras ósseas de vértebras e costelas, ou seja, a caixa torácica. Essa cavidade é subdividida em duas cavidades pulmonares e o mediastino entre elas. A parede torácica por sua vez inclui a caixa torácica e as camadas sobrejacentes a ela (músculos, pele, TCS, etc). Essa parede é fundamental para a proteção de órgãos internos, resistência a pressões internas negativas, sustentação de peso e inserção de músculos abdominais, cervicais e dos membros superiores. ESQUELETO DA PAREDE TORÁCICA, ABERTURAS, ARTICULAÇÕES E MOVIMENTOS Costelas. São subdivididas em 3 categorias, sendo elas as costelas verdadeiras (I a VII) que se inserem ao esterno, as falsas (VIII, IX e X) que se unem indiretamente ao esterno por meio de cartilagem e as flutuantes (XI e XII) que não se conectam ao esterno. Algumas costelas apresentam uma estrutura em comum, sendo assim chamadas de costelas típicas (III a IX) por apresentam uma cabeça para articulação com a vértebra de mesmo número e superior, um colo da costela, um tubérculo que se articula com o processo transverso da vértebra e um corpo cuja face inferior apresenta um sulco que protege o feixe neurovascular intercostal. As demais costelas são atípicas, dentre elas destacam-se as costelas I e II, a primeira apresenta relação coms os vasos subclávios e inserção do músculos serrátil anterior enquanto que a segunda apresenta uma tuberosidade do músculo serrátil anterior, ou seja, parte de sua origem. As costelas e suas cartilagens formam 11 espaços intercostais e um espaço subcostal (abaixo da costela XII), nesses locais encontram-se músculos intercostais e suas membranas bem como os vasos e nervos intercostais e seus colaterais tratados adiante. Vértebras torácicas. Apresentam fóveas costais bilaterais no corpo, fóveas costais dos processos transversos e longos processos espinhosos 3 Esterno. Apresenta 3 partes que são o manúbrio, corpo e processo xifóide. O manúbrio apresenta uma incisura jugular em sua face superior e uma incisura clavicular onde se encontra a articulação esternoclavicular, entre o manúbrio e o corpo observa-se o ângulo do esterno (de Louis). O corpo se articula com as costelas nas incisuras costais e o processo xifóide situa-se ao nível de TX. Imagem 1 - Netter Abertura superior do tórax. Posterior a vértebra TI, lateral o primeiro par de costelas e suas cartilagens e anteriormente a margem superior do manúbrio do esterno Abertura inferior do tórax. Posterior a vértebra TXII, posterolateral as costelas II e XI, anterolateral as cartilagens costais unidas de VII a X, anteriormente a articulação xifoesternal. 4 Imagem 2 - Gray para Estudantes Articulações costovertebrais. A articulação da cabeça das costelas articulam-se com a fóvea costal da vértebra correspondente, com o disco intervertebral e a fóvea costal da costela acima, ou seja, a costela VI se articula com a fóvea superior da vértebra VI, com o disco IV entre VI e V e a fóvea inferior de V, as articulações costotransversais unem o colo da costela e seu tubérculo aos processos transversos das vértebras. Articulações esternocostais. Unem as cartilagens costais ao esterno. 5 Imagem 3 - Netter Movimentos da parede torácica. Os movimentos de inspiração e expiração são os principais movimentos da parede torácica sendo responsáveis pela redução e aumento da pressão intratorácica respectivamente. Durante a inspiração a dimensão vertical das da parte central da cavidade torácica aumenta. Durante a inspiração os músculos intercostais atuam aumentando a dimensão AP (anteroposterior) do tórax, as costelas atuam em um movimento em alavanca de bomba (imagem 4) e os músculos intercostais aumentam o diâmetro transversal do tórax mediante o movimento em alça de balde (imagem 5). Imagem 4 - Guia de Fisioterapia 6 Imagem 5 - Guia de Fisioterapia MÚSCULOS E FÁSCIAS DA PAREDE TORÁCICA A musculatura torácica apresenta músculos que atuam em outras regiões, dentre eles destacam-se os músculos toracoapendiculares que atuam nos membros superiores, esses músculos comos os peitorais maior e menor e serrátil anterior podem ser auxiliares na respiração assim como os escalenos. Entretanto, a verdadeira musculatura torácica são os músculos serrátil posterior superior, levantadores das costelas, intercostais, subcostais e transverso dos tórax, dentre eles, os músculos serráteis posteriores e os levantadores das costelas apresentam funcionalidade proprioceptiva. Os músculos intercostais ocupam os espaços intercostais, esses músculos são citados abaixo. Músculos intercostais externos. Sua parte mais anterior apresenta uma membrana intercostal externa, seguem trajeto anteroinferiormente, ou seja as fibras seguem para frente e para baixo em direção a costela abaixo, são contínuos com os músculos oblíquos externo do abdome, ativos na inspiração. Músculos intercostais internos. Sua parte mais posterior apresenta uma membrana intercostal interna, seguem trajeto perpendicular aos intercostais externos em sentido posteroinferior, ou seja, em direção para trás e para baixo em direção a costela de baixo, esses músculos são contínuos com os músculos oblíquos externos do abdome, ativos na expiração. 7 Músculos intercostais íntimos. São na verdade partes mais internas dos músculos intercostais internos, são separados pelo feixe neurovascular intercostal que passa entre o intercostal interno e íntimo. Imagem 6 - Netter 8 Imagem 7 - Netter Os músculos subcostais estão presentes na parte inferior do tórax, os músculos transversos do tórax seguem da face posterior do esterno em sentido superolateral de forma radiada. O diafragma é o principal músculo da inspiração sendo este dividido em duas cúpulas inervadas separadamente por cada nervo frênico. Fáscias da parede torácica. A fáscia da parede torácica é constituída basicamente pela fáscia peitoral que reveste o músculo peitoral maior e a fáscia clavipeitoral mais profunda que reveste os músculos peitoral menor e subclávio entre os quais observa-se a membrana costocoracóide. A face interna do tórax é revestida pela fáscia endotorácica que no ápice da pleura forma uma membrana suprapleural (fáscia de Sibson). 