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ATIVIDADE COMPLEMENTAR Disciplina: Direito Processual Civil III – 2023.2 Discentes: Ruan Roger dos Santos Medeiros Prof. Me. Thomas Blackstone de Medeiros CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER De acordo com doutrina de Jaylton Lopes Jr., já superado todo o debate sobre a natureza do título obtido pela obrigação de fazer ou não fazer, constatado que esta objetivará a tutela específica ou o resultado equivalente, na forma do art. 497 do CPC, bem como a característica de comando eficacial da sentença de ação de fazer ou não fazer, a qual obriga à parte ré à realização de uma diligência, estipulando para tanto prazo, passa-se ao exame do procedimento estabelecido no Regimento Processual Civil. O assunto em comento é retratado nos art. 536 e 537 do dispositivo supracitado, reconhecendo, quando for o caso, a aplicação de outras formas reconhecidas na repreenda processual. De início, o artigo 536 dispõe sobre a forma a qual a execução deve seguir, vide. Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. Denota-se, nesta forma escolhida pelo legislador, o objetivo clarividente de satisfação do exequente, além de estabelecer o poder do juiz para decretar todos os métodos necessários a este feito. Em continuidade, em seu §1°, depreende-se as modalidades às quais o juiz poderá se vincular para a concretização da obrigação pré-estabelecida em fase de conhecimento, observe. Art. 536. (omissis) QUESTÕES RESUMO § 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. Este arcabouço normativo provém do poder dever geral de efetivação do art. 139, IV, do CPC, observando-se que esta lei permite a adoção de técnicas processuais executivas atípicas, dada que a prática forense constatou que os métodos utilizados hodiernamente não possuem mais a eficácia e prestígio de outrora. Neste esteio, entretanto, urge-se lembrar que o juiz, inclusive conforme emanado no ordenamento pátrio, não possui poder para inovar em sede do teor da própria lei, criando a bel prazer qualquer procedimento não previsto em normas basilares. Todavia, o que se percebe é a flexibilização das normas e da adoção de diferentes medidas para a efetivação e o devido enquadramento a cada caso em concreto, aliás, sobre o caso, destaca-se a decisão do STF em reconhecer a cassação de CNH, Passaporte, dentre outros instrumentos para a devida quitação da obrigação. Em destaque, observa-se a pretensa supracitada no art. 537, o qual oportuniza a aplicação de multa pecuniária para a não obediência ao comando proferido em sentença, as já conhecidas astreintes. Conforme o diploma legal, a adoção desta multa tem por objetivo garantir a efetividade da decisão judicial, havendo, dessa forma, natureza completamente distinta da indenização, observe. Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. Como parte do poder-dever do magistrado, a sua aplicação pode ser feita por ofício ou à requerimento das partes, bem como a sua valoração ou diminuição, sendo único pressuposto que esta seja necessária, adequada ao caso em questão e que não dê causa ao enriquecimento sem causa do exequente, além dos princípios que regem o ordenamento pátrio, como por exemplo a proporcionalidade da medida, não havendo qualquer relação desta com o valor da causa. Em continuidade, cabe ao magistrado a revisão dos valores nas causas estabelecidas no art. 537, §1°, do CPC, haja vista a insuficiência ou o excesso, como, também, a comprovação de cumprimento parcial da obrigação. Em acréscimo, o valor levantado em sede de astreintes pertence ao exequente, sendo este configurado do descumprimento da decisão até o cumprimento da decisão a que esta estiver cominada, ocasião a qual é possível o cumprimento provisório deste valor. Por fim, o diploma legal é claro e evidente ao estipular que o referido instrumento é aplicável a qualquer causa que envolva situações de fazer ou não fazer, independente de obrigação preestabelecida. Atinente à impugnação do feito, aplica-se o disposto no art. 525, pertencente ao cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa, sendo estas matérias as seguintes: Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. Por fim, recorda-se que a impugnação, por praxe, não possui efeito suspensivo, o qual não impede a ação das medidas cabíveis à satisfação do crédito. Bibliografia JR., Jaylton Lopes. Manual de Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Juspodivm, 2023. p. 675-682.