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1 
 
 
TERAPIA DE CASAIS E FAMÍLIAS 
1 
 
 
 
 
Sumário 
Introdução ................................................................................................ 2 
Um Esboço Histórico Conceitual da Psicoterapia de Casal ..................... 5 
Fase do Aconselhamento Matrimonial ..................................................... 6 
Contribuições da Psicanálise ................................................................... 9 
Contribuições da Terapia de Família à Terapia de Casal ...................... 14 
Transformação das Relações Familiares: Antes e Depois da Modernidade
 ......................................................................................................................... 16 
Modelos de Família e Intervenção Terapêutica: Relato dos Terapeutas de 
Família ............................................................................................................. 21 
Bibliografia ............................................................................................. 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
 A Terapia familiar, muitas vezes associada à sua variante de terapia de 
casal, e conhecida como terapia familiar sistêmica — devido à sua origem no 
seio do Modelo Sistêmico —, é um tipo de terapia que se aplica a casais 
ou famílias, onde os membros possuem algum nível de relacionamento. A terapia 
familiar sistêmica tende a compreender os problemas em termos de sistemas de 
interação entre os membros de uma família. Desse modo, os relacionamentos 
familiares são considerados como um fator determinante para a saúde mental e 
os problemas familiares é vistos mais como um resultado das interações 
sistêmicas, do que como uma característica particular de um indivíduo. 
 Os terapeutas familiares costumam orientar o seu foco de intervenção 
mais para o modo como os padrões de interação sustentam um problema, do 
que propriamente para a identificação das suas causalidades. Considera-se que 
a família como um todo é maior do que a soma das partes. 
 Teve como criadora e maior expoente, a terapeuta norte-americana, 
Virgínia Satir. Ela, juntamente com Fritz Perls e Milton Erikson, teve seus 
atendimentos gravados com microcâmaras e posteriormente suas estratégias 
terapêuticas, padrões de interação minunciosamente estudados por Richard 
Bandler e John Grinder, até que os dois pudessem decifrar suas hábeis 
estruturas. 
 Desta forma, o modelo sistêmico se tornou uma das bases filosóficas do 
que viria a se tornar a Programação Psicanalítica. 
Figura 1 
3 
 
 
A denominada terapia familiar sistêmica recebeu influência, 
predominantemente, da teoria geral dos sistemas (TGS) e da teoria da 
comunicação. No que se refere à TGS foi desenvolvida pelo biólogo austríaco 
Von Bertalanffy a partir da década de 20 e postula que em toda a manifestação 
da natureza há uma organização sistêmica, que pressupõe não apenas um 
aglomerado de partes, mas sim um conjunto integrado a partir de suas interações 
(OSÓRIO, 2002; LOPEZ e ESCUDERO, 2003). 
As propriedades do sistema que podem ser observadas na família são: 
totalidade, causalidade circular, equifinalidade, equicausalidade, limitação, 
regras de relação, ordenação hierárquica e teleologia. A propriedade de 
totalidade considera que o entendimento de uma família não se constitui apenas 
pela soma das condutas de seus membros, mas sim pela compreensão das 
relações entre eles. A causalidade circular descreve as relações familiares como 
recíprocas pautadas e repetitivas, de forma que a resposta de um membro A 
para a conduta de outro membro B é um estímulo para que B dê uma resposta 
que pode servir de estímulo para A. 
No que se refere à equifinalidade, entende-se que um sistema pode 
alcançar o mesmo estado final a partir de condições iniciais distintas, o que 
dificulta buscar uma única causa para o problema. 
A equicausalidade significa que a mesma condição inicial pode resultar 
em estados finais diversos. Estas duas propriedades equifinalidade e 
equicausalidade estabelecem a conveniência de abandonar a busca de uma 
causa passada originária do sintoma e centrar-se no aqui e agora, nos fatores 
que estão mantendo o problema. 
Em relação à limitação, entende-se que quando se adota uma 
determinada sequência de interação, a probabilidade de que o sistema emita 
uma resposta diversa é diminuída, de modo que, se esta for uma conduta 
sintomática, ela tende a converter-se em patológica porque contribui para manter 
o problema. 
 
4 
 
 
 As regras de relação definem a interação entre seus componentes e a 
maneira que as pessoas enquadram a conduta ao comunicar-se entre si. 
 A ordenação hierárquica postula que em toda a organização há uma 
hierarquia, na qual certas pessoas possuem mais poder e responsabilidade do 
que outras. Na família, além do domínio que uns exercem sobre os outros, é 
inerente a ajuda, a proteção e o cuidado que oferecem aos demais, sendo que 
há uma relação hierárquica entre as pessoas e também entre os subsistemas. 
Por fim, teleologia significa que o sistema familiar se adapta às diferentes 
exigências dos diversos estágios de desenvolvimento a fim de assegurar 
continuidade e crescimento psicossocial a seus membros (OCHOA DE ALDA, 
2004). 
 Por outro lado, os estudos sobre comunicação foram iniciados pelo 
biólogo e antropólogo norte-americano Gregory Bateson na década de 50, 
identificando uma relação entre a patologia comunicacional e a gênese da 
esquizofrenia. Ele passou a perceber que a sequência de situações 
ambivalentes e confusas poderia levar à desestruturação esquizofrênica, por 
conta da falha nos padrões comunicacionais, ocasionando conflitos internos 
(OSÓRIO, 2002). 
 Desse modo, propôs-se evitar os conceitos psicológicos tradicionais, 
baseados no indivíduo e sugerir uma compreensão da doença como relacional 
(FÉRES-CARNEIRO e PONCIANO, 2005). O trabalho de Bateson foi essencial 
para o desenvolvimento das noções sistêmicas em relação ao comportamento 
do indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
Um Esboço Histórico Conceitual da Psicoterapia de 
Casal 
 A história da Terapia de Casal apresenta diferentes inícios, de acordo 
com o critério de corte adotado por diferentes revisores. Os trabalhos de 
pioneiros como C.C. Jung que escreveu no contexto de sua obra, já no início do 
século XX, sobre aspectos ligados ao relacionamento conjugal, e pesquisaram 
aspectos ligados à transmissão transgeracional de complexos inconscientes, 
podem ser adotados como ponto de partida (Jung, 1977; Clarck, 1993). Porém, 
esta contribuição não é sequer mencionada pela maioria dos revisores. 
 No entanto, todos apontam para as contribuições ocorridas no início do 
século XX, nos EUA, como significativas. Tal posição parece dever-se ao fato de 
que a maior parte das escolas de Terapia de Casal ter surgido, nos EUA, durante 
o século XX. Gurman e Fraenkel (2002) incluem em sua revisão o período do 
Aconselhamento Matrimonial que, por sua natureza peculiar, oferece campo 
para divergências como antecedente ou mesmo membro da tradição da 
Psicoterapia de Casal. Seguiremos o esquema de interpretação de Gurman e 
Fraenkel (2002), para os quais a história do Aconselhamento Matrimonial é a 
primeira fase, no sentido histórico, sendo a de menor contribuição teórica e 
metodológica, mas que respondeu de maneira algo ingênua, à demanda por 
tratamento psicológico das relações conjugais. 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 
6 
 