9 Imagem 8 - Netter 10 Imagem 9 - Netter NERVOS DA PAREDE TORÁCICA Os 12 pares de nervos espinais quando emergem da medula dividem-se em ramo anterior e posterior, esses ramos anteriores no tórax são chamados de nervos intercostais e subcostais (T XII) enquanto os ramos posteriores seguem para a 11 inervação do dorso. Os nervos intercostais podem ser classificados como típicos ou atípicos, quando seguem determinados padrões são chamados de típicos, e, caso contrário, serão atípicos. Nervos intercostais típicos. Esses nervos são do terceiro ao sexto segmentos medulares, eles seguem um trajeto comum (observe a imagem 9), esses nervos seguem nos espaços intercostais na fáscia endotorácica entre a membrana intercostal interna e a pleura parietal, próximo ao ângulo das costelas esses nervos seguem entre os músculos intercostais internos e íntimos abaixo dos vasos intercostaisno sulco das costelas, próximo ao esterno esses nervos seguem na face interna do músculo intercostal interno até passarem entre as cartilagens costais e continuarem como nervos cutâneos anteriores. Os nervos intercostais típicos apresentam ramos em comum que serão tratados a seguir. Ramos comunicantes: estabelecem a comunicação entre os nervos intercostais e o tronco simpático, apresentam-se como ramos comunicantes brancos que conduzem fibras pré-ganglionares para os gânglios simpáticos enquanto os ramos comunicantes cinzentos comunicam as fibras pós-ganglionares dos gânglios simpáticos até o nervo intercostal (observe a imagem 10). Ramos colaterais: originam-se perto dos ângulos das costelas e seguem na margem superior a costela abaixo. Ramos cutâneos laterais: originam-se perto da linha axilar média (LAM), perfuram os músculos intercostais e se dividem em pequenos ramos anteriores e posteriores para inervação sensitiva da parede lateral do tórax. Ramos cutâneos anteriores: perfuram os espaços intercostais na região paraesternal dividindo-se em ramos medial e loterias para inervação sensitiva da parede anterior do tórax. Ramos musculares: apresentam origem variável e inervam os músculos da parede torácica. Nervos intercostais atípicos. São aqueles nervos que não seguem o padrão exposto acima, seja no trajeto típico seja nos ramos. Dentre os atípicos destacam-se o nervo espinal de TI que apresenta uma parte superior para o plexo braquial e uma parte inferior que será o nervo intercostal propriamente dito, somado a isso vale ressaltar que os nervos intercostais I e II seguem na face interna das 12 suas costelas (ou seja eles nao seguem no sulco das costelas, além do mais essas costelas não possuem sulco). O primeiro nervo intercostal em geral ramos cutâneos anterior e lateral, por vezes o ramo lateral se torna o nervo intercostobraquial ou se une a ele. O segundo e por vezes terceiro nervos intercostais possuem um nervo cutâneo lateral atípico denominado de nervo intercostobraquial pelo fato de passar entre as costelas para a região do braço onde irá inervar a fossa da axila podendo se comunicar com o nervo cutâneo medial do braço. Por fim, vale ressaltar que os demais nervos intercostais (sétimo ao décimo primeiro) são atípicos por continuarem na parede anterior do abdome como nervos toracoabdominais onde apresentam inervação sensitiva. Imagem 10 - disciplinas.usp VASCULARIZAÇÃO DA PAREDE TORÁCICA Artérias da parede torácica. A vascularização arterial do tórax provém de ramos intercostais posteriores provenientes diretamente da aorta, ramos da artéria subclávia e axilar (artérias torácicas lateral e superior). As artérias intercostais podem se dividir em intercostais posteriores junto aos seus ramos colaterais e intercostais anteriores as quais não são presentes nos últimos dois espaços intercostais (acompanhe as imagens 8 e 9) 13 Artérias intercostais posteriores: seguem um trajeto análogo aos nervos intercostais sendo imediatamente superiores a estes, as duas primeiras artérias intercostais posteriores são ramos da artéria intercostal suprema um dos ramos da subclávia, enquanto as demais artérias intercostais posteriores são ramos diretos da aorta, as artérias apresentam um ramo posterior para a região de dorso e uma artéria colateral que seguem abaixo do ramo colateral dos nervos intercostais, as intercostais posteriores terminam se anastomosando com as artérias intercostais anteriores. Artéria torácica interna: origina as artérias intercostais anteriores dos seis primeiros espaços intercostais, a torácica interna segue na região paraesternal, ou seja, ao lado do esterno em sentido inferior, durante seu trajeto essa artéria seguirá anteriormente aos músculos transverso do tórax tocando na pleura parietal, essas artérias terminam dividindo-se em seus ramos terminais no sexto espaço intercostal onde se dividirá em artérias epigástrica superior que segue para a bainha do músculo reto do abdome enquanto a artéria musculofrênica emite os ramos intercostais anteriores do sétimo ao nono espaços intercostais e também contribui para a irrigação do diafragma e pericárdio. Vale ressaltar que a artéria torácica interna emite uma artéria pericardicofrênica que seguirá junto ao nervo frênico e será a principal vascularização do pericárdio. 