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METODOLOGIAS ATIVAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar as competências de um curso ou de uma disciplina. > Descrever métricas para acompanhamento das competências na disciplina. > Planejar atividades alinhadas com o desenvolvimento de competências. Introdução É importante ter em mente que desenvolver competências faz do professor um agente que se preocupa com todo o processo ao longo da estratégia, pois ele deve cuidar detalhadamente do planejamento do ensino, definir as metodologias e atividades a serem realizadas, produzir um processo de ava- liação formativo, contínuo e integral e estabelecer um processo de feedback com empatia para garantir o alcance da estratégia e atingir os objetivos de aprendizagem propostos. Neste capítulo, você vai ver como dever ser planejado um ensino por com- petências e como introduzi-lo nas atividades e nas avaliações. Conceitos envolvidos nas competências Aprendizagem ativa Segundo Chagas (2020), a aprendizagem ativa proporciona ao aluno se trans- formar em responsável pelo seu aprendizado. E o papel do professor é o de Ensino por competências Joselito Moreira Chagas conduzi-lo e direcioná-lo por este caminho para alcançá-lo. O papel da meto- dologia ativa escolhida passa por envolver e provocar os estudantes para o pensamento crítico e para identificação e soluções de problemas. O emprego da leitura prévia é fundamental para a inserção do aluno no contexto da ação ou da atividade e permite criar um pensamento inicial sobre um determinado tema ou conceito, facilitando o seu engajamento no processo. O professor deve garantir que os objetivos de aprendizagem definidos na fase de planejamento sejam alcançados. Os modelos pedagógicos planejados têm o objetivo de melhorar o processo, garantir que os alunos atinjam os objetivos propostos e auxiliar no aprendizado entre alunos. Enfim, a aprendizagem ativa inverte o processo tradicional de ensinar e aprender, pois introduz o papel ativo do aluno em buscar o conhecimento e aplicá-la na ação. O papel individual é importante, o envolvimento entre pares produz conhecimento, o trabalho em grupos conduz à solução de pro- blemas complexos e, com o acompanhamento, a avaliação, as metodologias e a tecnologia, possibilita atingir os resultados esperados. Aluno protagonista O aluno protagonista é o ente mais importante no contexto da aprendizagem ativa. Ele é quem deve buscar o conhecimento e a maneira como será o apren- dizado no conceito proposto. O professor deve incentivá-lo a buscar o objetivo a ser alcançado. É tarefa do docente proporcionar um ambiente para que o aluno trilhe seu caminho — este percurso formativo é a parte mais importante da aprendizagem. Trabalhar atividades em que o aluno deve criar o protótipo e desenvolver o projeto para atingir os objetivos propostos faz parte deste protagonismo, e o desenvolvimento das habilidades remete ao saber fazer, que é parte integrante da formação por competências (SORDI et al., 2015). Ressalte-se, neste protagonismo, a importância que os objetivos educa- cionais refletem no aprendizado dos alunos. Assim, o planejamento, os proce- dimentos metodológicos e a ação mediadora do professor são fundamentais no direcionamento deste protagonismo do aluno e determinantes para que o processo de aprendizagem seja exitoso (CHAGAS, 2020). Competências Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações e outros) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (CHAGAS, 2020). Ensino por competências2 Ser competente é ter a capacidade de pensar, perscrutar, duvidar, refletir e exercitar sua autonomia, e este contexto converge diretamente no enfoque do preparo do egresso, pois compõem o perfil necessário ao desenvolvimento do aluno e do egresso. Desdobramento da competência — conceito-chave A abordagem de inserir no contexto do ensino de conhecimento outros elemen- tos como habilidades, atitudes, valores e emoções é bastante oportuna para atender à demanda da realidade atual e são fundamentais para a formação integral dos estudantes. O conhecimento remete aos entendimentos dos conceitos, leis, teorias e procedimentos e é importante para o saber (CARMO; FRANCO, 2019); as habilidades são as práticas cognitivas e socioemocionais que o estudante deve desenvolver para o saber