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UNIDADE 3 PSICOLOGIA JURIDICA-1-23

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96
Unidade III
Unidade III
7 CRIME E EXECUÇÃO PENAL
7.1 Crime: história e conceito
Figura 20 
Disponível em: https://bit.ly/41BTMKX. Acesso em: 24 fev. 2023.
Ao longo dos anos, a criminalidade tem se tornado uma preocupação social e mundial devido aos 
seus altos índices de ocorrência.
Observa-se uma multiplicidade de classificações relacionadas ao crime. No entanto, destacam-se 
duas classificações importantes: a criminológica e a etiológica.
De acordo com Maranhão (2003), as atuações criminosas têm em comum a sua ilegalidade, sendo 
que a lei não identificou e tampouco definiu um fator causal de criminalidade, e ele complementa:
 
Por esses motivos o classificador vê-se diante da tarefa complexa e 
pouco gratificante, mas de grande alcance prático e científico, pois 
facilitará a metodização do tratamento a ser ministrado ao delinquente 
(interesse criminiátrico), auxiliará na previsão da reincidência (prognóstico 
criminológico) e orientará nas medidas preventivas da criminalidade 
(profilaxia criminal) (MARANHÃO, 2003, p. 11).
Para Maranhão (2003), cada autor parte de determinada “teoria do crime”:
Ao se estudar um caso particular para concluir a que tipo delinquencial 
pertence, procura-se fazer um diagnóstico. A partir do conhecimento 
97
PSICOLOGIA JURÍDICA
de quais os “fatores criminógenos” atuantes na gênese desse particular 
comportamento antissocial, chega-se à tarefa de propor medidas corretivas. 
Isto é, propõem-se medidas de caráter terapêutico, quer sejam de natureza 
médica, penitenciária, pedagógica, psicológica, social etc. Tais medidas 
podem guardar conexão mais ou menos direta com cada grupo criminal 
considerado: isto é, a partir de um dado diagnóstico, decorrem certas 
providências terapêuticas (MARANHÃO, 2003, p. 14).
 Observação
As medidas corretivas, independentemente da teoria escolhida e do critério 
adotado pelo profissional, visam à recuperação do agente e, igualmente, à 
prevenção da reincidência.
Um exemplo de classificação é a de Gibbons (apud MARANHÃO, 2003), que se baseia “num certo 
número de afirmações e hipóteses importantes da teoria sociológica contemporânea”, dividida 
em 15 grupos:
 
1. Ladrão profissional
2. Criminoso perigoso profissional
3. Semiprofissional de atentados à propriedade
4. Autor de delito contra a propriedade (1. Delito)
5. Ladrão de automóveis (roubo de carros)
6. Falsificador ingênuo de cheques
7. Empregado desonesto
8. Delinquente profissional “marginal”
9. Autor de desvio de fundos
10. Autor de delito contra pessoa (1. Delito)
11. Psicopata autor de agressão
12. Culpado de delito sexual violento
13. Autor de estupro
98
Unidade III
14. Autor de estupro “no sentido da Lei”
15. Toxicômano (heroína) (MARANHÃO, 2003, p. 20).
O ponto de partida da classificação etiológica mostra que, quando ocorre o ato criminoso, o agente 
responde a estímulos que derivam do meio interno ou do ambiente externo. Nesse sentido, a classificação, 
de acordo com esse parâmetro, fundamenta-se em conhecer qual dos estímulos foi predominante.
 Saiba mais
Leia mais em:
MARANHÃO, O. R. Psicologia do crime. 2. ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 2003.
Ainda com relação à predisposição genética influenciando o comportamento criminoso, Pinheiro 
(2016) levanta o seguinte questionamento:
 
Existem estatísticas que apontam para o fato de que condenados a delitos 
graves é maior dentre aqueles cujos pais também delinquiram. No entanto, 
existem importantes objeções a essa hipótese, no sentido de que as pessoas 
com problemas mentais podem escolher determinado modelo de conduta 
inadequada com maior facilidade; essas pessoas se expõem mais, portanto, 
é maior a possibilidade de cometerem mais crimes; esses indivíduos são 
muitas vezes tratados de uma forma que pode funcionar como estímulos 
para a prática de atos delituosos (PINHEIRO, 2016, p. 123).
Levando-se em consideração Pinheiro (2016), os delitos apresentam algumas modalidades:
• Delito doloso: diz respeito à prática de ato voluntário com resultado intencional. Nesse delito, existe 
uma vontade consciente, porém são relevantes as motivações que levam à prática do delito.
• Delito culposo: prática de ato voluntário com resultado involuntário. Ele pode apresentar-se de 
três formas: por meio da imprudência, por exemplo, quando uma pessoa dirige em velocidade 
acima do permitido; por meio da negligência, por exemplo, quando uma mãe deixa seu bebê 
sozinho por um longo período; por meio da imperícia, relacionando a omissão do indivíduo no 
exercício de sua profissão.
• Delinquência ocasional: caracterizada por um indivíduo até então socialmente ajustado e que 
segue as leis, que pratica o ato criminoso mediante um estímulo externo.
99
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Delinquência psicótica: o delito surge devido a um transtorno mental, como nos casos de 
esquizofrenia, psicose ou depressão.
 Observação
O Código Penal brasileiro posiciona-se da seguinte forma: “[...] a medida 
de segurança, de caráter meramente preventivo e assistencial, ficará 
reservada aos inimputáveis”.
• Delinquência neurótica: o comportamento criminoso é resultado da manifestação dos conflitos 
internos do indivíduo. Ela é denominada delinquência sintomática.
Com relação a esse tipo de delinquência, Pinheiro (2016) alerta para a diferenciação entre a conduta 
de uma pessoa com personalidade neurótica daquela portadora de personalidade delinquente:
 
