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Direito Digital
2 - RESPONSABILIDADE DOS AGENTES NO MUNDO DIGITAL
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Tópico 01
Responsabilidade dos agentes no mundo digital
Olá, estudante!
Seja bem-vindo(a) à Unidade de Estudo "Responsabilidade dos agentes no mundo digital".
Nesta unidade, veremos que, com a popularização da internet e as facilidades de conexão entre seus usuários, as pessoas migraram das redes sociais convencionais para as redes sociais virtuais, ocupando os espaços no ambiente digital.
Esse fenômeno está ampliando cada vez mais as interligações entre usuários da internet, mesmo que cada rede tenha suas particularidades, pois todas têm como ato comum interligar pessoas. Em virtude disso, passou-se a demandar cada mais transparência dos agentes que integram a rede mundial de computadores, a saber: as empresas, os governos e as pessoas, aproximando-os cada vez mais de clientes, consumidores, fornecedores e outros.
Todavia, em consequência dessa expansão das redes e do aumento exponencial dos relacionamentos entre seus usuários, emergiram pontos negativos e positivos, fazendo-se necessária a criação de mecanismos normativos visando à criação de uma ética de conduta, partilhada com critérios e parcimônia.
FIGURA 1 | TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Isso porque, a transformação digital traz consigo oportunidades para melhorar as condições de vida das pessoas, mas também demanda uma série de inovações da sociedade em diferentes dimensões, como cultural, econômica, social, jurídica, entre outras.
No que diz respeito à dimensão jurídica, destacam-se critérios como forma de classificar e difundir conteúdo, mantendo uma ordem social justa. Isso visa coibir práticas criminosas, abusivas ou enganosas a partir do uso de algoritmos para fins indevidos ou mesmo com viés criminoso.
Mas você sabe como os conteúdos postados em ambientes digitais podem impactar nosso dia a dia? De que forma os algoritmos poderão ser utilizados com viés criminoso? 
Qual é a sua opinião sobre o documentário 'Coded Bias' (Netflix), que revela o viés racista em algoritmos?
'Coded Bias' é um documentário da Netflix, exibido em 2020, que investiga o viés racista e machista da Inteligência Artificial (IA) por trás dos algoritmos de reconhecimento facial. 
O reconhecimento facial é uma tecnologia que utiliza a IA e os algoritmos de machine learning para identificar e mapear padrões nos rostos; por exemplo, podem ser utilizados em aeroportos e para desbloqueio de celulares. 
No documentário, a pesquisadora Joy Buolamwini, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), apresenta as falhas dessa tecnologia na pesquisa que conduz. Ela percebeu o problema no reconhecimento facial quando posicionou o rosto em frente a uma tela com o dispositivo de IA e ele não o reconheceu, mas, ao colocar uma máscara branca, o sistema consegue detectar. 
Esse exemplo evidencia que os programas de IA são treinados para identificar padrões baseados em um conjunto de dados, de homens brancos, não reconhecendo faces femininas ou negras. 
Dessa forma, há chance de riscos de seletividade, o que deverá abarcar avaliações prévias. 
Diante desse contexto, torna-se necessária a modernização dos ordenamentos jurídicos nacionais visando à edição de normas com dispositivos que regulem o comportamento dos agentes econômicos (usuários, empresas e governos), disciplinando comportamentos que devem ser permitidos, proibidos ou necessários nas relações que se estabelecem nos ambientes digitais (HOFFMANN-RIEM, 2020).
Ao final deste conteúdo, você será capaz de:
· debater os reflexos do algoritarismo nas relações
tecnológicas e jurídicas;
· analisar o papel do ciberativismo nas transformações sociais e políticas. 
· descrever o funcionamento da internet e das políticas
públicas para a sua utilização;
· discutir a relação entre governo e tecnologia;
· examinar a adequação das inovações tecnológicas na gestão
pública;
· descrever as implicações da lei de transparência em relação às políticas públicas de funcionamento da internet.
Nesse sentido, estudaremos diferentes relações jurídicas que devem ser observadas ao tratarmos de ambientes digitais – como competência e requisitos processuais, para o estabelecimento de direito geral abstrato, e orientações materiais (por exemplo, sobre liberdades civis), para a aplicação da lei a casos individuais, visando ao monitoramento do cumprimento das regras jurídicas, e, se necessário, para a sanção de violações dessas regras. 
Regras jurídicas e ação humana
As regras jurídicas, por exemplo, legislações e princípios, conforme as manifestações culturais de cada povo, são produtos da ação humana, incluindo a ação humana coletiva. Cada uma delas segue sua própria racionalidade, que, por sua vez, baseia-se nas exigências do sistema legal. Acima de tudo, elas são dotadas da força especial de vinculação da lei.
As impressões culturais e as...
características do conhecimento dos agentes econômicos que podem se tornar relevantes para as tomadas de decisões influenciarão nos deveres e direitos que garantem a legalidade das ações humanas. Esse processo torna-se mais intenso e complexo a partir do surgimento de novas tecnologias. 
Desse modo, torna-se necessária uma abordagem, em especial, na área de controle do comportamento humano, pois os avanços tecnológicos implicam uma verdadeira metamorfose do mundo, que se transformou radicalmente, com interações diárias interligando o mundo físico e digital, em que tudo pode ser mapeado, vigiado e monitorado em virtude do grande fluxo de informações sem fronteiras, estas que são dissolvidas pela interconectividade das redes.
Em virtude dessa realidade, é preciso levar em consideração, quando tratamos de regras jurídicas, as chamadas ações tecnológicas, tanto aquelas decorrentes das ações humanas quanto as não humanas. Isso porque, atualmente, deparamo-nos com agentes não humanos atuando em diferentes segmentos, por exemplo, na esfera pública conectada, cujas ações são imprevisíveis. 