 
 
Fase do Aconselhamento Matrimonial 
 Broderick e Scharder (1991), ao traçarem a história do Aconselhamento 
Matrimonial, identificam quatro estágios: 
 
A primeira fase, que vai de 1929 até 1932, e que chamam 
de “Estágio do Pioneirismo”, começa com a fundação de 
três maioresInstitutos Clínicos de Aconselhamento 
Matrimonial de 1929 a 1932, embora já houvesse a prática 
pelo menos cinco anos antes. Nesta fase predominava 
uma abordagem a-teórica de profissionais de diferentes 
formações, guiados pelo “bom senso”. Broderick e 
Scharder (1991) descrevem os primeiros conselheiros 
matrimoniais como um grupo mais ou menos ingênuo de 
profissionais, para os quais o Aconselhamento Matrimonial 
representava uma atividade auxiliar de sua principal 
profissão. 
 
 Eram clérigos, médicos, educadores, que procuravam auxiliares, 
eminentemente de forma preventiva, os jovens casais a lidar com as dificuldades 
e ajustamentos da vida conjugal. Na maior parte das vezes, suas intervenções 
visavam ao esclarecimento das realidades biológicas, da vida a dois, além de 
fornecerem admoestações e conselhos sobre a necessidade de seguir os papéis 
conjugais, conforme o esperado pela sociedade. Não havia, de fato, nenhuma 
pretensão de ver esta atividade como ligada à área de saúde, nem tampouco a 
preocupação com a formação dos profissionais para lidar com problemas 
conjugais mais graves ou quadros psiquiátricos. 
 
 
7 
 
 
 A abordagem dos conselheiros era muito focal, de curto prazo e 
essencialmente pedagógica. O modelo clínico envolvia o atendimento aos 
casais, mas em sessões em separado, e raramente ocorria atendimento 
conjunto ao casal (Barker, 1984). A segunda fase, que vai de 1934 a 1945, 
nomearam de “Estágio do Estabelecimento” assinalado pela formação da AAMC, 
“American Association of Marriage Counselors”. A fundação de centros de 
treinamento e da AAMC, tornaram-se importantes fatores tanto para melhoria da 
formação, como da busca por melhor qualificação profissional. No entanto, o 
modelo de atendimento permaneceu o mesmo. 
 A terceira fase, que iria de 1946 a 1963, foi considerada por Broderick e 
Scharder (1991) como o “Estágio de Consolidação”, levando ao reconhecimento 
oficial da profissão em 1963. A quarta fase foi de 1964 até 1981sendo o estágio 
de “Formação” caracterizado pelo que L’abate e MacHenry (1983) classificam 
como período de “intenso crescimento, clarificação de padrões e competências”. 
Entretanto, Gurman e Fraenkel (2002) discordam quanto ao término deste 
período em 1981, propondo na classificação de sua revisão, realizado em 2002, 
o término deste período em 1978. 
 Este seria marcado com o fim do termo “Aconselhamento Matrimonial”, 
como assinalado pela mudança da então AAMFC “Americam Association for 
Marriage and Family Conseling”, para AAMFT “Americam Association for 
Marriage and Family Therapy”. Do ponto de vista do formato do tratamento, o 
modelo de atendimento individual predominou até a década de mil novecentos e 
sessenta. Michaelson (1963) estimava, a partir de relatos de casos de três 
centros de Aconselhamento Matrimonial que, nos anos quarenta, cerca de 
apenas 5% dos atendimentos ocorreram com a presença de ambos os cônjuges. 
 Este número sobe para 9% na década de cinquenta até atingir 15%, nos 
início dos anos sessenta. Apenas no final da década de sessenta é que a 
entrevista conjunta passou a ser predominante na prática clínica, 
aparentemente, pela influência de profissionais de outras formações que 
praticavam a Terapia de Casal (Gurman e Fraenkel, 2002). 
 O modelo de tratamento dominante do Aconselhamento Matrimonial 
sofria o que Olson (1970) classificou como séria ausência de princípios testados 
8 
 