14 Imagem 11 - Quizlet Veias da parede torácica. As veias intercostais posteriores e anteriores seguem juntamente com as artérias logo acima delas, a grande maioria das veias intercostais drenam diretamente para o sistema porta, com exceção das veias do segundo ao terceiro (por vezes quarto) espaços intercostais visto que essas veias se unem em um tronco comum denominado veia intercostal superior, essa veia do lado direito drena para a veia ázigo enquanto a do lado esquerdo drena para a veia braquiocefálica esquerda, essa veia intercostal superior esquerda é um importante parâmetro anatômico pois separa os nervos frênico na anterior e o nervo vago na posterior, essa veia margeia o arco da aorta e recebe veias bronquiais e pericardicofrênica, essa veia pode se comunicar com a hemiázigo acessória, as veias torácicas internas, assim como as primeiras veias intercostais posteriores drenam diretamente na veia braquiocefálica. 15 Imagem 12 - Netter Correlação clínica Anestesia dos espaços intercostais. O bloqueio do nervo intercostal é um procedimento utilizado para eliminar as sensações álgicas na região intercostal. obs.: o feixe neurovascular intercostal também pode ser denominado paquete intercostal. MAMAS E ANATOMIA DE SUPERFÍCIE As mamas são as estruturas torácicas mais proeminentes na superfície, sobretudo das mulheres, apresentando tecido glandular e fibroso aderido a uma rica matriz adiposa. As glândulas mamárias são estruturas profundas ao TCS, as mamas apresentam uma proeminente papila mamária rodeada por uma aréola pigmentada. 16 Imagem 13 - Netter Imagem 14 - anatomia e fisioterapia 17 As mamas femininas encontram-se apoiadas em um leito formado pela fáscia dos músculos peitoral maior e serrátil anterior, entre a mama e a fáscia peitoral observa-se um espaço potencial, o espaço retromamário (um possível local de metástase de câncer de mama). As mamas femininas apresentam uma projeção em direção a axila denominada de processo axilar. As glândulas mamárias são compostas por lobos glandulares fixados aos ligamentos suspensores da mama, esses lobos apresentam ductos lactíferos que se unem na aréola para formar o seio lactífero que expele o leite durante a amamentação, esse reflexo de ejeção do leite desencadeia a contração das fibras musculares lisas da papila mamária o que favorece a ejeção do leite. Irrigação arterial e drenagem venosa. A irrigação provém de ramos mamários mediais de ramos perfurantes e ramos intercostais anteriores da torácica interna, artérias torácica lateral e toracoacromial da artéria axilar e das artérias intercostais posteriores do segundo ao quarto espaços intercostais, a drenagem segue a mesma lógica, ou seja, as veias drenam para a veia axilar e algumas para a torácica interna. 18 Imagem 15 - Netter Drenagem linfática. (Obs.:relevância em virtude das metástases) A linfa da região mamária se une para formar o plexo linfático subareolar, a partir dele grande parte da linfa dos quadrantes laterais da mama drenam para linfonodos axilares (podendo drenar também para linfonodos peitorais, supraclaviculares e outros), a linfa remanescente dos quadrantes mediais drena para os linfonodos paraesternais enquanto os inferiores drena para linfonodos abdominais. 19 Imagem 16 - Netter Imagem 17 - Ministério da Saúde Nervos. A inervação se faz pelos ramos cutâneos anteriores do quarto ao sexto espaços intercostais. 20 21 CAVIDADE PULMONAR E A PLEURA A CAVIDADE PULMONAR As cavidades pulmonares são revestidas por uma membrana denominada de pleura, essa membrana se relaciona intimamente com o pulmão de forma parecidacom um punho( pulmão) dentro de um balão de ar( saco pleural), dessa forma pode-se pensar que a parte do balão que encosta no pulmão seria a pleura visceral enquanto que a parte externa seria a pleura parietal entre as quais haverá uma cavidade pleural revestida por líquido pleural. Desta forma entende-se que o pulmão não está dentro do saco pleural mas envolto por ele. PLEURA A pleura como já dito se divide em parietal e visceral. A pleura parietal é contínua com a pleura visceral no hilo do pulmão (local onde as estruturas com os brônquios e vasos adentram o parênquima pulmonar), essa continuidade forma a bainha pleural que se projeta inferiormente como ligamento pulmonar. A pleura parietal reveste toda a cavidade pulmonar e é dividida em 3 partes conforme sua relação anatômica, essas partes são: costal, mediastinal, diafragmática e uma cúpula da pleura no ápice. Parte costal: também pode ser chamada de costovertebral, se relaciona com a parede torácica sendo separada dela apenas pela fáscia endotorácica; Parte mediastinal: cobre as faces laterais do mediastino, essa parte da pleura é contínua com a pleura visceral no hilo pulmonar, apresenta relação íntima com o coração e grandes vasos e constitui a cúpula da pleura juntamente a parte costal Parte diafragmática: cobre a face superior do diafragma, a fáscia frenicopleural une as fibras diafragmáticas a parte diafragmática da pleura. Cúpula da pleura: formada pela parte costal e mediastinal da pleura parietal cobrindo o ápice do pulmão que se estende até a raiz do pescoço cerca de 2 a 3 cm acima do terço medial da clavícula. A cúpula da pleura é revestida por uma extensão da fáscia endotorácica denominada de membrana suprapleural (fáscia de Sibson). 