Mas como calibrar a transparência quando tratamos de regras jurídicas? O conteúdo a seguir demonstra que, para alcançar níveis de democracia, é necessário ter cuidado com o imaginário, por exemplo, lidar com os desafios. 
HSM
A transformação digital do Estado em Tecnologia e Inovação Estratégia e Execução Liderança e Pessoas.
A transformação digital do Estado
Não faltam, no Brasil, anseios por maior qualidade dos serviços públicos. A demanda por um Estado mais eficiente, mais transparente, mais inclusivo e menos corrupto está no imaginário da população. Fazer mais, melhor e com um custo razoável são os fatores de uma equação complexa, no entanto. Por isso, argumentamos que a transformação digital do Estado pode ser um meio-chave, embora não o único, de alcançar maiores níveis de democracia, desenvolvimento e eficiência nos serviços e na gestão pública.
De um lado, multiplicar as formas de acesso e contato direto com o cidadão pode fazer do Estado o mais relevante vetor de desenvolvimento socioeconômico. De outro, a tecnologia da informação em sua fase mais recente – da conectividade, da inteligência artificial e dos grandes volumes de dados – possibilita novos patamares de eficiência para a gestão.
É verdade que essa transformação digital está repleta de desafios, e não só no Brasil. Citemos dois. A infraestrutura para acessar a internet é um deles. Dos 7,6 bilhões de pessoas que habitam o planeta, menos da metade (45,7%) dispunha de acesso à internet em 2016. (Embora dados do Banco Mundial sugiram que as famílias mais pobres têm mais acesso a celulares com internet do que a serviços de saneamento básico.) Outro desafio é a cultura das organizações governamentais, em que muitos funcionários relutam em abrir mão de processos hoje ultrapassados – o que não é exclusividade do setor público, diga-se de passagem.
Dá para vencer esses desafios? A resposta é sim e temos vivenciado múltiplos casos que a confirmam.
Casos de sucesso
Para tornar nossas percepções mais concretas, apresentamos dois casos recentes de transformação digital no setor público brasileiro: CearáTransparente e Conviva Educação.
Ceará Transparente
Difícil pensar em uma palavra tão fetichizada, nesse início de século, quanto “transparência”. Em sua acepção mais positiva, significa abertura e diálogo. Mas é possível pecar pelo excesso de transparência? Sim. Um dos dilemas do novo século é saber definir quais dos nossos dados queremos ocultar do Facebook, do Google e também das pessoas de nosso convívio mais íntimo – no ótimo seriado Billions, exibido pela Netflix, discute-se quão “transparentes” devem ser as senhas do casal protagonista. A resposta não é óbvia. A ficção já contempla distopias que descrevem a despersonalização que viria da transparência máxima, como no filme O Círculo.
Se calibrar o grau de transparência é difícil para indivíduos, governos sofrem muito com isso. Um governo pouco transparente será tratado com desconfiança e pressionado a abrir seus dados. Já transparência excessiva pode atrapalhar negociações políticas e prejudicar interesses mercadológicos de empresas estatais.
Cidadãos utilizando e refinando as versões iniciais do Ceará Transparente. A participação do cidadão-cliente desde o início foi fundamental para alcançar elevados patamares na experiência de uso
 
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Encontro com comunicadores em Juazeiro do Norte (CE), para adequação da linguagem utilizada no Ceará Transparente
 
Uma resposta para esse dilema é implementar programas de transparência governamental baseados nos direitos dos cidadãos, e não apenas no cumprimento de leis de acesso à informação. Esse é o objetivo do “Ceará Transparente” , implementado pela Caiena, contratada por governo do estado do Ceará e Banco Mundial. 
O projeto é fruto de uma operação de crédito entre as duas instituições por meio do Programa para Resultados em 2013. O acordo de US$ 350 milhões destinou parte dos recursos para a transformação digital dos serviços de Transparência, Ouvidoria, Acesso à Informação e Participação Cidadã. Coube ao Ceará Transparente esse desafio.
O Ceará Transparente não foi um projeto fácil. O primeiro passo foi conhecer a diversidade regional, realizando uma pesquisa etnográfica em 27 cidades, que percorreu mais de 4 mil quilômetros pelo estado. A pesquisa revelou que, apesar de a população possuir os meios digitais de acesso ao governo, desconhecia os canais de interação. Além disso, os sistemas de controle social não funcionavam adequadamente em celulares – hoje, um dos principais meios de acesso à informação.
A pesquisa também indicou a necessidade de disponibilizar aos cidadãos protótipos do Ceará Transparente para colher os feedbacks de melhoria logo no início. Assim, com 19 dias de desenvolvimento, uma primeira versão da plataforma foi testada “vapt-vupt”. Na ocasião, foram criados 61 chamados, todos encaminhados aos órgãos competentes do estado para atendimento.
Atividades de formação realizadas com secretários municipais de educação. A formação de quadros humanos é parte da criação de uma plataforma digital vista no conceito mais amplo, que reúne ferramentas, processos e redesenho de políticas públicas – é o que catalisa a transformação digital no estado
 
Hoje, por meio do Ceará Transparente, o cidadão pode acompanhar os investimentos orçamentários do estado de modo regionalizado e inteligível – a inteligibilidade é um ponto importante. Iniciativas de orçamento participativo existem no Brasil desde o fim da década de 1980, mas pecam pela complexidade das informações, atendendo apenas participantes que detêm conhecimento e preparo prévios para entender o orçamento. Os cientistas políticos Lúcio Rennó e Aílton Souza mostram que a cidade-modelo do orçamento participativo tem dificuldades em atrair para a deliberação pública pessoas que não possuem engajamento em, por exemplo, associações de bairro.