Na neurose, o conflito é interno, já na personalidade delinquente, pelo 
menos aparentemente, não existe nenhum conflito interno. Na neurose, a 
agressividade é voltada para o próprio indivíduo, enquanto na personalidade 
delinquente a agressividade é voltada para o social. Na neurose, o sujeito 
tem gratificação por meio de suas próprias fantasias e sublimações, já a 
personalidade delinquente necessita aliviar suas tensões internas por 
meio de ações criminosas. Na personalidade neurótica, o sujeito consegue 
reconhecer seus próprios erros, enquanto na personalidade delinquente os 
erros são projetados no mundo externo. A personalidade neurótica apresenta 
um superego desenvolvido, enquanto na personalidade delinquente esta 
estrutura psíquica, que representa a lei, é desestruturada. Os comportamentos 
do neurótico são, normalmente, socialmente ajustados, ao contrário do 
portador de personalidade delinquente, que desconsidera as normas 
socialmente compartilhadas (PINHEIRO, 2016, p. 127).
No contexto brasileiro, a população carcerária também tem aumentado. De acordo com Carvalho (2014, 
p. 162): “Não há como analisar o crime e a pena se não levarmos em consideração o criminoso, em seu 
aspecto sociopsicológico. O crime sofreu ao longo dos séculos modificações temporais e sociais [...]”. 
Atualmente, as pessoas que cumprem pena são chamadas de reeducandos pelos profissionais 
do direito, e não mais de presos, internos, apenados, encarcerados ou presidiários. Essa mudança de 
denominação está relacionada ao fato de que espera-se, no contexto jurídico, que haja uma ressocialização 
através da reeducação. Várias são as explicações a respeito do crime. De acordo com Feldman (apud 
CARVALHO, 2014):
 
O comportamento dos reeducandos é resultante de experiências vividas, 
antes do crime praticado, e dos efeitos do aprisionamento, que também 
podem influenciar as condutas do indivíduo. Muitas são as teorias que 
100
Unidade III
tentam explicar esses fatores determinantes para o crime. Há o modelo 
behaviorista, que sugere que o comportamento criminoso é determinado 
pela situação, resultante de experiências anteriores e também de 
outras semelhantes. Sob esse prisma consideram-se apenas os aspectos 
ambientais e subestimam-se as influências biológicas, ou seja, os fatores 
hereditários. [...] A psicologia acrescenta, sob o enfoque da psicanálise, 
discussão sobre o comportamento criminoso, demonstrando através de 
sua teoria a estrutura e formação da personalidade do indivíduo delituoso 
(CARVALHO, 2014, p. 160).
A propósito, segundo D’Angelo e D’Angelo(apud CARVALHO, 2014, p. 162):
 
Acreditamos que não se pode analisar o crime contra a vida sob o enfoque 
exclusivamente técnico-jurídico, sob pena de transformarmos as ciências 
humanas, na qual se insere a ciência jurídica, em ciências exatas, vale dizer, 
devemos estudar as causas primeiras, sem as quais não poderemos chegar 
à conclusão sobre as consequências últimas. Entendemos que os crimes 
contra a vida exigem um estudo não só jurídico, mas também sociológico, 
filosófico e antropológico.
 Observação
Várias são as causas que desencadeiam um comportamento delituoso: o 
desemprego, a desorganização social, a desestrutura familiar, por exemplo.
Figura 21 
Disponível em: https://bit.ly/3SHWGK5. Acesso em: 24 fev. 2023.
Na área de execução penal, observamos que o conceito de crime, criminoso e tipos de pena varia de 
acordo com o tempo e o espaço. Em outras palavras, podemos afirmar que o que foi crime outrora hoje 
não é mais. Dessa forma, penas foram aplicadas para novos crimes e outras foram abolidas.
101
PSICOLOGIA JURÍDICA
Destacam-se, para esse estudo, as contribuições de Michel Foucault, que expôs a relação entre poder 
e conhecimento e como esses fatores são utilizados para o controle social através das instituições. 
Foucault tratou de temas como loucura, sexualidade, disciplina, poder, punição e sistema penal.
 Lembrete
O psicólogo e filósofo Michel Foucault influenciou, com sua obra, as 
reflexões contemporâneas sobre o sistema prisional.
Para Magalhães (apud PASSOS, 2013), Foucault, ao explicar as relações de poder, chama a nossa 
atenção para não confundirmos com a relação de violência:
 
De fato, o que define uma relação de poder é um modo de ação que não age 
diretamente e imediatamente sobre os outros, mas que age sobre sua ação 
própria. Uma ação sobre a ação [...]. Uma relação de violência age sobre um 
corpo, sobre coisas: ela força, ela dobra, ela quebra, ela destrói: ela fecha 
todas as possibilidades; ela não tem, portanto, junto dela nenhum outro polo 
a não ser o da passividade; e se ela encontra uma resistência, ela não tem 
outra escolha a não ser a de procurar reduzir essa resistência. Uma relação 
de poder, ao contrário, articula-se sobre dois elementos indispensáveis 
para que ela seja, justamente, uma relação de poder: que “o outro” (aquele 
sobre quem ela se exerce) seja bem reconhecido e mantido até ao fim como 
sujeito de ação; e que se abra, frente à relação de poder, todo um campo de 
respostas, reações, efeitos, invenções possíveis (PASSOS, 2013, p. 37).
 Saiba mais
Para aprofundar seus estudos, leia:
PASSOS, I. C. F. (org.) Poder, normatização e violência: incursões 
foucaultianas para a atualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
De acordo com Mansano e Nalli (2016), quando Foucault analisa os espaços de saber e de poder, 
observa-se que:
 