22 A pleura parietal se reflete e muda de direção formando linhas de reflexão pleurais denominadas de esternal, costal e diafragmática. Por fim, vale ressaltar que os pulmões não ocupam toda a cavidade pulmonar em algumas regiões, formando assim recessos, dentre eles destacam-se os recessos costodiafragmático na convexidade superior do diafragma e o recessos costomediastinais. Imagem 18 - Netter PULMÕES Os pulmões são os órgãos vitais da respiração, esses órgãos ocupam as cavidades pulmonares e apresentam uma grande capacidade elástica. Os pulmões apresentam um ápice que é revestido pela cúpula da pleura e chega até a raiz do pescoço, uma base que se apoia na cúpula diafragmática do lado correspondente, apresenta 3 faces (costal, diafragmática e mediastinal) e 3 margens (anterior, posterior e inferior). 23 Além disso, os pulmões direito e esquerdo apresentam algumas distinções, o pulmão direito apresenta duas fissuras, uma fissura oblíqua e uma fissura horizontal que o divide em 3 lobos (superior, médio e inferior), por outro lado, o pulmão esquerdo apresenta uma única fissura oblíqua esquerda que o divide em lobos superior e inferior, além disso o pulmão direito é maior e mais pesado além de mais curto e largo. Para finalizar as diferenças, vale ressaltar que devido ao deslocamento do coração para a esquerda o pulmão esquerdo apresenta uma incisura cardíaca bem demarcada que se continua inferiormente como um processo em formato de língua, esse processo se denomina língula. Imagem 19 - Netter 24 Por fim, vale ressaltar que os pulmões apresentam diversas relações anatômicas que formam sulcos na face mediastinal, dentre esses marcos anatômicos destacam-se a impressão cardíaca, sulco da da aorta (arco e parte descendente), sulco da veia cava inferior, sulco do arco da veia ázigo, área traqueal e esofágica e um sulco da I costela. Vale, por fim, discutir sobre da raiz do pulmão que são as estruturas que se fixam ao hilo do pulmão, essas estruturas são discutidas abaixo: ➢ Artéria pulmonar: Localizada no extremo superior; ➢ Veias pulmonares superior e inferior: Nas extremidades anterior e inferior; ➢ Brônquio principal: Estrutura mais posterior. Imagem 20 - Netter 25 Imagem 21 - Netter ÁRVORE TRAQUEOBRONQUIAL A árvore traqueobronquial se trata de um sistema de condução aérea formada de cartilagem hialina em formato de C, essa árvore apresenta um tronco que seria a traqueia localizada no mediastino superior, anteriormente ao esofago, ao nível do plano transverso do tórax (entre T IV e T V) a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo. O brônquio principal direito é mais largo, curto e vertical, enquanto o brônquio principal esquerdo apresenta relação anterior com o esôfago contribuindo para a constrição broncoaórtica, que é inferior ao arco da aorta. Os brônquios principais então se dividem em brônquios lobares (2 na esquerda e 3 na direita), esses então se dividem em brônquios segmentares que suprem os segmentos broncopulmonares (subdivisões de um lobo), esses se dividem em bronquíolos terminais que se dividem em bronquíolos respiratórios onde os alvéolos trocam os gases na hematose. 26 Imagem 22 - Netter VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DOS PULMÕES E DA PLEURA Irrigação arterial. A irrigação pulmonar se baseia nas artérias pulmonares que se originam do tronco pulmonar ao nível do ângulo do esterno (TV e TV), essas artérias conduzem sangue venoso pouco oxigenado e fazem parte da raiz do pulmão, dividindo-se em em artérias lobares e essas se dividem em artérias segmentares. Assim, deve-se perguntar quem faz a irrigação oxigenada dessas estruturas? A resposta são as artérias bronquiais, as bronquiais do lado esquerdo são ramos diretos da aorta enquanto do lado direito é um ramo indireto a partir da terceira artéria intercostal posterior, vale recordar que a pleura parietal é irrigada pelas artérias intercostais. Drenagem venosa. A drenagem do sangue que já foi oxigenado na hematose é feita pelas veias pulmonares superiores e inferiores direita e esquerda. Assim como existem artérias bronquiais, também existem veias bronquiais que drenam para a veia ázigo (lado direito) e hemiázigo acessória/intercostal superior E (lado esquerdo). 27 Drenagem linfática. A linfa é distribuída dos plexos linfáticos pulmonares superficiais e profundos, destes plexos a linfa segue para os linfonodos traqueobronquiais superior e inferior e destes para os troncos linfáticos broncomediastinal. Inervação. I) Fibras parassimpáticas: conduzidas por fibras pré-ganglionares do nervo vago, essas fibras são vasodilatadoras, broncoconstritoras e secretomotoras II) Fibras simpáticas: são fibras pós-ganglionares que partem do tronco simpático, essas fibras são vasoconstritoras, broncodilatadoras e inibidoras das secreções. III) Fibras aferentes viscerais: podem ser fibras viscerais reflexas que acompanham o nervo vago e atuam em atividades reflexas como a tosse e o controle das excursões respiratórias, enquanto as fibras aferentes nociceptivas acompanham as fibras simpáticas (com exceção da traqueia) e atuam na sensibilidade à dor. Os nervos da pleura parietal são os nervos intercostais e o nervo frênico. 