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CONTESTAÇÃO - DENUNCIAÇÃO DA LIDE

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DE DIREITO DA 2ª
VARA CÍVEL DE IBIRAMA -SC
Processo nº: xxxx
Tico Tico Comércio de Confecções de Jeans Ltda, CGC nº 00.555.666/0001-33, estabelecida
à rua São João, 142, centro, Rio do Sul – SC, e-mail: ticotico@ticotico.com.br, representada
neste ato por seu sócio proprietário MACHADO AFIADO, brasileiro, casado, empresário,
inscrito no CPF sob nº 011.222.339-47, residente e domiciliado na Rua dos Cachorros, nº
1122, Centro do Município de Rio do Sul/SC, por intermédio de sua advogada FERNANDA
TIZONI, inscrita nos quadros da OAB sob o n. 5555, com escritório localizado na Rua dos
Advogados, n. 29, bairro Advoga – Rio do Sul (SC), onde recebe intimações e notificações,
vem, respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 336 do CPC,
apresentar a CONTESTAÇÃO pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – SÍNTESE DA INICIAL
Que no dia 30.04.2021, o funcionário da empresa, Sr. SEBASTIÃO DA SILVA RAMOS
motorista, com o veículo JEEP RENEGADE 2020 , envolveu-se em acidente de trânsito na
BR 470, trevo de acesso a Indaial, onde cortou o fluxo de trânsito, sendo atingido na lateral
direita pelo veículo GM TRACKER 2021, dirigido pelo proprietário JORGE SANTAREM,
causando lesões de pequeno grau nos três tripulantes, esposa e filho de dez anos. Efetuado o
boletim de ocorrência, onde constou que a culpa pelo acidente foi do empregado da empresa
proprietária do veículo JEEP RENEGADE.
No dia de ontem a empresa foi citada na ação de reparação de danos causadas em acidente de
veículo nº 000022-44.2021.8.24.0027, a qual tramita na 2ª VARA CIVIL DE IBIRAMA, e
tem como autor apenas o Sr. JORGE SANTAREM, tendo como suma do pedido:
1 - DANO MATERIAL (Conserto do veículo) R$ 40.000,00 (...), menor dos dois orçamentos;
2 - DANO MATERIAL (aquisição de medicamentos) R$ 1.330,00 (...), notas fiscais anexas;
3 -DANO MATERIAL (tratamento psicológico do filho – 8 meses) R$ 2.560,00 (...), consulta
R$ 80,00 (...);
4 - LUCROS CESSANTES (20 dias sem vender) R$ 8.600,00 (...);
5 -DESVALORIZAÇÃO DO VEÍCULO (redução do valor de mercado) R$ 28.000,00 (...),
sem qualquer comprovação ou perícia;
6 -DANO MORAL R$ 50.000,00 para cada integrante, sendo que o filho menor está com
trauma e recusasse a viajar de carro. Apresentou recibos da psicóloga.
Ocorre, Excelência, que tais argumentos não merecem prosperar, pelas razões que serão
adiante elencadas.
mailto:ticotico@ticotico.com.br
Para tanto, a seguradora deverá comparecer à lide para que tenha amplo direito de defesa e
não venha a alegar que não lhe fora dada a oportunidade de se defender, razão pela qual,
ficaria desobrigada de reparar os danos resultantes do contrato.
Com efeito, o Artigo 125, do Código de Processo Civil (CPC), estabelece:
"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I- ....
II- – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo de quem for vencido no processo."
Portanto, a suplicada somente tem direito regressivo contra a Seguradora, caso venha a ser
condenada na presente ação, se denunciá-la à lide, para que tenha ampla defesa no feito.
Ensina CELSO AGRÍCOLA BARBI, em seus comentários ao Código de Processo Civil
(CPC), artigo 70 do CPC/1973, pág. 343:
"Enquanto isso, na hipótese do item III, do art. 70, o credor somente tem ação contra o
denunciante, o qual como tem ação regressiva contra outrem, denunciada a este à lide, apenas
para efeito de regresso."
E continua o festejado autor, à pág. 344:
"Tendo colocado os casos dos itens II e III ao lado da hipótese do item I, e ao mesmo tempo
havendo considerado, para todos eles, obrigatória a denunciação da lide, é de se entender que
submeteu todos ao mesmo regime, isto é, a falta de denunciação acarretará para o litigante a
perda do direito de garantia de regresso."