fazer; e as atitudes, por sua vez, são o que levam as pessoas a decidirem se irão ou não exercitar as habilidades de determinados conhecimentos, ou melhor dizendo, é o querer fazer. Valores estão ligados à atuação do indivíduo em sociedade, perante as leis e legislações, enquanto as emoções sustentam tudo, desde a inteligência emocional à resiliência — durante o percurso formativo é possível experimentar sentimentos e buscar seu autoconhecimento. Trabalhar conhecimento, habilidades, atitudes, valores e emoções com os alunos exercita-se o saber, o saber fazer, o querer e o saber ser do indi- víduo, ou seja, contempla o processo de desenvolvimento de competências importantes para sua vida profissional. Exemplo de competências necessárias em uma profissão As entidades de classes das principais profissões existentes no país estão atentas ao que o mercado demanda das profissões e continuamente estão divulgando as competências e as habilidades requeridas de seus profissionais. Por exemplo, é possível obter informações junto à Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE) e no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e em outros órgãos específicos de cada área sobre a lista das competências do profis- sional para atender à realidade do mercado atual da profissão. De posse desta lista, é possível efetuar um planejamento para distribuir o trabalho com atividades que desenvolvam essas competências ao longo do curso. Ensino por competências 3 É possível exercitar nas disciplinas do projeto pedagógico do curso diferentes graus de profundidade das competências (CHAGAS, 2020). No Quadro 1, tem-se um exemplo de competências requeridas pelo enge- nheiro para suportar e conduzir sua atuação no mercado e na sociedade hoje. Quadro 1. Competências e habilidades do engenheiro em 2020 Nº Competências Nº Competências Nº Competências 1 Adaptabilidade e flexibilidade 11 Desenvolver a tomada de decisão 20 Orientação para resultados e para servir 2 Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos e tecnológicos 12 Desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos 21 Programação matemática e digital 3 Atuação e postura ética 13 Desenvolver e utilizar novas ferramentas e incorporar novas tecnologias 22 Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados 4 Avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes da produção e gestão 14 Desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício 23 Reconhecer e definir problemas 5 Coleta e análise de grandes dados 15 Desenvolver raciocínio lógico, crítico, analítico e cognitivo 24 Responsabilidade 6 Conceber, pro- jetar e analisar sistemas, produ- tos e processos 16 Empreendedo- rismo 25 Trabalho em equipe 7 Consciência das implicações éticas do seu exercício profissional 17 Inteligência emocional 26 Visão de negócios em inteligência artificial (Continua) Ensino por competências4 Nº Competências Nº Competências Nº Competências 8 Consciência e sensibilidade social 18 Lidar com incertezas 27 Visão sistêmica e interdisciplinar 9 Coordenação e Colaboração 19 Liderança 28 Vontade de aprender 10 Criatividade e Inovação 20 Negociação Fonte: Adaptado de Brasil (2019). A formação docente em metodologias ativas, como aprendizagem baseada em projetos e problemas, aprendizagem baseada em pares, estudo de caso, aprendizagem baseada em pesquisas, é fundamental para que se potencialize o processo ativo de aprendizagem do aluno, pois o professor deveráestar preparado para atuar por competências no contexto de aprendizagem ativa. Os métodos auxiliam e potencializam todo o percurso formativo do aluno. O alinhamento construtivo A definição do processo do ensino por competências pode se dar por duas maneiras, ambas direcionadas pela instituição de ensino, pois é ela quem define o que se quer do seu egresso. A primeira é, a partir do perfil do egresso, esta- belecer os objetivos do curso (geral e específicos), que definem os objetivos de aprendizagem a serem alcançados. A segunda maneira remete ao planejamento pelo processo reverso, no qual, partir do que se quer do egresso, define-se as competências, as atividades e o processo de avaliação que o aluno desenvolverá no curso e nas disciplinas. O processo consiste em atuar no planejamento que, segundo Wiggins e McTighe (2019), deve ter alguns pontos-chave: � identificar os resultados de aprendizagem desejados — listar o que os alunos devem saber, compreender e serem capazes de fazer; � determinar as evidências aceitáveis na avaliação — obter elementos na avaliação para documentar e validar a aprendizagem construída no percurso e evidências para saber se os alunos atingiram os resultados desejados. (Continuação) Ensino por competências 5 � planejar experiências de aprendizagem ou as atividades que remetam à aprendizagem ativa, com uso das metodologias ativas — com as competências definidas, é hora de planejar atividades e avaliações que desenvolvam conhecimentos e habilidades estruturantes que os alunos terão para um desempenho efetivo. A avaliação no ensino por competências A avaliação tradicional, com o emprego da nota, faz parte de um mecanismo criado para o cumprimento das funções legais, para a verificação básica da aprendizagem, além de estabelecer um controle sobre o comportamento dos estudantes. Assim, o poder do professor se constituiu a partir do controle da avaliação do discente. Na avaliação formal, o processo é diferente. Preocupa- -se com o desenvolvimento e o aprendizado do aluno, que são avaliados por meio de técnicas e procedimentos palpáveis, que permitam verificar o aprendizado, diagnosticar o percurso formativo e acompanhar a evolução do estudante. As avaliações têm o papel de responder ao docente como está o andamento desse processo de aprendizagem. Já no plano da avaliação informal, estão os juízos de valor invisíveis e que acabam por influenciar os estudantes no desenvolvimento ao longo do curso. Para o desenvolvimento do processo de avaliação formativa, pode-se aplicar a taxonomia de Bloom, sistema de classificação dos verbos que auxilia e orienta na construção de questões e avaliações individualmente ou em grupo. Em 1948, um grupo de educadores assumiu a tarefa de classificar metas e objetivos educacionais e desenvolveram um sistema de classificação para três domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. A ideia central da taxonomia é a de que os objetivos educacionais podem ser arranjados em uma hierarquia do mais simples (conhecimento) para o mais complexo (avaliação). Assim, aplica-se a taxonomia de Bloom como orientação e ferramenta para avaliar esse percurso do aluno, dotando-se dos blocos evolutivos de aprendizagem, bem como de seus respectivos verbos (ANDERSON; KRATHWOHL, 2000). A taxonomia de Bloom permite direcionar o docente no planejamento da avaliação, pois para cada fase do aprendizado é possível preparar elementos verbais adequados para se obter o melhor resultado e avaliar o processo de aprendizagem do aluno. No Quadro 2, apresentamos a taxonomia de Bloom e sua classificação de verbos, que podem ser utilizados para definir as ati- vidades a serem executadas pelos alunos e possibilitar avaliá-los em cada coluna de verbos da classificação. Ensino por competências6 Quadro 2. Elementos verbais da taxonomia de Bloom para o processo de avaliação Recordar Entender Aplicar Analisar Avaliar Criar Definir Classificar Construir Atribuir Checar Desenvol- ver Listar Comparar Executar Comparar Julgar Gerar Nomear Expor Imple- mentar Diferenciar Justificar Inventar Reconhe- cer Interpretar Utilizar Organizar Recomen- dar Planejar Rotular Inferir Separar Produzir Sumarizar Fonte: Adaptado de Anderson e Krathwohl (2000). Utilizar os verbos da taxonomia de Bloom para planejar as questões das avaliações propostas permite ao docente estabelecer um direcionamento para a avaliação (KING, 1995; MCCONNELL; STEER; OWENS, 2003) e avaliar as competências que deseja trabalhar na aula ou na unidade curricular. Avaliar competências exige estabelecer uma métrica adequada para o monitoramento. Deste modo, as avaliações são fases importantes do pro- cesso para direcionar o docente na condução do caminhar do aluno em seu percurso formativo de aprendizagem. � A avaliação diagnóstica possibilita ter um panorama inicial sobre o estágio da sala mediante diversos conceitos. � As avaliações individuais permitem que se tenha o acompanhamento avaliativo dos conceitos estudados e inseridos no processo, no projeto ou na estratégia da aula ou da unidade curricular. � As avaliações em pares ou em grupo desempenham o papel de atingir a meta ou objetivo proposto pela defesa do produto produzido pela