No Ceará Transparente, o cidadão pode também pedir acesso a dados públicos e abrir chamados de ouvidoria. Ao abrir um chamado, ele consegue, por exemplo, informar o governo, de maneira anônima, o fato de um agente público do órgão X ter exigido propina para fazer certo serviço. 
O projeto foi lançado em junho de 2018 e já mostra bons resultados. O tempo de permanência do cidadão nas plataformas digitais quase dobrou e os chamados de Ouvidoria quadruplicaram. Isso nos leva à hipótese de que os cidadãos estão mais engajados na interação com o governo estadual. Ainda, a quantidade de acessos aos sistemas de controle social do Estado aumentou mais de 30%. A rede de ouvidoria alcançou maior capilaridade, incorporando instituições antes inacessíveis.
Em 2018, o Ceará Transparente foi reconhecido pelo mais tradicional prêmio de design no mundo, o iF Design Award, na categoria “design de serviços para governos e instituições”. Outro reconhecimento foi concedido pela Câmara dos Deputados, por meio do prêmio de “Transparência e Fiscalização Pública”.
Conviva Educação
Esse projeto é a maior iniciativa brasileira de transformação digital voltada para secretarias municipais de educação – atualmente, alcança mais de 5 mil municípios. Desse universo, 2.153 municípios acessam a plataforma todo mês. Cerca de 37 mil técnicos das secretarias de educação são atingidos pelo projeto. Para além da ferramenta tecnológica, são realizadas ações de formação de capital humano, planejamento de políticas públicas e gestão orientada por dados.
O projeto Conviva teve início no final de 2012, capitaneado pelo Instituto Natura, em parceria com outras dez instituições. Àquela altura, o desafio era construir uma primeira versão da plataforma em três meses, para aproximar os gestores municipais de educação e fomentar um ambiente baseado em quatro pilares:
• Informação;
• Formação;
• Trocas de experiências; e
• Trocas de dados.
A capacitação dos quadros técnicos e a integração de dados de fontes oficiais são grandes desafios. Com relação aos quadros técnicos, foram organizadas redes de articuladores locais em 17 estados, promovendo a capacitação presencial para cerca de 1,2 mil municípios. Prêmios foram organizados para reconhecer as boas práticas de gestores públicos na educação, fomentando o uso de dados e ferramentas digitais na gestão. Já a integração de dados foi feita por meio de uma camada de integração.
Os relatos dos usuários do Conviva destacam ganhos de produtividade para gerenciar, manter e recuperar as informações básicas das secretarias, como cálculos nutricionais, custos e repasses. O Conviva permite a quase todos os municípios brasileiros o acesso organizado a seus próprios dados, a conteúdos formativos e a ferramentas de gestão, ampliando as possibilidades analíticas para a melhoria do serviço público prestado na área de educação.
Aprendizados
Nessas duas experiências, e com todas as outras de que participamos, identificamos quatro fatores de sucesso principais, que podem servir a qualquer projeto de transformação digital do Estado:
1. Comprometimento das equipes gestoras e das lideranças dos órgãos governamentais;
2. Formação de capital humano e transferência de tecnologia;
3. Software em funcionamento disponível para os usuários em versões iniciais;
4. Adaptabilidade às mudanças e cultura ágil de gestão e governança.
O comprometimento dos gestores e a capacidade de adaptação às mudanças dos órgãos governamentais são particularmente delicados. Em sistemas democráticos como o brasileiro, a mudança de governantes é óbvia e desejável. Mas espera-se, no melhor dos mundos, que os novos detentores do poder não joguem às traças os avanços dos antecessores. E acreditamos que políticas de transparência governamental sempre são avanços.
Um desafio é a falta de quadros técnicos para a gestão da informação.
Identificamos ainda quatro desafios recorrentes. São eles: (1) ausência de uma política de transformação digital integrada para todos os níveis de governo; (2) necessidade de proteger a privacidade para evitar que o ferramental digital seja utilizado como instrumento de manipulação; (3) baixa cultura de gestão de riscos na administração pública e receios de responsabilização em processos de inovação; e (4) formação insuficientedos quadros técnicos do Estado para lidar com gestão da informação, integridade de dados e qualidade de software.
Aceitar o erro é preciso
Quanto antes os poderes públicos entenderem a relevância da transformação digital para a relação sociedade-governo, ou mesmo governo-governo, melhores serão os resultados sociais. Para enfrentar os desafios dessa transformação, os governos devem buscar garantir a excelência em seus sistemas de informação e suas bases de dados, o que implica integrar a engenharia de software ao design e ao desenvolvimento pautado em testes contínuos. E esse é outro desafio democrático: testar significa errar, e isso é sempre algo delicado para políticos eleitos e não eleitos. Mas é um preço pequeno a pagar pelos ganhos da inovação.
Um cuidado a mais é não esquecer que a tecnologia é um meio, sem intenções, e precisa ser dirigida para os benefícios de toda a sociedade.
No melhor espírito digital e colaborativo, este texto foi escrito a dez mãos. Os cientistas da computação e mestres em inteligência artifi cial Caio Belazzi e Eduardo Assis são fundadores e diretores da Caiena Tecnologia e Design e criaram também a Caju Capital Social, sociedade de investimentos para negócios de impacto social. O economista e mestre em administração pública pela Fundação Getulio Vargas Nilson Oliveira tem vasto histórico de atuação em projetos de tecnologia e políticas públicas. O advogado Valdir Simão foi ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e ministro-chefe da Controladoria-Geral da União e, entre 2016 e 2018, um dos responsáveis pela implantação do Ceará Transparente. O professor Sérgio Praça é pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro e do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV-EAESP, com pós-doutorado também pela FGV-EAESP.
