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Imunidades previstas na Constituição Federal Imunidades Genéricas de Impostos No art. 150, inciso VI, a CF veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre: a) o patrimônio, a renda ou serviços uns dos outros (imunidade recíproca); b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, entidades sindicais de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos; d) livros, jornais periódicos e o papel destinado a sua impressão; e) fonogramas, videofonogramas musicais contendo obras de autores brasileiros e/ou interpretados por artistas brasileiros.” Importa salientar que o Supremo Tribunal Federal (ARE n. 928575) já entendeu que tais imunidades são aplicáveis somente aos impostos, e não às outras espécies tributárias, como taxas e contribuições. Abaixo, vou falar um pouco sobre cada uma delas. 😉 1) Imunidade Recíproca É por meio da imunidade recíproca que os entes federativos não podem cobrar quaisquer impostos uns dos outros. Veja, apesar da Constituição referir-se aos impostos incidentes sobre o “patrimônio, renda ou serviços”, o STF já se manifestou no sentido de que a imunidade recíproca nega competência à instituição de qualquer imposto, qualquer que seja seu fato gerador. Ainda, o § 2º do art. 150 afirma que, além dos entes federativos, a imunidade é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Isso no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Já o § 3º dispõe que a imunidade recíproca não alcança empresas públicas ou sociedades de economia mista. Entretanto, o STF (ARE n. 944558) possui entendimento de que é aplicável nos casos em que essas empresas prestam serviços essenciais, especialmente àqueles que exercem a atividade em regime de monopólio. 2) Imunidade dos Templos de Qualquer Culto Trata-se de consagração do direito fundamental à liberdade religiosa insculpido no art. 5º, VI, da CF. O § 4º do mesmo artigo restringe a imunidade à finalidade essencial da entidade religiosa, isto é, a expressão da própria religiosidade. Sobre a finalidade essencial, o STF (RE n. 325822) já se manifestou no sentido que, por exemplo, os imóveis utilizados para o culto, ou mesmo aqueles para moradia de padres e pastores, são albergados pela imunidade. 3) Imunidade de partidos políticos, entidades sindicais de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos Abrange todos os impostos incidentes sobre a atividade fim de partidos políticos, entidades sindicais (que não se confundem com sindicatos de categoria econômica), instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos. No que diz respeito às instituições de educação, a imunidade possui espectro bastante alargado, a fim de alcançar todos os seus níveis. Isto é, desde o ensino básico e fundamental, médio e técnico, superior, pós-graduações, às escolas de idiomas, de música, ou qualquer outra entidade voltada à educação. Inclusive, a cobrança de mensalidades não desnatura sua natureza de instituição voltada à educação, de modo que plenamente aplicável a imunidade. Quanto às instituições de assistência social, são imunes aquelas descritas no art. 203 da CF. Ainda, vale salientar que a ausência de fim lucrativos não se confunde com a inexistência de atividade econômica: é plenamente aceitável que essas atividades desenvolvam atividade econômica superavitária, desde que esses lucros não sejam distribuídos. 4) Imunidade de livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua impressão Tem como objetivo garantir a liberdade de expressão, seja ela de natureza intelectual, científica, artística ou de comunicação (RE n. 221.239), bem como o mais amplo acesso à cultura e educação pela população. O papel imune é somente aquele utilizado como insumo na produção. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que livros eletrônicos (e-books) e os suportes utilizados para a veiculação (inclusive componentes eletrônicos destinados exclusivamente à integração da unidade didática) também são abrangidos pela imunidade. Por fim, a o STF entende que: A imunidade descrita no art. 150, VI, d, da CF não alcança as atividades relacionadas à elaboração e distribuição dos livros, jornais e periódicos, tais como a edição, a impressão, a composição gráfica, a divulgação, a distribuição e o transporte” (ARE n. 698.377).