Foucault sublinha que cada época constitui seus próprios objetos a partir de 
suas camadas específicas de saberes e suas articulações com estratégias 
de poder. Para conhecer essas camadas é necessário elaborar estudos que 
procuram demarcar a coerência das percepções, dos olhares, dos discursos e 
dos saberes de um período determinado a fim de apresentar suas escansões, 
suas descontinuidades, suas reconfigurações; e também suas continuidades, 
102
Unidade III
ou seja, as marcas que subvertem a fixidez de uma época e que adquirem 
funções diferentes em outra épistémè ou em outra ordem do discurso 
(MANSANO; NALLI, 2016, p. 31).
 Saiba mais
Leia mais em:
MANSANO, S. R. V.; NALLI, M. (orgs.) Michel Foucault: desdobramentos. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
Para Foucault (2016), a prisão, principal pena aplicada aos que cometem crimes aos olhos da 
sociedade, é um poderoso meio de marginalização daquilo das chamadas “classes perigosas”.
 Saiba mais
Saiba mais em:
FOUCAULT, M. A sociedade punitiva. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
O significado de “classes perigosas” foi se modificando com o decorrer da história. Na Antiguidade e 
em boa parte da Idade Média, o trabalho era desvalorizado, sendo entendido como um castigo.
Ao final da Idade Média europeia, por exemplo, com o surgimento da sociedade do trabalho, este 
passa a ser valorizado e, consequentemente, desvalorizava-se aquele que não trabalhava.
Com o aparecimento das classes marginalizadas ou “perigosas”, que causam desconfiança, surge a 
necessidade do controle social.
Cabe salientar que não somente as classes consideradas perigosas mudam ao longo da história e 
dependendo do lugar. Há também mudanças no tipo de pena para os que são considerados criminosos. 
Na sociedade feudal, visava-se ao corpo, no qual preferencialmente se aplicava o suplício e a pena de 
morte. Na sociedade industrial, muitas vezes a pena privativa de liberdade é substituída por severas multas.
A pena privativa de liberdade visa à disciplina. As pessoas podem ser vistas e controladas. O objetivo 
disso é que as pessoas introjetem a disciplina para que possam se comportar adequadamente no 
contexto social. Assim, a falta de disciplina é perigosa, resultando no interesse da sociedade na reclusão 
do “criminoso”.
103
PSICOLOGIA JURÍDICA
A prisão serve, portanto, como um instrumento corretivo que dependerá da personalidade 
do reeducando (anteriormente definido como preso). A partir de um diagnóstico do reeducando, é 
estabelecido um diagnóstico e o prognóstico para que sua ressocialização seja bem-sucedida.
Na Lei de Execução Penal brasileira, esse processo está nas mãos da Comissão Técnica de Classificação 
(CTC). A CTC é constituída por médicos, psicólogos e assistentes sociais que emitem laudos, permitindo 
diagnosticar o reeducando e prognosticar se ele tem condições de futuramente reintegrar-se na sociedade.
A ciência que se ocupa do crime, da criminalidade e de suas causas, da vítima, do criminoso e de sua 
ressocialização é a criminologia. De acordo com Messa (2010, p. 62):
 
