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Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 N523t Neville, A. M. Tecnologia do concreto [recurso eletrônico] / A. M. Neville, J. J. Brooks ; tradução: Ruy Alberto Cremonini. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-072-6 1. Engenharia civil. 2. Concreto. I. Brooks, J. J. II. Título. CDU 691.32 A.M. Neville é consultor de Engenharia Civil. Ele foi Vice Presidente da Royal Aca- demy of Engineering, Reitor e Vice-Chanceler da University of Dundee. Tem anos de experiência como professor, pesquisador e consultor em Engenharia Civil e Es- trutural na Europa e América do Norte e no Extremo Oriente. Recebeu inúmeros prêmios e medalhas, e é membro Honorário do American Concrete Institute, da British Concrete Society e do Instituto Brasileiro de Concreto. J.J. Brooks é consultor, ex-professor sênior na Engenharia Civil e de Materiais e Diretor dos Estudos de Pós-Graduação na Escola de Engenharia Civil da University of Leeds. É membro do American Concrete Institute e da International Masonry Society. Capítulo 2 Cimento 27 Cimento Portland de alta resistência inicial (Tipo III) Este cimento é similar ao cimento Tipo I e tem suas especificações determinadas pe- las mesmas normas. Como o nome indica, a resistência desse cimento se desenvolve rapidamente devido, como pode ser deduzido da Tabela 2.8, a um maior teor de C3S (acima de 70%) e maior finura (mínimo 325 m2/kg). Atualmente a finura é o fator di- ferenciador entre o cimento Portland comum e o cimento Portland de alta resistência inicial, com pouca diferença na composição química. A principal utilização do cimento Tipo III é nos casos de necessidade de remoção rápida das fôrmas para reutilização ou onde uma determinada resistência mínima, necessária para a continuidade da obra, deve ser atingida rapidamente. O cimento Portland de alta resistência inicial não deve ser utilizado em obras de concreto massa ou em elementos estruturais com seções de grande porte devido à maior velocidade de liberação de calor de hidratação (ver Fig. 2.5). Por outro lado, para construções em baixas temperaturas, o uso desse cimento é uma alternativa satisfatória contra os danos causados pelo congelamento nas primeiras idades (ver Capítulo 15). O tempo de pega dos cimentos Tipo III e I são os mesmos. O custo do cimento Tipo III é um pouco maior que o do cimento Portland comum.* Cimentos Portland de alta resistência inicial especiais Estes são cimentos especialmente fabricados, que desenvolvem resistência de forma bastante rápida. No Reino Unido, é permitida a utilização de um cimento Portland de resistência inicial muito alta para fins estruturais. A resistência inicial muito alta é obtida por uma finura mais elevada (700 a 900 m2/kg) e pelo teor de sulfato de cálcio mais elevado, mas sem que isso cause instabilidade de volume em longo prazo. Casos de aplicação de protensão em curtas idades e reparos de emergência são utilizações típicas desse cimento. Em alguns países, um cimento de pega regulada (ou jet cement) é produzido a partir da mistura de cimento Portland e fluoraluminato de cálcio e um retardador de pega adequado (normalmente ácido cítrico). O tempo de pega (1 a 30 minutos) pode se controlado na fabricação do cimento, tendo em vista que as matérias-primas são moídas e queimadas em conjunto, enquanto o desenvolvimento da resistência inicial é controlado pelo teor de fluoraluminato de cálcio. Esse cimento tem custo elevado, mas aceitável quando uma resistência inicial bastante elevada for necessária. Cimento Portland de baixo calor de hidratação (Tipo IV) Desenvolvido nos Estados Unidos para uso em grandes barragens de gravidade, este ci- mento tem um baixo calor de