 
empiricamente. E sem uma teorização derivada desta fundamentação não era 
possível operar na clínica de modo consistente. Broderick e Schrader (1991) 
notam ainda que, durante o período de predomínio da abordagem do 
Aconselhamento Matrimonial, havia uma ausência de qualquer compromisso 
com qualquer filosofia clínica em particular, o que levou Manus (1966) a declarar 
que “o Aconselhamento Matrimonial era simplesmente uma técnica em busca de 
uma teoria”. 
 Assim, durante este período a situação, do ponto de vista clínico, parecia 
oferecer uma grande dificuldade, pois de um lado ocorria um aumento 
significativo de demanda por atendimento a casais, por outro, havia uma 
ausência de teoria psicológica que fundamentasse modelos que respondessem 
a estas demandas da prática clínica. 
 Alguns conselheiros matrimoniais buscaram a abordagem psicanalítica 
como resposta. Porém, esta era uma 
teoria que oferecia um modelo 
eminentemente individual, levando a 
conclusão de que “... se a terapia 
progride fatores inconscientes são 
descobertos... e o caso cessa de estar 
no campo do aconselhamento 
matrimonial” (Laidlaw, 1957). Esta afirmativa revela o pouco espaço teórico e 
prático existente para a clínica do Aconselhamento Matrimonial, e também 
aponta para uma das questões que seriam fatores para a sua dissolução em 
1978 (Gurman e Fraenkel, 2002). Gurman e Fraenkel (2002) consideram 
compreensivo que o Aconselhamento Matrimonial tenha adquirido um traço 
psicanalítico, pois a Terapia Sistêmica de Família estava, nos anos sessenta, 
ainda no berço e não ganhara credibilidade social. 
 E o grande grupo de profissionais ligados ao Aconselhamento 
Matrimonial, à medida que as relações conjugais tornaram-se objeto de estudo 
e intervenções cientificamente importantes, perdiam gradativamente prestígio e 
campo de atuação. Assim, após a Segunda Grande Guerra, estes profissionais 
procuraram ligar-se ao mais prestigioso grupo de prática clínica que, nesse 
período, era a Psicanálise. 
Figura 3 
9 
 
 
 Este movimento apresentou, contudo, consequências imprevistas, pois o 
campo da Terapia Sistêmica de Família, ao emergir, apesar de muitos de seus 
primeiros líderes e fundadores possuírem formação e treinamento formal em 
Psicanálise, colocou-se em uma posição radicalmente crítica quanto à 
abordagem psicanalítica, criticando seu modelo e sua compreensão altamente 
individual. 
 Cabe notar que o Aconselhamento Matrimonial não produziu nenhum 
teórico de peso nos seus primeiros anos e, ao ligar-se ao movimento 
psicanalítico que declinava frente à emergência de outras abordagens, 
desapareceu no final dos anos setenta. O mesmo não ocorreu com o 
pensamento psicanalítico que, embora tenha vivido um período de retraimento 
teórico e na prática do campo de atendimento a casais, ressurgiu com 
importantes contribuições na década de oitenta (Gurman e Fraenkel, 2002). 
 
Contribuições da Psicanálise 
 As contribuições do pensamento psicanalítico à Terapia de Casal podem 
talvez for divididas em três períodos, segundo as tendências metodológicas, 
teóricas e contribuições técnicas (Gurman e Fraenkel, 2002). O primeiro período 
vai da década de 1930 até a década de 1960, sendo caracterizado por 
experimentações e aplicação dos princípios e técnicas psicanalíticas tradicionais 
à situação de tratamento do casal. 
 Ocorre, em um segundo período, que vai da metade da década de 1960 
até a década de 1980, um arrefecimento do interesse na aplicação da psicanálise 
à situação conjugal. Por um lado, devido às criticas do próprio movimento 
psicanalítico ao uso da psicanálise em situações não tradicionais, e, por outro, 
devido ao interesse despertado pelo movimento de Terapia Sistêmica de 
Família, que elaborou fortes críticas à abordagem psicanalítica, considerando-a 
excessivamente personalista e voltada ao intrapsíquico. Apenas a partir da 
década de 1980 observamos o aparecimento de um interesse renovado na 
10 
 
 
abordagem psicanalítica, caracterizando um novo período que se estende até os 
dias de hoje. 
 No entanto, importantes contribuições foram feitas pelos pioneiros em 
suas tentativas de responder à demanda crescente de atendimento por parte dos 
casais. As intervenções psicanalíticas de casal desenvolveram-se de modoautônomo em relação ao Aconselhamento Matrimonial. É importante notar que, 
neste período, apenas psiquiatras eram admitidos como psicanalistas. 
 Assim, um grupo de profissionais interessados em responder à demanda 
das dificuldades conjugais, incluindo problemas psiquiátricos, e insatisfeitos com 
os resultados do método analítico 
tradicional, iniciou uma série de 
experimentações e modificações na técnica, de um modo algo ambivalente. 
Aparentemente a questão era: como fazer tratamento em casais com uma 
técnica desenvolvida e voltada para o 
individuo? A seleção do parceiro na 
formação do casal e fatores que 
levavam à manutenção das relações 
conjugais, mesmo em situações de 
extremo estresse, já despertava o 
interesse de psicanalistas neste 
período. 
 Obernoff (1931) apresentou um trabalho sobre a Psicanálise de Casais, 
descrevendo a relação das neuroses na formação do sintoma do casal. Anos 
depois, em 1938, Obernoff apresentou um artigo sobre Psicanálise Conjugal 
Consecutiva na qual a análise de um dos esposos começava quando terminava 
a do outro. Mittelman (1948) propôs outro enfoque ao descrever o tratamento 
conjugal como processo de análise individual concomitante de ambos os 
esposos pelo mesmo analista. 
 Essas abordagens despertaram, obviamente, críticas e restrições, pois 
contrariavam dramaticamente o método tradicional, no qual, qualquer contato 
com qualquer membro da família, deveria ser evitado, sob pena de 
“contaminação” da transferência Greene (1965). Mittelman (1948) foi ainda mais 
Figura 4 
11 
 