A abordagem da motivação criminal diferencia posicionamentos científicos 
e ideológicos, as conexões entre o homem e a criminalidade. A Criminologia 
Clínica e a Psicologia Criminal estudam os componentes e motivações da 
conduta criminosa, pessoa que a praticou, o cárcere e suas vicissitudes. 
Preocupa-se ainda com as estratégias de intervenção para a reinserção 
do apenado no convívio social. A Psicologia Criminal se ocupa do estudo 
dos comportamentos, pensamentos, intenções e reações do criminoso, 
tentando entender profundamente o que leva alguém a cometer crimes e 
os seus mecanismos.
 Observação
Cesare Lombroso, psiquiatra italiano, defendeu a ideia de que o 
infrator já nascia com traços físicos que poderiam identificá-lo como 
tal (MESSA, 2010).
Segundo Sá (apud MESSA, 2010), há uma evolução do pensamento criminológico:
• Concepção causalista: há uma relação de causa e efeito entre a conduta criminosa e o que a 
originou. Nessa concepção, em determinadas condições, o crime seria uma decorrência natural.
• Concepção multifatorial: nela não haveria uma relação causal. Essa concepção entende a 
conduta criminosa como composta de uma série de circunstâncias determinantes do crime.
• Concepção criminologia crítica: opõe-se às concepções anteriores, pois questiona as razões 
pelas quais determinadas condutas são consideradas criminosas, enquanto outras não.
Para Maranhão (apud MESSA, 2010), os fatores causais de um crime podem ser classificados em:
• Primários: relacionados aos fatores formativos (biopsíquios) do indivíduo, tornando-o único.
104
Unidade III
• Secundários: fatores que atuam na estrutura pronta e acabada do indivíduo.
Diferentemente de Maranhão, Soares (apud MESSA, 2010) nos apresenta três categorias de causas 
determinantes de um comportamento criminoso:
• Endógenas: antropológicas, genéticas, psicológicas, patológicas, relacionadas à hereditariedade, 
distúrbios psíquicos etc.
• Exógenas mesológicas: referentes ao meio ambiente, decorrentes de poluição, utilização de 
adubos, detergente, inseticidas, resíduos industriais, drogas,remédios nocivos.
• Sociológicas: referentes ao meio social, tais como desigualdades e injustiças sociais, 
desenvolvimento econômico desordenado e elitista, falta de assistência social etc. (MESSA, 2010).
Maranhão (apud MESSA, 2010) complementa estabelecendo grupos de delito:
• Delito ocasional: geralmente cometido por pessoas de personalidade bem constituída e 
socialmente ajustadas que cometem o delito mediante forte solicitação que os desequilibra.
• Delito secundário ou sintomático: refere-se a um estado mórbido. O criminoso é portador de 
anomalia de personalidade que ocasiona o crime.
• Delito primário ou essencial: trata-se de agente portador de defeito de caráter.
Finalmente, Fiorelli e Mangini (apud MESSA, 2010) apresentam duas hipóteses que podem explicar 
o delito:
• O crime como resultado da privação: essa explicação é relativa, e não determinante, pois há a 
possibilidade de definir um padrão de resiliência e adaptação.
• O crime como produto do meio: nessa condição, não haveria a possibilidade de livre-arbítrio. 
O indivíduo é entendido como resultado de seu meio.
 Observação
A causa da criminalidade se define como um produto de diversos 
fatores. Dessa forma, não podemos afirmar que existe uma única 
explicação para o fato. Atualmente, é importante considerar o indivíduo 
como um elemento biopsicossocial.
105
PSICOLOGIA JURÍDICA
Figura 22 
Disponível em: https://bit.ly/3ECkhWC. Acesso em: 24 fev. 2023.
Em decorrência da área da criminologia, surge a ciência da vitimologia, que objetiva estudar a 
influência da vítima na ocorrência do delito e no estudo dos momentos do crime.
Segundo Fiorelli e Mangini (apud MESSA, 2010), são interesses da vitimologia:
• Prevenção do delito: por meio da identificação de medidas de natureza preventiva (policiamento, 
iluminação, identificação e neutralização de pontos de vulnerabilidade), destacando-se o estudo 
do comportamento do delinquente em relação à vítima, do comportamento da vítima em relação 
ao delinquente, da influência do comportamento da vítima para a ocorrência do evento criminoso, 
dos fatores que levam a vítima a reagir ou não contra aquele ou aqueles que a vitimizam ou, até 
mesmo, a acentuar essa relação de desequilíbrio.
• Desenvolvimento metodológico-instrumental: incluindo a obtenção e o desenvolvimento de 
informações destinadas à análise técnico-científica dos fatores envolvidos nos delitos, como local 
de residência, sexo, idade, nível econômico e cultural da vítima e do autor do ato infracional.
• Formulação de propostas de criação e reformulação de políticas sociais: relacionadas à 
atenção e reparação da vítima pelos danos que sofre, tanto econômicos e sociais, como psicológicos.
• Desenvolvimento continuado do modelo de justiça penal: atualizando-o do ponto de 
vista social, cultural, tecnológico, sem perder de vista os aspectos humanos, com respeito à 
individualidade, preservando direitos da coletividade. O conceito de justiça não é absoluto e pode 
ser influenciado pelo local, costumes, leis vigentes e condições de cada pessoa envolvida nas 
situações de delito (MESSA, 2010, p. 68).
Um dos precursores dos estudos da vitimologia é Benjamim Mendelson (apud MESSA, 2010), 
advogado que estabeleceu uma classificação interessante relacionada aos tipos de vítimas:
106
Unidade III
• Vítima completamente inocente ou vítima ideal: quando ela é completamente estranha à 
ação do criminoso, não provocando nem colaborando de alguma forma para a realização do 
delito. Exemplo: pessoas vítimas de bala perdida.
• Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância: ocorre quando há um impulso não voluntário 
ao delito, mas de certa forma existe um grau de culpa que leva essa pessoa à vitimização. O indivíduo 
que se expõe inconscientemente para fazer o papel de vítima. Exemplo: alguém que ostenta joias 
em um lugar ermo e perigoso da cidade.
• Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator: ambos podem ser o criminoso ou a 
vítima. Exemplo: roleta-russa (um só projétil no tambor do revólver e os contendores giram o 
tambor até um se matar).
• Vítima mais culpada que o infrator: esse quadro envolve as vítimas provocadoras, que incitam 
o autor do crime; as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se controlarem, 
ainda que haja uma parcela de culpa do autor. Exemplo: assaltante que invade a residência e 
acaba morto pela vítima.
• Vítima unicamente culpada: dentro dessa modalidade, as vítimas são classificadas em: (a) vítima 
infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna vítima, como ocorre no caso 
do homicídio por legítima defesa; (b) vítima simuladora, que através de uma premeditação 
irresponsável induz alguém a ser acusado de um delito, gerando um erro judiciário; (c) vítima 
imaginária, uma pessoa portadora de um grave transtorno mental que, em decorrência de tal 
distúrbio, leva o Judiciário a erro, podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma 
pessoa de ser o outro, sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa de uma imaginação 
da vítima (MESSA, 2010, p. 69).
7.2 Execução penal
Figura 23 
Disponível em: https://bit.ly/3EAGTqrc. Acesso em: 24 fev. 2023.
107
PSICOLOGIA JURÍDICA
A Lei de Execução Penal diz respeito à Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Entre os seus principais 
conteúdos, destacam-se:
 
TÍTULO I
Do objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
Art. 1. A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença 
ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração 
social do condenado e do internado.
[...]
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório 
e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a 
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
Art. 3. Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não 
atingidos pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, 
religiosa ou política.
Art. 4. O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades 
de execução da pena e da medida de segurança.
TÍTULO II
Do condenado e do Internado
CAPÍTULO I
Da classificação
Art. 5. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e 
personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
Art. 6. A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação 
que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade 
adequado ao condenado ou preso provisório.
Art. 7. A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada 
estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, 
por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo 
108
Unidade III
e 1 (um) assistente social quando se trata de condenado à pena 
privativa de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da 
Execução e será integrada por fiscais do serviço social.
Art. 8. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em 
regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção 
dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à 
individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido 
o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em 
regime semiaberto.
Art. 9. A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da 
personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes 
peças ou informações do processo, poderá:
I – entrevistar pessoas;
II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações 
a respeito do condenado;
III – realizar outras diligências e exames necessários.
Art. 9-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de 
natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos [...] serão 
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante 
extração de DNA – ácido desoxirribonucleico,por técnica adequada e indolor.
[...]
CAPÍTULO II
Da Assistência
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando 
prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
109
PSICOLOGIA JURÍDICA
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I – material;
II – à saúde;
III – jurídica;
IV – educacional;
V – social;
VI – religiosa.
A aplicabilidade das penas tem como finalidade inibir a prática do delito, 
destacando-se que não se descarta a ideia da punição, pois espera-se que 
esta seja suficiente para impedir a transgressão. De acordo com Carvalho 
(2014): “Ainda hoje, a pena é sinônimo de castigo. Mas com a evolução 
do Direito Penal, várias teorias surgiram para explicar a finalidade da pena 
[...]” (p. 162).
Um exemplo de teorias explicativas é o que nos indicam Molina e Gomes (apud CARVALHO, 2014):
• Teorias absolutistas: buscam exclusivamente o castigo do criminoso, através da aplicação da pena.
• Teorias relativas: buscam a ressocialização do criminoso, enquanto o seu encarceramento visa 
somente proteger a sociedade.
• Teorias mistas: buscam a prevenção, a educação e a correção do criminoso (CARVALHO, 
2014, p. 163).
Uma questão importante que se coloca diz respeito à ressocialização do reeducando, como descreve 
Carvalho (2014):
 