hidratação. Tanto a ASTM C 150–05 quanto a BS 1370: 1979 limitam o calor de hidratação em 250 J/g na idade de 7 dias e 290 J/g aos 28 dias. * N. de T.: No Brasil, o cimento de alta resistência inicial é normalizado pela NBR 5733:1991, sendo deno- minado CP V–ARI. Sua composição pode ter, no máximo, 5% de fíler calcário, e o restante é constituído por clínquer Portland e sulfato de cálcio. Diferentemente dos demais cimentos que têm especificação de resistência aos 3, 7 e 28 dias, o cimento CP V ARI tem as exigências de resistências estabelecidas para 1, 3 e 7 dias, com os valores mínimos, respectivamente, 14 MPa, 24 MPa e 34 MPa. 28 Tecnologia do Concreto A BS 1370: 1979 controla o teor de óxido de cálcio, pela limitação do fator de saturação de cal entre 0,66 a 1,08. Devido ao baixo teor de C3S e C3A, o desenvolvi- mento da resistência é mais lento do que o cimento Portland comum, embora a resis- tência final não seja afetada. Para assegurar uma velocidade de ganho de resistência razoável, a finura não deve ser menor que 320 m2/kg. Nos Estados Unidos, o cimento Portland pozolânico (Tipo P) pode ser especi- ficado como sendo de baixo calor de hidratação, enquanto o cimento Tipo IP pode ser estabelecido como moderado calor de hidratação. Esses cimentos são normaliza- dos pela ASTM C 595–05.* Cimento modificado (Tipo II) Para algumas aplicações, uma resistência inicial muito baixa pode ser uma desvanta- gem e, por essa razão, foi desenvolvido um cimento modificado nos Estados Unidos. Esse cimento tem uma taxa de liberação de calor mais alta que o cimento do Tipo IV e ganho de resistência semelhante ao cimento Tipo I. O uso do cimento Tipo II é recomendado para estruturas nas quais um moderado calor de hidratação é dese- jado ou onde um moderado ataque por sulfatos pode ocorrer (ver página 262). Esse cimento não está disponível no Reino Unido. Cimento resistente a sulfatos (Tipo V) Este cimento tem baixo teor de C3A de maneira a evitar o ataque por sulfatos exter- nos ao concreto. Caso contrário, a formação de sulfoaluminato de cálcio e gipsita pode causar a desagregação do concreto devido ao maior volume dos compostos re- sultantes. Os sais mais ativos são os sulfatos de magnésio e sódio, sendo que o ataque por sulfatos é bastante acelerado quando acompanhado por ciclos de molhagem- -secagem, por exemplo, em estruturas marinhas sujeitas a marés ou respingos. Para alcançar a resistência a sulfatos, o teor de C3A nos cimentos resistentes a sulfatos é limitado a 3,5% (BS 4027: 1996), e o teor de SO3 é limitado a 2,5%. No restante, deve atender às especificações do cimento Portland comum. Nos Estados Unidos, quando o limite de expansão por sulfatos não for especificado, o teor de C3A é limitado a 5% (ASTM C 150–05) e o teor total de C4AF somado ao dobro do teor de C3A é limitado a 25%. O teor de sulfato de cálcio também é limitado a 2,3% quando o teor de C3A for 8% ou menor. Nos Estados Unidos, existem também cimentos de moderada resistência a sulfa- tos. Eles são normalizados pela ASTM C 595–05 e estão listados na Tabela 2.7. Com exceção dos cimentos Tipo S e SA, a exigência opcional para resistência a sulfatos é a expansão máxima de 0,01% em 180 dias, determinada segundo a ASTM C 1012–04. * N. de T.: No Brasil, o cimento de baixo calor de hidratação é normalizado pela NBR 13116:1994, que estabelece que os cimentos normalizados (CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V ARI) podem ser considerados como de baixo calor de hidratação, desde que os valores máximos de calor de hidratação liberado aos 3 e 7 dias, sejam, respectivamente 260 J/g e 300 J/g. Esses cimento são designados pelas sigla e classe originais de seu tipo, acrescidas de “BC”. A determinação do calor de