 
longe, ao realizar, provavelmente, primeira sessão de casal conjunta na 
abordagem psicanalítica, motivado pela diferença das histórias dos casais, que 
não combinavam em aspectos significativos (Sager, 1966). 
 Embora essa intervenção tenha sido considerada, teoricamente, 
incorreta para a abordagem psicanalítica e, politicamente, incorreta para o 
período, revela a essência da hipótese que guiava a intervenção nos casais; era 
tarefa do terapeuta destacar e corrigir as percepções distorcidas de ambos os 
cônjuges, permitindo uma relação liberta da irracionalidade. Assim, caberia ao 
analista decidir ou auxiliar na decisão do que era “mais racional”. Mesmo 
Mittelman (1948) sentia-se ambivalente quanto a sessões conjuntas e acreditava 
que este método só deveria ser usado em casos específicos, que atingiriam não 
mais que 20% das situações, e que os demais seriam mais beneficiados com 
análises em separado com diferentes analistas. 
 Outras cautelosas experimentações ocorreram durante o final da década 
de 1950 e inicio da década de 1960, mas, como nota Sager (1966), “estas 
contribuições não evidenciavam nenhum desenvolvimento significativo da 
teoria”. De fato, envolviam propostas de diferentes formatos para terapia, como 
a “Terapia Colaborativa” na quais dois analistas atendiam o casal, comunicando-
se sobre os processos, com o objetivo de manter o casamento (Martim, 1965). 
 Tratamentos combinados também foram propostos com sessões 
conjuntas, com sessões individuais e de grupo com vários propósitos e 
combinações (Greene, 1965). É importante notar que nos métodos de 
tratamento conjugal psicanalítico conjuntos a visão individual prevalecia, embora 
desafiando a aderência aos métodos clássicos como a livre associação e a 
análise dos sonhos. A análise da transferência continuou como instrumento 
central do trabalho terapêutico, ampliada para incluir a transferência recíproca 
entre os cônjuges e a importância do “real” (Greene, 1965; Gurman e Fraenkel, 
2002). 
 Durante a década de 1960 ocorreu uma mudança na abordagem 
psicanalítica de casal, prevalecendo à realização de sessões conjuntas, no 
entanto, esta transição não foi feita sem ambivalência. Watson (1963), por 
exemplo, recomendava, em um artigo sobre o tratamento conjunto do casal, a 
12 
 
 
realização de duas ou três sessões de anamnese com cada um dos cônjuges 
antes da realização de sessões conjuntas. Tal prescrição seguia o pressuposto 
da necessidade do analista compreender o modo de conexão e sistema 
comunicativo do casal, bem como seus padrões de homeostase. 
 Estes deveriam ser apreciados através de uma cuidadosa avaliação dos 
aspectos psicodinâmicos e desenvolvi mentais de cada um dos cônjuges 
individualmente. A abordagem psicanalítica de casal começava a emergir 
oferecendo hipóteses que orientaram o campo, como aponta Manus (1966); “A 
mais influente hipótese é que o conflito conjugal é baseado na interação 
neurótica dos parceiros... um produto da psicopatologia de um ou ambos os 
parceiros”. 
 Leslie (1964), em um artigo clássico dos anos de 1960, coloca que a 
técnica central de trabalho com casais era a identificação de distorções nas 
percepções mútuas dos parceiros, na transferência e contratransferência, e sua 
correção, permitindo a plena manifestação do conflito na sessão e sua direta 
alteração. 
 Mesmo com o aumento e prevalência de métodos de abordagem 
conjunta do casal, a visão teórica e as técnicas terapêuticas permaneceram sem 
maiores mudanças. A ênfase ainda era na interpretação das defesas, que agora 
incluíam as defesas do casal além das individuais, o uso das técnicas de 
associação livre realizada conjuntamente pelo casal, e análise dos sonhos, que 
agora incluíam além das associações individuais, as associações do cônjuge 
(Sager, 1967; Gurman e Fraenkel, 2002). 
 Sager (1967b), um dos mais influentes terapeutas de casal do período, 
ilustra bem esta ambivalência ao escrever: “Eu não estou envolvido 
primariamente em tratar desarmonias conjugais, que são um sintoma, mas em 
tratar os dois indivíduos no casamento”. Esse autor (Sager 1967) ainda 
mantinha-se ligado à perspectiva tradicional psicanalítica, com forte ênfase nos 
processos de transações transferenciais trianguladas e na atenção aos 
elementos edípicos. Mas, no mesmo ano, ele escrevia sobre os riscos do 
terapeuta envolver-se em diálogos com os cônjuges que, ao tentarem falar 
apenas com o terapeuta evitariam o diálogo com o parceiro. 
13 
 
 
 Sager (1967) apontava a importância de o terapeuta evitar assumir um 
lugar onipotente e encaminhar a sessão para que os cônjuges, ao dialogarem, 
desenvolvessem suas próprias e criativas soluções. Essa ambivalência técnica 
refletia uma ambivalência teórica ainda maior para os psicanalistas do período. 
O lugar central daquilo que tradicionalmente seria o caráter distintivo da 
Psicanálise, ou seja, a análise da transferência. 
 
 Skynner (1980), ao avaliar a produção do período, uma década mais 
tarde, influenciado pela escola das relações objetais nota que a abordagem 
psicodinâmica parece ter perdido o seu caminho, na identificação das técnicas 
indutoras de mudança do casal, ao focar de modo inapropriado o conceito de 
transferência, e as técnicas interpretativas. Retrospectivamente notou que, na 
abordagem psicanalítica de casal, os conflitos inconscientes deveriam ser 
considerados presentes e totalmente desenvolvidos em padrões projetivos. E 
que esses poderiam ser mais bem trabalhados diretamente do que através de 
métodos indiretos como a interpretação da transferência. 
 A ambivalência em relação ao núcleo central da teoria psicanalítica 
parecia não oferecer, no final da década de 1960, uma saída simples para o 
impasse teórico e técnico levando a uma diminuição temporária de interesse na 
abordagem psicanalítica. Essa sofreu, ainda na década de sessenta, fortes 
críticas das escolas de Terapia de Família, que começavam a expandir o seu 
movimento. Como notam Broderick e Scharder (1991), o artigo de Sager (1966) 
sobre uma revisão histórica do desenvolvimento da Terapia de Casal de 
orientação psicanalítica “parece ser o verdadeiro zênite de seu desenvolvimentoindependente”. 
 A ausência de desenvolvimentos teóricos e técnicos próprios e as fortes 
críticas, tanto da Psicanálise mais ortodoxa como da abordagem da Terapia de 
Família, levaram a um período de declínio de interesse na Terapia Psicanalítica 
de Casais. Apenas na década de 1980, com importantes mudanças teóricas e 
novas metodologias, é que surgiu um novo interesse na aplicação do enfoque 
psicanalítico à clínica da conjugal idade (Gurman e Fraenkel, 2002). 
 