28 Imagem 23 - Netter 29 Imagem 24 - Netter 30 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MEDIASTINO O mediastino constitui região central da cavidade torácica e está localizado entre as duas cavidades pulmonares (direita e esquerda). É limitado superiormente pela abertura superior do tórax, inferiormente pelo músculo diafragma, anteriormente pelo esterno e cartilagens costais, e posteriormente pela coluna vertebral torácica (imagem 25). SUBDIVISÕES DO MEDIASTINO Para facilitar o estudo anatômico da região mediastinal, a própria foi subdividida em mediastino superior e inferior pelo chamado plano transverso do tórax. Esse plano, horizontal, estende-se a partir do ângulo do esterno (ou sínfise manubrioesternal) anteriormente ao disco IV das vértebras T IV e T V posteriormente. Portanto, entre a abertura superior do tórax e o plano transverso do tórax está compreendido o mediastino superior; entre o plano transverso do tórax e o músculo diafragma teremos o mediastino inferior, o qual é desmembrado pelo pericárdioem mediastinos anterior, médio e posterior. Imagem 25 - Gray para Estudantes 31 MEDIASTINO SUPERIOR Como já explicitado antes, o mediastino superior se estende da abertura superior do tórax (superiormente) ao plano transverso do tórax (inferiormente). Algumas das estruturas que entram no tórax advindas dos membros superiores, do pescoço e da cabeça ou que do tórax vão em direção a essas regiões são encontradas no mediastino superior. A título de exemplo, temos as seguintes estruturas (de anterior para posterior): ★ timo; ★ grandes vasos: veias braquiocefálicas, veia cava superior, arco da aorta e seus ramos (tronco braquiocefálico, artéria carótida comum esquerda e artéria subclávia esquerda); ★ nervos vago, frênico e plexo nervoso cardíaco; ★ traqueia (mais anterior) e esôfago (mais posterior); ★ nervo laríngeo recorrente esquerdo; ★ ducto torácico e troncos linfáticos. Imagem 26 - Sobotta 32 MEDIASTINO INFERIOR Mediastino anterior: está localizado na região compreendida entre o corpo do esterno e os músculos transversos do tórax anteriormente e o pericárdio posteriormente. Além disso, o mediastino anterior é contínuo com o mediastino superior no ângulo esternal e é limitado inferiormente pelo diafragma (imagem 25). Possui como principais conteúdos: ★ tecido conjuntivo frouxo (ligamentos esternopericárdicos superior e inferior); ★ gordura; ★ vasos linfáticos e linfonodos; ★ pequenos ramos dos vasos torácicos internos; ★ parte inferior do timo em lactentes e crianças.* Mediastino posterior: está localizado: inferiormente ao plano transverso do tórax, anterior às vértebras T V - TXII, posterior ao diafragma e ao pericárdio e entre a pleura parietal de ambos os pulmões (imagem 25). Possui como principais conteúdos: ★ aorta torácica; ★ ducto torácico, troncos linfáticos e linfonodos; ★ veias ázigo e hemiázigo; ★ esôfago e plexo nervoso esofágico. . Mediastino médio: o enfoque será maior no mediastino médio uma vez que possui como principais conteúdos o pericárdio, o coração e as raízes dos grandes vasos que entram ou saem dele. PERICÁRDIO O pericárdio é um saco fibrosseroso que “abraça” o coração e a parte proximal dos grandes vasos (VCS, artéria tronco pulmonar e parte ascendente da artéria aorta). Possui dois principais componentes, o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso. Aquele constitui a camada mais externa que define os limites do mediastino médio. É contínuo com a túnica adventícia dos grandes vasos e sua base é voltada e fixa ao centro tendíneo do diafragma. Já o pericárdio seroso é um saco fechado o qual apresenta duas lâminas: parietal e visceral. A lâmina parietal forra a parte interna do 33 pericárdio fibroso e se reflete na base do coração, onde passa a ser chamada de lâmina visceral ou epicárdio . Como observado na imagem 27, há um espaço virtual contido entre as lâminas do pericárdio seroso, a cavidade pericárdica*. Esse espaço permite a livre mobilidade do coração e impede que haja atrito durante sua movimentação. Imagem 27 - Gray para estudantes ❓ Então, sendo a cavidade torácica uma das regiões mais dinâmicas do corpo, como o coração se mantém preso dentro do pericárdio fibroso❓ 34 r: por meio das fixações do saco fibroso - os ligamentos esternopericárdicos superior e inferior que prendem o pericárdio ao esterno; o ligamento pericardicofrênico que é o local de junção e fixação do pericárdio ao diafragma; e tecido conectivo frouxo que une o saco ao mediastino posterior. As três camadas da parede cardíaca são, da mais externa para a mais interna: epicárdio (lâmina visceral do pericárdio seroso), miocárdio e endocárdio. Imagem 28 - Moore REFLEXÕES DO PERICÁRDIO A lâmina parietal do pericárdio seroso é contínua com a lâmina visceral do pericárdio seroso ao redor das raízes dos grandes vasos. Essa conexão ocorre em dois lugares (imagem 29): ★ superiormente, ao redor das artérias aorta e tronco pulmonar; ★ posteriormente, em torno da VCS, da VCI e das veias pulmonares. Essas reflexões dão origem aos seios transverso* e oblíquo do pericárdio. O primeiro encontra-se posterior à aorta ascendente e à artéria tronco pulmonar, anterior à VCS e superior ao átrio esquerdo. Já o segundo seio tem um formato de “J” e é limitado lateralmente pelas reflexões pericárdicas que circundam as veias pulmonares e a VCI, e posteriormente pelo pericárdio que cobre a face anterior do esôfago. Um dedo inserido no seio transverso separa as artérias das veias. 35 Imagem 29 - Grays para estudantes IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO PERICÁRDIO Ramos da artéria torácica interna: artéria pericardicofrênica e musculofrênica; Ramos da aorta torácica: artérias bronquial, esofágica e frênica superior; Primeiros ramos da aorta ascendente: artérias coronárias (irrigam somente a lâmina visceral do pericárdio seroso). DRENAGEM VENOSA DO PERICÁRDIO Tributárias das veias braquiocefálicas (ou torácicas internas): veias pericardicofrênicas; Tributárias do sistema venoso ázigo. 36 Imagem 30 - Moore INERVAÇÃO DO PERICÁRDIO Nervos frênicos (C3, C4, C5): inervam o pericárdio sensitivamente. As sensações de dor carregadas por esses nervos são referidas na pele (dermátomos C3-C5) da região supraclavicular ipsilateral, ou seja, são sentidas na parte superior do ombro do mesmo lado (imagem 31).