hidratação é realizada pelo método da garrafa de Langavant, normalizado pela NBR 12006:1990. Capítulo 2 Cimento 29 Requisitos para cimento resistente a sulfatos com baixo teor de álcalis constam na BS 4027–1996. O calor desenvolvido pelos cimentos resistentes a sulfatos não é muito mais ele- vado que o do cimento de baixo calor de hidratação, o que é uma vantagem, mas o custo do primeiro é maior em função da composição especial das matérias–primas. Portanto,na prática, o cimento resistente a sulfatos somente deve ser especificado nos casos de real necessidade, pois não é um cimento de uso geral.* Cimento Portland de alto-forno (Tipo IS) Este tipo de cimento é produzido pela moagem conjunta ou mistura de clínquer Portland com escória granulada de alto-forno. A escória de alto-forno é um resíduo da fabricação de ferro-gusa; desse modo, há um menor consumo de energia para a produção do cimento. A escória contém óxido de cálcio, sílica e alumina, mas não nas mesmas proporções que no cimento Portland, e sua composição pode apresen- tar grandes variações. Algumas vezes esses cimentos são denominados cimento de escória. A hidratação da escória se inicia quando a cal liberada na hidratação do ci- mento Portland proporciona a alcalinidade adequada, sendo que a continuação da hidratação não depende da cal. Segundo a ASTM C 595–05, o teor de escória deve estar entre 25 e 70% em re- lação à massa da mistura. A BS 146: 2002 especifica um teor máximo de 65% e a BS 4246: 1996 estabelece uma faixa entre 50 e 85% para a produção de cimento Portland de alto-forno de baixo calor de hidratação. Conforme mostrado na Tabela 2.7, a BS EN 197–1: 2000 reconhece três classes de cimento Portland de alto-forno, denominadas IIIA, IIIB e IIIC. Nesses três ci- mentos, é permitida a adição de fíler em até 5%, mas o teor de escória granulada de alto-forno moída (eaf) varia entre 36 e 65%, 66 e 80% e 81 e 95%, respectivamente para os cimentos IIIA, IIIB e IIIC; o percentual de escória é referido em relação à massa total de material cimentício. Além disso, a Tabela 2.7 mostra que a BS EN 197–1: 2000 estabelece dois tipos adicionais de cimento Portland de escória que contêm menores teores de escória: a Classe IIA, com teores entre 6 e 20%, e Classe IIB, com teores entre 21 e 35%. Para garantir finura mínima e alta alcalinidade, a BS 6699: 1992 exige ensaios similares aos do cimento Portland. A relação máxima de cal/sílica é 1,4 e a relação entre a massa de CaO e MgO em relação à massa de SiO2 deve ser maior que 1,0. A * N. de T.: Estes cimentos são normalizados no Brasil pela NBR 5737:1992, e são considerandos como resistentes a sulfatos os cimentos: (a) cujo teor de C3A seja ≤ 8% e o teor de adições carbonáticas, ≤ 5% da massa do aglomerante total e/ou; (b) cimentos Portland de alto-forno (CP III) cujo teor de escória granu- lada de alto-forno esteja entre 60 e 70% e/ou; (c) os cimentos Portland pozolânicos (CP IV) cujo teor de materiais pozolânicos esteja entre 25 e 40% e/ou; (d) os cimentos que tenham antecedentes com base em resultados de ensaios de longa duração ou referências de obras que comprovadamente indiquem resistência a sulfatos. Além disso, o cimento Portland de alta resistência inicial, CP V ARI, para ser considerado como resistente a sulfatos, pode receber a adição de escória de alto-forno ou materiais pozolânicos. Os cimentos Portland resistentes a sulfatos são designados pela sigla original de seu tipo, acrescida de “RS”. 