14 
 
 
Contribuições da Terapia de Família à Terapia de 
Casal 
 Durante as décadas de 1950 e 1960, outro paradigma desenvolveu-se a 
partir de estudos, reflexões e novas descobertas que colocavam novos enfoques 
sobre a questão das “patologias psicológicas”. Estudos pioneiros como de 
Bateson, Haley, Weakland (1956), Lidz (1958), Wynne (1958), Lang e Esterson 
(1964) criaram, juntamente com o desenvolvimento de novas abordagens 
teóricas e metodológicas (Bertalanffy, 1968), um novo campo de estudo e 
intervenção: a Terapia Sistêmica de Famílias (Foley, 1985). Os estudos de 
Wynne (1958), Lidz (1958) e Lang e Esterson (1964) colocaram em relevo o 
envolvimento da família na esquizofrenia. 
 Estes trabalhos parecem ter se inspirado no, hoje, clássico estudo 
Toward a theory of esquizofreny de Bateson, Jackson, Haley, Weakland (1956), 
no qual apresentaram pela primeira vez a teoria do duplo vínculo, e nos estudos 
sobre família e doença mental, que concluíram pelo envolvimento da estrutura 
familiar na emergência e manutenção da psicopatologia (Foley, 1995). Todos 
estes autores desenvolveram, independentemente, a partir de pesquisas 
próprias, envolvendo a observação de famílias com membros “portadores de 
esquizofrenia”, conceitos teóricos, que apontaram para a possibilidade e 
necessidade de intervenções, não no individuo como membro, mas na família 
como campo de tratamento (Foley, 1995; Féres-Carneiro, 1996). 
 É curioso notar que muitos dos pioneiros da Terapia de Família, como 
Akerman, Jackson, Framo, 
Bowen, entre outros, tinham 
sólida formação em Psicanálise 
(Foley, 1995; Féres-Carneiro, 
1996). No entanto, apesar de 
muitos autores, hoje em dia, 
integrarem criativamente conceitos psicodinâmicos e sistêmicos em larga 
medida, a história inicial da Terapia de Família Sistêmica foi marcada por uma 
forte e, às vezes, radical discordância de muitos dos princípios aceitos da 
Terapia Psicanalítica e Psicodinâmica, em especial, do foco nos aspectos 
Figura 5 
15 
 
 
psicodinâmicos individuais como princípios teóricos explicativos e de 
intervenção. 
 Estas fortes críticas somadas ao interesse pela abordagem da família, e 
não mais do casal, juntamente com os impasses teóricos levaram a um 
esmaecimento da abordagem psicanalítica de casal. Não se tratou de fato de um 
desaparecimento, pois, apesar de sua menor visibilidade em termos de 
publicações, ocorreram algumas significativas contribuições como as de Framo 
(1976, 1981), Paul (1969, 1975), e Sander (1979). 
 O pensamento psicanalítico não morreu, mas ficou fragmentado e 
marginalizado pelas escolas dominantes de terapia do período. Revendo a 
história do campo da Psicoterapia, talvez o evento de maior impacto, desde o 
desenvolvimento da Psicanálise, seja o aparecimento do que na época, por 
questionar radicalmente seus pressupostos, pareceu ser o seu maior 
contraponto; a Terapia Sistêmica de Família. Como nota Fraenkel (1997): 
 
As abordagens sistêmicas desenvolveram-se em larga 
medida como uma reação às limitações percebidas nas 
terapias que atribuíam as disfunções psicológicas e sociais 
a apenas problemas no individual, seja este visto como de 
natureza biológica, psicológica, psicodinâmica ou 
comportamental. 
 Porém, os historiadores do período descrevem o seu surgimento como 
resultado, de também, uma absorção do campo da Terapia de Casal pela 
abordagem sistêmica de família. Broderick e Scharder (1991) referem-se a “uma 
mistura ou amalgama das abordagens”. Nichols e Schwartz (1998) referem-se à 
“Terapia de Família absorvendo a Terapia de Casal”. 
 E Olson (1980) concluem que “no início da década de oitenta a distinção 
entre Terapia de Família e Terapia de Casal havia desaparecido”, notando ainda 
que o campo havia se tornado ”unitário, mas não totalmente unificado e 
integrado”. Essa situação é o reflexo da diferença conceitual e metodológica que 
16 
 
 
separava ambos os campos e que marcou a evolução histórica de ambas as 
abordagens. 
 Haley (1984a) revela o que pode ser visto como a dinâmica do campo, 
no período, quando observa que: 
“não houve uma única escola de Terapia de Família que se 
originasse do grupo das escolas de Aconselhamento 
Matrimonial, ou há agora”. 
Transformação das Relações Familiares: Antes e 
Depois da Modernidade 
 Houve um tempo em que as relações familiares – incluindo pai, mãe, 
filhos, parentes, agregados, vizinhos, amigos, entre outros – perdiam-se em 
meio a uma ampla comunidade. As relações familiares, como a do casal e a dos 
pais com seus filhos, eram permeadas por relações comunitárias, consideradas 
mais importantes, na maioria das vezes. Quando as relações extensas faziam 
parte das relações familiares não existiam poderes especializados ou seculares, 
externos a essas relações, que ditassem as normas do comportamento: os 
papéis eram definidos “desde sempre”. 
 A comunidade de pertença não deixava dúvidas quanto ao que fazer. A 
família era a sociedade, confundindo-se com ela. O indivíduo perdia sua 
visibilidade em meio às relações. A hierarquia ditava as regras para as relações 
familiares, e os conflitos, quando surgiam, submetiam-se ao rigor da lei. A 
desobediência equivalia à exclusão e à falta de proteção, que era o mesmo que 
ser entregue ao pauperismo e à morte (Ariès, 1986; Shorter, 1995). 
 Nessa configuração não havia necessidade de uma prática terapêutica, 
conforme relatam os estudos de Costa (1989) sobre o Brasil, de Donzelot (1986) 
sobre a França, e de Lasch (1991) sobre os Estados Unidos, referindo-se à 
transformação das relações familiares, que na modernidade caracterizam-se 
pela intervenção do Estado em aliança com especialistas da saúde. Nessa 
mesma direção encontram-se os estudos de Sennett (1993) a respeito da 
transformação da sociabilidade pública em domínio privado, com a consequente 
psicologização das relações sociais. 
17 
 