equipe. Desta maneira, tem-se todo o processo avaliativo que acompanha a evo- lução do aluno a atingir os objetivos de aprendizagem estabelecidos pelo professor. Ensino por competências 7 Avaliação processual de aprendizagem As técnicas de avaliação processual da aprendizagem (APA) facilitam o en- tendimento do professor sobre o seu papel na condução do planejamento para atingir os objetivos de aprendizagem da unidade curricular ou do projeto ora proposto. A seguir, estão listados pressupostos que podem auxiliar e conduzir um bom processo avaliativo dentro da sala de aula. � A qualidade do ensino direciona e conduz a qualidade da aprendizagem. Uma é dependente da outra. Aprimorar a aprendizagem é dispor de possibilidades distintas de atingir as metas e isto está diretamente relacionado ao que prega a instituição. � A transparência do professor em democratizar seu planejamento junto aos alunos é fundamental para o sucesso do ensino por competências, pois deixar claro onde se quer chegar, como se quer chegar e com quais meios contribui para o maior engajamento do aluno. � O processo de feedback é fundamental para o aluno atingir os objetivos propostos pelo professor e é fundamental para o professor garantir que os alunos, os grupos e a sala de aula alcancem os objetivos propostos. � Alinhar as avaliações aos objetivos de aprendizagem e, consequen- temente, às competências estabelecidas no planejamento facilita o alcance desses objetivos, possibilita o aprimoramento do processo ao longo dos semestres e permite desenvolver o docente na condução do ensino por competências. Portanto, corrigir e aprimorar o plane- jamento nos projetos seguintes é muito importante para o professor desenvolver sua profissionalidade docente. � O preparo contínuo docente contribui para seu aperfeiçoamento e au- menta seu portfólio de possibilidades, seja com a adoção e a aplicação de um ou mais métodos ativos integrados na sala de aula, seja com a produção inovadora de uma atividade ou mesmo no desenvolvimento de novos produtos e projetos. A formação contínua e sistemática do docente é fonte poderosa de motivação, crescimento e renovação, prin- cipalmente para enfrentar novos e diversos desafios em sala de aula. � O processo de troca de experiências entre os docentes no comparti- lhamento de boas práticas de sucesso possibilita explorar diferentes visões de mundo e criar aulas que motivam e geram satisfação pes- soal nos docentes e nos alunos, produzindo um ambiente positivo e construtivo de valor. Ensino por competências8 São técnicas da avaliação processual de aprendizagem que auxiliam o professor no planejamento de aulas: instrumentos de coleta de dados do estudante, instrumentos de feedback e instrumentosde avaliação continuada e processual, inseridos no modelo acadêmico e pedagógico da instituição. Portanto, elas complementam as avaliações formais da aprendizagem estabelecidas pela instituição e sustentam o acompanhamento do aluno no ensino por competências. A métrica O maior desafio no processo de desenvolvimento de competências está em acompanhar a evolução do aluno ao longo da estratégia adotada, seja em um projeto, seja no componente curricular ou durante um semestre. Para facilitar o processo de medição das competências para cada uma delas, o professor deverá estabelecer um indicador de medição específico da competência associada à unidade curricular correspondente. O exemplo a seguir sugere definições de indicador e nível onde o aluno está até onde se quer chegar com o desenvolvimento da competência na unidade curricular. Exemplo de planejamento de competência para possibilitar uma métrica de avaliação do aluno, dos pares, do grupo e de toda a sala � Curso: Logística � Unidade curricular: Gestão da cadeia de logística � Competência 1: Capacidade de exercer o processo de tomada de decisão A competência escolhida é tomada de decisão. Dentro do gerenciamento da cadeia logística, este é um processo que ocorre diariamente, portanto trata-se de um processo. � Indicador 1: Toma decisões compatíveis com as situações exigidas pela profissão Para se medir o acompanhamento dessa competência, é necessário estabele- cer um indicador para facilitar o entendimento da avaliação e conseguir planejar as referidas atividades e suas avaliações. Assim, tomar decisões compatíveis com o processo