A intenção de devolver os “reeducandos reeducados” ao convívio social é 
um dos objetivos dos estabelecimentos prisionais. O interno recebe o nome 
de reeducando, pois a princípio é essa a intenção, “reeducá-lo”, para que 
volte ao convívio da sociedade, melhor do que entrou, mas nem sempre 
é isso que acontece, pois a reincidência ainda é bastante alta, o que pode 
ser comprovado pela superlotação dos presídios brasileiros. Muito se tem 
discutido a respeito disso, porém pouco se avançou. A ociosidade dentro do 
presídio pode ser apontada como uma dessas causas; outra é o preconceito 
no momento de saída, principalmente relacionado a questões laborativas 
(CARVALHO, 2014, p. 163).
110
Unidade III
Nesse sentido, há de se destacar a importância da participação da família, enquanto apoio ao 
reeducando, tanto durante o processo de encarceramento, fazendo visitação, quanto dando-lhe respaldo 
para uma saída menos traumática.
Com relação à causalidade do comportamento criminoso observamos a existência de diversas 
teorias. Há aquelas que defendem os aspectos biológicos, afirmando que os criminosos já nascem assim, 
como causas para o comportamento criminoso, outras defendem os aspectos psicológicos para a ação 
criminosa, englobando os aspectos cognitivos, afetivos, traços de caráter, temperamento, entre outros. 
Nessa última teoria, o comportamento criminoso é entendido através dos processos psíquicos anormais.
Finalmente, a área da sociologia engloba todos os fenômenos sociais como fatores determinantes 
do comportamento criminoso.
 Observação
Não podemos esquecer que o indivíduo, na atualidade, é entendido como 
um ser biopsicossocial também com relação ao comportamento criminoso.
A psicologia, quando inserida no contexto criminal, nos traz vários fatores influenciadores de um 
comportamento criminoso, destacando-se:
• Fatores emocionais: do ponto de vista jurídico, passa a ser uma situação atenuante de alguns 
delitos.
• Personalidade: explica que as pessoas podem parecer iguais diante de uma mesma situação. No 
entanto, podem reagir de maneiras completamente diferentes.
• Diferentes necessidades humanas, frustrações e ideais: podem conduzir o indivíduo a 
expressar respostas diversificadas.
• Estruturação do caráter: composta de introjeções de valores, a partir do superego, contendo 
certos impulsos ou respostas socialmente reprováveis.
 Observação
A estrutura da personalidade vai se formando desde o nascimento, 
sendo influenciada por diversos fatores: biológicos, psicológicos ou sociais.
Cabe salientar que o papel do psicólogo jurídico, nesse contexto, é intervir sensibilizando esse 
indivíduo sobre seu contexto social, familiar, cultural e psicológico, buscando fortalecer e melhorar 
essas relações. Nesse sentido, o indivíduo poderá ter parâmetros para embasar seus projetos de vida e 
realizar suas escolhas.
111
PSICOLOGIA JURÍDICA
Vamos descrever agora em que sentido o psicólogo pode tornar-se um profissional importante na 
análise de penas alternativas.
Antes de mais nada, é necessário salientar que o nosso panorama social é marcado por uma 
distribuição de rendas desigual, refletindo no aparecimento de desequilíbrios econômicos e sociais. 
Dessa forma, esses fatores têm os seus reflexos na prestação de serviços aos cidadãos. Como destacam 
Roehrig e Siqueira (apud CARVALHO, 2014): “Mesmo com alguns avanços significativos nos dispositivos 
legais que procuram maiores garantias de direitos individuais e coletivos, as perspectivas de cidadania 
plena ainda se mostram restritas para muitos” (CARVALHO, 2014, p. 180).
Também se destaca o papel do psicólogo no processo de investigação de penas alternativas:
[...] na composição do papel do psicólogo em campo jurídico, tanto em seus 
elementos teóricos e filosóficos, que constituem referência de sua identidade 
profissional, quanto nas expectativas e demandas provenientes do contexto 
jurídico, chega-se à constatação da importância da perspectiva relacional 
para a configuração deste papel.
No contexto específico da execução de penas e medidas alternativas, como 
espaço pertencente ao cotidiano social, ao colocar-se a serviço da Justiça, 
esta como ideia de equidade, a atuação do psicólogo estará, em primeiro 
plano, contribuindo com a qualidade da relação entre o jurisdicionado e 
os operadores do direito, disponibilizando a ambos os polos desta relação os 
subsídios que lhe são próprios, a partir de intervenções que possam resultar 
em desenvolvimento coletivo. Estabelece sua atuação tanto na relação com 
o cidadão, quanto com a instituição (CARVALHO, 2014, p. 203).
O Conselho Federal de Psicologia editou as Referências Técnicas para atuação dos psicólogos no 
sistema prisional (2012), tornando-se uma importante publicação, pois, de modo bem objetivo, mostra 
o papel da psicologia no sistema prisional e o que se espera do papel do psicólogo como figura ativa 
nesse contexto. Nesse sentido, as prisões são entendidas como:
 