 
 Em um momento anterior havia uma concepção particular da família: a 
linhagem. Compreendida como solidariedade estendida a todos os 
descendentes de um mesmo ancestral, a linhagem constituía proteção na 
ausência do Estado, não levando em conta os valores da coabitação e da 
intimidade. A posição social era sustentada pelo patrimônio material, pela 
herança familiar (Casey, 1992). Todos os membros do grupo familiar deviam 
obediência e respeito ao pai, aquele que os deveria proteger, vigiar e corrigir. 
Nos séculos XVI e XVII, os “sentimentos dolorosos” e “maus” eram os 
predominantes nas relações familiares, e não o amor. 
 De acordo com Antoine de Blanchard (apud Flandrin, 1995), eram vários 
os sentimentos “maus”, como: inveja, ciúme, aversão, ódio, desejo de morte etc. 
A moral caracterizava-se mais pelo pecado do que pelo amor. Podemos observar 
a diferença que nos separa da antiga sociedade pela relação pais-filhos e pelos 
sentimentos surgidos e expressos na 
convivência doméstica: de um lado os 
“maus sentimentos” gerados pelo poder 
total, direito de vida e de morte, que era 
concedido ao pai; de outro, 
caracterizando o modelo nuclear, o 
dever paterno de proteção, baseado no 
sentimento de amor. 
 Na antiga mentalidade, o pai tinha todo poder sobre os filhos, como o 
senhor sobre os seus escravos; eles pertenciam-lhe em propriedadeplena, 
porque os fizera; ele nada lhes devia. Na nossa mentalidade contemporânea, 
pelo contrário, o fato de tê-los feito confere-lhe mais deveres do que direitos para 
com eles. Eis uma viragem fundamental dos princípios da moral familiar 
(Flandrin, 1995). 
 Na Europa, no fim do século XVII e início do XVIII, ocorreu uma mudança 
marcante no lugar da criança e da família (Aries, 1986). A afeição tornou-se 
necessária entre os cônjuges, e entre os pais e os filhos. O “sentimento de 
família” nasceu simultaneamente com o “sentimento de infância”: com o objetivo 
de melhor cuidar de suas crianças, a família recolheu-se da rua, da praça, da 
vida coletiva, em que antes se encontrava, para a intimidade, fazendo 
Figura 6 
18 
 
 
desaparecer a antiga sociabilidade. Paulatinamente, através dos séculos, o valor 
social da linhagem transferiu-se para a família conjugal. 
 Quando essa passagem se consolidou, a família tornou-se a “célula 
social”, a “base dos Estados”. A família afastou-se, assim, cada vez mais da 
linhagem, da integridade do patrimônio, prevalecendo a “reunião incomparável 
dos pais e dos filhos”, firmando o modelo nuclear. Passou-se a privilegiar e 
marcar as semelhanças físicas entre pais e filhos, inclusive nas situações de 
adoção. A criança tornou-se a “imagem viva de seus pais”. 
 A família assumiu uma função moral e espiritual. Os pais tornaram-se 
responsáveis pela criação de seus filhos, mudando a concepção de educação 
(Aries, 1986). Quanto à relação conjugal, o casal moderno pauta-se pelo 
comportamento expressivo, enquanto o casal tradicional achava-se limitado aos 
seus papéis, sem “procurar saber se eram felizes”. 
 A partir do século XVIII, porém, os jovens começaram a considerar os 
sentimentos para a escolha do cônjuge, desvalorizando aspectos exteriores 
como propriedade e desejo dos pais. Esta, para Shorter (1995), foi à primeira 
revolução sexual. O casamento por amor só foi defendido abertamente no século 
XIX, quando o essencial do capital herdado passou a ser o capital cultural: as 
transformações econômicas, advindas da Revolução Industrial, permitiram as 
condições materiais necessárias para uma liberação da escolha conjugal, que 
não ameaçava mais o patrimônio familiar. 
 Shorter (1995) estuda o que chamou de um “surto de sentimento”, 
ocorrido desde o século XVIII, fazendo desaparecer a família tradicional. Este 
surto desenvolveu-se em três áreas: primeiramente no namoro, caracterizado 
pela busca de felicidade e desenvolvimento individual; depois na relação mãe-
bebê, que passou a se caracterizar pelo bem estar do bebê acima de tudo; e por 
último na mudança da relação entre a família e a comunidade circundante, na 
qual os laços entre os membros da família reforçaram-se, caracterizando a 
“domesticidade”. 
 
19 
 
 
 O namoro transformava-se, incorporando duas características: a 
substituição de um sistema de valores baseado na fidelidade, na cadeia de 
gerações e na responsabilidade perante a comunidade, por um sistema de 
valores baseado na felicidade pessoal e no autodesenvolvimento; e com a 
possibilidade de escolha, o controle pela comunidade dos encontros dos dois 
sexos cessa-se. 
 Esta segunda característica está ligada ao desejo de ser livre, de 
desenvolver a própria personalidade e de realizar ambições pessoais. Desse 
modo, na forma do amor romântico, o sentimento tomou o poder. A 
espontaneidade permitiu a substituição dos roteiros tradicionais pelo diálogo, e 
a empatia iniciou a quebra da divisão sexual do trabalho, modificando os papéis 
desempenhados pelos sexos. 
 O casal afastou-se da comunidade, buscando isolar-se dos “olhares 
curiosos” e investiu na “experimentação e inovação” dos “jogos do amor” 
(Shorter, 1995). Só é possível entender a formação do que Shorter (1995) 
denomina “domesticidade”, isto é, a “malha de privacidade e intimidade que 
cerca a totalidade da família”, ao entendermos a nova relação surgida entre mãe 
e bebê. 
 O conceito de “domesticidade” como unidade emocional, constituída pela 
privacidade e isolamento da família, foi à terceira área na qual o surto de 
sentimento na modernidade manifestou-se: “Os membros da família passaram a 
sentir muito mais solidariedade uns com outros...” (Shorter, 1995). Nas palavras 
de Sennett, a família deixou de ser vista como uma região “não pública, e cada 
vez mais como um refúgio idealizado, um mundo exclusivo, com um valor moral 
mais elevado do que o domínio público” (Sennett, 1993). 
 A família na modernidade, além de ser o lugar privilegiado para o domínio 
da intimidade, é também o agente ao qual a sociedade confia à tarefa da 
transmissão da cultura, consolidando-a na personalidade (Lasch, 1991). Para 
realizar sua tarefa a família conta com duas fontes de tensão: uma originada da 
nova relação com a infância, e a outra de uma transformação no papel da mulher. 
 As crianças, que ocuparam um lugar central nessa família, são da 
responsabilidade dos pais, gerando sobrecarga para estes devido ao seu 
20 
 