Como se vê, Excelência, o indeferimento da pretensão da denunciação da lide, poderá
acarretar à suplicada, caso seja condenada no feito, integral prejuízo, pois perderia o direito de
regresso contra a seguradora ...., para ressarcimento dos prejuízos que possam advir da
procedência da ação.
Portanto, requer a Denunciação da Lide à SEGURADORA BOM SUCESSO, pessoa jurídica
de direito privado, com sede na Rua Betania, na pessoa de seu representante legal, para
integrar a lide.
2. DOS DANOS MATERIAIS
Excelência, em relação aos danos materiais ensejados pelo autor, inexiste óbice para a
condenação requerida, vez que, evidentemente, deixou de apresentar a este juizo provas
robustas e contundentes acerca dos serviços que supostamente foram realizados, sequer
comprovando a contratação de qualquer empresa para realizar os devidos reparos ao veículo
Chevrolet Tracker.
Ainda, nesta oportunidade, cabível ressaltar que as notas fiscais apresentadas pelo requerente
como sendo provas robustas dos gastos decorrentes dos acidentes datam de semanas
anteriores ao acidente, ou seja, evidente a má-fé do requerente que pretende aproveitar-se da
situação, ludibriar este douto juízo e, evidentemente, usufruir de vantagem ilícita sobre o
requerido, não merecendo, portanto, tais alegações prosperarem, uma vez que não foram
produzidas provas robustas que evidenciam, de fato, gastos farmacêuticos decorrentes
exclusivamente do acidente de trânsito ocorrido.
Por fim, acerca do acompanhamento psicológico, novamente faltou o autor com a verdade,
postulando em juízo de forma deliberada, sem critérios ou justo motivo. Isto porque alega o
autor a necessidade de acompanhamento psicológico, sem sequer compulsar os autos
relatórios médicos que poderiam realmente dar robustez ao alegado, bem como, notas fiscais,
recibos ou termos de comparecimento dos atingidos a clínica psicológica após a data dos
fatos.
Assim sendo, considerando que o demandante não conseguiu comprovar devidamente os
gastos materiais, torna-se inviável a condenação à reparação pelos danos materiais com base
apenas nos orçamentos apresentados, caso assim entenda este douto juízo, requer seja
produzida prova pericial para que sejam apurados os reais danos materiais do veículo
Chevrolet Tracker, de propriedade do autor.
Em situações semelhantes, aliás, assim decidiram os tribunais:
APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAL E PENSÃO MENSAL VITALÍCIA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. CULPA CONCORRENTE RECONHECIDA.
RECURSO DOS RÉUS. ALEGADA CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. TESE
NÃO ACOLHIDA. COLISÃO ENTRE MOTOCICLETA QUE SAÍA DE VIA SECUNDÁRIA
PARA INGRESSAR NA PREFERENCIAL EM MANOBRA DE CONVERSÃO À
ESQUERDA E AUTOMÓVEL QUE SEGUIA EM VELOCIDADE EVIDENTEMENTE
EXCESSIVA E REALIZAVA POSSÍVEL MANOBRA DE ULTRAPASSAGEM PROIBIDA.
CONDUTORES QUE DIRIGIAM SOB EFEITO DE ÁLCOOL. CULPA CONCORRENTE
CARACTERIZADA.PEDIDO DE REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
INVIABILIDADE. MORTE DO FILHO E COMPANHEIRO DOS AUTORES. QUANTUM
INDENIZATÓRIO FIXADO DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE, OBSERVANDO, AINDA, O GRAU DE CULPA DOS OFENSORES.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. FIXAÇÃO DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. (TJSC, Apelação Cível n.
0300462-25.2016.8.24.0018, de Chapecó, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
01-10-2020).
Quanto ao tratamento ambulatorial dos autores e ao tratamento psicológico do terceiro
requerente, neste caso, não há melhor prova a ser produzida além da competente perícia
médica judicial, que poderá atestar de maneira idônea e imparcial a real situação física e
mental dos requerentes e de sua família.
1. LUCROS CESSANTES
A parte Autora pugna pela condenação da Ré ao pagamento de indenização no valor de R$
15.600,00 (...) a título de lucros cessantes, correspondente ao valor que teria deixado de
auferir se estivesse desenvolvendo suas atividades laborativas pelo período de 10 (dez) dias.
Assim como muitos outros pedidos, este não logra êxito uma vez que o Autor sequer
comprovou os alegados danos supostamente decorrentes do fatotrazido.