As prisões, ou seu gênero penal – a privação de liberdade –, nem sempre 
foram a forma hegemônica e tampouco unanimidade na resposta social 
diante de um membro da sociedade que desrespeita as suas leis formais. 
Os estabelecimentos prisionais, como os que conhecemos hoje, seja na 
forma de presídio ideal, onde “criminosos” seriam colocados para cumprir 
uma pena justa e sairiam com suas faltas “morais” corrigidas, seja na forma 
trágica da realidade prisional brasileira exibida nas reportagens sobre 
rebeliões, superlotações e maus-tratos, são resultantes dos fatores que 
produziram a sociedade e o Estado moderno, após a superação da ordem 
feudal e fortalecimento do modo de produção capitalista. Esse sistema 
prisional, ideal ou trágico, é um subproduto do nosso contexto social, 
dependente das formas de produção econômica e da reprodução dos valores 
sociais de nossa época (REFERÊNCIAS TÉCNICAS, 2012, p. 29).
112
Unidade III
De acordo com Bitencourt (REFERÊNCIAS TÉCNICAS, 2012), as funções da pena podem ser 
entendidas como:
• Retributivas e punitivas: funciona como uma prevenção geral do delito através do princípio 
da exemplaridade, essa função visaria sustentar uma representação no imaginário social de fazer o 
“desviante” pagar a dívida para com a sociedade, servindo-se da visibilidade do castigo e do 
sofrimento prisional como exemplos/modelos para que os demais membros dessa sociedade “violada” 
reprimam/inibam/controlem qualquer desejo de burlar as leis do código. A partir da visibilidade 
do castigo, supostamente, se evitaria a prática de novos comportamentos desviantes da norma.
• Ressocializadoras e “terapêuticas”:funciona como uma prevenção especial do delito, instituída 
tanto na aplicação quanto na execução da pena, essa função “político-educativa” estaria associada 
à ideologia da recuperação do apenado e à lógica do tratamento ressocializador e visaria um 
determinado “modus” de recuperação pedagógica, curativa e/ou reabilitadora do dito criminoso 
ou “doente moral e criminal”. Tal pretensão de modificação ontológica sempre se materializou 
por meio de métodos disciplinares, pastorais e confessionais, visando à “internalização” ou à 
aprendizagem de sentimentos socialmente aceitáveis, tais como arrependimento, culpa, alegria, 
empatia, respeito ao próximo, entre outros, perante uma instância estatal-juridical, religiosa ou 
mesmo científica. Porém, em praticamente todas as análises produzidas em torno da questão “para 
que servem as prisões?”, fica claro, desde sempre, que a resposta nos leva para uma constatação 
empírica de que elas servem para aquilo que talvez esteja mais subliminarmente implicado em 
cada uma dessas funções instituídas, que é segregar certos indivíduos considerados como parte 
indesejável da sociedade (REFERÊNCIAS TÉCNICAS, 2012).
No momento em que a criminologia e a psicologia se associam para decifrarem o comportamento 
criminoso, surge a chamada Escola Positivista de Criminologia, que defenderá a punição como defesa 
da ordem social, sendo muito influenciada pelo conceito de periculosidade do infrator. Essa escola 
objetivou aplicar os métodos de redução, observação e experimentação aos fatos sociais, no intuito de 
buscar mais informações do crime, do criminoso, reconhecido como um ser perigoso e que, por isso, 
precisa ser controlado pelo sistema penal, possibilitando, nesse sentido, a segurança e ordem pública.
O pensamento moderno, sustentado nas ideias positivistas, posiciona-se na lógica da prevenção 
e da repressão. No entanto, para que o processo se torne eficiente, faz-se necessária a identificação e 
a separação dos indivíduos em grupos de maior e de menor risco. A separação visa minimizar a possibilidade 
de que ocorram danos graves nas relações sociais decorrentes de possíveis transtornos ou doenças que, se 
precocemente diagnosticadas, possam ser tratadas ou isoladas antes de o fato danoso ocorrer. O diagnóstico 
adequado seleciona, nesse sentido, os indivíduos que devem permanecer ou sair das prisões.
Essa prática realiza um diagnóstico, explica as demandas jurídicas para o campo da psicologia, que 
passa a classificar e a diagnosticar certas características definidoras de periculosidade, por exemplo.
Em contrapartida, o paradigma etiológico se fundamenta na dicotomia entre indivíduo e sociedade, 
entendendo que a constituição do indivíduo deve ser compreendida independentemente das condições 
concretas nas quais está inserido. Dessa forma, esse paradigma nega o aspecto histórico e social 
113
PSICOLOGIA JURÍDICA
da constituição do indivíduo, fortalecendo a explicação de que o comportamento criminoso e suas 
motivações tem enfoque no indivíduo, na sua personalidade e nas suas características orgânicas.
 Observação
Uma grande parcela de psicólogos que trabalham no sistema 
prisional brasileiro pondera a complexidade da situação da criminalidade 
contemporânea, que leva em consideração diversas formas de penalização, 
opondo-se a concepções de sujeito psicológico.
Na atualidade, considera-se a criminalização não como algo natural, resultado de causas biológicas, 
mas como um processo social e histórico. A nova postura considera o método prisional um fator 
criminalizante, sendo ineficaz em termos de diminuição de atos criminais. Na realidade brasileira, 
observa-se, inclusive, o aumento da marginalização, da exclusão social e das relações sociais degradantes.
Uma questão que requer atenção diz respeito aos loucos infratores ou pacientes judiciários no 
contexto do sistema penal e penitenciário brasileiro.
A área de saúde mental, juntamente com a justiça, tendo como parâmetro a periculosidade do louco, 
orienta-se em aplicar a medida de segurança por tempo indeterminado, sob forma de permanência do 
louco em manicômio judiciário até o término da periculosidade.
O Código Penal brasileiro em vigor, que segue inalterado desde o início do século XX, deduzirá como 
perigoso o indivíduo que praticou um crime devido à doença mental.
De acordo com o Código Penal: “Art. 26: é isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento.”
Entende-se então que, uma vez enquadrados no artigo 26, esses agentes serão absolvidos de seus 
crimes, mas sentenciados a uma medida de segurança por tempo indeterminado, objetivando sua 
proteção e a da sociedade.
 Observação
Do ponto de vista jurídico, perigoso não é o indivíduo sobre o qual 
suspeita-se de possibilidade de reincidência; é aquele cuja avaliação 
psiquiátrica pericial indicou evidente doença mental, condição entendida 
como incapacitante.
114
Unidade III
De acordo com as Referências Técnicas (2012):
 