 
isolamento da comunidade. A mulher, ao mesmo tempo “degradada e exaltada” 
nesse novo sistema familiar (Donzelot, 1986), precisava ser “educada” para criar 
seus filhos, precisava ser companheira de seu marido e executar as tarefas 
domésticas. Ao domesticar a mulher provocou-se uma “desordem geral”. 
Surgiram aspirações ao crescimento pessoal, o feminismo. 
 A estas aspirações a união conjugal e a família não podiam mais 
satisfazer, gerando uma crise do casamento no final do século XIX. Estas 
tensões no interior da família levaram-na à busca dos especialistas, que 
consideravam os pais inaptos e necessitados de suas informações. Os atos mais 
íntimos passaram a ter uma publicidade sem precedentes (Lasch, 1991). Pode-
se estabelecer uma relação entre a vida familiar, baseada na intimidade, e a 
noção de democracia. Hoje, pela crescente democratização das relações, a 
intimidade é definida pela via do “relacionamento puro”, isto é, nada externo – 
seja a comunidade ou patrimônio familiar, dentre outras possibilidades – pode 
determinar o início ou continuidade de um relacionamento (Giddens, 1993). 
 
 O amor, vinculado ao direito de escolha, permitiu a contaminação da 
família pelos valores democráticos. A diversidade estendeu-se ao casal, aos pais 
e filhos, aos parentes e amigos, gerando uma multiplicação de novas relações. 
Nessa nova configuração, as relações familiares baseiam-se na intimidade, na 
comunicação livre e aberta, pautando-se no diálogo e na democracia. Desse 
modo, novos caminhos são indicados, caracterizando o que pode ser chamado 
de pós-modernidade. 
Figura 7 
21 
 
 
 Há um paradoxo na construção moderna da família nuclear: é uma 
imposição modelar, mas não pode mais ser controlada, já que se advoga o direito 
à livre escolha. A esse paradoxo segue-se outro: a liberdade é regulada pelo 
saber médico-psicológico, prescrevendo as normas do comportamento de todos 
os membros da família. Na convivência dessas duas alternativas, aparentemente 
opostas – a do controle pelo saber especializado e a da liberdade de escolhas –
, constrói-se a possibilidade de não se seguir a um modelo único, tal qual o da 
família conjugal. Surge a imprevisibilidade; surgem inúmeras configurações 
familiares, ou pelo menos elas têm a liberdade de se tornarem mais visíveis do 
que antes. 
 Supondo uma caracterização para este momento, considerado o da pós-
modernidade, a família tende a ser pautada na ideia da diversidade e da 
ausência de um parâmetro norteador único. Ainda há, entretanto, uma ideia de 
família determinada por valores, os quais pautam as relações, como: o 
sentimento de amor, a realização pessoal na convivência com o outro 
significativo, epor consequência a formação da identidade humana por meio da 
filiação e da transmissão geracional. 
 Embora o modelo nuclear tenha sido questionado, a família não foi 
substituída por nenhum outro grupo ou instituição social. Enquanto isso, 
paralelamente instaura-se a exacerbação do individualismo, o que leva à 
flutuação das identidades pessoais e das relações familiares. 
Modelos de Família e Intervenção Terapêutica: 
Relato dos Terapeutas de Família 
 Os relatos apresentados compõem uma parte da pesquisa empreendida 
sobre a história da terapia de família no Rio de Janeiro (Ponciano, 1999). Do 
conhecimento de oito terapeutas pioneiros, com as seguintes características 
quanto ao aspecto da formação profissional e do gênero: 
T.1 – Psicologia (1976), Mestre em Psicologia, formação em Terapia de Família 
em 1987, sexo feminino; 
22 
 
 
T.2 – Medicina – Especialização em Psiquiatria (Início dos anos 70), Psicanalista, 
formação em Terapia de Família realizada em grupo de estudos no início dos 
anos 80, sexo masculino; 
T.3 – Psicologia (1976), Psicanalista, formação em Terapia de Família em 1985, 
sexo feminino; 
T.4 – Psicologia (1971), Psicanalista, formação em Terapia de Família “ao longo 
do caminho (no exterior)” com início nos anos 70, sexo feminino; 
T.5 – Psicologia (1975), Mestre em Comunicação Social (1999), formação em 
Terapia de Família em 1978, sexo feminino; 
T.6 – Psicologia (1972), Psico dramatista, Especialista em Psicologia Social, 
formação em Terapia de Família no início dos anos 80, sexo feminino; 
T.7 – Psicologia (1978), Doutora em Psicologia Clínica (1995), Psicanalista, 
formação em Terapia de Família no final dos anos 70, sexo feminino; 
T.8 – Medicina – Especialização em Psiquiatria (1974), Psicanalista e 
Psicodramatista, formação em Terapia de Família com Andolfi, Minuchin, 
Whitaker, Haley no final dos anos 70, sexo masculino. 
 