* 37 Imagem 31 - Bruce e Bruce Nervos vagos (n.c. X): função ainda incerta; Troncos simpáticos: inervação vasomotora. “A inervação do pericárdio se dá por fibras vasomotoras e sensitivas do nervo frênico. Já o epicárdio recebe fibras vasomotoras e sensitivas dos plexos coronários. Vale lembrar que a sensação de dor no pericárdio é percebida de forma difusa, atrás do esterno e pode irradiar para o tórax e abdome. O pericárdio é menos sensível que a pleura (GARDNER).” 38 CORAÇÃO O coração é uma estrutura muscular trapezóide subdividida em 3 camadas:endocárdio, miocárdio e epicárdio( lâmina visceral do pericárdio seroso). O coração possui um ápice que se localiza no quinto espaço intercostal esquerdo, é formado pelo VE enquanto a base do coração é formada pelos átrios( principalmente E) e se localiza oposta ao ápice, anteriormente aos corpos vertebrais de TVI a TIX. O coração apresenta 4 faces a) Face esternocostal - anterior, formada pelo VD b) Face diafragmática - inferior é formada principalmente pelo VE e parte do VD, localiza-se no centro tendíneo do diafragma c) Face pulmonar direita - formada pelo AD d) Face pulmonar esquerda - formada pelo VE formando a impressão cardíaca no pulmão E O coração apresenta também 4 margens: margem direita, margem esquerda, margem superior e margem inferior. ÁTRIO DIREITO Forma a margem direita do coração, recebe o sangue venoso das cavas e seio coronário. O AD apresenta um projeção em forma de orelha, ou seja, uma aurícula. O interior do átrio é dividido em uma parte lisa denominada seio das veias cavas e uma parede anterior com músculos pectíneos, essas duas paredes são divididas internamente pela crista terminal e externamente pelo sulco terminal. O AD se comunica com o VD através do óstio AVD e é separado do AE pelo septo interatrial que apresenta um remanescente embriológico denominado forame oval. VENTRÍCULO DIREITO Forma maior parte da face esternocostal (mais anterior), margem inferior e pequena parte da face diafragmática. O VD apresenta uma projeção para o tronco pulmonar denominada cone arterial, essa projeção é separada internamente pela crista supraventricular. 39 O VD apresenta 3 músculos papilares (anterior, posterior e septal) que se fixam nas válvulas da valva AVD por cordas tendíneas que dessa forma evitam o fluxo retrógrado de sangue. O VD é dividido do VE pelo septo interventricular (SIV) que se subdivide em uma parte membranácea e uma parte muscular (maior). O fascículo AV do complexo estimulante segue pelo SIV em e seu ramo D segue por uma projeção muscular denominada trabécula septomarginal (banda moderadora) que se liga à base do músculo papilaranterior. ÁTRIO ESQUERDO Forma a maior parte da base do coração e recebe as veias pulmonares superiores e inferiores. O AE apresenta músculos pectíneos na aurícula e seu septo interatrial apresenta um assoalho da fossa oval, o AE se comunica com o VE pelo óstio AV. VENTRÍCULO ESQUERDO Forma o ápice do coração, maior parte da face diafragmática, face pulmonar esquerda e margem esquerda. O VE possui uma parede maior que o VD, trabéculas cárneas mais finas e numerosas, 2 músculos papilares (anterior e posterior) que se comunicam com as válvulas anterior e posterior da valva mitral. Além disso, há uma projeção em direção a valva da aorta denominada de vestíbulo da aorta. VALVAS DO TRONCO PULMONAR E AORTA A valva do tronco pulmonar apresenta válvulas semilunares anterior, direita e esquerda, enquanto a valva da aorta apresenta válvulas semilunares posterior, direita e esquerda. As válvulas apresentam uma margem espessa denominada lúnula (em forma uma meia lua) cujo ápice se denomina nódulo. Acima das válvulas semilunares o tronco pulmonar e aorta se dilatam formando seios, na aorta os seios direito e esquerdo originam as artérias coronárias. 40 Imagem 32 - Netter Imagem 33 - Netter 41 Imagem 34 - Netter Imagem 35 - Netter 42 Imagem 36 - Netter Imagem 37 - Medway 43 VASCULARIZAÇÃO DO CORAÇÃO IRRIGAÇÃO ARTERIAL A irrigação cardíaca é representada pelas artérias coronárias direita e esquerda, essas artérias emergem do seio da aorta e são responsáveis pela irrigação do miocárdio, o endocárdio recebe nutrientes por difusão. Artéria coronária direita Origina-se do seio da aorta direito, segue o sulco coronário e logo emite o ramo para o cone arterial e o ramo para o nó sinoatrial (em cerca de 60% dos casos), essa artéria segue o sulco em direção a face diafragmática do coração, emite o ramo marginal direito, na face posterior do coração a ACD emite o ramo para o nó atrioventricular (em 80% dos casos) na cruz do coração, a ACD então continua como ramo interventricular posterior (em 67% dos casos) no sulco interventricular posterior onde emite diversos ramos septais. Supre: átrio D, maior parte do VD, face diafragmática do VE, terço posterior do septo IV, nó SA (60%) e AV (80%). Artéria coronária esquerda Origina-se do seio coronário esquerdo, segue o sulco coronário passando abaixo sob a aurícula esquerda. Essa artéria é curta e logo se divide em ramo circunflexo (CX) e ramo interventricular anterior (descendente anterior), o ramo IV anterior emite ramos septais e um ramo lateral que irriga o VE e dois terços anteriores do septo IV. O ramo circunflexo segue o sulco coronário e emite o ramo marginal esquerdo, a CX em geral termina antes de alcançar a cruz do coração mas em 15% pode seguir como ramo IV posterior. Supre: átrio E, maior parte do VE, parte do VD, ⅔ anteriores do SIV e o feixe AV, nó SA (40%) e AV (20%). 