Nos dias atuais, as inovações conceituais introduzidas pela reforma 
psiquiátrica antimanicomial, pelos avanços na clínica das psicoses e as 
novas soluções de sociabilidade de inclusão das minorias no contexto das 
cidades, exigem um novo arranjo institucional para tratar a questão do 
louco infrator de modo diferente da solução encontrada pelos reformadores 
do final do século XIX.
A entrada em cena de novos paradigmas e modos de pensar a política 
e a vida em sociedade questionou antigas ideologias, tensionando e 
constrangendo os atores no campo da justiça penal, segurança pública e 
a própria sociedade a repensarem conceitos e posturas quanto ao modo 
de tratar o indivíduo portador de sofrimento mental que responde por um 
crime. Essa transformação paradigmática requer a construção de novas 
bases para a prática dirigida ao louco infrator, de tal modo que reclama a 
construção de novas diretrizes, que possam prescindir dos pressupostos que 
a sustentam ainda nos dias de hoje (REFERÊNCIAS TÉCNICAS, 2012, p. 59).
Portanto, podemos concluir que a psicologia se torna uma ciência que atua em parceria com a área 
do direito, uma parceria viável nas práticas institucionais, desenvolvendo uma atuação coerente com a 
complexidade do fenômenos humanos, adotando um papel social mais ativo.
8 PERÍCIA PSICOLÓGICA E MEDIAÇÃO
8.1 Perícia psicológica
Figura 24 
Disponível em: https://bit.ly/41nQgn0. Acesso em: 24 fev. 2023.
Os aspectos emocionais e psicológicos de uma pessoa podem ser avaliados psicologicamente através 
de uma perícia psicológica. Ela aprofunda criteriosamente a estrutura dinâmica da personalidade de 
115
PSICOLOGIA JURÍDICA
um indivíduo, a sua inteligência, sua maturidade mental, suas funções neurológicas, seus aspectos 
emocionais, suas motivações.
Como resultado da perícia, é elaborado um laudo, documento minucioso que objetiva analisar e 
integrar os fatos observados para subsidiar ações, decisões ou encaminhamentos judiciais.
Cabe salientar que as perícias podem ser requisitadas em diversos contextos, como em questões 
trabalhistas, em casos de violência, em casos de adoção, de guarda dos filhos e regulamentação de 
visitas, por exemplo.
 Observação
O laudo psicológico deve ser confeccionado com detalhes, com 
linguagem clara para que outros profissionais, como juízes, advogados 
e promotores, possam compreendê-lo em seu conteúdo subjetivo e com 
relação aos fatos reais de uma situação.
O psicólogo deve estar atento para apresentar apenas os dados úteis para esclarecer as questões, 
pautando sua atuação em princípios éticos. Dessa forma, não deve expor elementos desnecessários.
O Código de Processo Civil brasileiro indica em seu art. 145 que o juiz será auxiliado por um perito 
quando as provas dependerem de conhecimento específico e especializado.
O Código de Ética do Psicólogo, art. 23,§1, ressalta que, nos casos de perícia, o psicólogo deverá tomar 
as precauções para relatar somente o necessário para o esclarecimento do caso. É vedado ao psicólogo 
ser perito, avaliador ou parecerista nas situações em que seus vínculos pessoais ou profissionais (atuais 
ou anteriores) possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados 
da avaliação.
Dessa forma, o laudo psicológico é um essencial instrumento para que o juiz possa compreender o 
papel de todas as pessoas envolvidas no caso. Essa compreensão engloba aspectos como os emocionais, 
intelectuais e cognitivos nas diversas áreas de atuação.
No entanto, para que o psicólogo possa atuar como um perito, ele necessita ter conhecimentos 
teóricos das chamadas áreas afins, como a do direito, a da medicina legal, a do serviço social, a da 
criminologia, por exemplo.
O papel do juiz, ao pedir o laudo psicossocial, entende a ação do psicólogo jurídico como algo que 
diagnostica e investiga.
A função do psicólogo pode ser aplicada em várias situações.
116
Unidade III
No âmbito do trabalho, a perícia tem um caráter de vistoria com o objetivo, por exemplo, de detectar 
danos relacionados com as condições de trabalho como cargas e riscos, além de investigar alterações 
de comportamento.
Nas Varas da Infância e Juventude, os laudos dizem respeito aos casos de adoção, alocações em lares 
substitutos, abrigos, internação e desinternação.
Nas Varas de Família e Sucessões, é importante a investigação de questões relativas às guardas dos 
filhos e a regulamentação de visitas.
Em outros casos, o papel do psicólogo torna-se importante em casos de interdição, em que se faz 
necessária a demonstração da incapacidade para os atos da vida civil, destituição de poder familiar e 
anulação de casamento.
8.2 Métodos de solução de conflitos
Figura 25 
Disponível em: https://bit.ly/3xXzEoC. Acesso em: 24 fev. 2023.
A legislação brasileira prevê, para a solução de conflitos, a utilização de métodos extrajudiciais.
 Observação
Os métodos extrajudiciais não objetivam a exclusão ou superação do 
sistema jurídico tradicional. Eles têm ganhado importância por serem mais 
econômicos em termos financeiros e temporais (MESSA, 2010).
De acordo com Messa (2010), eles se caracterizam por serem autocompositivos, ou seja, todas as 
pessoas envolvidas no processo são autoras da decisão e da resolução do conflito.
A solução de conflitos, quando instaurada, requisita métodos adequados que devem levar em 
consideração, por exemplo, as características dos envolvidos e suas experiências para indicar um 
117
PSICOLOGIA JURÍDICA
caminho adequado para os conflitos. Entre os métodos utilizados encontramos: o julgamento, a 
arbitragem, a negociação, a conciliação e a mediação. Excetuando-se o julgamento, os outros métodos 
são denominados extrajudiciais. Cada um dos métodos tem características específicas e são utilizados 
em determinadas situações.
O julgamento é o método mais tradicional. Nele os fatos são analisados e posteriormente aplicados 
no âmbito do direito, resultado em uma sentença que vincula as partes. O juiz representa o poder de 
decisão, a autoridade suprema. Como pontua Pinheiro (2016, p. 105):
 
