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A ATUAÇÃO DA MULHER NA PESCA ARTESANAL EM PORTO NACIONAL DESAFIOS


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A ATUAÇÃO DA MULHER NA PESCA ARTESANAL EM PORTO NACIONAL: DESAFIOS, RESISTÊNCIA E EMPODERAMENTO. 
GT_09: Injustiça social, exclusão e conflitos envolvendo comunidades tradicionais ribeirinhas e costeiras que realizam a pesca artesanal.
RESUMO
Este projeto pesquisa consiste em realizar, um estudo com as pescadoras de modalidade artesanal, que atuaram no rio Tocantins e atuam no lago/reservatório da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, no município de Porto Nacional, desde a criação do Estado do Tocantins (1988) até o presente. Através deste, conhecer a história, a cultura, as formas de resistências, compreender os saberes e narrativas, identificar como ocorre o processo de construção de identidade das pescadoras residente no município e expor os impactos: ambientais e culturais, ocasionado pela construção da Usina Hidrelétrica. As pescadoras artesanais é compreendida como símbolo de resistência, diante os desafios postos pelo desenvolvimento do sistema capitalista, com a construção da UHE, as profissionais tiveram que mudar/adequar o processo de trabalho, adaptando de acordo com o que era oferecido, o lago. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas nas últimas décadas, os recursos pesqueiros vai além do consumo, da renda, inclui aspectos relacionado ao cotidiano da pescadora, representam forte ligação que envolvem os valores culturais, morais, sociais, ambientais e políticos. O rio/lago/reservatório da UHE, é o espaço para o desenvolvimento das atividades laborais, bem como a transmissão e efetivação dos conhecimentos, dos saberes tradicionais aos familiares e conhecidos. É nas águas que simbolicamente elas exercem a sua territorialidade. Com o empreendimento hidroelétrico no rio Tocantins ocasionou conflitos e redução das áreas de pesca e despertou nas pescadoras preocupações em relação à sobrevivência da atividade pesqueira. Para fundamentação e realização da pesquisa de campo, consistem ao uso da metodologia qualitativa, tendo como método agregado a entrevistas e técnicas de observação direta, com bases em materiais bibliográficos relacionado ao tema. Que atraves deste, foi possível observar que diversas mulheres são responsáveis pelo sustento da família, e se submetem através do mercado de trabalho, situações/condições degradante, sendo expostas a exercer considerados os piores trabalhos com mínimos salários, outras exercem as mesmas atividades que os homens, utilizando suas forças na mesma medida que eles, porem com a renda inferior à deles, é perceptível visualizar as consequências vivenciadas por elas onde, há grandes situações de opressão e subalternidade. Nessa perspectiva, Oliveira (1992, p.43) contribui: [...] ao dar origem a uma mão-de-obra feminina, a Revolução Industrial introduz uma primeira ruptura no paradigma da diferenciação de mundos, na medida em que separa a casa do lugar de trabalho e confronta homens e mulheres às mesmas máquinas, ritmos e exigências da produção fabril. Identifica-se que muitas mulheres inconformadas com a situação em que vivem, buscam alternativas que nem sempre é agradáveis, porem não há outras opções, e acabam se sujeitando as duplas jornadas, com carga horária exaustiva, impulsionando as mulheres a ingressarem no mercado de trabalho a qualquer custo. Losekann (2009) explana sobre as dificuldades da inserção da mulher no mercado de trabalho, o fato de que os domicílios chefiados por mulheres têm um nível de renda inferior ao chefiados por homens. Quando a mulher é a responsável pelo domicílio, ela não apenas tem que arcar com as atividades domésticas como ainda necessita buscar trabalho para gerar a renda familiar. Pesquisas sobre mulher e trabalho desenvolvidas aqui no país apontam para alguns fatos: continuidade da ampliação da força de trabalho feminino, permanência do processo de segregação e precarização desse trabalho, continuidade das desigualdades salariais entre homens e mulheres, sendo que os rendimentos femininos, apresentam-se menores que os masculinos, descompasso entre escolarização das mulheres e cargo por elas ocupadas. Conforme MOTTA – MAUÉS, a inserção da mulher a pesca, ocorreu no final da década de 1980, quando o movimento feminista se mobilizou em prol dos direitos sociais e políticos das mulheres e inseriu no debate político a mudança da óptica das análises – da questão da mulher para a questão das relações de gênero, (1999, p. 379). Destarte Mendes e Parente enfatizam que sobre a relevância da pesca para a subsistência das famílias brasileiras, ressalta-se a importância dos trabalhadores e trabalhadoras que realizam a atividade pesqueira. Contudo, um grupo de trabalhadores ainda é pouco reconhecido: as pescadoras (2016). Dessa forma, é perceptível, conceder a visibilidade através de estudos direcionado ao público alvo, enfatizando a importância dos saberes, narrativas, desafios os impactos ambientais e culturais, valorizando a pesca, como um dos patrimônios cultural da cidade, é enaltecendo a participação feminina na prática laboral pesqueira. Nesse sentido esta pesquisa tem os seguintes objetivos: geral: realizar estudo direcionado as pescadoras artesanais de Porto Nacional - TO, a partir da criação do Estado do Tocantins (1988) até o presente, analisando os saberes, narrativas, desafios, resistencia e empoderamento, contribuindo assim para o registro da história local. Através dos resultados deste, possibilitara conhecer as formas de resistências dentre outros. A proposta, está ligada à memória e identidade dos sujeitos; tanto individual quanto coletivo, pois apropria da subjetividade e experiências dos indivíduos. Conforme Halbwachs (2004) “toda memória é coletiva, e como tal, ela constitui um elemento essencial da identidade, da percepção de si e dos outros”. É de suma importância apropriar-se da história oral nesse estudo, como uma das maneiras de reconstruir partes de uma história local. Conforme Thompson a história oral é construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimula professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. O local de pertencimento dos pescadores é o rio, nele se consolida a definição de lugar, das experiências e vivencias, o território impactado interfere no processo de identidades dos sujeitos, envolve os aspectos culturais. 
Palavras-chave: História oral. Mulher. Pesca Artesanal. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n.º 23.672, de 2 de janeiro de 1934. Aprova o Código de Caça e Pesca Rio de Janeiro: DOU de 15/1/1934.
BRASIL. Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009. Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004.
LOSEKANN, Raquel G. Caldeira Brant. Auto- retratos: relatos sobre trabalho e identidade das mulheres chefes de família de baixa renda. 2009.
MENDES, S.H.A.M.A.; PARENTE, T.G.P.G. (In)visibilidade das mulheres na pesca artesanal: uma análise sobre as questões de gênero em Miracema do Tocantins -TO. Revista brasileira de desenvolvimento regional, 4 (2), P. 177-199, 2016.
MOTTA-MAUÉS, Maria Angélica. Pesca de homem/peixe de mulher (?): repensando gênero na literatura acadêmica sobre comunidades pesqueiras no Brasil. Etnográfica, v. 3, n. 2, p. 377-399, 1999.
OLIVEIRA, Rosiska D. Elogio da Diferença: o feminismo emergente. São Paulo: Brasiliense, 1992.
PARENTE, Temis Gomes. Gênero e memória de mulheres desterritorializadas. ArtCultura, Uberlândia, v. 9, n. 14, p. 99-111, jan./jun. 2007.
THOMPSON, P. A voz do passado: história oral. Trad. Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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