logístico facilita ao professor atribuir atividades que possibilitem o desenvolvimento do aluno. De posse desses indicadores, é possível criar uma régua visual para saber onde cada aluno está posicionado e então permitir entender o que deve ser feito para desenvolver os alunos em seu percurso formativo. Ensino por competências 9 A seguir, tem-se um exemplo de régua criada em cinco níveis para posicio- nar o status inicial e onde se quer chegar com o desenvolvimento na unidade curricular. Esses níveis possibilitam ao professor diagnosticar o status inicial de cada aluno e realizar novas avaliações para acompanhar a evolução do aluno nos níveis estabelecidos. � Nível 1 = Tem timidez em expor sua opinião e agir � Nível 2 = Tem dificuldade em agrupar pensamentos, falar e agir � Nível 3 = Consegue expor sua opinião e toma algumas decisões para resolver problemas � Nível 4 = Expõe sua visão crítica e toma algumas decisões para resolver os problemas � Nível 5 = Expõe sua opinião com destreza mesmo sendo crítica e resolve problemas A seguir, apresentamos outro exemplo de planejamento para se trabalhar uma competência dentro de uma unidade curricular com o desdobramento da competência, indicadores até seus respectivos níveis descritores. � Competência 2: Capacidade de reconhecer e definir problemas � Indicador: Identifica e define problemas nos processos da disciplina do curso (p. ex., logística empresarial) a) Nível 1 = Tem dificuldade em identificar problemas b) Nível 2 = Conhece pouco e tem falta de entendimento em identificar problemas c) Nível 3 = Tem o conhecimento geral na identificação de problemas d) Nível 4 = Entende o processo e sabe identificar os problemas do processo a) Nível 5 = Domina o entendimento de problemas e os define de maneira clara e rápida e dá sua contribuição Competência na matriz curricular Para atingir o objetivo previsto em uma unidade curricular atuando por com- petências, é necessário planejar um processo integral de ensino e apren- dizagem. As definições do que fazer, como fazer e como avaliar devem ser posteriores ao objetivo que se quer atingir e à competência que se quer trabalhar. O planejamento de atividades pode estar inserido dentro de um projeto específico ou em um projeto de curso. Estabelecer uma estratégia que reúna atividades individuais, em pares e em grupos sugere a diversificação das ações no percurso formativo do aluno. As atividades individuais vincu- ladas à pesquisa, ao exercício e à descoberta remetem ao raciocínio lógico e desempenham o desenvolvimento do processo de conhecimento do aluno e dos conceitos envolvidos no estudo. As atividades em pares desenvolvem a Ensino por competências10 colaboração e a postura crítica, exigindo negociação argumentativa para se atingir o consenso. Em grupos, o planejamento é fundamental para o sucesso do projeto, pois é possível monitorar a divisão de tarefas, o cumprimento dos prazos individuais, a gestão do grupo e os entregáveis. O professor poderá planejar atividades que visem a atender todos esses elementos para que a aprendizagem seja completa. Desta forma, com o planejamento da avaliação com modelos individuais, em pares e em grupos, é possível definir pesos distintos para cada atividade e completar a avaliação formativa processual. Uma maneira de trabalhar todas as competências ao longo do curso e com diferentes abordagens, menor ou maior aprofundamento, é distribuir essas competências pelas disciplinas ou unidades curriculares da matriz do curso, de modo que todas sejam traba- lhadas ao longo dos semestres. Desta maneira, além de distribuir as competências nas disciplinas de um curso, é possível criar blocos ou níveis que proporcionem o desenvolvimento do aluno com base em uma sequência lógica de aumento de autonomia e na medida que aprofundem os conceitos envolvidos. Um exemplo é ter a base de sustentação dos conceitos do curso, seguindo pela capacitação técnica e específica e finalizando com a possibilidade de criação, de empreender, que traz maior autonomia ao aluno pela aplicação na área de atuação. Assim, as competências serão distribuídas de acordo com o nível de profundidade que se quer atuar e direcionadas para os níveis descritos na taxonomia de Bloom, conforme apresentado anteriormente e descrito no Quadro 3. Quadro 3. Planejamento de inserção de competências