A Caiena nasceu há 15 anos incubada na Unesp de Rio Claro (SP) e inicia 2019 com faturamento previsto em pouco mais de R$ 50 milhões, 50 funcionários (dois dos quais se tornaram sócios) e uma taxa de crescimento anual de 50% nos últimos três anos. Um de seus focos tem sido desenvolver plataformas digitais para o poder público, dentro e fora do Brasil, e, com isso, organizou um conjunto relevante de conhecimentos na área.
A TRANSFORMAÇÃO digital do Estado. HSM Experience, 2019.
Podemos constatar que estamos diante de um mundo cada vez mais digital, em que os dados são regulados e influenciados pelas plataformas digitais, a partir de regras técnicas contidas nos algoritmos, que são cada vez são mais importantes.  
Atenção!
A importância da acurária da informação. 
Pesquisas realizadas por Palfrey e Gassen (2017) demonstram a importância da acurácia da informação, uma vez que o tempo todo baseamos nossas decisões em informações, tanto individuais como políticas. Em virtude disso, a acurácia da informação assume um protagonismo no formato digital, já que aumenta com o decorrer do tempo, em razão do papel cada vez maior da web na educação e como uma fonte de informação geral. Sabemos que muitos jovens são menos capazes do que a maioria dos adultos de avaliar por si mesmos a qualidade das informações. Diante desses fatores, a qualidade da informação torna-se extremamente relevante à vida daqueles que nasceram em um mundo digital.
Assim, para essa 'geração digital', não há razão para acreditar que as informações encontradas nos ambientes on-line sejam de menor qualidade do que aquelas impressas em papel. Mas o que é, com frequência, muito diferente são os mecanismos pelos quais as informações são criadas, revisadas, editadas, recebidas, compartilhadas e reutilizadas. 
Em consequência, surge uma acentuada necessidade do controle técnico utilizado para regular o comportamento humano no ciberespaço, bem como para a formação da ordem social. Esse controle técnico, cuja finalidade é influenciar experiências e atitudes, é chamado de “tecnorregulação”.
Segundo Magrini (2019, p. 250),
a tecnorregulação já é uma prática bem estabelecida e vem sendo utilizada para atender exclusivamente a propósitos comerciais, sem qualquer preocupação em observar direitos constitucionais ou regulações específicas da internet no Brasil como o Marco Civil da Internet, que declara enfaticamente a importância de se garantir a liberdade de expressão no ciberespaço.
Extraímos desse entendimento que nos tornaremos, involuntariamente, em uma eventual disputa de domínio, sem que haja um balizamento ético-jurídico satisfatório para a proteção dos direitos constitucionais, reféns dos algoritmos, dos bots.
Bots são “atores” técnicos (robôs) controlados por computador em redes sociais que realizam certas tarefas repetitivas automaticamente e sem a necessidade de interação com comunicadores humanos.
Vale ressaltar que, na comunicação pela internet, os robôs podem se comportar como usuários humanos, enviando solicitações de contato ou destruindo continuamente (o chamado TROLLING) as comunicações de outros usuários por contribuições provocatórias ou deliberadamente falsas (FAKE NEWS).
FIGURA 2 | TROLL
Trolls são usuários anônimos com comportamentos provocativos e abusivos; são aqueles que usam de chacotas ou deboches com a intensão de desqualificar pessoas.
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Os robôs também podem compartilhar automaticamente as mensagens de outros usuários, ampliando assim o alcance das mensagens e conferindo propositalmente e de forma maliciosa uma aparência dissimulada (de ampla aprovação). O uso dessas práticas maliciosas tornou-se muito comum nos últimas anos em arenas políticas, bem como em ações publicitárias.
 Exemplo
A utilização de bots em 2016 na campanha para o referendo sobre a saída do Reino Unido da Comunidade Europeia ('Brexit') teve influência direta no comportamento político eleitoral, interferindo na decisão dos votos dos eleitores.  
Essas ações com viés criminoso fizeram emergir o policiamento preditivo nos ambientes digitais. 
Policiamento preditivo
O policiamento preditivo, ou predictive policing, corresponde a ações associadas à avaliação preditiva dos dados pessoais ou às estatísticas disponíveis publicamente na internet, como perfis de vítimas, cujo objetivo é identificar a probabilidade de crimes em locais específicos, em ocasiões pontuais ou para grupos predeterminados de infratores.
De acordo com Santos e Mayumi (2020, on-line),
policiamento preditivo pode ser definido pela aplicação de técnicas analíticas de identificação para direcionar a intervenção policial na prevenção de crimes, utilizando previsões estatísticas.  A ideia é que seja possível prever quando e onde as atividades criminosas ocorrerão, por meio de algoritmos e da inteligência artificial, como é o caso do programa “PredPol”. Todavia, a aplicação deste método é questionável, haja vista a possibilidade de enviesamento dos dados fornecidos, situação que resultaria, por exemplo, em ações policiais excessivas num determinado bairro ou região. 
Podemos observar que, ao mesmo tempo em que o policiamento preditivo é utilizado para prevenir o crime por dissuasão, é também uma forma de controle indireto do comportamento de infratores potenciais. Na medida em que os resultados analíticos e prognósticos servem de base às táticas e estratégias de trabalho da polícia criminal, os algoritmos ainda influenciam indiretamente o comportamento das autoridades públicas, por exemplo, no planejamento e na implementação operacional.