 A terapia de família chegou ao Brasil nos anos 70. Foi, porém, no final 
dos anos 50 que ela começou a tomar forma nos Estados Unidos, orientando-se 
principalmente pela Teoria dos Sistemas. Nesse momento foi forte a presença 
do modelo de família nuclear, tendo o casal, com uma maior centralidade do que 
na sociedade tradicional, a função de constituir um núcleo em torno dos filhos. 
23 
 
 
 Esse modelo, característico da modernidade, tem sido questionado em 
sua forma nuclear, preservando-se algumas características, como a intimidade 
e a privacidade. Nesse sentido, para a terapia de família foi necessário, ao longo 
de sua história, posicionar-se de modos diferentes em relação à configuração 
familiar, constituindo o contexto da intervenção terapêutica em estreita relação 
com as transformações histórico-sociais. 
 Uma das principais fontes de questionamento e transformação, tanto 
para a família quanto para a terapia de família, foi o movimento feminista, a partir 
dos anos 70 (Goodrich, 1990; Perelberg, 1994; Rampage e Avis, 1998). 
Começamos com duas das falas dos entrevistados, terapeutas de família 
cariocas, que se vinculam à tradição da terapia de família, privilegiando a família 
nuclear fundada no biológico, na união heterossexual e na procriação. Para 
esses terapeutas, pode-se entender o que se convencionou chamar família a 
partir de um sentido único, compreendendo que “novas formas” devam receber 
novas denominações, diferenciando-as da família conjugal. 
 “Só acontece família com filho. A estruturação da 
família para mim necessita ter duas gerações. (...) Então, 
para mim, a formação básica da família é: três pessoas, 
necessariamente duas gerações diferentes” (T.2). 
 
“Junção de um homem e uma mulher. Não vou entrar nas 
novas organizações familiares. É junção de um homem e 
de uma mulher e o nascimento de um primeiro filho. União 
de um homem e uma mulher e o nascimento do primeiro 
filho. É isso. Nascimento ou adoção do primeiro filho” (T.8). 
 Salvador Minuchin, psiquiatra, terapeuta de família da Escola Estrutural, 
compreende a família pela forma predominantemente nuclear, fundamentado no 
biológico, coadunando-se com a posição dos terapeutas acima referidos. 
Minuchin é insistente quanto à importância de o terapeuta possuir uma definição 
teórica de família que permita um nexo com a ideia de intervenção terapêutica, 
demonstrando assim a forte ligação entre ambos. 
24 
 
 
 Resumimos as ideias de Minuchin, que configuram a relação familiar a 
partir da relação conjugal: o casal, ao se constituir, precisa separar-se de suas 
relações anteriores, principalmente com os respectivos pais, isto é, “o 
investimento no casamento é feito a expensas de outras relações”; o casamento 
é um primeiro momento em que os participantes irão confirmar ou não suas 
novas identidades; “um contexto poderoso para confirmação e desqualificação”; 
“refúgio para as tensões de fora” (Minuchin, 1990). Pelo descrito, percebe-se 
a necessidade de a constituição familiar, iniciada pelo casal, separar-se como 
um núcleo isolado e diferenciado. 
 A terapia de família, por consequência, visa a separar as fronteiras com 
o exterior, nos casos em que o casal tenha essa dificuldade específica. Com a 
chegada dos filhos, o casal adquire uma nova função: a parental, que caracteriza 
a família como “uma instituição para educar as crianças”, sendo a vida familiar 
dependente “de um sólido vínculo de casal” (Minuchin, 1995). 
 É nesse momento que surgem mais especificamente as tarefas ligadas 
à socialização; a família exerce seu lugar de “matriz da identidade”, 
possibilitando a seus membros a experiência de pertinência a um grupo, assim 
como a experiência de sua separação, de sua autonomia. Entre pais e filhos, 
como entre o casal e o mundo exterior, é preciso que existam fronteiras bem 
definidas e reguladas por regras que determinam quem e como se participa das 
relações familiares. É indubitavelmente uma definição da família conjugal, 
constituída na modernidade. Mais um dos entrevistados faz eco a essas 
formulações, concordando que família é necessária como grupo social, com a 
função de cuidar de um ser dependente biológica e psicologicamente. 
 
 
 
 
 
 As mudanças impostas pelas novas tecnologias de reprodução refletem 
na família, possibilitando novas transformações, mas sua participação social 
25 
 
 
como um grupo que cuida de um ser dependente permanece e permanecerá. 
Outras formas de cuidado poderão surgir, ainda que os papéis familiares não 
continuem os mesmos. Mantém-se assim a ideia de proteção fornecida por esse 
grupo formador das identidades pessoais, seja ele biológico ou não. 
 O processo da construção da personalidade permanece localizado no 
interior da família e da convivência íntima, apesar das transformações sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
“... a gente necessita do relacional pra saber até quem eu sou. No 
meu referencial a família é necessária, importante para as 
organizações sociais. Não acho que é uma coisa falida, eu acho que 
ela está mudando as suas formas de constituição. Necessária e 
importante porque nós nascemos e a gente vem de um pareamento, 
se a gente pensar também em termos biológicos, um pareamento que 
nos faz ser um serzinho humano que é totalmente dependente, e ele 
precisa de um grupo para dar consistência a esse ser dependente, 
para ele vir a se desenvolver e poder ser um indivíduo. Então, a 
existência do grupo constituído para dar continente pra que esse ser 
venha a se desenvolver nunca vai deixar de existir, sempre existiu e 
sempre vai existir. (...) Então quando a gente pensa agora nessa 
reprodução assistida, bebê de proveta, clone, vão existir, talvez, 
novas estruturas de grupo. (...) o ser humano precisa de um grupo 
para provar a existência dele, dar identidade àquelaexistência. (...) 
Então, o núcleo que eu chamo de familiar é um grupo de pessoas que 
vai receber esse elemento, e na hora que recebe esse elemento cada 
26 
 
 
um define um papel, um que vai cuidar dessa forma, um que vai cuidar 
daquela forma. (...) Talvez no futuro não seja pai, mãe e filho, possam 
ser outras coisas. O ser humano precisa dessa estrutura... ela vai 
mudar, mas nunca vai sair de foco” (T.6). 
 
 A ênfase na família nuclear caracteriza uma concepção moderna. 
Minuchin corrobora a afirmação de que a família é a melhor maneira para criar 
indivíduos autônomos, gerando estabilidade interior, diante da constante 
mutação do mundo exterior à família. Ela é, portanto, o meio mais eficaz de 
manutenção da sociedade enquanto protege contra o mundo exterior. Para 
Minuchin (1990), a família nuclear pode estar correndo riscos devido à 
sobrecarga de suas funções. 
 Portanto é na família tradicional que se mantêm estruturada para 
enfrentar as dificuldades e provações que a vida oferece. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
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