30 Tecnologia do Concreto massa de óxidos é determinada segundo a BS EN 196–2: 2005. Também são especifi- cados valores para resistência à compressão, tempos de pega e expansibilidade. A ASTM C 989–05 estabelece para a escória granulada de alto-forno moída um percentual máximo de 20% de grãos maiores que 45 �m. O aumento da finura do cimento Portland acompanhado pela otimização de teor de SO3 resulta em aumento da resistência. As exigências em relação a finura, tempo de pega e expansibilidade do ci- mento Portland de alto-forno são similares ao cimento Portland comum (Tipo I). As resistências iniciais são, em geral, mais baixas que do cimento Tipo I, mas as resistências finais são similares. A BS 146: 1991 estabelece duas classes de cimen- tos de baixa resistência inicial: a classe 42,5 L, que deve resultar em pelo menos 20 MPa aos 7 dias, e a classe 52,5 L com a exigência de resistência mínima aos 2 dias de 10 MPa. Os usos comuns do cimento Portland de alto-forno são em obras de concreto- -massa, devido ao baixo calor de hidratação, e obras em água do mar, devido à maior resistência a sulfatos (devido ao baixo teor de C3A), quando comparado ao cimento Portland comum. A escória com baixo teor de álcalis pode também ser utili- zada com um agregado potencialmente reativo com álcalis (ver página 267). Uma variação utilizada no Reino Unido é a substituição parcial, na betoneira, do cimento por escória granulada seca de mesma finura. O cimento Portland de alto-forno é de uso comum em países onde a escória é larga- mente disponível e pode ser considerado como um cimento de uso geral.* Cimento supersulfatado (cimento de escória) O cimento supersulfatado, embora não seja um cimento Portland, será apresentado neste item, por ser produzido a partir da escória granulada de alto-forno. Cimento supersulfatado é produzido pela moagem conjunta de uma mistura de 80 a 85% de escória granulada de alto-forno com 10 a 15% de sulfato de cálcio (na forma de gesso desidratado ou anidrita) e cerca de 5% de clínquer Portland. São comuns valores de finura entre 400 e 500 m2/kg. O cimento supersulfatado tem baixo calor de hidratação (cerca de 200 J/g aos 28 dias). Apesar de não disponível no Reino Unido, esse cimento é normalizado pela BS 4248: 2004. As vantagens do cimento supersulfatado estão na alta resistência à água do mar e a ataques por sulfatos, bem como a ácidos húmicos e óleos. O uso desse cimento requer atenção especial devido à velocidade de ganho de resistência ser bastante afetada por baixas ou altas temperaturas. Não deve ser misturado com cimentos Portland, e sua dosagem deve ser feita em faixas limitadas de maneira a não afetar o desenvolvimento de resistência. Esse cimento deve ser armazenado em ambientes bastante secos, pois há risco de se deteriorar rapidamente. * N. de T.: No Brasil, o cimento Portland de alto-forno é normalizado pela NBR 5735:1991 e tem o limite de escória estabelecido entre 35 e 70%. É permitido um teor de até 5% de fíler calcário, sendo o restante consti- tuído por clínquer e sulfato de cálcio. Esse cimento é identificado como CP III e estão normalizadas as classes de resistências de 25, 32 e 40 MPa). Capítulo 2 Cimento 31 Cimentos brancos e coloridos O concreto de cor branca ou, especialmente em países tropicais, o acabamento (re- vestimento) em cor pastel é algumas vezes necessário para fins arquitetônicos. Nes- tes casos, é utilizado o cimento branco. Esse cimento também é menos sujeito a manchamentos, devido ao seu baixo teor de álcalis solúveis. O cimento branco é pro- duzido a partir da mistura de caulim, que contém baixos teores de óxidos de ferro e manganês, com giz ou calcário livres de determinadas impurezas. Além disso, são tomados cuidados durante a moagem do clínquer para evitar contaminações. Essas razões fazem com que o custo do cimento branco seja elevado (o dobro do cimento Portland comum), sendo esse o motivo do concreto branco ser frequentemente utili- zado na forma de uma camada de acabamento superficial aderida