Riscos do policiamento preditivo
O controle do comportamento direto ou indireto dos usuários em ambientes digitais associados às novas tecnologias, ao mesmo tempo em que indicam um rol de oportunidades de mitigação de atos ilícitos, também sugerem riscos.
Atenção!
A vigilância do Poder Público, muitas vezes, depende legitimamente do sigilo para ser eficaz. No entanto, isso não o exime das obrigações legais. Para que estas sejam respeitados, é importante que existam acordos efetivos de monitoramento por parte dos tribunais, parlamentos e também do público. Na medida em que o controle judicial é limitado e/ou confiado a um órgão de controleespecial (como na Alemanha, nos termos do Art. 10.2, § 2º, da Lei Fundamental), deve ser assegurada transparência suficiente – pelo menos em relação a tal órgão.
Nesse sentido, em virtude dos problemas de falta de transparência e responsabilidade, uma vez que o uso dos ambientes digitais não é de forma alguma previsível, requerem-se monitoramento e avaliação contínuos.
Convido você a aprofundar nossos conhecimentos sobre o tema "governança e regulações na internet" a partir do seguinte estudo. Vamos entender as razões de o autor enfatizar que o ambiente digital facilitou aos cidadãos a expressão "livre e aberta". 
Estudo Guiado
Leia as páginas 73-90 do artigo: Governança e regulações da Internet: uma apresentação crítica.
 Clique no link e leia o livro
BELLI, L. Governança e regulações da internet: uma apresentação crítica. In: BELLI, L.; CAVALLI, O. (org.). Governança e regulações da Internet na América Latina. Brasília, DF: vLex, 2018. p. 73-90.
Outros fatores de controle sugerem que questões sobre o surgimento, o uso e os efeitos dos algoritmos também devem ser abordadas do ponto de vista da governança, que visa estabelecer formas e mecanismos de coordenação e controle social, econômico e político, mas também tecnológico.
Governança 
A governança poderá ser classificada conforme sua finalidade. Os “modos de governança” mais comuns são: mercado, concorrência, negociação, rede, contrato ou controle digital.
Mas o que é governança?
Lê Galés (2004) define governança de modo amplo como um processo de coordenação de atores, para alcançar propósitos próprios discutidos e interesses coletivamente, desenvolvendo a orientação e a legitimidade ao conjunto, entre outras coisas, que estabeleçam influências mútuas entre atores públicos e privados.
FIGURA 3 | GOVERNANÇA
Dessa forma, governança configura-se como uma estruturação de leis, recursos, regras administrativas e serviços, em uma hierarquia de relações e processos, objetivando o bem-estar social da comunidade. 
De que forma a governança está relacionada ao governo eletrônico? Será que o "e.gov" é um modelo de governança para o século XXI? Vamos aprofundar nossos estudos em relação a esse tema por meio da seguinte leitura. 
Estudo Guiado
Leia as páginas 14-24 do artigo: O governo eletrônico e os global players.
 Clique no link e leia o livro
SILVA, R. C. O governo eletrônico. In: SILVA, R. C. O governo eletrônico e os global players. Brasília, DF: vLex, 2013. p. 14-58.
No Brasil, o Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, criou o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que dispõe sobre o modelo de governança da internet no Brasil.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil tem como atribuições, dentre outras, estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da internet no Brasil, como também estabelecer diretrizes para a organização das relações entre governo e sociedade, na execução do registro de nomes de domínio usando “br” e de alocação de endereços de internet (IPs), no interesse do desenvolvimento da internet no país, conforme o Art. 1º e incisos do Decreto nº 4.829.
Os princípios para a governança e o uso da internet, conforme o Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, são (BRASIL, 2003, on-line):
1. Liberdade privacidade e direitos humanos, no reconhecimento para a preservação de uma sociedade justa e democrática; 2. Governança democrática e colaborativa, ser usada de forma transparente, multilateral e democrática com caráter de criação coletiva. 3. Universalidade, para que a Internet seja um meio para desenvolvimento social e humano, para uma sociedade inclusiva. 4. Diversidade, a cultura deve ser respeitada e preservada, sem imposição de crenças, costumes ou valores. 5. Inovação, deverá ser promovida pela governança da internet, em continua evolução e ampla difusão de novas tecnologias, nos modelos e acesso e uso. 6. Neutralidade da rede, respeitar critérios técnicos e éticos, não havendo discriminação ou favorecimento, nem por motivos políticos, comerciais, religiosos e culturais. 7. Inimputabilidade da rede, combate a ilícitos na rede deve atingir os responsáveis finais, preservando os princípios da defesa da liberdade, da privacidade e do respeito aos direitos humanos. 8. Funcionalidade, segurança e estabilidade, a estabilidade, a segurança e a funcionalidade globais da rede a ser preservada de forma ativa através de medidas técnicas compatíveis com os padrões internacionais e estímulo ao uso das boas práticas. 9. Padronização e interoperabilidade, a internet deve basear-se em padrões abertos a interoperabilidade na participação de todos. 10. Ambiente legal e regulatório, devendo preservar a dinâmica da Internet como espaço de colaboração.
Vamos conhecer um pouco mais do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
 Saiba mais
Este vídeo traz uma contextualização dos princípios que embasam o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o qual tornou-se referência mundial nesse tema. 
 
Essa visão inovadora para o setor público, nesse modelo de governança democrática, é possibilitada pelo ciberespaço - que, se utilizado com inteligência, pode construir carreiras, empresas e novas capacidades de processos decisórios na gestão administrativa e na inclusão da sociedade nas articulações das políticas organizacionais.