44 Variações e dominância coronariana. A dominância coronariana é baseada em quem vai emitir o ramo IV posterior, assim, a dominância direita corresponde aos 67% dos casos em que o ramo IV posterior é originado da ACD, 15% dos casos ele se origina da ACE e em 18% há codominância. DRENAGEM VENOSA DO CORAÇÃO A drenagem cardíaca é pautada principalmente pelo seio coronário, este nada mais é do que uma confluência das veias cardíacas que termina no AD, ele é formado principalmente pela veia cardíaca magna que é uma continuação da veia IV anterior, o seio também recebe as veias IV posterior, veia cardíaca parva, marginal esquerda e ventricular esquerda. Algumas poucas exceções se abrem diretamente no AD. Imagem 38 - Atlas de Anatomia Asclépio 45 Imagem 39 - Atlas de anatomia do Asclépio INERVAÇÃO DO CORAÇÃO Inervação intrínseca do coração. O coração apresenta uma condução intrínseca denominada complexo estimulante do coração. Esta autoestimulação cardíaca se inicia no nó sinoatrial - o marca passo cardíaco - que coordena a frequência do coração. Esse nó SA se localiza anterolateralmente a junção da VCS ao átrio D próximo da extremidade superior do sulco terminal logo abaixo do epicárdio (imagem 39). A estimulação do nó SA segue por condução miogênica (segue pelas próprias fibras atriais) até o nó atrioventricular que se localiza posteroinferiormente ao septo interatrial, próximo da abertura do seio coronário. A condução então segue do nó AV para o fascículo atrioventricular (feixe de Hiss) que se divide em ramos direito e esquerdo, um para cada ventrículo. Nesse momento há um detalhe importante, o ramo direito do feixe de Hiss segue pela trabécula septomarginal até a base do músculo papilar anterior. Os ramos direito e esquerdo se dividem em ramos subendocárdicos (fibras de Purkinje). Inervação extrínseca do coração. A inervação extrínseca do coração se divide em simpática e parassimpática. 46 A inervação simpática se faz por fibras pós-ganglionares que partem dos gânglios paravertebrais de T I a T IV ou TV/TVI e alguns ramos cardíacos cervicais emergem dos gânglios cervicais superior, médio e inferior e atuam aumentando a força contrátil do coração e sua frequência. A inervação parassimpática se faz por das fibras pré-ganglionares do nervo vago, essas fibras podem também sair do nervo laríngeo recorrente direito, a inervação parassimpática atua reduzindo a frequência cardíaca. Imagem 40- Guyton 47 Imagem 41 - Netter 48 ESTRUTURAS IMPORTANTES NERVO VAGO O nervo vago (n.c. X) emerge do crânio pelo forame jugular (juntamente com os n.c. IX e XI) e acompanha lateralmente a artéria carótida comum e medialmente a veia jugular interna dentro da bainha carotídea. Os nervos vagos seguem para a abertura superior do tórax posteriormente a veia braquiocefálica e articulação esternoclavicular. Imagem 42 - Complete Anatomy 49 Imagem 43 - Complete Anatomy Os nervos vagos direito e esquerdo apresentam algumas diferenças no seu trajeto torácico que serão discutidas a seguir: Nervo vago direito Adentra o tórax anteriormente à primeira porção da artéria subclávia direita onde emite o nervo laríngeo recorrente direito, um nervo que faz uma alça em torno da artéria e ascende pelo sulco traqueoesofágico inervando a musculatura laríngea (exceto o m. cricotireóideo). O nervo vago direito segue posteriormente à veia braquiocefálica direita, VCS e a raiz do pulmão direito. Durante o trajeto ele contribui para a formação do plexo pulmonar, cardíaco e esofágico. 50 Imagens 44 e 45 - Complete Anatomy 51 Nervo vago esquerdo Adentra o tórax entre a artéria subclávia esquerda e artéria carótida comum esquerda. Esse nervo segue posteriormente à veia intercostal superior esquerda, vaso este que o separa do nervo frênico esquerdo. Segue ao lado do arco da aorta onde emite o nervo laríngeo recorrente esquerdo. Por fim, como no lado direito, o nervo vago esquerdo segue posteriormente à raiz do pulmão esquerda e contribui para a formação dos plexos pulmonar, cardíaco e esofágico. Imagem 46 - Moore Imagem 47 - Moore 52 Os nervos vagos atuam na inervação parassimpática das vísceras torácicas e da maior parte das vísceras abdominais. NERVO FRÊNICO Os nervos frênicos (C3, C4, C5) possuem fibras motoras, sensitivas e simpáticas. As últimas são provenientes dos gânglios simpáticos cervicais ou de seus ramos. Atuam na inervação motora do diafragma e na inervação sensitiva de sua parte central. No tórax, cada nervo frênico supre a pleura mediastinal, a parte central da pleura diafragmática e o pericárdio. Nervo frênico direito Segue anteriormente à segunda parte da artéria subclávia direita, posteriormente à veia braquiocefálica. O nervo frênico direito segue à direita da veia braquiocefálica direita, VCS e pericárdio. Desse modo, o nervo desce ao lado da VCI onde termina no diafragma. O nervo segue anteriormente à raiz do pulmão direito. Nervo frênico esquerdo Segue entre a primeira porção da artéria carótida comum esquerda e a primeira parte da artéria subclávia esquerda. No mediastino,o nervo frênico segue anteriormente à veia intercostal superior E e arco da aorta. Por fim, esse nervo segue anteriormente à raiz do pulmão esquerdo, superficial ao pericárdio, até se distribuir no diafragma. 53 Imagem 48 - Netter VEIA CAVA SUPERIOR É formada pela união das veias braquiocefálicas ao nível da primeira cartilagem costal direita. A VCS conduz o sangue venoso proveniente da cabeça (veia jugular interna) e membros superiores (veia subclávia). A VCS termina adentrando o átrio direito ao nível da terceira cartilagem costal direita, está anterolateral à parte ascendente da aorta. ARTÉRIA AORTA A aorta emerge do ventrículo esquerdo como parte ascendente da aorta. Ela se localiza no mediastino médio dentro do saco pericárdico e origina as artérias coronárias. 