de forma adequa- da a um substrato de concreto convencional. As cores pastéis podem ser obtidas por pintura ou pela adição de pigmentos à betoneira, desde que não ocorra efeito prejudicial à resistência. Pigmentos com in- corporador de ar estão disponíveis nos Estados Unidos e uma maior uniformidade de cor é conseguida com o uso de aditivos superplastificantes (ver página 154). Al- ternativamente, é possível obter cimento branco a partir da moagem conjunta com um pigmento (BS 12687:2005). Cimentos brancos com alto teor de alumina também são fabricados, mas têm elevado custo (ver página 34).* Cimento Portland pozolânico (Tipo IP, P e I(PM)) Estes cimentos são obtidos pela moagem conjunta ou mistura de pozolanas (ver página 33) com cimento Portland. A ASTM C 618–06 descreve pozolana como um material silicoso ou silico-aluminoso que, por si mesmo, possui pouco ou nenhum valor cimentício, mas quando finamente dividido e napresença de umidade, reage quimicamente com a cal (liberada na hidratação do cimento Portland) em tempera- tura ambiente formando compostos com propriedades cimentícias. Como regra, o cimento Portland pozolânico tem um ganho de resistência lento e, portanto, exige que seja curado por maior tempo; entretanto, a resistência em lon- go prazo é alta (ver Fig. 2.4). A Figura 2.6 mostra que ocorre um comportamento similar quando há a substituição de parte do cimento por pozolana, e a resistência em longo prazo dependerá do teor de substituição. A ASTM C 595–05 prescreve o cimento Tipo IP para construções em geral e o Tipo P para uso nos casos em que resistências elevadas nas primeiras idades não se- jam necessárias. O Tipo I(PM) é um cimento Portland pozolânico modificado para uso geral em construções. O teor de pozolana é estabelecido entre 15 e 40% da massa * N. de T.: O cimento Portland branco é normalizado no Brasil pela NBR 12989:1993. Esse cimento é identificado pela sigla CPB, podendo ser estrutural ou não estrutural. O primeiro, pela norma, deve ser composto por clínquer branco + sulfato de cálcio (75 a 100 %) e materiais carbonáticos (0 a 25%). Para o cimento não estrutural, os limites são: clínquer + sulfato de cálcio entre 50 e 74% e materiais carbonáticos entre 26 e 50%. O cimento estrutural está normalizado em três classes de resistência: 25, 32 e 40 MPa. 32 Tecnologia do Concreto total de material cimentício para os Tipos IP e P, enquanto o Tipo I(PM) tem 15% como limite máximo de pozolana. O tipo mais comum de pozolana é a cinza volante silicosa Classe F (também conhecida como cinza volante pulverizada – ver página 33). A BS EN 197–1: 2000, conforme mostra a Tabela 2.7, estabelece duas subclasses de cimento pozolânico. A Classe IIA tem um teor de cinza volante de 6 a 30%, enquanto a Classe IIB tem um teor de cinza volante de 21 a 35%. Esses limites superiores são um pouco inferiores que os especificados pela antiga norma BS 6588: 1996 (40%). Entretanto, a BS 6610 1996 permite um teor mais elevado de cinza volante (53%) para produzir cimento pozolânico de cinza volante. A BS 6610 descreve um ensaio para determinação das propriedades pozolânicas da cinza volante em cimento pozolânico, sendo que este deve atender às exigências de pozolanicidade. Esses cimentos são utilizados em concreto compactado com rolo (ver página 408), em concretos com requisitos de baixo calor de hidratação e concretos com exi- gências de boa resistência química. O uso da cinza volante melhora, em especial, a resistência a sulfatos. A cinza volante também é utilizada com cimentos Portland de escória de alto-forno de baixo calor de hidratação, desde que nenhuma propriedade importante seja significativamente afetada. As pozolanas são frequentemente mais baratas que o cimento