Ele é o responsável pelos resultados. O certo ou o errado, o justo ou o injusto 
não pertencem às partes, mas ficam a critério do julgador. O mesmo se aplica 
quando há a figura do corpo de jurados (no tribunal do júri) ou ainda a figura 
do perito e do assistente técnico. Dessa forma, o Judiciário, com o apoio da 
lei, representa o conjunto de valores e crenças que justificam os resultados e 
que indicam o caminho socialmente compartilhado.
Na arbitragem, a decisão do conflito cabe a um terceiro, o árbitro, que é escolhido pelas partes. Nesse 
sentido, cabe a alguém de confiança de ambas as partes a decisão. Segundo Messa (2010, p. 89):
 
A arbitragem é um meio extrajudicial de solução de controvérsias, em que 
as partes contratantes escolhem um terceiro (árbitro) para resolver o litígio 
[...]. A arbitragem é um procedimento de natureza informal em que as partes 
querem uma solução e não precisam procurá-las na Justiça comum. Surge 
no momento em que as partes não resolveram a questão de modo amigável. 
O árbitro geralmente é um especialista que decide a controvérsia porque 
tem um grande conhecimento sobre o assunto tratado.
A negociação é mais utilizada em situações que envolvem bens materiais. É importante destacar que 
a negociação está presente, como uma de suas fases, tanto na conciliação quanto na mediação.
A conciliação é entendida como um método cooperativo que busca soluções, porém não tem o 
poder de decisão, cabendo às partes esta tarefa. Cabe ao conciliador mostrar as vantagens de um acordo 
para evitar outros tipos de conflitos. Messa (2010) complementa a esse respeito:
 
A conciliação é um meio de solução de controvérsias em que as partes resolvem 
o conflito, através da ação de um terceiro, o conciliador. O conciliador, além 
de aproximar as partes, aconselha e ajuda, fazendo sugestões de acordo [...]. 
Na conciliação, há a identificação clara do problema que deve ser resolvido, 
já que as partes já se polarizaram sobre o problema. As partes já têm o objeto 
e querem obter um bom acordo. O conciliador visa à solução do conflito e 
busca os termos de como será cumprido o acordo (MESSA, 2010, p. 88).
Finalmente, na mediação há a necessidade da atuação de um terceiro: o mediador. Ele deve analisar 
o conflito, identificando os interesses que se encontram por trás das divergências entre as partes. 
118
Unidade III
O papel do mediador não é decidir nem sugerir soluções, mas atua para que as partes as encontrem. 
A sua intervenção permite o restabelecimento da comunicação das partes a fim de chegar a um acordo.
Para Messa (2010), a mediação, para ser caracterizada como tal, deve apresentar algumas 
características:
• Deve objetivar uma comunicação produtiva.
• Deve ser voluntária no sentido de que as partes não são obrigadas a chegar a uma solução ou acordo.
• A imparcialidade com relação às partes deve ser mantida pelo mediador.
• Ela é confidencial.
• Tem caráter não adversarial.
• Deve promover o deslocamento de emoções negativas para positivas.
• O foco é evitar o resultado ganha-perde das partes e buscar o resultado ganha-ganha.
Messa (2010) ainda aponta:
 
A adoção do método de mediação nada mais é que um processo de negociação 
que modifica profundamente o relacionamento das partes e a forma de lidar 
com o conflito. Para alcançar êxito nas situações de mediação, é necessário levar 
em consideração que para cada fase do processo e para cada sujeito deve haver 
uma ação específica. O negociador hábil utiliza técnicas de negociação que 
visam facilitar a resolução de conflitos, visto que uma atmosfera harmoniosa 
contribui para a mediação e para que as percepções sejam esclarecidas. 
O mediador precisa focalizar as necessidades individuais e compartilhadas e 
construir um poder positivo e compartilhado, desenvolvendo passos para a 
efetivação da ação, estabelecendo acordos de benefícios mútuos. As partes 
devem estar preparadas para escutar com uma postura de interesse genuíno 
pelo que está sendo dito, respeitando o ponto de vista alheio, evitando críticas 
[...] (MESSA, 2010, p. 85).
 Lembrete
Na mediação há a necessidade da atuação de um terceiro: o mediador. 
Ele deve analisar o conflito, identificando os interesses que se encontram 
por trás das divergências entre as partes.

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