em uma matriz curricular Semestre Foco Competências Nível da taxonomia 1º semestre Base Competência 1 Recordar e compreender2º semestre Competência 2 3º semestre Capacitação técnica ou específica Competência 3 Competência 4 Analisar e aplicar 4º semestre Competência 5 5º semestre Competência 1 (maior profundidade) Competência 2 (maior profundidade) (Continua) Ensino por competências 11 Semestre Foco Competências Nível da taxonomia 6º semestre Capacitação técnica ou específica Competência 6 Analisar e aplicar 7º semestre Aplicação (autonomia) Competência 4 (maior profundidade) Avaliar e criar 8º semestre Competência 7 Neste exemplo, foram consideradas sete competências a serem trabalhadas no planejamento de um curso. Tal representação não limita que disciplinas cujo teor mais tecnicista ou prático, que se encontrem no estágio da base, tenham que permane- cer somente no campo da aplicação e não evoluir para avaliação e criação. A representação sugerida serve para ajudar a moldar o currículo do curso, com base em competências e para formação do perfil do egresso, instruindo sobre o percurso formativo do aluno. Adotar um ensino por competências requer conhecer muito bem o con- texto da profissão e o papel do egresso. Desenvolver competências no curso promove o engajamento do estudante, que começa a entender o papel e as responsabilidades da profissão. Cabe à instituição de ensino definir a estraté- gia e preparar a gestão pedagógica e os docentes para desdobrá-la em sala de aula. E a todos eles estarem preparados para esta nova abordagem no ensino. Referências ANDERSON, L. W.; KRATHWOHL, D. R. (ed.). A taxonomy for learning, teaching, and as- sessing: a revision of Bloom's taxonomy of educational objectives. New York: Longman, 2000. 352 p. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Ensino Superior. Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia. Brasília:ABMES, 2019. Disponível em: https://abmes.org.br/arquivos/ legislacoes/Resolucao-CNE-CES-002-2019-04-24.pdf. Acesso em: 5 mar. 2021. CARMO, R. O. S.; FRANCO, A. P. Da docência presencial à docência online: aprendiza- gem de professores universitários na educação à distância. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 35, e210399, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_abstract&pid=S0102-46982019000100420&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 5 mar. 2021. (Continuação) Ensino por competências12 CHAGAS, J. M. Aprendizagem ativa do estudante: aplicação do Project Based Learning nos cursos de engenharia. Orientador: Messias Borges Silva. Coorientadora: Renata Lucia Cavalca Perrenoud Chagas. 2020. 85 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção na área de Gestão de Operações) – Faculdade de Engenharia, Universidade Estatual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Guaratinguetá, 2020. Disponível em: https:// repositorio.unesp.br/handle/11449/192441. Acesso em: 5 mar. 2021. KING, A. Designing the Instructional Process to Enhance Critical Thinking across the Curriculum: Inquiring Minds Really Do Want to Know: Using Questioning to Teach Critical Thinking. Teaching of Psychology, [S. l.], v. 22, n. 1, p. 13–17, Feb. 1995. MCCONNELL, D. A.; STEER, D. N.; OWENS, K. D. Assessment and active learning strategies for introductory geology courses. Journal of Geoscience Education, [S. l.], v. 51, n. 2, p. 205–216, Mar. 2003. SORDI, M. R. L. et al. O potencial da avaliação formativa nos processos de mudança da formação dos profissionais da saúde. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 19, supl. 1, p. 731–742, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832015000500731&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 5 mar. 2021. WIGGINS, G.; MCTIGHE, J. Planejamento para a compreensão: alinhando currículo, avaliação e ensino por meio da prática do planejamento reverso. 2. ed. Porto Alegre: Penso; Fundação Lemann; Instituto Canoa, 2019. 364 p. Leitura recomendada ANGELO, T. A.; CROSS, K. P. Classroom assessment techniques: a handbook for college teachers. 2. ed. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1993. 427 p. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito- res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Ensino por competências 13
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