O ciberespaço possibilita um verdadeiro...
espaço de democracia, onde existe liberdade, mesmo que já limitada, pois permite que os indivíduos se guiem pela própria vontade. 
Atenção!
Ciberespaço 
“O ciberespaço torna disponível um dispositivo comunicacional original, já que ele permite que comunidades constituam de forma progressiva e de maneira cooperativa um contexto comum (dispositivo todos-todos). Em uma conferência eletrônica, por exemplo, os participantes enviam mensagens que podem ser lidas por todos os outros membros da comunidade, e às quais cada um deles pode responder. Os mundos virtuais para diversos participantes, os sistemas para ensino ou trabalho cooperativo, ou até mesmo, em uma escala gigante, a WWW, podem todos ser considerados sistemas de comunicação todos-todos. Mais uma vez, o dispositivo comunicacional independe dos sentidos implicados pela recepção, e também do modo de representação da informação” (LEVY, 1999, p. 68).
A utilização do setor público de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) oportuniza acessos para ofertar aos cidadãos serviços e informações, do governo eletrônico ou governança eletrônica, com uma ampla agenda destinada à participação da comunidade.
Quais são os desafios à boa governança eletrônica?
A boa governança eletrônica não se estabelece automaticamente. Na medida em que o foco é, principalmente, o Direito, ele depende dos requisitos legais normativos e suplementares não normativos (por exemplo, éticos ou morais) e da reação dos destinatários da norma a eles, tais como sua vontade de cumprir.
 Reflita
A assunção da responsabilidade de garantia pelas autoridades públicas – em particular legisladores, governo e administração –, apoiada, na medida do possível, pelos atores privados envolvidos no desenvolvimento e na implantação, requer o esclarecimento não só dos objetivos, mas sobretudo das estratégias e dos conceitos para sua implementação. Diretrizes podem ser desenvolvidas para esse fim. 
Governo eletrônico, transparência e controle da sociedade 
Com o advento da internet e a intensificação das relações humanas nos ambientes digitais, tornou-se necessário instituir-se meios de transparência e controle da sociedade. No caso da comunicação entre governo e cidadãos, os atos públicos passaram a ser referenciados pelo princípio constitucional da publicidade. 
Nesse sentido, o governo brasileiro evoluiu no processo de prestação de serviços públicos com o auxílio das Tecnologias da Informação e Comunicação, conforme a figura da linha do tempo do e-gov.
FIGURA 4 | LINHA DO TEMPO E-GOV.
O cidadão, ao utilizar essa tecnologia, tem maior comodidade nos acessos e no uso de serviços privados e governamentais, definidos por governo eletrônico. 
 Exemplo
A internet tornou-seum meio direto de comunicação entre os contribuintes e o governo, fazendo-se presente em operações bancárias, via meios eletrônicos - reduzindo custos nas transações e nos procedimentos licitatórios –, seus baixos custos etc.
 
Segundo Peck (2016, p. 345),
é inegável que o formato digital promove maior visibilidade, o que possibilita, indiretamente, maior transparência e controle da sociedade sobre aquilo que está sendo feito pelo ente público. No entanto, as mesmas preocupações quanto à segurança e a documentação eletrônica adequada das operações do setor privado devem ser tomadas também pelo setor público.
No Brasil, foi criada a Rede Nacional de Governo Digital (Rede Gov.Br), cuja finalidade é colaborativa e tem o seu formato visando promover visibilidade, que possibilita maior transparência sobre o que está sendo feito na Administração Pública. Entretanto há ainda dificuldades para sua implementação, em especial em virtude da segurança e dos crimes cibernéticos, como aquele que retirou de operação o ConecteSUS.
 Saiba mais
O ConecteSUS teve ataque cibernético e continua fora de operação, mas o Ministério da Saúde informa que o departamento de informática do SUS está atuando com agilidade para o restabelecimento das plataformas.
Uma possível resposta para esse dilema é implementar programas de transparência governamental baseados nos direitos dos cidadãos, e não apenas no cumprimento de leis de acesso à informação.
Nesse sentido, Peck (2016, p. 346) cita como exemplo o Brasil:
O Brasil é líder dos países emergentes em relação ao tema governo eletrônico e tem um papel orientador para os países da América Latina e para os outros países emergentes. Todavia, têm crescido os ataques a sites de Governo, principalmente porque os mesmos são extremamente vulneráveis, não foram criados dentro de uma estratégia de plano de contingência e continuidade, visto que no início eram meramente institucionais. Mas evoluíram para se tornar verdadeiros ambientes de governo eletrônico, prestando serviço essencial ao cidadão, e não pode ficar indisponível, não pode sofrer interrupção, muito menos vazamento de dados. Motivo este que justificou a atualização da lei penal.
Legislação brasileira e acesso à informação
A legislação brasileira inovou no ordenamento jurídico mundial com a implantação da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), um importante instrumento de controle para a Administração Pública. Essa Lei, que começou a vigorar em 2012, regulamentou as informações que são manuseadas pelo Poder Público, pois o acesso às informações públicas é uma garantia constitucional à coletividade (prevista no Art. 5º, XXXIII, no Art. 37, § 3º, II, e no Art. 216, § 2º, todos da Constituição Federal).  
Atenção!
As instituições públicas devem cumprir a Lei de Acesso à Informação, como os órgãos e as entidades do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do Judiciário, dos Tribunais de Contas e do Ministério Público, além de outros controlados direta ou indiretamente pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. 
Nessa linha, as estruturas dos poderes no Brasil já dispõem de espaço próprio no ciberespaço. 