Portland que substituem, mas sua maior vantagem é a lenta hidratação e a consequente baixa ve- locidade de liberação de calor, sendo essa a razão da utilização do cimento Portland 70 60 50 40 30 20 10 0 1 3 7 28 90 180 365 R es is tê nc ia à c om pr es sã o (M P a) Idade (escala logarítmica) – dias Concreto de controle Concreto com cinza volante Figura 2.6 Velocidades de desenvolvimento de resistência típicas de concreto com cimen- to Portland (controle) e concreto com substituição de cinza volante. Capítulo 2 Cimento 33 pozolânico ou a substituição parcial de cimento Portland por pozolana em constru- ções em concreto massa. A substituição parcial do cimento Portland por pozolana deve ser cuidadosa- mente definida, tendo em vista que sua massa específica (1,9 a 2,4 g/cm3) é bem mais baixa que a do cimento (3,15 g/cm3). Sendo assim, a substituição em massa resulta em um volume consideravelmente maior de material cimentício. Nos casos em que a exigência de resistência inicial for mantida e houver a necessidade de utilização de pozolanas, por exemplo, devido à reatividade álcali-agregado (ver página 267), a adição de pozolana é preferível à substituição.* Outros cimentos Portland Inúmeros cimentos têm sido desenvolvidos para usos específicos, como cimento de alvenaria, cimento hidrófugo e cimento bactericida. Esses cimentos não estão no escopo deste livro, devendo o leitor consultar a bibliografia para maiores in- formações. Em vários países, já há algum tempo, têm sido adicionado filers inertes ao ci- mento Portland, mas somente recentemente esse procedimento foi permitido nos cimentos do Reino Unido. A BS EN 197–1 limita o teor de fíler a 5%, mas permite o uso de calcário em até 35% para a produção de cimento Portland de calcário.** Cimentos expansivos Para muitos propósitos, pode ser vantajoso o uso de um cimento que não sofra al- terações de volume devido à retração por secagem (evitando assim a fissuração) ou, em casos especiais, até mesmo se expanda durante o processo de endurecimento. Concretos que contenham esse cimento expandem nos primeiros dias de idade e uma forma de protensão é obtida pela restrição dessa expansão com o uso de armadura: o aço é submetido à tração e o concreto, à compressão. A restrição por meios ex- ternos também é possível. Deve ser destacado que o uso de cimento expansivo não pode produzir um concreto “não fissurável”, já que a retração ocorre após o término da cura úmida. Entretanto, a magnitude da expansão pode ser ajustada de maneira que a expansão e posterior retração sejam iguais e opostas. * N. de T.: O cimento Portland pozolânico é normalizado no Brasil pela NBR 5736:1991 versão corrigida 1999. Esse cimento é identificado como CP IV e estão normalizadas as classes de resistência de 25 e 32 MPa. O teor de material pozolânico é estabelecido entre 15 e 50%, sendo permitido um teor máximo de 5% de fíler calcário e o restante constituído por clínquer e sulfato de cálcio. ** N. de T.: No Brasil, além dos cimentos citados anteriormente, é normalizado pela NBR 11578:1991 o cimento Portland composto, nos seguintes tipos: cimento Portland composto com escória (CP II E), com composição de 56 a 94% de clínquer Portland + sulfato de cálcio, 6 a 34% de escória de alto-forno e 0 a 10% de material carbonático. O cimento Portland composto com pozolana (CP II Z) tem composição de 76 a 94% de clínquer Portland + sulfato de cálcio, 6 a 14% de material pozolânico e 0 a 10% de material carbonático. Para o cimento Portland composto com fíler, a composição é de 90 a 94% de clínquer Portland + sulfato de cálcio e 6 a 10% de material carbonático Esses cimentos têm as classes de resistência de 25, 32 e 40 MPa. Capa
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