Sequer trouxe ao autos atestado que comprovasse sua incapacidade de trabalho ou qualquer
outra prova de que estivesse impossibilitado de realizar suas atividades laborais.
Cumpre repelir, dessa maneira, o pedido de indenização no valor de R$ 15.600,00 (...) a título
de lucros cessantes, em primeiro, porque não há qualquer prova de que, há época dos fatos, o
Autor estivesse exercendo atividade remunerada, em segundo, porque não há qualquer
atestado médico que aponte a incapacidade laborativa pelo prazo de 10 (dez) dias, em
terceiro, porque, igualmente, o Autor não demonstrou qual parâmetro utilizando para alcançar
o valor pretendido, sendo, sabidamente, necessária, a apresentação de prova quanto ao valor
que teria deixado de lucrar, não bastando estipular, ao seu bel prazer, o valor pretendido.
2. DESVALORIZAÇÃO/DEPRECIAÇÃO DO VEÍCULO
Diante dos fatos narrados acima, cumpre esclarecer que o acidente se deu por culpa exclusiva
do Autor, isentando a Ré de qualquer indenização no tocante ao pedido impugnante de
desvalorização/depreciação do veículo da parte Autora.
Alternativamente, aplicando-se culpa concorrente pugna a parte Ré para que seja condenada
apenas na proporção de sua culpa, a começar, pois, se tratando de um acidente, ambos
veículos apresentaram danos e prejuízos com a colisão. Ademais, a parte Autora deixa de
trazer qualquer elemento de prova para justificar a desvalorização de seu veículo.
Fato é que, pela tabela FIPE em anexo, o veículo Jeep Renegade Limited 1.8 4x2 flex 16v aut
2020 está estimado em R$109.302,00(...), sendo assim, houve então uma desvalorização de
20% totalizando em R$21.860,40 (...) sobre o valor do veículo da Ré após o acidente.
Outra vez, comprova-se a real intenção do Autor com a presente demanda, sem se importar se
a parte Ré também foi prejudicada na colisão. Como todos os outros pedidos, este não logra
êxito uma vez que o Autor sequer comprovou os alegados.
Desse modo, pugna a parte Ré para que i. reconheça a culpa exclusiva do Autor,
isentando a Ré de qualquer indenização no tocante a desvalorização do veículo; ii.
alternativamente, se reconhecida culpa concorrente , que seja indeferido o pedido de
desvalorização do veículo, uma vez que o Autor sequer comprovou os alegados.
3. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:
a) A não realização de audiência de conciliação;
b) Seja efetuada a citação dos denunciados, Sr. SEBASTIÃO DA SILVA RAMOS, residente
e domiciliado na Rua das Neves, nº 253, Bairro Satém, na cidade de Rio do Sul/SC e da
SEGURADORA BOM SUCESSO, na Rua Rio de Janeiro, nº 879, Centro, no município de
Pouso Redondo/SC, nos endereços indicados,
c) Sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos formulados na presente demanda, já
que não comprovada a responsabilidade dos requeridos para a ocorrência do fato alegado;
d) Em caso de reconhecimento de qualquer responsabilidade, o que não se espera, que sejam
observadas todas as impugnações suscitadas na presente contestação,
e) Seja reconhecida a ausência de dano moral indenizável ou, alternativamente, a minoração
do quantum indenizatório, em consonância com o entendimento do TJSC, sugerindo para
tanto o valor de R$1.000,00 por passageiro;
f) O indeferimento do pedido de danos materiais, ou, alternativamente, a sua minoração; o
indeferimento do pedido de depreciação do veículo do autor, ou alternativamente, a sua
minoração;
g) O indeferimento do pedido de indenização por lucros cessantes, ou, alternativamente, a
sua minoração;
h) Por fim, em caso de condenação, que tais valores sejam suportados pela seguradora
requerida, em vista da sua responsabilidade contratual com o segurado;
h) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a
documental inclusa, juntada de novos documentos, depoimento pessoal dos requerentes,
testemunhal, pericial, cujos honorários do perito deverão ser custeados pela seguradora
requerida, ante a sua obrigação contratual com o segurado e demais necessárias ao bom
deslinde do feito;
i) A condenação dos requerentes ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios;
j) Por fim, que todas as intimações e comunicações processuais sejam feitas e
publicadas em nome de Fernanda Tizoni, OAB/SC XX.XXX, sob pena de nulidade
processual.
Termos em que pede,
E espera deferimento.
Rio do Sul, 21 de março de 2024.

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