54 Arco da aorta. Se projeta para posterior, superior e lateral esquerda, ou seja, faz um arco que segue para trás e para cima indo em direção ao lado esquerdo. O arco da aorta segue anteriormente à artéria pulmonar esquerda e brônquio principal esquerdo, o arco se torna lateral à traquéia e ao esôfago atingindo seu ápice ao nível de T IV, anteriormente à raiz do pulmão esquerdo. O arco da aorta segue como parte torácica da aorta e durante seu trajeto apresenta três ramos principais: ● Tronco braquiocefálico: origina-se posteriormente ao manúbrio do esterno e se divide em carótida subclávia D ao nível da articulação EC direita. ● Artéria carótida comum esquerda: origina-se posteriormente ao manúbrio do esterno e segue para posterior do da articulação EC esquerda, acendendo medialmente a VJI. ● Artéria subclávia esquerda: último ramo do arco da aorta, ela segue lateralmente à artéria carótida comum esquerda, também passa posteriormente à articulação EC esquerda. Parte torácica da aorta. Inicia-se ao nível de T V e segue até T XII onde atravessa o hiato aórtico. A aorta torácica desloca o esôfago para a esquerda e está localizada posteriormente ao pericárdio e esôfago. Os ramos da parte torácica da aorta incluem as artérias intercostais posteriores (exceto a primeira e segunda artérias) e as artérias subcostais. Além disso, vale ressaltar ramos viscerais como os ramos esofágico e bronquiais esquerdos (o lado direito tem origem indireta), bem como as artérias frênicas superiores que irrigam o diafragma. A aorta também pode apresentar alguns ramos pericárdicos e mediastinais. 55 Imagem 49 - Netter SISTEMA VENOSO ÁZIGO O sistema venoso ázigo se localiza de ambos os lados da coluna vertebral. Realiza a drenagem das paredes toracoabdominais (da região posterior) e do dorso. O sistema ázigo é representado pela veia ázigo e pela sua principal tributária, a veia hemiázigo. Além disso, a veia ázigo forma uma via colateral entre a VCS e a VCI. Veia ázigo É formada, geralmente, pela união das veias subcostal direita e lombar ascendente direita. Ela atravessa do mediastino posterior para o superior ao lado esquerdo da coluna vertebral e desemboca na VCS. Tributárias: veia intercostal superior direita, veias intercostais posteriores direitas (4ª até 11ª), veias hemiázigo e/ou hemiázigo acessória. 56 Veia hemiázigo A veia hemiázigo é formada, geralmente, pela junção das veias subcostal esquerda e lombar ascendente esquerda. Além disso, a veia está comumente unida à veia renal esquerda. Desemboca na veia ázigo. Tributárias: veias intercostais posteriores inferiores e algumas veias mediastinais e esofágicas. Veia hemiázigo acessória Origina-se, geralmente, do quarto espaço intercostal como continuação da 4ª veia intercostal posterior esquerda. Tem trajeto inferior recebendo tributárias dos espaços intercostais situados acima e abaixo. Além disso, recebe veias bronquiais e mediastinais. Desemboca na veia ázigo ou na veia hemiázigo. Resumo: ● 1º espaço intercostal posterior direito e esquerdo (veia intercostal suprema direita e esquerda); ● 2º-3º espaços intercostais posteriores direitos e esquerdos (veia intercostal superior direita e esquerda); ● 4°-11º espaços intercostais posteriores direitos (veia ázigo); ● 4º-8º espaços intercostais posteriores esquerdos (veia hemiázigo acessória); ● 9º-11º espaços intercostais posteriores esquerdos (veia hemiázigo). 57 Imagem 50- Gardner Como mostrado na imagem 49, vale ressaltar que a veia intercostal superior direita desemboca na veia ázigo e a veia intercostal superior esquerda desemboca na veia braquiocefálica esquerda. 58 DUCTO TORÁCICO O ducto torácico se trata de um grande canal linfático que se origina da cisterna do quilo no abdome. A partir de sua origem, o ducto ascende e atravessa o hiato aórtico do diafragma (T XII), segue no mediastino posterior anteriormente aos corpos das vértebras, posteriormente ao esôfago, ao lado esquerdo estará a aorta torácica e a sua direita estará a veia ázigo. Ao nível de T IV, T V ou T VI o ducto cruza o plano mediano para a esquerda em direção ao mediastino superior. Imagem 51 - Moore Por fim, o ducto torácico receberá grandes contribuições linfáticas dos troncos broncomediastinal (tórax), jugular (cabeça e pescoço) e subclávio (membro superior) do lado esquerdo. O ducto termina ao desembocar no ângulo venoso, ou seja, na junção da veia subclávia com a jugular interna ou próximo a esse ângulo. O ducto torácico recebe a linfa proveniente dos membros inferiores, pelve, abdomen, hemitórax esquerdo, metade esquerda da cabeça e pescoço. O tronco broncomediastinal direito, subclávio direito e jugular direito podem drenar independentemente ou se unirem para formar um tronco linfático D que drena no ângulo venoso direito. 59 Imagem 52 - Lecturio ESÔFAGO O esôfago desce do mediastino superior ao posterior. Ele segue posterior ao arco da aorta, ao pericárdio e ao átrio esquerdo, sendo assim relacionado com a base do coração. O esôfago se desvia gradualmente para a esquerda e atravessa o hiato esofágico (T X). Durante seu trajeto torácico, o esôfago sofre uma constrição pelo arco da aorta e brônquio principal (constrição broncoaórtica) e pelo diafragma (constrição diafragmática). 60 Imagem 53 - Netter 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GARDNER, Ernest. Anatomia: Estudo Regional do Corpo Humano. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. Gray 's anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada para a clínica. 6 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011. 62
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