 Exemplo
E-Governo. Diversas iniciativas para melhorar o acesso à informação pública foram realizadas, mas somente em 2016, com a publicação da Estratégia de Governança Digital (EGD), foi implantado um novo paradigma de gestão pública e das relações entre o Estado brasileiro e a sociedade.
E-Justiça. Também começa a ser difundido como fruto das novas possibilidades que oferecem as Tecnologias da Informação e Comunicação, no seio da sociedade do conhecimento, para garantir uma administração da justiça a serviço dos cidadãos. 
Modos de atuação da Tecnologia da Informação e Comunicação nas atividades judiciais
São várias as possibilidades de aplicação das novas tecnologias na prestação jurisdicional, podendo-se destacar as atividades de controle, gestão, automação, informação e comunicação.
À medida que o uso de computadores foi disseminando-se nas mais diversas atividades, logo ficou clara a sua ampla utilidade nas atividades de controle do Estado.
No âmbito do Poder Judiciário,...
dada a sua boa adequação ao controle administrativo pelos órgãos judiciais, as Tecnologias da Informação e Comunicação foram uma das primeiras ferramentas a serem introduzidas nesse poder, embora, a princípio, enfrentassem a resistência de juízes e servidores, o que ocorria, basicamente, por três razões: 1 - resistência ao novo; 2 - implantação do sistema; 3 - falta de amigabilidade do sistema.
A aplicação das TICs na gestão foi outro importante avanço no Poder Judiciário, não apenas por meio de sistemas voltados para a área administrativa, como controle de despesas, estoque e recursos humanos, mas pela possibilidade de se gerir a administração dos próprios processos a cargo de uma serventia, direcionando os recursos de forma racional.
Atenção!
Paralelamente à introdução dos sistemas de controle, ocorreu a proliferação das ferramentas de automação de escritório nas atividades forenses. Também nesse caso, antes de os sistemas serem introduzidos nas serventias judiciárias, foram os escritórios de advocacia que primeiro adotaram os processadores de textos e planilhas eletrônicas para elaborar peças processuais e cálculos de execuções de sentenças.
Esse foi um dos aspectos associados à informatização mais bem aceitos pelos envolvidos nas tarefas judiciais se comparado com sistemas de controle administrativo. Isso porque, nesse tipo de aplicação, os resultados eram mais imediatos, e o simples "imprimir de uma decisão" e a "possibilidade de corrigir erros e fazer alterações sem ter de repetir para a digitação datilografar tudo de novo" encantavam a todos.
Mesmo antes de se falar em juízo 100% digital, já era possível observar o uso da tecnologia para:
a) a comunicação de atos processuais – citação e intimação – via rede de computadores;
b) a publicação de atos processuais em diário oficial eletrônico;
c) a realização do procedimento de distribuição, com as rotinas de randomização substituindo as totalmente ultrapassadas bolas de sorteio;
d) a utilização de novos meios de prova ou o melhor uso de meios de prova já existente, tais como a gravação de depoimentos e manifestações de partes e advogados e a tomada de depoimentos a distância, por meio de videoconferência.
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A partir desse avanço das TICs no controle administrativo e na execução dos atos praticados no Poder Judiciário, tornou-se possível a implantação do Juízo 100% Digital. 
 Exemplo
O Juízo 100% Digital é a possibilidade de o cidadão valer-se da tecnologia para ter acesso à Justiça sem precisar comparecer fisicamente nos fóruns, uma vez que todos os atos processuais serão praticados exclusivamente por meio eletrônico e remoto pela internet. Isso vale, também, para as audiências e sessões de julgamento que podem ocorrer por videoconferência. Essa iniciativa foi instituída por meio da Resolução nº 345, de 9 de outubro de 2020. Por meio da Resolução nº 385/2021, também foram criados os Núcleos de Justiça 4.0, que permitem o funcionamento remoto e totalmente digital dos serviços dos tribunais direcionados à solução de litígios específicos, sem exigir que a pessoa compareça ao fórum para uma audiência (CNJ, 2022b).
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Juizo 100% Digital, seus privilégios, a mobilidade e o acesso. 
Diante desse contexto, passou-se a utilizar a comunicação para informar e, ao mesmo tempo (ao informar), proporcionar maior comunicação, havendo, inclusive, a possibilidade de identificar ações nas quais se privilegia cada uma dessas ações, e isso fica relativamente claro no âmbito das atividades judiciais.
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Balcão Virtual: um meio para o usuário ter acesso direto ao atendimento realizado pela Secretaria Processual do Conselho Nacional de Justiça. 
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) realizou 99.381 atendimentos por meio do Balcão Virtual nos 10 primeiros meses de funcionamento da plataforma digital. O serviço permitea comunicação direta de partes do processo e representantes com as unidades judiciais do Tribunal, por meio da plataforma de videoconferência Microsoft Teams.
A plataforma é aprovada por usuários, que informaram grau de satisfação médio de 4,56 pontos – de um total de 5 pontos -, por meio de pesquisa de satisfação realizada em dezembro de 2021. As respostas foram coletadas após a realização de cada videochamada. O Balcão Virtual começou a funcionar no TJDFT no dia 22 de março de 2021. Em duas semanas, o TJDFT chegava à soma de 2.844 atendimentos. Ao completar um mês de funcionamento, já contabilizava 6,5 mil atendimentos.
O Balcão Virtual funciona durante o horário de expediente das unidades judiciárias, das 12h às 19h, sem necessidade de agendamento prévio. O objetivo é prestar informações relativas a processos judiciais em tramitação nas unidades, observadas as regras inerentes ao segredo de justiça e ao sigilo processual.
O acesso é feito pela página principal do site do TJDFT, a partir da opção Atendimento Virtual. Após o preenchimento dos dados solicitados, o sistema direciona a pessoa para a unidade de seu interesse. O Tribunal oferece também, na página, um manual simplificado para o uso do serviço.
Fonte: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (2022a).  
Para compreender tal afirmação, é necessário observar que, seguindo as diretrizes de transparência, cada vez mais presentes no Poder Judiciário e na Administração Pública como um todo, os órgãos jurisdicionais têm investido na criação, melhoria e manutenção de uma estrutura que permita aos seus usuários obter informações que podem ser classificadas em três ordens:
1. informações sobre processos de seu interesse, tais como o próprio andamento do processo e as decisões nele proferidas;
2. informações da instituição, como um todo, tais como organização interna, dados estatísticos e notícias gerais;
3. informações técnico-jurídicas, por meio de pesquisa a bancos de dados de sentenças, acórdãos e súmulas, além de legislação e artigos doutrinários constantes de revistas jurídicas eletrônicas.
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Esse movimento de informatização e automação das atividades judiciais oportunizou grande avanço dos portais dos órgãos jurisdicionais em todos esses aspectos, sendo raro, atualmente, encontrar algum que não proporcione os três tipos de informações elencadas.
 Exemplo
A Justiça Federal, no que diz respeito à pesquisa jurisprudencial, dispõe de um sistema de pesquisa unificado bastante eficaz, que reúne julgados do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), dos Tribunais Regionais Federais e da Turma Nacional Unificada dos Juizados Especiais Federais. Essa pesquisa poderá ser realizada por meio deste endereço:
http://www.jf.gov.br/juris/
 
 
O Processo Judicial Eletrônico tem nascedouro com o advento da Lei nº 11.419/2006 e da Resolução nº 185/2013, do Conselho Nacional de Justiça, que impulsionaram a informatização do Poder Judiciário e, consequentemente, a criação de sistemas processuais eletrônicos e digitais.
O Processo Eletrônico, acompanhando o...
desenvolvimento tecnológico, além de informatizar o Judiciário brasileiro, tem o escopo de simplificar, tornar célere e promover o desenvolvimento sustentável, pois a prestação jurisdicional ficará mais ágil e eficaz.
 
Adotando como princípio a validade de todo e qualquer ato processual realizado por meio eletrônico, conforme o Art. 11 da Lei nº 11.419/2006:
Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais (BRASIL, 2006, on-line). 
Acessibilidade do Processo Judiciário eletrônico
A acessibilidade do Processo Judiciário eletrônico (PJe) desenvolveu uma nova versão com o apoio de servidores deficientes visuais da Justiça do Trabalho, garantindo o uso da ferramenta por eles. A versão 2.3 do PJe ganhou teclas de atalho que têm o objetivo de aperfeiçoar a acessibilidade dos usuários. Aumentar a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência é um dos desafios no âmbito do Poder Judiciário. 
Vamos analisar essa nova versão 2.3 do PJe por meio da seguinte reportagem. 
 Saiba mais
O Processo Judicial eletrônico (PJe), visando garantir acessibilidade aos usuários, desenvolveu uma nova versão 2.3, com ferramentas e teclas de atalho ao sistema, aperfeiçoando o sistema para os usuários com deficiências visuais. 
Entretanto, segundo Pêcego (2020, p. 307-308), no PJe ainda há falta de diretrizes na inclusão. Vejamos:  
Toma-se o Processo Judicial Eletrônico (PJe) como ilustração sobre como não pode ocorrer supostas melhorias dos sistemas que demandam interação comunicacional, quando privam de participação pessoas diversas dos perfis de quem os concebeu e os implementa no meio social público ou privado. Nada obstante, os esforços nessa direção são continuativos e progressivos, cabendo ao próprio Estado, às entidades públicas e privadas, aos grupos sociais, enfim, assegurarem a veiculação dos meios próprios à efetivação prática das regras da Inclusão Social para as pessoas com deficiência. 
O Programa Justiça 4.0
Esse programa tem por objetivo o acesso à justiça, para garantir um diálogo entre o mundo físico e o mundo digital, garantindo uma transparência governamental, conduzindo a uma aproximação entre o Poder Judiciário e o usuário. 
O Programa Justiça 4.0 – Inovação e efetividade na realização da Justiça para todos” tem como finalidade promover o acesso à Justiça, por meio de ações e projetos desenvolvidos para o uso colaborativo de produtos que empregam novas tecnologias e inteligência artificial. É um catalizador da transformação digital no âmbito do Poder Judiciário brasileiro que visa a transformar a Justiça em um serviço (seguindo o conceito de Justice as a service), aproximando-se ainda mais o judiciário das necessidades dos cidadãos e que promove ampliação ao acesso à justiça. As inovações tecnológicas têm como propósito dar celeridade à prestação jurisdicional e promover a redução de despesas orçamentárias decorrentes desse serviço público. Essa iniciativa promoveu um rol de serviços judiciais de fomento à transformação digital, medidas que foram adotadas pelo Poder Judiciário em um ritmo acelerado durante a pandemia do novo coronavírus (CNJ, 2022d, on-line).
Convido você a aprofundar seus conhecimentos a respeito do Programa Justiça 4.0, assistindo ao seguinte vídeo.
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Este vídeo mostra a reunião, realizada pelo Conselho Nacional de Justiça, no Tribunal de Justiça do Espírito Santo, com os tribunais do Sudeste, na qual se discutiu a implantação do programa Justiça 4.0.
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